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A Educação nos Mitos A Educação nos Mitos de Platão de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da Mito da caverna caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

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Page 1: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

A Educação nos Mitos A Educação nos Mitos de Platãode Platão

A RepúblicaA RepúblicaLivro VIILivro VIIMito da cavernaMito da cavernaLivro XLivro XMito de ErMito de Er

Page 2: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Breve HistóricoBreve HistóricoSócratesSócrates - - filósofo grego filósofo grego

(Atenas 470 - 399 a . C .).(Atenas 470 - 399 a . C .).

Não deixou obra escrita, mas Não deixou obra escrita, mas seus ensinamentos são seus ensinamentos são conhecidos por fontes conhecidos por fontes indiretas, principalmente por indiretas, principalmente por Platão, seu maior discípulo.Platão, seu maior discípulo.

Fonte imagem: Nova Enciclopédia Ilustrada da Fonte imagem: Nova Enciclopédia Ilustrada da FolhaFolha

SócratesSócrates - - filósofo grego filósofo grego

(Atenas 470 - 399 a . C .).(Atenas 470 - 399 a . C .).

Não deixou obra escrita, mas Não deixou obra escrita, mas seus ensinamentos são seus ensinamentos são conhecidos por fontes conhecidos por fontes indiretas, principalmente por indiretas, principalmente por Platão, seu maior discípulo.Platão, seu maior discípulo.

Fonte imagem: Nova Enciclopédia Ilustrada da Fonte imagem: Nova Enciclopédia Ilustrada da FolhaFolha

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Breve HistóricoBreve Histórico

PlatãoPlatão - - filósofo grego filósofo grego

(Atenas 427 a .C. - 347 a . C.).(Atenas 427 a .C. - 347 a . C.).

Foi discípulo de Sócrates e Foi discípulo de Sócrates e professor de Aristóteles. É professor de Aristóteles. É considerado um dos considerado um dos grandes pensadores da grandes pensadores da história da filosofia. Sua história da filosofia. Sua obra, escrita em forma de obra, escrita em forma de diálogos.diálogos. Fonte imagem: Grande Enciclopédia Larousse Fonte imagem: Grande Enciclopédia Larousse

CulturalCultural

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Breve História da Grécia Breve História da Grécia AntigaAntiga

ORIGENSORIGENS A civilização grega surgiu entre os mares A civilização grega surgiu entre os mares

Egeu, Jônico e Mediterrâneo, por volta de Egeu, Jônico e Mediterrâneo, por volta de 2000 AC. Formou-se após a migração de 2000 AC. Formou-se após a migração de tribos nômades de origem indo-européia: tribos nômades de origem indo-européia: aqueus, jônios, eólios e dórios.aqueus, jônios, eólios e dórios.

A pólis (cidades-estado), é a forma de vida A pólis (cidades-estado), é a forma de vida política dos gregos, que surgiu por volta do política dos gregos, que surgiu por volta do século VIII a.C. As duas mais importantes século VIII a.C. As duas mais importantes da Grécia foram: Esparta e Atenas.da Grécia foram: Esparta e Atenas.

Page 5: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Breve História da Grécia Breve História da Grécia AntigaAntiga

Cultura e religiãoCultura e religião Foi na Grécia Antiga, na cidade de Foi na Grécia Antiga, na cidade de

Olímpia, que surgiram os Jogos Olímpia, que surgiram os Jogos Olímpicos em homenagem aos deuses. Olímpicos em homenagem aos deuses.

Os gregos também desenvolvem uma Os gregos também desenvolvem uma rica mitologia que até os dias de hoje é rica mitologia que até os dias de hoje é referência para estudos e livros.referência para estudos e livros.

A filosofia atingiu um desenvolvimento A filosofia atingiu um desenvolvimento surpreendente, especialmente em Atenas, surpreendente, especialmente em Atenas, no século V (Período Clássico). Sócrates e no século V (Período Clássico). Sócrates e Platão são os filósofos mais importantes Platão são os filósofos mais importantes deste período.deste período.

Page 6: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

O MITO DA CAVERNAO MITO DA CAVERNA

Page 7: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

O MITO DA CAVERNAO MITO DA CAVERNASÓCRATES - Agora imagina a maneira como segue o SÓCRATES - Agora imagina a maneira como segue o

estado da nossa natureza relativamente à instrução e estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas. cima das quais exibem as suas maravilhas.

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O MITO DA CAVERNAO MITO DA CAVERNA

Glauco - Estou vendo. Glauco - Estou vendo.

Sócrates - Imagina agora, ao longo Sócrates - Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.seguem em silêncio.

