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A União Europeia e o Mundo Comissão Europeia A Europa em Movimento

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  • A União Europeia e o Mundo

    Comissão Europeia

    A Europa em Movimento

    A União Europeia trabalha paraassegurar uma Europa de estabilidade epaz, cuja voz se faz ouvir no mundo. AUE é um importante parceiro decooperação em todas as regiões doglobo, assumindo-se como o maiorparceiro comercial do mundo, sendoparticularmente activa na promoção dadimensão humana das relaçõesinternacionais, nomeadamente asolidariedade social, os direitos humanose a democracia.

    A presente brochura destaca todos os aspectos das relações da UniãoEuropeia com outros países e povos do mundo. Entre estes aspectos,contam-se os laços comerciais, a política de defesa e segurançacomum, a ajuda ao desenvolvimento que visa combater a pobreza emtodo o mundo, o auxílio humanitário e o próximo alargamento da UEa um número significativo de novos Estados-Membros.

    SERVIÇO DAS PUBLICAÇÕES OFICIAISDAS COMUNIDADES EUROPEIASL-2985 Luxembourg

    PT

    PH-26-99-247-PT-C

    1 11

    -:HSTCSC=]]W[YV:ISBN 92-828-8264-0

    >

  • GABINETE DA COMISSÃO EUROPEIA

    Gabinete em PortugalCentro Europeu Jean MonnetLargo Jean Monnet, 1-10.°P-1269-068 LisboaTel.: (351) 213 50 98 00Internet: euroinfo.ce.pt

    GABINETE DO PARLAMENTO EUROPEU

    Gabinete em PortugalCentro Europeu Jean MonnetLargo Jean Monnet, 1-6.°P-1269-070 LisboaTel.: (351) 213 57 80 31 æ 213 57 82 98Fax: (351-21) 354 00 04Internet: www.parleurop.ptE-mail: [email protected]

    Existem representações ou gabinetes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu em todos osEstados-Membros da União Europeia. Noutros países do mundo existem delegações da ComissãoEuropeia.

    Mais informações sobre a União Europeia

    Na Internet, através do servidor Europa (http://europa.eu.int), há informações em todas aslínguas oficiais da União Europeia.

    EUROPE DIRECT é um serviço telefónico gratuito que ajuda a encontrar respostas às questõessobre a União Europeia e fornece informações acerca dos direitos e oportunidades de que oscidadãos da UE beneficiam:

    800 20 95 50.

    Para obter informações e publicações em língua portuguesa sobre a União Europeia, pode contactar:

    A presente publicação é editada em todas as línguas oficiais da União Europeia: alemão, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, grego, inglês, italiano, neerlandês, português e sueco.

    Comissão EuropeiaDirecção-Geral da Impresa e da ComunicaçãoWetstraat/Rue de la Loi 200B-1049 Brussel/Bruxelles

    Manuscrito concluído em Dezembro de 2000

    Ilustração da capa: EKA; arranjo gráfico da capa: CE-EAC

    Gráficos: free form communication

    Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação

    Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2001

    ISBN 92-828-8264-0

    Comunidades Europeias, 2001Reprodução autorizada

    Printed in Belgium

    IMPRESSO EM PAPEL BRANQUEADO SEM CLORO

    ©

  • A União Europeia e o Mundo

  • Índice

    A União Europeia num mundo em mudança

    Relações externas: um compromisso global

    Política Externa e de Segurança Comum Programas de assistência externa América do Norte Rússia e os novos Estados independentes Sudeste europeu Médio Oriente Parceria Euromediterrânica Agrupamentos regionais Relações multilaterais AmbienteAjuda humanitária

    Alargamento da UE: uma oportunidade histórica

    Critérios de adesão à UE TurquiaO alargamento não deve conduzir à edificação de novasbarreiras

    Comércio: eliminar barreiras, difundir crescimento

    Organização Mundial de Comércio JapãoÁsia América Latina e México

    Promover o desenvolvimento, combater a pobreza

    Novo ímpeto na ajuda aos pobres do mundo Parceria ACP-UE ÁfricaÁfrica do Sul Direitos humanos

    Defesa e segurança: manter a paz

    Rapidez de reacção e prevenção de conflitos

    Outras leituras

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    A influência da União Europeia na esfera mundial não cessa deaumentar. O processo de integração, o lançamento do euro e o pro-gressivo desenvolvimento de uma Política Externa e de SegurançaComum conferem, hoje, à UE um estatuto político e diplomático capazde igualar o seu indubitável poderio económico e comercial.

    A União tem vários objectivos estratégicos em matéria de políticaexterna, dos quais o principal consiste em construir uma Europa está-vel com uma voz forte no mundo. Os recentes conflitos armados naBósnia e no Kosovo e os combates sangrentos na Chechénia vieramsublinhar o quão importante é assegurar a paz, a democracia e o res-peito pelos direitos humanos em toda a Europa. O processo de alar-gamento poderá ajudar à concretização deste objectivo, ao criar ummercado interno de mais de 500 milhões de consumidores e ao pôrfim às lendárias divisões da Europa.

    Na qualidade de maior parceiro comercial do mundo, a UE afirma-seigualmente determinada a preservar a sua competitividade interna-cional, ao mesmo tempo que promove o comércio global através dacrescente liberalização das normas de comércio mundiais, processoeste que considera vir a beneficiar especialmente os países em desen-volvimento.

    Até aqui, as três principais componentes das actividades externas daUnião — política comercial, ajuda ao desenvolvimento e dimensão política — forneciam-lhe ferramentas consideráveis para uma política

    A União Europeia num mundo em mudança

    Muitos desafios globaisafectam a vidaquotidiana dos cidadãoseuropeus e apenastrabalhando emconjunto os podemossolucionar.

    EKA

  • A União Europeia e o Mundo

    externa credível nas arenas diplomática, económica e comercial. Pretendeagora reforçar estas capacidades, se e quando necessário, com a possibi-lidade do recurso à força sempre que os seus interesses vitais estejam emrisco, e dar uma resposta mais eficaz a eventuais crises. Não significa istoparticipar em guerras ou criar um exército europeu. Implica, sim, uma co-operação reforçada entre os Estados-Membros da UE na execução de mis-sões humanitárias e de manutenção da paz. Em simultâneo, a União estáprogressivamente mais envolvida em questões de segurança, assumindomaiores responsabilidades nos processos de manutenção da paz e da esta-bilidade em partes do mundo próximas das suas próprias esferas deinfluência.

    A política externa não reveste apenas os aspectos relativos ao comércio,segurança e diplomacia. Implica, sim, uma vasta miríade de outras ques-tões, muitas das quais têm repercussões no quotidiano dos cidadãos euro-peus, e que concorrem para condicionar a estratégia da União Europeiaface ao mundo em geral. Entre estas, contam-se a necessidade de com-bater a disseminação da sida e da fome e de gerir os fluxos migratórios,bem como as campanhas contra a droga e o terrorismo. Todas são ques-tões que exigem uma cooperação transnacional mais estreita, na medidaem que os problemas que afectam o mundo de hoje apenas podem ser efi-cazmente solucionados com o trabalho de todos.

    As mutações económicas e políticas que se fazem sentir à escala mundialtornam imperativo que a União Europeia adapte continuamente as suaspolíticas externas e prioridades, o que tem feito alargando e aprofundan-do os contactos com os seus parceiros e integrando nessas relações asdimensões económica, comercial e política. Pode agora contar com umadiversidade de parcerias inter-regionais e acordos de cooperação com paí-ses dos cinco continentes.

    A Comissão Europeia que tomou posse em 1999 sob a presidência deRomano Prodi está a empreender uma vasta análise e reavaliação dassuas actividades, por forma a assegurar uma melhor relação custo-eficá-cia. Este é um processo que envolverá, inevitavelmente, decisões difíceisquanto à definição das políticas que deverão ter prioridade sobre outras.

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    A importância que a União Europeiaconfere actualmente às suas relaçõescom países de todo o mundo podeser ilustrada pelas recentes inova-ções introduzidas na Comissão Euro-peia e no Conselho de Ministros. Hácerca de 15 anos, toda a panóplia derelações externas era conduzida porapenas dois departamentos daComissão. Estes são agora seis. Demodo a garantir uma abordagemcoerente e uma identidade inequívo-ca, a coordenação global é assegura-da pelo comissário responsável pelasRelações Externas, Chris Patten. EsteMembro da Comissão opera emestreita cooperação com os seuscolegas encarregados das políticassectoriais — Poul Nielson (Desen-volvimento e Ajuda Humanitária),Günter Verheugen (Alargamento) ePascal Lamy (Comércio). Trabalhaigualmente em contacto com JavierSolana, secretário-geral do Conselhode Ministros e primeiro alto repre-sentante da Política Externa e deSegurança Comum (PESC).

    A União dispõe de uma extensa redeà escala mundial, cujo contributo édecisivo para a formulação e a exe-cução das políticas. Para além dasmuitas embaixadas estrangeiras jun-to da UE sediadas em Bruxelas, aComissão tem estabelecidas mais de120 delegações próprias em paísesterceiros. A sua missão consiste emdesenvolver as ligações bilaterais daUnião com nações infinitamente dís-pares em termos de dimensãoe recursos, promovendo as políticas e

    os valores comunitários e mantendoBruxelas informada dos desen-volvimentos no terreno.

    Em paralelo com os frequentes con-tactos entre altos funcionários,ministros e deputados, a UE realizacimeiras regulares, um ou duas vezesno ano, com os seus principais par-ceiros como os Estados Unidos, oJapão, a Rússia e o Canadá. Origi-nalmente muito orientados para asquestões comerciais, os debatesincluem agora um vasto leque detemas políticos, que vão desde a pro-tecção ambiental, o combate à crimi-nalidade internacional e ao tráficode estupefacientes à promoção dosdireitos humanos. A União manifestaos seus pontos de vista no âmbito devários fóruns multilaterais, como asNações Unidas, o Banco Mundial e aOrganização para a Segurança e aCooperação na Europa, e com elestrabalha para melhor assegurar aconcretização dos objectivos comunsde paz e segurança.

    Ainda que a presidência da UE alter-ne semestralmente entre os Estados--Membros, a continuidade da suapolítica externa é garantida pelo altorepresentante da PESC, pelo Secreta-riado do Conselho e pela Comissão.O Estado-Membro que detém a pre-sidência é igualmente assistido pelopaís que se lhe segue nessa missão.

    Relações externas: um compromisso global

  • A União Europeia e o Mundo

    Política Externa e de Segurança Comum

    A Política Externa e de Segurança Comum (PESC) daUnião Europeia foi introduzida em 1993 pelo Tratado daUnião Europeia (Tratado de Maastricht), na sequência demais de vinte anos de cooperação política entre os países daUE.

