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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL CAMPUS MARIA AUXILIADORA Leila de Francisco Fernandes A EDUCAÇÃO INFORMAL NO AMBIENTE CORPORATIVO EM UMA MICROEMPRESA NA CIDADE DE CAMPINAS - SP Americana 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

UNISAL – CAMPUS MARIA AUXILIADORA

Leila de Francisco Fernandes

A EDUCAÇÃO INFORMAL NO AMBIENTE CORPORATIVO EM UMA

MICROEMPRESA NA CIDADE DE CAMPINAS - SP

Americana

2018

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Leila de Francisco Fernandes

A EDUCAÇÃO INFORMAL NO AMBIENTE CORPORATIVO EM UMA

MICROEMPRESA NA CIDADE DE CAMPINAS - SP

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação, do Centro Universitário Salesiano de São Paulo como requisito para obtenção do título de Mestre em Educação. Orientadora: Profa. Dra. Lívia Moraes Garcia Lima

Americana

2018

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LEILA DE FRANCISCO FERNANDES

A EDUCAÇÃO INFORMAL NO AMBIENTE CORPORATIVO EM UMA MICROEMPRESA NA CIDADE DE CAMPINAS - SP.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação – área de concentração: Educação Sociocomunitária. Linha de pesquisa: Análise histórica da práxis educativa as experiências sociocomunitárias e institucionais. Orientadora: Profa. Dra. Lívia Morais Garcia Lima

Dissertação defendida e aprovada em 15 de fevereiro de 2018, pela comissão julgadora: __________________________________________ Profa. Dra. Juliana Pedreschi Rodrigues – Membro Externo

Universidade de São Paulo – USP

__________________________________________

Prof. Dr. Antonio Carlos Miranda – Membro Interno Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL __________________________________________ Profa. Dra. Lívia Morais Garcia Lima – Orientadora Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

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Dedico esta dissertação

aos meus filhos, Yuri e Nícholas, pelo apoio incondicional nesta jornada.

Sem vocês nada disso teria sido possível.

Sempre e para sempre será por e com vocês.

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AGRADECIMENTOS

À força maior que rege o Universo, Deus, que em sua infinita bondade concedeu-me

a oportunidade de estar aqui, neste momento.

Aos meus pais, que me ensinaram o valor do saber e o desejo de querer saber.

Aos meus irmãos, que sempre torceram por mim.

Aos meus sobrinhos, uns longe, outros mais perto, que vibraram mesmo sem saber

o porquê estavam comemorando.

Aos meus amigos do mestrado e da vida que participaram das minhas dúvidas e

dividiram comigo seu tempo.

Aos mestres, todos eles, por todos os momentos investidos neste projeto e em

especial a profa. Dra. Lívia pela condução tranquila em momentos de turbulência.

Aos colegas de trabalho, pela paciência nos momentos em que a paciência me

faltava.

Aos alunos, em quem pude despertar o desejo de querer saber.

A vocês, agradeço por fazer parte da minha história.

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“Sem a curiosidade que me move,

que me inquieta,

que me insere na busca,

não aprendo nem ensino”

(Paulo Freire, 1982)

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RESUMO

O desenvolvimento educacional, bem como as necessidades sociais relacionadas à

formação e aprendizagem do sujeito, ainda são entendidos como algo que o

ambiente escolar provisiona. As possibilidades que nascem do constante movimento

do ensinar e do aprender podem ser consideradas intensas e diárias, abrindo portas

para que todo e qualquer tipo de aprendizado seja considerado importante, uma vez

que a aprendizagem pode ser considerada um processo criativo. Esse processo

pode possibilitar resistência por parte de quem aprende. Quando o sujeito ingressa

na organização apresentada nesta investigação, a quantidade de informação

recebida, no momento de ingresso profissional, é de fundamental importância. No

ambiente de trabalho, a aprendizagem acontece de forma intencional e não

intencional, principalmente nos primeiros anos de ingresso na organização. Assim

sendo, o objetivo geral desta pesquisa é descrever e analisar como ocorre a

educação informal dentro da microempresa Carrinhos Brasil Equipamentos

Industriais Ltda ME, localizada na cidade de Campinas – SP. A metodologia utilizada

na presente investigação foi de caráter qualitativo, com ênfase no Estudo de Caso e

também na técnica do Grupo Focal, em que, da entrevista realizada com os

membros da organização, resultaram em reflexões acerca da conscientização e do

espaço que a educação informal desempenha no ambiente corporativo. Os

resultados nos direcionaram para o questionamento de como os sujeitos continuam

a aprender dentro da organização. Durante a trajetória investigativa nesta pesquisa,

foi possível observar que os sujeitos permanecem em constante aprendizado,

proporcionado pela socialização e manutenção de independência e estimulação

cognitiva, pelos cursos e palestras que a empresa faculta a todos, possibilitando

melhoria profissional para cada um deles. Esta pesquisa vem contribuir para a

discussão da educação informal como um campo de possibilidades, em que o

indivíduo é estimulado constantemente, transformando assim suas práticas

cotidianas profissionais em ambientes corporativos, em ricas oportunidades

educacionais.

Palavras-chave: Educação informal. Aprendizagem. Microempresa.

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ABSTRACT

The educational development, as well as the social needs related to formation an

individual learning are yet extended as something provided by the school

environment. The possibilities are created and developed with the constant teaching

and learning process that takes place on a daily basis, giving the possibility of any

sort of learning considered important by the subject, once creativity can be

considered a creative process. This same process can create boundaries around

those who are trying to learn a specific task. When a subject is inserted into an

organization (case study presented in this research), the amount of information

received at the beginning is crucial. In a workplace environment, the learning process

happens intentionally and non-intentionally mostly on the first couple of days.

Therefore, the main goal of this research is to describe and analyze how does the

informal learning process take place on a micro company "Carrinhos Brasil

Equipamentos LTDA ME", located in Campinas - SP. The method employed to this

research used a qualitative character, based solely on the case-study and also on

the Focal Group technique, where interviewing organization members resulted in

personal reflexions regardings the importance and main role played by the informal

education on a corporate environment. During the research trajectory in this

research, it was possible to observe that the subjects remain in constant learning,

provided by the socialization and maintenance of independence and cognitive

stimulation, by the courses and lectures that the company provides to all, enabling

professional improvement for each of them. This research contributes to the

discussion of informal education as a field of possibilities, in which the individual is

constantly stimulated, thus transforming his daily professional practices into

corporateyenvironments,yinyrichyeducationalyopportunities.

Key words: Informal education. Learning. Microbusiness.

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LISTA DE ESQUEMAS e QUADROS

ESQUEMA 1 A interdependência entre a aprendizagem e os saberes ............. 39

ESQUEMA 2 Os pilares da pesquisa ................................................................. 75

QUADRO 1 Caracterização dos participantes ................................................. 53

QUADRO 2 Primeiro dia de trabalho ............................................................... 77

QUADRO 3 Estratégias profissionais ............................................................... 78

QUADRO 4 Conhecimentos profissionais ........................................................ 79

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LISTA DE IMAGENS

IMAGEM 1 Cantinho do café ............................................................................ 69

IMAGEM 2 Área administrativa e financeira ..................................................... 73

IMAGEM 3 Área de vendas .............................................................................. 73

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO...............................12 PROBLEMÁTICA ......................................................................................... 15 HIPÓTESE ................................................................................................... 16 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 17 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 17

1 SOBRE A EDUCAÇÃO ........................................................................ 18 1.1 EDUCAÇÃO FORMAL ........................................................................... 21

1.2 EDUCAÇÃO NÃO FORMAL .................................................................. 24 1.3 EDUCAÇÃO INFORMAL ....................................................................... 28 1.4 APRENDIZAGEM E SABERES ............................................................. 34 2 METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO ................................................. 41 2.1 ESTUDO DE CASO ............................................................................... 44

2.2 GRUPO FOCAL ..................................................................................... 46 2.3 HISTÓRICO DA EMPRESA ................................................................... 49

2.3.1 OS SUJEITOS DA PESQUISA ............................................................ 52 2.4 TRABALHO DE CAMPO ........................................................................ 54

2.4.1 AS ENTREVISTAS .............................................................................. 55 3 DESCRIÇÃO DOS DADOS .................................................................. 58 3.1 DESENVOLVIMENTO DAS ENTREVISTAS ......................................... 58

3.1.1 PRIMEIRA ENTREVISTA .................................................................... 58

3.1.2 SEGUNDO GRUPO FOCAL ................................................................ 61 3.1.3 TERCEIRO GRUPO FOCAL ............................................................... 65 3.1.4 QUARTO GRUPO FOCAL .................................................................. 69

3.2 DESCRIÇÃO DAS CATEGORIAS ......................................................... 74 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 81

5 REFERENCIAS .................................................................................... 86

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INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

“sem prática não há conhecimento”

Horton(2003)

A formação de vida profissional e acadêmica da autora desta dissertação, em

muito justifica a maneira direta pela qual alguns conceitos e ideias são apresentados

e a escolha do tema de pesquisa. Neste momento, pede -se licença aos leitores

para assumir a condição de protagonistas nesta contextualização inicial.

“Meu pai foi um administrador nato, sempre respondia às minhas dúvidas

relacionadas às questões empresariais”. Quando não sabia, indicava o contador, ou

o meu outro irmão, que já exercia o Direito, como profissão. Aos poucos, fui tendo a

certeza de que precisava saber se a teoria em administrar andaria junto com a

prática que fui desenvolvendo no empreendimento assumido. Foi neste momento,

aos 36 anos, que iniciei meu sonho de juventude: dei início ao ensino superior.

Aos 40 anos, concluí o curso superior de Administração com ênfase em

Comércio Exterior. A empresa havia crescido, dando início às exportações de um

produto totalmente brasileiro. Senti, novamente, a necessidade de continuar

estudando e ingressei em duas pós-graduações simultâneas: Gestão Estratégica de

Pessoas e Controladoria. A necessidade de entender como as pessoas funcionam

em uma organização, e o futuro desta organização, me levavam a cada vez mais

procurar conhecer esta estrutura que funciona em rede e, algumas vezes, em teia.

Aos 45 anos, fui convidada a ingressar na carreira docente no ensino

superior. Minha primeira turma era o sétimo semestre em Administração, disciplina

Comércio Exterior.

No primeiro semestre de 2016, ingressei como aluna regular no Mestrado em

Educação do UNISAL. Em algumas disciplinas cursadas ao longo desse programa,

tive contato, entre outros autores, com a literatura de Deleuze e Guatarri (1977, p.

25), que afirmam que o processo de educação caminha no contrafluxo das políticas

instituídas, permeando a sala de aula com possibilidades de novas experiências,

“produzindo um presente e um futuro aquém ou para além de qualquer política

educacional”. A educação maior, sobre a qual Deleuze e Guatarri (1977, p.25) tanto

debatem é, na concepção de Gallo (2002, p.170), aquela cujas normas preveem que

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o sujeito deva ler, estudar, aprender as ideias dos grandes pensadores. “Indica,

ainda, um forte “adestramento” de todos, educadores e sujeitos, que estão

amarrados em processos que, mesmo ineficientes, permanecem como instrumento

de educação”.

Sabe-se que o movimento do aprender é constante ao longo da vida e abre

as portas para que todo e qualquer tipo de aprendizado seja considerado viável,

uma vez que a aprendizagem foge ao controle e às normas da educação maior. No

processo de aprender, gera-se a possibilidade de resistência. Gallo (2002, p.172)

aponta “a educação menor age exatamente nessas brechas para, a partir do deserto

e da miséria da sala de aula, fazer emergir possibilidades que escapem a qualquer

controle [...], tudo adquire um valor coletivo”.

Assim sendo, esse trabalho está dividido em quatro capítulos, nos quais

desenvolvemos a reflexão sobre a educação informal no ambiente corporativo

realizada na microempresa selecionada.

No primeiro capítulo, abordaremos os conceitos de educação formal, não

formal e informal. Para Trilla (1985, p. 23), “a educação acontece pela diversidade,

inclusive pela formação profissional”, sugerindo que nos mais diferentes ambientes,

seja profissional, educativo ou familiar a diversidade pode proporcionar

aprendizados constantes e ao longo da vida.

O capítulo seguinte é destinado à metodologia que deu suporte à investigação

aqui desenvolvida. Utilizou-se o Estudo de Caso, com a abordagem histórica da

microempresa, em sincronia com o Grupo Focal, de que os sujeitos da investigação

participaram de forma colaborativa, em todos os encontros, ao longo do trabalho de

campo. O levantamento de dados também é apresentado neste capítulo, em que

pudemos explicitar as categorias de análise.

A descrição de dados foi estruturada na coleta de dados, no questionamento

e nas falas dos sujeitos. Primeiramente procuramos conhecer cada sujeito de

maneira única, momento no qual o foco do questionário foi voltado para perguntas

pessoais. No segundo bloco da entrevista, procuramos desenvolver

questionamentos voltados para o primeiro dia de trabalho, suas dificuldades e suas

dúvidas em relação aos procedimentos existentes dentro da microempresa.

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No terceiro bloco de perguntas, procuramos entender quais estratégias os

sujeitos utilizavam ou utilizam para resolver algum tipo de problema no ambiente

profissional e finalizamos com a questão da aprendizagem constante: como ela

ocorre dentro da organização investigada?

Nas considerações finais, retomamos a ideia de que a presente pesquisa tem

a intenção de contribuir para as discussões do campo da educação informal, sendo

analisada como um campo de possibilidades, do qual o meio corporativo faz parte

relevante.

Em princípio, pelos relatos dos funcionários com mais tempo de trabalho na

microempresa selecionada, a oferta de ajuda depende da iniciativa dos ingressantes

em solicitar a colaboração do colega de trabalho.

Com relação aos motivos que nos levaram a desenvolver o tema desta

pesquisa, está voltado diretamente ao fato que, enquanto a pesquisadora

desenvolvia-se profissionalmente em uma microempresa, houve o ingresso no curso

Strictu senso do Centro Universitário Salesiano de São Paulo que tem como linha de

pesquisa a educação sociocomunitária. De acordo com Groppo (2013, p. 21), nos

seus estudos sobre sociologia da educação sociocomunitária, afirma que um dos

princípios da educação sociocomunitária se define pelas “relações sociais e

humanas”, uma vez que as pessoas trabalham com outras pessoas. Trata - se,

então, das claras intenções em fomentar relacionamentos comunitários. “[...]

educação sociocomunitária busca, nestes termos, identificar [...] os processos

educacionais que têm a intenção de fomentar relações de caráter comunitário e

societário”.

Nesse sentido, justificamos o tema abordado pela presente pesquisa, através

da prática de mais de vinte anos profissionais da autora desta investigação

dedicados ao ambiente corporativo, nas mais diferentes funções. Ao longo dessa

história em ambiente empresarial, percebeu-se como notória a presença da

educação informal, que não é mensurada, embora saibamos que as diversas formas

de educação – formal, não formal e informal acontecem durante toda a vida de

qualquer sujeito e a todo momento, como por exemplo os saberes que são

adquiridos fora da escola, na vida, na ação, pela experiência, no desenvolvimento de

diferentes tarefas; esses saberes, assim adquiridos, procuram seu reconhecimento

na formação ou no emprego, “sendo que as necessidades de saberes são tão

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grandes que nenhum deles pode ser negligenciado, seja qual for a sua origem”

(PINEAU, 1997, p. 11).

Dessa forma, justificamos a importância dessa pesquisa ao apresentar

possibilidades de um melhor aproveitamento e disseminação dos saberes adquiridos

ao longo da vida de cada sujeito dentro da organização e que, muitas vezes, são

invisíveis no ambiente coorporativo.

PROBLEMÁTICA

“A pesquisa social tem como base fornecer respostas tanto a problemas

determinados por interesse intelectual, quanto por interesse prático” (GIL, 2010, p.

35). A partir dessa conceitualização, podemos interpretar que o problema em uma

pesquisa tem como origem certa inquietação do pesquisador, a partir da qual muitas

perguntas passam a ser elaboradas diante de um dado fenômeno que se deseja

investigar.

Markoni e Lakatos (2003, p. 126) dissertam que “enquanto o tema de uma

pesquisa é uma proposição até certo ponto abrangente, a formulação do problema é

mais específica: indica exatamente qual a dificuldade que se pretende resolver”.

Dessa forma, nossa inquietação dá-se quanto à complexidade existente no

ambiente corporativo devido às experiências que cada profissional traz ou adquire

ao longo da vida. As micro-organizações têm em seu quadro de funcionários sujeitos

que apresentam situações profissionais vivenciadas em diversos departamentos

dentro da microorganização pesquisada. A partir desta constatação, nos

perguntamos:

As microempresas consideram esse aprendizado ao longo da vida

trazido por um funcionário que inicia suas atividades profissionais em um novo

ambiente de trabalho?

Como promover ambientes de aprendizagem no micro-organizações

para sujeitos que possuem experiências e vivências profissionais tão únicas?

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Quais são as melhorias que podem surgir no ambiente profissional

quando o funcionário contribui com as boas práticas profissionais e educativas

desenvolvidas anteriormente?

Há aprendizados não intencionais entre os funcionários de uma

microempresa?

Quando a educação informal acontece de forma a transformar os

sujeitos?

No primeiro dia de trabalho, a educação informal está presente?

De que maneira?

HIPÓTESE

Assim que o problema da pesquisa foi apresentado, dá-se início a

construção de hipóteses. Gil (2010, p. 41) esclarece que “hipótese é uma suposta

resposta ao problema a ser investigado”.

Marconi e Lakatos (2003, p. 127) discutem que “uma vez formulado o

problema, com a certeza de ser cientificamente válido, propõe-se uma resposta -

suposta, provável e provisória - isto é, uma hipótese”. A hipótese, dentro de uma

pesquisa, carrega o importante papel de sugerir explicações para o problema

apresentado. A(s) hipótese(s) são consideradas instrumentos de trabalho da teoria

conduzindo a investigação por meio de uma linha mestra (MARCONI; LAKATOS,

2003).

Todo sujeito carrega consigo a aprendizagem desenvolvida ao longo da

vida, aprendizagem que também envolve questões profissionais. Logo, assim que

este sujeito inicia suas atividades profissionais dentro de uma microempresa, esta

organização não considera essa aprendizagem que o sujeito desenvolveu até o

momento e impõe as novas formatações (regras) desta nova organização. Não se

leva em conta o conhecimento que esse sujeito traz consigo até este momento de

vida.

Podemos interpretar que esse fato acontece porque cada microempresa

deseja registrar sua marca na comunidade e por este motivo carrega consigo o

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desejo de ser única. No trabalho de campo que desenvolvemos durante esta

investigação, pretendemos explorar esse contexto.

OBJETIVO GERAL

O objetivo geral desta investigação foi descrever e analisar como ocorre a

educação informal dentro da microempresa “Carrinhos Brasil Equipamentos Ltda”,

no município de Campinas – SP.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Verificar e analisar como os colaboradores da micro-organização

desenvolvem a aprendizagem corporativa – profissional - no ambiente selecionado.

- Descrever e analisar de que maneira os colaboradores participam do

desenvolvimento dos novos ingressantes dentro desta organização.

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1 SOBRE A EDUCAÇÃO

“La escuela ocupa sólo um sector del universo educativo[...]”