Page 9: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

O MITO DA CAVERNAO MITO DA CAVERNASócrates - Considera agora que se Sócrates - Considera agora que se

liberte um desses prisioneiros, que liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se, a seja ele obrigado a endireitar-se, a voltar o pescoço, a caminhar, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via distinguir os objetos de que antes via as sombrasas sombras

Page 10: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

MITO DA CAVERNAMITO DA CAVERNA

. . Que achas que responderá se alguém lhe Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? reais, vê com mais justeza?

Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?mostram agora?

Page 11: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

O MITO DA CAVERNAO MITO DA CAVERNASócrates - E se o arrancarem à força da Sócrates - E se o arrancarem à força da

sua caverna, o obrigarem a subir a sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras? denominamos verdadeiras?

Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.

Page 12: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

O MITO DA CAVERNAO MITO DA CAVERNASócrates - Terá, creio eu, necessidade de se Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se

habituar a ver os objetos da região habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e a sua luz. que, durante o dia, o Sol e a sua luz.

Glauco - Sem dúvida. Glauco - Sem dúvida.

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O MITO DA CAVERNAO MITO DA CAVERNA

Sócrates - Por fim, suponho eu, Sócrates - Por fim, suponho eu, será o Sol, e não as suas imagens será o Sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e lugar, que poderá ver e contemplar tal como é. contemplar tal como é.

Glauco - Necessariamente.Glauco - Necessariamente.

Page 14: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

O MITO DA CAVERNAO MITO DA CAVERNASócrates – Agora é preciso aplicar, ponto por Sócrates – Agora é preciso aplicar, ponto por

ponto, esta imagem ao que dissemos atrás ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à inteligível, não te enganarás quanto à minha idéia, visto que também tu desejas minha idéia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela é conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. verdadeira.

Page 15: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

MITO DA CAVERNAMITO DA CAVERNA

Quanto a mim, a minha opinião é esta: no Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a idéia do bem é a mundo inteligível, a idéia do bem é a última a ser apreendida, e com última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz e o soberano da luz; no mundo luz e o soberano da luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.vida particular e na vida pública.

Page 16: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Qual é o equívoco sobre a Qual é o equívoco sobre a educação?educação?

Sócrates - Se tudo isto é verdadeiro, temos de concluir o seguinte: a educação não é o que alguns proclamam que é, porquanto pretendem introduzi-la na alma onde ela não está, como quem tentasse dar vista a olhos cegos. Glauco - Mais uma verdade.

Page 17: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

O que é para Platão a O que é para Platão a educação?educação?

Sócrates - A educação é, pois, a arte que se propõe este objetivo, a conversão da alma, e que procura os meios mais fáceis e mais eficazes de o conseguir. Não consiste em dar visão ao órgão da alma, visto que já a tem; mas, como ele está mal orientado e não olha para onde deveria, ela esforça-se por encaminhá-lo na boa direção. Glauco - Assim parece.

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Para Platão qual é a missão do Para Platão qual é a missão do filósofo?filósofo?

Sócrates - Será nossa tarefa, portanto, obrigar os mais bem dotados a orientarem-se para essa ciência que há pouco reconhecemos como a mais sublime, a verem o bem e a procederem a essa ascensão; mas, depois de se terem assim elevado e contemplado suficientemente o bem, evitemos permitir-lhes o que hoje se lhes permite. Glauco - O quê?

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Sócrates - Ficar lá em cima, negar-se a descer de novo até os prisioneiros e compartilhar com eles trabalhos e honras, seja qual for o caso em que isso deva ser feito. Glauco - Como assim?! Cometeremos em relação a eles a injustiça de os forçar a levar uma vida miserável, quando poderiam desfrutar uma condição mais feliz?

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MITO DA CAVERNAMITO DA CAVERNASócrates - Esqueces, meu amigo, que a lei não

se ocupa de garantir uma felicidade excepcional a uma classe de cidadãos, mas esforça-se por realizar a felicidade de toda a cidade, unindo os cidadãos pela persuasão ou a sujeição e levando-os a compartilhar as vantagens que cada classe pode proporcionar à comunidade; e que, se ela forma tais homens na cidade, não é para lhes dar a liberdade de se voltarem para o lado que lhes agrada, mas para os levar a participar na fortificação do laço do Estado.

Glauco - É verdade, tinha me esquecido disso.