    Desde 1993, o Conselho de Ministros adoptou aproxima-damente 70 posições comuns em matéria de política exter-na, da questão dos Balcãs a Timor-Leste, da não prolifera-ção de armamento nuclear ao contraterrorismo. Uma vezadoptadas, os Estados-Membros são instados a aderir àsposições comuns, que a Presidência defende no seio dasNações Unidas e de outros fóruns internacionais. Ao longodo mesmo período, o Conselho acordou cerca de 50 acçõesconjuntas, incluindo as operações de desactivação deminas em África e outras partes do mundo e o envio de destacamentos especiais da UE para zonas de crise, como osBalcãs e o Médio Oriente.

    Desde o Tratado de Amesterdão em 1999, o Conselho Euro-peu (chefes de Estado e de Governo) está habilitado a adop-tar estratégias comuns de longo prazo relativamente adeterminados países ou regiões. Em 1999, foram adoptadasestratégias deste tipo referentes à Rússia e à Ucrânia e, em2000, ao Mediterrâneo.

    No âmbito da PESC, está rapidamente a assumir forma umaPolítica Europeia de Segurança e Defesa (PESD). Parareforçar a capacidade de a União enfrentar situações de crise em regiões vizinhas ou mais longínquas, estão a serconcebidos, em estreita colaboração com a NATO, planospara estabelecer uma força militar de reacção rápida paraefectuar missões de manutenção de paz e outras que nãoenvolvam operações de combate. A existência de uma forçadeste tipo viria completar as actuais possibilidades da UE,que incluem operações policiais, controlos de fronteiras eajuda humanitária a populações civis.

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    Programas de assistênciaexterna

    A política externa não implica apenasa prestação de auxílio. No entanto, aenvergadura da ajuda financeira é dig-na de registo. A UE é actualmente oprincipal doador de ajuda humanitá-ria, ocupando o quinto lugar atrás dosEUA, Japão, Alemanha e França, emtermos de apoio financeiro.

    No total, a UE e os seus Estados-Mem-bros asseguram cerca de 55% da aju-da pública ao desenvolvimento (APD)e mais de dois terços das subvençõesconcedidas. A proporção da ajudagerida pela Comissão e o Banco Euro-peu de Investimento aumentou dos7% de há três décadas para 17%actualmente. No total, a Comissãoadministra uma carteira de ajudasexternas que ronda os 9,6 mil milhõesde euros anuais.

    Inicialmente, a ajuda externa da UEestava concentrada nas ex-colóniasdos Estados-Membros em África,Caraíbas e Pacífico. Actualmente, éverdadeiramente global. Dois terçossão absorvidos pela Europa Central eOriental, os países da ex-União Sovié-tica, os Balcãs, o Médio Oriente, oMediterrâneo, a Ásia e a América Lati-na. O auxílio prestado não se destinaunicamente a promover o desenvolvi-mento, mas também a ajudar areconstrução, reforçar a capacidadeinstitucional, fomentar os programasmacroeconómicos e promover os direi-tos humanos.

    Dada a notável dimensão da ajuda daUE em territórios ultramarinos e ogrande número de projectos que ajudaa financiar — só em 1999 foram cercade 44 500 — , não é de estranhar queestejam envolvidos colossais desafioslogísticos. Estes são tornados aindamais complexos pelo volume de ajuda

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    da UE, que quase triplicou entre 1990e 2000, enquanto o aumento dos efec-tivos não chegou sequer ao dobro.Confrontada com esta situação, aComissão está a proceder a uma análi-se radical das suas disposições admi-nistrativas com vista a melhorar a rapi-dez, a qualidade e as características daajuda externa.

    América do Norte

    Os Estados Unidos são, sem dúvida, oprincipal parceiro da União Europeiae a sua relação global é particu-larmente forte numa variedade dematérias como comércio e política,política externa e segurança. A suacooperação é estreita não apenas emassuntos bilaterais, como também nocontexto de fóruns internacionais,como as Nações Unidas, a Organi-zação Mundial do Comércio, a NATOe o G-8, e em zonas vulneráveis doglobo como os Balcãs. Estabeleceramentre si o que é considerado comouma «relação de complementa-ridade», através da qual, quando con-gregam esforços, podem constituiruma frente poderosa de progresso emquase todos os domínios.

    Os fundamentos da actual parceriatêm origem na Declaração Trans-atlântica de 1990, que estabelece arealização anual de duas cimeirasbilaterais. Em 1995, essa relação foireforçada com a Nova Agenda Trans-atlântica, cujos quatro capítulos —promover a paz e a estabilidade nomundo, dar resposta aos desafios glo-bais, contribuir para a expansão docomércio mundial e estabelecer liga-ções mais estreitas entre parceiros —abrangem todo o espectro de activi-dades da UE. A Parceria EconómicaTransatlântica de 1998, ao firmar ocompromisso de eliminar os obstácu-los técnicos às trocas comerciais bila-

    terais e promover a liberalizaçãomultilateral, introduziu uma novadimensão nas relações entre os doisblocos. A Declaração de Bona, assina-da no ano seguinte, veio confirmaruma «parceria plena e equitativa» emquestões económicas, políticas e desegurança.

    A UE e os EUA são as duas maioreseconomias mundiais, estando a tor-nar-se progressivamente interde-pendentes. Juntas, representam maisde metade da economia global e osfluxos transatlânticos de comércio einvestimentos ascendem a quase milmilhões de euros diários. Cada umaconstitui o principal parceiro comer-cial da outra e a mais importante fon-te e destino de investimento estran-geiro. Ainda que as disputas sobre asbananas e a carne de vaca tratadacom hormonas possam atrair os títu-los noticiosos, esses produtos repre-sentam menos de 2% das trocascomerciais transatlânticas e consti-tuem essencialmente uma herançado passado e não um reflexo do pre-sente. Para tentar solucionar poten-ciais problemas tão rápido quantopossível, estão agora em funciona-mento um sistema de alerta e dispo-sições de cooperação em matéria delegislação.

    Um contributo fundamental paraesta relação é prestado pelas comuni-dades empresariais de ambos oslados do Atlântico, através do Transa-tlantic Business Dialogue (TABD).Mais recentemente, foram estabeleci-dos diálogos paralelos por forma apermitir que trabalhadores, consumi-dores e ambientalistas dêem os res-pectivos contributos. Além disso, exis-tem contactos regulares entre altosfuncionários, ministros e políticos,onde se incluem reuniões entre osdeputados do Parlamento Europeu eo Congresso dos EUA.

  • A União Europeia e o Mundo

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    É atribuída importância a acordosespecíficos sobre os aspectos regula-mentares do comércio. Um Acordo deReconhecimento Mútuo, que abrangeáreas que vão do equipamento detelecomunicações à indústria farma-cêutica, permite aos órgãos da UErealizar controlos de conformidadedos critérios americanos e vice-versa,poupando aos exportadores recursosconsideráveis em termos de tempo edinheiro. A cooperação entre as auto-ridades alfandegárias é incentivada,enquanto outros acordos promovemestudos científicos e tecnológicos,bem como o comércio de animaisvivos através do Atlântico.

    As relações bilaterais entre a UE e oCanadá assumiram contornos formaisem 1976 com um Acordo-Quadro deCooperação Comercial e Económica— o primeiro entre a ComunidadeEuropeia e um país industrializado.Os contactos tornaram-se muito maisambiciosos com a adopção da Decla-ração Transatlântica relativa às rela-ções UE-Canadá e, seis anos mais tar-de, com o Plano de Acção ConjuntaUE-Canadá. Um outro impulsoqualitativo foi dado em 1998 com ocompromisso de lançar a IniciativaComercial UE-Canadá, que colocavaa tónica em domínios como o reco-nhecimento mútuo, os serviços, oscontratos públicos, os direitos de pro-priedade intelectual, a concorrência,a cooperação cultural e os contactosentre empresas.

    Esta parceria não se confina ao domí-nio comercial. Uma declaração con-junta em matéria de CooperaçãoSetentrional, assinada em Dezembrode 1999, reafirmou o compromisso detrabalharem em conjunto na promo-ção de uma série de políticas como odesenvolvimento sustentável. Umaoutra declaração sobre armas ligeirasconduziu à cooperação na luta contra

    o comércio ilícito deste tipo de arma-mento.

    Rússia e os novos Estadosindependentes

    A importância que a União atribui àssuas relações com Moscovo ficoupatente em meados do ano de 1999,altura em que acordou uma estratégiacomum referente à Rússia para os qua-tro anos subsequentes. A iniciativaassinalou uma nova fase nas relaçõesentre os dois parceiros e constituiu oprimeiro documento de política exter-na aprovado pela UE no âmbito dasnovas disposições de Política Externa ede Segurança Comum introduzidaspelo Tratado de Amesterdão de 1997.Seis meses depois, foi seguida de umaestratégia comum idêntica, desta feitarelativa à Ucrânia.

    Ambas as iniciativas vão mais além doque os Acordos de Parceria e Coopera-ção que a União Europeia estabeleceucom todos os novos Estados indepen-dentes, ou seja, os países que compu-nham anteriormente a União Soviética.O seu objectivo é consolidar a demo-cracia, o estado de direito e as institui-ções públicas e ajudar os países a inte-grar um «espaço europeu económico esocial comum», construindo em con-junto uma área de comércio livre coma União. As principais iniciativasincluem cooperação associada aodesarmamento e ao combate ao crimeorganizado. A União Europeia, emboradesejosa de estabelecer laços económi-cos e políticos mais estreitos com estespaíses, não hesita em criticar eventuaisabusos dos direitos humanos, comoficou demonstrado no caso da inter-venção russa na Chechénia.

    O principal veículo de assistência daUE aos países parceiros da Europa deLeste e da Ásia Central é o programa

    Tacis

    A União Europeia e:Arménia,

    Azerbaijão, Bielorússia,

    Geórgia, Cazaquistão,

    Quirguizistão, Moldávia, Mongólia,

    Rússia, Tajiquistão,

    Turquemenistão,Ucrânia

    e Uzbequistão.

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    Tacis. Lançado em 1991, o programaconta actualmente com um orçamentode 3,138 mil milhões de euros para operíodo 2000-2006 e a sua principalmissão é providenciar o know-hownecessário à transição para uma eco-nomia de mercado e reforçar a demo-cracia e o estado de direito.

    O actual programa de sete anos cen-tra-se em vários temas intersectoriais,tais como a reforma da administraçãopública, o desenvolvimento do sectorprivado e as consequências sociais datransição para uma economia de mer-cado. É atribuída especial atenção àsquestões de segurança nuclear, quevão desde estratégias adequadas degestão de resíduos ao encerramentode central de Chernobil.

