a exegese nos padres

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A Exegese nos Padres1

Introdução Uma análise da exegese nos padres faz-se necessária para viver a Palavra de Deus na sua integridade. Na antigüidade possuir uma inteira Bíblia era possível a pouquíssimos. As pessoas recorriam à ajuda da memória e o uso dos: “testemonia”, testemunhos. Essas faziam coletas de passos escriturísticos, reagrupados por categorias temáticas. No segundo século estava bastante presente aquilo que o Apóstolo Paulo em Gl e Rm afirmava: A Torah não vale mais para a salvação. Para os Padres delinea-se este problema; que coisa serve o AT, do momento que a Lei foi suprimida? Entre as soluções extremistas desta solução encontramos aquela dos Gnósticos(o AT é obra do Deus Criador), de Marcião(o AT é obra do Deus justo), dos Maniqueus(o AT é um livro mau). Os mesmos Padres apresentaram várias posições: por exemplo Justino aposta muito sobre o esquema promessa-cumprimento, forçando porém o significado dos textos vetero-testamentários. Todos os Padres viram como autor do AT o Verbo, que criou o mundo e falou de si mesmo no AT. Nota-se além disso que até o século II com o termo Escrituras se entendia somente o AT, do qual se tirava toda a instrução, submetendo o texto a interpretações alegóricas e tipológicas. Também entre os Padres encontramos vários modos de interpretação das Escrituras; Orígenes funda toda a sua exegese alegórica, enquanto a escola antioquena opta pela interpretação tipológica ou literal. Veremos nesse estudo a formação do cânon escrituristico. Justino Foi um dos primeiros a dar normas de interpretação bíblica. Na obra: Diálogo com Trifão(talvez identificável com o Rabi Tarphon), Justino apresenta um debate entre um cristão e um hebreu que porém mantém as respectivas posições; os seus métodos de leitura do AT são completamente diversos e freqüentemente Trifão mostra uma exegese mais completa, enquanto Justino tende a forçar o significado dos textos. O êxito do Diálogo é de igualdade: cada um permanece sobre as próprias posições. A primeira parte do Diálogo mostra a caducidade da lei e o seu sentido figurado, enquanto a segunda parte trata da profecia. Justino distingue typos(acontecimentos operados pelo Espírito Santo) e lógoi(palavras ditas pelos profetas) que juntos compõem a Revelação(por exemplo o dilúvio, punição dos perversos, não vem entendido como o acontecimento histórico, mas como o juízo sobre o mundo perverso e a salvação de alguns, antítipo do Batismo). Na Lei distinguimos: - uma lei geral para todos os homens, imutável; - as prescrições rituais; - Uma lei dada para a dureza de coração dos judeus, que porém prefigura as realidades do futuro(a nova Aliança). Justino afirma uma nova lei que vem da pessoa de Jesus Cristo, o Verbo Encarnado. Toda a profecia compreende um sinal(fatos, palavras) e um sentido que é sempre Jesus Cristo. O profeta por excelência é o Verbo, predisse aquilo que aconteceria a encarnação, com a qual a Palavra tornou-se sinal completo. Justino usa muito a tipologia com um cumprimento histórico que torna-se um sinal para os Hebreus e Pagãos. "Com efeito, se pelos profetas foi misteriosamente anunciado que Cristo devia vir de forma passível, e depois alcançar o senhorio sobre todas as coisas, sem dúvida 1 Síntese, Pe. Vital Corbellini, Doutor em Teologia e Ciências Patrísticas.

