a existência de deus e a liberdade

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  • 7/25/2019 A Existncia de Deus e a Liberdade

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    Universidade de Braslia, Novembro/Dezembro de 2003Departamento de FilosofiaDisciplina de Histria da Filosofia MedievalProfessor: Scott Randall Paine

    Marcus Valerio XRFREE MIND!!!

    www.xr.pro.br

    Graduando em FilosofiaMatrcula: 02/98255

    NDICE

    INTRODUO

    PARTE 1 - LIBERDADE X DETERMINISMO

    LIBERDADE E LIVRE ARBTRIO

    DETERMINISMO E DESTINODEUS

    PARTE 2 - "O LIVRE ARBTRIO" DE SANTO AGOSTINHO

    LIVRO PRIMEIRO

    LIVRO SEGUNDO

    LIVRO TERCEIRO

    A ONIPOTNCIA

    PARTE 3 - LIBERTANDO DEUS

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    NO PERFEIO

    CAOS E ORDEM

    DEMIURGOS

    MEU DEUS

    BIBLIOGRAFIA

    INTRODUO

    ------- Como sempre fao quando possvel, procuro casar os interesses da disciplina que curso com meusinteresses intelectuais particulares, por isso apresento aqui mais que uma simples resenha sobre uma obra

    com objetivos meramente didticos e de avaliao de rendimento. No perco uma s oportunidade deproduzir monografias sobre os mais diversos temas, uma vez que aspiro produo literria nos maisdiversos nveis.------- O ttulo deste trabalho pretende invocar todos as significaes, trocadilhos e paradoxos que aexpresso possa sugerir. O pronome "ME" em cinza sugere que poderia ser tambm "DEUS LIVRE",

    pois curiosamente a discusso sobre a existncia ou no de nossa prpria liberdade terminar por discutirse Deus, caso exista tal ser responsvel pelo universo que vivemos, tambm livre, ou se estsubordinado sua prpria onipotncia como um ente eternamente condenado a um congelamentoexistencial imutvel, atributo decorrente da perfeio. Sugere ademais a idia de "Deus me Livre de umDeus que no me permita a Liberdade", ou "Deus me torne Livre caso eu no o seja".------- Tambm um apelo existncia da Liberdade e Livre Arbtrio, como jias de cuja a crena no

    estou disposto a abrir mo, e o porqu disso um dos Trs Objetivos desta monografia, defender ejustificar que a Liberdade nosso dom mais precioso, e que acreditar nela mais sensato e prefervel doque crer que somos joguetes de um Determinismo Csmico, de um Destino, quer seja intencional ou no.------- O Segundo Objetivo atender as exigncias da disciplina de Histria da Filosofia Medieval, o que feito principalmente na anlise do livro O LIVRE ARBTRIO, de Santo Agostinho, talvez o maiortratado sobre o tema j realizado em toda a histria, abordando quase todas as questes concebveis aomesmo, mas cujo vis especfico de sua poca ainda lhe acrescenta limitaes.------- Por isso, e remetendo ao Terceiro Objetivo, est a necessidade de transcend-lo, e a toda a teologiamedieval bem como nossa prpria e predominante idia de Deus, tendo ento a ousadia de propor umanova concepo de divindade onde se efetue a remoo dos atributos da Oniscincia Absoluta do Futuro,e em consequncia da Imutabilidade e da Perfeio, a meu ver, nica forma possvel de assegurar aexistncia da plena Liberdade individual.

    ------- Isso nos leva de volta ao Primeiro Objetivo, que est intrinsecamente ligado ao provocativo ttulodesta monografia. que prefiro a Liberdade quer num Universo desprovido de propsito, ou num ondeexista um sentido fundamental para a existncia, e que no interesse desta preferncia, no estou dispostoa aceitar um Deus que no a permita em primeiro lugar, e que da mesma forma, tambm no seja livre.------- Talvez Deus seja exatamente a nica forma de garantir essa liberdade, ao contrrio do que diriamalguns existencialistas e anti-testas, e no me refiro apenas a uma liberdade simplria de receber a graaou a no graa perptuas, mas sobre tudo liberdade mental, o Livre Arbtrio, de pensar e sentir por mim

    prprio, quer isso faa sentido ou no.------- S um Ser verdadeiramente livre pode oferecer a verdadeira liberdade outro, e se assim for umSer que merea ser denominado Deus, estarei pronto a acreditar em sua existncia, o que jamais fariacom relao a um Ser que me negasse meu dom mais precioso.

    Marcus Valerio XR17 de Novembro de 2003

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    LIBERDADE E LIVRE ARBTRIO

    ------- Evidente que o primeiro passo deixar claro o significado destes termos, ou mais especificamentea diferena entre ambos. Tal tarefa poderia delegar no s pginas, mas livros inteiros, sem que sechegasse a uma concluso sequer majoritariamente satisfatria em termos lingusticos e ouepistemolgicos, e de fato no se pode negar que h uma barreira aparentemente intransponvel que nossepara de uma definio perfeita como mesmo da certeza de que exista alm de qualquer dvida algo quemerea tais designaes. Mas tamanha divagao no minha inteno.------- difcil que algum com um mnimo de maturidade no tenha um conceito formado da idia deLiberdade, sendo inclusive um termo de uso bastante consensual e para o qual no pretendo fazerqualquer digresso maior, dispensando ento citaes de definies de quaisquer origens, mesmo porconsiderar a essncia do termo como conferindo autonomia ao prprio indivduo em emitir e vivenciarseu significado pessoal acima da autoridade de qualquer fonte erudita.

    ------- J "Livre Arbtrio" merece uma explanao maior uma vez que muitos inclusive o identificamcomo a prpria Liberdade. Porm Livre Arbtrio costuma ser usado no sentido de algo mais ntimo, deuma Liberdade Psicolgica. Dessa forma, o Ser Humano pode perder a Liberdade, ao ser prisioneiro ouescravo, mas no perde o Livre Arbtrio, bem como um animal pode ter liberdade, mas no tem LivreArbtrio.------- Livre Arbtrio ento um fator necessariamente humano, sendo a faculdade mental de julgar,discernir, escolher no que acreditar, independente de a quais fatores fsicos, ou psicolgicos coercitivosesteja submetido. uma instncia mental onde possivelmente se d a prpria essncia que distingue ohumano do animal, e cuja eliminao seria a prpria perda da condio humana.------- Distingue-se ento da Liberdade, que assume mais um carter de ao concreta, como um redutovirtualmente inviolvel da psique humana. Gosto de usar o termo Liberdade Mental. Mesmo onde hajatoda forma de opresso e autoritarismo, ainda h um domnio que estar a salvo de qualquer agresso,enquanto o indivduo assim o pretender.------- por esse motivo que combato tanto, em especial na Internet, o fundamentalismo religiosocoletivo como talvez o mais severo aprisionador mental, pois assumir um ponto de vista previamenteconstrudo que no d margem a interpretaes pessoais uma das formas mais diretas de aniquilar oLivre Arbtrio, e assim, perder a prpria humanidade, passando a agir sob a dinmica de um rebanho,onde seres sem vontade prpria seguem obedientes autoridade de um pastor que dispe de suasexistncias como bem entender.------- Adotei um sloganque pode ser recorrentemente visto em meu site na Internet, bem como naassinatura de minhas mensagens eletrnicas, onde se l: "FREE MIND!!!" E o motivo desteestrangeirismo em parte esttico, duas palavras de 4 letras e de sonoridade similar a uma palavra deordem. Ainda estudo o uso do termo "LIVRE MENTE!!!", mas sua aplicao no to clara, ainda que a

    evidente ambiguidade possa ser vantajosa.------- Somente muito posteriormente a ter decidido ser essa a fora motriz de minha ideologia filosfica,

    percebi que seu contedo era basicamente o mesmo do termo Livre Arbtrio, o que resulta em minhaplena satisfao em produzir uma monografia sobre tal tema.

    ------- Basicamente, podemos entender que sem Livre Arbtrio, a prpria Liberdade desvalorizada,sendo algo mecnico, meramente contingente. Dizemos isso porque apesar de reconhecermos queanimais selvagens em seu habitatnatural esto "livres", para ns, humanos, essa simples liberdade fsica

    parece insuficiente. Sem um pressuposto Mental, uma liberdade de conscincia, poucos estariamdispostos a concordar que seramos autenticamente livres, ao menos num sentido humano.------- Consideramos tais animais livres provavelmente porque esse o mximo grau de liberdade quelhes possvel, mas ns podemos ir alm deste grau, temos potencial para isso, e se no o fazemos, tudo

    indica que no somos autenticamente livres. Portanto, premente verificar o que nos possvel emtermos de Liberdade, quais os nossos nveis de ao que podem ser considerados livres.

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    ------- Vejo esta como uma questo fcil. Principalmente se discriminarmos Ao, Discurso ePensamento, e ainda subdividir este ltimo em dois nveis. bvio que nossas aes no so totalmentelivres, estamos limitados no s pelas leis fsicas, mas pelas regras da convivncia, que se convertem nasleis jurdicas. No discurso experimentamos maior grau de liberdade, mesmo assim muitas coisas no soditas impunemente, o simples bom senso nos orienta a calar em muitas situaes, e muitas no nosatreveramos a dize-las mesmo por piedade.

    ------- Por fim o nvel de Pensamento sem dvida onde somos mais livres, o que muito importante,pois em ltima instncia, nossos discursos e aes baseiam-se em nossos pensamentos, ou melhordizendo, originam-se de nossas disposies mentais, e a que entra a necessidade de se dividir odomnio do Pensar ao menos em dois nveis.------- Em um, que podemos chamar de Consciente, temos claras formulaes de tudo o que pretendemosfazer, e claramente triamos os pensamentos que podem se converter em discurso ou ao, no outro nvel,que seria Inconsciente, temos contedos que tambm podem se manifestar externamente, mas de modoque no nos parecem ser "pensados", como nossos impulsos e disposies mentais que so obscuros, ourpidos demais para serem racionalmente triados.------- Dessa forma, se em nossa Mente est, conscientemente ou no, a fonte de todas as nossas aes ereaes, pois mesmo um reflexo brusco deriva de nossa vontade, que uma disposio mental, entotorna-se patente que este deve ser o domnio de maior liberdade, onde mais temos o potencial, e ondemais devemos ser livres.-------Por conseguinte, importante ento examinarmos os elementos que ameaam nossa liberdademental, porm, uma anlise detalhada desses aprisionadores em potencial no objetivo maior destadissertao, mas antes um exame no de meros aprisionadores, mas sim de autnticos aniquiladores donosso Livre Arbtrio.-------E na verdade, o maior se no o nico, vem a seguir.

    DETERMINISMO E DESTINO

    ------- Comum dizer-se que as doutrinas Deterministas se popularizam a partir do renascimento, pormeio do discurso cientificista que visava estabelecer todas as relaes de causa e efeito do mundo fsico.