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Sócrates -Sócrates - Aliás, Glauco, nota que não seremos Aliás, Glauco, nota que não seremos culpados de injustiça para com os filósofos que culpados de injustiça para com os filósofos que se formarem entre nós, mas teremos justas se formarem entre nós, mas teremos justas razões a apresentar-lhes, forçando-os a razões a apresentar-lhes, forçando-os a encarregar-se da orientação e da guarda dos encarregar-se da orientação e da guarda dos outros. Diremos a eles: Nas outras cidades, é outros. Diremos a eles: Nas outras cidades, é natural que aqueles que se tornaram filósofos natural que aqueles que se tornaram filósofos não participem nos trabalhos da vida pública, não participem nos trabalhos da vida pública, visto que se formaram a si mesmos, apesar do visto que se formaram a si mesmos, apesar do governo dessas cidades; ora, é justo que governo dessas cidades; ora, é justo que aquele que se forma a si mesmo e não deve o aquele que se forma a si mesmo e não deve o sustento a ninguém não queira pagar o preço sustento a ninguém não queira pagar o preço disso a quem quer que seja. Mas vós fostes disso a quem quer que seja. Mas vós fostes formados por nós, tanto no interesse do Estado formados por nós, tanto no interesse do Estado como no vosso, para serdes o que são: os reis como no vosso, para serdes o que são: os reis nas colméias; demos-vos uma educação nas colméias; demos-vos uma educação melhor e mais perfeita que a desses filósofos e melhor e mais perfeita que a desses filósofos e tornamos-vos mais capazes de aliar a tornamos-vos mais capazes de aliar a condução dos negócios ao estudo da filosofia.condução dos negócios ao estudo da filosofia.

Page 22: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Por isso, é preciso que desçais, cada um Por isso, é preciso que desçais, cada um por sua vez, à morada comum e vos por sua vez, à morada comum e vos acostumeis às trevas que aí reinam; acostumeis às trevas que aí reinam; quando vos tiverdes familiarizado com quando vos tiverdes familiarizado com elas, vereis mil vezes melhor que os elas, vereis mil vezes melhor que os habitantes desse lugar e conhecereis a habitantes desse lugar e conhecereis a natureza de cada imagem e de que objeto natureza de cada imagem e de que objeto ela é a imagem, porque tereis contemplado ela é a imagem, porque tereis contemplado verdadeiramente o belo, o justo e o bem. verdadeiramente o belo, o justo e o bem. Assim, o governo desta cidade, que é a Assim, o governo desta cidade, que é a vossa e a nossa, será uma realidade, e não vossa e a nossa, será uma realidade, e não um apenas sonho, como o das cidades um apenas sonho, como o das cidades atuais, onde os chefes se batem por atuais, onde os chefes se batem por sombras e disputam a autoridade, que sombras e disputam a autoridade, que consideram um grande bem. consideram um grande bem.

Glauco - PerfeitamenteGlauco - Perfeitamente..

Page 23: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

O que é, para Platão, a verdadeira O que é, para Platão, a verdadeira filosofia?filosofia?

Sócrates - Queres que Sócrates - Queres que examinemos agora como se examinemos agora como se formarão homens com este formarão homens com este caráter e como os faremos subir caráter e como os faremos subir para a luz, como se diz daqueles para a luz, como se diz daqueles que do Hades subiram à mansão que do Hades subiram à mansão dos deuses? dos deuses? Glauco - Por que não quereria eu?Glauco - Por que não quereria eu?

Page 24: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

A verdadeira filosofia?A verdadeira filosofia?

Sócrates - Não será, certamente, um Sócrates - Não será, certamente, um simples jogo, rápido e fortuito. simples jogo, rápido e fortuito. Tratar-se-á de operar a conversão Tratar-se-á de operar a conversão da alma de um dia tão tenebroso da alma de um dia tão tenebroso como a noite para o dia como a noite para o dia verdadeiro, isto é, elevá-la até o verdadeiro, isto é, elevá-la até o ser. E é a isso que chamaremos a ser. E é a isso que chamaremos a verdadeira filosofia. verdadeira filosofia.

Glauco - Perfeitamente.Glauco - Perfeitamente.

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Por que tal ciência ainda não foi descoberta?Por que tal ciência ainda não foi descoberta?

Sócrates - Se é assim, isso deve-se a dois Sócrates - Se é assim, isso deve-se a dois motivos: motivos:

em primeiro lugar, nenhum Estado honra em primeiro lugar, nenhum Estado honra estas pesquisas e, como são difíceis, estas pesquisas e, como são difíceis, trabalha-se bem pouco nelas; trabalha-se bem pouco nelas;

em segundo lugar, os investigadores em segundo lugar, os investigadores precisam de um diretor, sem o qual os precisam de um diretor, sem o qual os seus esforços serão baldados. Temos seus esforços serão baldados. Temos conosco que é difícil encontrá-lo. E, se o conosco que é difícil encontrá-lo. E, se o encontrássemos, no estado atual das encontrássemos, no estado atual das coisas, os que se ocupam destas coisas, os que se ocupam destas investigações não lhe obedeceriam por investigações não lhe obedeceriam por terem demasiada arrogância. terem demasiada arrogância.

Page 26: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Por que a ciência da educação Por que a ciência da educação sobrevive?sobrevive?

. . Pois, mesmo nos dias de hoje desprezada pelo vulgo, truncada por investigadores que não entendem a sua utilidade, apesar de tudo isso, e só pela força de seu encanto, ela exerce o seu fascínio. Portanto, não é de admirar que esteja na situação em que a vemos.

