a era da informação
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A sociedade da informação
• Pierre Levy• Manuel Castells• Wikileaks• Transparência Hacker
Pierre Levy• Nasceu em 1956, na Tunísia, e é professor da Universidade de Ottawa, Canadá
• Pensador dos complexos movimentos da tecnociência na atualidade. Seus livros foram traduzidos em mais de 20 países. O livro Cibercultura (1997) é resultado de um relatório apresentado ao Conselho Europeu dentro do projeto "Novas tecnologias: cooperação cultural e comunicação“.
• Formação em História das Ciências, Sociologia e Filosofia com uma experiência técnica na realização de sistemas de informação inteligentes.
• Conduz a Cátedra de Pesquisa na Universidade de Ottawa-Canadá, intitulada "Tecnologia e Transferência de Saberes: os fenômenos de inteligência coletiva".
http://twitter.com/#!/plevy
Ciberespaço e Cibercultura
• Ciberespaço (ou rede)– É o novo meio de comunicação que surge da interconexão
de computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo de informações que ela abria.
• Cibercultura– É o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de
práticas, de atitudes, de modos de pensamento e valores que se desenvolvem junto com o crescimento do ciberespaço.
Para pensar a cibercultura• É necessário reconhecer dois fatos:
– O crescimento do ciberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávido para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas propostas pelas mídias clássicas;
– Estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorar as potencialidades mais positivas deste espaço, nos planos econômico
Novos caminhos
• Os grandes conceitos técnicos que exprimem e sustentam a cibercultura criam novas condições e possibilitam ocasiões inesperadas para o desenvolvimento das pessoas e das sociedades, mas elas não determinam automaticamente nem as trevas nem a iluminação para o futuro humano.
O movimento social da cibercultura
• Apesar de ser um fenômeno associado à técnica, a emergência do ciberespaço é fruto de um verdadeiro movimento social– Grupo líder – juventude metropolitana
escolarizada– Palavras de ordem - interconexão, criação de
comunidades virtuais, inteligência coletiva– Aspirações coerente
Um novo universal• Hipóteses
– A cibercultura expressa o surgimento de um novo universal, diferente das formas culturais que vieram antes dele no sentido que ele se constrói sobre a determinação de um sentido global qualquer.
– A cibercultura leva a co-presença das mensagens de volta a seu contexto, como ocorria nas sociedades orais, mas em outra escala, e órbita completamente diferente.
– Essa nova universalidade se constrói e se estende por meio da interconexão das mensagens entre si, por meio de sua vinculação permanente com as comunidades virtuais em criação, que lhe dão sentidos variados em uma renovação permanente.
• O ciberespaço visa um tipo particular de relação entre as pessoas– Prática de comunicação interativa, recíproca, comunitária e
intercomunitária– Horizonte de mundo virtual vivo, heterogêneo e
“intotalizável” em que todos podem participar e contribuir• Ferramenta de organização
– de comunidades de todos os tipos– todos os tamanhos em coletivos inteligentes– articulação dos coletivos inteligentes entre si
A aspiração do ciberespaço
Potência do ciberespaço
• Qualquer tentativa para reduzir o novo dispositivo de comunicação às formas midiáticas anteriores* empobrece o alcance do ciberespaço para a evolução da civilização, mesmo se compreendemos os interesses econômicos e políticos em jogo.
*Esquema de difusão “um-todos” de um centro emissor em direção a um periferia receptora
Por que precisamos compreender a cibercultura?
Manuel Castells• Nasceu em 1942, na Espanha, sociólogo,
• Leciona Comunicação na Universidade da Califórnia
• Entre 1967 e 1979 lecionou na Universidade de Paris, primeiro no campus de Nanterre e, em 1970, na "École des Hautes Études en Sciences Sociales". Foi nomeado em 1979 professor de Sociologia e Planejamento Regional na Universidade de Berkeley, Califórnia.
• Em 2001, tornou-se pesquisador da Universidade Aberta da Catalunha
• Segundo o Social Sciences Citation Index Castells foi o quarto cientista social mais citado no mundo no período 2000-2006 e o mais citado acadêmico da área de comunicação, no mesmo período.
http://www.manuelcastells.info
Redes de computadores, sociedade civil e o Estado• As sociedades mudam através dos conflitos e são
administradas pela política. Uma vez que a internet é um meio essencial de comunicação e organização em todos as esferas de atividades, ela também se torna um terreno disputado.