    Muitos cientistas do sculo XVIII e XIX consideraram a possibilidade de que todo o Universo era umaimensa mquina perfeitamente ordenada, que funcionava como um relgio de alta preciso, e quebastaria controlar todas as variveis envolvidas que poderamos, em tese, prever o curso futuro doseventos.------- Mas na verdade, um exame mais atento notar que doutrinas deterministas so to antigas quanto ahumanidade, e na verdade at muito mais fortes em contextos extremamente afastados da tradiocientfica e filosfica.------- Chamaremos essa idia de determinismo no cientifizado, nem moderno ou contemporneo, deDestino, que est presente na estrutura conceitual de inmeras religies, mitos e supersties, que se

    propem a prever o futuro.------- H um paradoxo intrnseco com a idia de antever os acontecimentos do futuro, pois se o futurono determinado, como pode-se ver algo que no est definido, e ou que no ir necessariamente

    ocorrer? Previses nesse caso seriam meras projees probabilsticas que qualquer economista,socilogo ou mero apostador poderia fazer to ou melhor que qualquer orculo, e assim questiona-se anecessidade de um processo obscuro de adivinhao, no raro oneroso.------- Se, por outro lado, o futuro estiver seguramente determinado, ento decorre que prev-lo logicamente possvel, porm seria impossvel alter-lo ou ele no estaria pr-determinado, e nesse caso,qual seria a utilidade da previso? No mximo, um modo de preparao psicolgica para o inevitvel queseria pouco interessante em grande nmero de casos. E isso sem entrar no fato de que a prpriaconscincia do evento futuro tambm estaria pr-determinada.------- Portanto, para qualquer efeito prtico, pelo menos no que se refere as intenes de controlar o

    prprio futuro, o Orculo seria impossvel ou intil, e ainda mesmo, no caso do Determinismo, que oprprio Orculo seria uma das peas que conduziriam realizao do futuro, como podemos ver naclssica tragdia grega de Sfocles, onde tudo indica que se o heri no tomasse conhecimento doOrculo, a previso no se realizaria.------- De tudo isso, a correlao com a Liberdade direta. Se h Determinismo, no somos livres, pois

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    tudo o que ocorrer j estar definido, pensamos que decidimos quando na verdade apenas realizamos oque foi previsto por um poder superior a ns, e nossas escolhas e decises sero meras iluses resultantesde nossa ignorncia sobre o futuro, ignorncia esta que seria a nica coisa que tornaria nossa existnciasuportvel.------- Para clarear melhor isso nada como a analogia da mesa de bilhar. Aps uma potente tacada inicialteremos uma srie de resultados que sero derivados daquele nico evento de partida. No importa que

    15 outras bolas sigam direes diferentes, umas entrem em caapas e outras no, tudo ser determinadopelas caractersticas de velocidade, o ngulo, rotao e demais variveis do primeiro movimento.------- Evidente que nem mesmo o melhor jogador de sinuca do mundo tem competncia para determinarvoluntariamente e com absoluta preciso todos os detalhes resultantes de sua jogada, mesmo mquinasseriam incapazes, uma vez que um controle total de cada detalhe da complexa equao traduzida emmovimento real seria mecanicamente impossvel. Mas podermos ver isso tranquilamente em simulaesdigitais. Em computadores, onde podemos controlar todas as variveis, podemos determinar comabsoluta preciso toda a disposio em qualquer tempo futuro bastando usar clculos matemticos.------- Nem precisamos conhecer inicialmente os detalhes do movimento inicial, basta congelar qualquermomento e examinar todas as suas caractersticas, e ento poderamos no s saber tudo o que se seguir,como tudo o que lho antecedeu, um simples corte observacional instantneo revela todos os eventosfuturos e passados.------- Dessa forma, ningum ir dizer que a bola 8 decidiu bater na bola 11, ou que a bola 7 escolheuentrar na caapa, todas foram joguetes de uma ao inicial.------- nesse mesmo sentido que se entende o Determinismo. Se fosse possvel conhecer todas ascaractersticas de cada partcula de matria no Universo, seria plenamente possvel prever todos osacontecimentos futuros, bem como os passados, e no teramos poder para alter-los, pois nossa prpriacapacidade de sab-los estaria condicionada a todos os fatores determinantes, e qualquer aparncia deque controlamos nosso futuro voluntariamente no passaria de iluso.------- Nesse ponto de vista, desde o primeiro evento do Universo, j estava decidido que a vida iriasurgir, que os humanos desenvolveriam inteligncia, que os filsofos formulariam suas questes, que asguerras iriam acontecer com tais e quais consequncias, e que eu estaria digitando este texto.------- Mesmo nossa conscincia, caso seja um produto da matria, estaria determinada nos mnimos

    detalhes, uma vez que cada partcula, carga eltrica, sinapse, no passam de meras consequncias de umincomensurvel jogo de bilhar macro, e micro, csmico, e caso seja algo alm da matria, provavelmenteestaria subordinada equivalentes relaes de causa e efeito que se sucederiam por estgios gradativos eirrecorrveis.------- No sculo XX, em especial com o advento da Fsica Quntica, o Determinismo sofreu um forteabalo, pois parece ter ficado evidente um notvel ndice de aleatoriedade na natureza que, no mnimotornaria impossvel prever com exatido qualquer futuro, pois o micro mundo seria por naturezaimprevisvel, e portando as probabilidades futuras sempre incertas e limitadas. Mas isso nada alivia aangstia de que no seriamos livres, isso se no piorar, pois continuaramos sendo no autnomos comrelao a nossas decises, mudando apenas o fato de que ao invs de determinados desde o primeiroevento passado, estaramos sendo determinados a cada instante por eventos aleatrios aos quais no

    podemos exercer controle.------- De qualquer modo isso no muda a questo principal, de que no s no teramos nenhumaescolha genuna e autntica, acrescentando que sequer podemos ter conhecimento antecipado de nossofuturo determinado, quer por incapacidade de conhecer todas as variveis, quer pela aleatoriedade.------- Por isso o Determinismo de teor cientificista est condenado a ser sempre uma assertiva nosujeita a comprovao. O mesmo porm no o ocorreria com o Determinismo de teor Mstico, para oqual h propostas de Seres que podem sim saber todas as informaes necessrias para prever qualquerevento no Universo da mesma forma como um computador pode saber os resultados futuros de um

    processo de dados do tipo jogo virtual de bilhar.------- Se h um ser OMNISCIENTE, esse ser tem total conhecimento de todos os eventos, inclusivedetalhes de cada mnima partcula, podendo ento saber tudo o que acontecer e aconteceu, e se OMNIPOTENTE, nem mesmo a aleatoriedade do mundo quntico seria obstculo para tal ser, pois ele

    teria poder sobre cada nano evento.------- Sendo assim, foroso admitir que tal ser controlaria com total preciso cada nfimo detalhe darealidade, ainda mais sendo este ser ETERNO, pois sequer precisaria calcular qualquer evento futuro,

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    tais eventos j estariam prontos.------- Sendo assim, um Deus ONISCIENTE e ONIPOTENTE a mais radical e extrema forma deDeterminismo. Seria o Destino Imutvel em si, manifestado em sua prpria essncia, econsequentemente, incompatvel com qualquer idia de Livre Arbtrio.

    ------- Quais seriam as consequncia de uma doutrina Determinista levada ao extremo? No consigo

    imaginar mais nefastas. Implicaria numa acomodao total a tudo o que acontece. Eu poderia cruzarmeus braos e me deitar na linha de um trem, pois isso j estaria determinado. Se tudo est escrito, enada podemos fazer para evitar, por que lutar? No importa o resultado de nossas escolhas, nada mritonosso, o criminoso e o virtuoso no o so por qualquer outra coisa que no a vontade de um poder quelhes externo, ou pelo mero acaso. Tudo estaria justificado, qualquer tentativa de alterar, mesmo de

    pensar, j estaria previamente determinada por fator alheio.------- Decidi ento fazer uso de meu Livre Arbtrio e escolhi crer que o mesmo existe, mesmo por umaquesto de impasse epistemolgico. Ao que tudo me indica, mesmo que o Universo seja Determinista,restar sempre a iluso da Liberdade, e caso de fato exista a liberdade, haver tambm sempre a iluso deque tudo pode ser determinado. Parece ser impossvel decidir em definitivo sobre um dos dois alm dequalquer dvida, ou sobre quaisquer outras concepes intermedirias ou totalmente singulares, e sendoassim, tudo me parece ser uma questo de escolha.------- Portanto decido, ou fui determinado a aparentemente me decidir, a crer no Livre Arbtrio, assumira responsabilidade por meus atos, e confiar em minha autonomia para construo de meu prprio futuro.

    DEUS

    ------- H tempos, advogo insistentemente o cuidado com o uso do termo DEUS, que pode serextremamente confuso e multi significante em muitas reas do saber, a exemplo da Psicologia daReligio por exemplo. Em uma monografia anterior denominada Psicognese da Religio, defendi que asinmeras significncias do termo em culturas e modos de pensamento diferentes podem inviabilizar suautilizao em estudos que no se proponham a defini-lo com cuidado.-------No caso deste trabalho porm, esse problema fica drasticamente reduzido, uma vez que estamos

    inicialmente restritos ao mbito da concepo medieval europia de Deus, que o caracteriza com um SerSupremo, dotado de absolutamente todas as Perfeies e que contm todas as magnificnciasconceptveis por qualquer pensamento filosfico, e sendo assim, um objeto da tradio filosfica, porm,que ao mesmo tempo associado a uma tradio religiosa judico-crist baseada em Livros tidos comodivinamente inspirados, o que inevitavelmente causa uma srie de dificuldades em parte evidentes nasinsuperveis antinomias.-------Essa concepo testa teve a ousadia histrica de sintetizar numa s entidade, funes e naturezaantes separadas nos contextos religiosos anteriores, que so as incumbncias de Criador / OrdenadorInicial / Gerador do Universo, somadas s funes de Mantenedor / Ordenador Perptuo / Sustentador, eainda assumindo o Princpio e Ideal de Bem / Justia / Beleza / Sabedoria. E tudo isso exponenciado aoabsoluto.-------Essa frmula teve um amplo sucesso como centralizador conceitual, mas ao mesmo tempo sofre de

    vrios e incurveis efeitos colaterais, que so conflitos conceituais que emergem espontaneamentequando tais naturezas so foradas coexistncia, numa fuso que analogamente s nucleares, geramintenso calor e luz.-------Dessa forma, no contexto desta monografia, a idia de Deus est bastante restringida, no entantoum dos objetivos aqui exatamente argumentar que uma idia diferenciada pode ser mais til, diferentena medida em que pode ser compreendido tendo a idia medieval clssica como ponto de contraste.-------No se trata tambm de meramente tentar conciliar a idia de Deus e a do Livre Arbtrio como umaobrigao imposta pela tradio, ou um apego necessidade de termos um Ser Superior como ideal, mastambm porque talvez qualquer outra idia, ou uma concepo atia, podem tambm depor contra oLivre Arbtrio. Ou seja, bem possvel que a Liberdade s seja vivel sob a influncia de um Deus.

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    ------- A latente atemporalidade e universalidade da questo da Liberdade no lhe permitiria ficarexcluda da reflexo das maiores mentes da histria. Muito foi escrito a respeito, mas talvez nada comtanta especificidade e nfase quanto a obra imortal de Agostinho.-------Portanto, procederei aqui uma anlise detalhada do contedo deste livro cannico, e suasimplicaes para a questo. Para isso, vejo ser necessrio nada menos do que um sumrio das idiaschaves ao longo da cada captulo da obra, de modo a facilitar a localizao dos argumentos, dos

    problemas e proposies, e das respostas.-------O texto apresentando na forma de dilogo, entre o Mestre Agostinho e o Discpulo Evdio. Atraduo usada, do original latino, de 1986, pelo Professor de Filosofia Antonio Soares Pinheiro daBraga Faculdade de Filosofia, que tambm introduz e notifica o texto.-------Passemos pois, s idias principais.