Page 27: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Como Platão divide e hierarquiza as Como Platão divide e hierarquiza as

ciências?ciências? Sócrates -Sócrates - Bastará, então, chamar ciência à Bastará, então, chamar ciência à

primeira divisão, conhecimento discursivo à primeira divisão, conhecimento discursivo à segunda, fé à terceira e imaginação à quarta; segunda, fé à terceira e imaginação à quarta; as duas últimas denominaremos opinião, e as as duas últimas denominaremos opinião, e as duas primeiras, inteligência. A opinião terá por duas primeiras, inteligência. A opinião terá por objeto a mutabilidade, e a inteligência, a objeto a mutabilidade, e a inteligência, a essência. Devemos acrescentar que a essência. Devemos acrescentar que a essência está para a mutabilidade como a essência está para a mutabilidade como a inteligência está para a opinião, a ciência para inteligência está para a opinião, a ciência para a fé e o conhecimento discursivo para a a fé e o conhecimento discursivo para a imaginação. imaginação.

Glauco - Até onde te entendo, concordo contigo.Glauco - Até onde te entendo, concordo contigo.

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ESQUEMAESQUEMA

CIÊNCIACIÊNCIA

INTELIGÊNCIA INTELIGÊNCIA ESSÊNCIA ESSÊNCIA DISCURSODISCURSO

CONHECIMENTO CONHECIMENTO FÉFÉ

OPINIÃO OPINIÃO MUTABILIDADE MUTABILIDADE

IMAGINAÇÃOIMAGINAÇÃO

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QUAIS CIÊNCIAS DÃO SUPORTE À QUAIS CIÊNCIAS DÃO SUPORTE À

EDUCAÇÃO?EDUCAÇÃO? a ciência dos números a ciência dos números

e do cálculo;e do cálculo;

a segunda, a geometria;a segunda, a geometria;

a terceira, a astronomia;a terceira, a astronomia;

a dialética.a dialética.

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COMO ELAS CONTRIBUEM?COMO ELAS CONTRIBUEM? ►► O RACIOCÍNIO MATEMÁTICOO RACIOCÍNIO MATEMÁTICO:: conduz naturalmente à pura inteligênciaconduz naturalmente à pura inteligência;; pode-se ver com mais clareza;pode-se ver com mais clareza; convida insistentemente a refletirconvida insistentemente a refletir;; o entendimento é obrigado a ver a o entendimento é obrigado a ver a

grandeza e a pequenez não mais grandeza e a pequenez não mais misturadas, mas separadas;misturadas, mas separadas;

pudemos definir o inteligível e o visível;pudemos definir o inteligível e o visível; visão da unidade em altíssimo grau: visão da unidade em altíssimo grau:

vemos a mesma coisa ao mesmo tempo vemos a mesma coisa ao mesmo tempo una e múltipla até o infinito.una e múltipla até o infinito.

Page 31: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

COMO ELAS CONTRIBUEM?COMO ELAS CONTRIBUEM?

►► O RACIOCÍNIO GEOMÉTRICOO RACIOCÍNIO GEOMÉTRICO:: busca: a linha reta entre dois busca: a linha reta entre dois

pontospontos;; busca: a planificação das busca: a planificação das

superfícies.superfícies.►► A ASTRONOMIAA ASTRONOMIA:: se ocupa: dos objetos em se ocupa: dos objetos em

movimento e que possuem movimento e que possuem profundidadeprofundidade;;

ciência que faz olhar para o altociência que faz olhar para o alto..

Page 32: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

COMO ELAS CONTRIBUEM?COMO ELAS CONTRIBUEM?

►► A DIALÉTICAA DIALÉTICA:: busca a harmonia dos busca a harmonia dos

contrários;contrários; eleva ao sublime;eleva ao sublime; alcança uma verdade alcança uma verdade

superior.superior.

Page 33: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er
Page 34: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Por que a preferência pela “dialética”?Por que a preferência pela “dialética”?Portanto, o método dialético é o

único que se eleva, destruindo as hipóteses, até o próprio princípio para

estabelecer com solidez as suas conclusões, e que realmente afasta, pouco a pouco, o olhar da alma da

lama grosseira em que está mergulhado e o eleva para a região

superior, usando como auxiliares para esta conversão as artes que

enumeramos.

Page 35: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Para que contribui a dialética?Para que contribui a dialética?

Dize-me, Glauco: um homem que não pode compreender a idéia do bem, separando-a de todas as demais idéias, não na aparência, mas na essência; que não possa transpor todos esses obstáculos pela força de uma lógica infalível, que não conhece nem o bem em si mesmo nem nenhum outro bem, mas que, se apreende alguma imagem do bem, é pela opinião, e não pela ciência, que o apreende: não dirás tu que ele passa a vida presente em estado de sonho e sonolência e que, antes de despertar neste mundo, irá para o Hades dormir o último sono?