    Sudeste europeu

    A União Europeia está fortementeempenhada em restaurar a paz e aestabilidade nos Balcãs, sendo o seuprincipal objectivo integrar os paísesda região nas esferas política e eco-nómica da Europa. O Processo deEstabilização e Associação constitui oseu principal instrumento político,que envolve a Albânia, a Bósnia-Her-zegovina, a Croácia, a RepúblicaFederativa da Jugoslávia e a antigaRepública jugoslava da Macedónia. Oprocesso é adaptado individualmenteàs necessidades de cada Estado par-ticipante e inclui assistência económi-ca e financeira, cooperação, diálogopolítico, o objectivo de uma área decomércio livre, aproxmação da legis-lação e das práticas da UE e colabo-ração em áreas como a Justiça e osAssuntos Internos.

    Este processo proporciona aos paísesa perspectiva de integração na UE alongo prazo — um ponto de viragemhistórico nas suas relações com aUnião. No entanto, têm primeira-

    mente de satisfazer exigentes condi-ções políticas e económicas edemonstrar que podem seguir oexemplo da UE, incrementando astrocas comerciais e a cooperaçãoentre si. A União fornece aos cincopaíses considerável assistência finan-ceira e técnica. No período 1991--1999, foram atribuídos à região maisde 4,5 mil milhões de euros. Entre2000 e 2006, os fundos de assistên-cia reservados no orçamento comuni-tário para este efeito registarão umligeiro aumento.

    A União acredita que o seu próprioexemplo de integração regional podeservir de modelo aos outros países daregião. Na Cimeira de Colónia, emJunho de 1999, os líderes da UEadoptaram o Pacto de Estabilidadepara o Sudeste Europeu, o qual, aoreunir todas as partes, complementao Processo de Estabilização e Associa-ção e ajuda a construir novas formasde cooperação e a estimular o apoiofinanceiro e logístico da comunidadeinternacional. O pacto centra-se eminiciativas regionais de cooperaçãonos domínios empresarial e ambien-tal, o combate à corrupção e ao crimeorganizado, a eliminação da discrimi-

    A União Europeia apoiao desenvolvimentoeconómico edemocrático noutrospaíses, através deprogramas deassistência como o Tacis,que beneficiadesignadamente aRússia.

  • A União Europeia e o Mundo

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    nação étnica, a reforma do sector dasegurança e a independência dosmeios de comunicação.

    Médio Oriente

    Um dos principais objectivos de políti-ca externa da UE tem sido contribuirpara os esforços no sentido de estabe-lecer um acordo de paz global noMédio Oriente. A União Europeianomeou um enviado especial para aregião, com o objectivo de ajudar nessamissão, e tenta cumprir este propósitoem estreita e equitativa parceria comos Estados Unidos e a Rússia.

    A União acredita que, através da co-operação e do progresso económico emtodos os países da região, há que con-solidar um acordo político justo e dura-douro com base nas resoluções rele-vantes da ONU. Manifestou já a con-vicção de que um acordo global exigiráassistência financeira substancial e queserá necessário um crescimento econó-mico sustentado por forma a evitaralienação generalizada e instabilidade.

    A este respeito, a União assumiu assuas responsabilidades enquanto presi-dente do Grupo de Trabalho de Desen-volvimento Económico Regional(REDWG) no contexto das conversa-ções de paz multilaterais. O secre-tariado deste grupo foi estabelecidoem Amã, na Jordânia, enquanto insti-tuição económica regional permanentepara o Médio Oriente. Este facto pode-rá contribuir para atingir o crescimentodesejado, apoiando a cooperaçãoregional, a coordenação das questõesassociadas ao comércio/investimentoe promovendo as infra-estruturas detransportes, energia e comunicação nazona. Em tempo devido, poderá mesmoservir de base a uma área económicade livre circulação de mercadorias, ser-viços, capitais e trabalho no MédioOriente.

    A União sempre foi a favor de umapolítica de envolvimento na região. É oprincipal responsável pelas doaçõesatribuídas aos palestinianos, tendocontribuído com mais de 1,6 milmilhões de euros em subsídios eempréstimos entre 1994 e 1999 (con-junto da UE e dos Estados-Membros), oque representa mais de 60% de toda aassistência internacional. Este esforçocomunitário tem efectivamente ajuda-do a Autoridade Palestiniana e contri-buído para a reconstrução das infra--estruturas físicas deterioradas na Mar-gem Ocidental e na Faixa de Gaza.Acresce que a UE e seus Estados-Mem-bros transferem anualmente mais de100 milhões de euros para a UNRWA,agência das Nações Unidas de auxílioaos refugiados da Palestina, o maiorgrupo de refugiados do mundo, ascen-dendo a mais de 3 milhões de pessoas.

    A UE fornece apoio substancial à Jor-dânia, Líbano, Síria e Egipto. A coope-ração regional no Médio Oriente éreforçada por auxílios anuais na ordemdos 20 milhões de euros a projectos

    A política externa da UEvisa prevenir crises comoo conflito que atingiu osBalcãs na década de 90.

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    A Parceria Euro-mediterrânica

    A União Europeia e:Marrocos, Argélia, Tunísia, Egipto, Israel, Jordânia, Autoridade Palestiniana, Líbano, Síria, Turquia, Chipre e Malta.

    específicos que envolvem israelitas eárabes no quadro de diversas activida-des (seminários, festivais, etc.), bemcomo por uma cooperação transfrontei-riça entre municipalidades, especialis-tas e organizações não governamen-tais.

    As relações com Israel são, em grandemedida, determinadas por uma suces-são de acordos comerciais entre asduas partes e pelo Acordo de Associa-ção bilateral, entrado em vigor emJunho de 2000. Este documento ini-ciou um estreito diálogo político entreos dois parceiros e definiu uma amplasérie de domínios de cooperação futu-ra.

    Na região do Golfo, a União tem umAcordo de Cooperação com o Conselhode Cooperação do Golfo (composto porArábia Saudita, Kuwait, Barém, Catar,Emirados Árabes Unidos e Omã). Des-de 1998, tem vindo a desenrolar-se umdiálogo com o Irão no domínio políticoe de cooperação. Com o Iraque, a UEnão tem relações contratuais em virtu-de das sanções impostas pelas NaçõesUnidas. A UE celebrou igualmente umnovo Acordo de Cooperação com oIémen, em 1997.

    Parceria Euromediterrânica

    Em Novembro de 1995, os 15 Estados--Membros da UE e 12 países e territó-rios, abrangendo a quase totalidade daregião mediterrânica, adoptaram aDeclaração de Barcelona. As partes sig-natárias assumiram o compromisso decriar uma área comum de paz e pros-peridade e melhorar a compreensãomútua entre as respectivas populações.Este documento será seguido de umanova Carta Euromediterrânica para aPaz e a Estabilidade, visando uma co-operação política e de segurança refor-çada em áreas como o tráfico de dro-

    gas, o terrorismo, a imigração, a pre-venção de conflitos e os direitos huma-nos.

    Para reforçar os objectivos globais, aUnião Europeia está a negociar Acor-dos de Associação bilaterais com osseus parceiros mediterrânicos. Até mea-dos de 2000, foram celebrados acordosdeste tipo com Marrocos, Tunísia, Jor-dânia, Autoridade Palestiniana e Israel.

    O Processo de Barcelona, que constituio único fórum no âmbito do qual foramrealizadas reuniões ministeriais com os27 parceiros, mesmo durante períodosdifíceis do processo de paz no MédioOriente, visa estabelecer uma ÁreaEuromediterrânica de Comércio Livreaté 2010.

    Por forma a ajudar os parceiros medi-terrânicos a ultrapassar os desafioscolocados pela liberalização do comér-cio, o programa comunitário MEDA for-nece cerca de mil milhões de eurosanuais em subvenções, comple-mentadas por montante idêntico emempréstimos provenientes do BancoEuropeu de Investimento.

    Regista-se já um considerável grau deintercâmbio económico na região euro-mediterrânica, cujas importações pro-venientes da União Europeia ascendemactualmente a mais de 30 mil milhõesde euros (cerca de 47% do total deimportações), enquanto que as expor-tações são ainda superiores, cifrando--se nos 63 mil milhões de euros(52%).

  • Reunião Ásia--Europa (ASEM)

    A União Europeia e:Brunei, China,

    Indonésia, Japão,

    Coreia do Sul, Malásia, Filipinas,

    Singapura, Tailândia e Vietname.

    A União Europeia e o Mundo

    Agrupamentos regionais

    Para além dos contactos bilaterais, aUnião estabeleceu uma vasta sériede relações multilaterais com organi-zações internacionais e outros agru-pamentos regionais. Confere particu-lar importância ao fomento de for-mas regionais de integração, umavez que estas contribuem para criargrandes mercados locais integradose permitem aos países em zonasespecíficas do mundo participaremmais eficazmente nos problemas glo-bais.

    Na Ásia, a União Europeia tem vindoa desenvolver relações regionaismais intensas através de um maiorenvolvimento na Associação dasNações do Sudeste Asiático(ASEAN). A Birmânia/Mianmar, ain-da que membro da ASEAN, não fazparte do acordo UE-ASEAN. Reali-zam-se igualmente, com carácterregular, reuniões Ásia-Europa (o Pro-cesso ASEM) com a maioria dos

    membros da ASEAN, bom como coma China, o Japão e a Coreia.

    Na América Latina, as principais par-cerias são com o Grupo San José(Costa Rica, El Salvador, Guatemala,Honduras, Nicarágua e Panamá), ospaíses Mercosur (Argentina, Brasil,Paraguai e Uruguai), a ComunidadeAndina (Bolívia, Colômbia, Equador,Peru e Venezuela) e os países do Gru-po Rio (Argentina, Bolívia, Brasil,Chile, Colômbia, Equador, México,Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai eVenezuela).

    A União Europeia incentiva forte-mente a criação de agrupamentosregionais entre os países de África,Caraíbas e Pacífico e coopera estrei-tamente com a Comunidade deDesenvolvimento da África Austral(SADC). Mais próximo das suas fron-teiras, tem uma relação bem desen-volvida, em especial em assuntosrelativos ao mercado único e a políti-cas de acompanhamento como o

    Os mercados de todo omundo oferecem novas

    oportunidades denegócio às empresas

    europeias.

    12

    EKA

  • 13

    ambiente e a concorrência, com ostrês países da Associação Europeiade Comércio Livre (EFTA) — Islândia,Noruega e Liechtenstein — os quais,juntamente com a UE, compõem oEspaço Económico Europeu (EEE).Característica distintiva desta asso-ciação é que os três países partici-pam em decisões relativas à formula-ção de legislação comunitária rele-vante. Dado que a Suíça, o quartopaís da EFTA, não é membro do EEE,a UE está a reforçar os seus contac-tos com este país, através de umasérie de sete acordos bilaterais, quevão desde a agricultura e a investi-gação aos transportes e à livre circu-lação de pessoas.

    Uma das mais recentes iniciativas éa Dimensão Setentrional, que reúneos Estados-Membros da UE mais aNorte, a Rússia e os países candida-tos da Europa do Norte.

