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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRNDE DO NOTE - UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA GERALDO VIEIRA DE LUCENA A ERGONOMIA, BIBLIOTECA E O TRABALHLO DO BILBIOTECÁRIO NA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA Orientadora: Profª. MSc. Maria Do Socorro de Azevedo Borba NATAL – RN 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRNDE DO NOTE - UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

GERALDO VIEIRA DE LUCENA

A ERGONOMIA, BIBLIOTECA E O TRABALHLO DO BILBIOTECÁRIO NA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

Orientadora: Profª. MSc. Maria Do Socorro de Azevedo Borba

NATAL – RN 2009

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GERALDO VIEIRA DE LUCENA

A ERGONOMIA, BIBLIOTECA E O TRABALHLO DO BILBIOTECÁRIO NA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

Monografia apresentada à Disciplina Monografia, ministrada pelas professoras Maria do Socorro Azevedo Borba e Renata Passos Filgueira de Carvalho, do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do rio Grande do Norte, para fins de avaliação. Orientadora: Profª. MSc. Maria Do Socorro de Azevedo Borba

NATAL – RN 2009

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Catalogação da Publicação na Fonte

L935e Lucena, Geraldo Vieira de A ergonomia, a biblioteca e o trabalho bibliotecário na biblioteca universitária / Geraldo Vieira de Lucena; Maria do socorro de Azevedo Borba (Orient.). – Natal, 2009.

56f.

Orientação: Profª MSc. Maria do socorro de Azevedo Borba. Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais e Aplicadas. Departamento de Bibliotecnomia.

1. Ergonomia e biblioteca - Monografia. 2. Trabalho bibliotecário - Monografia. 3. Biblioteca universitária - Monografia. 4. Saúde no trabalho – Monografia. I. Borba, Maria do socorro de Azevedo. II. Universidade Federal do rio Grande do Norte. III. Título.

CDU: 005.961+ 027.7

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GERALDO VIEIRA DE LUCENA

A ERGONOMIA, BIBLIOTECA E O TRABALHO DO BILBIOTECÁRIO NA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

Monografia apresentada à Disciplina Monografia, ministrada pelas professoras Maria do Socorro Azevedo Borba e Renata Passos Filgueira de Carvalho do Departamento

de Biblioteconomia da UFRN, para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia.

Monografia aprovada em ___ de dezembro de 2009

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Profª MSc. Maria do Socorro de Azevedo Borba

(ORIENTADORA)

________________________________________________________ Profª MSc. Renata Passos Filgueira de Carvalho

(PROFª DA DISCIPLINA)

________________________________________________________ Profª Dra. Eliane Ferreira da Silva

(MEMBRO DA BANCA)

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"Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende da nossa vontade e perseverança".

Albert Einstein

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo o dom da vida, aos meus familiares, pelo o apoio,

incentivo, tolerância e paciência, que dedicaram durante todo o transcorrer do curso.

Ao ensino público, por ter me proporcionado mais uma oportunidade de

ampliar meus conhecimentos, uma vez que toda minha trajetória de vida e

profissional devo aos meus esforços e a escola pública.

Lamento pelo descaso e irresponsabilidade das autoridades políticas do país,

com raras exceções, por terem negligenciado esse bem tão precioso, garantido pela

Carta Magna, à Constituição Federal, chamado de EDUCAÇÃO, atendendo aos

apelos dos gananciosos com sua mercantilização, fazendo com que a educação se

transformasse em um bem de consumo igual a tantos outros.

A todos que fazem o Departamento de Biblioteconomia da UFRN:

professores, servidores e bolsistas, pelo apoio, incentivo, dedicação e zelo na

condução do processo de profissionalização de seus alunos.

Em especial, a Profª Drª Eliane Ferreira da Silva pela oportunidade de poder

enveredar por este tema, através de disciplina cursada e ministrada por ela,

inclusive a motivação pela pesquisa foi através de trabalho feito em sua disciplina.

Reforçar inclusive que tive oportunidade de iniciar as primeiras orientações do TCC

ano passado com ela, porém por problemas ocorridos, não podemos concluir.

Gostaria, de agradecer o seu empenho em poder participar de minha banca, pois o

convite foi feito e ela aceitou de bom grado.

Não poderia deixar de ressaltar também a profª Renata Passos Filgueira de

Carvalho, com suas sugestões, de conversas em fins de aulas, nos corredores, nos

seminários. Também por ter sido ela minha orientadora do estágio curricular com

todo apoio e dedicação.

A professora, MSc. Maria do Socorro de Azevedo Borba, NÉ, TÁ CERTO!

minha orientadora do TCC, um agradecimento em particular, pelo apoio, incentivo,

motivação e por acreditar em minha capacidade de realizar tal feitura. Pelo

acolhimento afetuoso em todas as horas que a procurei, muitas vezes até pensando

em desistir, abandonar, deixar pra lá e ela sempre paciente, com uma palavra de

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incentivo me deu forças para continuar, obrigado pela sua disposição tão generosa

no apoio concedido neste momento tão importante de minha vida.

Em fim, agradeço a amizade de todos os colegas com quem tive a honra e a

oportunidade de conviver durante todos esses anos, pela troca de experiências, pelo

aprendizado, pelo acolhimento fraterno, pelas discórdias decorrentes de

pensamentos divergentes em prol do consenso de opiniões e por todos os

mementos que vivenciamos, que com certeza, irão marcar nossas vidas para

sempre. Por ultimo agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente,

contribuíram, de alguma forma, para a concretização deste momento.

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RESUMO

Apresenta a relevância da ergonomia e o que ela é capaz de proporcionar ao bibliotecário, especificamente em bibliotecas universitárias, uma vez que ela é uma valiosa ferramenta de prevenção quanto à questão dos riscos potenciais à sua saúde no que diz respeito ao ambiente e os instrumentos que a área de biblioteconomia utiliza em seu fazer diário. Buscou apresentar os conceitos e as aplicações ergonômicas que devem ser utilizadas nas bibliotecas, tanto do ponto de vista físico, social, cognitivo e organizacional. Procurou estabelecer parâmetros que possibilitem uma melhor acomodação e melhores condições de trabalho para bibliotecários, auxiliares e usuários da biblioteca universitária, condições estas que lhes proporcionem o máximo de conforto, segurança, saúde, bem estar e desempenho eficiente. Para tanto, em termos de procedimento metodológico recorreu-se á uma pesquisa documental em suportes bibliográficos e eletrônicos nos seguintes temas: ergonomia, trabalho, biblioteca universitária e saúde no trabalho; como procedimento de pesquisa também foi realizado visita informal em bibliotecas universitárias, nas quais tentou se observar se as mesmas utilizam as práticas ergonômicas recomendadas. Os resultados da pesquisa constataram que ergonomia é um instrumento de grande ajuda para o trabalho bibliotecário, pois por meio dela não só se pode corrigir situações, equipamentos e ambientes que causam fadiga e problemas de saúde para o bibliotecário, mas principalmente, quando se usada adequadamente, será um instrumento preventivo e que essa prevenção é fundamental para todos, pois não se deve esperar adoecer para se corrigir as posturas, mas evitar que os profissionais adoeçam em virtude do seu trabalho. Palavras-chave: Ergonomia. Trabalho bibliotecário. Biblioteca universitária. Saúde no trabalho.

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ABSTRACT

It presents the relevance of the ergonomics and what it is capable to provide to the librarian, specifically in university libraries, a time that it is a valuable tool of prevention how much to the question of the potential risks to its health in what she says respect to the environment and the instruments that the librarianship area uses in its to make daily. Specifically one searched to present the concepts and the ergonomic applications that must be used in the libraries, as much of the physical, social point of view and cognitive organizational. It searched to establish parameters that make possible one better room and better conditions of work for librarians, assistant and users of the university library, conditions these that provide the maximum of comfort, security, health, welfare to them and efficient performance. For in such a way, in terms of methodological procedures a documentary research in bibliographical and electronic supports in the following subjects is appealed to it: ergonomics, work, university library and health in the work; as research procedure also an informal visit was carried through the ten university libraries, in which it tried to observe itself if the same ones use practical the ergonomic ones recommended. The survey results found that ergonomics is an instrument of great help to the library work, for through it not only can correct situations, equipment and environments that cause fatigue and health problems for the librarian, but mainly when used properly will be a preventative tool and that prevention is crucial to all, do not expect to get sick if correct posture, but to professionals in sick because of their work. Key-words: Ergonomics. Work librarian. University library. Health in the work.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 10

2 METODOLOGIA................................................................................................. 15

3 A BIBLIOTECA E SUAS TRANSFORMAÇÕES............................................... 17

4 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA (BU)............................................................. 21

4.1 A SITUAÇÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA........................................... 23

5 A PROFISSÃO DE BIBLIOTECÁRIO................................................................ 26

6 ERGONOMIA: HISTÓRICO E EVOLUÇÃO...................................................... 32

6.1 ERGONOMIA NO BRASIL............................................................................... 34

6.2 ERGONOMIA: CONCEITOS........................................................................... 35

6.3 ABRANGÊNCIA DA ERGONOMIA.................................................................. 37

6.3.1 O trabalho e a ergonomia........................................................................... 38

7 A BIBLIOTECONOMIA NO OLHAR DA ERGONOMIA.................................... 41

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 51

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 53

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1 INTRODUÇÃO

No contexto atual em que vivem as mais diversas categorias profissionais, de

redefinição das relações de trabalho, de reestruturação produtiva, impõe aos

profissionais um acelerado ritmo de trabalho, uma vez que os baixos níveis salariais

oferecidos, quase que obrigam, muitas vezes, o profissional a buscar mais de um

vínculo de emprego, sendo submetido à dupla jornada de trabalho, se expondo a

situações diversas que podem comprometer a sua saúde.

A concorrência desenfreada no mercado de trabalho, inclusive, causada pelo

uso das novas tecnologias, a qual tem proporcionado, em diversas áreas, a

eliminação de postos de trabalho entre outras tantas situações, formam um conjunto

de fatores que exigem cada vez mais tempo, dedicação, comprometimento e

qualificação, bem como um aprofundamento do conhecimento sobre o

gerenciamento dos riscos e o importante papel que cabe a cada profissional na

busca de um ambiente de trabalho cada vez mais seguro para todos.

Essa realidade também é inerente ao bibliotecário, profissional que há anos

vêm trabalhando na organização e disponibilização do conhecimento, independente

da forma pela qual se apresente.

Percebe-se, através da pesquisa documental realizada, que quase nada tem

sido acrescentado às formas pelas quais as atividades são desenvolvidas por estes

profissionais, pois eles continuam executando suas atividades e oferecendo seus

serviços, praticamente com as mesmas condições de outrora, realidade essa,

questionada com o advento das novas tecnologias.

De acordo com a teoria e prática vivenciada por este pesquisador, este

estudo objetiva levar a uma análise sobre os serviços biblioteconômicos, os quais

pela suas características e dinâmica exigem uma qualificação que vai além de sua

capacitação técnica, uma vez que esta somente ocorre por meio da experiência

adquirida, tornando-se necessário o estabelecimento de uma metodologia para o

planejamento de serviços, que possa ser estruturada e baseada em conceitos

ergonômicos, a fim de que a representação mental do que seja trabalho, para o

bibliotecário, encontre reflexo no exercício diário de suas tarefas.

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Esta abordagem enfatiza a relevância do tema ergonomia e o que ela pode

proporcionar ao bibliotecário como solução na prevenção quanto à questão dos

riscos potenciais à sua saúde, a ineficiência, insegurança, insalubridade e

desconforto, que o ambiente onde este profissional atua e os instrumentos que

utilizam podem causar a sua vida e a sua saúde.