Page 36: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

A luz

se propaga nas trevas

Page 37: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Qual é a causa do descrédito da filosofia Qual é a causa do descrédito da filosofia (educação)?(educação)?

Sócrates - O erro que hoje se comete provém do fato de se entregarem a este estudo os que não são dignos dele. Essa é a causa do desprezo que pesa sobre a filosofia. Em verdade, não deveriam se ocupar dela talentos bastardos, mas apenas talentos legítimos. Glauco - Não te compreendi.

Page 38: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Sócrates - Primeiro, aquele que deseja consagrar-se a esse estudo não deve ser manco no seu amor ao trabalho, ou seja, dedicado para uma parte da tarefa e indolente para a outra. Esse é o caso do homem que gosta da ginástica e da caça e se entrega com afinco a todos os trabalhos físicos, mas não tem, por outro lado, nenhum apreço pelo estudo nem pela pesquisa e é avesso a todo trabalho deste tipo. Também é manco aquele cujo amor pelo labor se voltou para o lado oposto. Glauco - Concordo plenamente.

Page 39: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

A luz

Ilumina o mundo

Page 40: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

Quais são as qualidades importantes do Quais são as qualidades importantes do

educador?educador? Sócrates - E, no que se refere à temperança, à coragem, à grandeza de alma e a todas as partes da virtude, devemos atentar em distinguir o indivíduo bastardo do indivíduo legítimo. Por não saberem diferenciá-los, os particulares e os Estados não vêem que acabam escolhendo gente claudicante e bastarda: aqueles como amigos, estes como chefes. Glauco - Isso é muito comum. Sócrates - Assim sendo, devemos tomar sérias precauções contra todos esses equívocos e consagrarmos a estudos e a exercícios desta monta só homens bem constituídos de físico e intelecto.

Page 41: A Educação nos Mitos de Platão A República A República Livro VII Livro VII Mito da caverna Mito da caverna Livro X Livro X Mito de Er Mito de Er

EDUCAR

É AMAR

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O que diz Platão sobre o uso da O que diz Platão sobre o uso da força na educação?força na educação?

Sócrates - Assim, caríssimo, não uses de violência para educar as crianças, mas age de modo que aprendam brincando, pois assim poderás perceber mais facilmente as tendências naturais de cada uma. Glauco - Como sempre, tuas palavras têm lógica.

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A EDUCAÇÃO DEVE RETRATAR

A REALIDADE

A VERDADE

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Qual é o significado da analogia da criança Qual é o significado da analogia da criança

adotada?adotada? Sócrates - Imagina que uma criança adotada, criada no seio das riquezas de uma família numerosa e nobre, no meio de uma multidão de aduladores, descobrisse, ao tornar-se homem, que não é o filho daqueles que se dizem seus pais, sem ter meios de descobrir aqueles que o geraram. Podes adivinhar os sentimentos que experimentaria para com os seus aduladores e os pais adotivos, antes de ter conhecimento da sua adoção e depois disso?

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EDUCAÇÃO

É ESPERAÇA E FÉ

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Sócrates - Porém, quando vier a saber a verdade, adivinho que o seu respeito e as suas honras diminuirão para com os pais e aumentarão para com os aduladores, que obedecerá a estes muito mais do que fazia antes, dirigirá a sua conduta pelos seus conselhos e viverá abertamente na sua companhia, ao mesmo tempo que não se importará com o pai e os supostos antepassados, a não ser que seja de índole muito indulgente.

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EDUCAÇÃO

É FUTURO

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Como pode-se “minar”, segundo Como pode-se “minar”, segundo Platão, Platão,

uma boa educação e desacreditá-uma boa educação e desacreditá-la?la?

Sócrates - Mas, quando não mais acreditar que estes princípios são dignos de respeito e preciosos à sua alma, sem, contudo, ter descoberto os princípios verdadeiros, será possível que chegue a um gênero de vida diferente do que o lisonjeia? Glauco - Não é possível. Sócrates - Então, veremos esse homem, de submisso que era, tornar-se rebelde às leis. Glauco - Assim terá de ser.

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E, a mulher pode ser E, a mulher pode ser educadora?educadora?

Sócrates - E as governantas Sócrates - E as governantas também, Glauco, porque também, Glauco, porque não penses tu que o que não penses tu que o que eu disse se aplica mais eu disse se aplica mais aos homens do que às aos homens do que às mulheres que tiverem mulheres que tiverem aptidões naturais aptidões naturais suficientes.suficientes.

Glauco -Glauco - Está claro, já que Está claro, já que tudo deve ser igual e tudo deve ser igual e comum entre elas e os comum entre elas e os homens.homens.