    O LIVRE ARBTRIO

    Santo AgostinhoLIVRO PRIMEIRO

    O Ato Mau vem do Livre Arbtrio

    [A Lei Eterna. A Boa Vontade. A Sublimao do Amor]

    Captulo I [DEUS, O MAL E O ENSINO]- Deus o Autor do Mal?- Dois tipos de Mal, o Mal Sofrido e o Mal Praticado.- Deus pratica apenas o gnero de Males que visam compensar o Mal anteriormentePraticado. Punio.- O Mal Praticado o por livre e espontnea vontade, Livre Arbtrio.- A Instruo visa somente o Bem. O Mal decorre da Falta de Instruo. Praticar o Mal afastar-se da Instruo. (Ignorncia). No se aprende a Praticar o Mal, faz-se por noaprendizado.

    ------- "Peo que me digas se Deus no o autor do Mal." Assim aberto o dilogo por Evdio,evidenciando que a suspeita de que o Mal possa ser atribudo a Deus j era algo comum, e especialmentedesafiador a algum que sara de uma crena Maniquesta onde a existncia do Mal era mais facilmenteexplicada. Se, para o Cristianismo, existe apenas uma existncia eterna, Deus, e se tudo provm dele,deduz-se quase imediatamente que este deveria ser tambm a fonte do Mal, para isso elabora-se todo estedilogo.

    -------Comea ento a sugesto de que o Livre Arbtrio a origem do Mal, uma fardo incmodo paraalgo que, apesar de to precioso, alm de posto em cheque pelo Determinismo ainda aparentementeresponsabilizado como tal, o que ser desenvolvido mais adiante. Pode-se notar tambm uma correlaocom a doutrina socrtica de que a Ignorncia a Raiz do Mal, uma vez que o Mal decorreria da falta deinstruo, e que no se pode aprender a proceder Mal. Fica ento a questo: Como relacionar isso aoLivre Arbtrio? O Ignorante, no instrudo, est condenado a praticar o Mal?

    Captulo II [A ORIGEM DO PECADO]- Se de Deus procedem todas as coisas boas, e se o Mal no pode proceder de Deus, mas deDeus procedem as almas, e destas procedem o Mal, como ento o Mal no procede de Deus?- necessrio ter Deus no mais alto conceito. Se no acreditardes no entendereis. (Is 7:9)

    ------- Aqui podemos resumir a questo mais fundamental de todas. Como eximir Deus de culpa pelaexistncia do Mal? Por profisso de F, para o autor vital salvar Deus de ser o Autor do Mal. Este o

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    incio da "digresso" que tomar a maior parte da obra dada a complexidade da resposta para algoaparentemente to inegvel.

    Captulo III [QUE O ATO MAU?]- O que proceder mal?- O que torna o Adultrio (por exemplo) Mau? No por efeito por ser proibido, e nem

    proibido por ser mal. Nem mesmo por causar sofrimento ao outro, pois pode ser consentidopela outra parte.- O adutrio Mal por ser Lascvia, o que leva a Inincia, que malignidade de todo ato mau,homicdio, roubo, estupro, etc.

    Captulo IV [QUE A ININCIA?]- Inincia pretender alguma coisa.- O homicida age por Inincia, j o Soldado, o Executor Penal e etc, agem por cumprimento aLeis, portanto no so homicidas.- Inincia Paixo.- Os bons desejam afastar-se das coisas que no podem possuir sem risco de perder, osmaus lanam-se a possuir essas coisas tentando remover qualquer ameaa de perd-las.

    ------- Aqui temos o incio da doutrina que faz a diferenciao entre o Amor, Bom, pelas coisasduradouras, perenes, e o Amor, Mau, pelas coisas passageiras, perecveis. De qualquer forma, Deus

    parece ser isentado ao menos da responsabilidade direta pelo Mal.------- Observemos tambm o carter tico Perfeccionista. O Adultrio por exemplo Mau por umadefinio desvinculada de qualquer circunstncia ou consequncia.

    Captulo V [MORALIDADE E LEI CIVIL]- Certos homicdios so permitidos por Lei, "legtima defesa", que visa resguardar um Bemmaior, o Bem-Estar social, pela pratica de um Mal menor, o assassnio do agressor.- As Leis so isentas de Inincia, mas a Lei no obriga ao homicdio defensivo, apenas fornecea opo. Portanto a pessoa que mata em defesa prpria, uma vez que o faz por pretender algo

    perecvel, (integridade fsica) o faz isenta de Inincia?- Praticantes de homicdios defensivos so impunes pelas Leis terrenas. Mas o so pelasDivinas?

    ------- Essas perguntas ficam definitivamente em aberto, mas, pelo raciocnio agostiniano, tudo leva acrer que matar, mesmo em legtima defesa, no perdoado pela Lei Divina, o que pode levar a umcurioso dilema, pois aceitar a morte por parte de um agressor quando se pode det-lo, poderia serconsiderado uma forma de suicdio.

    Captulo VI [LEI TEMPORNEA E LEI ETERNA]- Tempornea a Lei que pode ser Justa num momento e no em outro, como democracia

    para um povo digno, e monarquia para um governante digno afim de corrigir um povo indigno.- Lei Tempornea deriva da Lei Eterna, pois desta parte a referncia pela qual as Leistemporneas se constituem. No exemplo anterior, as Leis so formuladas em razo de umadignidade que deve ser respeitada acima de tudo, esta deriva da Lei Eterna.- Lei tempornea alguma pode fazer o injusto ser justo, pois este definido pela Lei Eterna.

    Captulo VII [ESTS CERTO DE QUE VIVES?]- Uma coisa viver, outra conhecer que se vive.- O Homem mais perfeito que os animais devido a Razo, inteligncia. As feras podem nosdestruir, mas no nos domar como ns as domamos.- A "Cincia" (conscincia) da Vida, atributo da Razo, que no pode ser m.

    ------- Neste captulo temos algo equivalente ao "Penso, Logo Existo" cartesiano.

    Captulo VIII [A SUPREMACIA DA RAZO]

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    - Temos algo em comum com as plantas e os animais, mas a Mente/Esprito, nos exclusiva.- A potncia da Mente, no suficiente, preciso atuar, manifestar a Potncia, que domina aspaixes.

    Captulo IX [O SAPIENTE E O INSCIENTE]- O Sapiente o que faz uso pleno da Mente. A Sapincia o reinado da Mente.

    - Os animais no possuem Mente, pois esta no est no corpo. O homem possui Mente, aindaque nem sempre plenamente manifesta, que lhe d poder sobre os animais.

    ------- Fica claro que todo Ser Humano tem a potncia para a virtude, uma vez que tem a Mente, e queconverter tal potncia em ato uma deciso voluntria.

    Captulo X [A MENTE INVENCVEL]- A Mente mais forte que a Inincia, pois por Lei Eterna, o mais forte predomina sobre o maisfraco.- A Virtude superior ao Vcio.- Um Corpo no vence um Esprito dotado de Virtude.- Mesmo uma Mente Sapiente mais forte que outra no a pode submeter Inincia, visto que

    isso imediatamente a enfraqueceria. Se deseja a Inincia contra outrem, ento no pode serMente Sapiente.

    Captulo XI [O PECADO E O LIVRE ARBTRIO]- Nem mesmo Deus tornaria a Mente Sapiente escrava da Inincia.- Somente o Livre Arbtrio prprio pode submeter a Mente Inincia.- A Mente deve ser castigada pelo pecado de se submeter Inincia.- A Mente Virtuosa no se submete Inincia, sendo assim Justo que a Mente que sesubmeta seja punida.- Ningum quereria se submeter Inincia e ser penalizado. Se o homem foi criado toperfeitamente por Deus, porque se submete a inincia?

    ------- Se sendo Sapiente no se pode pecar, logo quem peca no Sapiente, sendo insciente. Deve esteser punido por ainda no ser Sapiente, se no recebeu instruo? Esta outra questo adiada at o finalda obra.

    Captulo XII [VONTADE E BOA-VONTADE]- Se nunca fomos sapientes, merecemos ser castigados pelo erro que no tnhamos poderpara evitar?- Mas ser que sempre fomos inscientes? Ser que antes de nossa unio esprito-corpo noexperimentamos um perodo de Sapincia?- Temos alguma vontade?- A Boa-Vontade a que incita a retido, e consequentemente a instruo e sapincia.- Os adeptos dos prazeres terrenos, mesmo que nunca tivessem sido sapientes, so vitimadospelos infortnios.

    ------- A pergunta inicial s ser tratada ao final da obra, j segunda, oferecida possibilidades, acercada Origem da Alma, no Livro Terceiro Captulo XX.

    Captulo XIII [BOA VONTADE E VIDA VENTUROSA]- PRUDNCIA o conhecimento do que se buscar, e o que se evitar.- FORTALEZA a capacidade de desprezar os bens transitrios.- TEMPERANA a virtude que afasta o desejo desmedido, reprime as inincias.- JUSTIA a virtude de dar a cada qual o que se deve.- A pessoa de Boa-Vontade possui as 4 Virtudes, e bem aventurada, e feliz.- Possumos esses potenciais, portanto podemos ser bem aventurados e virtuosos, mesmoque jamais tivssemos sido sapientes.

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    ------- importante aqui a distino entre as 4 virtudes, idia de origem grega. Sugere-se uma resposta questo anterior. Se a pessoa tem essas potencialidades, pode desenvolv-las, se no as faz, merece ocastigo.

    Captulo XIV [VIDA VENTUROSA E RECTITUDE]- Quem no desejaria ser Bem-Aventurado, Virtuoso e Feliz?

    - Se todos o querem, porque alguns no conseguem?- Merecemos o prmio ou o Castigo por nossa prpria Vontade.- Todos querem a mesma coisa, ser afortunados, porm o Bons o querem levando uma vidareta e justa, e o maus o querem sem ser justos e retos. Bons e Maus querem a mesma coisa,mas de modos diferentes.- A Lei Eterna estabeleceu que o mrito esteja na Vontade, e o prmio ou castigo na ventura.

    ------- Essa aparente resposta a estas questes, que remete ao Captulo XII, pode ser uma meratransferncia do problema para outro nvel, como ser abordado mais adiante.

    Captulo XV [SUBLIMAO DO AMOR]- Os Bons, Bem-Aventurosos, Virtuosos, Sapientes, Amam as coisas Eternas.

    - Os Maus, desventurados, infortunados, inscientes, amas as coisas Temporneas.- As coisas Temporneas no so culpadas, mas sim as pessoas que as desejam.

    ------- Insinua-se mais uma complementao da resposta para a questo em aberto do Captulo XII. Osdesventurados merecem ser punidos devido a terem escolhido amar as coisas temporneas, caindo naInincia e infortnia. Mas resta ainda a questo do porqu fizeram tal escolha, e se eram conscientes dasconsequncias.

    Captulo XVI [O ATO MAU VEM DO LIVRE ARBTRIO]- O que proceder Mal?- Proceder Mal diferente de Desejar as coisas temporneas?- Mal tudo que afasta o homem das coisas eternas.- E por fim, Deus autor de nossas Ms aes?

