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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS PROFESSOR SERGIO HENRIQUE AULA 2 1 A escravidão na História Olá pessoal. Vamos à mais uma aula muito importante. Vamos analisar o histórico da formação da sociedade brasileira e a influência africana nela. Foram mais de três séculos de escravidão africana em nosso país e as suas marcas são sentidas até hoje. A cultura africana influenciou profundamente a formação da nossa sociedade. Podemos sentir isso no nosso vocabulário, jeito de falar, nossa cultura afetiva e ritmos, porém também herdamos as cicatrizes de uma sociedade escravista e ainda há racismo e uma cidadania incompleta à muitos afrodescendentes. A escravidão é uma instituição muito antiga na humanidade e já ocorria nos primórdios da civilização humana no Egito e Mesopotâmia. As sociedades clássicas (Grega e Romana) eram escravistas e tinham neste modo de produção a organização fundamental de sua economia e organização social. Os gregos e romanos desprezavam o trabalho manual e quem os realizava. Os escravos eram tidos como seres inferiores e na condição de animais. As formas mais comuns de se tornar escravo na antiguidade eram através de Guerra (prisioneiros) ou dívida. O que caracteriza a escravidão é o fato da pessoa ter sido reduzida a condição de objeto, portanto propriedade privada, que pode ser comprada e vendida e não a rotina rigorosa de trabalho. Na escravidão grega e romana o cativo (que vive em cativeiro) podia ser usado no trabalho agrícola ou nas minas, em que tinham uma vida miserável e superexplorada por um trabalho rigoroso, no entanto podiam ser escravos caseiros e de figuras políticas importantes, e seu trabalho podia ser cuidar da casa ou dos negócios de seu dono, enquanto ele se dedicava à filosofia e política. Portanto o que caracteriza a condição de escravo é a de ser uma propriedade. Na antiguidade não se baseava em critérios raciais.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS PROFESSOR SERGIO HENRIQUE

AULA 2

1

A escravidão na História

Olá pessoal. Vamos à mais uma aula muito importante. Vamos analisar o

histórico da formação da sociedade brasileira e a influência africana nela. Foram mais

de três séculos de escravidão africana em nosso país e as suas marcas são sentidas

até hoje. A cultura africana influenciou profundamente a formação da nossa

sociedade. Podemos sentir isso no nosso vocabulário, jeito de falar, nossa cultura

afetiva e ritmos, porém também herdamos as cicatrizes de uma sociedade escravista

e ainda há racismo e uma cidadania incompleta à muitos afrodescendentes.

A escravidão é uma instituição muito antiga na humanidade e já ocorria nos

primórdios da civilização humana no Egito e Mesopotâmia. As sociedades clássicas

(Grega e Romana) eram escravistas e tinham neste modo de produção a organização

fundamental de sua economia e organização social. Os gregos e romanos

desprezavam o trabalho manual e quem os realizava. Os escravos eram tidos como

seres inferiores e na condição de animais. As formas mais comuns de se tornar

escravo na antiguidade eram através de Guerra (prisioneiros) ou dívida. O que

caracteriza a escravidão é o fato da pessoa ter sido reduzida a condição de objeto,

portanto propriedade privada, que pode ser comprada e vendida e não a rotina

rigorosa de trabalho. Na escravidão grega e romana o cativo (que vive em cativeiro)

podia ser usado no trabalho agrícola ou nas minas, em que tinham uma vida

miserável e superexplorada por um trabalho rigoroso, no entanto podiam ser

escravos caseiros e de figuras políticas importantes, e seu trabalho podia ser cuidar

da casa ou dos negócios de seu dono, enquanto ele se dedicava à filosofia e política.

Portanto o que caracteriza a condição de escravo é a de ser uma propriedade. Na

antiguidade não se baseava em critérios raciais.

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A escravidão mercantil da idade

moderna

O trabalho escravo africano foi introduzido no Brasil pelos colonizadores

portugueses. Era uma forma de escravidão com alguns elementos diferentes da

escravidão antiga. Ela se caracterizou por ser uma modalidade de escravidão

mercantilista e baseada em critérios raciais. Os europeus possuíam uma visão

eurocêntrica do mundo e consideravam-se portadores da civilização. Entre os

fatores que faziam os europeus sentirem-se superiores era a tradição da religião

católica e inclusive um dos fatores que estimulou os portugueses colonizarem o Brasil

era a expansão dessa fé. Essa visão justificou moralmente a escravidão do africano:

Converteriam os negros “salvando suas almas”, em troca trabalhariam aqui na terra.

Os portugueses poderiam ter escravizado os indígenas encontrados por aqui, mas

além da resistência tribal, os índios eram defendidos pela Igreja Católica que os

convertiam nas Missões Jesuíticas. Mas o que explica realmente a opção pela

escravidão dos africanos? A resposta encontraremos na dinâmica econômica da

época: Os escravos africanos eram valiosos e seu trafico movimentava um comércio

riquíssimo no atlântico sul (entre Brasil e África). Inclusive as maiores fortunas no

Brasil colonial eram de traficantes de escravos, mais ricos e poderosos que os

senhores de engenho.