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EDUCAÇÃO É UTOPIA?EDUCAÇÃO É UTOPIA?Sócrates - Sócrates - Pois! Concordais agora que as nossas Pois! Concordais agora que as nossas

idéias concernentes ao Estado e à constituição idéias concernentes ao Estado e à constituição não são simples utopias, que a sua realização é não são simples utopias, que a sua realização é difícil, mas possível, de alguma maneira, e não difícil, mas possível, de alguma maneira, e não de modo diferente do que foi dito? Que, quando de modo diferente do que foi dito? Que, quando os verdadeiros filósofos, quer vários, quer os verdadeiros filósofos, quer vários, quer apenas um, tornados senhores de um Estado, apenas um, tornados senhores de um Estado, desprezarem as honras que ora procuram, desprezarem as honras que ora procuram, considerando-as indignas de um homem livre e considerando-as indignas de um homem livre e desprovidas de todo valor, fizerem maior caso desprovidas de todo valor, fizerem maior caso do dever e das honras, que são na verdade a do dever e das honras, que são na verdade a sua recompensa e, considerando a justiça como sua recompensa e, considerando a justiça como o bem mais importante e mais necessário, o bem mais importante e mais necessário, servindo-a e trabalhando para a sua servindo-a e trabalhando para a sua prosperidade, organizarão a sua cidade de prosperidade, organizarão a sua cidade de acordo com as leis?acordo com as leis?

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MITO de ERMITO de ERSócrates - Não é a história de Alcino que te vou Sócrates - Não é a história de Alcino que te vou contar, mas a de um homem valoroso: Er, filho de contar, mas a de um homem valoroso: Er, filho de Armênio. Ele morrera numa batalha; dez dias Armênio. Ele morrera numa batalha; dez dias depois, quando recolhiam os cadáveres já depois, quando recolhiam os cadáveres já putrefatos, o seu foi encontrado intacto. Levaram-putrefatos, o seu foi encontrado intacto. Levaram-no para casa, a fim de o enterrarem, mas, ao no para casa, a fim de o enterrarem, mas, ao décimo segundo dia, quando estava estendido na décimo segundo dia, quando estava estendido na pira, ressuscitou. Assim que recuperou os sentidos, pira, ressuscitou. Assim que recuperou os sentidos, contou o que tinha visto no além. Quando, disse contou o que tinha visto no além. Quando, disse ele, a sua alma deixara o corpo, pusera-se a ele, a sua alma deixara o corpo, pusera-se a caminhar com muitas outras, e juntos chegaram a caminhar com muitas outras, e juntos chegaram a um lugar divino onde se viam na terra duas um lugar divino onde se viam na terra duas aberturas situadas lado a lado, e no céu, ao alto, aberturas situadas lado a lado, e no céu, ao alto, duas outras que lhes ficavam fronteiras.duas outras que lhes ficavam fronteiras.

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MITO DE ERMITO DE ER

No meio estavam sentados juízes, que, No meio estavam sentados juízes, que, tendo dado a sua sentença, ordenavam aos tendo dado a sua sentença, ordenavam aos justos que se dirigissem à direita na estrada justos que se dirigissem à direita na estrada que subia até o céu, depois de terem posto que subia até o céu, depois de terem posto à sua frente um letreiro contendo o seu à sua frente um letreiro contendo o seu julgamento; e aos maus que se dirigissem à julgamento; e aos maus que se dirigissem à esquerda na estrada descendente, levando, esquerda na estrada descendente, levando, eles também, mas atrás, um letreiro em eles também, mas atrás, um letreiro em que estavam indicadas todas as suas ações. que estavam indicadas todas as suas ações. Como ele se aproximasse, por seu turno, os Como ele se aproximasse, por seu turno, os juízes disseram-lhe que devia ser para os juízes disseram-lhe que devia ser para os homens o mensageiro do além e homens o mensageiro do além e recomendaram-lhe que ouvisse e recomendaram-lhe que ouvisse e observasse tudo o que se passava naquele observasse tudo o que se passava naquele lugar. lugar.

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MITO DE ERMITO DE ERViu as almas que se iam, uma vez julgadas, Viu as almas que se iam, uma vez julgadas, pelas duas aberturas correspondentes do céu pelas duas aberturas correspondentes do céu e da terra; pelas duas outras entravam almas e da terra; pelas duas outras entravam almas que, de um lado, subiam das profundezas da que, de um lado, subiam das profundezas da terra, cobertas de sujeira e pó. Do outro, terra, cobertas de sujeira e pó. Do outro, desciam, puras, do céu, e todas essas almas desciam, puras, do céu, e todas essas almas que chegavam sem cessar, pareciam ter feito que chegavam sem cessar, pareciam ter feito uma longa viagem. Chegavam à planície com uma longa viagem. Chegavam à planície com alegria e acampavam aí como num dia de alegria e acampavam aí como num dia de festa. As que se conheciam desejavam-se as festa. As que se conheciam desejavam-se as boas-vindas, e as que vinham do seio da terra boas-vindas, e as que vinham do seio da terra informavam-se do que se passava no céu. As informavam-se do que se passava no céu. As demais, que vinham do céu, informavam do demais, que vinham do céu, informavam do que se passava debaixo da terra. que se passava debaixo da terra.