    Relações multilaterais

    Ao longo dos anos, a União tem vindo a reforçar a coope-ração com várias organizações internacionais. Entre osorganismos com que trabalha actualmente em estreitacolaboração, contam-se as Nações Unidas, a Organizaçãopara a Segurança e a Cooperação na Europa, o Conselhoda Europa, a União Europeia Ocidental, a NATO, a Organi-zação Mundial do Comércio e várias outras organizaçõescriadas ao abrigo da Convenção sobre o Direito do Mar.Nas suas relações com as Nações Unidas, por exemplo, aUnião Europeia tem estado activa nos domínios económico,social, ambiental, humanitário, estupefacientes e direitoshumanos e coopera em matéria de gestão de crises e pre-venção de conflitos.

  • 14

    A União Europeia e o Mundo

    Ambiente

    Algumas das responsabilidades internas da UE pro-duzem repercussões a nível internacional. A defesado ambiente e o desenvolvimento sustentável são,indubitavelmente, as mais visíveis.

    Uma prioridade fundamental é garantir a seguran-ça nuclear na ex-União Soviética, processo que estáa ser tratado através de um programa Tacis especialque, em 1999, foi dotado de cerca de 23 milhões deeuros. Estes são utilizados para financiar várias for-mas de assistência técnica e prática, sendo presta-da especial atenção ao encerramento definitivo dosreactores na central nuclear de Chernobil e aos pro-blemas colocados pelo facto de se utilizar combus-tível nuclear em submarinos e navios quebra-gelono Noroeste da Rússia.

    A importância que reveste o cumprimento de nor-mas elevadas em matéria de defesa do ambientepor parte dos países candidatos foi sublinhada noinício de 2000, quando foram encetadas negocia-ções para permitir aos 13 países participarem naAgência Europeia do Ambiente (AEA), sediada emCopenhaga — o que constituiu a primeira oportu-nidade para estes países de participarem nos tra-balhos de uma das 11 agências comunitárias espe-cializadas. A AEA fornece informações actualiza-das, fiáveis e específicas para ajudar os países candidatos a aplicar a legislação da UE em matéria deambiente, estabelecer sistemas eficazes de fiscalização e criar redes de recolha de dados fiáveis.

    Além disso, um programa de investimentos prioritários para a adesão (PEPA) proporciona algum auxí-lio financeiro aos países candidatos para porem em prática as normas comunitárias. Estimativas segu-ras sugerem que serão necessários cerca de 120 mil milhões de euros para aplicar os dez mais impor-tantes documentos legislativos em matéria de ambiente.

    Ao mesmo tempo que alarga os benefícios da participação nos programas existentes, a União tem igual-mente vindo a pressionar os países candidatos no sentido de adoptarem medidas que visem aumentara segurança nuclear. Em finais de 1999, havia já obtido compromissos sólidos por parte da Eslováquia,Lituânia e Bulgária no sentido de encerrarem, tão depressa quanto possível, os oito reactores nuclearesnos seus territórios considerados perigosos e não modernizáveis.

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  • 15

    Ajuda humanitária

    O papel humanitário da União Europeia temvindo a desenvolver-se substancialmente aolongo da última década, constituindo agoraum importante aspecto da sua política exter-na. As acções neste domínio são coordenadase organizadas pelo Serviço Humanitário daCE (ECHO), cujo mandato estabelece a provi-são de ajuda humanitária efectiva às vítimasde catástrofes naturais e conflitos armados. OECHO é actualmente o principal doador deajuda humanitária.

    A assistência do ECHO é canalizada atravésdos seus parceiros — agências das NaçõesUnidas, mais de 170 organizações não gover-namentais como a Oxfam e os Médicos sem Fronteiras, e outros organismos internacionais. Desde 1992,assinou mais de 7 500 contratos individuais de auxílio, com um valor de quase 5 mil milhões de euros,financiando assistência humanitária em mais de 85 países. A ajuda é não discriminatória e destina-sea ser canalizada directamente para as pessoas em dificuldades, independentemente da raça, sexo ou con-vicções políticas e religiosas. Pode incluir fornecimentos essenciais, géneros alimentícios, equipamentomédico e medicamentos, bem como serviços como assistência médica, equipas de purificação da água eapoio logístico.

    O ECHO avalia as necessidades de operações humanitárias e fiscaliza a aplicação dos projectos. Promo-ve e coordena medidas de prevenção de catástrofes naturais, formando especialistas, reforçando as ins-tituições e operando microprojectos-piloto. Financia ainda programas de desactivação de minas e apoiacampanhas de informação, visando sensibilizar o público para as questões humanitárias.

    Dado que a ajuda de emergência deve ser associada a esforços de reconstrução a longo prazo, a políti-ca do ECHO consiste em reduzir a vulnerabilidade e incentivar a auto-suficiência entre todos quantosrecebem ajuda humanitária, de modo a que não se tornem dela dependente. Para tal, ajuda a conceberestratégias adequadas de longo prazo.

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    A União Europeia e o Mundo

    Alargamento da UE: uma oportunidade histórica

    O processo de alargamento pro-porciona uma oportunidade únicade pôr termo à divisão artificial queseparou o continente europeu emdois blocos distintos ao longo dosúltimos 60 anos. Não apenas serápermitido aos indivíduos circularem,estudarem e trabalharem livrementesem fronteiras como também asempresas e as economias da EuropaCentral e Oriental deverão prosperarcom a implantação de uma econo-mia de mercado. O conjunto da Euro-pa beneficiará igualmente do pontode vista económico e político com acriação de um mercado interno demais de 500 milhões de cidadãos.

    A UE viveu já quatro alargamentosseparados (em 1973, 1981, 1986 e1995), passando de seis para 15membros. No entanto, com 13 paísescandidatos à porta, estendendo-seda Estónia a Norte à Turquia a Sul,este é indubitavelmente o maisambicioso. Os trabalhos de prepa-ração levados a efeito pelos Estados--Membros actuais e potenciais porforma a concretizarem este desafiosão gigantescos. Se apenas consi-derarmos os aspectos económicos, oPIB per capita expresso em padrõesde poder de compra em per-centagem dos actuais níveis da UEoscila entre os 79% de Chipre e68% da Eslovénia e os 23% da Bul-gária e 27% da Letónia.

    A nível interno, a UE tem de adaptaras suas políticas, finanças e procedi-mentos por forma a preparar umaUnião de 20 ou mais países. Os doisprimeiros desafios foram concretiza-

    dos na Cimeira de Berlim, em Marçode 1999, quando foram definidos oslimites orçamentais para todas asáreas de despesa da UE até 2006.Estes foram acompanhados deamplas reformas das despesas nosplanos regional, social e agrícola. Osprocedimentos de tomada de deci-são estão também a ser racionaliza-dos. Além disso, a Comissão está acoordenar várias campanhas parainformar o público em geral sobre asimplicações do alargamento.

    Na Cimeira de Março de 1999, a UEdisponibilizou cerca de 22 milmilhões de euros em apoios pré-ade-são para o período 2000-2006, oque corresponde ao dobro dos mon-tantes atribuídos ao longo da déca-da de 90. Acresce que o orçamentoda União estará pronto para as pri-meiras adesões a partir de 2002,com cerca de 57 mil milhões deeuros atribuídos especificamente aosnovos Estados-Membros entre 2002e 2006.

    Não foi definida uma data para opróximo alargamento, mas a UniãoEuropeia assumiu o compromisso,institucional e político, de acolhernovos membros a partir de 2003,desde que estes tenham cumpridotodos os critérios de adesão.

  • 17

    Outro país candidatoPaíses candidatos com os quaís foram abertasnegocíações de adesão

    GréciaPortugal

    EspanhaItália

    FrançaLuxemburgo

    BélgicaReino Unido

    Irlanda

    ChipreMalta

    TurquiaBulgária

    Polónia

    República EslovacaHungria

    EslovéniaRoménia

    FinlândiaSuécia

    ÁustriaDinamarca

    AlemanhaPaíses Baixos

    EstóniaLetónia

    Lituânia

    República Checa

    Estados-Membros da UE (*)

    (*) Os territórios não continentais e ultramarinos não aparecem.

  • A União Europeia e o Mundo

    18

    Critérios de adesão à UE

    Antes que um país possa contemplara possibilidade de aderir à UE, temde provar que satisfaz os três critériosbásicos de adesão estabelecidos naCimeira de Copenhaga, em Junho de1993. São estes:

    • a existência de instituições estáveisque garantam a democracia, oestado de direito, os direitos huma-nos e o respeito e protecção dasminorias;

    • a existência de uma economia demercado operante, bem como acapacidade de dar resposta à pres-são concorrencial e às forças demercado no interior da União;

    • a capacidade de assumir as obriga-ções enquanto membro, nomeada-mente a adesão aos objectivos daunião política, económica e mone-tária.

    As negociações com seis dos candi-datos — Polónia, Hungria, República

    Checa, Eslovénia, Estónia e Chipre —tiveram início em Março de 1998.Após terem recebido luz verde doslíderes da UE na reunião do ConselhoEuropeu em Helsínquia, em Dezem-bro de 1999, foram encetadas, emFevereiro de 2000, negociações for-mais com outros seis países candida-tos — Bulgária, Letónia, Lituânia, Malta, Roménia e Eslováquia.

    Ainda que as negociações da adesãotenham sido lançadas em dois gru-pos, considera-se cada país candida-to pelos seus méritos próprios. AUnião Europeia tem em curso umprocesso de adesão flexível e a váriasvelocidades, em que os países serãoavaliados pelas suas características eadmitidos quando forem capazes decumprir todos os deveres enquantoEstado-Membro.

    A primeira fase neste complexo pro-cesso consiste num exercício de scree-ning (avaliação preliminar) queenvolve uma série de reuniões multi-laterais e bilaterais com os candida-tos. Estes encontros permitem àComissão Europeia apresentar o«acervo comunitário» — todo o corpode tratados, legislação e práticas daUE, que ascende a quase 100 000páginas — e determinar se os candi-datos têm capacidade para o aplica-rem. Este processo é seguido denegociações circunstanciadas sobreos 31 capítulos de política individualque vão desde às pescas às relaçõesexternas.

    A Comissão continua a acompanharos progressos realizados por cadacandidato na execução e aplicaçãoefectiva da legislação comunitária,sendo cada vez mais relevante a suacorrecta transposição para o direitonacional. Em princípio, cada novoEstado-Membro deve estar em condi-ções de executar todas as obrigações

    A formação em novosmétodos de trabalho é

    parte integrante dapreparação dos países

    candidatos à adesão àUE.

    EKA

  • 19

    e responsabilidades da UE a partir dodia da adesão, sendo as derrogaçõestemporárias e as medidas de transi-ção reduzidas ao mínimo.