Embora seja um assunto atual, abrangente e de grande relevância, cuja

incidência possa ser fator de grande impacto, tanto para as organizações

empregadoras, como para o bibliotecário, não faz parte do conteúdo formativo e

nem tem sido explorado como objeto de interesse da ética profissional, pelas

instituições a que o bibliotecário está vinculado, como os Conselhos Federal e/ou

Regional, assim como pelas Associações de classe, levado a um total

desconhecimento da disciplina por parte dos profissionais.

Para o bibliotecário adquirir essa capacitação precisará adentrar nos

conhecimentos sobre outras áreas do saber que possibilite identificar as condições

dos ambientes de trabalho onde atua coletivamente, tanto do ponto de vista físico,

quanto cognitivo e organizacional.

Aparentemente as organizações empregadoras de bibliotecários,

principalmente as Instituições de Ensino Superior (IES), tanto públicas como

privadas e, principalmente as particulares, estão, quase que exclusivamente,

focadas no resultado de seu trabalho, até mesmo em face às exigências imposta

pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC), quanto ao peso atribuído ao item

biblioteca em suas avaliações de rotina para liberação dos cursos, onde sua

presença é indispensável, do que com o processo de sua realização. Pouco se

preocupando com aquilo que é ergonomicamente adequado para a execução das

tarefas de maneira que os riscos à saúde do profissional, durante esse processo,

sejam os menores possíveis.

A ergonomia se adapta a qualquer etapa da nossa vida, a qualquer profissão,

a todos os ambientes, desde a nossa casa, nos afazeres domésticos, até no meio

ambiente propriamente dito.

Na literatura é notória a escassez de textos discorrendo sobre o tema

ergonomia em relação à biblioteca e o trabalho do bibliotecário e, os poucos

existentes, quase sempre, tratam sobre a análise ergonômica nos postos e

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ambientes de trabalho, sem levar em consideração a própria organização deste,

mais um motivo de convergência da temática no campo de desenvolvimento e

acessibilidade dos afazeres biblioteconômicos.

Diante do exposto, a pesquisa tem como objetivo enfatizar a relevância do

tema ergonomia e o que ela é capaz de proporcionar ao bibliotecário como uma

valiosa ferramenta de prevenção quanto à questão dos riscos potenciais à sua

saúde que o ambiente onde atua e os instrumentos que utilizam podem causar.

Abordar sobre a aplicação dos conceitos ergonômicos na adaptação das

condições dos ambientes de trabalho onde atua coletivamente, tanto do ponto de

vista físico, quanto cognitivo e organizacional, visando estabelecer parâmetros que

possibilitem a acomodação das condições de trabalho às suas capacidades e

limitações de modo a propiciar um máximo de conforto, segurança, saúde, bem

estar e desempenho eficiente.

Bem como, apresentar a relevância da ergonomia como um instrumento

eficaz na prevenção de inúmeros problemas sociais relacionados à saúde,

segurança, conforto e eficiência motivados, quase sempre, através de falhas

humanas ocasionadas em decorrência de relacionamentos inadequados entre

profissionais e tarefas, em face à inobservância das capacidades e limitações

humanas no decorrer da elaboração do projeto do trabalho. Enfatizando sobre seu

histórico, evolução e conceitos, além de seu caráter interdisciplinar, fatores, métodos

e técnicas.

Por ser uma pesquisa na área da biblioteconomia, também tem como objeto

de estudo tratar sobre biblioteca e os riscos potenciais que os ambientes e

equipamentos disponibilizados aos profissionais e usuários estão sujeitos,

principalmente os atuantes em bibliotecas universitárias.

Enfatiza também, conceitos citados e utilizados no decorrer da pesquisa, tais

como: ergonomia, trabalho, biblioteca, saúde entre outros; assim como toda

fundamentação teórica que possa auxiliar como suporte para realização de análise

ergonômica dos ambientes onde o bibliotecário atua, envolvendo equipamentos e

organização do trabalho, levando-se em consideração tantos os aspectos físicos,

cognitivos, organizacionais e sociais.

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Visa o estabelecimento de parâmetros, que tem como objetivo contribuir para

uma melhor adequação das condições de trabalho às potencialidades, limitações e

necessidades, tanto físicas como psicológicas do bibliotecário, de modo que possa

melhorar a sua segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho.

Esta monografia está dividida em 8 capítulos, onde no primeiro se faz a

introdução, através de explicação sobre o tema e suas problematizações.

No segundo capítulo apresenta-se o método utilizado, que foi o de pesquisa

documental em suportes impressos e eletrônicos, bem como uma visita informal a

dez bibliotecas universitárias; tal visita teve como objetivo confrontar o que a teoria

de bem estar ergonômico apresenta e a prática profissional existente no mercado de

trabalho, resultando assim em uma pesquisa de caráter exploratório.

No terceiro capítulo, abordam-se as transformações ocorridas nas bibliotecas

no decorrer dos tempos, iniciando-se com uma apresentação histórica de sua

origem; quais são as principais características que elas apresentaram do decorrer

dos tempos e o que prevalece no atual contexto.

O quarto capítulo apresenta a biblioteca universitária, conceituando-a,

proporcionando uma discussão acerca da sua atual situação, bem como as

dificuldades que ela enfrenta.

No quinto capítulo ressalta a profissão do bibliotecário, a legislação que a

regulamenta e suas atribuições básicas; como também, o ambiente que este

profissional normalmente atua; a integridade física que tal ambiente proporciona; a

qualificação profissional que o bibliotecário deve buscar e o reconhecimento que

recebe perante a sociedade.

O capítulo sexto aborda o tema ergonomia, seu histórico e evolução no

decorrer dos tempos, tanto no contexto internacional como nacional; apresenta os

principais conceitos ergonômicos, a sua abrangência e a relação que a ergonomia

possui com o trabalho.

Enquanto no sétimo capítulo discute-se a biblioteconomia sob olhar da

ergonomia, ou seja, os benefícios que ela poderá trazer para o trabalho bibliotecário,

bem como, quais as condições ideais dos ambientes de trabalho e a postura que o

profissional deve assumir perante este ambiente.

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E por fim, nas considerações finais constata-se que a ergonomia é um

instrumento de grande ajuda para o trabalho bibliotecário, pois por meio dela não só

se podem corrigir situações, equipamentos e ambientes que causam fadiga e

problemas de saúde para o bibliotecário, mas principalmente, quando se usada

adequadamente, será um instrumento preventivo para a área de biblioteconomia e

todas as outras, uma vez que não se deve esperar adoecer para se corrigir as

posturas, mas evitar que os profissionais adoeçam em virtude do seu trabalho.

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2 METODOLOGIA

Levando-se em consideração os fatores iniciais sobre as transformações na

forma de trabalho do bibliotecário no atual cenário do mercado de trabalho, ou seja,

início do Século XXI, que se apresenta, assim como as novas oportunidades de

ocupação que surgem, exigindo, cada vez mais habilidades e competências que vão

além das técnicas habituais adquiridas durante a formação acadêmica, o uso

indiscriminado dos recursos tecnológicos e os ambientes oferecidos pelas

instituições empregadoras, que nem sempre favorecem as condições mínimas de

conforto e segurança para o desenvolvimento das tarefas, indicam uma forte

convergência temática da Ergonomia.

Esta pesquisa resulta de uma busca e análise da literatura ergonômica, cujo

desenvolvimento teórico para sua produção, tem como fundamentação a pesquisa

documental em suportes impressos e eletrônicos.

Para confirmar a teoria, foi realizada, durante o mês de setembro de 2009,

uma visita informal em 10 unidades de informação, pertencentes a instituições

universitárias públicas e privadas da cidade de Natal/RN, e segundo seus

coordenadores em nenhuma delas havia sido realizado, até o presente momento,

nenhum tipo de análise ergonômica, aproveitou-se a oportunidade da visita para se

se observar os aspectos relativos ao conforto, segurança e bem estar do ambiente

destas bibliotecas, verificando se as mesmas utilizam as práticas ergonômicas

mínimas recomendadas, conforme a legislação própria vigente.

Quanto ao seu resultado final, trata-se de uma pesquisa exploratória, onde se

tenta examinar a idéia da ambiência em que o bibliotecário atua como um espaço

potencial a produção de riscos à sua saúde, o qual traz o tema para o cerne da

discussão das possibilidades de adequação do ambiente e das condições físicas,

sociais e de gestão, levando, para além da idéia de prevenção, mas sim a uma

possível eliminação dos riscos de trabalho nesta área.

A idéia deste estudo é despertar no bibliotecário o interesse pelo

aprofundamento na área ergonômica, para que ele possa, não somente usufruir

suas técnicas, como também aplicá-las de forma a proporcionar o bem estar a

todos, sejam: colaboradores, usuários e demais freqüentadores da biblioteca,

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unidade de informação ou centro de documentação, uma vez que o conforto e a

segurança são necessários para o desenvolvimento de suas atividades de forma

segura, eficiente e eficaz, afinal de contas o foco das ações ergonômicas está

centrado, direcionado, voltado para o Homem-tarefa.

Segundo Wisner (1987, p.12) a ergonomia é definida como: “o conjunto de

conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de

ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de

conforto, segurança e eficácia”.

Esta definição torna evidente o aspecto mais importante na prática da

ergonomia baseada nos conhecimentos científicos relativos ao homem para o

desenvolvimento de máquinas, ferramentas e outros dispositivos para o seu próprio

uso na realização de suas tarefas do dia-dia, embora saiba-se que à atividade de

trabalho não depende unicamente da ergonomia, mas também sofrem influências de

fatores técnicos, econômicos e sociais.

Já no sexto capítulo se apresenta a ergonomia propriamente dita, expondo o

seu histórico e a sua evolução no decorrer dos anos, tanto no contexto mundial,

como também nacional; disponibiliza seus conceitos e aplicações práticas, como

também suas áreas de atuação.

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3 A BIBLIOTECA E SUAS TRANSFORMAÇÕES

Pode-se afirmar, conforme dados históricos, que a biblioteca antecedeu a

própria história do livro, surgiu a partir do momento em que aparece no homem o

desejo de registrar acontecimentos e começar a dominar a escrita.

Há indícios que a biblioteca mais antiga da humanidade, segundo os

historiadores, data do século VII a. C., e pertencia ao rei Assurbanipal. A palavra

biblioteca é originada do termo grego “bibliotheké”, que quer dizer depósito de livros

(biblio = livro e thek = caixa, cofre, podendo ser também entendido como armário,

estante etc.) Essa definição explica bem a finalidade para que a biblioteca serve, ou

seja, armazenar o conhecimento registrado, seja ele em que suporte se apresentar,

próprio a cada época. (MARTINS, 1998).

No inicio, as bibliotecas eram denominadas de acordo com o tipo de suporte

onde o registro do conhecimento era efetuado: minerais (tabletes de argila), vegetais

(papiro) e animais (pergaminho); estas constituam as bibliotecas dos povos antigos,

entre as quais tiveram destaque: Alexandria; Nínive e Pérgamo, sendo a primeira a

maior e mais importante de todas.

Com o desenvolvimento do papel, iniciam-se as bibliotecas de papel e,

posteriormente, com o advento da descoberta do tipo móvel, a do próprio livro. Com

o passar dos anos, as bibliotecas evoluíram e seu conceito também, alguns

estudiosos definem biblioteca como sendo: edifício, sala ou lugar, ou seja, qualquer

espaço onde se instalam, pequenas, médias e/ou grandes coleções de documentos

para uso público ou particular.