• Os movimentos sociais e o processo político a usam, e o farão cada vez mais, como instrumento privilegiado para atuar, informar, recrutar, organizar, dominar e contradominar.
Em torno de valores culturais• Movimentos culturais (que visam a defesa ou a
proposição de modos próprios de vida e significado) são construídos em torno de sistemas de comunicação, porque conseguem alcançar aqueles capazes de aderir a seus valores e, a partir daí, atingir a consciência da sociedade como um todo.
• Os movimentos sociais na sociedade em rede tem a tarefa de preencher o vazio deixado pela crise das organizações verticalmente integradas, herdado da era industrial.
Movimentos em rede• A Internet está se tornando um meio essencial de
expressão e organização das expressões, que coincidem numa dada hora e espaço, e provocam impacto no mundo da mídia, e atuam sobre as instituições e organizações (empresas, por exemplo), por meio das repercussões e impacto de seu impacto sobre a opinião pública.
• Estes os movimentos pretendem conquistar poder sobre a mente, não sobre o Estado.
Contra-ataques• Como o poder está cada vez mais em funcionamento
em redes globais, ignorando em grande parte das instituições do Estado-nação, os movimentos são confrontados com a necessidade de obter o mesmo alcance global dos poderes vigentes, exercendo seu próprio impacto sobre a mídia, através de ações simbólicas.
• Case: “The Yes Men” - dois ativistas que denunciam o liberalismo através da caricatura e praticam o que eles chamam "correção de identidade", fingindo ser pessoas poderosas e porta-vozes de organizações proeminentes. Eles criam e mantêm websites falsos, similares aos que eles pretendem satirizar.
Democracia e internet• Convivemos com um grave crise de legitimidade política e decepção
dos cidadãos com seus representantes. Há pouca apropriação da interatividade, do canal multidirecional fornecido pela internet.
• Políticos e instituições divulgam suas informações e respondem burocraticamente (exceto nas eleições*), e muitos cidadãos não vêem sentido em gastar energia em indagações políticas, exceto quando atingidos por um dado evento que desperte sua indignação ou afete seus interesses pessoais.
• A internet não pode fornecer uma solução tecnológica para a crise da democracia.
*Blog do Planalto, Twitter dos políticos em campanha
Política informacional• No entanto, a Internet desempenha um papel fundamental na nova
dinâmica política:
– Os meios de comunicação são intermediários necessários entre os políticos e a sociedade. O acesso à mídia tradicional envolve o conhecimento do canal e, em alguns casos, dinheiro suficiente para produzir e disseminar informações.
– A internet fornece um canal horizontal, não controlado e relativamente barato, tanto de um-pra-um, como de um-pra-muitos. E se, por um lado, ela pode fortalecer a democracia com base na promoção da informação e da participação cidadã, também pode aprofundar a crise de legitimidade política, fornecendo uma plataforma mais ampla para a política do escândalo.
• O problema, então, não é a Internet, mas o tipo de políticas que nossas sociedades estão gerando.
A relação Estado x Cidadão• A questão fundamental é que os governos podem espionar,
legal ou ilegalmente, aos seus cidadãos. Mas os cidadãos não têm direito à informação sobre aqueles que atuam em seu nome, a não ser na versão censurada que os governos constroem.
• A ciberguerra começou. Não uma ciberguerra entre Estados como se esperava, mas entre os Estados e a sociedade civil internauta. Nunca mais os governos poderão estar seguros de manter seus cidadãos na ignorância de suas manobras. Porque enquanto houver pessoas dispostas a fazer leaks e uma internet povoada por wikis surgirão novas gerações de wikileaks.
Trecho de artigo publicado no Observatório da Imprensa
http://wikileaks.org
O que é o Wikileaks• Organização transnacional sem fins lucrativos, sediada na Suécia, que publica, em seu site, posts de fontes
anônimas, documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis.
• O site, administrado pela The Sunshine Press, foi lançado em dezembro de 2006 e, em meados de novembro de 2007, já continha 1,2 milhão de documentos. Seu principal editor e porta-voz é o australiano Julian Assange, jornalista e ciberativista.
• Ao longo de 2010, WikiLeaks publicou grandes massas de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos, com forte repercussão mundial. Em abril, divulgou um vídeo de 2007, que mostra o ataque de um helicóptero Apache norte-americano, matando pelo menos 12 pessoas - dentre as quais dois jornalistas da agência de notícias Reuters - em Bagdá, no contexto da ocupação do Iraque. O vídeo do ataque aéreo em Bagdá é uma das mais notáveis publicações do site.
