a entrevista de ajuda - capitulo 2
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Faculdade de Terapia ocupacional
Terapia Ocupacional Geral
Professora Sandra
A entrevista de ajuda
Capítulo 2 – Os Estágios
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Campinas - 2003
A Entrevista de Ajuda
Capitulo 2 – Os Estágios
Bruna C. Amor Campos
Cristiane Lemos Paulo
Lívia Maria Baltieri da Silva
Marina M. Almeida
Michel Antonio Fernandez
Michelle
Patrícia Rodrigues de Azevedo
Suhaila Ahmad Harati
Thaís
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ESTÁGIOS
Finalmente chegou o grande dia de sua primeira entrevista. O entrevistado está do outro
lado da porta.
Ao se aproximar da porta você pensa em tudo que leu, estudou, aprendeu, praticou, mas
mesmo assim você se sente desprotegido, com apenas uma porta entre ele e você.
Nesse momento acontecera a lição mais importante: que não exista ninguém a não ser
você e o entrevistado. Nesse momento você está assustado e indeciso. O entrevistado só pode
contar com você, mas na realidade você pode contar com ele.
Ele veio com um objetivo especifico. Como você poderá ajudá-lo , fará você aprender a
confiar nele, e isso ajudará a dar-lhe a ajuda que necessita.
Mais uma palavra antes de girar a maçaneta: talvez tudo que você aprendeu seja
verdadeiro ou útil a você, mas na realidade a entrevista é uma habilidade, uma ciência, em que
cada um precisa descobrir seu próprio estilo e instrumentos para trabalhar melhor. E esse estilo
amadurece de acordo com as experiências, estímulos e reflexão.
ABRINDO A PRIMEIRA ENTREVISTA
O autor distinguiu dois tipos de 1ª entrevista:
1ª. Iniciada pelo entrevistado.
2ª. Iniciada pelo entrevistador.
INICIADA PELO ENTREVISTADO: alguém pede pra vê-lo. O mais simples é deixa-lo dizer
o que o trouxe até você.
Você não pode colocar o entrevistado em situação embaraçosa, fazendo-lhe perguntas e
desviando o que realmente queria falar. Tem o entrevistado mais confiante, que dirá: “Não, o
motivo por que vim é...”.
Na opinião do autor, se alguém pediu para nos ver, e veio, é melhor deixa-lo expor em
suas próprias palavras o que o trouxe e o que há de especial para contar.
Depois de ter começado a entrevista, acomodando o entrevistado, você necessita ouvir
mais atentamente o possível o que ele tem a dizer.
Se você tem algo a dizer, seja rápido e neutro para não interferir no seu rumo. Auxilie o
entrevistado. Não use palavra PROBLEMA por exemplo, esse tipo de abertura é preocupante, já
que às vezes o entrevistado não tem nenhum problema, mas ele acaba achando que tem.
A muitas formas de começar essa abertura, e vários tipos de situações que ele o colocará.
INICIADA PELO ENTREVISTADOR: a entrevista começa de forma diferente quando o
entrevistador a incita; quando isso ocorre, há uma regra e um perigo.
A regra é simples: situar no inicio, com clareza, aquilo que levou você a chamar o
entrevistado, e o grande perigo da entrevista ser iniciada pelo entrevistador a possibilidade delas
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tornarem-se monólogos ou conferências; isso pode ser evitado se tivermos cuidado de
permanecermos quietos depois de termos indicado o propósito da entrevista e dar alguma
informação caso seja necessário. No geral, o entrevistado tem muito a dizer se perceber que
estamos dispostos a escuta-los.
Se a conversa for muito objetiva e tiver uma boa comunicação precisamos tomar cuidados,
quanto a dar oportunidade do entrevistado se expressar completamente. E a única maneira de
percebermos como ele se sente, o que pensa, se ele nos entendeu e como entendeu. Se
acontecer de apenas o entrevistador falar seria melhor ele (entrevistador) ter mandado uma carta.
Segundo o autor o entrevistado tem o direito de saber imediatamente o nosso objetivo ao
chamá-lo. Se quisermos realmente ajuda-lo é importante que o entrevistador seja muito honesto e
aberto, pois o entrevistado reagirá da mesma forma. O resultado será uma entrevista séria e
objetiva.