Como se pode observar, essa definição, apesar de coerente à original,

precisa ser ampliada, haja vista as grandes transformações sofridas pelas

bibliotecas nos tempos atuais, principalmente em função de sua própria dinâmica e

surgimento de diversos meios e suportes informacionais, alterando assim a forma de

armazenar e disseminar o conhecimento, tornando quase impossível uma definição

precisa do que representa uma biblioteca hoje.

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Na antiguidade, durante o período da civilização árabe, diferentemente de

hoje, as bibliotecas não eram acessíveis aos leigos, assim como as informações não

eram disseminadas junto às populações menos favorecidas.

No período da idade média a biblioteca passa a ser denominada de:

monárquica, universitária e particular; ficavam em mosteiros e seus acervos

trancados em cofres e inacessíveis à população, somente os monges, ocupantes de

cargos das comunidades religiosas, tinham acesso, gerando, muitas vezes disputas

entre as pessoas da própria comunidade. (MARTINS, 1998).

Passado esse período e o domínio da igreja, surgem as primeiras

universidades e também as bibliotecas públicas, destinadas a professores e alunos,

como também as privadas, restritas a nobres e sábios.

Nos tempos modernos, a grande força propulsora das bibliotecas foi motivada

pela explosão bibliográfica, após o descobrimento da imprensa por Gutemberg,

através da produção, em série, de livros a baixo custo, possibilitando o acesso à

informação a uma camada maior da população.

A partir de então, começam a surgir às grandes bibliotecas nacionais,

objetivando, primordialmente, a guarda da memória gráfica de seus países.

No Brasil, a Fundação Biblioteca Nacional com sede na cidade do Rio de

Janeiro, teve sua aquisição regulada através da Convenção Adicional ao Tratado de

Paz e Amizade, celebrada entre Brasil e Portugal, em 29 de agosto de 1825. Seu

acervo é estimado hoje em aproximadamente nove milhões de itens. É considerada

pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura

(UNESCO), como a sétima do gênero no mundo e a maior da América Latina.

(FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, 2006).

O conceito de biblioteca foi sendo modificado de acordo com a evolução das

civilizações e expansão de suas atribuições. Entretanto, o principal objetivo, para a

qual foi desenvolvida, ou seja, o de “depositária do saber”, permanece fiel a sua

origem.

Entretanto, no atual contexto, conceituar biblioteca não é mais tão simples,

uma vez que, em decorrência das transformações sofridas ao longo dos tempos,

pelas características adquiridas e pela variedade de dimensões que a envolve, tal

conceito tornou-se bem mais complexo.

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Tal complexidade pode ser comprovada através dos vários tipos de

bibliotecas, existentes conforme a comunidade de usuários a que se destinam:

universitária, escolar, comunitária, pública / nacional, especializada.

De acordo com a UNESCO (2009) biblioteca é “uma coleção organizada de

documentos de vários tipos, aliada a um conjunto de serviços destinados a facilitar a

utilização desses documentos, com a finalidade de oferecer informações, propiciar a

pesquisa, concorrer para a educação e lazer”.

Ou seja, as bibliotecas, não se diferenciam somente pelo porte, estágio de

evolução em que se encontram, mas, prioritariamente, pelo o atendimento das

diferentes demandas e interesse de seus usuários, sejam eles quais forem,

independentes de suas finalidades.

O uso das novas tecnologias deu origem a outras definições de biblioteca

como: a eletrônica, a digital e a virtual, as quais caminham, conjuntamente, ao lado

da convencional.

A evolução da biblioteca, em grande parte, deve-se ao desenvolvimento

tecnológico. As novas formas de registro da informação alteraram,

significativamente, os meios de tratamento, acondicionamento e recuperação, assim

como as mudanças nos suportes, nas formas de armazenamento, organização e

acesso.

As bibliotecas, independentes de suas características físicas, porte, tipos de

acervo e naturezas específicas (especialidades), em sua grande maioria, são

divididas em setores, onde são desenvolvidos os trabalhos das áreas

biblioteconômicas e administrativas, os quais são comuns as diversas instituições

existentes, visando atender aos usuários e ao acervo, conforme a seguir:

a) Administração – responsável pelo planejamento, recursos humanos,

segurança, controle, organização e administração dos demais serviços necessários

ao seu total funcionamento;

b) Formação, desenvolvimento e manutenção de coleções – cuida do acervo

de uma forma geral: desenvolvimento, seleção (qualitativa e quantitativa); aquisição

(seja ela da forma que for: compra, doação, permuta etc.); preservação,

conservação e restauração, do material bibliográfico e multimeios;

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c) Processos técnicos e registro – executam os serviços de preparação

técnica do acervo, através do uso das técnicas biblioteconômicas no processamento

das representações descritivas e temáticas dos documentos, disponibilizando os

mesmos para utilização;

d) Referência – pode-se dizer que este é o setor onde de fato se concretiza a

razão maior da biblioteca, é o seu “cartão de visitas”. Oferece, através do

atendimento ao usuário, de forma pessoal, orientações sobre os seus produtos e

serviços, acesso à informação e fontes bibliográficas por meio de pesquisas em

bases de dados e cooperação, uso adequado dos meios e recursos oferecidos. É o

setor responsável pela comunicação, divulgação e marketing da biblioteca, entre

outras atribuições;

e) Circulação – responsável pela circulação do acervo, como o próprio nome

indica, atende ao usuário no que tange a empréstimos, devolução, renovação e

manutenção do acervo.

Essa estrutura organizacional e funcional como a que cada setor executa,

nem sempre ocorre, depende muito do porte, do número de profissionais

disponibilizados e do tipo da biblioteca.

Embora os serviços sejam comuns, basicamente a todas as bibliotecas, a

grande maioria, executa-os de forma não departamentalizados, quase sempre por

um único bibliotecário, com a ajuda de alguns auxiliares, estagiários e/ou bolsistas

(quando existe). Na prática, esse tipo de estrutura se faz mais presente nas grandes

organizações como bibliotecas universitárias, pública, nacional etc.

Para fins de estudo neste trabalho, por se tratar, do setor que mais tem se

desenvolvido no seguimento, tanto quantitativamente como qualitativamente, no

Brasil, desde o final do século passado se caracterizando como o que mais emprega

bibliotecários no país, optou-se por discorrer sobre o ambiente de trabalho do

bibliotecário na biblioteca universitária (BU), independente ser pública ou privada,

conforme será explanado em tópico posterior.

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4 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA (BU)

Como o próprio nome define, biblioteca universitária é aquela que atende aos

propósitos das instituições de ensino de nível superior, além de promover a

educação da comunidade acadêmica, facilitando o estudo, pesquisa, formação e

capacitação de seus usuários.

De acordo com Silas (2000), A biblioteca universitária, como uma organização

social de serviços visa atender o público universitário e a sociedade como um todo

através do estudo, pesquisa e extensão. Em nível sistêmico a BU, não se constitui

em um organismo independente, está vinculada ao subsistema da instituição

mantenedora, da qual sofre influência que, por conseguinte pertence ao um sistema

maior, a sociedade, sujeitando-se aos impactos gerados pelo macro-sistema ao

qual, as organizações estão submetidas.

Explicando melhor, as organizações são compostas, basicamente de três

elementos essenciais: pessoas, estrutura e tecnologia. As pessoas configuram a

parte social interna das organizações, se constitui de indivíduos e grupos de

tamanhos variados. Segundo Oliveira (2009), “as organizações existem em função

das pessoas e para servi-las, e não o contrário”. A estrutura é quem determina, pelo

menos formalmente, as formas de relacionamento entre as pessoas nas

organizações e é responsável pela definição dos níveis hierárquicos e suas

interações.

A tecnologia se constitui nas ferramentas utilizadas pelas pessoas na

execução de suas tarefas, gerando forte impacto nos relacionamentos e

produtividade dos indivíduos. Tanto o sucesso como o fracasso da organização

depende, em grande parte, da tecnologia aplicada. Diante do exposto, não existe

organização sem que haja a presença efetiva da conjugação de esforços dos citados

elementos.

Por sua vez, em se tratando de sistema aberto, a organização é parte

integrante de um macro-ambiente dinâmico e complexo, cujas características têm

poder de influenciar sobre seus elementos de várias formas: na atitude das pessoas;

nas condições de trabalho; promovendo competições por recursos e poder; na

transformação da tecnologia etc.

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Por isso, a fim de evitar que a organização possa se tornar ineficiente é

necessário estar sempre atento aos fatores do ambiente e suas tendências. O

sucesso da organização é dependente de sua capacidade de adequar-se a

realidade do macro-ambiente em constante processo de mudanças e transformação.

Os principais fatores ambientais que afetam os elementos das organizações

são os geradores das forças políticas, demográficas, sociais e econômicas, no caso:

a globalização, tendências mundiais e mudanças.

Assim como as organizações, as bibliotecas universitárias, também sofrem,

de forma implacável, os efeitos dessas forças, afetando significativamente, seu

equilíbrio e eficácia junto aos seus usuários, através das alterações causados em

seus serviços e objetivos.

Esses fatores, não só causam mudanças, como também mudam

constantemente. As organizações, aqui também incluídas as instituições de ensino

de nível superior, bibliotecas universitárias e seus dirigentes, que não estiveram

atentos e flexíveis às tendências de mercado e agirem de acordo com as exigências

impostas pelas transformações, vão rapidamente se tornarem ineficientes, ineficazes

e obsoletas, incapazes de produzir produtos e serviços competitivos.

Este tipo de biblioteca está em constante evolução, sujeita a grandes

processos de mudanças em suas estruturas e exige do bibliotecário, competências

que vão além das técnicas e habilidades biblioteconômicas adquiridas no transcorrer

do processo de formação acadêmica e até mesmo outras recomendadas pelo

mercado de trabalho em geral, como as relacionadas à: visão estratégica,

comunicação, atualização tecnológica, relacionamento, educação continuada,

domínio de língua estrangeira, postura empreendedora entre outras, que possibilite

analisar os fatores do macro-ambiente e identificar as questões emergentes,

importantes para a organização e que possam exercer algum tipo de impacto no

sucesso da biblioteca universitária, ou mesmo que exija mudanças em sua estrutura

visando torná-la mais eficaz e/ou determinar prioridades para essas questões,

objetivando a elaboração de planos para lidar com elas e assim, poder exercer com

plenitude a sua missão.

Podem-se citar como exemplos a serem superados nas bibliotecas

universitárias as questões relativas à: política educacional; mudanças nos hábitos de

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uso da BU; formas de ensino das Instituições de Ensino Superior (IES); serviços de

informação oferecidos por outras entidades; mudança do ensino focado no professor

para o aluno; educação à distância; interação IES e empresa; mudança do perfil do

aluno; estruturas inovadoras como forma de sobrevivência; a BU como uma

organização de aprendizagem; expectativas dos usuários; impacto da tecnologia no

gerenciamento organizacional, entre outros. (OLIVEIRA, 2009).

Neste sentido, essas são questões a serem apreciadas pelos profissionais

bibliotecários atuantes nas BUs, que tornam o seu ambiente de trabalho instável,

inseguro e conseqüentemente tenso e estressante, afetando sobremaneira a

qualidade de vida do profissional.

4.1 A SITUAÇÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

A biblioteca universitária, na atualidade, é a que apresenta maior

preocupação com relação a sua estrutura e até mesmo sobre seu futuro, assim,

exige do profissional bibliotecário um conhecimento multidisciplinar, de modo que

possa, por meio de sua reestruturação, contribuir para com o sucesso da instituição,

aumentando sua competitividade, visando alcançar os objetivos almejados e atender

às exigências de um mercado em constante transformação.