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Comércio

triangular

A escravidão africana

As tribos africanas também conheciam a escravidão. Ela era bastante diferente

da introduzida pelos europeus. Tratando-se de uma forma de escravidão que

submetia as tribos derrotadas em guerra. Os derrotados eram humilhados e

submetidos à escravidão por temporadas. Após algum tempo os homens eram

libertados, e mantinham certo grau de dignidade das pessoas com a manutenção de

seus nomes, famílias e até casas. Não se tornariam mercadorias até a introdução

desta dinâmica pelos europeus. O português passou a mudar profundamente a

dinâmica interna das tribos africanas, ao negociar os prisioneiros de guerra que

passaram a ser vendidos através do escambo: Eram trocados por cachaça e tabaco.

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As feitorias, mercados de escravos e o

tráfico negreiro

Assim que os africanos eram capturados e vendido aos portugueses eles eram

levados ao litoral até as feitorias.

Feitorias eram grandes fortes militares que eram estabelecidos no litoral. Além de

defesa militar eram também usados para armazenas mercadorias. Era uma prática

comum dos portugueses a construção de feitorias em todo o seu Império Colonial. No

Brasil armazenavam Pau-Brasil no período colonial. Na África, em Angola e na Guiné

armazenavam africanos escravizados até a chegada dos navios negreiros. Cuidado

para não confundir o termo feitor com feitorias. Os feitores eram capatazes

responsáveis pelo trabalho escravo nas lavouras, pelos castigos e disciplina dos

negros.

Eram embarcados nos navios negreiros superlotados. Eram acorrentados com os

braços entre as pernas e recebiam uma alimentação pobre em meio à péssimas

condições sanitárias. No trajeto a mortalidade era muito alta e eram jogados os

mortos e doentes ao mar. Isso rendeu a eles o apelido de “navios tumbeiros”.

Chegados aqui eram desembarcados e expostos nos mercados de escravos.

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Como era a vida do escravo

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Toda a vida no Brasil foi permeada pelo trabalho escravo. As principais regiões

produtoras de cana e ouro formaram as principais concentrações populacionais

concentrações. Mas uma diferença ocorria. Era bem diferente a escravidão nas minas

que nas regiões produtoras de açúcar. No nordeste foi implantado o plantation da

cana de açúcar com a mão de obra escrava africana. A sociedade toda era rural e a

vida de todos circulavam em torno da grande propriedade e a vida lenta em torno da

“Casa Grande e Senzala”. Haviam os escravos da lavoura e os caseiros. Os primeiros

submetidos sempre aos rigores do trabalho que iniciava às madrugadas e rasgava dia

adentro, e aos rigores do chicote do Feitor ou do Capitão do Mato. Os segundos

submetidos aos caprichos do senhor, da “sinhá”e dos “sinhozinhos”. Durante o ciclo

da cana de açúcar o Brasil não conheceu a vida urbana, mesmo considerando a

urbanização que foi feita em Pernambuco pelos holandeses que lá estiveram

invadindo pelo século XVII. O ciclo do Ouro transformou profundamente o país. Para

lá migraram milhares de pessoas, que se aglomeraram de forma bastante

desordenada surgindo aqui nossa primeira experiência com a urbanização: A

urbanização espontânea que se seguiu ao aglomerarem milhares de pessoas nas

minas, fazendo acontecer uma dinâmica de urbanização, com desenvolvimento do

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comércio e de um mercado consumidor interno. A escravidão nas minas fora tanto

uma escravidão extremamente desgastante nas lavras, como também escravos

urbanos. Os escravos de lavras (minas) além do árduo trabalho de romper a rocha e

escavar as minas, estavam submetidos à um clima frio e úmido a maior parte do ano

e a umidade das minas. As doenças eram freqüentes e a expectativa destes homens

escravizados era de bem menos que uma década. Já a experiência da escravidão

urbana trouxe algumas modalidades de escravidão muito particulares, como por

exemplo os chamados escravos de ganho.Eram escravos pertencentes à pessoas de

pequena fortuna, comerciantes e vendedores, que adquiriam seus escravos e os

colocavam para trabalhar em troca de uma suave compra de sua alforria. Muitos

africanos não só conseguiram comprar a própria alforria, mas também de outros

membros de suas tribos originárias e em outros casos, apesar da segregação racial,

enriqueceram e tornaram-se proprietários de escravos.

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Formas de resistência do africano

A escravidão é uma forma de submissão muito violenta. Violenta em muitos

sentidos: Não somente é cruel devido a enorme violência física praticada, mas a

violência moral à que é submetido o escravizado. Entre as razões da alta mortalidade

entre a captura no interior da áfrica e a fazenda em que viverá era a violência

praticada para inibir reações de resistência e tentativas de revolta. Nas feitorias

africanas ainda eram separadas as famílias, tribos e línguas. Misturavam diversos

dialetos e tribos inimigas nos mesmos navios. Tudo isso para evitar a comunicação e

inibir revoltas. O mesmo procedimento era feito no Brasil nos mercados escravos e

senzalas. Muitos africanos não aceitaram a condição e reagiram de diversas formas,

que caracterizam a resistência a escravidão. Ela acontecia de diversas formas, desde

o suicídio até a formação de quilombos.