    ------- Retoma-se a questo do Captulo III, "O que proceder Mal?". As respostas ficam adiadas para osprximos livros. Resta em aberto, alm destas questes principais, a questo de se:------- - A Pessoa que mata em legtima defesa, uma vez que age por apego a um bem temporneo, o fazisento de Inincias? E assim se ao matar em legtima defesa est isenta de Pecado?------- - Por que a pessoa escolhe o Mal, se tem potencial para escolher o Bem?

    LIVRO SEGUNDO

    O Livre Arbtrio Dom de Deus[A Existncia de Deus]

    Captulo I [O LIVRE ARBTRIO VEM DE DEUS]- Porque Deus concede o Livre Arbtrio ao homem, se sem este, no se poderia pecar?- prprio da bondade de algum beneficiar pessoas estranhas, mas no prprio da justiacastigar pessoas estranhas.- O Homem procede de Deus, visto que um certo Bem uma vez que pode viver retamente.- O Homem s pode proceder virtuosamente devido ao Livre Arbtrio, se no, seu bomproceder no seria virtude.- Foi para ser virtuoso que Deus concebeu o Livre Arbtrio, no para Pecar, sendo o pecado

    justamente castigvel.

    - Deus no seria justo se no punisse o pecado.

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    Captulo II [ACREDITAR E INTELECCIONAR]- Porque somos levado a pecar se o Livre Arbtrio nos foi dado com o objetivo de conceder avirtude?- Porque Deus no ns da a vontade de proceder retamente?- sacrlego culpar ou censurar a Deus.- Se no acreditardes no entendereis.(Is 7:9)

    - Diferena entre a F e a Inteleco. Deve-se ter f, mas tambm inteleccionar.- preciso ter primeiro f, para depois buscar a inteleco.

    ------- No primeiro Captulo bem justificada a razo do Livre Arbtrio, mas ela leva as questeslevantadas no Captulo II, que so adiadas enquanto apela-se para a f. Novamente a Bblia citada, nos na passagem referida acima mas com vrias outras passagens. Fica claro que os preceitos religiososdevem ser validados a qualquer custo.

    Captulo III [RUMO A DEUS: OS SENTIDOS E A RAZO]Captulo IV [RUMO A DEUS: SENTIDO INTERIOR E VIDA]- Trs realidades: Existir, Viver e Inteleccionar, sendo a ltima a mais excelente.- Existncia de um "Sexto Sentido", ou um Sentido Interior que sensoria os demais 5 sentidos,

    presente em todos os animais, e no Homem, a Razo como um "Stimo" Sentido que sensoriao Sentido Interior.

    ------- J a segunda correlao com doutrinas budistas. A primeira foi a da abstinncia do que temporneo, que no Budismo traduz-se como libertao do apego ao transitrio, e agora temos umconceito similar ao da Mente como "Sexto Sentido", em especial no Budismo Tibetano.

    Captulo V [RUMO A DEUS: O SENTIDO INTERIOR JULGA]- Ainda que se deva cr-la firmemente; como evidenciar por inteleco a existncia de Deus?- Os sentidos atingem tudo o que existem, mas so presentes somente no que vive.- Os sentidos esto em categoria melhor do que os objetos a que atingem, pois o ser que Vivee Existe superior ao que meramente Existe.- O Sentido Interior melhor que os 5 Sentidos, e a Razo melhor que o Sentido Interior,pois o que Intelecciona melhor do que o que meramente Vive e Existe.- Nem tudo que Intelecciona superior ao que inteleccionado, pois o homem intelecciona aSapincia sem ser superior a esta.- O Sentido Interior julga os sentidos, assim como estes julgam os objetos.

    ------- Finalmente posta diretamente a questo sobre a existncia de Deus, e tem incio uma imensadigresso.

    Captulo VI [RUMO A DEUS: A RAZO E DEUS]- A Razo julga o Sentido Interior, lhe sendo mais excelente, assim como aos sentidos e seus

    objetos.- preciso demonstrar algo superior Razo, e a qualquer outra coisa, que seria Deus, umarealidade insupervel- A Razo tempornea e mutvel, mas intui a existncia de algo Eterno e Imutvel, eportanto, superior a ela.

    Captulo VII [RUMO A DEUS: OS OBJETOS DOS SENTIDOS]- Privacidade dos Sentidos Externos, do Sentido Interior e da Razo de cada homem.- "Unicidade" dos objetos dos sentidos apesar das mltiplas percepo de cada indivduo.- Diferena entre os sentidos do Paladar e do Olfato em relao ao Tato, a Viso e Audio.Estes ltimos podem sensoriar, de mais de um indivduo, a "mesma parte" de um objeto aomesmo tempo. Os Tatos de dois indivduos podem sensoriar a mesma parte de um mesmo

    objeto em tempos diferentes, j quando ao Olfato e Paladar, uma vez tendo sensoriado umobjeto, ao menos essa parte sensoriada irrecorrivelmente absorvida, no estando disponvela sensoriao de outra pessoa, ainda que estas possam sensoriar partes diferentes de um

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    mesmo objeto, no podem sensoriar a mesma parte nem mesmo em tempos diferentes.- Portanto, h objetos que alteramos, e objetos que no alteramos ao sensori-los.

    ------- Numa das mais densas passagens do livro, comea a se desenhar a analogia pela qual serrepresentada o conhecimento de Deus.

    Captulo VIII [RUMO A DEUS: A RAZO E OS NMEROS]- Os Objetos percebidos pela Razo so inalterveis, podendo ser percebidos por todos aomesmo tempo, como a Essncia Inteligvel e a Verdade do Nmero, sendo tambmindestrutveis e independentes de serem percebidos ou no, corretamente ou no.- Os Nmeros no podem ter sido impressos no esprito mediante captao dos sentidos, poisno existem nos objetos dos sentidos.- "...considerar e buscar a sapincia e o nmero." (Ec 7:26)

    ------- Nota-se aqui claramente o forte Idealismo, e uma negao da possibilidade do Empirismo emrelao aos entes numricos.

    Captulo IX [RUMO A DEUS: SAPINCIA E BEM SUPREMO]

    - a Sapincia um Bem nico, ou mltiplo e em cada homem em particular?- Todas as pessoas buscam o Bem e fogem do Mal, mas como este se lhes apresentamaparentemente diferentes, o fazem de formas diversas.- Erro seguir por um caminho que no leva ao que se pretende chegar, quanto mais se erra,mais longe se est da Verdade, tanto menos Sapiente e menos se contempla o Sumo Bem.- Temos impressas no Esprito as noes de Venturidade e Sapincia.- Se o Sumo Bem for uno, a Sapincia tambm o .- Se o Sumo Bem e a Sapincia forem mltiplos, tambm o poderia ser o Sol, uma vez quesob sua luz muitas coisas distintas podem ser vistas.

    Captulo X [RUMO A DEUS: CERTEZAS DA SAPINCIA]- As Verdades da Sapincia so visveis a todos, independente de se comunicarem, assim

    remetem a algo nico.- Que o ntegro melhor que o deformado e o Eterno melhor que o temporneo, so verdadescomuns a todos.- Uma vez que todos podem atingir a Sapincia, e que os Sapientes sempre chegam aconcluses iguais sobre o que devem fazer, v-se que a Sapincia nica e Imutvel.

    Captulo XI [RUMO A DEUS: A SAPINCIA E O NMERO]- Sendo a Sapincia e o Nmero entes nicos, seriam de uma mesma categoria?- Muitos conhecem os Nmeros, mas poucos conhecem a Sapincia.- Se Sapincia e Nmero residem na mesma Verdade, o que endossado pela Bblia, porqueo segundo mais estimado pela maioria do que o primeiro?- Os Nmeros esto em todas as coisas, mas a Sapincia somente nos seres vivos racionais.

    Para os homens os nmeros parecem mais valiosos assim como os objetos o parecem emrelao luz. O ouro parece mais valioso e belo que a luz que o ilumina.- O Calor da chama atinge s o que est prximo, a luz atinge muito mais longe. Assim aSapincia e o Nmero.- Pode no ser possvel saber se Sapincia e Nmero so distintas ou no, ou se umaprocede da outra, mas ambas so indiscutivelmente verdadeiras.

    ------- Uma das partes mais confusas do livro. A analogia com o ouro e a luz apesar de genial, noresponde a questo. A afirmao de que os nmeros esto em todas as coisas parece contradizer oCaptulo VIII, aparncia s desfeita no Captulo XVI. No fica claro de onde emana a Sapincia e o

    Nmero, pois ao menos nesta traduo ambos derivam da [Sapincia].

    Captulo XII [A EXISTNCIA DE DEUS: DEUS A VERDADE]- Existe uma Verdade Incomutvel, oculta e pblica, acessveis, mas no pertencentes a todos

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    os que dispem de Razo e Inteligncia.- Julgamos as coisas segundos parmetros imutveis de verdade, mas no julgamos essesmesmos parmetros que por serem imutveis, no esto em nossas mentes, que somutveis.

    Captulo XIII [A EXISTNCIA DE DEUS: O SILNCIO DA VERDADE]

    - Nada h de mais venturoso do que disfruir da inabalvel, imutvel e excelsa Verdade.- Os homens de mais forte e vigorosa viso preferem ao invs de contemplar as coisasiluminadas pelo Sol, contemplar o prprio Sol.- De nada a alma disfrui com liberdade seno do que disfrui com segurana, que a Verdade,e o prprio Deus

    ------- Embora a analogia com o Sol funcione, imperfeita pois viso vigorosa alguma resiste, oupermanece vigorosa por muito tempo, se se voltar diretamente ao Sol salvo com o uso de filtros. Seriauma analogia mais interessante se colocarmos que agem como filtros determinados recursos da F, como

    por exemplo que a ajuda da Bblia no salva de sermos "cegados" pela intensa ofuscao da Verdade, queseria demais para ser apreendida pela mera Razo, por isso a necessidade da F. Embora seja mais oumenos essa a idia agostiniana, tal analogia no chega a ser usada claramente.

    Captulo XIV [A EXISTNCIA DE DEUS: A POSSE DA VERDADE]- Ningum est seguro quanto aos bens que podem ser perdidos contra a vontade. A Verdadee a Sapncia porm no podem ser perdidas por quaisquer razes que no a prpriaperverso.- A Verdade est aberta e disponvel a todos, a todos os que lhe amam, ela acolhe, semdistino, sendo suficiente em igual grau, nunca falta a quem a procura, no importa quantos aprocurem. Nada pode lhe obscurecer, e estar sempre acessvel a qualquer um que a procurecom amor e sinceridade, e nada pode impedir essa busca.

    ------- Na, talvez, mais potica e bela passagem do livro, Agostinho faz uma autntica ode amorosa Verdade. Nota-se aqui o Idealismo e o "Amor a Sophia", que caracteriza, ou deveria caracterizar,qualquer filsofo. Fica claro o elemento neoplatnico que se identificou com os preceitos da religiocrist. O Cristianismo parece cair como uma luva, ainda que sofrendo alguns ajustes, nos "IdeaisIdealistas"!

    Captulo XV [A EXISTNCIA DE DEUS: DEUS SUPREMA EXISTNCIA]- Tendo demonstrado a existncia de um realidade superior mentes humanas, esta Deus, ano ser que haja realidades ainda maiores, de modo que Deus ento ser a maior de todas.- O que j era admitido pela F, agora demonstrado pela Inteleco, ainda que tnue.- Da mesma forma que o que no Justo Injusto, o que no Sapiente e Insciente. Comomesmo o sincero buscador da verdade no ousa se declarar ainda Sapiente, conclui-se que oInsciente tem noo da Sapincia, portanto a Sapincia lhe inerente ao Esprito.