Neste ambiente mutável, em que a organização precisa se adequar às suas

imposições, o mais importante, antes mesmo da definição de uma estrutura ideal

para a BU é a identificação de quais fatores do ambiente que precisam ser levados

em consideração para sua formação, compreendendo a forma como eles interagem

e se manifestam, pois, dependendo da intensidade, haverá uma grande influência na

estratégia de gerenciamento da mesma.

A estrutura da BU pode ser afetada por diversos motivos, entre eles estão os

serviços e produtos disponibilizados, modelo gerencial adotado e tecnologia

empregada pela organização no desenvolvimento das atividades internas, as quais

sofrem impactos e são, em sua grande maioria, determinados pela missão da

organização e também sofrem influência do macro-ambiente e expectativa dos

usuários da biblioteca. (OLIVEIRA, 2009).

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A BU, assim como toda organização, como mencionado anteriormente, é

composta de pessoas, estrutura e tecnologia e faz parte de um subsistema do

sistema maior que é a própria organização da qual faz parte, que por sua vez esta

inserida no grande sistema que envolve toda sociedade de onde recebe influências

diretas, através de mudanças e transformações que ocorre em sua volta,

principalmente hoje com as fortes tendências ditadas pelo processo de globalização

que afeta países desenvolvidos, emergentes e subdesenvolvidos.

Neste contexto a biblioteca universitária como parte integrante da instituição

como um todo, deve, através do esforço conjugado dos elementos que a compõe se

unir aos demais setores da instituição objetivando com que os resultados fins sejam

alcançados, afinal de contas o sucesso da organização depende, em grande parte,

da força interna de seus elementos e principalmente da tecnologia aplicada para o

enfrentamento da concorrência externa, por isso a BU precisa ser analisada visando

localizar quais os fatores externos que podem influenciá-la e até mesmo

proporcionar mudanças em sua estrutura organizacional.

Analisadas e filtradas as tendências do ambiente externo incluindo, também

as expectativas dos usuários, a coordenação da unidade de informação dever adotar

ações básicas reestruturantes que possam proteger a organização, como: o

desenvolvimento de novos produtos e serviços, cancelamentos de projetos e

programas, participação em redes e consórcios e programas interinstitucionais,

como também redirecionando e redimensionando da oferta. (OLIVEIRA, 2009).

Portanto, o profissional bibliotecário deve estar sempre atento e munido de

conhecimentos capazes de ensejar o monitoramento do ambiente organizacional em

que atua buscando sempre, identificar os riscos e oportunidades, presentes e

futuros, que possibilitem influenciar o potencial da instituição de alcançar suas

metas.

Existem questões importantes e emergentes que podem exercer forte impacto

no sucesso da BU, ou que, no mínimo, exigem transformações significativas em sua

estrutura, de modo que possa torná-la eficaz e eficiente no cumprimento, amplo e

irrestrito, de sua missão? A política educacional brasileira, confusa, cheia de

incertezas e a indefinição sobre o futuro das IES, certamente contribuirá na decisão

quanto a estrutura da BU.

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É nesse universo que as instituições e bibliotecas universitárias convivem,

dificultando, muitas vezes, o caminho mais adequado a seguir em termos de

estratégia para preparar os profissionais do futuro. Tendo em vista a grande

adversidade de cursos preparatórios impostos pelo sistema, inclusive de pós-

graduação, que muitas vezes são ministrados de qualquer jeito, com uma carga

horária bastante reduzida.

No que diz respeito ao setor público a coisa se agrava ainda mais, uma vez

que este apresenta uma grande falta de investimentos, baixos salários, e, em sua

grande maioria, profissionais pouco comprometidos.

A forma de ensino, onde muitos professores adotam o sistema de kit de

material para acompanhamento do curso, através do processo de fotocópia,

disponível em vários setores dos campi e disponibilização de materiais vistos em

salas de aula via internet, também contribuem com o esvaziamento da biblioteca e

conseqüentemente afetam sua estrutura, assim como inibe do aluno seu potencial

censo de pesquisa e gosto pela leitura.

Também concorrem com a BU, os serviços informacionais disponibilizados

por diversas entidades prestadoras de serviços e provedores, através de bases de

dados de livros, periódicos e artigos científicas acessados on-line.

A onda da corrida mercantilista do ensino tem sido desafiadora para o sistema

tradicional, principalmente com o surgimento de faculdades corporativas, educação

a distância (EAD), que são alternativas vistas pelo mercado como novas formas de

preparar seus profissionais, tirando de entidades tradicionais o monopólio do

conhecimento, também influem no processo de transformação da BU; como também

estruturas inovadoras como forma de sobrevivência através de parcerias, fusão e

consórcios, entre tantas outras, são fatos que ocorrem diariamente que preocupam e

tornam incerto o futuro da biblioteca universitária.

No atual contexto cultural, existem diversas questões acontecendo que, de

uma forma ou de outra, podem afetar a estrutura da BU, não se pretende aqui,

esgotar todas as possibilidades, apenas despertar para uma reflexão a cerca de

uma tendência que é mundial, conforme farta literatura disponível discorrendo sobre

a matéria. No capítulo seguinte, será abordado a profissão do bibliotecário.

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5 A PROFISSÃO DE BIBLIOTECÁRIO

A profissão de bibliotecário no Brasil é regulamentada desde o início da

década de 60, conforme instituído pela Lei n. 4.084/1.962, publicada no Diário Oficial

da União (D.O.U.), de 02.07.1962 e alterações posteriores (CONSELHO REGIONAL

DE BIBLIOTECONOMIA,1998, p.5)

O exercício da profissão e de suas atribuições é normatizado através de

instrumento legal que ordena sua conduta no decorrer de sua atuação profissional.

Com relação aos direitos e deveres cabe ao profissional, recorrer ao Código de

Ética, o qual preconiza, com base em legislação pertinente, como atuar perante seus

colegas, instituições empregadoras e sociedade, visando a preservação da

dignidade e dos interesses da profissão.

De acordo com o disposto no Art. 15, alínea “e”, da Lei n.4.084/1962, o

bibliotecário deve:

Abster-se da aceitação de encargo profissional em substituição a colega que dele tenha desistido para preservar a dignidade ou os interesses da profissão ou da classe, desde que permaneçam as mesmas condições que editaram o referido procedimento (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2002).

Portanto, é sempre importante, antes de aceitar um convite para atuar, em

substituição a um colega, numa determinada organização, averiguar os motivos

causadores do seu desligamento, assim como, analisar o ambiente de trabalho e

demais condições oferecidas, visando, não só a questão ética, mas também a

preservação da integridade de sua saúde e carreira profissional.

No Art. 11, alíneas “b”; “h” e “d”, da Resolução do Conselho Federal de

Biblioteconomia (CFB), n.42, de 11 de janeiro de 2002, respectivamente, discorre

sobre: são direitos do profissional bibliotecário, no sentido de assegurar as

condições dignas para o desenvolvimento das tarefas, como também, na

participação do próprio Conselho na intermediação nas ações reparadoras e busca

das condições adequadas para atuação individual e coletiva, conforme a seguir:

b - apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições em que trabalha, quando as julgar indignas do exercício profissional,

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devendo, neste caso, dirigir-se aos órgãos competentes, em particular, ao Conselho Regional; h - formular junto as autoridades competentes, críticas e/ou propostas aos serviços públicos ou privados, com fim de preservar o bom atendimento e desempenho profissional; d - defender e ser defendido pelo órgão de classe, se ofendido em sua dignidade profissional [...] (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2002)

Entende-se através do enunciado nos dispositivos acima citados que o

ambiente de trabalho do bibliotecário, ao ser projetado, deva ser munido de

aparelhamento e condições ambientais mínimas necessárias ao desenvolvimento de

suas atividades, oferecendo segurança, conforto e bem estar.

Evidentemente, deve-se considerar que os riscos a saúde do trabalhador seja

considerado objeto de prevenção uma vez que as doenças ocupacionais não

dignificam os profissionais os quais estão expostos a situações de risco. Daí a

preocupação com a prática ergonômica, não apenas como responsabilidade do

agente empregador, mais também dos ocupantes de cargos e funções, aqui

atribuídas ao profissional bibliotecário, para que o ambiente de trabalho não venha

se tornar uma, inesgotável, fonte de traumas físicos e mentais.

Em geral, no tocante à profissão e ao profissional, a maior preocupação

constante na literatura é quase sempre sobre as habilidades e competências, pouco

se trata a respeito dos fatores associados ao ambiente de trabalho decente e ao

bem estar profissional.

Entretanto, pode-se afirmar que ouve um importante avanço ao ser lançado, a

partir do ano de 2002, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), através da

Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), bem como, seu complemento,

constituído pela hierarquia de funções instituída pela Comissão Nacional de

Classificação (CONCLA), as descrições e atribuições das ocupações predominantes

no mercado de trabalho brasileiro, incluindo também o bibliotecário, onde diz que:

“Bibliotecário - bibliográfo, biblioteconomista, Cientista de informação, Consultor de

informação, Especialista de informação, Gerente de informação, Gestor de

informação” (BRASIL, 2002). São as denominações atribuídas ao profissional

bibliotecário, ao qual foi designadas as seguintes atribuições:

Disponibilizam informação em qualquer suporte; gerenciam unidades como bibliotecas, centros de documentação, centros de informação e

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correlatos, além de redes e sistemas de informação. Tratam tecnicamente e desenvolvem recursos informacionais; disseminam informação com o objetivo de facilitar o acesso e geração do conhecimento; desenvolvem estudos e pesquisas; realizam difusão cultural; desenvolvem ações educativas. Podem prestar serviços de assessoria e consultoria (BRASIL, 2002).

Com isso, tanto profissionais, quanto empregadores podem tomar ciência das

atribuições e habilidades que configuram o trabalho do bibliotecário.

A desvalorização e falta de reconhecimento da importância política e social do

profissional bibliotecário no mercado de trabalho brasileiro, está pautada em

prerrogativas que se formaram ao longo de sua história em nosso país, desde a sua

implantação na década de 1911, através do processo de construção de vários

mecanismos que tornaram um campo profissional de pouca visibilidade social; por

fatores outros, entre os quais se pode destacar: a feminização da biblioteconomia,

pelo o fato de fazer parte de um elenco de profissões, antes consideradas femininas,

em decorrência da forte presença das mulheres, visível até os dias atuais, a quem,

por questões de conflitos advindos das relações sociais e de gênero, historicamente

têm sido submetida à posição de inferioridade. (FERREIRA, 2002).

Também por fazer parte de um campo formado por pequeno contingente de

profissionais, comparado a outras profissões ligadas às ciências sociais aplicadas;

produto educacional universitário formado por um número limitado de instituições de

ensino no país. Isso sem falar na falta de interação constante com os usuários em

detrimento da preocupação, quase de que exclusiva, com a organização dos

acervos, através do uso das técnicas de catalogação, classificação e indexação,

fazendo com que o pesquisador pouco saiba sobre a importância de seu trabalho,

fato ainda hoje visível com bastante freqüência nas bibliotecas, onde há uma grande

concentração de bibliotecários no setor de processos técnicos e poucos atuando em

circulação e referência.

Nas bibliotecas universitárias, os bibliotecários são sempre muito ocupados,

quase não têm tempo para nada, ficam o tempo todo apagando incêndio, ou seja,

resolvendo problemas urgentes, sem ter tempo disponível para viabilizar os

trabalhos planejados, que possa demonstrar a biblioteca com uma organização,

mesmo sem fins lucrativos, mas com geração de resultados programados

permanentemente avaliados. Podendo assim tornar-se competitivo e vencer as

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barreiras da incerteza nesse momento de turbulência e transformações,

evidenciando sua contribuição social junto à comunidade universitária através da

qualidade dos produtos e serviços oferecidos, fazendo o bibliotecário se inteirar,

também, da organização administrativa de toda a instituição, podendo, por meio

dessa integração, conquistar a consolidação da importância de seu trabalho através

do valor agregado aos objetivos da organização.