As principais formas de resistência eram:

Suicídio

Abortos

Revolta contra os feitores e senhores, tomando a fazenda

Trabalho lento

Fugas

Formação de quilombos

E devemos destacar também as formas de resistência culturais tais como:

A capoeira

A manutenção das práticas culturais religiosas como o candomblé ou sua

mistura (sincretismo) com o catolicismo quer dará origem à umbanda.

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O processo de abolição da escravidão

O fim da escravidão no Brasil ocorreu em 13 de maio de 1888. O ultimo pais da

América a abolir a escravidão. Foi o resultado de um processo que teve seu início no

ano de 1950, com a promulgação da lei Eusébio de Queiroz, que proibia o trafico

de escravos. Podemos caracterizar o processo de abolição da escravidão como

gradual, pois foi um lento processo legislativo e intelectual associado às praticas da

resistência dos negros à escravidão e as transformações que estavam ocorrendo na

economia e políticas nacionais .Vamos analisar melhor este processo:

Durante o século XIX a economia brasileira era totalmente dependente da

Inglaterra. Esta dependência remonta ao ano de 1808 quando a Família real

portuguesa transferiu-se junto com a corte para o Brasil, e assim o príncipe

regente D.João VI declarou a “abertura dos portos às nações amigas. Em 1810

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assinou com os ingleses os “tratados de comércio e navegação com à s nações

amigas”.(lembre-se que neste contexto a corte foi transferida devido às ameaças de

Napoleão Bonaparte e foram escoltados pela marinha inglesa ). Desde esta época

éramos totalmente dependente da importação dos industrializados ingleses e nossa

diplomacia era normalmente alinhada com os interesses ingleses. Já na época dos

tratados de comercio e navegação, constava uma clausula em que o Brasil se

comprometia a dar inicio ao processo do fim da escravidão abolindo o trafico de

escravos. Em 1831 é promulgada uma lei no império que não foi cumprida. Ela foi

aprovada mais para atender às pressões inglesas. Essa e outras medidas tomadas

com o intuito de aparentar uma iniciativa pelo fim da escravidão ficaram conhecidas

como leis para inglês ver.

Mudança de contexto e pressões

internacionais

A balança comercial brasileira passava por freqüentes déficits por volta da

quarta década do século XIX. Era ainda o inicio do cultivo do café no RJ e as receitas

do Estado Monárquico dependiam bastante dos impostos de importação (já que

éramos pouco industrializados e nossos produtores rurais possuíam muitos privilégios

fiscais e econômicos). No ano de 1944 o então ministro da fazenda Manuel Alves

Branco que criou uma nova tarifa protecionista. Os ingleses tinham privilégios nos

impostos que eram impressionantes. Pagavam uma taxa de 15% ad valorem (sobre o

valor do produto). Para termos uma idéia, quando esta taxa foi instituída nos tratados

de 1810, Portugal pagava 16% para exportar para o Brasil que era seu próprio

território. Era uma forma de além de aumentar a arrecadação do Estado servia de

estimulo a iniciativa da industria nacional, que ainda não havia se desenvolvido por

ser muito pouco competitiva. Foi criada a tarifa Alves Branco, uma tarifa protecionista

que aumentava os impostos sobre os produtos ingleses. A Inglaterra reagiu

violentamente e determinou o Bill Aberdeen: A Inglaterra declarou que derrubaria

todos os navios negreiros brasileiros em qualquer ponto entre a África e nossa costa.

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A reação inglesa estimulou a criação em 1850 da lei Eusébio de Queiroz (Abolição

do trafico negreiro), que desta vez foi posta em prática.

No mesmo ano foi criada a lei de terras. Com o fim do trafico de escravos, sabíamos

que em algum momento a escravidão acabaria pela diminuição constante do número

de escravos. Estávamos portanto diante de um problema importante: a certa falta de

mão de obra. Neste contexto começa a imigração européia para o Brasil. A lei de

terra era uma forma de impedir que pudessem estes estrangeiros ou negros

alforriados consiguirem se tornarem posseiros ou comprarem terra no Brasil. A lei

proibia posseiros e determinava que toda propriedade deveria ser vendida em leilão

público e paga à vista. Falaremos novamente deste assunto na aula de formação da

estrutura agrária do Brasil.

Entre as conseqüências mais imediatas da lei Eusébio de Queiroz foram:

O aumento do trafico interno de escravos (as regiões de econômica decadente

como o nordeste ou o sul vendiam seus escravos para as propriedades do

sudeste que estava em pleno desenvolvimento do ciclo do café e tinham uma

grande demanda de mão de obra

O Brasil deu início ao estímulo da imigração estrangeira, principalmente os

alemães e italianos (estes dói países estavam em guerra para a formação de

seus Estados nacionais)

Por que trouxeram europeus?

Havia muitas pessoas para trabalhar no Brasil. Então por que trazer europeus:

A resposta poderá ser encontrada nas correntes do pensamento científico da época.