Trilla(1993, p.11)

Para a criação de conceitos sobre educação, é necessário colocar os

problemas e compreendê-los. A finalidade em trazer à tona a conceituação de

educação formal, não formal e educação informal vem da necessidade de deixar

clara a importância, a existência e a influência que estas exercem de maneira

cotidiana e entrelaçada no viver de cada um de nós. É na tentativa de responder aos

problemas que Garcia (2005, p.19) define que a educação não formal como um

campo onde tudo acontece. Escreve ainda que “na área da educação escolar, há

uma tendência a se desprezar todo saber que não é escolar”.

Pela legislação nacional “as crianças brasileiras devem ser matriculadas na

educação infantil e básica a partir dos quatro anos de idade”1. A Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional 12.796 de 04 de abril de 2013, altera a Lei 9.394/96, o

que garante que as crianças devam ser matriculadas em um ambiente denominado

instituição pública de educação infantil, muito embora a conceituação de “creches”

também seja aceita pela população e autoridades, desde que a mesma apresente

propostas pedagógicas que respeitem os seguintes princípios, de acordo com o

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 20132:

a) Princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum;

b) Princípios políticos dos direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática;

c) Princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2013)

Para se ter uma ideia, dados sobre o assunto apontam que o Brasil teve em

2013 cerca 5,3 milhões de crianças matriculadas em uma das 85.866 instituições 1 O novo documento ajusta a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional) à Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, que torna obrigatória a oferta gratuita de educação básica a partir dos 4 anos de idade. artigos 7º, inciso XXV, 205 e 208, incisos I a IV da Constituição Federal. 2 Extraídos na íntegra através do portal http://www.brasil.gov.br/educacao/2014/09/portal-brasil-

esclarece-duvidas-sobre-matriculas-em-creches-publicas. Acesso em 29 out 2016.

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públicas de educação infantil do País3”. Segundo o Ministério da Educação e Cultura

(2016), existe uma demanda enorme a ser atendida, pois “apenas 30% das crianças

conseguiram uma vaga em uma creche pública este ano (2016)4. De acordo com

Brandão (1989, p. 9), “Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou

na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com

ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar”. Para ele, quando se fala

sobre diversidade de conceitos acerca da palavra educação, há que se considerar

que em diferentes sociedades existentes – tribais, agricultores, nômades, e por que

não mencionar, as sociedades afiliadas, sociedade civil considerada regular,

sociedade industrial, sociedade de educadores, a educação existe como recurso de

diferenciação e cultura. A educação pode ser imposta, com controle sobre o saber

ou não. Pode existir favorecendo somente uma classe social ou se fundamentar em

uma premissa comunitária, “a educação é, como outras, uma fração do modo de

vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua

cultura, em sua sociedade5”.

Concordamos com o Barão de Montesquieu, quando escreveu, no século

XVIII, que “recebemos três educações diferentes, ou contrárias: a de nossos pais, a

de nossos mestres e a do mundo” (TRILLA, 2008, p.15).

Nesse sentido, o desenvolvimento educacional, bem como as necessidades

sociais relacionadas à formação e aprendizagem do sujeito, ainda são entendidas

como algo que o âmbito escolar provisiona. Para Trilla (2008, p.17), este papel é

compartilhado entre a escola, a comunidade, a família e também pelo ambiente

profissional. A esse compartilhamento de saberes relaciona-se o termo educação

informal.

A forma como as pessoas se compreendem e compreendem o outro é

chamada cognição social – área estudada pela psicologia social. Abordaremos esse

conceito de forma pontual para apresentar nesta investigação a importância do outro

no ambiente profissional. Enquanto sujeito ingressante, a quantidade de informação

recebida nesse primeiro momento é de fundamental importância.

3 Dados acessados em 29 out 2016, através do portal http://www.brasil.gov.br/educacao/.

4 Dados de agosto 2016, obtidos através da entrevista com a secretária de Educação Básica (MEC),

Rossieli Soares da Silva, no Jornal Bom dia Brasil em 08 Ago. 2016. 5 Idem

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No ambiente profissional, o sujeito ingressante se depara com novos

processos de trabalho, e de acordo com Garrido, Azevedo e Palma (2011, p.113),

são nesses processos de um novo aprendizado que o sujeito ingressante se

aproxima dos outros indivíduos, talvez em busca de confirmações profissionais.

Assim, a cognição só poderá ser compreendida como um fenômeno emergente das interações do indivíduo com o seu meio físico e social envolvente, que constrange e/ou expande os seus processos cognitivos.” (GARRIDO; AZEVEDO; PALMA, 2011. p.113).

Para Freire e Guimarães (1987, p.79), a educação também acontece quando

existe a interação com o outro e a afirmativa escrita pelos dois autores traz essa

indicação: “ninguém educa ninguém; ninguém se educa a si mesmo: os homens se

educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”, existe o que os autores chamam

de “compartilhamento comunicativo”.

Nesse sentido, nota-se que aprender e ensinar são movimentos constantes e

intensos, e representam o modo como o indivíduo se percebe dentro da comunidade

na qual está inserido. A constância é tamanha que mesmo em estado de negação

referente à aprendizagem, quando o indivíduo afirma que não está aprendendo,

algum ensinamento ele conseguiu internalizar.

Pereira, Godoy e Terçariol (2009, p.422) afirmam que:

Uma das características da cognição humana é que, ao contrário de outras correntes, não existe uma dicotomia ou uma separação entre perceber, pensar e agir. Percebo, penso e ajo em conjunto, ao mesmo tempo. E esse ato estará sempre carregado de emoção. Emoção essa que acompanha o sujeito ingressante no instante em que o mesmo é apresentado a sua função.

A simultaneidade entre as ações de perceber, pensar e agir são únicas na

condição humana. Podemos interagir e responder aos estímulos de diferentes

maneiras e, segundo Pereira, Godoy e Terçariol (2009), esse processo sempre será

carregado de emoções.

Vale lembrar que mesmo para os casos nos quais a função é a mesma

desempenhada anteriormente em outra organização, ainda assim se trata de um

novo começar, de novo. E, no meio desse começar de novo, novas intersecções de

aprendizagem passam a fazer parte daquele momento na vida do sujeito.

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Entende-se que a educação é a soma de tudo o que somos, como por exemplo:

Inteligentes, gentis, observadores, cidadãos, solidários, contemporizadores com a vida,

com o outro, com as atitudes que não entendemos e, ainda assim, respeitamos.

1.1 EDUCAÇÃO FORMAL

“a la escuela le cuesta moverse” Trilla (1993. p.7)

Com a clara intenção de melhorar as condições de vida da população, por

meio da escolarização, o caráter formal da educação, segundo Ghanem (2008, p.

59), na história humana é recente, uma vez que a educação formal decorre

“essencialmente de um conjunto de mecanismos de certificação que formaliza a

seleção (e exclusão) de pessoas diante de um mercado de profissões estabelecido,

que só começou a se configurar há cerca de 250 anos”.

A educação básica, no modelo atual, surge como uma necessidade

contemporânea, muito embora, desde a Mesopotâmia as crianças recebam a

educação formal de uma maneira muito diferente do que temos na atualidade.

Uma vez que todas as crianças - moradoras na nação brasileira - tenham a

obrigatoriedade de frequentar espaços escolares desde ou a partir dos quatro anos

de idade, entende-se que o processo de frequentar os espaços escolares em si seja

escolarizador, portanto que esteja associado a uma escola que irá prover autonomia,

responsabilidade, solidariedade, que irá ainda desenvolver na criança os princípios

de cidadania e senso crítico, com o devido desenvolvimento da democracia. O

espaço escolarizador propiciaria também crescimento intelectual e lúdico, por meio

de atividades nas quais as manifestações de diversidade estariam presentes.

Dessa forma, teremos a educação formal na sua forma mais pura e complexa,

uma vez que será necessário desenvolver, a partir dos quatro anos de idade, todo

esse complexo de interações em crianças que advêm de meios socioculturais

bastante diferentes. Porém, não podemos deixar de ressaltar que essa é a proposta

vigente e que, portanto, é a educação formal presente.

A educação formal ressalta o espaço territorial da escola, a sua

regulamentação e normatização, assim como a “presença dos currículos”

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(ZUCCHETTI, 2012, p. 137). Gohn (2006, p. 28) considera importante distinguir e

demarcar as diferenças entre estes conceitos: “a princípio podemos demarcar seus

campos de desenvolvimento: a educação formal é aquela desenvolvida nas escolas,

com conteúdos previamente demarcados”.

O que a educação formal daqui – do Brasil – tem em comum, por exemplo

com a educação formal de Portugal (Pacheco, 2009, p. 145) ? O espaço na qual a

mesma é oferecido: Salas de aula, carteiras escolares, livros ou textos que

passaram pelo crivo oficial de uma secretaria de educação ou algum órgão

responsável – municipal, estadual ou federal -, algumas podem ter uma biblioteca,

ou sala dos professores. Dependendo da situação econômica e política do

município, estes dois espaços podem existir dentro de suas possibilidades. Podem

ainda serem ricos em literatura ou não.

A educação formal, escolar, tem sido complementada ou acrescida de uma educação não formal e informal, extraescolar, que tem de certa forma oferecido à sociedade o que a escola não pode oferecer. É o caso, entre muitos outros, dos livros de divulgação científica e dos meios de comunicação através de revistas, jornais, rádio e televisão. (GASPAR, 1993, p.171).

Já Afonso (1989, p. 78) escreve sobre a educação organizada como sendo a

formal: “[...] entende-se o tipo de educação organizada com uma determinada

sequência e proporcionada pelas escolas”.

Assim, um sistema educacional podemos considerar que seja aquele em que

as aulas aconteçam somente em espaços regulamentados de ensino e educação,

onde qualquer pessoa possa ter acesso, desde que possa estar inserido dentro de

um universo planejado educacionalmente.

Trazemos ainda a citação de Coombs e Ahmed, que confirmam em trabalhos

publicados que:

Educação formal é, naturalmente, o «sistema educativo» altamente institucionalizado, cronologicamente graduado e hierarquicamente estruturado que se estende desde os primeiros anos da escola primária até aos últimos anos da Universidade. (COOMBS; AHMED, 1974, p. 27)

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Ao longo do processo educativo, a cronologia dos acontecimentos no

ambiente escolar, segundo os autores Coombs e Ahmed (1974, p. 27), devem

sempre apresentar regularmente como alicerce estruturas lineares de aprendizado,

levando-se em conta que os educandos tenham as mesmas bases filosóficas,

sociológicas, financeiras, estruturais familiares e de saúde.

Trilla (2008, p. 69), quando discorre sobre a escola, que é onde acontece a

educação formal, nos mostra que “a escola continua preocupada estritamente com

os chamados “conteúdos” - e indisposta a criticar e responder aos problemas que

envolvem conflitos, tanto os de grande amplitude quanto os do microcosmo escolar”.

Nos programas curriculares acadêmicos do ensino superior, uma das

propostas é que a formação do sujeito passe pelos programas de formação sobre

direitos humanos6. Revisitando o pensamento de Zucchetti (2012, p. 137), aponta-se

que a educação não formal deve ser vista:

[...] enquanto processo de produção de sujeitos autônomos e emancipados cuja formação cidadã aparece como pressuposto fundamental. Esse fato é destacado desde os movimentos sociais, experiências associativistas, programas de formação sobre direitos humanos, emergência de projetos sociais de naturezas diversas, em que a ação coletiva se faz no campo das artes, da educação e da cultura.

Com as constantes obrigatoriedades, a escola ainda é um espaço onde a

vocação acadêmica e necessidades dos discentes, que aqui denominamos –

conflitos - podem não ser considerados como algo prioritário, podendo não sendo

pauta para intensos debates acadêmicos. A educação formal está intrinsecamente

ligada aos espaços nos quais ela acontece, sendo assim associada, também, à

profissionalização dos professores, a questões administrativas e legais e a questões

como o grau crescente de dificuldade, em que o sujeito tem a obrigatoriedade,

durante o processo escolar, de avançar de maneira progressiva.

6 Disponível em: http://www.sdh.gov.br/assuntos/direitopara todos/programas/pdfs/programa-nacional-

de-direitos-humanos-pndh-3. Acesso em: 06 Ago. 2017.

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1.2 EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

“[...] la educación es uma realidade compleja, dispersa, heterogénea, versátil...”

Trilla (1993, p.21)

Ao iniciar as investigações sobre as várias possibilidades de educação,

deparamo-nos com o lógico, porém não tão claro assim. A educação que existe de

forma voluntária, mas realizada e conduzida de forma organizada e que não está

relacionada de forma direta com a obrigatoriedade escolar do Estado, que ainda não

faz parte do currículo escolar, mas que pode ser de extrema valia para o futuro do

sujeito é denominada educação não formal. Cursos extracurriculares como: aulas de

dança, cursos de idioma, música, pintura, artesanato, artes cênicas são oferecidas

de forma sistematizada com início, meio e fim, afinal não podem ser dirigidos de

qualquer maneira e sem um mínimo de disciplina ou ordem gradativa de dificuldade

na qual o sujeito avança de uma etapa para a outra.

[...]Criou-se um discurso de que o saber veiculado pela educação formal é crítico, por ser racional, científico, por ter referências e ser pautado no conhecimento científico. E o saber que não é da escola é ingênuo, por ser fundamentado na observação, na tradição, na oralidade e ser sensível aos argumentos da ciência, “comprobatória das verdades”. (GARCIA, 2005, p.20).

O autor Pineau (1997, p.11) também faz uma discussão sobre os saberes

adquiridos:

[...] o reconhecimento de saberes adquiridos baseia-se em duas ideias muito simples: há saberes que são adquiridos fora da escola, na vida, na ação, pela experiência, no desenvolvimento de diferentes tarefas [...]; estes saberes, assim adquiridos, procuram seu reconhecimento na formação ou no emprego, sendo que as necessidades de saberes são tão grandes que nenhum deles pode ser negligenciado, seja qual for a sua origem.

Reconhecidamente, a educação não formal, mesmo que sem tal titulação,

está inserida na vida das pessoas que desejam aperfeiçoar ou melhorar seus

conhecimentos cujo foco principal sema o mercado de trabalho, como aponta Nunes

(2017),. Mostra-se, de fato, bastante efetiva quando realizada de forma séria e

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responsável por parte do sujeito, que procura ampliar seus conhecimentos por meio

da formação continuada.

Gohn (2006, p.28) ainda descreve a educação não formal como sendo

“aquela que se aprende “ no mundo da vida, via os processos de compartilhamento

de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas cotidianas”.

O “mundo da vida” ou universo no qual o sujeito está inserido, percepções,

intuições, o imaginário. Aquele momento em que mesmo sem se dar conta, o

indivíduo participa da educação não formal de maneira simples, seja pela

observação ou participação.

Zucchetti (2012, p.137) defende a existência da intencionalidade, quando se

refere a educação não formal, como segue:

Já na modalidade não formal, referencia a tese da intencionalidade, o aprendizado espontâneo e a instrumentalidade presente na figura do educador social, além de critérios de solidariedade e identificação de interesses comuns.

Tais interesses em comum podem ser caracterizados como sendo aqueles do

grupo(s) no(s) qual(is) o sujeito deseja atuar ou participar. Dessa maneira, o modo

de inserção no grupo é feito de forma espontânea.

Garcia (2005, p.27) acredita que não existe necessariamente relação direta

de dependência com a educação não formal e a formal, como visto no excerto que

segue:

A educação não formal não tem, necessariamente, uma relação direta e de dependência com a educação formal. É um acontecimento que tem origem em diferentes preocupações e busca considerar contribuições vindas de experiências que não são priorizadas na educação formal.

É possível considerar que a diferença entre a educação formal e a não-formal

seja que, em alguns casos, não é possível passar pela segunda (educação não formal)

sem ter transposto as dificuldades iniciais da primeira (educação formal). Por exemplo,

frequentar um curso de extensão sem ter concluído a educação básica.

Outra característica da educação não formal refere-se às questões voltadas para

a estrutura física. Trilla (2008 p. 39), a esse respeito, discute que a educação não

formal é “toda atividade organizada, sistemática, educativa realizada fora do marco

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oficial, para facilitar determinados tipos de aprendizagem subgrupos específicos da

população, tanto adultos como infantis”.

De fato, considerada como uma representação viva e em constante

aperfeiçoamento, a educação não formal, assim como a formal e a informal, se

funde em um mesmo patamar de considerações educacionais e deve ser

considerada como parte viva do cotidiano do sujeito.

No artigo “Educação não formal: campo de/em formação”, as autoras

Fernandes e Garcia (2006, p. 22) apresentam alguns aspectos da educação não

formal estabelecidos entre os participantes, aspectos esses que ultrapassam a ideia

de interação. Trata-se dos vínculos afetivos estabelecidos nessas relações.

Eles ressaltam os laços de amizade estreitos, tanto com os profissionais como com os meninos e meninas – do bairro ou não, mas enfatizam as relações construídas com os primeiros. A frequência das conversas, dos diálogos, e a possibilidade de poder aprender com o outro mais experiente e também dividir problemas, anseios, dúvidas, fazem com que, muitas vezes, as/os educadoras/es sejam convidados para serem madrinhas/padrinhos de casamento ou batizado, por exemplo, estabelecendo, então, novas relações – no caso, de compadrio – que extrapolam as funções relacionadas ao trabalho pedagógico.

Trilla (1985, p. 39) ainda discorre que a educação não formal acontece em

funções referentes ao mundo do trabalho, à vida, à educação especial, ainda que

sejam somadas à educação formal e à informal.

Afonso (1989, p.78) escreve que a educação não formal também está inserida

em uma estrutura prévia.

Por último, a educação não formal, embora obedeça também a uma estrutura e a uma organização (distintas, porém das escolas) e possa levar a uma certificação (mesmo que não seja essa a finalidade) diverge ainda da educação formal no que respeita à não-fixação de tempos e locais e à flexibilidade na adaptação dos conteúdos de aprendizagem a cada grupo concreto.

Na verdade, o diálogo travado entre os autores aborda o termo educação não

formal por vários aspectos: pelas críticas que tal educação recebe, ou pelo espaço

onde a mesma acontece. O tema ainda é abordado sob o aspecto dos saberes

adquiridos e pela figura do educador. Alguns recortes levam, até mesmo, à análise

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de programas de capacitação profissional para o primeiro emprego ou requalificação

profissional. O fato é que tanto a educação formal quanto a educação não formal

acontecem durante a vida do sujeito, com a clara intenção de promover lazer,

conhecimento e prazer em desenvolver atividades que alimentam o desejo de fazer

diferença no espaço e tempo atual.

“O termo não-formal também é usado por alguns investigadores como

sinônimo de informal” (GOHN, 2014, p.28). Coombs e Ahmed (1974, p.156) por sua

vez tratam da educação não formal como sendo:

[…] qualquer atividade educativa organizada e sistemática, levada a cabo fora do quadro do sistema formal e com o fim de fornecer formas selecionadas de educação a subgrupos específicos na população, tanto adultos como crianças.

Aqui, interpreta-se como sendo parte da educação não formal uma série de

processos nos quais as instituições de ensino não formais buscam manter, cada vez

mais, sujeitos prontos a atuar em diferentes frentes de trabalho, uma vez que é uma

das maneiras pelas quais busca-se qualificar a comunidade de forma geral nas mais

diferentes frentes de apoio, dando suporte técnico ou não para que essa

comunidade sinta-se parte das atualizações vigentes, quer seja um curso de

idiomas, ou instrumental, ou ainda curso preparatório de atuação em outras áreas

com as quais o educando ou sujeito tenha maior afinidade. Dessa forma, não se

pretende minimizar o papel da instituição escolar na presente investigação, e, sim,

afirmar que a educação não formal é também mais uma possibilidade de vivência

educativa.