Fica evidente que essas questões têm, de alguma forma, contribuído para o

desconhecimento de grande parte da população dessa profissão, colaborando,

portanto, com a falta de cuidado e reconhecimento profissional, principalmente pelas

instituições contratantes.

Um exemplo claro é a questão salarial, quase sempre inferior em comparação

com outras categorias de profissionais da mesma organização; outro que pode ser

citado é de projetos do espaço destinado às bibliotecas, muitas vezes instaladas em

espaços improvisados, pequenos, quentes, barulhentos, com iluminação insuficiente

e mal aparelhada com móveis e equipamentos, estes muitas vezes de tecnologia

ultrapassada, transferidos de outros setores, tudo isso sem nenhuma preocupação

ergonômica, tornando o ambiente e o posto de trabalho inadequados para o

desenvolvimento das tarefas, sem oferecer o mínimo de conforto e segurança,

tirando do profissional sua principal condição de desenvolvimento enquanto ser

humano que é o seu bem estar, tanto físico como mental, condição indispensável,

essencialmente, no ambiente de trabalho, para que possa atuar com plenitude e

satisfação.

Há anos e anos os bibliotecários vêm trabalhando na organização e

disponibilização do conhecimento, independente da forma pela qual se apresenta,

no entanto, quase nada foi modificado quanto as formas pelas quais às atividades

são desenvolvidas por estes profissionais, pois eles continuam executando suas

atividades e oferecendo seus serviços, praticamente com as mesmas condições de

outrora, realidade essa, questionada com o advento das novas tecnologias de

informação e comunicação TICs.

Segundo Lucas (1996, apud CARVALHO, 1998, p. 7). “[...] um novo

profissional da informação surgirá, se o bibliotecário terá ou não um lugar vai

depender, em parte, da sua capacidade de integração, de sua especificidade como

especialista no manejo da informação”.

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Neste sentido, são visíveis as transformações culturais ocorridas na

sociedade durante as ultimas décadas do século passado e inicio deste,

possibilitando a formação de mecanismos de um novo paradigma desenvolvido em

torno dos avanços das tecnologias da informação e comunicação, promovendo uma

verdadeira revolução tecnológica, a qual tem se configurando através dos processos

de automação de tarefas, das experiências de uso e da estruturação da

aplicabilidade.

Os impactos proporcionados em decorrência do uso, cada vez intenso, dos

recursos promovidos pelas TICs tem gerado importantes mudanças, principalmente,

no que se refere a preservação e distribuição do conhecimento, onde as idéias

podem ser distribuídas de forma instantânea e global possibilitando novas formas de

cultura e de inter-relacionamento das pessoas e organizações. Um exemplo claro de

transformação tecnológica pode ser o representado pela formação dos espaços

criados através do uso da Rede Mundial de Computadores (INTERNET).

Pode-se afirmar, de acordo com dados pesquisados, que hoje o modelo de

biblioteca convencional de concepção e administração fechada entre paredes não

condiz com a realidade imposta pela evolução do uso das novas tecnologias, as

quais sofrem influência direta dos fatores determinantes das mudanças sociais.

Segundo Silva (2004, p.85), diz que:

Bibliotecas são organismos sociais prestadores de serviços públicos de informação e caracterizam-se pela permanente promoção de intercambio com a sociedade com a qual sofre influência cultural, econômica, científica e tecnológica.

Portanto, o uso das tecnologias de informação e comunicação, assim como a

inclusão digital, através da instalação de canais de acesso a Internet, são fatores

indispensáveis nas bibliotecas, como agentes de transformação e quebra de

paradigmas estabelecidos ao longo dos anos, tornando-se motivo de reflexão para

os bibliotecários sobre questões de interesses relacionados à propriedade

intelectual, a segurança de dados pessoais e a liberdade de acesso à informação.

Esta “nova” tecnologia exige dos profissionais mudanças diversas de postura

em relação à forma de pensar e na educação continuada, objetivando a aquisição de

novos conhecimentos, tanto na área da informática, como no domínio de línguas

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estrangeiras, como também mudanças de atitudes e comportamentais que

possibilitem a visualização de alternativas outras.

A acessibilidade ao uso das tecnologias em bibliotecas e principalmente nas

universitárias, na conjuntura que se apresenta, é algo imprescindível. Sua

viabilização passa por mudanças, negativas e resistências frente a inovações

tecnológicas, entretanto, bem ou mal, será instrumento de geração de impacto,

transformações e de contribuição na reestruturação de serviços, na capacitação

profissional e formas de relacionamento entre usuários e biblioteca, reorganizando

assim, as atividades inerentes a ciência da informação.

As bibliotecas precisam se instrumentalizar, não só para responder de forma

positiva, as diferentes demandas informacionais, bem como, no desenvolvimento de

produtos e serviços capaz de atendê-las de forma eficiente e eficaz, assim, os

bibliotecários necessitam acompanhar tal mudança.

O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação tem

causado alterações importantes nos procedimentos das ocupações do profissional

bibliotecário em sua rotina de trabalho do dia-dia, nas diferentes atribuições que

desenvolve.

Por sua vez os usuários se apresentam cada vez independentes no processo

de pesquisa de informação por meio eletrônico. Neste contexto, a organização e

disponibilização da informação, por meio eletrônico, torna-se um papel estratégico

do bibliotecário, exigindo do mesmo, uma mudança de perfil, caso não esteja

habilitado para tal.

O eixo desta pesquisa é sobre ergonomia, cuja análise será tratado no

próximo capítulo.

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6 ERGONOMIA: HISTÓRICO E EVOLUÇÃO

Pode-se dizer que a ergonomia é tão antiga quanto a humanidade, mesmo

tratada de forma empírica tem sido uma preocupação do ser humano desde tempos

remotos, já que a adaptação das atividades às suas limitações e potencialidades foi

sempre um processo natural e pertinente à própria execução das mesmas.

Pode-se dizer que o início de sua prática surgiu a partir do momento em que

os homens primitivos, usando apenas sua intuição e criatividade, para suprir suas

necessidades, desenvolveu os primeiros artefatos para garantir sua sobrevivência.

Remotamente o homem, em decorrência de sua evolução, esteve sempre

preocupado em desenvolver suas armas e ferramentas de trabalho de acordo com

suas Características e necessidades, buscando adaptá-las a suas realidades e

nessas situações já estavam usando uma forma de abordagem ergonômica, dando

inicio, mesmo que intuitivamente, através desses esforços, ao que mais tarde seria

um novo ramo do conhecimento. Tempos depois durante o longo período em que

prevaleceu o sistema de produção artesanal, há indícios de preocupação na

adequação do ambiente de trabalho ao homem.

Segundo Lida (1990, p.2), em l857 o termo “ergonomia” já havia sido

empregado pelo polonês Woitej Yastembow, através da publicação de um artigo

intitulado “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas

da ciência sobre a natureza”. Mesmo assim só tornou-se conhecido, no mundo

industrializado, após a fundação na Inglaterra, da Egonomics Research Society,

primeira sociedade de pesquisa em ergonomia do mundo.

Porém, somente a partir de 1949 é que ela se constituiu como campo de

práticas estruturadas, neste momento, conforme Dul e Weerdmeester (2004) por

meio da conjugação de esforços envolvendo a tecnologia, ciências humanas e

biológicas, um grupo multidisciplinar de pesquisadores, formado por: médicos,

psicólogos, antropólogos, e engenheiros se reuniram na Inglaterra, preocupados

com o aprofundamento do conhecimento das relações entre o ser humano e seus

locais de trabalho, visando a solução para problemas decorrentes do uso de

equipamentos militares de alta complexidade. O sucesso dos resultados alcançado

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através deste esforço interdisciplinar foi tão positivo que chegaram a ser

incorporados no setor industrial após o término da guerra.

De acordo com Lida (1990), diferentemente de outras ciências, a ergonomia

tem data de origem oficial: 12 de julho de 1949, data que marcou o primeiro encontro

de pesquisadores e cientistas na Inglaterra, conforme supracitado.

O segundo encontro se deu em 16 de fevereiro de 1950, sendo sugerido, na

ocasião, o neologismo ergonomia, formado pelos termos gregos: ergon = trabalho e

nomos = regras, leis naturais. Esse termo foi largamente utilizado nos países do

continente europeu, substituindo, inclusive, outras denominações da época como:

fisiologia e psicologia do trabalho. Nos Estados Unidos ficou conhecido como human

factors (fatores humanos), embora hoje o termo ergonomia também já seja aceito.

Inicialmente, tal movimento não causou boa impressão nos Estados Unidos,

gerando certo desconforto para os profissionais da área, cujas propostas eram vistas

com desconfiança. Panorama alterado, depois de iniciadas as pesquisas sobre o

tema em universidades e instituições de pesquisas, apoiadas pelo departamento de

defesa daquele país. (LIDA, 2005).

As pesquisas norte-americanas foram, a princípio, direcionadas para o setor

responsável pela produção de materiais bélicos, o que contribui para a conotação

militarista atribuída pelo Human Factors, o que, de certo modo, ainda persiste.

Posteriormente os estudos também foram utilizados na indústria em geral e no setor

de serviços, beneficiando toda a população. Após essa fase cresce o interesse pela

disciplina fazendo surgir os primeiros cursos universitário.

Outro acontecimento marcante para propagação da ergonomia foi o

lançamento da obra “Análise do Trabalho”, publicada por Obredane e Faverge, em

1955, na França, tratando sobre a importância da observação das situações reais de

trabalho visando a melhoria dos meios, métodos e ambiente do trabalho. Além

dessa houve outras publicações científicas relevantes na época, dando início a

produção dos conhecimentos em ergonomia.

A exemplo da Inglaterra, que se tornou o primeiro país a criar uma sociedade

de pesquisa em ergonomia no início dos anos 50, os Estados Unidos criou a

segunda sociedade em 1957, a Humen Factors Society. Em seguida, em 1958,

surge a terceira na Alemanha. Resumindo, durante o período entre 50 e 60, houve

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uma grande expansão e difusão da ergonomia no mundo, principalmente, nos

países mais industrializados, sendo criadas inúmeras associações nacionais.

Em 1961, foi fundada a Associação Internacional de Ergonomia (IEA),

responsável pela realização do primeiro congresso de Estocolmo. Ela agrega as

demais associações de 40 países de todos continentes do mundo, inclusive a do

Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo), criada em 1983, com sede

na cidade do Rio de Janeiro.

6.1 ERGONOMIA NO BRASIL

A ergonomia iniciou-se no Brasil através do Curso de Engenharia de

Produção na USP, durante os anos 60, trazida pelo professor Sérgio Penna Khel,

ocasião em que foi escrita a primeira tese brasileira sobre o tema, por Itiro Lida. Em

seguida, em Ribeirão Preto, interior do Estado de São Paulo, Paul Stephaneek

introduziu o tema na Psicologia.

Já no Rio de Janeiro, foi o professor Alberto Mibielli o responsável pela

apresentação da ergonomia aos estudantes do curso de Medicina da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e das Ciências Médicas da Universidade de

Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Ainda nos anos 60, Ruy Leme e Sérgio Penna Kehl introduziram a ergonomia

ao Design com a abordagem do intitulada de “O Produto e o Homem”, na disciplina

projeto de produto, do curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da

USP.

Em 1966, a ergonomia passa a ser aplicada pela Escola Superior de Desenho

Industrial (ESDI), da UERJ, quando o professor Karl Heinz Bergmiller adotou os

princípios ergonômicos para o desenvolvimento de produtos, segundo o modelo de

Tomas Maldonado, da Escola de Ulm, da Aalemanha.