    A União apoia uma série de progra-mas específicos de pré-adesão desti-nados a ajudar os candidatos a pre-parar a respectiva entrada, dos quaiso programa Phare é o mais conhecidoe duradouro. O seu objectivo é cana-lizar cooperação financeira e técnicapara os países em questão.

    Este programa concede subvençõesem detrimento de empréstimos epode ser dividido em duas grandesprioridades. A primeira, que absorvecerca de 30% do orçamento, incideno reforço da capacidade institucio-nal, visando ajudar as administraçõesnacionais e regionais, bem como osorganismos regulamentares e desupervisão, a familiarizarem-se comos objectivos e procedimentos da UE.

    A segunda, com 70% do orçamento,ajuda os candidatos a harmonizar asrespectivas indústrias e grandes infra--estruturas com as normas comuni-tárias, mobilizando os investimentosnecessários. O apoio é principal-mente dirigido para áreas nas quaisas normas e padrões da UE estão atornar-se progressivamente mais exi-gentes: ambiente, transportes, unida-des industriais, normas de qualidadede produtos e condições de trabalho.

    Outros programas de auxílio sãoespecificamente orientados para odesenvolvimento agrícola e rural epara projectos no domínio dos trans-portes e ambiente. Existem igual-mente programas de combate à cor-rupção e ao crime organizado, bemcomo outros que visam os refugiadose os requerentes de asilo. Além disso,estão a ser realizados vários seminá-rios destinados a funcionários nos

    países candidatos, em matérias tãodiversas como o controlo fiscal e odesalfandegamento.

    Ainda que a União Europeia se tenhaassumido como principal entidade deajuda aos países candidatos na pre-paração para a adesão, não é a única.Outros organismos internacionais con-tribuem igualmente com os seusapoios e experiência: o Banco Mun-dial, o Banco Europeu para a Recons-trução e o Desenvolvimento, o Conse-lho da Europa e o Conselho Nórdico.

    Turquia

    As relações formais da Turquia com aUnião Europeia remontam ao Acor-do de Associação de 1963, tendosido este o primeiro país do actualgrupo a candidatar-se à adesão àUE, em 1987. Por várias razões deordem política, económica e de direi-tos humanos, a candidatura conhe-ceu modestos progressos ao longodos anos, até à Cimeira de Helsín-quia, em Dezembro de 1999. Nestareunião, os governos da UE reconhe-ceram formalmente o seu estatuto,ao acordar que «a Turquia é um Esta-do candidato cuja adesão à União sedeverá realizar com base nos mes-mos critérios que os aplicados aosrestantes Estados candidatos».

    Em consequência, o país beneficiaagora de uma estratégia de pré-ade-são e de uma parceria criada paraestimular e apoiar as reformas políti-cas e económicas, participando numdiálogo político mais estreito com aUnião Europeia. Está agora em con-dições de tomar parte em programascomunitários e em reuniões entre oscandidatos e a União, estando areceber auxílio no processo de har-monização da sua legislação com asnormas e práticas da UE.

  • A União Europeia e o Mundo

    20

    No entanto, antes de serem enceta-das negociações formais com vista àadesão, a Turquia deve demonstrarque respeita os direitos humanos ereestruturar vários elementos da eco-nomia do país. Em virtude das ten-sões históricas entre a Turquia e avizinha Grécia, a União apelou espe-cificamente a uma resolução pacíficade todas as actuais disputas sobrefronteiras e outros assuntos relacio-nados, como Chipre.

    Paralelamente às aspirações da Tur-quia de adesão à UE, uma uniãoaduaneira dotada de um orçamentode 15 milhões de euros liga já asduas entidades e a União irá dispo-nibilizar mais 135 milhões de eurospara promover o desenvolvimentoeconómico e social do país.

    O alargamento não deveconduzir à edificação denovas barreiras

    O alargamento suscita ainda ques-tões sobre o modo como a União iráorganizar as suas relações com paí-ses que têm ainda de enfrentar umlongo caminho antes da adesão. AComissão criou o conceito de adesãovirtual, por forma a dar à Albânia e àex-Jugoslávia, por exemplo, estímuloe algumas vantagens de cooperaçãoestreita mesmo antes de estaremaptos para a adesão. No entanto,para tirar partido destas vantagens,estes países têm de satisfazer deter-minados critérios, entre os quais oreconhecimento mútuo das frontei-ras, a resolução de questões penden-tes relativas ao tratamento de mino-rias e a criação de uma organizaçãode cooperação regional. Uma entida-de deste tipo incentivaria a integra-ção económica, através da criação deuma zona de comércio livre e, poste-riormente, de uma união aduaneirasusceptível de, numa fase posterior,se fundir com a união aduaneira daprópria UE, enquanto primeiro passopara a adesão.

    A UE está consciente do impacto queo alargamento terá nos países vizi-nhos para quem a adesão não estáem questão, mas com os quais pre-tende manter relações estreitas econstrutivas. Assim, está a analisaractivamente a possibilidade de par-cerias estratégicas adequadas com aRússia, a Ucrânia e os países daBacia do Mediterrâneo.

  • 21

    A União Europeia é o maior parceirocomercial do mundo, tendo sido res-ponsável por mais de um quinto detodas as exportações em 1999. Des-de os seus primórdios, a UE esteveempenhada em eliminar barreirascomerciais entre os seus membros,convicta de que este processo esti-mulará a prosperidade económica eo bem-estar nacional e individual.Também na cena internacional temdefendido os mesmos princípios.

    Os números falam por si. Ao longoda última metade do século, o siste-ma comercial multilateral tem vindoa ser progressivamente liberalizadoatravés de uma série de negociaçõesinternacionais. Durante esse período,o comércio mundial conheceu umaumento 17 vezes superior, a produ-ção mundial mais do que quadrupli-cou, o rendimento mundial per capi-ta duplicou e os direitos aduaneirosmédios aplicados pelos países indus-trializados caíram dos 40% em 1940para menos de 4%.

    A UE acredita que a liberalização docomércio multilateral pode produzirbenefícios substanciais para a eco-nomia global e que grande partedessas vantagens deveriam serabsorvidas pelas regiões em desen-volvimento. Considera que o cresci-mento económico decorrente da libe-ralização do comércio constitui umfactor primordial para a melhoriadas condições sociais no mundo,contribuindo para o desenvolvimen-to sustentável.

    A União Europeia é um dos maisaguerridos defensores da continua-ção desta tendência, exercendo pres-sões para uma agenda tão alargadaquanto possível na próxima ronda deconversações no âmbito da Organi-zação Mundial do Comércio (OMC),que envolverá 137 países. Peseembora o malogro da reunião minis-terial realizada em Seattle, emDezembro de 1999, a UE continuaempenhada numa agenda alargadae está convencida de que os benefí-cios serão significativos.

    Dois estudos da Comissão Europeiapublicados imediatamente antes daConferência de Seattle concluíramque a ulterior liberalização do comér-cio poderia contribuir para o desen-volvimento sustentável e implicar umganho anual de bem-estar para omundo até 420 mil milhões de euros— o equivalente à soma de uma eco-nomia da dimensão da da Coreia oudos Países Baixos ao PIB mundialanual. O crescimento económico tra-duz-se em emprego, tal como a pró-pria União Europeia já demonstroucom a criação de meio milhão depostos de trabalho após a aboliçãodas suas barreiras internas às trocascomerciais.

    Um comércio mais livre pode impli-car mais oportunidades de negócio,uma mais eficaz distribuição derecursos e mais riqueza. Ulterioresreduções nos direitos aduaneiros per-mitirão às empresas explorar melhoras potencialidades em termos deexportações, na medida em que osfluxos comerciais serão cada vez

    Comércio: eliminar barreiras, difundir crescimento

  • 22

    mais orientados para a qualidade, ospreços e os serviços e menos prejudi-cados por obstáculos artificiais comoas pautas aduaneiras. Os consumi-dores deverão beneficiar de umamais ampla escolha e preços maisbaixos, através de um acréscimo daconcorrência.

    Organização Mundial deComércio

    Enquanto parte desta agenda alar-gada, a UE lidera um grupo de paí-ses que defendem que as próximasnegociações na OMC não devemlimitar-se às questões da agriculturae serviços remanescentes do últimoUruguay Round. Devem, sim, sermais exaustivas, abrangendo tópicostradicionais e temas novos, por for-

    ma a suscitar interesse nos partici-pantes e dar resposta às necessida-des da economia do século XXI.

    A União Europeia retirou duas ila-ções claras do fracasso que marcou atentativa de encetar conversaçõessobre liberalização em Seattle. Pri-meiramente, chegaram ao fim osdias em que uma mão cheia de gran-des nações comerciais negociavamacordos entre si e os impunham aoresto do mundo. Outros, em especialos países em desenvolvimento, exi-gem agora, com legitimidade, teruma palavra a dizer em todo o pro-cesso.

    Em segundo lugar, a UE concluiuque há que reformar a OMC por for-ma a torná-la mais inclusiva, trans-parente, eficiente e responsável. Énecessário rescrever o seu código denormas e envolver mais de perto asociedade civil, de modo a que pos-sam ser tomadas em consideração aspreocupações ambientais e sociais,conjuntamente com os temas docomércio e do desenvolvimento.

    Aquando do lançamento de umanova ronda de negociações no âmbi-to da OMC, a União acredita que,para que seja exaustiva e coroada deêxito, esta deverá abarcar pelomenos quatro áreas fulcrais. Segun-do a UE, as negociações deverão:

    • melhorar o acesso aos mercadosem todos os domínios, incluindoagricultura, serviços e produtosnão agrícolas;

    • definir regras em várias áreas novas,como o investimento, a concorrên-cia e a facilitação do comércio;

    • incidir mais intensamente nodesenvolvimento, providenciandomelhor acesso aos mercados e

    O comércio internacionale a globalização devem

    contribuir para melhorara prosperidade das

    pessoas mais desfavorecidas.

    EKA

    A União Europeia e o Mundo

  • melhorias relativamente ao trata-mento especial e diferencial acor-dado aos países em desenvolvi-mento, bem como garantindo queos novos acordos promovam odesenvolvimento;

    • tratar um série de preocupações dasociedade civil, clarificando as nor-mas da OMC em matéria de comér-cio e acordos ambientais, rotula-gem, saúde pública e aplicação doprincípio da precaução. Este proces-so deverá ter como objectivo garan-tir que as normas se reforcemmutuamente e que as medidasadoptadas não constituam ummeio de discriminação arbitrária einjustificável entre os países.

    Ainda que consciente de que o pro-cesso de globalização é uma tendên-cia que não pode ser travada e que aseconomias devem adaptar-se parasobreviver, a União Europeia não acei-ta que forças de mercado «isoladas»ditem o modo de vida das pessoas, asua cultura e, em última instância, asua sociedade e valores fundamen-tais. Em resultado, o seu objectivo éconciliar a gestão das sociedades edos valores com a necessidade demodernização e globalização.