Havia uma corrente de pensamento que ficou conhecida como Darwinismo Social.

Eram teorias pseudocientíficas (falsas cientificamente) e racistas que eram bastante

aceitas na época. A miscigenação era vista como ruim e os negros, ameríndios e

asiáticos eram raças inferiores e eram dominadas pelos brancos europeus porque eles

eram raças mais evoluídas. Era esse pensamento que justificava a dominação

européia pelo mundo. Surgiu no Brasil a chamada Teoria do Branqueamento, que

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sugeria que para o Brasil desenvolver uma nação evoluída deveria miscigenar a

população com europeus para que ela fosse se embranquecendo. Essas teorias foram

muito aceitas até o inicio do século XX.

Surgiu na época o Movimento Abolicionista. Entre seus principais nomes

estavam o deputado nordestino Joaquim Nabuco, o Jornalista e advogado negro

Luis Gama e o poeta Castro Alves. Eram realizadas palestras, debates

manifestações e auxilio a fuga dos negros da senzala. Além da atuação urbana e

intelectual havia a poderosa defesa no parlamento federal pela abolição.

Havia uma preocupação entre os conservadores do processo abolicionista que

ela acabasse rapidamente. Entre 1850 e 1888 foram também aprovadas a lei de

1871 do ventre livre, de 1885 dos Sexagenários. Leis que foram feitas mais para

aplacar as exigências populares que efetivamente para dar fim a escravidão. Em

1888 à contragosto dos grandes cafeicultores cariocas foi assinada pela princesa

Isabel a Lei Áurea.

1850: Lei Eusébio de Queiroz

1871: Lei do Ventre Livre

1885: Lei dos Sexagenários

1888: Lei Áurea

Quando finalmente foi criada a lei que abolia definitivamente a escravidão, ela

já havia se tornado inviável. Com a diminuição do número de escravos eles se

tornaram muito caros, e o trabalho das fazendas paulistas que concentravam os

imigrantes italianos tinham se mostrado muito mais produtivas e viáveis. A

escravidão por fim já era um mal negócio

Heranças da escravidão na cultura e

sociedade

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De acordo com Gilberto Freyre o Brasil é a síntese cultural do Europeu, Africano

e indígena. Do europeu herdamos a forma de organização do Estado, Religião, modo

de produção. Aos indígenas devemos grandes contribuições lingüísticas, alimentares

(a mandioca) e o hábito de banho diário. Ao africano devemos nossas raízes culturais

mais profundas. A influência não somente no vocabulário, mas também do jeito de

falar, a doçura das palavras e o amolecimento dos termos. Nossos ritmos são muito

influenciados (samba e percussões regionais), nossa alimentação (feijoada, acarajé),

e o jeito de ser do brasileiro, bastante alegre, receptivo e emotivo. Podemos

considerar estas heranças como positivas, mas há as marcas negativas e deletérias

deixadas pela escravidão. Talvez a mais evidente seja o racismo. Devemos destacar

também a dificuldade de desenvolver a cidadania para muitos afrodescendentes, que

após a abolição da escravidão foram abandonados e amontoados em cortiços urbanos

ou nas periferias, e numa ordem capitalista competitiva em que estavam inseridos.

vão passar por muitos rigores e desvantagens em um país, principalmente naquela

época muito racista, e vão ter muita dificuldade de superar estes obstáculos impostos

e desenvolver sua cidadania plena, tendo acesso ao ensino superior, trabalho digno

e moradia. Podemos citar também a sexualização do negro, e suas descrições na

literatura como exótico. Outra marca bastante profunda é ligada a forma como o

trabalho é visto pelas pessoas. A cultura brasileira se formou sob uma situação em

que todo o trabalho braçal era realizado por escravos e foi inevitável que

desenvolvessem as elites e uma cultura social nacional de aversão a trabalhos

manuais. Isso ocorre devido a muito tempo estas atividades serem feitas por

escravos, daí a associação.

O Racismo no mundo

e no Brasil

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Racismo é um tipo de preconceito ligado a raça. Preconceito é algo mais amplo

e pode se manifestar contras grupos variados como estrangeiros (xenofobia) e

homossexuais (homofobia). Mas ao falarmos de racismo chegamos a um problema:

raça não existe. Ao compararmos os genomas de dois africanos com o de dois

alemães não são encontradas diferenças substantivas para fazermos subclassificações

entre os humanos. O conceito que usamos hoje para designar semelhanças físicas e

culturais é etnia. Durante muito tempo a idéia de raça era aceita e muitas decisões

políticas e medidas públicas foram tomadas tendo o pensamento racista como

referência, principalmente entre os intelectuais brasileiros na década de 20 e 30 como

Oliveira Viana. Entre os intelectuais, a partir da publicação em 1933 do livro “Casa

Grande e Senzala” do pernambucano Gilberto Freyre. Este livro inaugurou uma idéia

nova no ambiente intelectual brasileiro: quebrava com as idéias do pensamento

racista que viam pouca influencia do negro no Brasil e viam a miscigenação como

algo negativo. Inaugurava-se a ideologia, ou mito da Democracia racial proposta por

Freyre. Seu mérito é quebrar com uma corrente de pensamento racista, atribuir

virtudes a miscigenação, e uma influencia profunda do negro em nossa sociedade.