Nos anos 70, a ergonomia tem seu maior impulso no Brasil através da

COPPE/UFRJ, com a vinda do professor Itiro Lida para o programa de Engenharia

de produção. Além dos cursos de mestrado e graduação, o professor, juntamente

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com Collin Palmer, organizou um curso que possibilitou o lançamento do primeiro

livro editado na língua portuguesa sobre a matéria.

Em 1971, Itiro Lida passa a ensinar ergonomia na ESDI, nos cursos de

Desenho Industrial.

Já em 1974, na cidade do Rio de Janeiro, acontece o primeiro Seminário

Brasileiro de Ergonomia, no qual foram apresentados diversos trabalhos pelos

pesquisadores brasileiros.

Porém só em 1979 é que a ergonomia torna-se disciplina obrigatória nas

habilitações de Projeto de Produtos e Comunicação Visual. (CARVALHO, 2005).

6.2 ERGONOMIA: CONCEITOS

De acordo com Lida (1990), são muitas as definições de ergonomia, as

diversas Associações Nacionais, espalhadas por todos os continentes do planeta,

apresentam as suas próprias definições, as quais convergem para um ponto em

comum, que é o do caráter interdisciplinar.

Entre as diversas definições, uma das mais concisas merece destaque por

ser a pioneira que é a da Egonomics Research Society, da Inglaterra que é a

seguinte:

Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas que surgem desse relacionamento (LIDA, 2005, p.2).

Esta definição caracteriza de forma precisa os principais objetivos da

ergonomia, que visa adaptar o trabalho ao homem, iniciando com o estudo de suas

características, para posteriormente, projetar a tarefa adequada que ele possa

executar, sem afetar a sua saúde.

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No Brasil, a definição adotada pela Associação Brasileira de Ergonomia

(ABERGO), é a seguinte:

Entende-se por ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas (LIDA, 2005, p.2)

Em 2000, a International Ergonomics Association (IEA) aprovou uma definição

que conceitua a ergonomia e suas especializações, que diz:

Ergonomia (ou Fatores Humanos) é a disciplina científica, que estuda as interações entre os seres humanos e outros elementos do sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visem otimizar o bem estar humano e o desempenho global de sistemas (LIDA, 2005, p.2).

Assim, a ergonomia estuda vários aspectos inerentes ao comportamento

humano no trabalho, os fatores importantes para o projeto de sistemas de trabalho,

as características físicas, psicofisiologicas e sociais, sobre diversos ângulos, como

sexo, idade, treinamento, motivação.

A parte material englobando: equipamentos, ferramentas, mobiliários e

instalações; as características do ambiente físico; as comunicações existentes entre

os elementos de um sistema; a transmissão de informações; o processamento e a

tomada de decisões; a organização como um todo, tanto nos aspectos físicos como

psíquicos.

Além de todos esses atributos e das discussões teóricas, que definem,

principalmente, às abordagens e pesquisas acadêmicas, a ergonomia, também,

encontra-se definida por legislação especifica, através da Norma Regulamentadora

NR.17, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), instituída pela Portaria 3.751,

de 23.11.1990, que visa: “estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das

condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de

modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente”

(BRASIL, 2002, p.63).

O objetivo da ergonomia está focado no homem, ela visa à análise das

condições de trabalho, incluindo o espaço físico onde ele se desenvolve, o conforto

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térmico, os ruídos, a iluminação, as vibrações, posturas, o desgaste energético, a

carga mental, a fadiga, enfim, tudo aquilo que possa afetar a saúde do trabalhador e

seus equilíbrios físicos, mentais e psicológicos.

A sociedade Internacional de Ergonomia (IEA) acrescenta o conhecimento de

áreas afins, em sua definição sobre ergonomia, como mais um elemento que ajuda

entender a interface homem/máquina, na busca de adaptar o trabalho ao homem. O

que demonstra, mais uma vez, a importância da ergonomia como principal ramo da

ciência como objeto de estudo do que está levando o trabalhador à exposição de

fatores de risco a sua saúde e como agir ergonomicamente na intervenção nas

situações em questão.

Segundo Lida (2005) a ergonomia estuda tanto as condições prévias como as

conseqüências do trabalho e as interações que ocorrem entre homem, máquina e

ambiente, durante sua realização.

Ela engloba as atividades, tanto de planejamento, como de projeto, ou seja,

as fazes que antecipam a realização do trabalho, assim como, as de controle e

avaliação, que ocorrem durante e depois.

6.3 ABRANGÊNCIA DA ERGONOMIA

A ergonomia está presente em todas as áreas de atuação humana, mas, sem

dúvida, é no trabalho onde ela oferece sua maior contribuição, conforme implícito

nos próprios termos que determinaram sua origem, ergon, que significa trabalho,

que pode ser entendido, no sentido restrito como atividade e, nomos, que

corresponde a normas, regras, pouco diferente de tarefa, ou seja, as regras de

organização do trabalho.

Segundo o pensamento expresso por Lida (2005) a ergonomia teve seu

surgimento em data remota, conforme pode ser observado através da própria

evolução humana, onde empiricamente a abordagem ergonômica esteve sempre

presente, por exemplo, no desenvolvimento de suas armas de caça e nas suas

ferramentas de trabalho, momento em que o homem sempre se preocupou em

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adaptá-las às suas necessidades, ou seja, estava adaptando seu trabalho às suas

características.

Entretanto, na trajetória propriamente do trabalho, a sua participação é

recente, iniciando-se propriamente, a partir da década de 50. Portanto, para

compreender melhor o próprio conceito de ergonomia, é sugestivo abordar um

pouco sobre a história do trabalho.

6.3.1 O trabalho e a ergonomia

Em virtude de sua complexidade, conceituar a palavra trabalho não é tarefa

fácil, não só em função de suas práticas, que varia de uma situação à outra, mas

também pela variabilidade de seu sentido ao longo do tempo e de uma sociedade

para outra.

Sociologicamente, o trabalho é visto como uma característica inerente do ser

humano. Conforme Santos (1997), etimologicamente, a palavra trabalho sugere uma

idéia de sofrimento e constrangimento, sua descendência vem do termo do latim

popular “tripalium”, que significa instrumento de tortura, aplicado para constranger.

Da mesma forma, também acontece com o verbo trabalhar, do latim “tripaliare”, ato

de torturar com o “tripalium”.

Também na Bíblia Sagrada (2001), se apresenta teologicamente, conforme

citado no livro do Genesis, capitulo 3, versículo 19, como: ganharás o pão com o

suor de teu rosto, presumindo uma idéia de castigo, trabalho forçado.

Em grego os termos usados foram: ponos, que quer dizer esforço, penalidade

e ergon, criação, obra de arte. Diferentemente para quem se dedica ao estudo do

trabalho é interessante observar a diferença entre trabalho no sentido de penar

(ponein) e no sentido de criar (ergozomai).

Conforme descrito por Couto (1995), historicamente a ocorrência de diversos

inventos e acontecimentos na trajetória do trabalho foram incisivos para o seu

processo de transformação em sua organização.

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A partir do século dezessete, com surgimento das primeiras máquinas,

desenvolvidas para substituir o trabalho artesã, até o século dezenove e porque não

dizer até os dias atuais, com o fenômeno das novas tecnologias, tanto no setor

produtivo, como na sociedade em geral.

Ainda conforme Couto (1995) existe alguns importantes fatos da história do

trabalho, os quais se destacam:

Os inventos da máquina de fiar, o tear mecânico, e a máquina a vapor, foram

importantes no processo de mudança na forma de organização do trabalho;

A revolução industrial, iniciada na Inglaterra, depois se espalhando por toda a

Europa e mais tarde chegando aos Estados Unidos, no século dezenove, ficou

marcado por privilegiar os inventos em detrimento dos trabalhadores, gerando forte

tensão social;

Em seguida, por volta de 1900, surge a figura de Taylor com seu método de

racionalização dos tempos e movimentos, introduzindo mudanças nunca visto na

filosofia gerencial, dando origem ao movimento denominado, em homenagem ao

seu próprio nome, de “Taylorismo”, se caracterizando como princípios da

administração científica. O método racionaliza os tempos e movimentos

desnecessários, especializa as pessoas e melhora sua produtividade;

Em 1911, acontece a segunda Revolução Industrial, se transformando em um

dos marcantes pilares da era industrial moderna, onde Henry Ford instituiu os três

princípios que mudariam radicalmente, a forma de trabalho praticada em toda fábrica

no mundo.

Com base nos métodos de Taylor, Ford cria a linha de montagem; estabelece

o ritmo controlado pela máquina e não mais pelo homem e por último, a produção

em série, com a economia de escala. Esta nova forma de organização do trabalho

resultou em um aumento ainda maior da produtividade e redução de preços dos

bens de consumo, tornando-se obrigatória nas empresas como estratégia de

sobrevivência e competitividade.

Em meio a todas essas transformações em torno do trabalho, de lutas e

conquistas sociais, tanto de parte das classes trabalhadoras como de empresários, é

importante discutir os elementos de afinidade e aproximação presentes nas

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propostas racionalisadoras do trabalho, sugeridas por Taylor, as quais se ampliaram

e se desdobraram, frente aos primeiros estudos no campo da ergonomia.

Resumidamente, Taylor, em seus estudos intitulados Princípios da

Administração Científica, no qual expõe suas idéias sobre a racionalização do

processo, defendia a observação do trabalho de forma científica, de modo que, para

cada tarefa, fosse estabelecida a maneira correta de executá-la, o tempo previsto e

o trabalhador cientificamente selecionado, usando a ferramenta adequada.

Retornando a questão da ergonomia, conforme Cherem e Magajewski (2003)

verifica-se que, em seu escopo, ela pode ser vista como um desdobramento que se

opõe aos princípios racionalizadores do Taylorismo, por várias razões, entre elas, no

tocante ao que se refere ao esforço para precisar como executar uma tarefa de

modo correto, num determinado tempo, usando a ferramenta correta; contrariando

assim a idéia da ergonomia que se centra no trabalhador, para em seguida avaliar

as tarefas e atividades necessárias ao processo produtivo.

De acordo com Lida (2005) a ergonomia está presente no planejamento, no

projeto, na avaliação de tarefas, nos postos de trabalho, produtos, ambientes e

sistemas, objetivando torná-los compatíveis, com as necessidades, habilidades e

limitações das pessoas. A ergonomia também atua sobre domínios específicos

como é o caso da: Ergonomia Física; Ergonomia Cognitiva e Ergonomia

Organizacional.

Enfim, a ergonomia cuida tanto das condições prévias como as

conseqüências do trabalho, como também das interações (relacionamentos) entre

homens, máquinas e ambientes durante a realização do trabalho.

Esses são os fatores motivadores pelo interesse da abordagem de um tema

tão abrangente e significativo para o bibliotecário, na busca de uma melhor

qualidade de vida no seu ambiente de trabalho e no seu dia-dia; para o

enfrentamento das exigências do mercado de trabalho atual, que impõe novas

demandas, por um profissional bibliotecário possuidor de uma visão holística,

polivalente, uma vez que, no momento presente, ser especializado somente nas

técnicas de transferência ou organização de informação, não basta, torna-se

insuficiente, é necessário, antes de tudo, ser um estrategista e compreender o

funcionamento do mundo competitivo e globalizado, em constante mutação.