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ninguém era capaz de entender isto até que ele próprio persuadiu seus apóstolos que assim estava expressamente anunciado nas Escrituras"(dial. Trif. 76,6). Tertuliano Tertuliano formulou uma a exegese bíblica cumpridora de um valor essencial no âmbito do Cristianismo ocidental. Ele coloca alguns critérios de interpretação: - A Escritura com a Escritura: esse era um critério típico das obras gramaticais da antigüidade do qual é válido também para Tertuliano: "secundum plura intellegi panciora(Adv. Prax. 20,2). - Qualquer trecho bíblico deve estar em sintonia com os outros. A interpretação de Tertuliano é literária(De Resurrectione Carnis), um tratado no qual o autor africano polemiza as interpretações alegóricas dos gnósticos a respeito da Ressurreição da carne(estes diziam ressurreição da ignorância e do pecado e por isso a negavam). Tertuliano vê a ressurreição como reconstituição da carne humana, transformada conforme a nova realidade sobrenatural. Tertuliano demonstra que a vontade de Cristo é de acordo com aquela do Legislador(o Deus do AT). Ele (Tertuliano) fez o esforço para recuperar por via alegórica o AT: Ele diz que Is. 7,14: O Emanuel é Deus conosco: a interpretação alegórica em função do Messias. E depois Lc 6,43-45 Cristo diz Tertuliano. empregou a imagem alegórica em referência aos homens e não aos 2 deuses; o bom e o justo segundo a interpretação de Marcião. As figuras querem indicar uma interpretação espiritual e não literal. Para Tertuliano Adão é figura de Cristo(1Cor. 15,45). O sacrifício de Isaac: os braços abertos de Moisés é figura de Jesus na cruz. A serpente de bronze construída por Moisés(cfr. Nm 21,8-9). Ele queria recuperar o quanto possível o AT. Todo o livro de Adv. Marc. é inspirado da intenção de interpretar em sentido espiritual muitas particularidades da história e da religião hebraica que Marcião no seu literalísmo colocava debaixo de acusa. Tertuliano explicou a punição infligida por Deus aos nossos pais que implicou o concorrer de sua bondade com a exigência de conservar intacto o livre arbítrio. Tertuliano explica em modo alegórico a lei do Talião. A arca de Noé é figura da Igreja. Ireneu Este autor também deu normas para a interpretação da Sagrada Escritura. Escreveu contra os Gnósticos que não aceitavam o AT. No Adversus Haereses empenha-se muito a demonstrar que tem um só Deus, autor seja do AT que do NT(=o Verbo). "Estas são as verdades fundamentais anunciadas pelo Evangelho: um só Deus criador deste universo, que foi anunciado pelos profetas que deu a economia da lei por meio de Moisés, que é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, fora do qual não conhece outro Deus ou outro Pai" (III, 11,7). "Se o Cristo não tivesse cumprido as profecias, vindo exatamente como fora anunciado, aqueles servos seriam uns mentirosos e não os enviados pelo Senhor. Ele cumpriu tudo com a sua vinda até o seu cumprimento, a nova aliança preanunciada pela lei" (IV, 34,2). Os Gnósticos não somente não aceitavam o AT, mas retinham que também o sentido literal do NT fosse somente para os psíquicos. O seu verdadeiro sentido é secreto e foi transmitido pelos apóstolos aos mestres gnósticos. Ireneu determina também algumas regras para interpretação bíblica: - Uma frase se interpreta no seu contexto; - Uma frase se interpreta no contexto de toda a Escritura, que não se pode contradizer(tem uma consonância);