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MITO DE ERMITO DE ERDiziam muitas coisas, Glauco, que Diziam muitas coisas, Glauco, que exigiriam muito tempo para ser relatadas. exigiriam muito tempo para ser relatadas. Mas aqui está o resumo, segundo Er. Por Mas aqui está o resumo, segundo Er. Por determinado número de injustiças que determinado número de injustiças que tinha cometido em detrimento de uma tinha cometido em detrimento de uma pessoa e por determinado número de pessoa e por determinado número de pessoas em detrimento das quais tinha pessoas em detrimento das quais tinha cometido a injustiça, cada alma recebia, cometido a injustiça, cada alma recebia, para cada falta, dez vezes a sua punição e para cada falta, dez vezes a sua punição e cada punição durava cem anos, ou seja, a cada punição durava cem anos, ou seja, a duração da vida humana, a fim de que a duração da vida humana, a fim de que a expiação fosse o décuplo do crime. expiação fosse o décuplo do crime.

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MITO DE ERMITO DE EROs que, em vez disso, tinham praticado Os que, em vez disso, tinham praticado o bem à sua volta, tinham sido justos e o bem à sua volta, tinham sido justos e piedosos, recebiam, na mesma piedosos, recebiam, na mesma proporção, a recompensa merecida. A proporção, a recompensa merecida. A respeito dos que foram mortos ainda na respeito dos que foram mortos ainda na infância ou que viveram apenas alguns infância ou que viveram apenas alguns dias, Er dava outros pormenores, que dias, Er dava outros pormenores, que não merece a pena referir. Para a não merece a pena referir. Para a impiedade e a piedade em relação aos impiedade e a piedade em relação aos deuses e aos pais e para o homicídio, deuses e aos pais e para o homicídio, havia, segundo ele, castigos e havia, segundo ele, castigos e recompensas ainda maiores.recompensas ainda maiores.

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Qual será o pior castigoQual será o pior castigoVimos de súbito esse tal Ardieu com outros, a Vimos de súbito esse tal Ardieu com outros, a maior parte, tiranos como ele, mas havia também maior parte, tiranos como ele, mas havia também particulares que se tinham tornado culpados de particulares que se tinham tornado culpados de grandes crimes. Estes julgavam poder subir, mas grandes crimes. Estes julgavam poder subir, mas a abertura recusou-lhes a passagem e mugia a abertura recusou-lhes a passagem e mugia sempre que tentava sair um desses homens que sempre que tentava sair um desses homens que se tinham consagrado inteiramente ao mal. se tinham consagrado inteiramente ao mal. Quanto a Ardieu e aos outros, depois de lhes Quanto a Ardieu e aos outros, depois de lhes terem manietado e amarrado os pés e a cabeça, terem manietado e amarrado os pés e a cabeça, derrubaram-nos, esfolaram-nos, depois derrubaram-nos, esfolaram-nos, depois arrastaram-nos para fora do caminho e fizeram-arrastaram-nos para fora do caminho e fizeram-nos dobrar sobre arbustos espinhosos, nos dobrar sobre arbustos espinhosos, declarando a todos os que passavam por que declarando a todos os que passavam por que motivo os tratavam assim e que iam precipitá-los motivo os tratavam assim e que iam precipitá-los no Tártaro”. no Tártaro”.

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O TártaroO Tártaro

Nesse lugar tinham sentido terrores de Nesse lugar tinham sentido terrores de toda espécie, mas este sobrepunha-se a toda espécie, mas este sobrepunha-se a todos: cada um temia que o mugido se todos: cada um temia que o mugido se fizesse ouvir no momento em que fizesse ouvir no momento em que deveria subir e foi para eles uma viva deveria subir e foi para eles uma viva alegria poderem subir sem que ele alegria poderem subir sem que ele rompesse o silêncio. Tais eram, mais ou rompesse o silêncio. Tais eram, mais ou menos, as penas e os castigos, assim menos, as penas e os castigos, assim como as recompensas correspondentes.como as recompensas correspondentes.

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EDUCAÇÃO

É ESCOLHA

DE UM CAMINHO

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Parece que é aqui, Glauco, que Parece que é aqui, Glauco, que reside para o homem o maior reside para o homem o maior perigo. Aqui está a razão por que perigo. Aqui está a razão por que cada um de nós, pondo de lado cada um de nós, pondo de lado qualquer outro estudo, deve, qualquer outro estudo, deve, sobretudo, preocupar-se em sobretudo, preocupar-se em procurar e cultivar este, ver se procurar e cultivar este, ver se está em condições de conhecer e está em condições de conhecer e descobrir o homem que lhe dará a descobrir o homem que lhe dará a capacidade e a ciência de capacidade e a ciência de distinguir as boas e as más distinguir as boas e as más condições e, na medida do condições e, na medida do possível, escolher sempre as possível, escolher sempre as melhores.melhores.