Gohn (2011, p. 333) nos faz recordar que “a educação não se resume à

educação escolar, realizada na escola propriamente dita. Há aprendizagens e

produção de saberes em outros espaços, aqui denominados de educação não

formal”, e são nestes outros espaços que se desenvolve além da personalidade do

sujeito, também as relações de afeto e compaixão. Em um grupo mais coeso pode

florescer laços para um melhor desenvolvimento de todos.

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1.3 EDUCAÇÃO INFORMAL

“La escuela ocupa sólo um sector del universo educativo [...], el inmenso conjunto de efectos educativos que se adquieren

em el curso ordinário de la vida cotidiana” Trilla (1993, p.11)

Como não pensar em todos os momentos nos quais a vida acontece e com

eles, aprendemos, ensinamos, sem horário, sem local. Não precisa ser educador,

nem tampouco gostar de ensinar. É preciso apenas que tenhamos os ouvidos

atentos, os olhos abertos, a mente viva. Tudo acontece de maneira espontânea.

Na educação informal, não há lugar, horários ou currículos. Os conhecimentos são partilhados em meio a uma interação sociocultural que tem, como única condição necessária e suficiente, existir quem saiba e quem queira ou precise saber. Nela, ensino e aprendizagem ocorrem espontaneamente, sem que, na maioria das vezes, os próprios participantes do processo deles tenham consciência (GASPAR, 2002, p.173).

Como então desconsiderar os saberes aprendidos durante toda a vida? Como

desconsiderar os contadores de história? Como não levar em conta as memórias

daqueles que não são letrados e nos conduzem a verdadeiros oásis, cheios de

sabedoria e veracidade?

Em geral, o sujeito sofre, durante grande parte do dia, várias intervenções das

mais diferentes espécies. Ele é bombardeado com informações auditivas, olfativas,

visuais, informações gestuais e de sentimentos. Toda essa carga de estímulos é

processada de maneira diferente a partir de convicções, crenças, atitudes e

interesses, ou seja, a partir das representações de mundo que o indivíduo traz

consigo.

Como exemplo, citamos que, nos momentos de eleições governamentais, a

quantidade de informações projetadas é tamanha, que o discernimento do sujeito

fica bastante comprometido diante das propostas apresentadas pelos candidatos.

Propostas essas que afetarão sua vida por um período de quatro anos, no mínimo.

Imagine então a quantidade de outras informações, diante das quais o sujeito torna-

se passivo. Essas informações que devem ser aceitas, processadas, modificadas e

colocadas em prática acontecem nos mais variados âmbitos.

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Por isso, educação informal é tudo o que aprendemos, que ouvimos, que

tocamos, que sentimos. É algo implícito ao ambiente familiar, estendendo às

relações com parentes, vizinhos e conhecidos. Implícito também nos consensos

diário entre amigos, no modo de se expressar entre irmãos. É a língua materna, os

deveres dentro de casa, o respeito para com os mais velhos. O silêncio aprendido

ao entrar em um ambiente sagrado, o limite entre o eu e o outro. Todos esses

elementos demonstram a educação informal acontecendo.

Gohn (2006, p. 28) ainda descreve a educação informal como sendo:

Aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização – na família, bairro, clube, amigos, etc., carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados.

A esta educação que acontece “meio sem querer” é a que distingue a cultura

de um povo, seus ritos, seus valores, sem tempo, sem lugar pré-estabelecido.

Acontece de forma natural.

Afonso (1989, p. 78), escreve sobre a educação informal sobre as várias

possibilidades que existem “[...] enquanto que a designação informal abrange todas

as possibilidades educativas no decurso da vida do indivíduo, constituindo um

processo permanente e não organizado”.

Nota-se que o sujeito tanto aprende, quanto ensina ao longo da vida. Seja nas

relações familiares, profissionais; seja nos encontros casuais – por exemplo, em um

ponto de ônibus coletivo. A informalidade existente nestes momentos é tamanha que

não existem registros escritos, mas o modo com que acontece deixa sempre certo

legado na vida de todos. Entretanto, nem todo aprendizado é voltado para o

crescimento individual, e não se trata aqui de julgar ou detalhar. Cabe aqui

identificar, mostrar, descortinar e analisar a ocorrência da educação informal.

Zucchetti (2012, p. 137) destaca que sob o olhar de Gohn (2006, p. 28) na

“educação informal, os processos de socialização ganham destaque, uma vez que

são gerados no interior de relações intra e extrafamiliar”.

Trilla (1985) destaca que não existe o reconhecimento social relacionado à

educação informal, uma vez que os processos educacionais se desenvolvem de

forma ampla, quer seja entre a família, entre a comunidade ou no ambiente

profissional.

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Na educação informal, não existe o reconhecimento social generalizado do papel educacional do agente como função própria ou específica (este não apresenta nenhum atributo especial e explícito que, no marco do processo educacional de que se trate, credite-o propriamente como educador). (TRILLA, 1985, p.19)

No palco das organizações, esses saberes são valorizados sob a égide da

experiência profissional, embora não valorados adequadamente, são saberes que

trazem à tona, além da cultura organizacional, todo um referencial de vida, instituído

naquela empresa. Referenciais que são remetidos a formas de saberes que não

estão escritos ou sequer formalizados e que fazem a diferença no momento que o

sujeito está sendo inserido e que precisa ser acolhido por alguém e respeitado no

meio profissional daquela instituição.

Para que possamos conceituar a palavra organização, abordaremos a

utilizada por Montana e Charnov (2010), que define a organização como sendo uma

entidade que possibilita que o trabalho em grupo ou em equipe seja mais eficaz do

que o trabalho individual na consecução de objetivos – entende-se, assim, que

aprender durante toda a vida é algo inerente ao ser humano. Tão simples quanto

complexo, aprender sugere que o sujeito aprendente permanentemente acumulará,

aperfeiçoará e disseminará o aprendizado, de tal modo que, ao longo da vida,

possa, também, caso seja de sua vontade, contribuir ensinando ou disseminando os

saberes adquiridos a novos aprendentes dentro da organização.

No ambiente profissional, no primeiro dia de trabalho, muitas das regras são

ou estão escritas, formalizadas; outras são implícitas. O horário e o local de registrar

o ponto, o escutar, observar, agir, a hora do cafezinho. O que falar? Com quem

falar? Como se portar? Esse é o escopo profissional que queremos abordar. Como

observamos a educação informal agindo no primeiro dia de trabalho? Medos.

Dificuldades. Curiosidade. Respeito. Educação. Informalidade.

Palhares (2017, p.24) afirma que “vivemos numa sociedade de aprendizagem

ao longo da vida [...] e que esta não é somente responsabilidade do Estado, a

educação é um direito do sujeito, da população e faz parte da educação preparar os

indivíduos para que estejam prontos a adaptar-se às mudanças rápidas da

sociedade”. Dessa forma, entende-se que o aperfeiçoamento profissional ao qual

estamos submetidos pode ser interpretado como sendo um dos principais fatores

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que levam os sujeitos a perseguirem processos educativos profissionais, que nem

sempre serão sustentados pelo Estado. Caberia a esses sujeitos a responsabilidade

pelo seu próprio desenvolvimento profissional.

Palhares (2017, p. 28) ainda afirma que o “reconhecimento e a certificação da

experiência adquirida em contexto associativo tem constituído uma reivindicação de

muitas organizações”.

De maneira geral, podemos interpretar, segundo Palhares (2017) que as

certificações adquiridas em locais fora das organizações são valorizadas tanto pelo

sujeito quanto pela organização, reafirmando que cada um passa a ser também

responsável pelo seu desenvolvimento profissional.

Trilla (1985, p. 42) menciona a capacitação profissional para o primeiro

emprego, a requalificação, a reciclagem e o aperfeiçoamento profissional, a

orientação profissional e vocacional e a qualificação técnica como sendo parte

integrante da educação não formal, ainda que muitos não destaquem como sendo

dessa maneira.

Existem ainda as funções compartilhadas entre a educação não formal e a

informal, que segundo Trilla (1985, p. 38) se apresentam por meio de:

[...] ensino à distância, museus, bibliotecas, fazendas históricas, cursos preparatórios, grupos de teatro e esportivos, ensaio de métodos e materiais educacionais, formação de pessoal para o magistério, alfabetização de pessoas adultas, formação social, política e religiosa, formação estética e artística, formação física e desportiva, animação cultural, educação para o ócio, ambiental, sanitária, sexual e familiar, cívica, educação especial, educação de rua, reabilitação de pessoas drogaditas, desenvolvimento pessoal e relações humanas.

Toda e qualquer forma de educação existente, seja nos meios formais, não

formais ou informais, deve ser considerada como situação em que o aprendente

desenvolve suas percepções acerca do universo no qual está inserido. Tal educação

(formal, não formal e informal) sempre serão empregadas nos momentos vivenciais

do sujeito e será resgatada nos momentos mais inusitados.

Coombs e Ahmed (1974, p. 184) defendem que a educação informal é:

[...] o processo verdadeiramente vitalício pelo qual cada indivíduo adquire atitudes, valores, habilidades e conhecimento da experiência diária e as influências e recursos educativos em seu ambiente – da família e dos

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vizinhos, do trabalho e do jogo, do mercado, da biblioteca. E os meios de comunicação de massa.

A falta de intencionalidade e organização é o que caracteriza a educação

informal, que é exercida a partir das experiências vivenciais de cada sujeito de modo

livre e espontâneo.

É fato que alguns autores aceitam, justificam e escrevem que a educação

informal é vista como um processo de aprendizagem em que os sujeitos

desenvolvem competências, habilidades e atitudes, criando ou desenvolvendo

perspectivas a partir das experiências vividas. Ainda podemos mencionar que todas

as formas de educação citadas nesta investigação convivem simultaneamente, uma

vez que constroem possibilidades que aqui chamamos de empoderamento, onde

antes não existiam sequer sonhos.

Participar do processo de transformação em uma sociedade organizada é

algo que vai além de conceitos enraizados e aprendidos desde a infância. Aqueles

que ouviram, durante grande parte da infância e adolescência, que os mais velhos

devem ser respeitados sob todos os pontos de vista, acreditam que dentro do

ambiente corporativo não seja diferente. A maneira e o modo de tratamento para

com o colega, sempre respeitoso e educado, configura a educação trazida de casa,

desenvolvida no ambiente familiar. A isso denominamos educação informal. Gaspar

(2002, p.173) escreve que “os conhecimentos são partilhados em meio a uma

interação sociocultural [...]”. Podemos, então, interpretar que, para as pessoas que

cresceram ouvindo que o respeito deve ser mútuo, essa premissa acaba se

estendendo ao ambiente corporativo e que, portanto, todos continuam aprendendo

ao longo da vida e passarão a participar dos processos atualizados e modernos nas

organizações, contribuindo para o progresso que acontece diariamente.

Palhares (2017, p. 29), ao discorrer sobre como aprendemos, afirma que:

[...] a verdade é que a maior parte daquilo que sabemos não foi aprendido na escola sendo esta, na sua forma moderna, uma invenção histórica muito recente, pela qual passou uma parte ínfima da humanidade.

Rogers (2004), ao escrever sobre os processos decorrentes da educação

informal, que essa educação é aquela vivenciada em todos os âmbitos, uma vez que

não se encontra em determinados ambientes, mas, sim, em qualquer ambiente.

Disponível em todos os instantes da vida dos sujeitos, desde os mais escolarizados

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quanto aos menos. Todos estariam aptos a participar, uma vez que as exigências de

conhecimento deixam de existir.

Geralmente, a educação informal não é organizada e é frequentemente vivida de uma forma não sistematizada. Contudo, é responsável pela grande maioria das aprendizagens que uma pessoa produz ao longo da sua vida, inclusive qualquer pessoa altamente “escolarizada”. Por outras palavras, aproxima-se muito daquilo a que se tem chamado “aprendizagem experiencial” (outro conceito que provoca vastas divergências de significado sempre que é utilizado). Dado esta forma de aprendizagem ao longo de toda a vida não ser organizada, é óbvio que se fala aqui de “aprendizagem informal” e não de “educação informal. (ROGERS, 2004, p. 3)

Por sua vez, Gaspar (2002), Gohn (2006) e Afonso (1989) apontam que a

educação informal acontece dentro da família e nos mais variados lugares de

maneira natural na vida do ser humano. Afirmam ainda que é um processo não

organizado, porém permanente. Coombs e Ahmed (1974, p. 184) “concordam que a

educação informal faz parte de um processo vitalício e que, portanto, permanece em

contínua evolução”.

Trilla (1985) estabelece, ainda, que não é necessário um educador, na

concepção clássica da profissão, para que a educação informal seja disseminada.

Palhares (2017), por sua vez, defende que, embora o Estado não seja responsável

pela educação profissional, que de acordo com Trilla (1998) faz parte da educação

informal, a iniciativa de cada profissional é bem vista pelo mercado de trabalho.

Rogers (2004, p.3), para finalizar, pontua que:

A educação informal pode ser entendida como um acúmulo de conhecimentos, competências e atitudes que o indivíduo adquire nas mais variadas experiências cotidianas, por meio da exposição ao seu meio e, por que não, da exposição ao meio do outro.

De modo geral, as pessoas participam do processo de educação informal, ou

aprendizagem informal, mas poucos conseguem defini-la de forma categórica, uma

vez que está relacionada com as atividades que ocorrem no dia-a-dia das pessoas:

as brincadeiras, sejam na rua ou dentro dos pátios escolares; a ida ao cinema; a

festa familiar ou de amigos; o noticiário que nos chega; as viagens dentro de um

transporte coletivo etc. Essas atividades e outras estão inseridas no que chamamos

de educação informal.

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1.4 APRENDIZAGEM E SABERES

“[..]permita-me lembrá-lo, a palavra “apprendre” reúne, na língua francesa, os dois sentidos,

o de “aprender” e o de “ensinar”, em um ato comum [..]” Schérer, (2005)

Desde a mais simples atividade ou tarefa a ser realizada até a mais

complexa, existe aprendizado, quer seja por tentativa e erro, quer seja por

assimilação de conteúdo. Mesmo antes de nos darmos conta, estamos aprendendo.

Faz parte da natureza do Homem o estado da aprendizagem.

O movimento do aprender é constante, e abre as portas para que todo e qualquer tipo de aprendizado seja considerado viável, uma vez que a aprendizagem foge ao controle, foge às normas da educação e gera a possibilidade da resistência. (FERNANDES, 2016, p. 27).

A aprendizagem, quando formal, busca confirmações de sua ocorrência, por

meio de sabatinas escolares, caso em que se valoriza apenas o erro. No atual

sistema educacional, nem tudo o que se aprende pode ser mensurado. “pois quem

não erra, nem duvida, não pode aprender” (DEMO, 2001, p. 9). Ao realizarmos de

forma melhorada algo que fazíamos anteriormente, estamos aprendendo ou

podemos considerar que houve certo aprendizado naquele tipo de melhoria. A

influência que sofremos com a mudança e que gera com isso certa alteração no

ambiente psicológico tem como principal significado o aprendizado.

O processo de aprendizagem é pessoal, sendo resultado de construção e experiências passadas que influenciam as aprendizagens futuras. [...] Mesmo que a aprendizagem ocorra na intimidade do sujeito, o processo de construção do conhecimento dá-se na diversidade e na qualidade das suas interações (ANDRADE; LIMA, 2015, p. 4).

Romero (2010, p.106) cita que na literatura existe certa quantidade de

definições e conceitos, que nos levam a acreditar que a aprendizagem pode ser

individualizada como:

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a) Aprendizagem é aquela que é fruto da aquisição de informações, habilidade, atitudes e valores; b) Aprendizagem desenvolve-se através das relações e interações sociais (através da realidade de cada sujeito, com o meio e com as pessoas que o cercam); c) A aprendizagem depende da automotivação de quem quer aprender; d) A aprendizagem está relacionada às necessidades apresentadas com o desenvolvimento de processos cada vez mais complexos e) A aprendizagem promove mudanças no comportamento.

Para que a aprendizagem aconteça, faz-se necessário que o sujeito esteja

presente, criando-se a possibilidade de que o mesmo desenvolva reações de

maneira a apresentar respostas de acordo com a sua percepção. É por meio da

aprendizagem que você percebe o mundo e sua relação com ele. Isso é

fundamental para o processo de mudança individual, organizacional e da sociedade.

Gohn (2014, p.37) no artigo Educação Não Formal, Aprendizagens e Saberes

em Processos Participativos, escreve que:

[...] inúmeros educadores formularam ensinamentos e criaram várias teorias sobre a aprendizagem. É um tema antigo, que remonta a Arte de Ensinar, da Antiguidade, passando pela Idade Média, tanto no Ocidente como no Oriente.

Diante o contexto de aprendizagem, com o passar do tempo, com a

velocidade que a globalização exigiu de todos – educadores e educandos, além do

desenvolvimento tecnológico, o processo de aprendizagem tornou-se parte da

construção de uma sociedade que atua em rede, onde novos processos de

aprendizagem são criados, remodelados ou ainda reciclados.

Ainda dentro desta contextualização, GOHN (2014), afirma que:

[...]Cada vez mais os organismos internacionais do campo educativo preconizam que os indivíduos devem estar continuamente aprendendo, que a escola formal apenas não basta, que se deve aprender a aprender. Os conteúdos rígidos dos currículos são questionados, novos saberes são descoberto-identificados/identificados fora das instituições escolares, fundamentais para o crescimento/desenvolvimento dos indivíduos enquanto seres humanos, assim como para o desempenho destes indivíduos no processo de trabalho em face às novas exigências do mundo globalizado. (GOHN, 2014, p. 37)

A aprendizagem, como sugere Gohn (2014), não deve ser resumida ao

ambiente escolar, o indivíduo deve estar em constante estado de aprendizagem

possibilitando seu desenvolvimento, além de ampliar suas possibilidades de

incremento dentro da carreira profissional. A aprendizagem não pode ser

interpretada como algo mecânico, mas sim como um fenômeno que amplia o

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horizonte do indivíduo, principalmente quando envolve cultura e formação do sujeito

através das redes de compartilhamento, onde a educação informal se desenvolve de

forma invisível, porém presente e constante.

No campo profissional, de acordo com Brandão (2007, p. 2) as organizações

tem mostrado crescente interesse com relação ao tema aprendizagem: “a

aprendizagem e a competência no trabalho constituem temas sobre os quais

pesquisadores e organizações têm demonstrado crescente interesse”, sugerindo

que o desenvolvimento do indivíduo dentro da organização necessariamente deve

ser originário através da aprendizagem voltada para o desenvolvimento profissional

que podem ser formais ou informais, propiciando ao indivíduo possibilidades de

aprendizagem tanto por treinamentos corporativos, quanto através das práticas

diárias exercidas na função designada no ambiente de trabalho.

Gohn (2014), sobre aprendizagem, argumenta que

[...] Em síntese, adota-se neste texto uma perspectiva de aprendizagem como sendo um processo de formação humana, criativo e de aquisição de saberes e certas habilidades que não se limitam ao adestramento de procedimentos contidos em normas instrucionais, como em algumas

abordagens simplificadoras na atualidade. (GOHN, 2014, p. 39)

A abordagem de Gohn vem ao encontro de nosso entendimento, uma vez que

se acredita que os processos de aprendizagem se desenvolvem não só por meio de

procedimentos institucionalizados.