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- Uma frase se interpreta no sentido da regula fidei; aquela oficial transmitida pelos bispos. Esta é a epítome (resumo) da doutrina ensinada aos neobatizados e aos catecúmenos; recebe-se por tradição. Tem uma Igreja que recolhe todas as tradições; é aquela de Roma, que neste sentido é catholica. De fronte ao uso gnóstico de concentrar-se antes de tudo sobre passos obscuros, Ireneu admoesta de interpretar em primeiro lugar os passos claros no seu significado; ter-se-á assim uma ajuda para explicar os trechos mais difíceis. O centro da sua teologia bíblica é a recapitulação de tudo em Cristo e a interpretação da Escritura não é exercício acadêmico, antes preparação ao martírio. A Exegese Alexandrina Orígenes fez da hermenêutica bíblica uma verdadeira e própria ciência e condicionou toda a exegese sucessiva até os seus adversários. Ele é o mestre da alegoria. Ele fez compilar por sua própria conta a Hexapla(obra em seis colunas compreendendo o texto hebraico, transliterado em letras gregas, as traduções de Áquila, Símaco, Teodocião e a LXX). Outro caráter da exegese origeniana é a consideração filológica ao texto bíblico. Os gnósticos as vezes modificavam o texto sagrado para fazê-lo enquadrar melhor com as suas doutrinas. Orígenes colocava a confronto mais exemplares do NT para relevar as eventuais divergências e discuti-las. Orígenes demonstrava-se exigente por aquilo que se referia à preparação técnica necessária para quem queria dedicar-se ao estudo da Escritura, aconselhando o estudo da filosofia grega. Ele não se limita a considerar a Escritura como livro divinamente inspirado do Espírito Santo, mas enquanto palavra divina a identifica com Cristo=Logos. A Sagrada Escritura é a permanente encarnação do Logos. A Sagrada Escritura além do sentido literal dá um sentido espiritual mais profundo que não se consegue captar. Cristo é a chave para interpretar as Escrituras(Contra Cels. 7,11), cuja presença no texto sagrado é o mais das vezes escondida debaixo do véu da leitura. O sentido espiritual das Escrituras identifica-se com o sentido cristológico. O sentido literal, não representa o fim último das Escrituras, mas serve somente a uma concepção propedêutica que deve endereçar-se ao conhecimento do sentido mais profundo que é o alegórico. Ele diz que o AT é Palavra de Deus e que a inspiração não está só no hagiógrafo mas também, em certo modo em quem a lê. Cristo iluminou a Lei e tirou o véu que a cobria(2Cor 3,14), revelando os esplendores. A oposição de Orígenes à letra da Bíblia é devida ao fato que tal método era próprio dos Hebreus do tempo que o aplicavam freqüentemente fazendo largo uso da geometria. Para remediar ao escândalo que muitos cristãos recebiam da leitura de episódios do AT, Orígenes propõe regras exegéticas: As Escrituras são compreendidas com as regras e a disciplina dadas por Cristo aos Apóstolos e aos seus sucessores, além dos três sentidos que a Escritura especifica. A exegese ajuda a compreender aquilo que o Espírito escreveu nos corações. Ele propôs três visões dos sentidos da Escritura em relação com a concepção paulina do homem, em Espírito, alma e corpo(1Ts 5,9). Assim seria constituída a parte dos cristãos: sempliciores(incipientes), progredientes, e perfecti: os simples, os progredidos e os perfeitos. Tudo isto andava em conformidade com os três sentidos: literal, moral e espiritual(místico das Escrituras). - Os simples, através da leitura; - Os progredientes, pelo sentido moral; - Os perfeitos pelos sentido espiritual.

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Como o conhecimento do mundo sensível constitui o ponto de partida para erguer-se ao conhecimento do mundo inteligível, assim o apressamento literal do texto sagrado constitui o começo para poder passar do nível inferior ao nível superior de compreensão. Qual é a relação entre alegoria e sentido espiritual da Escritura? O sentido espiritual fornece ao cristão um ensinamento sobre Cristo, a Igreja, o empenho moral. Outro tipo de interpretação espiritual é aquele que em dimensão vertical, vê as realidades terrenas como símbolo das realidades celestes. Orígenes considera toda a Escritura de modo unitário na concepção cristológica ou alegórica. Clemente