Muitos alegam que Gilberto Freyre tenha visto no Brasil uma democracia racial, pois

em outras partes do mundo, como os EUA, país em que Freyre realizou seus estudos,

o racismo tornou-se lei, impondo a segregação racial entre Brancos e Negros. Os dois

casos mais exemplares de racismo são justamente o praticado nos EUA até o final da

década de 60 e na África do Sul que aboliu o Apartheid (leis de segregação racial) em

1991. Tanto num caso quanto no outro ocorreu uma longa luta dos movimentos

sociais e partidos políticos em busca da aprovação das leis que garantiam direitos

civis aos negros. O líder do movimento pelos direitos civis nos EUA foi Martin Luther

King Jr. e o líder do movimento anti apartheid foi Nelson Mandela, falecido

recentemente, em dezembro de 2013. Ambos os lideres foram influenciados em

algum momento de suas carreiras de luta política pelas idéias de Mohandas Gandhi.

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O Brasil e as ações afirmativas: A

política de Cotas e o Estatuto da

igualdade racial

Ao chegarmos ao século XXI observamos um quadro estatístico que vem se

revertendo aos poucos: os índices socioeconômicos da população autodeclarada negra

no Brasil são substancialmente piores que os índices dos autodeclarados brancos. O

índice de analfabetismo é mais alto, a mortalidade infantil e a expectativa de vida

mais baixa. Salários mais baixos e em profissões menos prestigiadas. Esta

desigualdade nos índices é proveniente de condições históricas desiguais que foram

perpetuadas pelo pensamento racista e das desiguais condições de competição a que

as pessoas estavam submetidas no inicio da república. Na expectativa de reverter

este quadro, surgiram propostas de intervenção nesta realidade através de políticas

estatais (praticadas pelo Estado), as ações afirmativas: políticas públicas

destinadas a corrigir distorções históricas como esta que foi descrita. A idéia foi

implantada primeiro nos EUA, onde o racismo tomou proporções assustadoras. Entre

as políticas de ação afirmativa estão as cotas raciais para universidades e concursos.

Também há uma cota em propagandas públicas e a obrigatoriedade do ensino da

cultura negra e História africana.

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Fonte: Revista Veja

- Racismo e futebol: A banana espanhola de Daniel Alves e manifestação neonazista

na copa do mundo ao final do jogo Alemanha e Gana.

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Fonte: Folha de São Paulo

Caiu no ENEM e no Vestibular

1) (ENEM 2013) A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma guerra

servil, muito menos por insurreições ou atentados locais. Não deve sê-lo, tampouco,

por uma guerra civil,como o foi nos Estados Unidos. Ela poderia desaparecer, talvez,

depois de uma revolução, como aconteceu na França, sendo essa revolução obra

exclusiva da população livre. É no Parlamento e não em fazendas ou quilombosdo

interior, nem nas ruas e praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a causa

da liberdade.

NABUCO, J. O abolicionismo [1883]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira;

São Paulo: Publifolha, 2000 (adaptado).

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No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto político sobre como deveria ocorrer o

fim da escravidão no Brasil,no qual

A) copiava o modelo haitiano de emancipação negra.

B) incentivava a conquista de alforrias por meio de ações judiciais.

C) optava pela via legalista de libertação.

D) priorizava a negociação em torno das indenizações aos senhores.

E) antecipava a libertação paternalista dos cativos.

2) (ENEM 2013) Ninguém desconhece a necessidade que todos os fazendeiros têm de

aumentar o número de seus

trabalhadores. E como até há pouco supriam-se os fazendeiros dos braços

necessários? As fazendas eram alimentadas pela aquisição de escravos, sem o menor

auxílio pecuniário do governo. Ora, se os fazendeiros se

supriam de braços à sua custa, e se é possível obtê-los ainda, posto que de outra

qualidade, por que motivo não

hão de procurar alcançá-los pela mesma maneira, isto é, à sua custa?

Resposta de Manuel Felizardo de Sousa e Mello, diretor geral das Terras Públicas,

ao Senador Vergueiro. In: ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no

Brasil.

São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).

O fragmento do discurso dirigido ao parlamentar do Império refere-se às mudanças

então em curso no campo

brasileiro, que confrontaram o Estado e a elite agrária em torno do objetivo de

A) fomentar ações públicas para ocupação das terras do interior.

B) adotar o regime assalariado para proteção da mão de

obra estrangeira.

C) definir uma política de subsídio governamental para o

fomento da imigração.

D) regulamentar o tráfico interprovincial de cativos para

sobrevivência das fazendas.

E) financiar a fixação de famílias camponesas para

estímulo da agricultura de subsistência.

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3) (ENEM 2013) Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados em

soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embaixador do Rei do Congo

magnificamente ornado de seda azul para anunciar ao Senado que a vinda do Rei

estava destinada para o dia dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do povo

que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza.

Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro, Bahia apud DEL PRIORE, M. Festas e

utopias

no Brasil colonial. In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas populares

brasileiras.

São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado).

Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do Congo evidencia um

processo de

A) exclusão social.

B) imposição religiosa.

C) acomodação política.

D) supressão simbólica.

E) ressignificação cultural.

4) (ENEM 2013) A África também já serviu como ponto de partida para comédias bem

vulgares, mas de muito sucesso,

como Um príncipe em Nova York e Ace Ventura: um maluco na África; em ambas, a

África parece um

lugar cheio de tribos doidas e rituais de desenho animado. A animação O rei Leão, da

Disney, o mais bem-sucedido filme americano ambientado na África, não chegava a

contar com elenco de seres humanos.

LEIBOWITZ, E. Filmes de Hollywood sobre África ficam no clichê.

Disponível em: http://notícias.uol.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010.

A produção cinematográfica referida no texto contribui para a constituição de uma

memória sobre a África e seus habitantes. Essa memória enfatiza e negligencia,

respectivamente, os seguintes aspectos

do continente africano:

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A) A história e a natureza.

B) O exotismo e as culturas.

C) A sociedade e a economia.

D) O comércio e o ambiente.

E) A diversidade e a política.

5) (ENEM 2013) A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o

que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não

se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu

cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que

se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente.

MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais.

Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.

Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a

capoeira ou o candomblé,

deve considerar que elas

A) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.

B) perderam a relação com o seu passado histórico.

C) derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica

brasileira.

D) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.

E) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos

europeus.

6) (ENEM 2012) Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque

padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz

e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um

engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram

na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio,e outra vez para a esponja em

que lhe deram o fel. A

Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais

são as vossas noites e os

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vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo

em tudo maltratado, e vós

maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes

afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de

paciência, também terá merecimento de martírio.

VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).

O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de

Cristo e

A) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.

B) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.

C) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.

D) o papel dos senhores na administração dos engenhos.

E) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.

7) (ENEM 2012) Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes

dos europeus, foram os próprios africanos trazidos como escravos. E esta descoberta

não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas

culturais, inclusive à da religião. Há razões para pensar que os africanos, quando

misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre

si de elos culturais

mais profundos.

SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil.

Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-92 (adaptado).

Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da

África, a experiência da escravidão no Brasil tornou possível a

A) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.

B) superação de aspectos culturais africanos por antigas

tradições europeias.

C) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.

D) manutenção das características culturais específicas

de cada etnia.

E) resistência à incorporação de elementos culturais

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indígenas.

8) (ENEM 2012) Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós

nos recusamos a acreditar que há

capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este

cheque, um cheque que nos

dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.

KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963.

Disponível em: www.palmares.gov.br. Acesso em: 30 nov. 2011 (adaptado).

O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos Estados Unidos nos anos 1950,

conduziu à mobilização

social. Nessa época, surgiram reivindicações que tinham

como expoente Martin Luther King e objetivavam

A) a conquista de direitos civis para a população negra.

B) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço urbano.

C) a supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade negra sulista.

D) a incorporação dos negros no mercado de trabalho.

E) a aceitação da cultura negra como representante do modo de vida americano.

9) (ENEM 2012)

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O cartum, publicado em 1932, ironiza as conseqüências sociais das constantes

prisões de Mahatma Gandhi pelas

autoridades britânicas, na Índia, demonstrando

A) a ineficiência do sistema judiciário inglês no

território indiano.

B) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.

C) o caráter violento das manifestações hindus frente à

ação inglesa.

D) a impossibilidade de deter o movimento liderado

por Gandhi.

E) a indiferença das autoridades britânicas frente ao

apelo popular hindu.

10) (ENEM 2012) A singularidade da questão da terra na África Colonial é a

expropriação por parte do colonizador e as desigualdades raciais no acesso à terra.

Após a independência, as populações de colonos brancos

tenderam a diminuir, apesar de a proporção de terra em posse da minoria branca não

ter diminuído proporcionalmente.

MOYO, S. A terra africana e as questões agrárias: o caso das lutas pela terra no

Zimbábue.

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In: FERNANDES, B. M.; MARQUES, M. I. M.; SUZUKI, J. C. (Org.). Geografia

agrária:

teoria e poder. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

Com base no texto, uma característica socioespacial e um consequente

desdobramento que marcou o processo de

ocupação do espaço rural na África subsaariana foram:

A) Exploração do campesinato pela elite proprietária –Domínio das instituições

fundiárias pelo poder público.

B) Adoção de práticas discriminatórias de acesso à terra – Controle do uso

especulativo da propriedade

fundiária.

C) Desorganização da economia rural de subsistência– Crescimento do consumo

interno de alimentos

pelas famílias camponesas.

D) Crescimento dos assentamentos rurais com mão de obra familiar – Avanço

crescente das áreas rurais

sobre as regiões urbanas.

E) Concentração das áreas cultiváveis no setor agroexportador – Aumento

da ocupação da população

pobre em territórios agrícolas marginais.

11) Identifique as heranças negativas da escravidão na nossa sociedade.