Kolb (1984, p. 11) desenvolveu o modelo de aprendizagem vivencial, a partir

das ideias de Lewin (1939)7, segundo o qual os aprendizes adultos precisam de

quatro tipos de habilidades para que haja aprendizado:

a) experiência concreta (é o fazer; ocorrem ações e atividades para assimilação de dados e informações);

b) observação reflexiva (é observar e refletir; é a busca de referências e ligações das experiências vivenciadas no passado);

c) conceitualização abstrata (envolve conclusão relacionada às experiências vivenciadas; é a busca de explicações lógicas);

d) experimentação ativa (agir conforme o conhecimento e experiências; há necessidade de entender a utilidade do conhecimento, para absorvê-lo; é quando ocorre um novo aprendizado).

7 Kurt Lewin (1890-1946).Psicólogo alemão que entre outros estudos, aborda que as variações

individuais do comportamento humano com relação à norma são condicionadas pela tensão através das percepções que o indivíduo tem de si mesmo quando interage entre grupos.

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Durante o momento da aprendizagem, os adultos, segundo Kolb (1984),

desenvolvem-se melhor quando, depois de observar o que deve ser aprendido, buscam

referências passadas para posteriormente colocar em prática os ensinamentos de

maneira ativa, consolidando o processo ou então podendo participar da melhoria desse

procedimento.

Para Brandão (2003, p. 56) “[...] o diálogo não é um instrumento de trabalho,

mas a finalidade do aprendizado da comunicação entre as pessoas [...]”. Entende-se

que através da disseminação do diálogo, as organizações passam a objetivar novos

patamares de conhecimento, onde os integrantes podem desenvolver-se de forma

assertiva.

E quando se aprende dentro da organização? Sempre que os processos

exigem, sempre que uma nova tecnologia surge. O compartilhamento de

conhecimento, se é que se pode chamar assim, acontece sempre que os sistemas

organizacionais se tornam fortalecidos, segundo Chiavenato (2009), a ponto de que

as variáveis ambientais se tornem independentes. A fronteira que divide o

conhecimento organizacional é tênue, porém firme e agregadora.

Empresas cujos sistemas deixaram de ser mecanicistas tendem a priorizar a

participação e desenvolvimento humano entre seus departamentos. Valoriza-se a

participação ativa, a divisão de conhecimento e responsabilidade, a solução de

conflitos passa a ser negociada. Transmite-se, assim, aos colaboradores a

necessidade de que o crescimento deve estar relacionado a práticas colaborativas.

Ao permitir que a conscientização social dos participantes da organização se

expanda, a instituição passa a desenvolver a disciplina conhecedora dos objetivos

institucionais, de tal modo que a história do funcionário passa a ser confundida com

a da própria empresa, uma vez que se fortalecem o entendimento e a internalização

dos preceitos organizacionais.

A capacidade de aprendizagem envolve a construção de saberes relacionada

aos sistemas sociais e cada vez mais se torna legítima a discussão sobre como os

saberes são desenvolvidos pelo sujeito.

Com as crescentes necessidades da população em manter-se no mercado de

trabalho, além dos transtornos oriundos do tempo dispendido em atividades como

deslocamento entre o local de trabalho e a moradia, os indivíduos passaram a

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desenvolver outras formas de utilização das tecnologias – por exemplos uso

constante da telefonia móvel – e desta maneira, a escola torna-se pouco atrativa

para a maioria dos aprendentes, contemplando apenas o que o indivíduo pode

saber.

Os esforços educacionais estão voltados para um aprendizado final, em que

pouco ou quase nada será aproveitado na vida adulta, diferentemente do que o

modelo tradicional preconiza. Dentro do ambiente escolar tradicional, o tempo e as

possibilidades são limitadas, uma vez que os sujeitos seguem moldados e precisam

se adaptar, no decorrer do tempo acadêmico, aos modelos prontos de ensino, em

que a troca ensino-aprendizagem deixa de ser espontânea, para ser dirigida.

A educação informal pode estar inserida na diversidade de saberes e nas

mais variadas formas pelas quais o sujeito aprende. Entende-se que existem

diversas formas de aprender, que acontecem em qualquer ambiente.

Esquema1 - A interdependência entre a aprendizagem e os saberes

Fonte: Trilla, (1993, p. 189).

Trilla (1993) aponta que, sob o ponto de vista dos efeitos causados no sujeito,

a educação é um processo holístico e sinergético e que o resultado dessa somatória

são as experiências e aprendizagens adquiridas que passam a influenciar

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mutuamente o ambiente desse sujeito. A interdependência ou inter-relação que

existe entre as três formas de educação abordadas nesta investigação são explícitas

e podem se apresentar de maneiras bastante distintas.

O sujeito pode aprender uma nova melodia no ponto de ônibus, pode ainda

aprender uma nova maneira de cumprimentar as pessoas inseridas no seu grupo de

amigos, pode aprender também a elaborar uma nova maneira de transmitir

mensagens comerciais pelo e-mail corporativo. As matrizes geradoras do saber, de

acordo com Gohn (2011), existem a partir do momento em que grupos sociais se

desenvolvem em busca da legitimação de sua identidade. Desse momento em

diante, o processo torna-se irreversível e a aprendizagem será concretizada por

meio das conexões ali contida.

Identifica-se, então, que a aprendizagem e a educação andam de mãos

dadas. Fernandes e Garcia (2006, p. 26), argumentam que “tal exemplo –

aprendizagem e educação de mãos dadas - assim como outros, são situações que

têm a educação como mediadora de relações de aprendizagem” e que essas

aprendizagens não têm como finalidade a prática da educação, embora esse seja o

caminho que se percorre.

O cotidiano das pessoas, de maneira geral, é o que move esta investigação.

Evidencia-se um interesse próprio que é o de desvendar a importância da educação

informal no contexto profissional. É fato que:

[...] nas ruas ou nas igrejas, e todo o sentido social e político dessas práticas e comportamentos que se expressam “na penumbra”, num cotidiano tão carregado de contradições. O estudo das realidades que formam o cotidiano tem se realizado por óticas diferentes. (DURAN, 2007, p.126)

Dessa maneira, entende-se, nos saberes, uma grande mescla dos

aprendizados da vida: do que sabemos, do que aprendemos, do que vemos.

Saberes sendo usados e guardados. Saberes sendo compartilhados.

Paulo Freire em sua obra, Virtudes do Educador (1982, p. 13) escreve “[...] eu

me transformo ao transformar. Eu sou feito pela história, ao fazê-la”. Essa pequena

sentença também está relacionada com o lado profissional e não só educacional. O

pertencimento organizacional se concretiza durante a transformação onde cada um

dentro do seu espaço diversifica suas relações.

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Podem-se interpretar os saberes como aqueles cujo conhecimento é

originário de situações específicas dentro do cotidiano de cada um, e passam,

também, pela formação acadêmica e profissional. Assim como Edgard Morin8 que,

em várias de suas obras, nos leva a projetar a educação de forma contemporânea

como processo em que a interdisciplinaridade poderia ser melhor aproveitada, assim

é o cotidiano desenvolvido dentro de uma organização, onde todos os

departamentos poderiam operar em sincronia para que a entrega do produto ou

serviço seja satisfatória para o cliente.

8 Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum, é um antropólogo, sociólogo e filósofo francês judeu.

Investigador emérito do CNRS. Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Estudioso sobre os temas que envolvem a multidisciplinaridade dentro do ambiente escolar.

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2 METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

“[...] o objeto das Ciências Sociais é essencialmente qualitativo”

Minayo (1998, p. 21)

Com a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Investigação do

UNISAL, a metodologia aplicada foi o Estudo de Caso em conjunto com o Grupo

Focal. Campomar (1991, p.42) enfatiza que “no Brasil tem-se dado grande ênfase à

produção de dissertações e teses que desenvolvam investigação de campo, isto

porque somos carentes de conhecimentos sobre nossa conjuntura”.

Yin (2010, p.24), afirma que para melhor compreender os fenômenos sociais

complexos, de tal modo que se permita que retenhamos as características holísticas

e significativas dos eventos do comportamento dos pequenos grupos, a técnica do

Estudo de Caso é bastante indicada.

A técnica do Grupo Focal pode ser uma “das possibilidades de aproximar os

participantes de uma realidade na qual possam proporcionar maiores percepções

das crenças e atitudes sobre um tema” (TRAD, 2009, p.780) e assim passar a

contribuir para o crescimento profissional do outro por meio de relatos e falas.

Optamos por utilizar o método qualitativo e duas metodologias de

investigação:

1) a do Estudo de Caso, por entendermos que se faz necessário ambientalizar e contextualizar a empresa, além de acreditarmos de se tratar procedimento adequado para uma situação real, 2) a técnica do Grupo Focal, por se tratar de uma estratégia realizada em momento bastante descontraído, que aqui chamaremos de informal, em que um grupo de pessoas, que no momento compartilham objetivos, participam de conversas e diálogos, de acordo com uma proposta inicial, e a partir disso possam estabelecer vínculos e consequentemente desenvolver percepções dos participantes sobre temas colocados em discussão pela pesquisadora. PEREIRA, GODOY E TERÇARIOL (2009, p. 423)

Câmara (2013, p.180) utiliza em algumas de suas pesquisas procedimentos

de estudo e abordagem mistos, “afirmando que os métodos são complementares e

permitem uma visão mais apurada de detalhes acerca dos sujeitos que podem”, por

assim dizer, não ser aproveitados quando existe o rigor em se seguir uma única

metodologia de pesquisa “[...] A utilização de procedimentos mistos em pesquisas

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sociais é bastante usual, pois permite a apreensão do fenômeno e do objeto de

estudo por prismas, por vezes, distintos”.

O Estudo de Caso, com a técnica do Grupo Focal para a coleta de dados, é

a proposta deste nosso estudo, uma vez que podemos desenvolver a historicidade

de uma determinada empresa, de origem familiar, que hoje está sendo gerenciada

pela segunda geração e carrega experiência suficiente para alicerçar nossas

inquietações quanto à transferência de saberes profissionais. A escolha de se

trabalhar com mais de um método proporcionou que os sujeitos da investigação

pudessem interagir de maneira livre, aprimorando a proposta do momento informal

para a construção da investigação.

Objetivos como o de verificar de que modo as pessoas consideram uma experiência, uma ideia ou um evento são característicos de pesquisas qualitativas, que se prestam ainda para casos em que o objetivo é a demonstração lógica das relações entre conceitos e fenômenos, com o objetivo de explicar a dinâmica dessas relações em termos intersubjetivos (GAMA et al., 2006, p. 45).

Optamos pelo método qualitativo por entendermos, segundo Gama, et al.

(2006, p. 45), que “abordaremos as experiências dos profissionais da microempresa

pesquisada, com o objetivo de melhor compreendermos como a transferência de

conhecimentos acontece naquele ambiente corporativo”.

A abordagem qualitativa apresenta grande cuidado em descortinar

informações e relações com o intuito de ampliar o conhecimento existente que pode

possuir ou não outras singularidades.

Godoy (1995, p.58) reflete que:

[...] a pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo.

Nosso interesse na pesquisa qualitativa advém dos processos

organizacionais pelos quais as microempresas estão passando, uma vez que a

capacitação de funcionários, nos moldes de organizações de médio e grande porte –

chamados treinamentos corporativos, não faz parte da realidade das micro-

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organizações, instituições com recursos financeiros escassos, que têm também a

necessidade de desenvolver pessoas na sua comunidade – uma vez que grande

parte dos trabalhadores destas microempresas vivem em um raio de até 3 km das

organizações9. Não podemos pensar que não existe aí a intenção social, e por que

não comunitária, para com esta população.

Ao iniciarmos as entrevistas dentro da organização estudada, utilizamos

equipamento próprio – um aparelho celular do tipo smartphone. Posteriormente

todas as falas foram transcritas para serem analisadas, conforme técnica da análise

das falas significativas (BRANDÃO, 2003, p. 141), neste modelo de análise, as falas

significativas são as que:

[...]expressam através de representações, expressões de um pensamento, de um saber, quando se parte do princípio de que em qualquer pessoa humana há um crescendo de conhecimento vivenciado e acumulado sob a forma de uma integração cultural de saberes.

Formular boas questões exige do investigador pensamento a longo prazo,

devendo ele estar preparado para que algumas respostas permaneçam no campo

das mensagens subliminares, exigindo do investigador uma mente questionadora.

[...]avaliar as possibilidades obtidas da profunda familiaridade com algum aspecto do mundo, sistematizar essas ideias em relação aos tipos de informação que podem ser reunidas [...]. (BECKER, 1998, p.66).

Dentro da familiaridade com o tema da microempresa, cabe ao investigador,

entre uma fala e outra, construir as pontes necessárias e a contextualização que ali,

naquele momento, pode não ter sido apresentada, mas que estava repleta de

intenção de ter sido dita.

O objeto da investigação é uma microempresa localizada na cidade de

Campinas - SP, e os sujeitos investigados serão os seus funcionários e a atual

proprietária.

9 Dados obtidos através de: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/como-as-

micro-e-pequenas-empresas-podem-contratar- funcionarios,ba497a07dcfdb410VgnVCM2000003c74010aRCRD>. Acesso em 02 nov. 2017.

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2.1 ESTUDO DE CASO

Esta dissertação foi desenvolvida a partir de questões metodológicas e

epistemológicas cuja justificativa pelo Estudo de Caso será utilizada como parte da

estratégia de investigação científica.

De acordo com André (2005, p. 52)

[...] os estudos de caso surgiram para realçar as características da vida social (Ciências Sociais), enquanto na Medicina, Psicanálise, Psicologia e Serviço Social foram utilizados em diagnóstico e acompanhamento de pacientes. Já nas áreas de Direito e Administração, como visto, sempre tiveram ampla aplicação como recurso didático.

Ao elaborar o Estudo de Caso nesta investigação em específico, iniciaremos

a partir da historiografia da microempresa, e tal como Soffner (2016, p. 232) afirma,

“será de ampla contribuição como recurso didático para profissionais que buscam,

por meio de investigações, compreender os aspectos informais corporativos”.

Desse modo, inicia-se à análise de condições e possibilidades, vantagens e

dificuldades referentes à aplicação do Estudo de Caso como processo de

questionamentos científicos, que podemos chamar então de possibilidades de

investigação científica, em que a principal finalidade é a de investigar ou ainda

confirmar as contribuições à construção do conhecimento científico (PEREIRA;

GODOY; TERÇARIOL, 2009, p.422).

Soffner (2016, p. 229), justifica o Estudo de Caso como:

[...] estudos de caso têm grande potencial de aplicação no ensino e na investigação em educação, em especial quando se investigam situações específicas, mas que podem servir de modelo para uma análise posterior

mais abrangente e sistêmica.

Em meados do século XX, especificamente entre os anos 60 e 70, as práticas

investigativas passam a contar coma metodologia do Estudo de Caso,

especificamente em Educação, com o intuito principal de descrever as unidades

escolares, sala de aula e professores (ANDRÉ, 2005, p.53).

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Soffner (2016, p. 230), sobre estudos de caso, ainda escreve que:

[...] estudos de caso têm sido utilizados, também, como desenvolvimento profissional em organizações dos mais variados tipos [...]. Apresentam um grande potencial de utilização em situações mais complexas de investigação, quando os métodos tradicionais não podem retratar fielmente o problema em estudo.

Dentro das organizações, a metodologia em questão – Estudo de Caso – é

amplamente utilizada também para a elaboração de cenários, uma vez que

apresenta variáveis muito próximas da realidade, e deste modo, torna-se possível a

construção de resolução de problemas corporativos.

Yin (2010) aponta que a metodologia do Estudo de Caso tem aplicações

variadas e consequentemente suas contribuições são valorosas. “[...] como método

de investigação, o Estudo de Caso é usado em muitas situações, para contribuir ao

nosso conhecimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais,

políticos e relacionados” (YIN, 2010, p. 24).

A justificativa para apresentação de um Estudo de Caso é que este estudo

trata de caso bastante comum (YIN, 2015, p.55). E o que isso significa? Trata-se de

uma situação bastante cotidiana dentro das organizações, diante da qual o objetivo

é captar as circunstâncias que podem oferecer aprimoramento e veracidade aos

processos sociais relacionados ao objeto de estudo.

O objetivo é captar as circunstâncias e as condições de uma situação cotidiana – novamente, por causa das lições que pode fornecer sobre os processos sociais relacionados a algum interesse teórico. Dessa maneira, uma cena de rua e seus camelôs pode se tornar o contexto para aprender sobre os potenciais benefícios sociais criados pela atividade de empreendedorismo informal [...]

À medida com que os dados vão sendo coletados e as informações

catalogadas, cabe ao investigador sistematizá-los em grupos ou subgrupos. Nesta

dissertação, será elaborada entrevista utilizando o contexto da vida real no qual a

intervenção ocorreu - educação informal - e explorar situações onde as intervenções

narradas não tenham sido claras e específicas.

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2.2 GRUPO FOCAL

Durante este estudo, após o exame de qualificação, alguns caminhos foram

traçados no intuito de melhor interpretar a relação entre o problema e o objeto a ser

estudado. O Grupo Focal foi o modelo de investigação escolhido porque, de acordo

com Gatti (2005, p. 7), “a técnica do Grupo Focal vem sendo cada vez mais utilizada

e deriva das mais diferentes formas de trabalho com grupos”.

Os autores Powell e Single (1996, p. 449) escrevem que o Grupo Focal é

“um conjunto de pessoas selecionadas e reunidas por investigadores para discutir e

comentar um tema, que é o objeto de investigação, a partir de sua experiência

pessoal”.

A técnica do Grupo Focal data da década de 1940, de origem anglo-

saxônica. Gondim (2003, p. 149), afirma que

Até a década de 70 do século XX, o Grupo Focal era quase exclusivamente direcionado para as necessidades de marketing. Atualmente, utiliza-se esta técnica como ferramenta de gerenciamento, de tomada de decisão, porque a participação natural dos entrevistados é o que permite que os investigadores conheçam pontos de vista diferentes em cada etapa do processo.

No âmbito das pesquisas qualitativas voltadas para as investigações sociais,

a utilização do Grupo Focal oportuniza a liberdade de expressão, que é favorecida

pela participação dos envolvidos de forma natural, como abordam Zimmermann e

Martins (2008, p. 12116): “[...] os sujeitos participantes da investigação encontram no

Grupo Focal liberdade de expressão, que é favorecida pelo ambiente, levando a

uma participação efetiva”.

As autoras Hattsum-Janssen; Caires e Sânchez-Fernández et al. (2016,

p.195) explicam que a utilização de grupos focais “é definida como uma forma de

recolher dados qualitativos que, essencialmente, implica envolver um pequeno

número de pessoas em discussões informais [...]”.

Dessa forma, os sujeitos desta investigação são profissionais da

microempresa pesquisada e estão inseridos no contexto social. É importante que

consigamos certa aproximação com os sujeitos para que possam compartilhar suas

experiências profissionais de maneira que possamos capturar suas falas, buscando

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a interpretação corrente de suas experiências. Serão sujeitos que trabalham em uma

mesma microempresa e que têm em comum o local de trabalho e as funções

desempenhadas. Espera-se que, no Grupo Focal, partilhem suas experiências,

memórias, bem como suas expectativas, sonhos e medos.