    ------- Aqui temos a predecesso de Descartes e do Argumento Ontolgico, que basicamente define Deuscomo sendo "O Algo do qual Nada pode ser Maior". Tambm a noo de que o Insciente, visto que no Sapiente, no poderia ter noo da Sapincia salvo se esta lhe fosse impressa na Mente por um SerSapiente.

    Captulo XVI [A EXISTNCIA DE DEUS: DEUS E OS SEUS VESTGIOS]- O buscador da Sapincia nada mais faz que se dedicar idia de Sapincia inata em seuinterior.- Os Vestgios da Sapincia esto em toda parte, na forma de Nmero. Todas as belezasnaturais tem Nmeros, o que as torna belas mediante as Leis da Beleza. Porm estesNmeros no derivam delas, mas sim foram postos nelas pela fonte dos Nmeros, e a da

    Sapincia.

    ------- Finalmente esclarecida a aparente contradio entre os Captulos VIII e XI, pois se os Nmeros

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    esto em tudo, o esto por terem sido colocados por Deus, e a idia de nmero no apreendida pelossentidos, mas sim fornecida por Deus, de modo para que possa ser identificada nas coisas. Portantosoluciona-se o problema de porque apesar dos nmeros estarem em tudo, no podem ser apreendidosempiricamente.

    Captulo XVII [A EXISTNCIA DE DEUS: DEUS ENTIFICADOR]

    - Todo ser Mutvel Entificvel.- Todo Ente, ser existente, j tem a Enticidade, Existncia, portanto no precisa receber o que

    j tem. Porm algo no pode Entificar-se a si prprio, ou seja, passar da No-Existncia Existncia, portanto tudo o que Existe foi Entificado por outro Ente, ou existe Eternamente.- Tudo o que existe depende da Entificao, sem a qual reduz-se ao Nada. Tudo precisa serentificvel, portanto toda a Existncia depende de um Ente previamente existente, Deus.- Se for possvel encontrar algum outro gnero de seres alm das categorias do Existente,Vivente e Pensante, ser possvel encontrar algo que no proceda de Deus.- Todos os Bens derivam de Deus.

    ------- Aqui colocada a questo fundamental, a meu ver, da existncia. Algo que forosamente obriga aRazo a admitir a Existncia de Algo Incriado. O Ser no pode vir do No-Ser. Portanto tudo o que

    existe foi criado por algum outro Ser, ou sempre Existiu. Isso obrigatoriamente exige a existncia doEterno, ou ao menos do Perptuo. Este para mim, um argumento absolutamente inabalvel em defesada existncia de algo de temporalidade infinita. Pode ser precipitado chamar isso de Deus, mas que Algosempre existiu no me parece haver nada mais claro.

    Captulo XVIII [O LIVRE ARBTRIO UM BEM]Captulo XIX [O LIVRE ARBTRIO BEM MDIO]- Uma vez que Deus existe, e que tanto pequenos quanto grandes bens derivam de Deus, oLivre Arbtrio um bem de Deus, sem o qual no se poderia agir virtuosamente.- Tal como a Virtude com a qual s se pode proceder retamente, no devia o Livre Arbtrio serdado de forma que no se pudesse pecar?- Muitos usam Mal os Bens que possuem, inclusive os do Corpo, nem por isso considera-seque esses bens no deveriam ser dados. Se os olhos so Bens de Deus, os que os usam Malno exigem que Deus no os d, mas sim que seu mal uso seja punido.- H bens do quais no se pode usar Mal, Justia, Temperana, Fortaleza, a Reta Razo.Essas so os GRANDES Bens, sem os quais No se pode viver Honestamente.- As perfeies corpreas, das quais se pode usar mal e sem as quais se pode viverHonestamente, so PEQUENOS Bens.- Os Bens que sem os quais No se pode viver Honestamente, mas que podem ser MalUsados, so os MDIOS Bens. Nestas inclue-se o Livre Arbtrio- Mas se o prprio Livre Arbtrio que permite o Bom ou Mal uso dos Bens, como ele pode serum destes bens?- O Livre Arbtrio pode ser usado por meio dele mesmo, bem como a Razo ou a Memria,que usam a si prprias.- O Livre Arbtrio, com o Bem Mdio, quando se associa aos Grandes Bens traz a Virtude eSapincia, quando se associa aos Pequenos Bens leva aos desvios.- O Mal no est nas coisas. O que Mal utilizado no Mal em si. O Livre Arbtrio um Bem.

    ------- Finalmente, mediante um sistema intelectual genial, nestes captulos se do as respostas asquestes levantadas no incio deste Segundo Livro, aps uma imensa digresso reconhecida pelo prprioautor. Aqui comea a se desenhar a resposta para a questo fundamental da obra, que "Se Deus oAutor do Mal?".

    Captulo XX [O IMPULSO PARA O MAL]- Mas sendo o Livre Arbtrio um Bem, de onde vem o impulso para us-lo Mal?

    - Se todos os Bens derivam de Deus, afastar-se do Bem afastar-se de Deus.- O Mal no procede de Deus. De onde procede ento?- Toda Realidade, Enticidade, Existncia, procede de Deus. Sendo assim o Mal decorre do

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    afastamento da Existncia, da Enticidade, afastamento de Deus.- Esse impulso de Afastamento leva a um movimento Defectivo, reativo, em direo ao Nada,esse impulso no pode pertencer a Deus.- De onde se origina ento o Impulso para o Mal?

    ------- Finalmente chega-se ao final do Segundo Livro removendo do Livre Arbtrio a responsabilidade

    pela existncia primria do Mal. O Mal vem atravs do Livre Arbtrio, mas no gerado por ele, e nempor conseguinte gerado por Deus. Das duas questes que ficaram em aberto no livro anterior, uma nofoi tocada, que "A Pessoa que mata em legtima defesa, uma vez que age por apego a um bemtemporneo, o faz isento de Inincias? E assim se ao matar em legtima defesa est isenta de Pecado?".Mas a questo de "Por que a pessoa escolhe o Mal, se tem potencial para escolher o Bem?", comea areceber tratamento, evidentemente adiado para o prximo Livro.------- Comea a se delinear a idia de que o Mal um tipo de No-Ser, similar ao que Teodicias como ade Leibniz viriam a propor mais de um milnio mais tarde. Mas o que mais comea a ficar latente, queapesar de primorosa e criativa, a argumentao que tem conseguido salvar de Deus a responsabilidade

    pelo mal est se dirigindo a um obstculo que aparentemente instransponvel, e que leva questoprincipal que conduz esta Monografia, que a Oniscincia e Onipotncia divinas, que parecem no darlugar a nenhum tipo de realidade, mesmo reativa, que no apenas provenha mas que esteja sob absolutocontrole de Deus.------- Agostinho frisa fortemente que se tenha apego a F, de modo a no se desviar dos tortuososcaminhos por onde levam tais questes. Essa conduo da Racionalidade pode ser interpretada de formasdivergentes. Ao insistir tanto em citaes da Bblia, fica a impresso de um mecanismo de defesaantecipado para driblar, ou mesmo acobertar possveis becos sem sada intelectuais.

    LIVRO TERCEIRO

    Dificuldades Relativas ao Livre Arbtrio

    [A Prescincia. A Providncia. O Pecado Original.]

    Captulo I [ORIGEM DO IMPULSO PARA O MAL]

    - No h necessidade de conhecer o impulso para o mal.- O Impulso que leva a pedra a cair parte de sua natureza. Esta no tem vontade, portantono culpvel por cair.- O mente tem vontade, no podendo ser obrigada a pecar nem mesmo por uma mente maisforte, portanto pode decidir, e sua escolha para o mal culpvel.- No importa de onde vem o impulso para o mal, pois ele no pode obrigar algum a pecar,mas sim a vontade, o Livre Arbtrio que permite o pecado.

    ------- Agora o discurso agostiniano comea a sofrer uma sensvel mudana, adotando um teor muitomais apologtico e apelativo f. A recusa em examinar a questo ainda temperada com um certo grau

    de ironia e at de insultos contra a disposio de questionar os atos de f, tendncia que vai seacentuando nos prximos captulos.

    Captulo II [PRESCINCIA E INSTRIO]- Como pode a vontade ser livre se Deus presciente de todas as coisas futuras?- Esta questo s aflige aos que a examinam sem a devida devotividade.- Alguns negam a Prescincia de Deus ou acusam-na de ser perversa, o que um mpio erro.- Aos que so persuadidos pela misericrdia divina e so fortes na devoo, tal pergunta facilmente respondida.

    ------- Finalmente, a pergunta chave que permeia esta monografia aqui colocada. A tenso entreONISCINCIA FUTURA (No caso vista como Prescincia) e o Livre Arbtrio. A pergunta colocadacom muita preciso, mas espantosamente, simplesmente denegrida, bem como suas inevitveisimplicaes, com o uso de insultos. Faz-se um fortssimo apelo a devoo religiosa e a apego aos

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    princpios de f da religio.

    Captulo III [PRESCINCIA E VENTURIDADE]- Se a Prescincia de Deus obriga as pessoas a agirem do modo previsto, elas no teriamliberdade.- Se Deus prev todos os atos dos humanos, tambm desde sempre j sabe que destino,

    recompensa e punio, dar a eles.- Se todas as coisas previstas por Deus ocorressem obrigatoriamente, no seria Deus tambmdesprovido de Liberdade?- Deus determina quem ser venturoso? Se estivesse em meu poder ser Venturoso eu j noo seria meramente por querer? Seria minha impossibilidade de ser venturoso, mesmoquerendo, uma determinao de uma vontade coercitiva de Deus?- O que nos ocorre contra nossa vontade, velhice, doena, morte, ocorrem por fora externa ans, mas nossos atos ocorrem por nossa livre escolha.- O simples fato de Deus anteconhecer os atos humanos no os torna pr-determinados.- Se algum acredita na pr-determinao anula a vontade livre, mas ela mesma deciso deacreditar em tal fato, decorre da prpria vontade livre.- Deus presciente de nosso poder de decidir. Mesmo anteconhecendo nossas escolhas,

    resguardou nosso poder de escolher.

    ------- A questo comea a se diversificar em direes fascinantes. Admite-se a Prescincia at o "fimdos tempos", de antemo, Deus j sabe todos os atos humanos e que prmio ou punio dar a eles,mesmo assim permite a liberdade de escolha. colocado apropriadamente que a Prescincia por si s,no implica em determinao, mas isso s faz sentido, como veremos mais adiante, enquanto noconsideramos tambm a Onipotncia de Deus.------- Depois a defesa agostiniana se envereda por um crculo vicioso, pois afirmar que ao acreditar naPr-Determinao se faz uma escolha, e portanto haveria Vontade Livre, mas no escapa daconsequncia reflexiva e instantnea desta afirmao, de que a Vontade "Livre" poderia ser uma merailuso pr-determinada, mesmo a garantia do Livre Arbtrio no seria mais que uma pr-determinao.------- Mas o elemento mais notvel que quero destacar aqui a percepo de que o prprio Deus noseria Pr-Determinado, possibilidade que no examinada, mas simplesmente rebatida de formadogmtica, da mesma forma como lamentavelmente acontece com outros desenvolvimentos potenciaisque deixam de ser analisados dado ao imediato choque com os dogmas da doutrina.