Este autor considera a Escritura como a voz mesma do Logos Divino. Sobre o fundamento de Filão, diz que toda a palavra escrita tem um fim preciso e que este pode ser escondido sobre a base da distinção entre Cristãos simples e perfeitos(Gnósticos). Para Clemente as palavras de Cristo aparecem expressão de uma Sabedoria divina e misteriosa. O próprio Senhor falou por parábolas (alegoria). Os santos mistérios são reservados aos eleitos; aos predestinados, à gnose(Estrom, 6 124). Na concepção da Escritura tem-se presente o transporte à inteligência em dois níveis; um de imediata compreensão e o outro expresso invés em forma velada e parabólica, somente a quem sabe interpretá-la. Alegoria constitui o princípio hermenêutico principal sobre o qual é fundada a distinção do ensinamento escriturístico a 2 níveis que permite passar do nível inferior e literal aquele superior. A interpretação predileta de Clemente é de tipo alegórico, do qual se dão várias espécies que Clemente não se é mais curado de harmonizar uma com a outra em uma doutrina coerente. Clemente valoriza a tipologia tradicional, em sentido contra o gnosticismo, a unidade dos dois Testamentos e propõe o conceito de revelação progressiva, segundo o qual a vinda do Salvador foi a origem do mundo preparado pela Lei e os profetas e em fim de João Batista. A Exegese Antioquena Esta escola atacava veementemente Orígenes e as exagerações exegéticas dos Alexandrinos. Os antioquenos contestavam aos alexandrinos o fato que estes reduziam toda a Bíblia à uma profecia, rendendo proféticos também passos que não são no seu sentido histórico original. Além disto os antioquenos eram empenhados a defender a historicidade dos fatos narrados nas Escrituras, para não arriscar de fundar o cristianismo sobre mitos, ao mesmo modo no qual os pagãos do seu tempo interpretavam as teogonías olímpicas. Por exemplo os padres do II século interpretavam Is 7 como uma profecia direta, enquanto o judeu Trifão referia o texto a um acontecimento contemporâneo a Isaías. O caráter desta exegese mais importante foi a contraposição de um decisivo literalísmo ao alegorísmo alexandrino. Os expoentes antioquenos foram contra os alegorístas; o sem apressamento era literal. Se os alegorístas interpretavam alegoricamente o AT para encontrar ali a antecipação profética e simbólica de Cristo e da Igreja, os literais antioquenos com o seu literalísmo renunciavam a esta finalidade, quer dizer que mudou a relação entre Cristo e o AT. Teodoro de Mopsuéstia foi aluno de Deodoro de Tarso e herdou os fundamentais critérios hermenêuticos e os colocou em obra com absoluta coerência no curso de uma longa atividade entre o fim do IV e o início do V século; Ele foi o representante mais qualificado da exegese antioquena. Teodoro repreende de Deodoro o critério também

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tradicional de considerar certos fatos do AT Týpoi, de Cristo, antecipando profeticamente na velha economia em função da futura encarnação. Teodoro distingue entre Týpoi e lógoi proféticos à maneira de Justino. Para Ele a figura de Jonas prefigurou melhor de todos os acontecimentos os fatos da vida humana de Jesus. Teodoro combate a interpretação cristológica de alguns passos que tinham uma longa tradição atrás das costas. Ele distingue caso por caso; não refere mecanicamente a Cristo todo o caso do AT ao NT. Ele tende a apresentar a economia do AT como ela é em si; ele propõe explicações de caráter gramatical e lingüístico com particular atenção à troca de tempos e de modos de modo que há tendência de reduzir a presença de Cristo no AT. Teodoro leva em conta a economia da salvação, a encarnação que modificou o curso da idade presente. João Crisóstomo Foi aluno de Deodoro: é o mais significativo sobre o plano literário. Crisóstomo coloca em prática o módulo hermenêutico da Theoria de Deodoro sobre a base da interpretação a 2 níveis; Em Crisóstomo, Melquisedech, Isaac e José, são Týpoi de Cristo. Os salmos eram cantados na liturgia e a sua leitura apontava a Cristo. Ele não prefere as discussões como Deodoro e Teodoro; Ele segue o endereço exegético do seu ambiente, pois os seus interesses são pastorais. No Crisóstomo, a atenuação do espírito é de se colocar em relação aos entendimentos pastorais de sua exegese homilética. Teodoreto de Ciro Teodoreto condivide em linha de máxima o fundamental critério antioqueno; interpretação literal e passagem à alegoria somente em passos de origem simbólicos. O tema cristológico predileto por Teodoreto é aquele valorizado por Eusébio da vitória da religião cristã sobre o Paganismo e sobre os judeus e da sua difusão sobre toda a terra.