12) Como denominamos a fusão de culturas? Dê exemplos da formação social do

brasil.

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13) (ENEM 2011)

Uma explicação de caráter histórico para o percentual da Religião com maior numero

de adeptos declarados no Brasil foi a existência, no passado colonial e monárquico, da

a) incapacidade do cristianismo de incorporar aspectos de outras religiões.

b) incorporação da idéia de liberdade religiosa na esfera publica.

c) permissão para o funcionamento de igrejas não cristas.

d) relação de integração entre Estado e Igreja.

e) influencia das religiões de origem africana.

14) (ENEM 2011) A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos

estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, a

obrigatoriedade do ensino sobre Historia e Cultura Afro-Brasileira e determina que o

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conteúdo programático incluirá o estudo da Historia da África e dos africanos, a luta

dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade

nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e

política pertinentes A Historia do Brasil, alem de instituir, no calendário escolar, o Dia

20 de novembro como data comemorativa do “Dia da Consciência Negra”.

Disponivel em: http://www.planalto.gov.br

Acesso em: 27 jul 2010 (adaptado).

A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também

para a sociedade brasileira, porque

a) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.

b) divulga conhecimentos para a população afrobrasileira.

c) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura.

d) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso a educação.

e) impulsiona o reconhecimento da pluralidade etnicoracial Do pais.

15) (ENEM 2011) O açúcar e suas técnicas de produção foram levados a Europa pelos

árabes no século VIII, durante a Idade Media, mas foi principalmente a partir das

Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou

a ser importado do Oriente Médio e produzido em pequena escala

no sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro,

chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras.

CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil

(1681-1716). Sao Paulo: Atual, 1996.

Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido

por Portugal para dar

inicio a colonização brasileira, em virtude de

a) o lucro obtido com o seu comercio ser muito vantajoso.

b) os árabes serem aliados históricos dos portugueses.

c) a Mao de obra necessária para o cultivo ser

insuficiente.

d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização

desse produto.

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e) os nativos da America dominarem uma técnica de

cultivo semelhante.

16) (ENEM 2011) Em geral, os nossos tupinambá ficam bem admirados ao ver os

franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu

ara bota, isto e, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta

pergunta: “Por que

vindes vos outros, mais e pêros (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe

para vos aquecer? Nao tendes madeira em vossa terra?”

LERY, J. Viagem a Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil.

Sao Paulo: Difel, 1974.

O viajante Frances Jean de Ler (1534-1611) reproduz um dialogo travado, em 1557,

com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade

européia e a indígena no sentido

a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais.

b) da preocupação com a preservação dos recursos

ambientais.

c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil.

d) da curiosidade, reverencia e abertura cultural recíprocas.

e) da preocupação com o armazenamento de madeira

para os períodos de inverno.

17) (ENEM 2011)

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Foto de Militar, Sao Paulo, 1879.

ALENCASTRO, L. F. (org.). Historia da vida privada no Brasil.

Império a corte e a modernidade nacional.

Sao Paulo: Cia. das Letras, 1997.

Que aspecto histórico da escravidão no Brasil do sec. XIX pode ser identificado a

partir da analise do vestuário do casal retratado acima?

a) O uso de trajes simples indica a rápida incorporação dos ex-escravos ao mundo do

trabalho urbano.

b) A presença de acessórios como chapéu e sombrinha aponta para a manutenção de

elementos culturais de origem africana.

c) O uso de sapatos e um importante elemento de diferenciação social entre

negros libertos ou em melhores Condições na ordem escravocrata.

d) A utilização do paletó e do vestido demonstra a

tentativa de assimilação de um estilo europeu como

forma de distinção em relação aos brasileiros.

e) A adoção de roupas próprias para o trabalho domestico

tinha como finalidade demarcar as fronteiras da

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Exclusão social naquele contexto.

18) Das contribuições dos negros para a cultura brasileira, não podemos considerar:

a) as religiões umbanda e candomblé;

b) O samba e o frevo, entre outros ritmos;

c) o bumba-meu-boi e a congada;

d) palavras como Ubatuba, Jequitibá, Itaú, guaraná, tapioca, etc.;

e) a feijoada, o vatapá, o acarajé.

19) (ENEM) Você está estudando o abolicionismo no Brasil e ficou perplexo ao ler o

seguinte documento:

Texto 1

Discurso do deputado baiano Jerônimo Sodré Pereira - Brasil 1879

No dia 5 de março de 1879, o deputado baiano Jerônimo Sodré Pereira, discursando

na Câmara, afirmou que era preciso que o poder público olhasse para a condição de

um milhão de brasileiros, que jazem ainda no cativeiro. Nessa altura do discurso foi

aparteado por um deputado que disse: "BRASILEIROS, NÃO".

Em seguida, você tomou conhecimento da existência do Projeto Axé (Bahia), nos

seguintes termos:

Texto 2

Projeto Axé, Lição de cidadania - 1998 - Brasil

Na língua africana lorubá, axé significa força mágica. Em Salvador, Bahia, o Projeto

Axé conseguiu fazer em apenas três anos, o que sucessivos governos não foram

capazes: a um custo dez vezes inferior ao de projetos governamentais, ajuda

meninos e meninas de rua a construírem projetos de vida, transformando-os de

pivetes em cidadãos.