Ao utilizar a técnica de investigação qualitativa, de acordo com Godoy (2005,

p. 60),

[...] A palavra escrita ocupa lugar de destaque nessa abordagem, desempenhando um papel fundamental tanto no processo de obtenção dos dados quanto na disseminação dos resultados. Rejeitando a expressão quantitativa, numérica, os dados coletados aparecem sob a forma de transcrições de entrevistas, anotações de campo, fotografias, videoteipes, desenhos e vários tipos de documentos. Visando à compreensão ampla do fenômeno que está sendo estudado, considera que todos os dados da realidade são importantes e devem ser examinados. O ambiente e as pessoas nele inseridas devem ser olhados holisticamente: não são reduzidos a variáveis, mas observados como um todo.

Todos os dados apresentados no momento da pesquisa tornam-se

importantes e com a técnica em conjunto de utilização do Grupo Focal, temos a

possibilidade de que possamos analisar, em particular, o processo de construção

deste Grupo Focal e posteriormente validar os resultados, tarefa que por si só será

um grande desafio.

Quanto ao investigador, Gondim (2003, p. 150), aponta que em um Grupo

Focal torna-se parte integrante da investigação:

[...] para aqueles que optam pela abordagem qualitativa os critérios são a compreensão de uma realidade particular, a autorreflexão e a ação emancipatória. O conhecimento do mundo, para os adeptos desta última, não deve ser um fim em si mesmo, mas um instrumento para a autoconscientização e ação humana. Com isto há uma diminuição da distância entre a produção e a aplicação do conhecimento, bem como um aumento da exigência do comprometimento do investigador com a transformação social.

Gatti (2005, p. 38) lembra que o excesso de controle por parte do

moderador, imposto por roteiros sequenciais e sem margens ao “improviso”, pode

tornar o momento de interação desmotivador e os dados dos grupos assim

conduzidos passam a ser apenas observações superficiais, como escreve a seguir:

[...] em geral, o que se observa é que os dados de grupos conduzidos assim (de forma sequencial) acabam sendo apenas observações superficiais, repetição de slogans ou de vagas ideias, que pouco auxiliam uma reflexão mais densa sobre a questão proposta.” (GATTI, 2005, p. 38).

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A partir do momento em que a investigação passa a ser construída, o

investigador torna-se comprometido com o tema, a ponto de vislumbrar novas

possibilidades em torno da melhoria do que está sendo desvendado naquele

momento. A autoconscientização é o elemento de sustentação para que novas

possibilidades surjam frente ao que está sendo mostrado por meio do outro.

De acordo com Giovanazzo (2001, p. 34), a finalidade do Grupo Focal, é

explicar de que maneira as pessoas consideram “[...]uma experiência ou uma ideia

e, durante o encontro, possam ser obtidas informações sobre o que as pessoas

pensam ou sentem ou ainda sobre a forma como agem”.

Alguns fatores foram preponderantes para que a escolha pelo Grupo Focal

se tornasse cada vez mais sólida. Apontamos algumas a seguir:

a) A microempresa estudada é um local onde os sujeitos selecionados

para a investigação têm experiência profissional, tornando o ambiente propício para

que todos possam se desenvolver;

b) Os funcionários da microempresa apresentam características de

relacionamentos sociais informais entre eles;

c) Durante a investigação, a proprietária remodelou a loja e construiu um

espaço gourmet para que todos possam utilizar, portanto este momento pode se

tornar como um (re) encontro daqueles que compartilham o dia-a-dia profissional em

um ambiente que foi pensado para eles.

Kitzinger (1995, p.299) afirma que as trocas realizadas no grupo, bem como

sentimentos, crenças, experiências e reação, podem ser observadas de maneira que

as intervenções sejam mínimas. O Grupo Focal permite “[...] esse surgimento de

pontos de vista e manifestações das mais diferentes ordens”. Para isso, não é

aconselhável que o grupo seja muito grande, pois pode-se perder alguns momentos

específicos, em que a troca é de importância fundamental.

A técnica do Grupo Focal traz a vantagem de que o investigador, também

chamado de moderador, consiga muitas informações em pouco tempo, assumindo a

posição de facilitador do processo de discussão, sendo que a análise será elaborada

pela observação do próprio grupo e não dos indivíduos que compõe o grupo. Outro

ponto a ser considerado de grande importância é que o Grupo Focal permite

compreender as ideias compartilhadas pelas pessoas que compõe o grupo, no dia-

a-dia e como as relações entre eles pode influenciar o outro.

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Gatti (2005, p.11) escreve que:

[...] o trabalho com grupos focais permite compreender processos de construção da realidade por determinados grupos sociais, compreender práticas cotidianas, ações e reações a fatos e eventos, comportamentos e atitudes, constituindo-se uma técnica importante para o conhecimento das representações, percepções, crenças, hábitos, valores, restrições, preconceitos, linguagens e simbologias prevalentes no trato de uma dada questão por pessoas que partilham alguns traços em comum, relevantes para o estudo do problema visado.

Ao trabalhar com Grupo Focal, é importante considerar todas as

experiências que serão faladas de maneira natural: as histórias que irão contar, suas

reações, suas crenças e hábitos. O envolvimento das pessoas será intenso na

medida em que as falas se desenvolverem ao longo da conversa, pois os grupos

focais podem acontecer em espaços onde todos estão reunidos de maneira informal

e as falas se desenrolam de maneira também informal.

Gatti (2005, p. 13) leva em consideração que “o trabalho com grupos focais

oferece boa oportunidade para o desenvolvimento de teorizações em campo [...]” e,

por meio da literatura abordada durante esta investigação, pode-se melhor

compreender como as relações profissionais são construídas e mantidas pelo grupo,

a partir das observações prévias.

Com relação ao convite para participação do Grupo Focal, Gatti (2005, p.13)

afirma que “[...] embora a adesão para a participação deva ser voluntária, o convite

deve também ser motivador”, preservando a liberdade de adesão dos participantes.

Durante a participação dos grupos focais, Gatti (2005, p.13) escreve que é

“[...] um momento no qual o desenvolvimento dos participantes é notado a partir da

comunicação desenvolvida e estabelecida entre eles, fortalecendo (ou não), os laços

de afetividade tão comuns no ambiente profissional”.

A pesquisa a ser realizada junto à microempresa investigada sugere que os

vínculos possam ser fortalecidos durante o desenvolvimento do Grupo Focal.

2.3 HISTÓRICO DA EMPRESA

Ao investigarmos sobre micro e pequenas empresas no Brasil, nos apoiamos

em pesquisas desenvolvidas pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas), que tem como característica ser um serviço social autônomo

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brasileiro, cujo objetivo principal é auxiliar o desenvolvimento de micro e pequenas

empresas, que apresentam faturamento bruto anual igual ou inferior a R$

3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) para as micro empresas e inferior

ou igual a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais)10 para as

empresas de pequeno porte.

Existem na legislação brasileira conceituações de microempresa, empresa de

pequeno porte, média empresa e grande empresa. Para efeito de esclarecimento,

mencionaremos a seguir suas principais características.

Microempresa é uma pessoa jurídica11. Se a microempresa trabalha no setor

de serviços e comércio, pode ter até nove pessoas ocupadas (por exemplo, escolas,

costureiras, escritórios de consultoria e todos os microempreendimentos). Caso a

microempresa esteja enquadrada no setor industrial, poderá ter até dezenove

pessoas ocupadas, sendo regida pela Lei Complementar nº 123/0612, atualmente

alterados pela Lei Complementar nº 139/1113, que define esses critérios. Para que o

enquadramento seja correto, todos os fatores acima mencionados devem ser

equilibrados.

A pequena empresa ou empresa de pequeno porte - EPP, por sua vez, se

estiver estabelecida no ramo dos serviços ou do comércio poderá ter entre dez e

quarenta e nove pessoas ocupadas; no ramo industrial, entre vinte e noventa e nove

pessoas ocupadas, sendo regida também pela Lei Complementar nº 123/06,

atualmente também alterada pela Lei Complementar nº 139/11.

Desses números em diante, haverá o enquadramento de médias e grandes

empresas, cujo detalhamento de variáveis não interessa a este estudo, uma vez que

o foco da nossa investigação é uma microempresa.

No estado de São Paulo, esses micro e pequenos empreendimentos são

responsáveis, de forma significativa pela economia, contemplando 98,2% dos

10

O faturamento anual das microempresas não pode ultrapassar o valor de R$ 360.000,00, enquanto o faturamento anual das pequenas empresas não pode ultrapassar R$ 4.800.000,00, caso contrário existe o desenquadramento automático e suas alíquotas de impostos não recebem mais o tratamento diferenciado pelo Estado. Disponível em: < http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/estudos-e-pesquisas-janeiro-2018.pdf >. Acesso: 15 jan. 2018. 11

Idem 12 BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Disponível em:<

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 12 out. 2017. 13 BRASIL. Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011. Disponível em:<

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp139.htm#art5>. Acesso em: 12 out. 2017.

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estabelecimentos comerciais, industriais ou de serviços, sendo ainda responsáveis

pela geração de 51,2% dos empregos formais no estado de São Paulo, e pela

participação no PIB nacional em 27% (dados divulgados pelo Sebrae SP, 2017). Por

entendermos sua importância no cenário social e econômico brasileiro, optamos por

investigar uma microempresa na cidade de Campinas, SP. Aproveitamos para

apresentar a microempresa investigada: Carrinhos Brasil Equipamentos Industriais

Ltda ME.

A empresa foi fundada em 1982 pelo senhor Oliveira (nome fictício) e recebeu

o nome de MIAFE (uma junção das iniciais dos filhos) Equipamentos. A partir de

2004, passa a ter outra denominação, Carrinhos Brasil Equipamentos Industriais

Ltda, sediada na cidade de Campinas, SP, à Avenida Gov. Pedro de Toledo, 276, no

bairro do Bonfim. Hoje, o sr. Oliveira (nome fictício) recebe a denominação de

presidente fundador, que já trabalhava no ramo, e acabou transmitindo à filha,

Laura Oliveira (nome fictício), todo o know how que hoje a empresa apresenta.

A microempresa inicialmente (na ocasião de sua inauguração), foi estruturada

de maneira a fabricar e vender carrinhos utilizados em hotelaria, hospitais, escolas,

marcenarias, condomínios e empresas, sendo que os itens comercializados são

destinados à movimentação e armazenagem de mercadorias, como carrinhos

manuais, rodas e rodízios, carros porta-palletes e vários tipos de acessórios. Por

esses produtos a empresa Carrinhos Brasil é conhecida no mercado atuante.

A microempresa conta com 6 (seis) funcionários, sendo 2 (dois) vendedores

internos, 2 (dois) funcionários administrativo-financeiros, 1 (um) funcionário na

montagem e 1 (um) funcionário na entrega do produto. Participaram da pesquisa,

apenas 5 (cinco) funcionários, os dois sócio-proprietários (irmãos) e o presidente

fundador. O presidente fundador, participou do segundo encontro, bem como o

segundo sócio – Pedro – (nome fictício) que reveza com a sócia-proprietária e

administradora, - Laura (nome fictício) que participou apenas do último grupo focal.

Por este motivo, no nosso quadro de entrevistados, existem 8 (oito) sujeitos.

Atualmente a microempresa já não desenvolve a produção, apenas monta o

projeto final – o carrinho. Quando existe a necessidade de um projeto específico a

equipe toda se envolve.

É uma organização que tem como principal característica a centralização de

informações na proprietária e administradora, uma vez que é somente ela quem

visita fornecedores, clientes e feiras do segmento.

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É uma microempresa cujo clima organizacional é bastante claro, todos são

corteses, são pontuais e entregam resultados. Respeitam a organização e seus

antecessores. Todos se conhecem e se ajudam mutuamente.

A microempresa tem como concorrentes às empresas: Esalog; Campinas

Carrinho. Em São Paulo a concorrência é com os fabricantes. Quanto a

concorrência nacional de modo geral, apesar dos preços serem bons, a Carrinhos

Brasil tem como fator negativo as questões relacionadas ao frete que encarece o

produto. Já exportaram para Montevidéu, mas, com a economia desfavorecida no

momento, não é interessante trabalhar na exportação.

A empresa hoje trabalha no regime contábil de Microempresa.

A administradora começou a trabalhar no empreendimento aos 16 anos. À

época, já existia uma equipe de vendas e de montagem e, aos poucos, ela era

orientada por pessoas que trabalhavam na loja havia algum tempo. Então foi por

meio dos colaboradores da empresa iniciou suas atividades profissionais.

Gradativamente, a sra. Laura foi observando, aprendendo e desenvolvendo suas

competências profissionais, sempre orientada por alguns funcionários. Hoje, ela

ainda participa da iniciação profissional dos novos colaboradores.

Quando um novo colaborador entra na equipe é a proprietária/ administradora

quem o introduz nos primeiros dias de trabalho na empresa. Ela também deu os

treinamentos aos funcionários atuais.

Hoje, a empresa é considerada uma loja, e durante a permanência da

pesquisadora nas instalações da organização, notamos que o movimento é

constante de consumidores. Muitas vezes nossa entrevista foi interrompida por

alguma instrução ou informação que a proprietária-administradora deveria prestar

aos funcionários.

2.3.1 OS SUJEITOS DA PESQUISA

Os participantes investigados têm em comum serem todos adultos, com

idades compreendidas entre 24 e 70 anos. Neste universo, temos 4 (quatro)

entrevistados que concluíram o ensino superior em universidades particulares, 1

(um) entrevistado que ainda não concluiu o ensino superior em universidade

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particular e 3 (três) que concluíram o ensino médio em escolas estaduais (não

concluíram o 9ºano). Todos estudaram na cidade de Campinas - SP. As entrevistas

foram efetuadas em quatro encontros. Alguns funcionários, na época das

entrevistas, estavam em período de férias, dificultando a participação de todos nos

três momentos do Grupo Focal.

Elaboramos um quadro, a seguir, onde as características dos funcionários

encontram-se agrupadas de maneira a facilitar a visualização.

Quadro 1: Caracterização dos participantes

Participantes

Gênero Idade em

2017 Função Escolaridade

Tempo de Empresa

M F

E1

X

26

Administrativo

E.Superior 2 anos

E2

X

36 Almoxarife E.Médio 11 anos

E3

X

31 Vendas E. Médio 10 anos

E4 X 35 Vendas

E. Superior

inc. 5 anos

E5

X 47 Administrativo E. Superior 31 anos

E6

X

56 Administrativo E.Superior 3 anos

E7 X 70 Executivo E.Médio 38 anos

E8 X 38 Administrativo E.Superior 13 anos

Fonte: Arquivo do pesquisador (2017)

Foram entrevistados no seu ambiente profissional e durante o expediente.

Todos demonstraram bastante disponibilidade para responder à entrevista. Desde a

proprietária até o último funcionário, as entrevistas transcorreram em ambiente de

trabalho com certa movimentação de clientes sendo atendidos.

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Na primeira entrevista, o modelo formatado foi o individual. Nos três

encontros seguintes, as entrevistas aconteceram utilizando a técnica do Grupo Focal

em um ambiente descontraído, em que a conversa transcorreu de maneira mais

informal. Nos quatro encontros, deixamos registrado que ocorreram interrupções por

conta do movimento da loja. As entrevistas aconteceram sempre no ambiente de

trabalho. Foi necessário que a autora deste estudo iniciasse, no primeiro encontro,

com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, tendo sido feita a leitura deste

Termo e em seguida procedeu-se a coleta de assinaturas, uma a uma.

Ao iniciar as entrevistas, os funcionários foram perguntados quanto à idade e

grau de escolaridade. Em seguida, foi perguntado a cada um deles há quantos anos

trabalhavam na empresa.

2.4 TRABALHO DE CAMPO

O trabalho de campo deste estudo teve início após a finalização do processo

junto ao Comitê de Ética em Investigação do UNISAL. Foi-se amadurecendo a ideia

de preparar as entrevistas com funcionários de uma microempresa na cidade de

Campinas.

Acerca da análise de dados, deve-se levar em consideração, segundo

Câmara (2013, p. 182), a busca das características do contexto no qual a análise de

dados deve ser desenvolvida. Argumenta, ainda, que durante a análise qualitativa de

dados:

[...] o pesquisador busca compreender as características, estruturas ou modelos que estão por trás dos fragmentos de mensagens tornados em consideração. O esforço do analista é, então, duplo: entender o sentido da comunicação, como se fosse o receptor normal, e, principalmente, desviar o olhar, buscando outra significação, outra mensagem, passível de se enxergar por meio ou ao lado da primeira.

O objetivo em desenvolver este trabalho de campo é apresentado, em

primeiro lugar, pelo potencial que essas micro-organizações desempenham na

economia do país. Em seguida, pela oportunidade da geração de empregos,

contribuindo para a qualidade de vida, resgate da cidadania e para o aumento da

autoestima, além de proporcionar acesso a bens e serviços assim como

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conhecimentos sobre direitos sociais voltado também para as possibilidades na

disseminação de melhores oportunidades profissionais.

Em tempos de interatividade, o trabalho de campo ganhou dimensões

atualizadas, e a preparação desta investigação teve início pela transcrição das

entrevistas. Mostraremos a seguir o recorte de uma série de quatro entrevistas, com

a intenção de registrar as falas e posteriormente as impressões que tivemos durante

a investigação.

Para que o trabalho de campo pudesse ser realizado, foi necessário que a

pesquisadora fizesse uso do caderno de campo, onde as falas dos entrevistados

puderam ser transcritas. Lima (2015) descreve que o ato da transcrição não é

puramente operacional:

[...] Na medida em que realizava as transcrições das entrevistas com meus depoentes, fui percebendo que o ato de transcrever uma entrevista não é somente um ato operacional que simplesmente possibilita ouvir e registrar a fala do depoente por um aparelho eletrônico. O ato da transcrição de uma entrevista está relacionado não somente a solidão do pesquisador que enfrenta todos os dados colhidos sendo traduzidos em outra linguagem, mas também com as sensações, memórias e emoções que a entrevista ao ser transcrita pode nos trazer. (LIMA, 2015, p. 57)

Assim como Lima (2015), ao transcrever suas entrevistas se emocionou,

também a autora desta pesquisa pode perceber, através dos seus entrevistados o

sentimento que cada narrativa trazia consigo. Memórias de cada entrevistado,

emoções ao se recordarem do seu primeiro dia de trabalho naquela microempresa

selecionada, seus receios e suas lembranças. Dessa forma, Magnani (1997, p.3)

afirma que “como pressuposto o contato com o outro, nos termos – espaço,

temporalidade, códigos – deles; é uma experiência-limite que transforma uns e

outros Foi através do trabalho de campo que nossa pesquisa ganhou uma outra

dimensão, uma vez que foi possível observar a interação entre os participantes se

desenvolvendo pouco a pouco.

2.4.1 AS ENTREVISTAS

A entrevista é uma técnica em que duas ou mais pessoas, diante de um

assunto em pauta, travam diálogo. Gil (2010, p. 109) define a entrevista como sendo

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aquela em que “o investigador se apresenta a frente do investigado e lhe formula

perguntas com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação”.

Gil (2010, p. 109) também escreve que a entrevista “enquanto técnica de

coleta de dados, é bastante adequada para obtenção de informações acerca do que

as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem

ou fizeram”.