EXPLICAÇÃO DO NOSSO PAPEL
Ainda na fase da abertura cabe ao entrevistador apenas se identificar e situar-se diante de
tal posição para que ele prossiga tranqüilamente. Se nossa posição for colocada em discussão,
será apenas em relação do que podemos ou não fazer. Isso deve ser claramente explicado quando
oportuno.
EMPREGO DE FORMULÁRIO
Segundo o autor a melhor forma de se preencher os formulários necessários é durante e
como forma integrante da entrevista. Às vezes essa formalidade pode ser realizada de maneira
mais rápida e sem prejuízo, isto é, se for um formulário pequeno, se for um formulário longo,
complicado ou ambos o entrevistador poderá marcar um dia especial para preencherem juntos e
aproveitar a ocasião para dar inicio ao relacionamento.
Ninguém pode culpar o entrevistado por empacar, mas se isso não acontecer e o
entrevistado que poderá discutir item por item, não haverá dificuldade desde que aceitamos o
formulário como algo importante ou como um fato inevitável da vida.
O relacionamento tende a ser bom quando ambos aceitarem essa inevitabilidade.
Enquanto trabalham juntos puderam descobrir muito um do outro, criando um ambiente adequado
para uma boa entrevista.
O FATOR TEMPO
Nossa cultura mede muito em termos de tempo, e dá a ele um grande valor, assim, tempo
é um fator importante para a entrevista. Ficamos imaginando a importância do fato de o
entrevistador ter vindo tarde ou cedo, e o significado que isso tem para ele. Em outras palavras,
temos consciência do tempo, e supomos que o entrevistado também tenha – e, em geral, ele tem.
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Nosso comportamento também é observado por ele nessa dimensão, e é obvio o que isso
significa em termos de confiança e respeito. Os encontros devem ocorrer na hora estipulada ou,
então, dê uma boa e verdadeira razão.
Normalmente você deve dizer às pessoas, implícita ou explicitamente, quanto de seu
tempo pertence a elas, isso é preferível a continuar sem dizer nada, mas sentindo-se cada vez
mais pressionado, e desejando que ela se levante e saia; além de estruturar a entrevista.
Quando diversas entrevistas estão programadas, o fator tempo é parte integrante da
atmosfera geral e do relacionamento. Em entrevistas únicas, esse tipo de estruturação de tempo
não é muito importante, mas mesmo assim os limites devem ser colocados com clareza.
É preciso acentuar a importância do fator tempo, para entrevistador e entrevistado, e
demonstrar que ele pode tornar-se uma ponte onde os dois se encontram. Ambos poderão se
sentir à vontade dentro de uma necessidade, o entrevistador pode ajudar o entrevistado,
verbalizando aquilo que esse está sentindo, mas não consegue ou não quer expressar.
Essa atitude de sensibilidade e abertura da parte do entrevistador não irá diminuir a
confiança e o respeito; ao contrário, poderá aumenta-los.
Se precisar entrevistar diversas pessoas num mesmo dia, intercale alguns minutos entre as
entrevistas para escrever ou fazer anotações. Pense cuidadosamente sobre o que ocorreu até o
momento, ou então relaxe e se prepare para a próxima pessoa.
TRÊS ESTÁGIOS PRINCIPAIS:
A entrevista se divide em três partes:
1. abertura ou colocação do problema
2. desenvolvimento ou exploração
3. encerramento
Essas divisões ou estágios indicam movimento, mas nem sempre essa divisão é
claramente visível. Quando ausente, isso poderá demonstrar que não houve evolução, ou seja,
ficamos sempre no mesmo estagio. Entretanto, há um outro lado, quando o movimento é rápido, é
muito mais difícil determinar onde se acaba um estagio e começa outro.
ABETURA OU COLOCAÇÃO DO PROBLEMA
Neste estagio, situa-se o assunto ou problema que motivou o encontro entre entrevistado e
entrevistador. Essa fase em geral termina quando há a interação entre o concordar e o
compreender de ambos. Na realidade, outros pontos podem ser levantados e, não exclusivamente,
sobre o assunto escolhido pelo o entrevistado e entrevistador. O foco da entrevista, poderá ser
alterado à medida que o entrevistado se senta à vontade durante a entrevista, assim ele se
permitirá discutir qual é o assunto principal.