    Neste contexto, a Comissão consideraa OMC uma instituição crucial para agovernação mundial, com mais de130 países membros — e mais 30 àespera de aderir — e amplos poderespara definir regras e arbitrar disputascomerciais.

    A OMC deverá cooperar mais estreita-mente com outras organizações inter-nacionais para promover o objectivoglobal de desenvolvimento sustentá-vel e contribuir para a redução dasdisparidades intra e entre nações. Poreste motivo, a UE considera regular-mente a relação entre comércio e

    desenvolvimento social, incluindo apromoção dos principais padrõeslaborais. Apoia incentivos à promoçãodos direitos dos trabalhadores e opõe--se com veemência a quaisquer abor-dagens proteccionistas ou baseadasem sanções.

    Japão

    Com a segunda maior economianacional, logo após os EUA, responsá-vel por dois terços do PIB asiático e14% da economia global, o Japão éum dos principais parceiros comer-ciais da União Europeia, ocupando aterceira posição em termos de merca-do externo da UE. As tensões regista-das durante a década de 80 relativasa desequilíbrios comerciais e às difi-culdades com que as empresas euro-peias eram confrontadas para expor-tar para o Japão deram lugar a umarelação bem mais construtiva, assentena Declaração Política de 1991, querege os contactos entre os dois par-ceiros. Esta relação foi consolidadapela aprovação, em 1995, de umaestratégia comunitária Europa-Japãoe será consideravelmente ampliadapelo plano de acção que as duas par-tes acordaram desenvolver na Cimeirade Tóquio, em Julho de 2000, e quelançará uma década de cooperaçãoJapão-Europa, com início em 2001,em quatro áreas fundamentais: pro-moção da paz e segurança, reforço daparceria económica e comercial, res-posta aos desafios globais e societaise aproximação das populações e cul-turas.

    Para além de questões puramentebilaterais, a colaboração existenteestende-se a análises comuns regula-res sobre a situação política e desegurança na Coreia do Norte, opapel crescente da China na Ásia, acriação de estruturas de segurança no

    23

  • continente e promoção da assistênciaao desenvolvimento.

    Uma das principais preocupações daUnião Europeia tem sido garantir queexportadores e investidores europeusnão sejam impedidos de entrar nomercado japonês por processos des-necessariamente restritivos e regula-mentações burocráticas. Desde 1995,este objectivo tem sido conseguidoatravés do diálogo sobre a reforma

    regulamentar, que visa eliminar osobstáculos estruturais e de outraíndole com que se confrontam osexportadores. A campanha lançadapela Comissão para a promoção dasexportações intitulada Gateway toJapan ajudou igualmente muitasempresas da UE, em especial as demenor dimensão, a aceder ao merca-do japonês. Este processo está a seracompanhado de acções para nego-ciar um acordo de reconhecimento

    A União Europeia e o Mundo

    24

    Proporção do comércio mundial %, números de 1998

    Serviços

    Canadá e México 4,5

    União Europeia 24,9 EUA 20,1

    Países asiáticos na ASEM(excepto Japão) (1) 10,8

    Resto do mundo 27,1

    América Latina (excepto México) 4,0

    Japão 8,6

    Produtos

    União Europeia 18,7

    EUA 18,9

    Canadá e México 7,6

    Países asiáticos na ASEM(excepto Japão) (1) 13,2

    Resto do mundo 29,6

    América Latina (excepto México) 4,2

    Japão 7,8

    (1) ASEM: os nove parceiros asiáticos da «Reunião Ásia-Europa» que não o Japão: Brunei, China, Indonésia, Coreia do Sul, Malásia, Filipinas, Tailândia, Singapura e Vietname.

  • 25

    mútuo em matéria de verificação ecertificação, o qual constituiria o pri-meiro tratado entre a UE e o Japão,bem como um acordo relativo à apli-cação da legislação de ambas as par-tes no domínio da concorrência. Exis-tem igualmente contactos regularesentre as respectivas comunidadesempresariais e de consumidores.

    O diálogo tem sido, com frequência,um meio eficaz de ultrapassar obstá-culos. Porém, quando tal não aconte-ce, a UE recorre à OMC para defenderos interesses das empresas europeias.A União congratula-se igualmentepor registar a existência de menosobstáculos ao investimento europeuno Japão. O investimento estrangeirodirecto japonês na UE é sete vezesmaior do que o investimento europeuno Japão.

    Ásia

    A China tem vindo a sofrer mudan-ças dramáticas desde a abertura aomundo exterior em 1978, evoluindode uma economia altamente centra-lizada e voltada sobre si mesma parauma economia de mercado envolvi-da no comércio global. Ao longo dasduas últimas décadas, as trocascomerciais UE-China aumentarammais de vinte vezes e valiam 70 milmilhões de euros em 1999. A Chinaé o terceiro maior parceiro comercialnão europeu da UE, logo após osEUA e o Japão. A União é a quartagrande fonte de importações da Chi-na. Em 1999, a UE tornou-se o prin-cipal investidor estrangeiro directono país, sem contar com Hong Kong,com 4,5 mil milhões de euros.

    A União tem apoiado fortemente aadesão da China à OrganizaçãoMundial do Comércio e tem traba-lhado em estreita cooperação com os

    Estados Unidos para a concretizaçãodeste objectivo. No Verão de 2000,as duas partes concluíram as longasnegociações bilaterais sobre a ade-são da China à OMC. O acordo daráum ímpeto fundamental às trocascomerciais entre os dois blocos.

    Nos termos do acordo de adesão UE--China no âmbito da OMC, a Chinaacordou em reduções substanciaisdos direitos aduaneiros sobre asimportações de mais de 150 produ-tos europeus, desde maquinaria avinhos e bebidas alcoólicas. O acor-do facilitará as operações de distri-buidores e empresas europeias naChina e as restrições habitualmenteaplicadas a vários sectores dos servi-ços e profissões, nomeadamente

    20,624,1

    9,14,7

    4,76,0

    2,82,9

    12,015,6

    15,78,1

    35,1

    38,6

    Participação dos principais parceiros no comércio externo da UE %, números de 1999, produtos

    EUA

    Japão

    América Latina

    Países de África, Caraíbas ePacífico (1)

    Países asiáticos na ASEM(excepto Japão) (2)

    Outros países

    Países candidatos à adesão à UE

    Importações para a UE

    Exportações da UE

    (1) Os 77 países ACP que fazem parte do chamado Acordo de Cotonu.(2) ASEM: os nove parceiros asiáticos da «Reunião Ásia-Europa» que não o Japão: Brunei, China,

    Indonésia, Coreia do Sul, Malásia, Filipinas, Tailândia, Singapura e Vietname.

  • banqueiros e advogados, serão tam-bém levantadas.

    Ainda que dedicando consideráveistempo e recursos à China, a Uniãopretende aprofundar contactos comtodo o continente. Este processopoderá ser feito numa base multila-teral — iniciado já com a primeirareunião Ásia-Europa em Bangueco-que, em 1996 — ou via ASEAN, oquarto parceiro comercial da UE, ouainda bilateralmente.

    As relações com a segunda maiornação da Ásia — Índia — estão tam-bém em progressão, passando dodiálogo e da cooperação à parceria.Esta transição foi ilustrada por gran-des iniciativas em 2000, onde seincluem a primeira cimeira UE/Índiae contactos mais alargados entrealtos funcionários, responsáveis polí-ticos, formadores de opinião e socie-dade civil.

    Tudo isto além dos extensos contac-tos comerciais já existentes. A UE é oprincipal parceiro da Índia em ter-mos de comércio, investimento ecooperação para o desenvolvimento.As exportações indianas para aUnião registaram um acréscimo de1,8 mil milhões de euros em 1980para 9,8 mil milhões de euros em1998. Um crescimento idêntico podeobservar-se nas trocas comerciais nosentido inverso, que aumentaram de2,4 mil milhões para 9,5 mil milhõesde euros.

    América Latina e México

    A UE organizou as suas relações comos países da América Latina em tor-no do reconhecimento de três grupossub-regionais: América Central,Comunidade Andina e Mercosur,bem como de países individuais

    como o Chile e o México. Ao longoda última década, as relações entre aUE e a América Latina desenvolve-ram-se coerentemente, à medida queo comércio bilateral se foi intensifi-cando e a União promoveu a inte-gração regional na zona.

    Os países andinos beneficiam de umacesso mais facilitado ao mercadoeuropeu no âmbito do Sistema dePreferências Generalizadas e a UEtrabalha com eles em estreita cola-boração num programa de combateao tráfico de estupefacientes. Os paí-ses das Caraíbas gozam de preferên-cias comerciais com a UE, enquantoque Cuba é o único país latino-ame-ricano que não assinou qualqueracordo de cooperação com a União.

    Um salto significativo nas relaçõesda União Europeia com esta partedo mundo aconteceu em Junho de1999, com a primeira cimeira desempre entre a UE, a América Latinae as Caraíbas, envolvendo os líderesde 48 países. Este evento foi segui-do, em 2000, de um acordo decomércio livre entre a UE e o México.No âmbito deste ambicioso acordo,as exportações mexicanas integrarãona UE a categoria de mercadoriasisentas a partir de 2003 e todas astaxas aduaneiras sobre as exporta-ções comunitárias desaparecerão até2007 impreterivelmente. O acordointroduz uma nova dimensão numarelação que estava já bem ancoradano Acordo de Parceria, CoordenaçãoPolítica e Cooperação UE/México,assinado em 1997.

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    A União Europeia e o Mundo

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    A União Europeia é o principal par-ceiro do mundo em desenvolvimen-to, fornecendo 55% de toda a assis-tência oficial internacional, e de lon-ge o grande agente em matéria decomércio e investimento estrangeiro.A um nível bilateral, concede prefe-rências comerciais não recíprocas,juntamente com disposições maisfavoráveis para os países menosdesenvolvidos. Celebrou acordos eco-nómicos e de cooperação comercial,que, a seu tempo, conduzirão azonas de comércio livre, com váriospaíses ou agrupamentos regionaisno Mediterrâneo, América Latina,África, Caraíbas e Pacífico.

    A marginalização de muitas econo-mias, o aumento da pobreza nomundo, a necessidade de melhorgerir as interdependências ambien-tais, os efeitos desestabilizadores dosfluxos migratórios e as consequên-cias de conflitos armados, catástro-fes naturais e epidemias constituempreocupações de vulto para todos eos cidadãos europeus esperam, legi-timamente, uma acção eficaz da UEno seu combate. Tendo em conta osrecursos financeiros ao seu dispor e oseu peso económico e político, aacção da UE pode produzir umimpacto significativo.

    Promover o desenvolvimento, combater a pobreza

    Longe da pátria? A alternativa àemigração é a melhoriadas perspectivaseconómicas no país deorigem.