Para que a entrevista transcorresse em ambiente acolhedor, primeiramente

foi solicitado autorização à proprietária da empresa, sra. Laura Santana, que

prontamente nos atendeu. Foi a própria sra. Laura quem ofereceu algumas datas.

Escolhida a data e agendada, no dia combinado a autora deste estudo estava

presente. A administradora nos apresentou como uma pessoa de sua rede de

contatos profissionais e que, por estar desenvolvendo o Mestrado em Educação, ela

autorizou que a entrevista acontecesse no local e nos dias de trabalho, desde que

os funcionários também quisessem participar, ou seja, a entrevista aconteceria se

fosse da vontade de cada um, de forma voluntária.

Após este momento introdutório, conseguimos ainda conversar com os

sujeitos da investigação em quatro oportunidades, sendo que, na primeira

oportunidade, as entrevistas aconteceram de maneira individual, com a autorização

de todos, uma vez que apresentamos aos sujeitos os Termos de Consentimento de

Livre Consentimento. Foi ainda informado a todos, que em qualquer momento,

poderiam desistir de participar da investigação, de forma que ficassem à vontade. A

participação de todos, assim, deveria ser entendida como algo que estava sendo

construída em conjunto.

A primeira entrevista aconteceu no dia 07 de agosto de 2017 - 15h (2ª.

Feira). Teve como tempo de duração aproximadamente 60 minutos. Como

informado anteriormente, a entrevista foi desenvolvida de forma individual e o

ambiente era bastante tranquilo. Os participantes presentes trabalham no regime de

comissionamento e, provavelmente por isso, todos estavam constantemente

preocupados em manter as vendas diárias sob controle. Desse modo, as entrevistas

eram interrompidas algumas vezes.

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A segunda entrevista ocorreu com distanciamento entre uma e outra de

sessenta e sete dias14. A autora deste estudo previamente solicitou nova autorização

da administradora da microempresa.

A partir deste momento, a coleta de dados do Grupo Focal, de acordo com

Gondim (2003) depende da abordagem segundo a qual os critérios são a

compreensão de uma realidade particular, porém devido as possibilidades

apresentadas pela empresa pesquisada, houve certa necessidade de adaptação

referente a metodologia do Grupo Focal, embora tradicionalmente não seja o

orientado.

As demais entrevistas (terceira e quarta) aconteceram em intervalos

menores, o que possibilitou uma maior convergência entre todos os presentes e, por

que não dizer, a criação de vínculos entre pesquisador e pesquisados.

Os oito (oito) entrevistados para a pesquisa eram seis do sexo masculino e

dois do sexo feminino, trabalhando na mesma organização e estando alocados nos

mesmos espaço e horário de trabalho.

Procuramos elaborar as perguntas de maneira linear, oportunizando aos

entrevistados possibilidades de fala. De acordo com Gil (2010, p.11), essa

sistematização pode ser interpretada como “quando não se dispõe de informação

suficiente para responder ao problema”. Os sujeitos da pesquisa trabalham em

atividades diversas, como administrativo, vendas e manutenção. As perguntas que

nortearam a pesquisa foram: Quando você iniciou suas atividades profissionais

dentro desta empresa? Quem ensinou você a trabalhar na sua função? Quais foram

às estratégias usadas por você para superar as dificuldades encontradas ao

ingressar aqui, em uma nova função? Você continua aprendendo? Você ensina ou

ensinou algum colega a trabalhar aqui?

Procuramos desenvolver a escrita das entrevistas baseados em um modelo

de apresentação, no qual Câmara (2013) utiliza em bloco as entrevistas, informando

as datas nas quais aconteceram. Sucessivamente as entrevistas seguintes também

fazem parte de um novo bloco. Optamos por seguir o mesmo modelo, por concordar

que as falas dos entrevistados eram sequenciais.

14

Durante este período de intervalo, deu-se o exame de qualificação desta dissertação, onde foi sugerido pela banca examinadora que desenvolvêssemos a pesquisa utilizando a metodologia do Grupo Focal.

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3 DESCRIÇÃO DOS DADOS

De acordo com Gatti (2005, p.7) “os participantes devem ter alguma vivência

com o tema a ser discutido, de tal modo que sua participação possa trazer

experiências do cotidiano”. A aprendizagem que todo sujeito desenvolve ao longo da

vida envolve também questões profissionais, e, ao serem contratados por micro-

organizações, espera-se que todo este aprendizado possa ser colocado em prática,

desde que não interfira no processo de aprendizagem que esteja sendo iniciado.

Cada empresa tem uma identidade única e deseja imprimir sua marca no mercado,

quer seja para reconhecimento ou inovação.

As questões norteadoras deste roteiro basearam-se em procurar

compreender, segundo as falas dos funcionários da microempresa pesquisada,

como esta micro-organização considera o aprendizado ao longo da vida de um

funcionário que inicia suas atividades profissionais nesse novo ambiente de trabalho.

3.1 DESENVOLVIMENTO DAS ENTREVISTAS

3.1.1 PRIMEIRA ENTREVISTA

Entrevista desenvolvida, preparada e elaborada em 07 de agosto de 2017 -

15h (2ª. Feira). Teve o tempo de duração de 60 minutos.

O mote principal desta entrevista era:

- Conhecer quem eram os sujeitos entrevistados;

- Tempo de trabalho na microempresa estudada;

- Função desempenhada;

- Formação Acadêmica e

- Reconhecimento da aprendizagem por parte de outro sujeito.

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Entrevistado 1:

Trabalho aqui faz dois anos. Fiz sim, faculdade de Administração.

Trabalhava antes numa loja de brinquedo no centro e depois fui transferida “pro”

administrativo. Aqui, o treinamento que recebi foi muito pouco, porque eu já fui

vendo como fazia e fui fazendo. Quando vim “pra” cá, eu já sabia fazer umas coisas,

mas aprendi tudo sozinha mesmo.

Entrevistado 2

Trabalho aqui desde outubro do ano passado. Tem uns dez meses “né”. Na

verdade, na verdade, são onze anos, é que saí e depois voltei, mas agora são só

dez meses mesmo. Estudei só até o ensino médio, mas não acabei. Você diz,

quando vim pela primeira vez? Meu pai, “né”? Porque trabalhava de bico (ele) e meu

pai conhecia alguém que trabalhava aqui e me arrumou “pra” trabalhar aqui também.

Não lembro assim não. Acho que ninguém me ensinou nada. Eu trabalhava na

manutenção de bico, mas assim aqui, fazendo isso que faço (na manutenção),

ninguém me ensinou.

Entrevistado 3

Estou aqui tem 10 anos. Terminei o ensino médio. Aqui estou com vendas.

Comecei com manutenção e sempre fui vendo. Ficava ali olhando. A loja era

diferente. A gente não ficava nas salinhas, agora fica. É melhor porque o barulho da

rua não incomoda, mas o cliente gosta de ser atendido no balcão. Só vem mesmo

aqui “pra” dentro quando tem alguma coisa diferente pra comprar ou “pra” pegar

informação de algum concorrente na internet. Eu “ia” vendo mesmo como a Laura

fazia, perguntava “pra” ela. Tinha outro vendedor aqui e também ajudava um pouco.

Entrevistado 4

Neste dia, este sujeito estava em férias.

Entrevista 5

Trabalho aqui desde mocinha, tem 30 anos. A empresa não tinha este nome

e nem esta configuração. Pertencia somente ao meu pai. Desde 2004, pertence

somente a mim e ao meu irmão Pedro, que também ajuda aqui na parte de compras.

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Terminei Administração. Ninguém me orientou. Eu via as pessoas trabalhando e

comecei a fazer igual. Quando a gente precisa contratar algum funcionário, sou eu

quem vai dando uma espécie de treinamento, porque o dia-a-dia já faz com que a

pessoa aprenda muito. Mas eu vou indicando onde ficam as peças, como é o preço.

E também tem os meninos que podem ajudar também. Não dá pra ficar durante

muitos dias com o funcionário aqui, na sala, porque ele tem que pegar logo o ritmo.

Entrevistado 6

Estou aqui desde 2015 é... 2014 para 2015. Minha filha me indicou o cargo

porque estava se desligando daqui, ela foi trabalhar em outro lugar. Minha filha me

deu todas as coordenadas e ainda hoje a gente conversa sobre a loja e ela me dá

umas dicas. Minha filha é muito inteligente e esforçada, aprendeu sozinha mesmo.

Sempre fiz trabalho no administrativo, e aqui também. Eu sou uma pessoa

extremamente informal. Terminei o ensino médio, naquela época era o colegial. Fiz

faculdade de Administração. E depois comecei a trabalhar. Hoje estou aposentado,

mas “tô” aqui, trabalhando. Não dá pra viver de aposentaria. E depois eu gosto, aqui

converso com todo mundo, é cliente que chega aqui e faz um comentário, ensina

alguma coisa. Tudo que você imaginar.

Ao encerrarmos esta primeira entrevista, pudemos observar que a

comunicação entre o que os entrevistados praticavam estava sendo convergente,

uma vez que aquela situação de emprego na empresa pesquisada, em dado

momento na vida de cada um deles, havia sido nova para todos e mesmo assim não

conseguiam perceber o quanto a aprendizagem se desenvolve no meio corporativo.

Decidimos, então, alterar a estratégia da entrevista e passamos a pesquisar outras

formas de atuação junto àquele grupo de pessoas, tão cheias de experiências,

podendo interagir de forma produtiva entre si, mas sem muita certeza de como fazer.

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3.1.2 SEGUNDO GRUPO FOCAL15

A segunda visita à microempresa Carrinhos Brasil Equipamentos Ltda ME

teve como formato o Grupo Focal, por concordarmos quando Gatti (2005, p.13)

afirma que “a participação num processo de grupo focal também pode propiciar um

momento de desenvolvimento para os participantes, tanto nos aspectos

comunicacionais, como nos cognitivos e afetivos”.

13 de outubro 2017 - 8h25 (6ª. Feira), teve como tempo de duração algo

aproximado de 60 minutos.

Como o formato era novo para eles16, proporcionamos um coffee break em

um espaço interno à loja chamado “Cantinho do Café”, para que o ambiente

pudesse ser bastante informal e participativo. Percebemos que o ambiente estava

bastante animado – talvez porque o Grupo Focal estivesse acontecendo logo após

um feriado e o dia seguinte seria um sábado. Estavam todos bastante animados.

O mote principal desta entrevista era:

- Como foi o seu primeiro dia de trabalho nesta microempresa?

- Quais foram suas dificuldades no primeiro dia de trabalho nessa

microempresa?

Entrevistado 1:

Olha, eu não achava os produtos na tabela de preço e ficava nervosa, bem

nervosa, achando que não iria dar certo. Gente (rindo) faço muito mais do que isso.

Pago. Recebo. Pego no computador os relatórios das peças vendidas, das

compradas. Pego relatório das despesas do banco. Passo tudo “pra” Laura e “pro”

João. Ligo “pras” “firma” que a gente tem que pagar. “Oh” se é difícil, não sabia que

você (Laura) também notava a dificuldade deles. Mas muitos não perguntam. Ele

(algum funcionário que já não estava mais lá) ficou só uns dias, né? Eu ainda tenho

15

A partir deste segundo momento com os sujeitos, os participantes passam a se expressar num contexto específico, em interações que são próprias daquele conjunto de participantes (GATTI, 2005, p. 68), portanto a metodologia do Grupo Focal passa a ser aplicada deste momento em diante. 16

Esclarecemos que o Grupo Focal basicamente deveria ser formado por um conjunto de pessoas que tenham alguma vivência em comum e que seriam reunidas para discutir e comentar de maneira informal, um tema proposto para a pesquisa que estava em andamento. (baseado em Powell e Single (1996, p.449)

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problema “pra” encontrar produtos na tabela. Fico “perdidinha” quando tenho que

atender o telefone e o cliente pergunta alguma coisa. É que conheço pouca coisa,

“né”. Agora já sei, falo logo “pro” cliente: não sou do comercial, mas vou dar o

primeiro atendimento até os “menino” “vir” aqui. Antes eu não recebia pagamento.

Só na segunda semana é que comecei a receber. Tem dois anos que “tô” aqui. “Ah”

eu pergunto para o Danilo, para os “menino”. Não, eu já trabalhei cinco anos em

uma loja de brinquedos, quando fez dois anos passei “pro” administrativo. “Ah” sim,

a loja era enorme e era bem difícil mesmo. “Ah” eu perguntava. Não gosto de ficar

com dúvida não, porque a loja pode perder dinheiro também. Quando posso ajudar,

ajudo sim.

Entrevistado 2

- O diálogo aqui ocorre entre o Entrevistado 1 e a Entrevistada 2 - Mas você

nunca pergunta nada. Eu ainda estou na manutenção e comecei aqui mesmo. Agora

“tô” aqui há dez meses, mas trabalhei aqui por onze anos também. Mas você nunca

pergunta nada. Eu acho que você nem se interessa por nossa área. Risos.

Entrevistado 3

Mas aí a gente ficava perto para ajudar. Você era muito tímida (direcionando

a fala para a Entrevistada 2). Eu também acho que ela só faz isso (pagar e receber).

Nossa, mas eu nem escuto o som da sua voz (risos). Tem gente que pensa que

sabe tudo e não pergunta nada, depois faz tudo errado, lembra daquele Carlos que

entrou aqui? Mas também, você não trabalha no comercial, eu também ficaria

perdido trabalhando no que você faz. Quando entrei aqui, não entrei em vendas,

trabalhava na manutenção, depois de um tempo eu fui para vendas. Eu era da área

de manutenção. E lá onde eu trabalhava (em outra empresa, antes da Carrinhos

Brasil) além da manutenção eu ia também para o balcão e a empresa era igual a

essa. Trabalho aqui desde 2007 e na outra empresa comecei em 1997... 1998, saí

porque estava cansado do lugar. Sim, sim, porque as mesmas dificuldades que a

gente teve, as pessoas têm também, é tudo novo. Não, não, não dá pra ficar

entrando no setor do outro, é bem diferente.

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Entrevistado 4

Era? Ainda é. A gente nem sabe direito o que você faz. Acho que ela só

recebe e paga as contas. Nossa, fazia tudo do jeito dele e no final do dia estava

tudo bagunçado o setor. Não perguntava nada. “Tô” aqui desde quando, Laura?

(visivelmente querendo colocar a Sra. Laura na conversa).

Entrevistado 5

Nossa, se não fosse a Entrevistada 2 eu ficaria perdida nas contas. Eu

também tinha problemas em encontrar os produtos. O cliente falava que queria uma

rodinha e pra mim era tudo igual. E quando eu tinha que atender ao telefone, eu saía

correndo. Ia perguntando sempre. Ia pedindo ajuda ao pessoal do setor, e uma hora

eu comecei a fazer sozinha mesmo. As pessoas explicavam uma, duas, três vezes,

e tem uma hora que a gente mesmo tem que fazer. Lembro, ficou 10 dias. Apostei

muito que ele daria certo, mas não deu. E eu sempre dizia: se tem alguma dúvida,

pode perguntar, fique à vontade. Ninguém nasceu sabendo. Pra isso estamos aqui,

para orientar ou tomar a frente da venda quando o cliente chega. Você? (falando

com o Entrevistado 4) acho que uns 10 anos também. “Ah” sim, ninguém nasce

sabendo.

Entrevistado 6

Neste dia, o Entrevistado 6 participava do rodízio de funcionários em dias

considerados “dia-ponte” pela empresa.

Entrevistado 7

Acho .....uns 50 anos atrás. Eu comecei com 18 anos. Estava saindo da

força aérea – não fiquei lá e então eu tive que arrumar emprego, e comecei numa

empresa igual a essa, mas era de manutenção e armazenagem, lá em São Paulo.

Lembro que trabalhar neste segmento era bem difícil, era fraquíssimo e foi

crescendo. Eu gosto de ser vendedor e, na realidade, quando fazia uns três anos

que eu estava fora dessa área eu ia trabalhar em uma área bem diferente e estava

começando como Office boy. E eu passava em frente a uma outra empresa. Fui lá,

fiz a entrevista. A pessoa que precisava me atender, não pode me atender. A

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empresa era em Santo Amaro e tive que voltar. Na volta, acabei conhecendo um

Office boy de uma outra empresa que me levou para almoçar em uma outra

empresa, lá conversando com uma moça que encontrei uma moça, ela me

perguntou “o que eu estava fazendo”. Aí eu disse: Eu vou trabalhar na área de

material para usinagem, que eu conheço bem também. E aí a moça me disse: Por

que você não vem trabalhar conosco? Eu garanto um X (valor em dinheiro) para

você (em dinheiro de hoje era algo próximo a oito mil reais – o que era um salário

razoável). Daí comecei a voltar a trabalhar no ramo que é esse hoje. Só que eu

tinha que voltar para Araraquara. De Araraquara fui morar em Ribeirão. Daí fui

trabalhar no “interiorzão”. Visitava cada loja, cada revenda. Revenda do tipo

“Carrinhos Brasil”, aí, desbravei. Ai é aquela coisa: Daí eu já era casado e o dinheiro

acabou chegando, veio a Laura querendo morar fora, o meu outro filho (no total são

três filhos) e tudo com dinheiro daqui. Nessa ocasião não tínhamos essa empresa

aqui, a empresa chamava MIAFE: Laura, Alexandre e Pedro – o nome dos três filhos

– Aí ganhamos dinheiro. A Laura tinha um projeto de morar fora. E foi morar fora. E

eu e a dona Fernanda (esposa) ficamos aqui, trabalhando dia a dia, e todos eles

puderam morar no exterior e eu devo muito à dona Fernanda. Graças ao pulso firme

dela na loja nós conseguimos isso tudo aqui, que agora quem toca é a Laura e o

Pedro. Tinha que dar treinamento e ir orientando, a pessoa tem que conhecer o

produto. Não...o manual era nós mesmo, com tudo o que a gente sabia do produto,

dos clientes, do mercado. O funcionário tem que saber com o que a empresa

trabalha, senão não dá pra tomar gosto pela empresa e pelo produto, porque o

produto já não é muito divulgado, quem compra é porque usa. Aí é que nós

começamos a empresa e a gente carregava o produto na mão. E dizia ao “freguês: a

gente vai mandar um carrinho aí para o Sr”. e quando a gente via, ele já estava

comprando uns 10. A gente foi fazendo um marketing em cima do produto, não é

difícil não, se você quer. Pra mim, tudo é fácil. Nós aqui sempre ajudamos os

estudantes. Já veio engenheiro saber como a gente trabalha, ficou aqui um tempo.