• Em 2 de fevereiro de 2011, o WikiLeaks foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz,pelo parlamentar norueguês Snorre Valen. O autor da proposta disse que o WikiLeaks é ”uma das contribuições mais importantes para a liberdade de expressão e transparência” no século XXI. ”Ao divulgar informações sobre corrupção, violações dos direitos humanos e crimes de guerra, o WikiLeaks é um candidato natural ao Prêmio Nobel da Paz”.
* O termo wiki identifica um tipo específico de coleção de documentos em hipertexto ou o software colaborativo usado para criá-lo. Este software colaborativo permite a edição colectiva dos documentos usando um sistema que não necessita que o conteúdo tenha que ser revisto antes da sua publicação, como é o caso da Wikipedia. Apesar do nome, a WikiLeaks não é uma wiki, os leitores que não têm as permissões adequadas não podem editar o seu conteúdo.
Quem é a Wikileaks• Segundo o site da WikiLeaks, entre seus fundadores estão dissidentes chineses,
jornalistas, matemáticos e tecnólogos de empresas start-up dos EUA, de Taiwan, da Europa, Austrália e África do Sul. Os organizadores afirmam que a WikiLeaks é uma entidade autorregulada.
• De acordo com uma entrevista de janeiro de 2010, a equipe da WikiLeaks é constituída por menos de dez pessoas que trabalham em tempo integral, mas especula-se que a WikiLeaks conte com algo entre mil e dois mil voluntários, que colaboram ocasionalmente - a maioria sem qualquer contrapartida financeira.
• A organização não possui sede oficial. As despesas por ano são de cerca de 200.000 dólares, principalmente empregues em servidores e burocracia. Para pagar suas despesas judiciais, a WikiLeaks conta com doações de organizações de mídia, tais como a Associated Press, o Los Angeles Times e a National Newspaper Publishers Association.
– Entrevista Assange / Revista Trip
http://wikileaksbrasil.org
Wikileaks no Brasil• WikiLeaks Brasil é uma organização formada por pessoas
físicas que identificam-se com os ideais da instituição WikiLeaks.org
• WikiLeaks Brasil não tem vínculo formal de nenhuma natureza com a WikiLeaks.org e não somos seus representantes no Brasil
• WikiLeaks Brasil tem uma atuação totalmente independente com objetivo de fortalecer a WikiLeaks.org e fomentar seus ideais pela sociedade brasileira.
O que é o Transparência Hacker• A comunidade Transparência Hacker é um espaço para que
desenvolvedores web, jornalistas, designers, gestores públicos e outros indivíduos dos mais diferentes perfis proponham e articulem ideias e projetos que utilizem a tecnologia para fins de interesse da sociedade.
• Trabalham primariamente com dados governamentais abertos, promovendo ações que evidenciam a importância desses dados e fazendo pressão para que os organismos do governo brasileiro adotem a mesma medida de liberação de dados públicos em formatos abertos.
• Acima de tudo, provocam e buscam evidenciar questões sociais e políticas através da ressignificação de informações existentes, mas que ainda são de difícil acesso para a sociedade em geral.
– Entrevista Markum na TV Senado
Questões para o debate• A cibercultura seria fonte de exclusão?
– É preciso observar a tendência de conexão e seus números absolutos– Será cada vez mais fácil e barato conectar-se– Qualquer avanço nos sistemas de comunicação acarreta
necessariamente alguma exclusão
• A cibercultura encontra-se em ruptura com os valores fundadores da Modernidade Européia?– A cibercultura é herdeira do projeto progressista dos filósofos do séc
XVII - ideais de republicanos de liberdade, igualdade e fraternidade– Surge como solução parcial para os problemas da época anterior, e ao
mesmo tempo é um campo de conflitos– A cibercultura continua a grande tradição da cultura européia, em certo
sentido, e por outro, transmuta o conceito de cultura.
Bibliografia• Castells, Manuel. A galáxia da internet• ________. A ciberguerra do Wikileaks• Levy, Pierre. Cibercultura• Silveira, Sergio Amadeu. Ciberativismo, cultura hacker e o
individualismo colaborativo
• Conferências Pierre Levy – Sesc-SP – Textos em http://www.sescsp.org.br/Sesc/conferencias_new/subindex.cfm?Referencia=168&ParamEnd=5