    Captulo IV [PRESCINCIA E PECADO]- Pecamos por nossa prpria vontade, sem poder ser obrigados nem mesmo por uma MenteSuperior, devido a sua virtude, ou por uma Mente Inferior, dada sua incapacidade.- No se deve negar tais verdades, nem que Deus Justo e Presciente.- Com que justia se pune pecados que obrigatoriamente tem que se dar?- O Criador no seria responsvel pelos atos de suas criaturas?- Se eu prevejo com segurana o que acontecer a algum, no significa que estou

    determinando o que acontecer, mas apenas antevendo. O mesmo se d com Deus.- Do mesmo modo como nossa memria dos fatos passados no determina tais fatos, aprescincia de fatos futuros tambm no.- Deus no responsvel pelos atos derivados do Livre Arbtrio, portanto o justo punidor ourecompensador destes.

    ------- Pode-se notar com mais clareza do que nunca o compromisso arbitrrio com os dogmas de f doCristianismo. Desenvolve-se melhor o argumento coerente de que a Prescincia por si s no implica emdeterminao, e dessa forma garantiria a Vontade Livre, e salvaria a Justia Divina. Mas, volto a insistir,tal argumento s funciona enquanto considerarmos apenas a Prescincia, ONISCINCIA do futuro.

    Captulo V [EXISTIR SEMPRE UM BEM]

    - O Criador no seria responsvel pelos atos inevitveis de suas criaturas?- Recordemos a norma da devotividade, que nos alertar que devemos louvar o Criador.- Ainda que nossas almas estejam corrompidas pelo pecado, ainda so melhores que as

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    coisas que meramente existem. (O que Existe, Vive e Intelecciona melhor.)- mesquinha inveja querer que algo inferior no houvesse sido feito, pois toda existncia um Bem.- Tudo que os humanos so capazes de imaginar est nas idias de Deus. absurdo que sepossa conceber algo que o criador no conceba.- Muitos erram por procurarem nos lugares errados, fora de Deus, as realidades mais perfeitas

    que concebem.- Seria injusto Deus no dar existncia a uma categoria de seres porque alguns podem pecar.- H Seres Venturosos que jamais pecam, Seres que pecam, mas se recuperam, e Seres quepermanecem no pecado, nem deste ltimo ser Deus retirou sua bondade, concedendo-lhetambm a existncia.- Mesmo o Pecador, sendo ser que intelecciona, ainda melhor que um ser que apenas Vive,ou que apenas Existe.

    -------Esse grande captulo basicamente uma enorme digresso quase potica. A questo inicial,colocada no captulo anterior, no respondida, e desenvolve-se uma extensa e sublime defesa daexistncia, mesmo dos entes inteligentes e pecadores. difcil ver a conexo com a primeira idia do

    prximo captulo.

    Captulo VI [NINGUM QUER NO EXISTIR]- Assim, no se deve imputar ao Criador a responsabilidade pelos atos dos seres criados.- Mente aquele que diz que preferia no existir a ser infortunado.- Todos querem existir mas no ser infortunados, ningum quer morrer, por querer existir.- Devemos louvar a Deus pela existncia, que todos querem, e pelo infortnio dos que noquerem, por serem ingratos.- Alguns no querem morrer, no por no quererem deixar de existir, mas para no seremainda mais infortunados aps a morte.- Se injusto que isso ocorra, no ocorrer. Se ocorre, justo e derivado da Livre Vontade.

    ------- No me parece haver relao do desenvolvido no captulo anterior com a concluso que abre este

    captulo, que se segue com a posio muito sensata do apego existncia, que deve merecer o louvor aDeus. A idia de no imputar ao criador a responsabilidade pelos atos das criaturas me parece atdefensvel desde que no se leve mais uma vez em conta a Onipotncia, mas no dessa forma, e sim pelosimples fato da Prescincia no implicar diretamente na determinao.-------Aqui tambm se inicia a delineao de um problema, que aliado ao da Onipotncia, parece fatal

    para idia de que Deus seja um ser Justo, o da condenao dos pecadores, ao menos da forma como colocado tradicionalmente.

    Captulo VII [AMA QUERERES EXISTIR]- prefervel existir, mesmo infortunadamente, por j existir.- Mas se pudesse ser consultado antes de existir, de que levaria uma existncia infortunada,

    preferirias no existir?- Fazer do Amor a Existncia fonte de amor pelas coisas eternas, pois quanto mais se querexistir, mais se deve aproximar de Deus.

    ------- Aqui o discurso se torna basicamente Homiltico. revelador que tenha deixado a forma dedilogo para se tornar um monlogo, desde o Captulo V at o Captulo XVI.-------Quanto a questo levantada, no creio que necessitasse de resposta, pois evidente a contradio.Um No-Ser no pode ser consultado, se o foi porque j Existia, e uma vez que se existe, deseja-sesempre a existncia, o discurso, nesse sentido, me parece plenamente justificado e coerente, sendo defato talvez a melhor Soteriologia possvel. O problema que a questo principal no recebeu aindatratamento suficiente, no ficou claro que espcie de consulta se faria a esse ser. Ele poderia serconsultado e, se soubesse que seria condenado a demasiados infortnios, lhe poderia ser ofertado deixar

    de existir, o que muito provavelmente aceitaria, pelo mesmo impulso que leva algumas pessoas acometerem suiccio.

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    Captulo VIII [O SUICDIO CONTRADITRIO]- Querer no existir no faz sentido, pois quem escolhe a inexistncia escolhe Nada.- O suicida muitas vezes cr que seu ato o levar para um lugar melhor, anseia por Algo.- impossvel desejar Nada.

    ------- Uma passagem que bem poderia esclarecer muitos equvocos sobre a idia de suicdio, que pode

    se dar por vrios fatores, mas que, concordo com Agostinho, no pode se dar almejando o Nada, mas simuma espcie de existncia cuja idia se apresenta como satisfatria. O Existente sequer pode conceber aInexistncia. Mesmo assim vale replicar com a idia de que o suicida no est necessariamentedesejando a no existncia, mas sim repudiando sua existncia atual, mediante talvez inclusive umaaposta inconsciente de que o que se segue aps a morte no possa ser pior.

    Captulo IX [A PROVIDNCIA E O PECADO]- Deus, em sua Onipotncia, poderia ter determinado que nenhuma de suas criaes fosseinfortunada? Se no o pde determinar, no Onipotente, se o poderia, seria mesquinho einvejoso!- Existem criaes em todos os graus, mesquinho e invejoso seria quem dissesse que tal ouqual grau no deveria existir, ou deveria ser de outra maneira. Bem como descomedido e

    inquo o que deseja adicionar algo Perfeio.- Todas as coisas que existem, devem existir, pois mesmo as coisas imperfeitas fazem partede uma perfeio maior. Todas as almas, por existirem, servem perfeio, mas no porpecarem, sua necessidade existencial se d enquanto almas de certos graus de perfeio, noenquanto necessidade do Pecado.- O Universo Perfeito, e no precisa do Pecado, punindo-o devidamente. A existncia doPecado no contradiz a perfeio do Universo, que sempre compensa o pecado pela punio,e se o Pecado no existisse, o Universo continuaria Perfeito.- O homem justo e digno que se submete fogueira o faz por fortaleza e longanimidade, osalteador sanguinrio submetido ao mesmo suplcio o pelas Leis. Nos dois casos, o tormento dignificado, o primeiro pela virtude, o segundo pelo pecado devidamente punido pela Lei.Seria indigno que ambos recebessem o mesmo destino de serem levados ao cu.

    - admirvel que a natureza espiritual no seja afetada pela mutabilidade do corpo.

    ------- Prossegue a pregao, com ainda mais citaes bblicas que incluem as advertncias da puniopelo Fogo Eterno. Noto uma perda da acuidade filosfica dado a natureza apologtica do discurso, que sedesviou para um teor basicamente religioso. A digresso sobre a fogueira chega a soar revoltante paranossa mentalidade contempornea, e fica a questo de se no seria mais Perfeito um Universo SemPecado do que um Com Pecado, e sendo assim: Porque Deus preferiu um Com Pecado?

    Captulo X [O PECADO ORIGINAL]- Duas origens do Pecado, os espontneos e os persuadidos.- Os pecados espontneos so mais graves do que os induzidos por outrem, porm ambosso voluntrios.- Deus cumpre a justia punindo ambos os pecados.- O homem pecou menos que o demnio, pois este induziu o homem a pecar, por isso aohomem est aberta a possibilidade de salvao, que ao demnio repelida pelo vcio.- O Verbo se fez carne para se tornar acessvel aos homens que, cados, esto submetidosaos limites do corpo, pois o Verbo original s visvel pela razo, que se encontra prejudicadano homem.- Ao consentir com o Mal induzido pelo Demnio, o homem tornou-se se escravo, sendo retidopor este a no ser que este se volte Deus, sendo ento obrigatoriamente libertado pelodemnio.- O demnio tem direito ao homem na medida em que este, uma vez que aceitou a induopara pecar, aceitou este domnio, por isso o demnio no derrubado pela justia divina, e

    ter domnio sobre o mundo enquanto houverem homens nascidos.------- Finalmente mencionado o Demnio, provavelmente como forma de explicar as questes em

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    aberto relativas a Origem do Impulso para o Mal, e para reforar as idias de Justificao da Punio epermisso divina da existncia do Mal. Porm esses temas no so assim diretamente abordados,exigindo muita interpretao, de modo que possvel que tais digresses no respondam de fato squestes. Esse redirecionamento investigativo consolida em definitivo a transio da Filosofia para aTeologia, que passa a dominar quase totalmente o discurso como alis tem feito ao longo do LivroTerceiro, em contraste aos Livros anteriores, onde em alguns trechos pareceria at impensvel o que

    feito aqui.

    ------- Mal posso crer que na poca em que produzi esta monografia, deixei escapar uma idia potencialmentebombstica, relativa ao Verbo tornar-se carne para apelar melhor aos humanos que no estariam sendo capazes de recebera ddiva direto do "Verbo Original". Considerando que alguns, segundo o prprio Agostinho, buscam a Sapincia enunca caem gravemente em pecado, e visto que nem mesmo Agostinho negaria que h nesses casos pessoas que jamaisconheceram o Cristianismo, deduz-se que apesar de globalmente prejudicada, no impossvel para a razo humanacontemplar o Verbo suficientemente a ponto de se dignificar por meio da Razo. queles sem essa capacidade teria vindoo Verbo na forma encarnada, de modo que a doutrina de Cristo, nesse sentido, seria vlida principalmente s pessoas queno tem feito uso pleno de sua Mente Racional. Concluso: As melhores pessoas no precisam do Cristianismo! Ou a elechegam antes pela Razo do que pela F! ( 16 de Fevereiro de 2004 )

    Captulo XI [O UNIVERSO, O PECADO E A ORDEM]

    Captulo XII [BELEZA PERENE DO UNIVERSO]- Deus criou todos os seres, os sempre virtuosos, e os que haveriam de pecar, mas no oscriou para pecar.- Aos primeiros seres, no sujeitos ao pecado, esto os mais altos encargos do Universo, semos quais, ou se estes pecassem, o Universo no existiria.- Os segundos seres, mesmo pecando, no prejudicam a existncia do Universo, masprejudicariam se no existissem. Estes, quando no cados em pecados, tambm possuemimportantes funes.- Os primeiros so revestidos de corpos celestes, os segundos de corpos mortais,- Mesmo que os primeiros pecassem, no seria difcil para Deus restaurar a ordem e criarnovos seres.