Ela (Laura) e o Alexandre. Na época o Pedro tinha cinco anos, era pequenininho. E

a Laura foi tomando gosto. E eu disse: Filha, vai fazer concurso público, é mais

seguro. E ela dizia: eu gosto é disso aqui. De toda hora ter que dar um jeito nas

coisas, de conversar e encontrar solução para o cliente. E foi assim que a gente

começou a trabalhar com ela. Nessa época nós trabalhávamos quase que

exclusivamente – como representantes de uma empresa – e a empresa começou a

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não mandar mais o produto em quantidade suficiente para atender os clientes, e

então nós começamos a fazer um produto que não entrava em conflito com o que

representávamos. Nós só começamos a fazer o produto que eles não estavam mais

atendendo a gente. Só que depois acabamos nos desligando e ficamos só nós e a

Laura começando a tomar gosto pela área e o Alexandre também, e ambos

começaram a se envolver mais. E o Pedro foi crescendo vendo todo mundo

trabalhando e começou também a trabalhar aqui. Não só dentro como fora. Sou um

executivo. Tenho 70 anos e estou com planos de voltar em dois meses, visitando os

clientes pelo estado. Vou pegar a dona Fernanda e sairemos visitando, só mantendo

contato ou fazendo contatos novos. Porque como participo do CIESP eu não deixei

morrer a minha figura no meio comercial. Então, como a Laura não está podendo

manter a loja e visitar clientes lá por Araraquara, São Carlos, a proposta é que eu

volte, mas sem compromisso de trazer pedidos. O meu compromisso é: trabalhar

com a dona Fernanda, visitando e passeando, que é o que a gente gosta de fazer. E

eu penso que quem não é visto não é lembrado e agora a Laura e o Pedro, tomando

conta desta loja, eles me dizem que eu devia ficar aqui porque ninguém “tá”

comprando nada, mas eu gosto e sei visitar cliente e eu não quero que comprem

agora, quero que lembrem da gente quando precisarem. E vou voltar a trabalhar no

máximo em dois meses. A dona Fernanda tem a minha idade e está bem de saúde,

no fim de semana (daí em diante ele faz planos para quando voltar a trabalhar).

Retoma a fala dizendo que: Logo após que a MIAFE fechou por causa dos

problemas que tiveram, a Laura e o Alexandre tomaram conta do negócio

transformando em Carrinhos Brasil.

Neste momento, já estávamos conversando fazia 45 minutos, e encerrei o

grupo agradecendo, pois eles já estavam dispersos, voltando ao trabalho. A loja

funcionou normalmente durante o bate-papo.

3.1.3 TERCEIRO GRUPO FOCAL

O terceiro bate-papo, no formato de Grupo Focal, aconteceu no dia 28 de

outubro de 2017 - 11h25 (Sábado). Teve como tempo de duração 30 minutos.

Preparamos com carinho e atenção algumas guloseimas para que o

ambiente continuasse a ser de tranquilidade, afinal o dia é um sábado e o horário,

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próximo das 11h30. O expediente na loja se encerra às 12h. Assim que todos se

reuniram no espaço Cantinho do Café, retomamos o objetivo da investigação e de

forma direta informamos os temas que deveriam ser tratados:

-Dificuldades no seu primeiro dia de trabalho;

-Quais foram às estratégias utilizadas para sanar essas dificuldades;

- Como e se continuam a aprender no ambiente profissional.

Pudemos perceber que o Grupo Focal estava mais disperso e um pouco mais

apressado do que na entrevista anterior. Chegamos a pensar em desistir, mas eles

já estavam ali, bastante ansiosos em terminar logo. Notamos ainda que a

proprietária ficou muito mais próxima, talvez querendo manter o grupo naquele

espaço, evitando o dispersar. Essa situação nos deixou um pouco constrangidos,

uma vez que o ambiente poderia ter sido menos tenso com relação ao horário.

Iniciamos a fala com a informação de que o final da investigação se aproximava e

em março do próximo ano iremos retornar com a dissertação impressa e

encadernada para que a empresa e o Grupo Focal possam guardar como

lembrança. Informamos ainda que gostaríamos de trazer três pontos nos quais a

entrevista poderá transcorrer, e, claro, lembrando que assuntos que venham à tona

também podem ser tratados neste momento.

Entrevistado 5

Acho que não vai demorar muito, aos sábados eles gostam de fechar logo

para correr para casa. É. Mas quando tem que fazer algo para a empresa, sou eu

quem venho no sábado à tarde ou domingo dia inteiro – lembram, “né”, quando

mudamos a fachada da loja? Eles todos gostam muito de trabalhar, e quando

precisa a gente ajuda eles. “Ah” eu sempre vou em palestras do CIESP17, estou

sempre em contato com o pessoal que frequenta as feiras do ramo em São Paulo.

Todo dia aparece algo novo e no comércio temos mesmo que estar atentos às

mudanças. Quando o cliente chega na loja, eles já oferecem o produto mais recente

e explicam as características. Acho que é isso, né? Todo mundo aprende com todo

mundo.

17

Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.

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Entrevistado 1

Não é isso, é que a gente trabalha o dia todo e no sábado as coisas que não

dá tempo pra fazer temos que fazer. “Ah”....arrumar o uniforme para a semana.

Conversar com os amigos. Eu ajudo minha mãe em casa. Às vezes ela pede para

eu ir com ela no mercado. Essas coisas. Cada um cuida do seu espaço, a não ser

quando tem que fazer uma coisa junto. Falei pra minha mãe. Falei que tinha uma

amiga da Laura na loja, perguntando com quem aprendemos a trabalhar. Se a gente

ajudava os funcionários novos quando eles começavam. Depois que eu comecei a

contar pra minha mãe, eu comecei a lembrar que, não aqui, mas no outro

emprego...nossa eu tive mesmo muita dificuldade, mas que fui ajudada por várias

pessoas, todas diziam para eu ter calma que eu ia aprender o serviço logo. E eu

chegava em casa animada com as coisas novas.

Entrevistado 2

Eu também comecei a lembrar do meu primeiro dia, na outra empresa, eu

também achava que nunca ia aprender, mas aos pouquinhos fui pegando. Os

“colega” mais velho zoavam comigo porque eu não sabia nada, e me mandavam

fazer coisas que eles não gostavam. Eu gosto de ajudar, não gosto de ficar parado,

tá louco, o tempo não passa quando não tem nada pra fazer. Essa semana quando

choveu, nossa, o tempo não passava, acho que tomei uns dez “litro” de café. Legal é

quando o “seu” Sabino vem, ele conta cada história. E do jeito dele vai colocando a

gente tudo pra fazer as coisas. [risos]. Ele é esperto pra idade que tem, pena que já

não tem mais a mesma força, porque ele consegue fazer um monte de “coisa”

também na manutenção. Os “cliente” trazem muita coisa nova pra gente fazer, para

mudar “pra” eles, e “vamo” aprendendo. “Ah” eu fico mexendo até acertar. Às vezes,

vou pra casa e fico ali, pensando, converso com o pai e ele fica falando, dando ideia,

daí, não vejo a hora de chegar aqui no dia seguinte pra ver se vai dar certo.

Entrevistado 3

Eu vou jogar bola com o pessoal da rua, tem um campinho perto de casa e a

gente fica até a noite lá. Eu falei se precisava de ajuda, você disse que não, que

estava tudo bem. Eu fui embora depois. (notei que ele justificava o motivo pelo qual

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ninguém fica depois do expediente, a proprietária não pede ajuda). Eu trabalho só

nas vendas mesmo, e a Laura me ensina bastante quando ela vai encontrar os

clientes. Sempre vem com alguma novidade e passa pra mim, mas eu não saio

daqui, só fico mesmo atendendo cliente, falando com alguns fornecedores. Nem

todo mundo sabe que a gente vende solução, acham que a gente vende carrinho,

rodinha. Mas vendemos solução de armazenagem, e se o cliente sabe disso nem

pergunta mais nada, já liga pra comprar mesmo. Silicone. É sim, são lindas mesmo,

visualmente fazem toda a diferença, por exemplo, numa recepção de hotel. Isso é

novidade no mercado.

Entrevistado 4

Isso até hoje a gente pede pra você fazer, coisas que a gente não gosta de

fazer (falando para o Entrevistado 2). Essas rodinhas não riscam o chão. Na

verdade, o que esses rodízios têm que fazer é tudo igual, mas cada vez mais é

desenvolvido coisas mais bonitas, diferente.

Entrevistado 6

Não trabalha aos sábados.

Notamos que o bate papo estava perdendo força porque o relógio mostrava

11h56, e os sujeitos começam a guardar os copos sujos na pia. A Entrevistada

número 1 fica em pé, visivelmente pronta para sair da roda de conversa. E a partir

daí o grupo já não tem mais o mesmo foco. Para que eles possam então descansar,

agradeço a todos, peço desculpas pelo horário e digo a eles que é possível que eu

tenha que fazer o fechamento, e questiono se eles ainda teriam mais um pouco de

paciência. A resposta sempre educada é que sim, eu poderia voltar para o

encerramento.

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3.1.4 QUARTO GRUPO FOCAL

01 de novembro de 2017 - 8h10 (4ª. Feira), teve como tempo de duração

45 minutos.

Assim como percebemos que a terceira entrevista junto aos sujeitos

transcorreu de forma apressada, utilizamos outra estratégia para a abordagem dos

funcionários. Foi solicitado autorização junto a Sra. Laura para que pudéssemos

retornar à loja com a clara finalidade de encerrar a investigação com

questionamentos finais e agradecimento a todos pela participação. Fomos

prontamente atendidos. Chegando à empresa no horário inicial do expediente

comercial, possibilitando novas observações e análises.

Neste dia, estava presente o sr. Pedro Santana – irmão da sra. Laura que foi

convidado a participar do Grupo Focal e assim o fez. Neste dia, o Entrevistado 2 não

pode participar, porque estava com tarefas a serem cumpridas no setor de

manutenção.

Mais uma vez, preparamos algumas guloseimas para que o Grupo Focal

pudesse permanecer junto e participante dentro do espaço denominado Cantinho do

Café.

Imagem 1 - Cantinho do Café

Fonte: Arquivo pesquisador (2017)

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Assim que todos se reuniram no espaço, retomamos o objetivo da

investigação e de forma direta informamos os temas que deveriam ser tratados:

- Conhecimentos Profissionais e

- Como você consegue desenvolver seus conhecimentos profissionais?

Entrevistado 5

Eu sempre fiz o que eu faço hoje, você fala na questão assim, de faculdade?

(esclarecemos que o tópico é dentro da empresa). Não, só aqui. Eu fiz cursos de

aprimoramento, desde cursos de técnicas de vendas, até excel, na época em que

eu fui fazer esses cursos, por exemplo, tinha que ter datilografia, essas coisas. Eu fiz

cursos de aprimoramento, e mesmo nunca tendo trabalhado em outro lugar, eu fiz

esses cursos lá fora, para usar aqui dentro. A empresa escolhe o curso e dá o curso

para que eles possam fazer. No Senac, por exemplo, eles já fizeram vários cursos

lá. Palestras do Ciesp, aqui no Bonfim (bairro de Campinas – é o aqui perto a que a

Entrevistada 1 se refere). Eles compartilham. Eu peço para eles escreverem o que

eles aprenderam. É uma forma de guardar, de memorizar, né? Também dou as

dicas. Na hora em que estiverem na palestra, irem anotando e no dia seguinte eles

passam aqui para gente. Aqui tem uma pasta e a gente guarda esse material.

Quando alguém tem alguma dúvida, esqueceu alguma coisa, eles procuram nesta

pasta e lembram. Depende. Se o curso é para atendimento, todos podem ir. Porque

a gente tem convênio e o custo é barato, também tem os cursos que são de graça. E

eles vão. Porque olhou pra mim...não olha pra mim não, ela perguntou para você.

(quando o Entrevistado 4 disse que aprendia com o Entrevistado 5, ele procurou

pela Entrevistada 5 para que ela pudesse ajudá-lo).

Entrevistado 1

Eu mesma já fiz uns cursos aqui perto. (precisou sair para atender ao telefone). A

gente trabalha na mesma sala, e fica mais perto. É, a gente trabalha junto e as

coisas que aparecem, se a gente não sabe, pergunta para o contador. Daqui

mesmo, quase ninguém sabe muito do que a gente faz assim, direito. Tem bastante

coisa junta que não dá pra fazer do jeito que a turma de vendas pensa que dá.

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Entrevistado 2

Não pode participar pois estava com tarefas a serem cumpridas com prazo

para entrega.

Entrevistado 3

Eu? (surpreso quando o Entrevistado 4 disse que aprende com ele). Faço o

mesmo que ele, só que eu estou aqui há mais de 10 anos, praticamente, e é prática,

“né”? (visivelmente surpreso em saber que o colega procura por ele no momento de

aprendizagem). Sim, mas nem era aqui em Campinas e eu era “de menor”, nossa,

nada a ver com o que eu faço hoje. Eu gosto, porque todo mundo aprende junto,

“né”? Ele me pergunta uma coisa, e talvez, tipo assim, e não tinha percebido essa

dificuldade, e eu vejo que é a minha dúvida também, então vou atrás. Tem uns

clientes que trazem umas “coisa” novas, umas “dúvida” aqui e a gente vai atrás.

“Pra” falar a verdade, há 10 anos atrás, eu entrei na manutenção, hoje a minha área

é a de vendas. E lá atrás, na manutenção, eu aprendi muito com um vendedor que

não está mais aqui, Jefferson, ele é quem me ensinou tudo mesmo. Não está mais

aqui. Isso. E eu tentava aprender da forma que eu....”ah” não sei explicar....Eu ia

atrás mesmo. Ficava ali, quebrando a cabeça, perguntava “pra” Laura. Mas tem

sábado que você não vem?

Entrevistado 4

Incentiva bastante. A gente alinha bastante a conversa entre a gente, porque

eu, no meu ponto de vista, o que eu tiro de experiência que eu consigo aprender, o

que eu tiro de base é na Laura e no Victor porque eles são mais experientes. Eles

têm muita prática nesse mercado, eu sou novo ainda. É a primeira vez que trabalho

com vendas então me baseio muito na Laura e no Victor. No “Fer” também, mas o

“Fer” fica mais tranquilo na parte de compras. Mas a convivência com eles, a

experiência que eles t°m, a gente só vai olhando, vou vendo como eles fazem... Faz

cinco anos. Só na parte de manutenção. Aqui é a primeira vez mesmo.

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Entrevistado 6

É “tava” aqui pensando mesmo. Como eu disse na outra vez, eu aprendi e

aprendo muito com minha filha (que também já trabalhou na Carrinhos Brasil). E até

hoje, eu pergunto pra ela alguma coisa que eu não sei. Todo mundo ensina, né?

Pelo menos quando vem perguntar. Se não vem, como vou saber que precisa tirar

dúvida? Eu mesmo fico ali, fazendo as coisas do administrativo. Quem vem

perguntar as coisas pra mim é a Entrevistada 1. Eu não tenho ido porque tenho

outra atividade depois do expediente.

Entrevistado 8

Eu fiz faculdade e a gente tinha sempre que participar de palestras,

encontrava com os profissionais que eram mesmo do mercado. É isso que a gente

tá falando, né? Mas tem curso de dia também (visivelmente contrariado porque -

deu a entender- que o colega nunca participa). É igual o que eu faço. Só eu mesmo

faço. Que jeito? Só tiro férias quando a loja fecha. Quando precisa, eu venho. Os

fornecedores nossos não trabalham no sábado. (O Entrevistado 8 é irmão da

Entrevistada 5, e também é um dos sócios da empresa – existe certo revezamento

entre os irmãos nos finais de semana).

Os participantes começam a se dispersar, na loja começa a movimentação

do motorista, que chega para carregar os produtos para serem entregues em São

Paulo.

Despeço-me do grupo, agradecendo a todos e pedindo uma foto de

recordação.

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Imagem 2 - Área administrativa e financeira

Fonte: Arquivo pesquisador (2017)

Imagem 3 - Área de Vendas

Fonte: Arquivo pesquisador (2017)

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3.2 DESCRIÇÃO DAS CATEGORIAS

Durante as etapas que surgem na realização de uma pesquisa científica,

podem surgir indagações que dificultam sua execução. Provavelmente, as

incertezas que surgem durante o caminho a ser percorrido possam ser minimizadas

quando o pesquisador se alicerça na metodologia que sustenta a pesquisa.

Gil (2010, p.16) explica que “organizar sistematicamente os dados é uma

das maneiras de obtermos as respostas iniciais ao problema da investigação.”

Segundo Campos (2004, p. 11), “[...] tal fato se deve, invariavelmente, à

pluralidade de significados atribuídos ao produtor de tais dados, ou seja, seu caráter

polissêmico numa abordagem naturalística”. A escolha do método para elaborar a

análise de dados deve oportunizar uma visão ampla sobre o que foi coletado e por

qual período esta coleta se deu. Existe ainda a diversidade de significados para um

mesmo contexto em que a pesquisa se desenvolveu.

Recentemente, a análise qualitativa de dados tornou-se um fenômeno que

foi retomado entre os que se dedicam às pesquisas das Ciências Sociais. De acordo

Alves e Silva (1992, p. 61), tal análise se caracteriza por ser um:

“[...] processo indutivo”, que tem como principal objetivo o foco com relação à fidelidade ao universo de vida cotidiano dos sujeitos, estando baseada nos mesmos pressupostos da chamada pesquisa qualitativa, e ainda “pode captar os diferentes significados de uma experiência vivida, auxiliando a compreensão do indivíduo no seu contexto”.

Para melhor elaborar a descrição de dados desta pesquisa, optamos pela

proposta de Miles e Hubberman( 1984, p. 15), que parte do princípio da existência

de três pilares da pesquisa:

Eles são uma fonte de descrições bem fundamentadas e ricas explicações de processos que ocorrem em contextos locais. Com dados qualitativos, pode-se preservar a fluxo cronológico, avaliar a causalidade local e derivar explicações frutíferas.[...]. Finalmente, os resultados de estudos qualitativos têm uma qualidade de "inegabilidade.

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Figura 1 - Os pilares da pesquisa

Fonte: Fernandes, 2017

Ainda de acordo com Milles e Hubberman (1984, p. 21):

[...] Coleta de dados: o processo de seleção, focagem, simplificação, abstração e transformação os dados "crus" que aparecem nas notas de campo escritas. A coleta de dados ocorre continuamente ao longo de a vida de qualquer projeto qualitativamente orientado.

Entendemos que a coleta de dados é a primeira etapa para que o processo

investigado possa ter legitimidade, sendo que tal coleta deve conter o maior número

possível de informações.

A exibição dos dados, ainda segundo Milles e Hubbermann (1984, p. 21).

trata-se de uma “montagem organizada” que oferece um desenho preliminar das

conclusões “que estão sendo apontadas de forma narrativa, durante a pesquisa ou

investigação”.

[...] Exibição de dados: o segundo maior fluxo de atividade de análise é a exibição de dados. Uma "exibição" é uma montagem organizada de informações que permite o desenho de conclusões e a tomada de ação. A forma frequente de exibição para dados qualitativos tem sido narrativa.

O último tripé da descrição dos dados, nesta nossa pesquisa, será a

conclusão que está relacionada, ainda segundo Milles e Hubbermann (1984, p. 22),

com a maneira de observação e os padrões que a pesquisa apresentou.

[...] Conclusão: o terceiro fluxo de atividade de análise é conclusão, desenho e verificação. Desde o início da coleta de dados, o analista qualitativo está começando para decidir o que as coisas significam,

EXIBIÇÃO DOS

DADOS

CONCLUSÃO

QUE OS DADOS

MOSTRAM

COLETA DE DADOS

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observando regularidades, padrões, soluções, possíveis configurações, fluxos causais e proposições. Conclusões finais podem não aparecer até a conclusão da coleta de dados.

Milles e Hubberman (1984) observam que as conclusões finais podem ou

não aparecer até a conclusão da coleta de dados, isso porque, de acordo com nossa

observação, após o material ter sido reescrito surgem novas imagens que podem

então fazer parte ou não da conclusão que se espera.

Câmara (2013) escreve que após todas as entrevistas, ou dados, como a

autora chama, transcritos, dá-se início o processo de leitura. A escolha de categorias

de análise surgirá das questões as quais o Grupo Focal apresentou como tema

central, ou ainda das hipóteses. A partir do momento nos quais os temas se

repetem, podemos então preparar recortes que serão à base desta categorização de

dados.