2) A Formação do Cânon

Uma teoria clássica que vinha aceita tranqüilamente, dizia que no primeiro século os Hebreus tinham dois cânones; um palestinense(mais breve) e um alexandrino(compreende os livros deuterocanônicos, chamados pelos protestantes de Apócrifos). Na realidade, hoje sabemos que não existiam dois cânones hebraicos, porque no primeiro século os hebreus não tinham fechado o cânon e tinham muitos livros candidatos para entrar. Isto deveria realizar-se sem dificuldades se não fosse o desencontro dos cristãos com os gnósticos que levou os judeus a fixar a sua lista de livros sagrados. Naquilo que se refere aos Padres, notamos que estes usaram sem problemas os deuterocanônicos até o momento em que estes foram em uso também pelos Hebreus(ainda que não oficialmente). Quando estes últimos, no IIº século, os rejeitaram completamente, os Padres foram obrigados a usá-los, na polêmica contra o judaísmo, só os livros condivididos também pelos hebreus. Isto não significa, porém, que os Padres abandonaram o uso dos Deuterocanônicos ou recusaram-nos por motivos doutrinais. Na África(391-397), dois Concílios tidos contra os Maniqueus(que não aceitavam o AT) redigiram uma lista dos livros bíblicos aceitos pela Igreja Africana que compreende também os deuterocanônicos. O Concílio de Trento apoiou-se também sobre este testemunho para definir o cânon bíblico, mas sobretudo fez pesar o argumento litúrgico: seja a Igreja do Oriente que aquela do Ocidente usavam na liturgia os deuterocanônicos. Por isto a aceitação dos deuterocanônicos não se fundamentou sobre a autoridade da sinagoga, antes sobre aquela litúrgica da Igreja.

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O Cânon neo-testamentário

Nossa análise exegética tem presente também à formação do cânon do NT. No segundo século circulavam muitos Evangelhos, Atos, Epístolas, Apocalipse entre as comunidades; só alguns destes(27) foram incluídos no Cânon do NT, vindo a assumir a mesma autoridade do AT. Critérios de escolha: a) Apostolicidade: É um critério teológico, não histórico. Não significa só que um escrito seja materialmente obra de um apóstolo, mas sobretudo que provinha do circulo de um Apóstolo. Também dos escritos pseudoepigráficos foram aceitos(ex. 2Pd) porque era proveniente do arco de um Apóstolo. b) Leitura Pública litúrgica: Este critério diz respeito à não aceitação por parte da Igreja de livros destinados à leitura privada ou secreta. c) Leitura pública litúrgica universal: esse dado significa que os escritos lidos davam-se nas Igrejas maiores(Roma, Alexandria, Jerusalém Cartago) ou em um amplo número de Igrejas, relevante geograficamente. A difusão dos escritos vinha a partir das comunidades que os tinham gerado ou no caso das cartas, as quais eram destinadas. A forte mobilidade dos cristãos fazia sim que um escrito autêntico fosse também difundido em outras Igrejas. d) Ortodoxia: Os livros não deviam conter nada que contradissesse a regula fidei, que precede o NT e constitui o critério de juízo. Por este motivo alguns escritos custaram a serem aceitos(por exemplo, o Apocalipse vinha suspeitado de milenarismo. Custava-se a aceitar 2-3 de Jo e Judas). Naquilo que se refere à formação histórica do cânon, alguns autores(Harnack e Von Compenhausen) afirmaram que a Igreja não tinha consciência do cânon neo-testamentário antes do desencontro com Marcião. Esta tese não é mais aceitável hoje; Marcião, restringindo aquilo que já os cristãos implicitamente consideravam Escritura, suscitou fortes reações e rendeu explícito esta autoconsciência já existente. Contra Marcião, por exemplo, Ireneu realça a autenticidade dos quatro evangelhos. Os escritos do NT nascem quando há a consciência que o AT não é mais suficiente: mas não se deve esquecer que também depois do fechamento do cânon dos evangelhos, a pregação oral permaneceu como uma fonte sobre muitos ditos de Jesus lembrados no II século. A exegese nos Padres possibilitou a leitura do mistério cristológico tendo presente o AT e o NT. Ela iluminou a vida do povo através das homílias de seus pastores. Bibliografia geral: Simonetti, M. Lettera e/o allegoria. SEA, 23, Roma, 1988. Dizionário Patrístico e de Antigüidades cristãs, Vozes, Petrópolis, 2002.