    ------- Aqui temos um esboo de Angeologia, com uma breve descrio hierrquica dos Anjos que emparte justificada pelo que se seque no prximo captulo. Fica a questo relativa aos diferentes corpos, umtanto estranha. Os anjos cados ento teriam corpos? Teria sido Lcifer corporificado aps a queda?-------Nota-se tambm a possibilidade de que Deus poderia ento ter feito um Universo sem pecado, masque dentre infinitos universos logicamente possveis, deu existncia a este. Por qu? Ou estaria Leibnizcerto ao afirmar estarmos no melhor possvel?

    Captulo XIII [TODO O SER BOM]- Tudo que pode tornar-se menos bom Bom. Tudo o que no pode tornar-se menos Bom,tambm Bom.- Todo Ser Deus, ou Procede de Deus.

    ------- Agostinho cita aqui um dos argumentos pelos quais considero que a criao Ex-Nihilo absurda.As coisas no vieram do Nada. Elas vieram de Deus! Nesse sentido, se no havia matria antes, mashavia Deus, e este cria a Matria, logo, a Matria vem de Deus, mesmo porque a idia da Matria emDeus j estava presente, e dele procede sua criao.------- por isso que insisto que a cosmologia crist no deixa de possuir um teor semi-pantesta, umavez que Deus , ou est em tudo, havendo uma certa Imanncia em sua Criao alm da Transcendncia.S no se torna Pantesmo devido a relao de derivao temporal de Deus para o Universo.

    - O Ser que Bom merece louvor, e sendo Deus o criador de todos os Bens, ainda maismerece ser louvado.- O Defeito algo que vai contra a Natureza de um Ser, e pressupe que a Natureza Boa,

    merecendo qualificar de defeito sua falta.- Todo defeito um deformao. A natureza no deformada isenta de defeito.

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    Captulo XIV [O DEFEITO SUPE O BEM]- Um ser de natureza defeituosa no pode deformar um ser de Natureza superior, se esteantes mesmo j no for deformado por defeito prprio.- Uma natureza mais forte que se apresenta para deformar outra natureza mais fraca, naverdade se apresenta como mais dbil, e h defeito em ambas por Inincia, ou ocorre da maisforte, mesmo no defeituosa, deformar a mais fraca por reprovao, a exemplo de Deus

    punindo os pecados.- Quando se reprova um defeito, louva-se a Natureza.

    ------- Esse desenvolvimento apesar de bvio a segunda vista, parece de fato sempre escapar a primeiravista, a exemplo de tantas pessoas que consideram o Ser Humano mal, e as vezes at a si prprias, sem

    perceberem que essa simples reprovao pressupe no mnimo um reconhecimento e valorizao doBem.-------Um dos pontos que soam estranhos quanto a referncia de que uma natureza maior, como Deus,

    pode deformar outra no por defeito, mas por correo. Ora, mas no seria isso ento uma "reformao"?-------Esse captulo tambm est as voltas com uma variao da questo primordial, que como pode oMal surgir num sistema Perfeito.

    Captulo XV [A DVIDA DOS SERES CRIADOS]- Improvar os defeitos redunda em louvar a beleza e a dignidade.- As coisas tornam-se defeituosas a medida que se afastam de sua Idia Arqutipo, criada porDeus, mas tais defeitos s so reprovveis se ocorrem voluntariamente.- Ningum deve o que no recebeu, pois mesmo o que se entrega por legado, entrega-se aquem fez o legado, sendo seu sucessor de direito, e no ao credor, dessa forma deve-se falarem cesso, no em entrega.- Por isso as realidade temporneas que descendem de outras realidades temporneas. Seelas no perecem, no podem as realidades futuras seguir-se as atuais.- Aquele que deseja que uma parte da realidade tempornea no passe ser considerado deinslita demncia.- A existncia dos seres racionais perfaz no Universo perfeio harmoniosa, mas deve-se

    corrigir o pecado.- Como ningum superior s leis de Deus, a alma no pode se eximir de pagar o que devedora. Se no se restituir praticando a justia, padecer sofrendo o castigo.- A fealdade do pecado compensada pela decorosidade do castigo

    ------- Embora no fique, neste captulo, muito clara e direta a relao entre os temas, evidente que elase prope a justificar a dvida de todos os humanos em virtude do Pecado Original.

    Captulo XVI [GLORIFIQUEMOS O CRIADOR]- Deus nada deve a ningum, mesmo porque a ningum deve a existncia, mas todas ascoisas a ele devem, por terem sido por ele criadas, todos devem louvar o Criador.- Quando algum no pratica o que deve, no o faz por culpa do criador, pois este no s oordenou querer louv-lo, mas deu-lhe a capacidade para tal, e no permitiu que impunementeno se o quisesse.- Se podes eximir de culpa o pecador culpando o criador, ento no existe pecado, portantono h pecador e no h o que atribuir ao criador. Louva ento o Criador.- Se no podes eximir de culpa o pecador, este peca porque que se afasta de Deus, que digno de louvor.- No existe meio de se imputar o pecado ao criador, deve-se pois, louvar o Criador.

    -------Finalmente o interlocutor Evdio volta cena apenas para corroborar o monlogo de Agostinho.Desenvolve-se aqui uma espcie de Tautologia, ou um Pseudo Dilema, pois a afirmao de que se develouvar a Deus colocada como verdadeira em qualquer circunstncia. Nunca me cansarei de perguntar

    porque um Ser Perfeito, auto suficiente em tudo e que nada deve a ningum, necessitaria ser louvado.

    Captulo XVII [A ININCIA - RAIZ DO MAL]

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    - O que causa a vontade que separa os seres nos trs grupos, que nunca pecam, que pecammas se redimem, e que permanecem no pecado?- Ao se descobrir a causa da vontade, no se indagaria da causa da causa? At que pontosucederia essa cadeia causal? Basta delimitar um ser como a Causa.- A raiz dos males a Avareza, o querer mais do que se deve, um desregramento da vontade.- A Vontade a causa de tudo

    ------- Ao voltar a cena, Evdio performa sua ltima questo, insistindo na causa da Vontade. bemjustificada a idia de deter a cadeia causal de explicaes na vontade, de modo a tudo explicar por ela. Avontade seria ento suficiente, uma forma de causa final. O problema, como sempre insistirei, e que no diretamente tratado nesta obra, que uma vez que Deus Onipotente e Onisciente, a Vontade dos serestambm deveria estar sob seu controle, caso contrrio ele no teria uma destes potncias, ou melhor, noteria a Onipotncia.

    Captulo XVIII [LIMITES DA RESPONSABILIDADE]- Provm, por fim, o pecado de uma vontade ou uma natureza?- Sendo Deus Justo, no puniria o pecado se fosse resultado de natureza, portanto o pecado fruto de livre vontade.

    - justssimo que algum seja privado daquilo que no quis usar bem, podendo t-lo usadofacilmente se quisesse. Com a quem sabendo, no agiu honestamente, seja privado de sabero que honesto, e que podendo, no agiu honestamente, seja privado de poder, mesmo quequeira.- A todo que peca, punido por dois fatores, Ignorncia (pela qual rebaixado pelo erro) ePenosidade, (pela qual atormentado pelo sofrimento).- Tomar como verdadeiro o falso, errando contra a vontade dado o ardor do vnculo carnal, no natureza do homem originrio, mas o castigo do condenado.- Quando se fala do Livre Arbtrio para agir bem, fala-se da natureza com a qual o homem foicriado.

    ------- Mais do que nunca, parte-se do princpio da perfeita justia de Deus para responder as questes, o

    que leva a uma certa circularidade, visto que o filsofo se dispe a provar pela inteleco o que j atestado pela f. Ao apelar para um dado de F, pois no ficou racionalmente provada a bondade e

    justia de Deus, como o prprio teor das questes denuncia, Agostinho termina, aqui, por cometer afalcia de usar dentro do argumento a tese qual o argumento deveria provar.------- tambm estranho afirmar que a remoo da faculdade de discernir seja justa condenao pelo

    pecado, uma vez que com isso o pecador jamais poder se regenerar, e que isso vai contra as declaraesdo Livro Segundo Captulo X, e mesmo com o que se declara logo no captulo seguinte.

    Captulo XIX [A NEGLIGNCIA CULPVEL]- Homens maldizentes rosnam entre si, pecando e acusando a todos menos a si mesmos, aseguinte questo: Se foram Ado e Eva que pecaram, porque ns, que nada fizemos,

    nascemos com a cegueira da Ignorncia e os tormentos da Penosidade?- Basta responder que existem aqueles que vencem a lascvia. Uma vez que Deus est emtoda a parte, a ningum foi tirada a capacidade de saber e indagar vantajosamente o quedesvantajosamente se ignora.- Aquilo que se pratica por ignorncia ou por fraqueza, denominam-se pecados porque retiramsua origem do Pecado Original.

    ------- Agostinho j h muito vinha se utilizando do que agora abusa, o Ad Hominem, insultandoduramente os que propem questes por vezes justssimas, como a citada.-------Curiosamente a resposta vai de encontro no s ao que foi afirmado no captulo anterior, como

    parece contradizer o que se adianta dentro do mesmo captulo. O problema no desprezado e taiscontradies so percebidas, mas apesar da relevncia do assunto que se segue, no h um melhor

    desenvolvimento do tema a ponto de anular as contradies. Se o pecador fosse privado no s do saber,como do poder, como afirma o Captulo XVIII, no haveria qualquer chance de recuperao.

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    Captulo XX [A ORIGEM DA ALMA]- Foi justssimo que Deus, desde Ado e Eva, tenha permitido que a Ignorncia, a Penosidadee a Mortalidade tenham se precipitado nos homens desde a origem.- Porm manteve-se a Venturidade e a Fecundidade, pois que mesmo os remotosdescendentes podem superar a condio em que nasceram.- [1]Se foi criada uma s Alma de onde se retira a origem de todos os homens, nada mais justo

    que estes compartilhem da punio que esta primeira alma, presente em Ado e Eva, recebeupor pecar.- [2]Se as almas surgem separadamente em cada um dos que nascem, congruentssimo quea origem da Primeira seja o Bem que a Segunda merece, bem como a origem da Segundaseja o que a Primeira desmereceu.- [3]Se as almas j existem em algum lugar determinado por Deus, e so enviadas por estepara reger o corpo, em virtude da condio dos corpos que as almas so encarregadas daincumbncia de corrig-lo, sendo agraciadas pelo mrito e punidas pelo pecado.- [4]Se as almas j existem em algum lugar e procedem espontaneamente para animar oscorpos, o fazem por livre vontade sendo obrigada a arcar com as consequncias da existnciacarnal.- Em ambos os dois casos imediatamente anteriores, as almas so submetidas a

    esquecimento de sua vida pregressa.

    ------- Finalmente tratada a importante questo levantada no Livro Primeiro Captulo XII, sendooferecidas 4 alternativas para um mistrio que ainda est em aberto para a maioria dos telogos. O pontomais confuso com relao a segunda alternativa, que tenta justificar que as almas individuais nascidasaps a queda de Ado e Eva merecem a condio de castigo, por terem herdado tambm a possibilidadede salvao bem como, que por serem inteligentes j so melhores que os demais seres.