Nossa inquietação está relacionada com o fato de que os profissionais em

seu ambiente de trabalho carregam consigo aprendizagens desenvolvidas e

adquiridas durante toda a vida, logo a microempresa estudada é capaz de aproveitar

esse aprendizado e ainda criar situações nas quais o sujeito possa, além de

aproveitar esse aprendizado (que ele carrega consigo), proporcionar oportunidades

de novos desenvolvimentos e de disseminação desse conhecimento entre os

demais colaboradores?

Por meio do segundo encontro, já no formato de Grupo Focal, os sujeitos da

pesquisa foram aos poucos participando, buscando nas memórias o seu primeiro dia

de trabalho na empresa pesquisada. Surgiram falas que, em princípio, estavam

guardadas em compartimentos da emoção, que aflorou naquele momento da

pesquisa de campo.

No terceiro encontro do Grupo Focal, tivemos um pouco de dificuldade em

virtude do dia em que encontro aconteceu. Mesmo assim, conseguimos estreitar os

laços entre os funcionários e, de certa forma, estabelecer vínculos entre nós e os

sujeitos da pesquisa. As revelações que o Grupo Focal proporcionou neste terceiro

encontro foram animadoras. Enquanto um dos participantes comentava os motivos

pelos quais gostaria de chegar logo em casa, os demais participantes se sentiram

mais à vontade também para esclarecer quais eram seus afazeres, tarefas ou

prazeres durante o fim de semana.

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O terceiro Grupo Focal aconteceu em um momento no qual os funcionários

estavam se preparando para deixar o trabalho, e desta maneira, o objetivo não foi

realizado a contento, embora o resultado tenha sido animador sob o ponto de vista

da socialização entre todos. Desta maneira, estabelecemos que no próximo Grupo

Focal, o horário deveria ser outro para proporcionar maior aproximação com os

sujeitos da pesquisa.

Estabelecemos que o quarto encontro do Grupo Focal seria o definitivo, uma

vez que a pesquisa se desenrolava em um espaço comercial e que nossa

permanência chegava por vezes a atrapalhar o desenvolvimento profissional dos

sujeitos. Neste momento, pedimos, mais uma vez, autorização à administradora da

empresa e preparamos o espaço em conjunto com um pequeno lanche.

Nossa chegada à empresa deu-se logo no primeiro horário do dia. Os

participantes nos acolheram com atenção e iniciaram sem muita cerimônia as falas.

A conversa fluiu de maneira simples e aconchegante, desta vez voltada para como

eles continuam a se desenvolver profissionalmente.

Em um primeiro momento, questionamos os entrevistados sobre a

experiência profissional de cada um dentro do contexto daquela microempresa.

Quadro 2 - Primeiro dia de Trabalho

No primeiro dia de trabalho: Comunicação - Dificuldades.

Categorias Verbalização

Dificuldades encontradas.

E1 - Olha, eu não achava os produtos na tabela de preço e ficava nervosa, bem nervosa, achando que não iria dar certo.

E3 - Mas também, você não trabalha no comercial, eu também ficaria perdido trabalhando no que você faz. Quando entrei aqui, não entrei em vendas, trabalhava na manutenção, depois de um tempo eu fui para vendas.

E5 - Nossa, se não fosse a Entrevistada 1 eu ficaria perdida nas contas. Eu também tinha problemas em encontrar os produtos, o cliente falava que queria uma rodinha e pra mim era tudo igual. E quando eu tinha que atender ao telefone, eu saia correndo. Ia perguntando sempre. Ia pedindo ajuda ao pessoal do setor, e uma hora eu comecei a fazer sozinha mesmo, as pessoas explicavam uma duas, três vezes, e tem uma hora que a gente mesmo tem que fazer.

Fonte: Adaptado de Câmara (2013, p. 189)

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Procurou-se com este questionamento identificar, por meio das memórias

dos sujeitos, como foi o primeiro dia de trabalho na empresa estudada. Uma vez que

as memórias fazem parte importante nesta investigação, iniciamos pelo que poderia

ser algo em comum a todos, as dificuldades em um novo ambiente profissional.

De acordo com Câmara (2013, p. 182), o pesquisador busca “compreender

as características, estruturas e modelos que estão por trás das mensagens

fragmentadas”. Milles e Hubberman (1984, p. 49) também consideram a importância

que o pesquisador tem ao desvendar as mensagens que os sujeitos da pesquisa

indicam.

Por meio deste primeiro encontro com os sujeitos, interpretamos que a

comunicação entre os ingressantes e os veteranos ao iniciarem suas atividades na

microempresa encontrava-se em momento de fragilidade. A comunicação poderia

ter sido fortalecida pela administradora principal, por meio de esclarecimentos

acerca do funcionamento da organização.

Quadro 3 - Estratégias Profissionais

Dificuldades. Medos. Ajuda. Auxílio.

Categorias Verbalização

Estratégias usadas para sanar

as dificuldades encontradas

E1 - eu comecei a lembrar que, não aqui, mas no outro emprego...nossa, eu tive mesmo muita dificuldade, mas que fui ajudada por várias pessoas, todas diziam para eu ter calma que eu ia aprender o serviço logo. E eu chegava em casa animada com as coisas novas.

E2 - Eu também comecei a lembrar do meu primeiro dia, na outra empresa, eu também achava que nunca ia aprender, mas aos pouquinhos fui pegando. Ainda hoje, às vezes, aparece aí um cliente meio doido que quer um “negócio” diferente. Daí, vou embora e fico matutando. No caminho fico pensando e pergunto “pro” meu pai, e a gente “trocamos ideia”. Depois eu já resolvi.

E3 - Eu gosto, porque todo mundo aprende junto, né? Ele me pergunta uma coisa, e talvez, tipo assim, eu não tinha percebido essa dificuldade, e eu vejo que é a minha dúvida também, então vou atrás.

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E4 -Incentiva bastante. A gente alinha bastante a conversa entre a gente, porque eu, no meu ponto de vista, o que eu tiro de experiência que eu consigo aprender, o que eu tiro de base é na Laura e no Victor porque eles são mais experientes.

E5 - Eu trabalho só nas vendas mesmo, e a Laura me ensina bastante quando ela vai encontrar os clientes. Sempre vem com alguma novidade e passa pra mim.

E6 -É, “tava” aqui pensando mesmo. Como eu disse na outra vez, eu aprendi e aprendo muito com minha filha (que também já trabalhou na Carrinhos Brasil). E até hoje, eu pergunto pra ela alguma coisa que eu não sei. Todo mundo ensina, né? Pelo menos quando vem perguntar. Se não vem, como vou saber que precisa tirar dúvida. Eu mesmo fico ali, fazendo as coisas do administrativo. Quem vem perguntar as coisas pra mim é a Entrevistada 1.

Fonte: Adaptado de Câmara (2013, p. 189)

Esta categoria indica que, por meio da temática abordada, inicialmente

procurou-se identificar de que maneira os sujeitos enfrentaram suas dificuldades.

Milles e Hubberman (1984), assim como Câmara (2013), indicam que um dos

grandes desafios das pesquisas qualitativas é que se baseiam em palavras. E, em

virtude disso, os documentos para análise, muitas vezes demasiadamente longos,

demandam esforço nas interpretações. É possível compreender que as estratégias

de enfrentamento quanto às dificuldades profissionais quase sempre se apoiam em

outros sujeitos com experiência maior, quer seja no próprio local de atividade, quer

seja no convívio. Estabelece-se a confiança como fator primordial para que as

dificuldades sejam sanadas.

Quadro 4 - Conhecimentos Profissionais

Formação. Aprimoramento. Aprendizagem sem autonomia

Categorias Verbalização

Como são desenvolvidos os

conhecimentos profissionais

E1 - Eu mesma já fiz uns cursos aqui perto

E3 - Eu trabalho só nas vendas mesmo, e a Laura me ensina bastante quando ela vai encontrar os clientes, sempre vem com alguma novidade e passa pra mim.

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E5 - Fiz cursos de aprimoramento, desde cursos de técnicas de vendas, até excel. Na época em que eu fui fazer esses cursos, por exemplo, tinha que ter datilografia, essas coisas... e mesmo nunca tendo trabalhado em outro lugar, eu fiz esses cursos lá fora, para usar aqui dentro. A empresa escolhe o curso e dá o curso para que eles possam fazer. No Senac, por exemplo, eles já fizeram vários cursos lá. Palestras do Ciesp, aqui no Bonfim (bairro de Campinas).

E6 - Eu não tenho ido porque tenho outra atividade depois do expediente.

Fonte: Adaptado de Câmara (2013, p. 189)

Com relação aos conhecimentos profissionais que os sujeitos “adquirem,

procurou-se verificar as possibilidades de desenvolvimento continuado, uma vez que

é a partir desse pressuposto, conforme aborda Câmara” (2013, p. 190), que os

sujeitos continuam aptos às novas oportunidades, quer seja dentro da micro-

organização, ou para o próprio mercado de trabalho em que, ainda segundo

Câmara (2013, p. 190), “o aperfeiçoamento continuado por meio de cursos,

palestras ou mesmo a interação no ambiente corporativo leva o sujeito a se

empoderar diante de novas situações”.

Trilla (1999, p. 201) relaciona a aprendizagem continuada com a “extensão

que o mundo do trabalho se encontra, uma vez que “obriga” a aplicar novas formas

de capacitação profissional como reciclagem e formação continuada”, o que melhora

as estratégias de permanência ou inserção em um mercado de trabalho cada vez

mais exigente e competitivo.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com os referenciais teóricos apresentados durante a concepção desta

investigação, apresentaremos as considerações, por meio das descrições de

análise, que nos levaram a responder aos questionamentos instituídos, relacionados

ao objetivo geral da pesquisa e aos objetivos específicos, que procuraram informar e

analisar como o aprendizado não intencional acontece dentro da microempresa,

além do aproveitamento das experiências e dos saberes que cada um traz consigo

ao longo da vida.

Deixamos claro que na presente pesquisa, não estamos minimizando o papel

da escola e afirmamos que a educação informal não substitui, nem compete com a

educação formal ou educação escolar.

Considerando os estudos sobre educação informal, Trilla (1999, p. 200) faz

considerações importantes, afirmando que “a educação informal está tão presente

no ambiente corporativo que não podemos sequer pensar que sua influência seja

pequena”.

Alguns autores argumentam que a educação informal é aquela que acontece

durante todo o processo de socialização do indivíduo, em que se carregam

sentimentos herdados e de pertencimento, quer seja na tomada de decisão, quer

seja durante as lutas de classe. Tais lutas se efetivam a partir do momento em que

esta relação extrapola o âmbito dos locais de trabalho com a clara intenção de

promover melhoria na vida das pessoas.

Gohn (2006, p. 30) ainda ressalta que para a educação formal os

educadores são os professores; já na educação não formal, o educador é “o outro”,

ou seja, aquele com quem interagimos. Na educação informal são os agentes

educadores, tais como pais, família em geral, membros da comunidade e colegas de

escola. Dentro deste universo, os sujeitos passam a desenvolver a sociabilidade, a

desenvolver habilidades e competências para que possam interagir de forma a

entrelaçar laços ora de estreitamento, ora de distanciamento, de acordo com as

necessidades, ou momentos, pelos quais os sujeitos passam.

Bandura (2008, p.34), afirma que as “capacidades humanas são

potencializadas de acordo com a cultura na qual o sujeito esteja inserido”. No dia-a-

dia da microempresa selecionada nesta investigação, o sujeito desenvolve suas

habilidades profissionais de maneira colaborativa, isto é, trabalham juntos e são

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responsáveis pelo sucesso do grupo (Gokhale, 1995) e, uma vez que seu espaço de

atuação é constantemente dividido com outros colegas, o desenvolvimento e

responsabilidades de todos eleva o desejo de satisfação profissional. Aprender

implica em estar atento àquilo que acontece ao nosso entorno, e o que está em

nosso entorno não necessariamente está em uma sala de aula convencional e nem

sempre possui um professor ou educador - no sentido legítimo - ao lado.

Dessa forma, a aprendizagem que envolve questões profissionais é revelada

por meio dos saberes ocultos, usados para resolver as dificuldades iniciais que se

apresentam no dia a dia. Assim como mencionado durante um dos Grupos Focais

na presente pesquisa, os sujeitos, ao iniciarem suas atividades dentro da

microempresa selecionada, primeiramente observaram e, em seguida, tentaram

realizar as atividades profissionais sem que a ajuda de outros fosse intensiva.

Ao perceberem (os entrevistados, sujeitos da pesquisa) que não dariam

conta, mudaram a estratégia e permitiram-se solicitar a ajuda necessária para que

suas atividades pudessem ser desenvolvidas. Isso sem deixar de mencionar que,

em alguns casos, a ajuda externa - por exemplo, o funcionário que pediu ajuda ao

seu pai (que não trabalha na empresa) - para resolver a dificuldade em um projeto

novo também foi importante, deixando claro que a educação informal faz parte

dessa comunidade pesquisada, em que os agentes educadores estavam e estarão

presentes.

Dessa forma, os mais experientes são identificados com o potencial

necessário para por meio da inserção dos novos sujeitos, a organização. Em se

tratando de pessoas, nada mais justo do que reconhecer essas potencialidades e

alçar esses colaboradores ao quadro dos que detêm qualificações necessárias a

multiplicar seus conhecimentos.

Assim, considera-se que os sujeitos ao iniciarem suas atividades dentro da

organização, trazem como background serem oriundos do mercado de trabalho.

Dessa forma, podem ser alocados em posições parecidas com as que tinham no

emprego anterior. Como na sua maioria são profissionais que estavam inseridos no

mercado de trabalho, o treinamento oferecido aos funcionários assim que ingressam

na organização é o mais direto e rápido possível, permitindo que os sujeitos possam

interagir de modo a resgatar os saberes que, ao longo da vida, foram sendo

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desenvolvidos, muito embora esta organização também tenha o desejo de ser a

única na memória daqueles sujeitos.

O Estudo de Caso, nesta nossa pesquisa, foi ganhando força a partir dos

referenciais teóricos de Campomar (1991, p. 95), que considera que quando o

“conhecimento vem principalmente de pesquisa, há avanço no estado da arte”. Isso

porque, surge um novo conhecimento e naturalmente a independência intelectual se

concretiza. O Estudo de Caso pode ser entendido, também como Soffner (2016)

discute, investigações valiosas sobre o cotidiano de fatos organizacionais. Sugere-

se, portanto, que o Estudo de Caso preencha as lacunas deixadas pelas teorias,

uma vez que o cotidiano de uma micro-organização - nesta nossa abordagem - pode

ser formada por variáveis que nem sempre podem ser previstas, uma vez que ao

estudarmos uma micro- organização, fez-se necessário conhecê-la em

profundidade.

A proposta para que os sujeitos participassem deste segundo encontro de

forma voluntária proporcionou a todos a segurança necessária para estreitar os

laços de identidade, situação proposta desde o início da pesquisa. As lembranças

que cada um dos funcionários compartilhou e os momentos de alegria - suas

memórias remetiam ao primeiro dia de trabalho de cada um na empresa pesquisada

- e surgiram falas que, em princípio, estavam guardadas em compartimentos da

emoção, a qual aflorou naquele momento.

Neste dia, o presidente fundador não deveria estar presente, mas estava e

trouxe à tona o saudosismo pelo trabalho árduo de outrora e que hoje já não tem

possibilidade de ser desenvolvido pela própria limitação física. Além disso, trouxe

também a esperança de poder voltar aos negócios de uma forma mais branda, no

modelo que começou naquele momento a ser desenhado pela filha dele, a atual

gestora do negócio, estimulando a participação paterna na organização.

Os objetivos específicos delimitados durante esta pesquisa foram

estruturados nos aprendizados não intencionais. A educação informal também faz

parte dessa contextualização, uma vez que Gohn (2006, p. 29) nos faz recordar que

a educação informal “trata-se do processo de socialização dos indivíduos” e, no

meio profissional, a socialização é o momento em que mais pode-se encontrar o

compartilhamento dos saberes. Isso ficou claro durante o Grupo Focal, em que os

sujeitos, por meio de suas falas, confirmam que a empresa pesquisada valoriza

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esses aprendizados a ponto de compartilhar certas diretrizes e deixar os

funcionários livres para solucionar os problemas cotidianos que surgem.

Por meio desse compartilhamento, e por que não pensar em

empoderamento profissional, os sujeitos investigados sentem-se parte integrante e

pertencentes à microempresa, fato este comprovado pela quantidade de tempo em

que metade desses colaboradores está trabalhando na micro organização e pelas

observações realizadas durante o trabalho de campo.

A microempresa pesquisada considera que os sujeitos que fazem parte do

seu cotidiano empresarial devam continuar adquirindo novos conhecimentos e, por

conta disso, promove junto com instituições de classe, como por exemplo sindicatos

e confederações nas quais a microempresa participa, alguns cursos dos quais esses

sujeitos podem participar, levando em consideração que a disseminação desse

conhecimento adquirido também deve fazer parte das conquistas partilhadas na

empresa.

O ambiente de trabalho corporativo, na presente empresa, possibilita que os

sujeitos possam trocar experiências e saberes com os colegas. Essa troca é

incentivada pela gestora principal, visando um melhor convívio entre todos.

A bibliografia existente em relação ao tema educação informal é bastante

escassa, principalmente em relação ao meio corporativo. Entende-se que esta

educação não mencionada de forma explícita é parte integrante do ser humano e,

por isso, a importância em desenvolver pesquisas nessa área. Na atualidade, a

competição já não está mais relacionada com qualidade, preço ou prazo de entrega

dos produtos. A competição ganha proporções intangíveis onde as pessoas,

colaboradores e gestores, é que fazem a diferença, possibilitando então, a troca de

conhecimentos e saberes informais entre as pessoas.

Quando pensamos em compartilhar conhecimento, pensamos em oferecer à

comunidade oportunidades de desenvolvimento profissional, afinal temos algo

próximo a treze milhões de pessoas desempregadas na atualidade18 e boas práticas

profissionais, como, por exemplo, a valorização do profissional mais experiente

como alguém que possa ser o direcionador dos novos ingressantes ao mercado de

trabalho.

18

Dados obtidos através do site http: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-04/ibge-total-de-desempregados-cresce-e-atinge-142-milhoes. Acesso em 30 nov.2017.

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O que nos move é saber que a educação faz parte dessa possibilidade: não

precisa ser professor ou educador, não precisa ter qualificações específicas, não

precisa ter mais ou menos idade, basta ter a intenção de aproveitar o que temos a

oferecer e desta maneira aumentarmos também as oportunidades que poderão

surgir de uma nova experiência, a de se reinventar através da educação.

A possibilidade da educação ao longo da vida, via ambiente corporativo na

microempresa selecionada pela pesquisa, revela haver implicações sobre o bem-

estar dos sujeitos no que se refere à socialização e manutenção de independência e

estimulação cognitiva, principalmente em relação aos funcionários, o que promove

vínculos através da construção de novas relações e também o desenvolvimento

pessoal.

Dessa forma, esta pesquisa vem contribuir para a discussão da educação

informal como um campo de possibilidades, em que o indivíduo é estimulado

constantemente, transformando assim suas práticas cotidianas profissionais em

ricas oportunidades de trocas de conhecimento e de construções de novos saberes.

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