    EKA

  • Novo ímpeto na ajuda aospobres do mundo

    A União está convicta de que é polí-tica e moralmente inaceitável quemais de mil milhões de pessoastenham ainda de sobreviver commenos de um euro por dia. Estenúmero poderá aumentar à medidaque cresce a população mundial. Emresultado, o combate à pobreza é apedra de toque dos esforços políticosda UE em matéria de desenvolvi-mento, concentrando atenções numnúmero mais limitado de domíniospolíticos.

    O investimento estrangeiro directonos países em desenvolvimentoaumentou drasticamente na últimadécada, passando de 27 mil milhõesde euros em 1990 para 185 milmilhões de euros em 1998. Noentanto, a sua distribuição foi desi-gual. Cerca de 55% são absorvidospelas cinco maiores nações emdesenvolvimento, enquanto que as48 menos desenvolvidas, muitas dasquais em África, recebem menos de1%.

    Em resposta a preocupações sobre aeficácia dos programas de auxílio emgeral, a Comissão Europeia apresen-tou, no Verão de 2000, reorientaçõesde fundo à sua política de desenvol-vimento. Estas destinam-se a alinhara sua organização interna, procedi-mentos e métodos pelas melhorespráticas a nível internacional, dandouma nova visão dos seus objectivosfundamentais. De importância cen-tral na nova estratégia são as tenta-tivas de integrar os países em desen-volvimento no sistema económicointernacional, por forma a incentivaros seus esforços de integração regio-nal, a utilização da considerávelexperiência e meios financeiros daUE para efeitos mais incisivos, como

    no caso do sector dos transportes, ea cooperação mais estreita com asactividades dos outros doadores.

    Ao concentrar-se em tarefas essen-ciais, a Comissão sugeriu que a UEdeveria limitar as respectivas activi-dades nas áreas onde pode oferecervantagens comparativas e valoracrescentado. Foram seleccionadasseis: comércio para o desenvolvimen-to; integração e cooperação regional;políticas macroeconómicas associa-das a estratégias de redução dapobreza; transportes fiáveis e susten-táveis; segurança alimentar e estra-tégias de desenvolvimento rural sus-tentável; e reforço da capacidadeinstitucional para consolidar a boagovernação e o estado de direito.

    A nova estratégia, privilegiando oempowerment, o reforço da capaci-dade institucional, a apropriação e asustentabilidade, assenta em direc-trizes políticas claras:

    • a apropriação do processo devecaber aos próprios países emdesenvolvimento e envolver omáximo possível de representantesda sociedade civil;

    • a necessidade de coordenaçãomais eficaz e de uma melhor divi-são do trabalho entre os progra-mas comunitários de desenvolvi-mento e os de outros doadores, emespecial os Estados-Membros daUE;

    • a necessidade de evitar contradi-ções entre a política de desenvolvi-mento e outras actividades da UE— comércio, agricultura e pescas —que têm repercussões nos paísesem desenvolvimento;

    • o imperativo de racionalizar osprocedimentos administrativos,

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    A União Europeia e o Mundo

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    por forma a aumentar a rapidez ea eficácia da execução do progra-ma.

    Parceria ACP-UE

    O principal instrumento da políticade desenvolvimento da UE é o Acor-do de Cotonu que a associa aos paí-ses de África, Caraíbas e Pacífico(ACP) e constitui o mais ambicioso eexaustivo acordo entre países desen-volvidos e em desenvolvimento. Oseu predecessor, a Convenção deLomé, foi assinada pela primeira vezem 1975, em Lomé, capital do Togo,tendo sido posteriormente actualiza-da com regularidade. A sua impor-tância foi crescendo, à medida queas suas disposições foram alargadasa novas áreas e que aumentava onúmero dos seus signatários.

    Contudo, o objectivo fundamentaldo acordo exaustivo ajuda-e-comér-cio permanece constante. Trata-se de«promover e acelerar o desenvolvi-mento económico, cultural e socialdos países ACP e consolidar e diver-sificar as suas relações [com a UE eseus Estados-Membros] num espíritode solidariedade e interesse mútuo».A ampla parceria assenta na igual-dade entre os signatários, no respei-to pela sua soberania, no interessemútuo e na interdependência.

    A Acordo de Cotonu foi assinado nacapital do Benim, em Junho de2000, origem da designação infor-mal do documento. Nesta ocasião,aos membros ACP existentes junta-ram-se seis novos países provenien-tes do Pacífico, perfazendo um totalde 77 países ACP. Os resultados evi-denciam como a parceria evoluiu aolongo de 25 anos, ao mesmo tempoque preparam os desafios das próxi-mas duas décadas. O documento

    define uma abordagem integrada eglobal de temas como o desenvolvi-mento, a erradicação da pobreza, ocomércio e o diálogo político, queinclui prevenção de conflitos, direitoshumanos e democratização, bemcomo assuntos de preocupaçãocomum como a migração.

    O novo acordo inclui algumas altera-ções qualitativas notáveis relativa-mente aos seus predecessores, namedida em que faz a transição derelações comerciais assentes no aces-so aos mercados para uma relaçãomais global, e de parcerias entregovernos para um processo maisinclusivo que envolve todos os ele-mentos da sociedade civil. É simulta-neamente exaustivo e inovador. Associedades civis participam na con-cepção do futuro dos respectivos paí-ses e a atribuição de fundos assentanão apenas numa avaliação dasnecessidades, mas também no histo-rial do país em matéria de imple-mentação política.

    Foram definidos novos procedimen-tos para tratar quaisquer violaçõesde direitos humanos e, nos casos emque estas sejam particularmente gra-ves e flagrantes, a acção é imediata.No que constitui uma verdadeira ino-vação em relações internacionais, osdois parceiros acordaram novos pro-cedimentos para tratar casos gravesde corrupção.

    A UE anuiu em implementar umapolítica de imigração e asilo assenteno princípio da parceria com os paí-ses e regiões originários. Aqui seincluem novas iniciativas em matériade direitos dos cidadãos de paísesterceiros no território da União e dis-posições para a repatriação de imi-grantes ilegais.

  • No âmbito do Acordo de Cotonu, osacordos regionais de parceria econó-mica são novas disposições concebi-das para promover a liberalização docomércio entre a UE e os países ACP.As negociações sobre esta matériainiciar-se-ão até 2002 — permitindoentretanto a consolidação dos pro-cessos de integração regional — e asdisposições entrarão em vigor até2008. Até lá, a UE e os países ACPsolicitarão à OMC uma remissão dadívida, de modo a que possam man-ter as suas disposições de tratamen-to preferencial.

    A União está empenhada em ajudaros países ACP a tornarem-se membrosmais activos no sistema económico ecomercial internacional. Desse modo,espera incentivar outros países eempresas internacionais a estabelecerrelações mais estreitas com os parcei-ros ACP, fomentando o investimento ea transferência de tecnologia e expe-riência e assim contribuindo para asua competitividade global. Este pro-cesso deverá ajudar os membros ACP,à medida que o valor das preferênciasque têm com a União Europeia está aentrar em erosão, em virtude do pro-cesso geral de liberalização e da redu-ção das pautas aduaneiras que está aocorrer a nível global.

    A União acordou concessões comer-ciais especiais para todos os paísesmenos desenvolvidos, 39 dos quaissão signatários do Acordo de Cotonu.Até 2005, os seus exportadores terãolivre acesso ao mercado da UE para aquase totalidade dos produtos. Oacordo introduz formas de mitigar osefeitos de flutuações nas receitas deexportação para os países ACP maiscomplexas do que os anterioresesquemas de compensação.

    Em termos financeiros, o Fundo Euro-peu de Desenvolvimento, utilizado

    para financiar os programas ACP, serádotado de um orçamento de 13,5 milmilhões de euros para os próximossete anos. A este montante, virãoacrescentar-se 9,5 mil milhões deeuros não despendidos no âmbito deanteriores fundos e 1,7 mil milhões deeuros em empréstimos do Banco Euro-peu de Investimento.

    África

    Tradicionalmente, as relações entre aUnião Europeia e a África têm doispontos fulcrais de interesse: a BaciaMediterrânica e os membros da Con-venção de Lomé. No entanto, grandeparte por iniciativa de Portugal, estarelação foi recentemente alargada aum nível continental, com a realiza-ção da primeira cimeira UE-África, noCairo, em Abril de 2000.

    O objectivo desta reunião sem prece-dentes entre chefes de Estado e deGoverno dos dois continentes consis-tia em reforçar a sensibilização inter-nacional para o importante potencialde África, incentivar a sua integraçãona economia mundial e construir umaparceria estratégica para promover apaz, a democracia e o desenvolvimen-to. Ainda que as atenções da reuniãose tenham concentrado na inter-rela-ção entre as questões políticas, eco-nómicas e de desenvolvimento, inci-diu igualmente na redução da dívidainternacional, da qual cerca de 80%dos beneficiários são países africanos.

    No futuro, a cooperação será, em par-te, determinada pelo plano de acçãoadoptado na cimeira, o qual incidiránum processo reforçado de integraçãoregional e em formas de garantir umambiente sólido e isento de corrup-ção, capaz de atrair investimentoestrangeiro. Através de uma melhorgestão das crises e das capacidades

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    A União Europeia e o Mundo

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    de manutenção da paz, trata-se deencontrar meios de pôr termo a con-flitos intra e entre países, os quaispodem, em poucas semanas, destruirvidas e os esforços investidos ao longodos anos na promoção do desenvolvi-mento económico. Está a ser dada adevida atenção à melhoria das condi-ções de saúde e bem-estar, através docombate às doenças e à sida em espe-cial, da redução do desemprego e daluta contra a exclusão social. A tónicaé colocada na necessidade de sólidosalicerces democráticos, enraizados noprimado do direito e no respeito pelosdireitos humanos. Estes objectivosserão desenvolvidos por um comitépermanente de altos funcionários ereuniões regulares a nível ministerial,estando a sua reavaliação agendadapara uma segunda cimeira a ter lugarna Grécia, em 2003.

    África do Sul

    No início de 2000, entrou em vigorum acordo alargado em matéria decomércio, desenvolvimento e coope-ração entre a UE e a África do Sul,cujas negociações decorreram pormais de três anos e meio. No termodos próximos 12 anos, a África doSul terá concedido o estatuto deisenção de direitos a 86% das expor-tações da UE, ao passo que a Uniãofará o mesmo relativamente a 95%dos produtos no sentido inverso.Grande parte do processo de liberali-zação na UE, que concede à Áfricado Sul acesso preferencial a produtoscomo químicos, vestuário, génerosalimentícios, têxteis e legumes, esta-rá concluída até 2002. O acordo éacompanhado de convénios parale-los nos domínios da ciência e tecno-logia, vinho e pescas e de uma ajudafinanceira comunitária à África doSul que ronda os 125 milhões deeuros anuais.