    Captulo XXI [DESTINO DA ALMA]- A questo relativa origem da alma no est suficientemente tratada nas escriturassagradas a ponto de nos permitir concluso definitiva, portanto permite ainda investigao.- Que tudo porm esteja submetido conformidade com as escrituras, afim de no se pensar

    nada de falso ou indigno do criador.- vlido percorrer a questo aberta sobre a origem das almas desde que no se d aconcluso por certa e sabida,- Devemos acreditar em todos os fatos narrados na Bblia, quer sejam passados ou futuros.- Qualquer erro a respeito da autoridade divina refuta-se provando que implica em admitirexistir alguma enticidade em Deus, alguma mutabilidade, e que seja algo a mais ou menosque a Santssima Trindade.- Aos crdulos essas verdades devem ser esclarecidas e aprofundadas.- Aos incrdulos essas verdades devem ser defendidas de modo a que sua infidelidade sejadesfeita pelo peso da autoridade do testemunho, ou quando possvel, mostrar que no estultcia acreditar nelas, e que estultcia no acreditar.- No to preciso refutar as falsas doutrinas relativas a fato passados ou futuros quanto as

    relativas a fatos presentes. E entre as passadas e futuras, mais importante estudar aspassadas, mesmo porque nessas h a prefigurao dos fatos futuros.- No h grande mal em desconhecer-se a origem, quanto h em desconhecer-se o destino. Obarco que zarpa tem mais necessidade de conhecer seu destino que sua origem.

    ------- Aqui temos basicamente uma admisso da inconcluso do tema da origem das almas, e umaextensa apologtica bblica que em poucas palavras apela Inerrncia e Infalibilidade, exigindo defesade seu contedo a qualquer custo, inclusive pelo "Peso da Autoridade do Testemunho", algo que viria asoar mal no futuro (Idade Moderna).------- A constatao com relao importncia do destino da alma como maior que a da origem,curiosamente est oposta a maior importncia de estudar as coisas passadas das escrituras que as futuras,mas de qualquer modo concordo com Agostinho. Saber para onde iremos, isto , o que h aps a morte, mais importante que saber de onde viemos.

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    Captulo XXII [AO ENCONTRO DA VENTURIDADE]- Partindo da Ignorncia e Penosidade, a alma deve se levantar rumo ao conhecimento eserenidade, at se tornar venturosa.- Se negligenciar esse progresso, do qual no lhe falta capacidade, ser lanada em aindamaior ignorncia e penosidade.- O Criador sempre louvado, porque desde o incio lhe deu a capacidade para chegar ao

    Bem Supremo, porque a ajuda no caminho, porque pune a que peca e que desde o princpiorecusa-se elevao.- indubitvel que o Criador no a fez m, e ainda que desconhea o que fazer, ocorre porainda no ter recebido o conhecimento, mas receb-lo- se usar corretamente o que jrecebeu.- Se a alma j sabe o que fazer mas ainda no consegue, porque ainda no recebeu o poderde faze-lo. Por isso, deve implorar a ajuda do criador, que em sua misericrdia a atendeprontamente, se tornando ento querido desta, que sozinha no pode progredir somente porsuas prprias foras. Quanto mais querido alma for o Criador, mais nele descansa e maisdisfrui na eternidade.

    ------- curioso esse apelo emotivo, tanto quanto essa pregao que defende a dependncia. Essa

    caracterstica da doutrina crist em anular o ego humano em prol de uma concepo de divindade talvezme seja o elemento mais problemtico dessa religio. Como viria a dizer Feuerbach, em A Origem doCristianismo, e mais posteriormente os Psicanalticos, como uma projeo de todas as boas qualidadeshumanas no externo, deixando ao interno somente o reprovvel. Freudianamente, pode se explicar essetipo de comportamento religioso, quando muito enftico, como uma psicopatologia que diante daimpossibilidade de emancipao do Ego, necessita reforar o Super Ego, e ainda por cima confunde oEgo com o Id! Resultando em reduzir a psique humana a apenas dois elementos, um misto de Ego/Id, eum Super Ego que absorveria tudo o que de bom h no Ego, e seria identificado como via de acesso aDeus, Impresso de Sapincia.

    Captulo XXIII [DOR E MORTE DOS NEOGNITOS]- Alguns ignorantes interpelam questes relativas ao sofrimento de crianas que morrem antesde atingir qualquer mrito ou conhecimento na vida, no tendo cometido nenhum pecado, equal ser sua condio no Juzo Final uma vez que tambm no pode atingir a virtudemeritria.- Segundo as leis absolutas, impossvel que um homem seja criado suprfluo.- Segundo alguns o recm nascido falecido pode ser beneficiado pelo Batismo e pela F deseus pais, de modo a ter sua entrada garantida no paraso.- Muitas vezes o criador visa promover uma correo nos mais velhos por meio dossofrimentos infligidos na criana.- Quanto ao sofrimento desta, que relevncia teria uma vez que aps passado, ser como senunca tivesse existido? E quem sabe que compensaes ditosas o Criador pode reserv-las?- Contraditores, que no passam de agitadores loquazes, perturbam a f dos menos instrudoscom questes semelhantes sobre o animais. Que mal praticaram para merecer tantospadecimentos? Porque no so agraciados com a insensitividade dos objetos?- A dor que os animais sentem bem como o gozo que buscam, manifestam ento a fuga dadesagregao e busca da unidade, evitando a deformao, e buscando a harmonia prpria doseu gnero, e dessa forma proclamam tambm a unidade do Criador.

    -------Agostinho se dispe aqui a responder apenas duas da inmeras questes que apregoar a existnciade um Deus bondoso e Onipotente resultam ao se constatar a existncia da inmeras formas de mal nomundo. Uma vez que o Mal explicado tendo em visto o Livre Arbtrio dos seres Racionais, como entoexplicar que aflija tambm os irracionais?-------Voltando a insistir no desmerecimento dos que formulam tais perguntas, as respostas soam apenasrazoveis, um vez que muitos podem imaginar respostas similares, por vezes melhores, e que muitas

    questes derivadas podem ser feitas, tais como: "Porque os animais por vezes afligem males a simesmos, se tem instinto de buscar a unidade?", "Como explicar as doenas ou acidentes que eles tambmsofrem, que independem de seus instintos de busca de gozo e fuga da dor?", "Porque Deus no envia

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    para corrigir os pais, ao invs de crianas que dispem de alma, apenas simulaes que no fossem defato seres humanos? No faria diferena prtica, pois os pais sofreriam do mesmo modo, sem queocorresse sofrimento da criana.", "Como ficam as pessoas que sofrem de deficincias mentais denascena, sendo incapazes de proceder com os devidos atributos racionais?", "O que acontece com ohomem virtuoso que por algum acidente tem sua mente afetada?", e inmeras outras.

    Captulo XXIV [DA INSCINCIA SAPINCIA]- H os que indagam: Se o primeiro Homem foi criado sapiente, porque foi seduzido? E se foicriado insciente, como eximir Deus de seu defeito?- Ora, h um estado intermedirio entre a Inscincia e a Sapincia. O neognito no insciente, e muito menos sapiente, embora j possua natureza humana.- A Inscincia a Ignorncia das coisas que se deveria buscar ou evitar, mas por defeito. Oanimal irracional no Insciente, por no ter a capacidade de ser Sapiente.- Uma coisa ser Racional, outra ser Sapiente.- Pela Razo pode receber um preceito, que se observado leva Sapincia.- Desde que se Racional, pode-se receber o preceito, pode-se pecar, quer seja noaceitando o preceito, quer seja aceitando-o e no o observando. E o Sapiente pode pecardesviando-se da Sapincia.

    - Tal como o preceito no provm de quem iluminado, mas de quem ilumina, o mesmo se dcom a Sapincia.- A doutrina do estado intermedirio entre Inscincia e Sapincia anula a questo: "Foi porInscincia que o Homem se afastou de Deus, ou afastando-se tornou-se Insciente?".

    -------H uma notria contradio da idia do Estado Intermedirio com o que dito no Livro SegundoCaptulo XV, onde Agostinho fora o interlocutor a reconhecer que se algum no Sapiente, logo Insciente. Sendo porm esta ltima doutrina do Estado Intermedirio inegavelmente superior em termosde lucidez, no vejo outra alternativa a no ser reconhecer um erro na idia contrria.

    Captulo XXV [O ORGULHO E A SAPINCIA]- S uma coisa conhecida estimula a vontade a agir. Aceitar e Rejeitar est no poder de quemescolhe, mas ningum tem poder sobre o objeto de conhecimento.- O esprito atingido por objetos de conhecimento tanto inferiores, como a solicitao doDemnio, quanto superiores, como o preceito de Deus.- Sendo Sapiente, no se cede ao objetos de conhecimento inferior.- Uma vez que no se dirige mente o que no atinge o esprito, de onde veio o objeto deconhecimento que incitou o Demnio a decair de seu estado de Anjo Bom?- Devemos distinguir dois objetos de conhecimento, um que procede da vontade de quempersuade, como o foi o apresentado pelo Demnio ao homem, e outro que procede dasrealidades s quais esto submetidas o esprito ou os sentidos do corpo.- Como ao demnio no se pode ter apresentado conhecimento inferior, pois todo oconhecimento que lhe chegasse viria de Deus, este cedeu a conhecimentos que lhe atingiamdiretamente o esprito, no caso sua sensao de independncia.- Tanto melhor se quanto mais dependente de Deus se sente, e quanto mais se senteindependente, tanto pior.- A soberba e a inveja foi ento o que levou o Anjo a pecar e decair, fazendo-o por iniciativaprpria, diferente do homem, que foi induzido.- Por isso ao homem oferecida a salvao pela imitao de humildade fornecida por Deus nosangue de Cristo.- A isso devemos nos manter firmes, e que nada nos desvie da direo dos bens superiores, eque o simples pensamento dos tormentos e danao eterna do demnio nos afastem deapetecer ao bens inferiores.- To grande a beleza da rectitude e o enlevo da luz eterna, que se nos fosse dadopermanecer nela por menos que um dia, j desprezaramos todas as delcias esuperabundncias dos bens temporneos.

    -------A formulao a respeito de "objetos de conhecimento" basicamente uma outra forma de se

    XISTNCIA DE DEUS E A LIBERDADE http://www.xr.pro.br/MONOGRAFIAS/DEUS_ME_LIVRE.HTML

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  • 7/25/2019 A Existncia de Deus e a Liberdade

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    abordar a questo fundamental que marca toda a obra desde o primeiro captulo, que saber de onde veioafinal o Mal Original, que aflige diretamente no o homem, mas o Anjo que viria a cair e se tornarDemnio.------- Como ltimo recurso, Agostinho tenta desviar a responsabilidade de Deus para umaespontaneidade ocorrida no esprito do Anjo, que evidentemente j possua ento Livre Arbtrio. Dessaforma, a culpa termina por recair novamente no Livre Arbtrio, pois sem o mesmo jamais teria ocorrido

    no Anjo a disposio para se desviar de Deus. Porm, mais uma vez, e enfim pela ltima, esseargumento, assim como qualquer outro no consegue resolver o problema, pois ele se confrontar co