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7 A BIBLIOTECONOMIA NO OLHAR DA ERGONOMIA

Entende-se que diante de tantas transformações há uma necessidade,

urgente, na avaliação curricular acadêmica para inclusão de novos temas que

possibilitem uma formação profissional do bibliotecário compatível com a evolução e

exigências do mercado da sociedade da informação, tanto do setor político, como

econômico e social, uma vez que o bibliotecário é extremamente afetado em

decorrência das mudanças significativas ocorridas em sua forma de trabalhar,

motivadas, em grande parte, graças ao advento dos fatores tecnológicos e

comunicação, que são apontados como os grandes responsáveis pelas mudanças

que estão ocorrendo no mercado de trabalho.

O paradigma informacional sofreu profunda alteração e, por conseqüência o

trabalho do bibliotecário também sofreu modificações. O esforço pela diminuição da

presença do Estado no Brasil, através do programa de privatização, provocou

mudanças acentuadas no padrão de emprego no setor público estimulando a

terceirização de alguns serviços, entre os quais, os de informação.

Entre as novas oportunidades, surge para o bibliotecário, a possibilidade do

trabalho autônomo e aqueles relacionados com áreas de negócios e tecnologias. A

Internet também vem sendo vista como promissora para atuação profissional.

Assim como outras tantas, essas modalidades de ocupação têm gerado um

crescimento importante da economia informal, que de alguma forma é prejudicial aos

profissionais pela falta do cumprimento dos direitos e benefícios constantes da

legislação trabalhista.

Em meio a tudo isso, como já foi mencionado anteriormente, outro mercado

de trabalho que tem crescido substancialmente nos últimos tempos é o de

bibliotecas universitárias, pois está havendo uma grande proliferação de faculdades

e universidades particulares, presentes em todas as regiões do país, ocasionando

uma mudança no até então mercado tradicional, do emprego público, com isso,

também alterou as relações de trabalho, passando a exigir do profissional um perfil e

habilidades diferenciadas.

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Sabe-se que as exigências no mercado de trabalho potencial do bibliotecário,

ao longo do tempo, em relação às habilidades e atitudes, são adequadas a cada

época.

No cenário de início do Século XXI, denominado de Sociedade da Informação

ou do Conhecimento, há uma forte tendência para competências ligadas a

capacidades gerenciais, tecnológicas e à organização do conhecimento, exigindo do

bibliotecário, além de suas técnicas habituais de formação, a capacidade de

entender sobre o contexto biblioteca e organização mantenedora, como também as

necessidades dos usuários, para que haja um melhor desenvolvimento de tarefas e

planejamento de serviços, envolvendo coleta, processamento e disseminação da

informação, bem como elaboração de produtos informacionais.

Ter forte domínio sobre o uso do conhecimento da informática, à estruturação

de bases de dados, à formação de redes, a implantação e manutenção das

bibliotecas virtuais, à implementação de periódicos eletrônicos, domínio sobre o

conhecimento das lógicas internas dos mecanismos de busca para recuperação de

dados na Internet e às habilidades de webmaster ou webdesing também são

importantes capacidades exigidas pelo mercado de trabalho.

Em relação aos aspectos tecnológicos relacionados ao processamento da

informação, as habilidades requeridas estão voltadas ao entendimento dos meios de

representar o conhecimento através da utilização de formas de processamento

habituais de: análise, classificação, catalogação e indexação.

Quanto ao uso da Internet, o profissional precisa possuir habilidade para

representação do conhecimento por meio de metadados. Enquanto no campo das

qualidades pessoais a literatura destaca, em geral, a capacidade de comunicação

eficiente, a criatividade, a inovação, a empatia, a proatividade, o empreendedorismo,

e, talvez a mais importante, que é a percepção de oportunidades, independente de

organizações tradicionais, empregadoras, ou suportes tipos de suportes que se

trabalha.

Por isso, o profissional tem que estar atento não apenas com seu índice de

empregabilidade, através de sua qualificação, más também com sua qualidade de

vida, com a preservação de sua saúde, neste sentido, a ergonomia pode contribuir,

através da aplicação de seus métodos e técnicas, na solução de inúmeros

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problemas sociais, relacionados com a saúde, com a segurança, com o conforto,

com a eficiência e também na prevenção de acidentes ocupacionais, reduzindo a

ocorrência de ausências no trabalho e a incapacidade.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (2009) “anualmente,

morrem cerca de 2 milhões de homens e mulheres devido a acidentes e doenças

relacionadas ao trabalho. Em todo o mundo são registrados, a cada ano, 270

milhões de acidentes de trabalho e 160 milhões de doenças profissionais”.

No Brasil a ergonomia tem sido mais determinante no campo das

engenharias, no desenvolvimento de métodos e técnicas de análise dos ambientes

de trabalho, entretanto, observa-se que essas análises têm quase que

exclusivamente, se destinado a atender demandas de profissões de grande massa

de trabalhadores, a exemplo a de profissionais da área de saúde, da agricultura

industrializada, da educação, indústria têxtil, da indústria do petróleo, dentre outras.

No campo da biblioteconomia, talvez por ser integrante de um grupo, não

inserido nos de grandes contingentes, pouco tem sido realizado ergonomicamente

em relação à análise dos postos e ambientes de trabalho ocupados pelo

bibliotecário, isso pode ser comprovado, até mesmo, em função do pequeno número

de textos literários produzido neste sentido no país.

Em visita informal, realizada durante o mês de setembro de 2009, em 10

unidades de informação, pertencentes a instituições universitárias públicas e

privadas em Natal, segundo seus coordenadores em nenhuma havia sido realizado,

até o presente momento nenhum tipo de análise ergonômica.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, através da NR-17 –

Ergonomia, diz que “[...] cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do

trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme

estabelecido nesta Norma Regulamentadora” (BRASIL, 2002, p.63).

Essa NR constitui-se no instrumento norteador tanto para subsidiar a atuação

dos auditores-fiscais, ligados ao MTE, como para os profissionais de Segurança e

Saúde do Trabalhador no exercício de suas atividades, a qual preconiza que “as

condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e

descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais

do posto de trabalho e à própria organização do trabalho” (BRASIL, 2002, p.63).

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Como pode ser visto a NR-17, embora não esgote todas as possibilidades de

solução para as diferentes condições de trabalho existentes, no entanto, representa

a atual legislação em vigor e destaca a ergonomia como um importante recurso para

proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores, assim como a produtividade das

organizações.

Percebe-se, de um certo modo, um acentuado despreparo, por parte dos

bibliotecários, quanto ao uso das técnicas ergonômicas sobre vários aspectos, nos

diferentes setores da biblioteca, tanto em relação aos serviços realizados, como na

especificação para compra e recebimento de móveis e equipamentos para uso no

ambiente de trabalho, fora dos padrões ergonômicos definidos na legislação vigente;

isso ocorre tanto no setor público como privado; existe a alegação por parte dos

profissionais de fatores motivadores na aquisição de móveis/equipamentos de

qualidade nem sempre recomendada.

No setor público, alega-se a compra por menor preço nos processos

licitatórios, enquanto, no setor privado há uma escassez de recursos para

investimento, e isso nem sempre é verdadeiro.

Na compra de materiais de uso permanente, através de processo de licitação,

o que define a melhor compra é a especificação correta do objeto, porém isto nem

sempre ocorre; depois não basta somente a especificação estar tecnicamente

correta, tem que ter atenção no ato do recebimento, o material só deverá ser aceito

após ser inspecionado e comprovado o atendimento dos padrões constantes das

especificações técnicas solicitadas.

Neste sentido, o ideal seria que o processo de recebimento e aceitação dos

equipamentos seja realizado pelo órgão responsável pela requisição e caso este se

sinta incapacitado para realização da aceitação e ou tenha dúvidas quanto ao

atestado de comprovação das especificações solicitadas, deverá solicitar apoio de

órgãos/profissionais especializados como técnico de segurança e saúde do trabalho,

enfermeiro do trabalho, médico do trabalho, da Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes (CIPA), caso exista, esse auxilio tanto é válido para recebimento como no

momento de especificar o material.

Assim, percebe-se que prática da ergonomia é algo que exige o esforça de

profissionais de áreas distintas, deve ser exercida por uma equipe interprofissional,

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pois não há uma única categoria capaz de encontrar as soluções ergonômicas

isoladamente.

Conforme descrito por Couto (1995), a intervenção ergonômica passa por

diversos estágios, entre os quais se destacam:

A transformação das condições em postos de trabalho: essa é uma das

etapas que inspira grande preocupação por ser um dos pontos onde mais ocorrem

ações ergonômicas nas organizações; grande parte dos bibliotecários continua

desenvolvendo suas atividades de trabalho em condições desfavoráveis, sem

qualquer conforto, muitas vezes com excesso de cansaço, sentindo dores no corpo

durante o dia inteiro, se recuperando parcialmente durante a noite e, as vezes, não

consegue identificar as causas provocadas pelas péssimas condições de trabalho,

por puro desconhecimento das condições ergonomicamente adequadas;

Melhorar as condições de conforto relacionadas ao ambiente de

trabalho: esse estágio é sem dúvida, muito importante, pois é necessário adequar

as condições de conforto do ambiente, visando torná-lo melhor e mais adequado ao

tipo de trabalho executado, toda ação sobre o conforto melhora o rendimento.

Os confortos térmicos, de nível de ruído e de iluminamento são extremamente

importantes no ambiente do trabalho e principalmente onde se pratica atividades

intelectuais. Nas bibliotecas universitárias esses itens, nem sempre são observados,

é comum a constatação de ambientes que apresentam excesso de calor, de frio, de

ruído, baixo nível de iluminamento e condições precárias de circulação e umidade do

ar; em todos os setores afetando profissionais, colaboradores e usuários.

Melhorar o método de trabalho: esta talvez seja, uma das áreas mais

delicadas e sutis no processo da intervenção da ergonomia, diferentemente de

identificar as condições desfavoráveis da biomecânica, é bastante complexo

adentrar nos meandros do método de trabalho, para obter quais condições

significativas podem ser introduzidas para melhoria do conforto e produtividade do

profissional, já que essa é uma questão intrínseca aos indivíduos.

Melhorar a organização do sistema de trabalho: esse estágio visa

estabelecer critérios de adequação entre as características técnicas e do operador,

envolvendo seu relacionamento não só com máquinas e equipamentos mais

também com toda situação relacionada com o seu trabalho, incluindo ambiente

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físico, e os aspectos organizacionais de como esse trabalho é projetado e executado

a fim de produzir os resultados almejados, pois se parte do pressuposto que a

ergonomia lida com a configuração do trabalho ao homem, e que, em sua grande

maioria, o sistema de trabalho é quase sempre concebido com imperfeições

ergonômicas sem qualquer racionalidade com conseqüências para o trabalhador.

Não há dúvidas que a grande maioria dos profissionais bibliotecários executa

suas atividades em condições absolutamente desprovidas de qualquer cuidado

ergonômico. O que agrava mais ainda a situação, em relação ao bibliotecário, é que

nem sempre os ambientes e equipamentos destinados às bibliotecas, em quase sua

totalidade, são projetados sem qualquer preocupação com os impactos nocivos que

podem refletir negativamente sobre a saúde e rendimento dos bibliotecários,

colaboradores e usuários, o mesmo ocorre na seleção de pessoas e elaboração de

tarefas.

Ergonomia da concepção: essa talvez seja uma das etapas mais

importantes no processo de intervenção ergonômica, ou seja, é a ação ergonômica

mais avançada, que ocorre durante a elaboração de um projeto, que seja de uma

máquina, equipamento, de um móvel, de uma cadeira, uma estação de trabalho,

uma edificação, por exemplo: a construção de uma biblioteca, na especificação para

compra de um bem, etc., é de fato aquela ação que contribui na fase inicial do

projeto. É a fase de estudo, de pesquisa sobre as devidas adequações para evitar o

impacto ergonômico sobre as pessoas.