    A União desempenhou igualmenteum papel central na transição bemsucedida do país para um governodemocrático, o que ilustra claramen-te o impacto do apoio da UE aosdireitos humanos e à democracia nosanos mais recentes.

    A parceria UE-ACP ou«O Acordo de Cotonu» éo maior programamundial de cooperaçãoe ajuda.

  • Direitos humanos

    A importância que a União Euro-peia atribui ao respeito pelos direi-tos humanos em todo o mundo foisublinhada, em 1999, com a atri-buição, pela primeira vez, da res-ponsabilidade por esta área a umcomissário — Chris Patten, quetutela as Relações Externas — ecom a publicação do primeiro rela-tório anual sobre direitos humanos,que documenta as políticas, priori-dades e práticas da UE neste domí-nio.

    Este compromisso para com osdireitos humanos e o quadro jurídi-co que lhe está subjacente estãotraduzidos nas disposições de Polí-tica Externa e de Segurança Comum da União e no seu programa de cooperação para o desenvolvimen-to. Cada novo acordo entre a UE e um país terceiro integra uma cláusula de direitos humanos, que per-mite suspender quaisquer vantagens comerciais ou acções de cooperação para o desenvolvimento seforem provados abusos nesta matéria.

    A União tem a possibilidade de impor sanções específicas e assim o fez contra a Sérvia e a Birmânia. Estassanções vão desde a recusa de emitir vistos a personalidades do regime ao congelamento de bens em paí-ses da UE. A União não hesita em se pronunciar contra o que considera ser abusos dos direitos humanoscomo a tortura, detenções policiais e censura, ocorram estes na China, Turquia, Cuba ou Rússia. No entan-to, a sua preferência vai para a utilização de acções positivas em detrimento da imposição de sanções.

    Para ajudar a concretizar este propósito, a União criou uma iniciativa para a democracia e os direitoshumanos, dotada de um orçamento de cerca de 100 milhões de euros, bem como vários milhões de eurosanuais para utilizar em assistência externa. Os fundos podem ser usados em projectos que visem directa-mente reforçar o primado do direito e a democratização, tais como apoios destinados a reformas eleito-rais ou à formação de advogados. São igualmente apoiadas outras formas mais indirectas de auxílio, taiscomo a melhoria das infra-estruturas básicas de fornecimento de água e de transportes, que ajudam areduzir as potenciais tensões e as ameaças aos direitos humanos. O envio de observadores internacionaispara fiscalizarem actos eleitorais e a utilização da ajuda humanitária conta-se entre as outras ferramen-tas do arsenal da UE.

    Esta preocupação pelo respeito dos direitos humanos em todo o mundo encontra resposta em esforçosrenovados no sentido de evitar a deterioração das normas no território da própria União. Este propósitoé, em parte, conseguido por via de uma Carta de Direitos Fundamentais, fornecendo um código exausti-vo de valores comuns que visam proteger melhor os cidadãos que vivem na UE.

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    EKA

    A União Europeia e o Mundo

  • Durante grande parte do períodosubsequente à Segunda Guerra Mun-dial, a segurança da Europa foigarantida em estreita cooperaçãocom os Estados Unidos, sendo aNATO a instituição de autodefesapor excelência. Com o termo da guer-ra fria, o cenário alterou-se.

    A Europa deixou de estar confronta-da com a ameaça de ataque maciçode armas convencionais e nucleares.Por outro lado, tal como a situaçãonos Balcãs o demonstrou, a UEenfrenta uma série de riscos queameaçam a estabilidade da Europa,ainda que não a sua existência.Compreensivelmente, os EstadosUnidos não pretendem intervir emtodas as crises regionais no conti-nente e haverá ocasiões em que seafigurará mais adequado que oseuropeus assumam o comando dasoperações. É cada vez mais notória adisponibilidade dos membros daUnião Europeia para se dotarem dasferramentas necessárias à promoçãodo seu conjunto de valores comuns eà defesa dos seus interesses.

    São estes factores que levaram a UEa lançar as bases da Política Externae de Segurança Comum (PESC) noTratado de Maastricht, em 1993.Estes alicerces foram desenvolvidospelo seu sucessor, o Tratado deAmesterdão, que entrou em vigor em1 de Maio de 1999. São cinco osobjectivos fundamentais subjacentesà PESC da União Europeia:

    • a salvaguarda dos interesses fun-damentais e da independência daUnião;

    • o reforço da segurança da União;

    • a manutenção da paz e o reforçoda segurança internacional;

    • o fomento da cooperação interna-cional;

    • o desenvolvimento e o reforço dademocracia, do estado de direito edo respeito pelos direitos huma-nos.

    O Tratado de Amesterdão veiomelhorar o processo de decisão daPESC, estabelecendo estratégiascomuns em áreas onde os Estados--Membros partilham interessesimportantes. Introduziu um processode formulação de políticas maisdireccionado e um mecanismo dealerta precoce, através da criação deuma unidade de planeamento políti-co que trabalha para o Conselho deMinistros. Este processo foi reforçadocom o estabelecimento de um comi-té político e de segurança e de um

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    Defesa e segurança: manter a paz

  • A União Europeia e o Mundo

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    comité militar paralelo para aconse-lhar os governos em matéria de ges-tão de crises.

    Um dos resultados mais visíveis doTratado de Amesterdão foi a institui-ção de um alto representante para aPESC. Em Outubro de 1999, JavierSolana, antigo ministro espanhol dosNegócios Estrangeiros e secretário--geral da NATO, tornou-se o primeirotitular do cargo. Trabalha em estreitacooperação com a Comissão e osEstados-Membros, incluindo as res-pectivas extensas redes diplomáticase delegações da Comissão, assegu-rando a continuidade e a eficácia dapolítica externa da União Europeia.

    Reacção rápida e prevençãode conflitos

    Amesterdão reformulou igualmenteos objectivos da União em matériade segurança e defesa, abrindo aperspectiva de utilizar capacidadesmilitares e não militares em casos dedesastres humanitários. São estas aschamadas Missões de Petersberg,que vão desde operações de busca ede salvamento a intervenções demanutenção e restabelecimento dapaz.

    O Kosovo pôs a nu as lacunas dascapacidades militares colectivas exis-tentes na Europa e sublinhou anecessidade de uma política euro-peia de defesa estratégica. O enqua-dramento para tal foi definido peloslíderes da UE na Cimeira de Helsín-quia, em Dezembro de 1999, alturaem que acordaram estabelecer umaforça de reacção rápida e insistiramem procedimentos transparentes deconsulta e cooperação com a NATOe países não-UE. Também afirmaramclaramente que a NATO permaneceo alicerce da defesa colectiva dosseus membros e que a União Euro-peia apenas agirá nos casos em queesta organização enquanto tal nãoesteja envolvida.

    Tal como o demonstraram já expe-riências em locais tão distantes entresi como os Balcãs e Timor-Leste, a UEdeve estar preparada para reagirrápida e eficazmente quando neces-sário. Este é o requisito subjacenteao compromisso de Helsínquia: criar,até 2003, a capacidade de enviaraté 60 000 soldados no prazo de 60dias e mantê-los no terreno por umperíodo até um ano, desempenhan-do várias Missões de Petersberg. Ouso da força é, sem dúvida e sempre,uma solução de último recurso.

    A União Europeia podeorganizar acções de

    manutenção da paz emzonas conturbadas.

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    Outras leituras

    É possível encontrar mais informações sobre a política de relações externas da União Europeia atravésdo portal Internet intitulado «A União Europeia e o Mundo», em europa.eu.int/comm/world

    Este portal dá acesso temático aos diferentes aspectos das relações externas da UE (políticas externas,alargamento, comércio externo, política de desenvolvimento, ajuda humanitária e programas de coope-ração externa), bem como a notícias, comunicados de imprensa, pessoas de contacto, mailbox e outrosserviços.

    A Comissão Europeia tem delegações em quase todos os países do mundo. Os endereços podem serencontrados em: europa.eu.int/comm/external_relations/repdel

    O Conselho de Ministros da UE apresenta informações sobre a política europeia de segurança comumda UE em: ue.eu.int/Pesc/default.asp?lang=pt

    A Comissão Europeia está determi-nada em desempenhar plenamenteo seu papel no processo, emboraeste seja organizado, em larga medi-da, numa base intergovernamental enão em conformidade com procedi-mentos utilizados na maioria deoutros assuntos comunitários. Aindaque não possua quaisquer compe-tências em assuntos militares, aComissão tem os meios e a experiên-cia para dar um valioso contributoem questões de índole não militar.Entre esses, conta-se o incentivo auma economia saudável, susceptívelde ajudar a desenvolver uma baseindustrial e tecnológica de defesacompetitiva e aberta na Europa.

    Em segundo lugar, a Comissão e aUnião têm uma missão a desempe-nhar em matéria de prevenção deconflitos e gestão de crises. Estesprocessos envolvem, obviamente,áreas como o auxílio humanitário, areabilitação e a reconstrução, e ain-da meios mais indirectos queincluem ajuda à aplicação da legis-lação, o reforço da capacidade insti-tucional e a política comercial. Ini-ciativas recentes incluíram opera-ções de desactivação de minas naBósnia, o restabelecimento de umaforça policial viável na Albânia e apromoção da reconstrução e reconci-liação no Kosovo.

  • Comissão Europeia

    A União Europeia e o Mundo

    Série: A Europa em Movimento

    Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias

    2001 — 35 p. — 16,2 x 22,9 cm

    ISBN 92-828-8264-0

    A União Europeia trabalha para assegurar uma Europa de estabilidade e paz, cuja voz se faz ouvir no mundo. A UE é um importante parceiro de cooperação em todas as regiões do globo, assumindo-se como o maior parceiro comercial do mundo, sendo particularmente activa na promoção da dimensão humana das relaçõesinternacionais, nomeadamente a solidariedade social, os direitos humanos e a democracia.

    A presente brochura destaca todos os aspectos das relações da União Europeia com outros países e povos domundo. Entre estes aspectos, contam-se os laços comerciais, a política de defesa e segurança comum, a ajuda aodesenvolvimento que visa combater a pobreza em todo o mundo, o auxílio humanitário e o próximo alargamentoda UE a um número significativo de novos Estados-Membros.

  • GABINETE DA COMISSÃO EUROPEIA

    Gabinete em PortugalCentro Europeu Jean MonnetLargo Jean Monnet, 1-10.°P-1269-068 LisboaTel.: (351) 213 50 98 00Internet: euroinfo.ce.pt

    GABINETE DO PARLAMENTO EUROPEU

    Gabinete em PortugalCentro Europeu Jean MonnetLargo Jean Monnet, 1-6.°P-1269-070 LisboaTel.: (351) 213 57 80 31 æ 213 57 82 98Fax: (351-21) 354 00 04Internet: www.parleurop.ptE-mail: [email protected]

    Existem representações ou gabinetes da Comissão