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A receita do Axé é simples: competência pedagógica, administração eficiente,

respeito pelo menino, incentivo, formação e bons salários para os educadores. Criado

em 1991 pelo advogado e pedagogo italiano Cesare de Florio La Rocca, o Axé atende

hoje a mais de duas mil crianças e adolescentes.

A cultura afro, forte presença na Bahia, dá o tom do Projeto Erê (entidade criança do

candomblé), a parte cultural do Axé. Os meninos participam da banda mirim do

Olodum, do Ilé Ayê e de outros blocos, jogam capoeira e têm um grupo de

teatro.Todas as atividades são remuneradas. Além da bolsa semanal, as crianças têm

alimentação, uniforme e vale-transporte. Com a leitura dos dois textos, você

descobriu que a cidadania:

a) jamais foi negada aos cativos e seus descendentes.

b) foi obtida pelos ex-escravos tão logo a abolição fora decretada.

c) não era incompatível com a escravidão.

d) ainda hoje continua incompleta para milhões de brasileiros.

e) consiste no direito de eleger deputados.

20) (ENEM) Comer com as mãos era um hábito comum na Europa, no século XVI. A

técnica empregada pelo índio no Brasil e por um português de Portugal era, aliás, a

mesma: apanhavam o alimento com três dedos da mão direita (polegar, indicador e

médio) e atiravam-no para dentro da boca. Um viajante europeu de nome Freireyss,

de passagem pelo Rio de Janeiro, já no século XIX, conta como "nas casas das roças

despejam-se simplesmente alguns pratos de farinha sobre a mesa ou num balainho,

donde cada um se serve com os dedos, arremessando, com um movimento rápido, a

farinha na boca, sem que a mínima parcela caia para fora". Outros viajantes

oitocentistas, como John Luccock, Carl Seidler, Tollenare e Maria Graham descrevem

esse hábito em todo o Brasil e entre todas as classes sociais. Mas para Saint-Hilaire,

os brasileiros "lançam a [farinha de mandioca] à boca com uma destreza adquirida,

na origem, dos indígenas, e que ao europeu muito custa imitar". Aluísio de Azevedo,

em seu romance "Girândola de amores" (1882), descreve com realismo os hábitos de

uma senhora abastada que só saboreava a moqueca de peixe "sem talher, à mão".

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Dentre as palavras listadas a seguir, assinale a que traduz o elemento comum às

descrições das práticas alimentares dos brasileiros feitas pelos diferentes autores do

século XIX citados no texto.

a) Regionalismo (caráter da literatura que se baseia em costumes e tradições

regionais).

b) Intolerância (não-admissão de opiniões diversas das suas em questões sociais,

políticas ou religiosas).

c) Exotismo (caráter ou qualidade daquilo que não é indígena; estrangeiro;

excêntrico, extravagante).

d) Racismo (doutrina que sustenta a superioridade de certas raças sobre outras).

e) Sincretismo (fusão de elementos culturais diversos, ou de culturas

distintas ou de diferentes sistemas sociais).

21) (ENEM)

Considerando a linha do tempo acima e o processo de abolição da escravatura no

Brasil, assinale a opção correta.

a) O processo abolicionista foi rápido porque recebeu a adesão de todas as correntes

políticas do país.

b) O primbbbeiro passo para a abolição da escravatura foi a proibição do uso dos

serviços das crianças nascidas em cativeiro.

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c) Antes que a compra de escravos no exterior fosse proibida, decidiu-se pela

libertação dos cativos mais velhos.

d) Assinada pela princesa Isabel, a Lei Áurea concluiu o processo

abolicionista, tornando ilegal a escravidão no Brasil.

e) Ao abolir o tráfico negreiro, a Lei Eusébio de Queirós bloqueou a formulação de

novas leis antiescravidão no Brasil.

22) (UNESP) Todo trabalho é realizado pelos pretos, toda a riqueza é adquirida por

mãos negras, porque o brasileiro não trabalha, e quando é pobre prefere viver como

parasita em casa dos parentes e de amigos ricos, em vez de procurar ocupação

honesta.

(Ina von Binzer. Alegrias e tristezas de uma educadora alemã no Brasil, 1881.)

Segundo a visão da educadora alemã, a sociedade brasileira, no final do século XIX,

caracterizava-se pela

a) grande generosidade dos brasileiros brancos ricos, que protegiam a população

mais pobre.

b) desclassificação das atividades manuais, consideradas contrárias à

própria noção de liberdade.

c) desigualdade social, ainda que houvesse mecanismos institucionais de distribuição

de renda.

d) predominância de famílias diminutas, ainda que conservando seu caráter

patriarcal.

e) presença do trabalho assalariado, que permitia significativa acumulação de capital

Gabarito: 1-c,2-c,3-e,4-b,5-c,6-e,7-a,8-a,9-d,10-e, 13-d,14-e,15-a,16-a,17-c,18-d,19-d,20-e,21-d,22-b

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