É sempre muito importante a participação do bibliotecário, além de uma

equipe multiprofissional (profissionais da área de saúde, segurança do trabalho,

engenheiros, psicólogos, projetistas, desenhistas, entre outros) na concepção de um

projeto arquitetônico para construção de uma biblioteca, ou mesmo, ampliação,

reforma, mudança de estrutura, adequação de ley-aut, compra de bens móveis,

software etc., pois estes poderão opinar, conjuntamente, para um melhor

direcionamento do projeto, juntando em um só projeto beleza, praticidade,

segurança e conforto de todos.

Neste sentido depara-se novamente com uma questão: será que o

bibliotecário está preparado para intervir nesse processo? Ou diante de suas

ocupações de praxe será essa atividade pertinente ao seu desempenho profissional

ou encarada como sendo mais uma ocupação?

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Diante da atual conjuntura do bibliotecário generalista, flexível,

empreendedor, tudo é possível, dentro de uma visão holística é perfeitamente,

cabível, uma vez que ele deverá procurar informações adequadas e, sempre que

precisar, solicitar auxílio de profissionais qualificados.

Também é necessário haver uma interação eficiente entre quem solicita,

quem aprova a compra e o comprador, para isso é essencial uma especificação

correta, de acordo com os parâmetros ergonômicos estabelecidos na NR pertinente,

e uma boa argumentação sobre a questão custo benefício para que haja o

convencimento de quem aprova, como também, um trabalho de conscientização

junto ao comprador sobre a importância da contratação do material/equipamento

ergonomicamente adequados.

Existem soluções ergonômicas que nem sempre necessitam de

investimentos, basta um pouco de conhecimento sobre o tema, que a solução pode

ser rapidamente encontrada e adotada; muitas vezes a solução está ao alcance de

todos, basta estar atento e informado, pois a desatenção ou a falta de informação

pode levar ao desconforto e desgaste físico.

Um exemplo deste fato é quando há incidência de reflexo sobre a tela do

computador, por este estar mal posicionado diante de uma luminária ou mesmo

próximo a uma janela sem proteção, fazendo com que a luz natural dificulte a visão

da tela, causando assim desconforto e fadiga, muitas vezes com uma simples

mudança na posição da mesa ou do monitor, o problema esteja resolvido, ou quem

sabe mudando a posição da luminária e/ou a instalação de uma película no vidro da

janela, uma persiana ou cortina, estas são soluções pouco custosas que irão

proporcionar conforto e bem estar, fazendo o rendimento do trabalho fluir de forma

satisfatória sem desgaste físico.

Também pode ocorrer fadiga, cansaço e dores no corpo, causados, muitas

vezes, em função de uma postura inadequada do operador, falta de manutenção de

um equipamento, ou mesmo a falta deste para realização da tarefa a qual está

sendo providenciada de maneira improvisada.

Quando nem sempre se dispõe de condições adequadas para a execução de

determinadas tarefas, precisa-se estar muito atento e vigilante em relação às coisas

que estão a sua volta e que, de alguma forma, possam comprometer a segurança e

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saúde do profissional, principalmente no que diz respeito ao ambiente, excesso ou

insuficiência de calor, de frio de barulho, de iluminamento, vibrações, circulação do

ar, umidade, poeira, mofo, presença de insetos que possam transmitir doenças

através de contaminações e picadas e até mesmo a morte, é sempre bom manter o

ambiente limpo e higienizado.

Quanto ao local de trabalho, o profissional deverá ser o responsável pela sua

manutenção; em se tratando de uso exclusivo é importante ficar alerta aos

desgastes que possam causar algum dano, como: estofamento dos assentos,

rodízios danificados/quebrados, ajustes de encosto e acento da cadeira sem

funcionar direito, dificultando seu ajustamento ou precisando de conserto; estas são

coisas que quase sempre dependem de uma solicitação ou ajuste do próprio

profissional.

Em relação ao trabalho é necessário se ter consciência do esforço que os

profissionais são capazes de realizar e não ir além do que se pode. O conhecimento

ergonômico que deve ser aplicado, a partir dos princípios e tecnologias

ergonômicas, leva sempre em consideração uma melhor relação entre trabalhador e

trabalho, sobremaneira, na redução dos riscos ocupacionais potenciais que os

profissionais vêm enfrentando em diferentes ambientes e instituições empregadoras,

ao longo dos anos.

Para que se ter uma boa produtividade e boa saúde no trabalho, é necessário

que se tenha respeito ao seu limite: cumprindo a carga horária determinada; os

intervalos de descanso; as pausas obrigatórias previstas em legislação própria, que

são especificas para determinadas funções; evitar horas extras; premiação por

produção, aquela em que se exige esforço além da capacidade eventualmente

suportável; evitar o estresse, muitas vezes causado por discussões indesejáveis

com colegas e/ou pessoas outras que freqüentam o ambiente; planejar as atividades

do dia-dia; ser comprometido e gostar do faz.

Esses tantos cuidados que se precisa ter, e que deveriam ocorrer de forma

intuitiva, são coisas que não podem ficar despercebidas e, nem esperando que

apenas os outros resolvam, é preciso que se tenha iniciativa, afinal de contas, o

próprio profissional deve ser o primeiro a se cuidar.

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Outro aspecto importante em relação a tudo que foi dito, é que

ergonomicamente, nada procede se as pessoas não forem ouvidas e instruídas, até

porque de nada adianta adquirir o melhor equipamento, a mais adequada estação

de trabalho, projetar um ambiente ideal, se quem for fazer uso não for orientado,

sobre a melhor forma de fazê-lo.

Assim, é importante o trabalhador estar bem instruído e adotar as posturas

ergonomicamente corretas para que possa gozar dos benefícios que a ergonomia,

através de suas técnicas pode lhes proporcionar. O custo benefício dos

investimentos só será válido quando os beneficiários tiverem a consciência do uso

correto daquilo que foi proporcionado, ou seja, cada um é responsável pela sua

parte. Em qualquer processo de melhoria ergonômica é imprescindível a

participação do trabalhador.

O Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora NR – 17 Ergonomia, do

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em sua apresentação diz:

Definindo os principais aspectos a serem considerados na elaboração de uma análise ergonômica, ressalta que a realização desta análise tem como objetivo principal a modificação das situações de trabalho [ e ] É necessária a participação dos trabalhadores no processo de elaboração da Análise Ergonômica do Trabalho e na definição e implantação da efetiva adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores (BRASIL, 2002, p.5).

Por isso, ressalta-se que é sempre importante recorrer, periodicamente, aos

profissionais de segurança existentes na organização e/ou empresas

especializadas, para proceder a analise ergonômica do ambiente, suas condições de

trabalho e aferição dos diversos elementos que compõem o ambiente como: níveis

de ruído, índice de temperatura, velocidade do ar, unidade relativa do ar e níveis de

iluminação, pois quando esses itens estão fora dos parâmetros recomendados

geram desconforto, fazendo diminuir a produtividade, gerando uma série de

problemas físicos, emocionais, podendo comprometer a eficiência e produtividade.

Partindo do princípio, conforme dito por Lida (1990) que a ergonomia é o

estudo da adaptação do trabalho ao homem, trabalho aqui entendido não somente o

realizado por máquinas e equipamentos, mas também as diversas situações

envolvendo os relacionamentos que ocorrem entre o homem e suas atividades de

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trabalho com ambiente físico e os aspectos organizacionais relacionados à

concepção e controle das tarefas visando atingir os objetivos desejados.

A análise ergonômica, centrada no trabalhador, considerando a percepção de

sua qualidade de vida e os dados reais obtidos, é fator preponderante para que

sejam providenciadas reformulações em ambientes de trabalho, uma vez que o

ajustamento do mesmo, melhora satisfatoriamente, em qualquer área de trabalho, as

condições físicas e psicológicas dos profissionais.

Considerando-se que a ergonomia estuda as leis do trabalho e, tecnicamente,

o seu processo de análise pode ser sintetizado em informações sobre a demanda,

análise da tarefa e da atividade, pode-se afirmar que o estudo da ergonomia tem

como tema, sobre vários aspectos: o homem, a maquina, o ambiente físico, e por

último, diz respeito às pesquisas sobre o sistema, enfocando o posto de trabalho, a

produção e a confiabilidade. Isso dentro de uma visão clássica, uma vez que as

incorporações de novas tecnologias no âmbito da produção permanecem desafiando

o homem e seu destino no planeta.

O trabalho tem sido constantemente colocado em pauta através da

perspectiva de implantação de processos produtivos cada vez mais automatizados

tornando a presença humana quase que desnecessária.

A exclusão do homem dos processos geradores de riqueza social constitui-se

em um grande desafio para todos os profissionais, entre eles também o bibliotecário,

entretanto, mesmo diante de uma trajetória de avanços e retrocessos observados

em fins do século passado, permanece acesa a chama da construção de uma

sociedade mais justa e fraterna, onde sejam respeitados os direitos e a dignidade

fazendo prevalecer a essência humana e condições de trabalho que ofereçam

segurança à saúde, dignidade e conforto a todos.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que a ergonomia é algo que contém uma mensagem que pode

levar a muitas reflexões e apresentar-se como um instrumento extremamente

importante para o processo de gestão de pessoas, na implantação de projetos de

qualidade, na melhoria da produtividade, embora esta não seja sua finalidade, mas

conseqüência, haja vista, as contribuições que pode gerar para solucionar um

grande número de problemas sociais, relacionados com a saúde, com a segurança,

com o conforto e bem estar.

Verificou-se que ela é uma valiosa ferramenta que pode proporcionar aos

bibliotecários e demais profissionais que trabalham em bibliotecas, bem como, a

seus usuários, prevenção no que diz respeito a riscos à saúde que o ambiente e os

equipamentos podem causar as pessoas, principalmente aos profissionais que

trabalham em bibliotecas universitárias.

Mostrou que os conceitos ergonômicos propiciam condições adequadas a

todos os ambientes de trabalho, inclusive os de bibliotecas universitárias, que devem

propiciar um máximo de conforto, segurança, saúde, bem estar e desempenho

eficiente para todos os seus usuários, sejam eles internos ou externos.

Apresentou a ergonomia como um importante instrumento na prevenção de

inúmeros problemas sociais relacionados à saúde, segurança, conforto e eficiência,

procurando estabelecer parâmetros, que teve como objetivo contribuir para uma

melhor adequação das condições físicas e psicológicas do trabalho bibliotecário,

para com isto melhorar a sua segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho.

Comprovou que, por meio e uso de técnicas ergonômicas, pode-se evitar

inúmeros acidentes ocupacionais e, até mesmo, a incapacidade, e quando os

ambientes de trabalho encontram-se inadequados pode-se fazer diversas

intervenções ergonômicas, inclusive algumas apenas de posturas que estão

ergonomicamente incorretas, e que, em alguns casos, nem sempre há necessidade

de tantos investimentos, mas de bom senso e criatividade construtiva.

Enfim, constatou-se que a ergonomia pode sim, além de ser uma forte aliada,

ser também um agente transformador dessa realidade que tanto atormenta as

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classes trabalhadoras, dos mais diversos campos profissionais, e o da

biblioteconomia não é exceção, assim, como nos outros seguimentos, o trabalho do

bibliotecário pode oferecer diversos fatores de riscos a saúde, porém a ergonomia

pode contribuir de forma incontestável para construção dessa sociedade que tanto

se espera, onde o lema é trabalhar sim, adoecer não.

Recomenda-se aos pesquisadores da área de Ciência da Informação que

queiram enveredar por este tema, no qual possa comparar a teoria existente com a

prática realizada pelos bibliotecários.

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