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Há entrevistas em que o assunto é colocado, explorado e encerrado; quando isto ocorre,
nota-se que os três estágios não foram divididos, ou seja, foram encobertos.
Portanto, quem decide como prosseguir a entrevista é o entrevistado.
Um exemplo é quando um homem, a procura de emprego, vai ao departamento para ser
entrevistado. Quando os dois estão discutindo e explorando as possíveis oportunidades, nota-se
que ele está interessado em aperfeiçoar seu treinamento vocacional, mas não sabe como obtê-lo.
No encerramento, os dois estarão fazendo planos sobre essa questão. O objetivo era a
necessidade de um emprego que foi substituída por algo mais importante durante a entrevista e o
objetivo verdadeiro passa-se a ser o progresso no treinamento vocacional.
DESENVOLVIMENTO OU EXPLORAÇÃO
Uma vez que situado e aceito o assunto, passa a ser examinado, explorado. Entramos
assim na 2ª. Fase: A EXPLORAÇÃO. A partir do momento que o corpo principal da entrevista foi
alcançado, passa-se a maior parte do tempo tentando verificar todos os aspectos e tirando
algumas conclusões através do exame mutuo do assunto. Nesse momento, poderá sentir uma
maior necessidade do entrevistador de ajuda, porem não há receitas sobre o que dizer ou o que
fazer.
Poderá consultar alguns livros sobre estudos de caso, será útil mas devemos lembrar que
cada pessoa é um acaso diferente.
APRENDENDO COM ENTREVISTAS PASSADAS
Cada entrevista é diferente uma da outra e usar suas próprias entrevistas como referência,
é um ótimo auxilio.
A maneira de falar com o entrevistado é muito importante. O entrevistador deve estimular o
paciente, ajudando-o a encontrar suas próprias soluções e não apresentar respostas. Ele vai
ajudar o entrevistado a ampliar seu campo de percepção até o limite possível. O entrevistado tem
que descobrir seu próprio EU.
O terapeuta tem que se preocupar com o que é central para o paciente e não para o
próprio terapeuta. Tem que deixar que o entrevistado explore o que quiser, acompanhado ele ao
invés dele te acompanhar, vendo sempre o que é melhor para ele.
Cooperar com o entrevistado significa segui-lo, capacita-lo a se expressar completamente,
escutar e responder aquilo que ele está dizendo e sentindo.
Em alguns momentos o silencio é uma forma de ajudar o entrevistado, respeitar o silencio
dele ajuda a continuar a entrevista.
MUITAS FORMAS DE SILÊNCIO
Os entrevistadores principiantes consideram difícil suportar o silencio. Eles acham que se
há um silencio, a culpa é deles, que esse silencio deve ser corrigido imediatamente.
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Existe, por exemplo, o silencio em o entrevistado precisa para ordenar seus pensamentos
e sentimentos. Esse silêncio é mais benéfico do que muitas palavras do entrevistador. Quando
estiver preparado, o entrevistado continuará, logo em seguida (em torno de 1 minuto).
Caso o silêncio se prolongue, podemos fazer uma rápida observação para ajudar o
entrevistado a prosseguir – alguns se podem perder no silêncio e gostariam da indicação de uma
saída possível.
Esse silêncio pode ajudar muito se o entrevistador não se sentir ameaçado ou incomodado
pelo entrevistado, mas ao contrário, se puder maneja-lo como ponto de um processo em
continuidade.
Uma determina situação pode estar confusa para o entrevistado. A confusão levara ao
silêncio. Ele pode ter revelado algo que o confundiu, ou o entrevistador fez de maneira inadvertida,
nesse caso quanto menos o silêncio melhor, o entrevistador terá de agir para aliviar a tensão, de
modo adequado à situação e conforme seus critérios.
Se o silêncio persistir significa alguma coisa mais. O entrevistado pode guardar o silêncio
porque está resistindo ao que considera um interrogatório, talvez tenha visto em você uma figura
autoritária a qual é preciso evitar. Talvez ele não esteja preparado para falar o que realmente está
passando em sua mente. Talvez o entrevistador considere essa forma de silêncio como a mais
difícil de lidar, porque ele mesmo tende a se sentir rejeitado, contestado e recusado.
Nessas situações é muito importante observar a situação claramente como ela se
apresenta e não responder como se estivesse sendo pessoalmente atacado. Mostrar ao
entrevistado que podemos aceitar essa forma de resistência.
Não devemos interromper o entrevistado e nem leva-lo a sentir que aqui ele não pode
debater com suas idéias e sentimentos sem ser logo cortado.
Inevitavelmente, às vezes o entrevistador e o entrevistado falarão ao mesmo tempo, e
ambos então recuarão para pedidos de desculpa e encorajamento para que o outro continue. Isso
pode ser embaraçoso, e um pouco de senso de humor pode ser de utilidade.
EXEMPLOS PESSOAIS PODEM SER EMBARAÇOSOS
Durante a entrevista, de vez em quando temos a tentação de usar exemplo ou experiência
pessoal, segundo Benjamin, temos que evitar essa tentação, pois o entrevistado, talvez hesite em
manifestar o que sente honestamente, com receio de ofender-me ao fazer comentários sobre meu
exemplo. Por outro lado, ao apresentar minha própria experiência, posso sem intenção assustar o
entrevistado. Porem se o entrevistado os solicitar, a situação muda e posso optar pelo atendimento
desse pedido. Mesmo assim é importante lembrar que “isso funcionou para mim, mas não sei se
funcionará para você”. Dessa forma indico que ele é o centro da situação, e que não precisa copiar
meu exemplo.
Se sinceramente sentimos como o entrevistado o que ele está sentindo, será através do
nosso comportamento, e se somos capazes de demonstrar isso sem obstruir seu caminho, não
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precisaremos dizer nada, porque ele logo saberá, compreendera que jamais saberemos
exatamente como ele se sente, mas como outro ser humano, estamos fazendo o possível e
demonstrando que estamos tentando.
ENCERRAMENTO
O encerramento, sob muitos aspectos, se assemelha ao contato inicial; embora se efetue
de maneira inversa. Existem dois fatores básicos sobre a fase de encerramento da entrevista:
1. o entrevistador e o entrevistado devem ter consciência e aceitar o fato de que o
encerramento está ocorrendo.
2. durante a fase de encerramento, nenhum material novo deve ser introduzido mas, caso
exista esse material, deve-se marcar outra entrevista para discuti-lo.
Esses fatores são lidados de modo mais eficaz pelo entrevistador conforme vai adquirindo
experiência. Se um novo material passa a ser discutido na fase de encerramento o resto do dia do
entrevistador pode vir a se complicar, devido a outros compromissos. Apesar da entrevista ter um
tempo limitado, não devemos ser inflexíveis e trabalhar mecanicamente; pois, por ter somente esse
tempo, a entrevista torna-se mais útil.
ESTILOS DE ENCERRAMENTO
Há muitos estilos de encerramento, e a escolha de um deles dependerá da própria
entrevista, do entrevistado e do entrevistador.
As afirmações de encerramento devem ser curtas e diretas, pois quando não temos mais
nada a acrescentar, quanto mais falarmos, menos significativo será, e mais longo e difícil será o
encerramento.
Às vezes, um resumo final mais explicativo é necessário para verificar se você e o
entrevistado se entenderam.
Uma abordagem um pouco diferente é pedir ao entrevistado que coloque como
compreendeu o que houve durante a entrevista.
E por final quando durante a entrevista foram feitos planos definidos pode ser bom
recapitula-los rapidamente durante o encerramento, principalmente quando o entrevistador e o
entrevistados tem tarefas diferentes para cumprir.
Durante o encerramento precisamos estar certos de que demos ao entrevistado total
oportunidade de se expressar.
E o que quer que fique para o fim, ou seja, passos de revisão a serem dados, ou resumo
das questões tomadas. Esse passo deve ser analisado sem pressa, e preferivelmente, como uma
tarefa conjunta.
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