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A ESCOLHA DECIDE O FUTUROA ESCOLHA DECIDE O FUTURO

Na verdade, vimos que, durante esta vida e Na verdade, vimos que, durante esta vida e depois da morte, é a melhor escolha que se depois da morte, é a melhor escolha que se pode fazer. E é preciso defender esta opinião pode fazer. E é preciso defender esta opinião com absoluta inflexibilidade ao descer ao com absoluta inflexibilidade ao descer ao Hades, para que também lá não se deixe Hades, para que também lá não se deixe deslumbrar pelas riquezas e pelos miseráveis deslumbrar pelas riquezas e pelos miseráveis objetos desta natureza; não se exponha, objetos desta natureza; não se exponha, lançando-se sobre tiranias ou condições afins, lançando-se sobre tiranias ou condições afins, causando, assim, males sem número e sem causando, assim, males sem número e sem remédio e sofrendo, por conseguinte, outros remédio e sofrendo, por conseguinte, outros ainda maiores; para saber, pelo contrário, ainda maiores; para saber, pelo contrário, escolher sempre uma condição intermediária e escolher sempre uma condição intermediária e evitar os excessos nos dois sentidos, nesta evitar os excessos nos dois sentidos, nesta vida, tanto quanto possível, e em toda a vida vida, tanto quanto possível, e em toda a vida futura, porque é a isto que se liga a maior futura, porque é a isto que se liga a maior felicidade humana.felicidade humana.

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EDUCAÇÃO

É OPÇÃO

PELA FELICIDADE

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FELICIDADE PRESENTEFELICIDADE PRESENTEE foi assim, Glauco, que o mito foi salvo do esquecimento e não se perdeu, e pode salvar-nos, se lhe prestarmos fé; então atravessaremos com facilidade o Lete e não mancharemos a nossa alma. Portanto, se acreditas em mim, crendo que a alma é imortal e capaz de suportar todos os males, assim como todos os bens, nos manteremos sempre na estrada ascendente e, de qualquer maneira, praticaremos a justiça e a sabedoria.

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A FELICIDADE FUTURAA FELICIDADE FUTURA

Assim estaremos de acordo conosco e com os deuses, enquanto estivermos neste mundo e quando tivermos conseguido os prêmios da justiça, como os vencedores que se dirigem à assembléia para receberem os seus presentes. E seremos felizes neste mundo e ao longo da viagem de mil anos que acabamos de relatar.

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EDUCAÇÃO É EDUCAÇÃO É TRASCENDÊNCIATRASCENDÊNCIA

No sentido inter-pessoal = EU No sentido inter-pessoal = EU TUTU

No sentido social = EU No sentido social = EU NÓS NÓSNo sentido espiritual = EU No sentido espiritual = EU

DEUSDEUS

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A GRANDE TORREA GRANDE TORRE

Qual é a Qual é a mais mais importante importante de todas as de todas as profissões?profissões?

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A HISTÓRIA DA GRANDE A HISTÓRIA DA GRANDE TORRETORRE

Num tempo não muito distante do nosso, a Num tempo não muito distante do nosso, a humanidade ficou tão caótica que os homens humanidade ficou tão caótica que os homens fizeram um grande concurso. Eles queriam fizeram um grande concurso. Eles queriam saber qual a profissão mais importante da saber qual a profissão mais importante da sociedade. Os organizadores do evento sociedade. Os organizadores do evento construíram uma grande torre dentro de um construíram uma grande torre dentro de um enorme estádio com degraus de ouro, enorme estádio com degraus de ouro, cravejados de pedras preciosas. A torre era cravejados de pedras preciosas. A torre era belíssima. Chamaram a imprensa mundial, a belíssima. Chamaram a imprensa mundial, a TV, os jornais, as revistas e as rádios para TV, os jornais, as revistas e as rádios para realizarem a cobertura.realizarem a cobertura.

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AS REGRAS DA DISPUTAAS REGRAS DA DISPUTA

O mundo estava plugado no evento. No O mundo estava plugado no evento. No estádio, pessoas de todas as classes sociais estádio, pessoas de todas as classes sociais se espremiam para ver a disputa de perto. As se espremiam para ver a disputa de perto. As regras eram as seguintes: cada profissão era regras eram as seguintes: cada profissão era representada por um ilustre orador. O orador representada por um ilustre orador. O orador deveria subir rapidamente num degrau da deveria subir rapidamente num degrau da torre e fazer um discurso eloqüente e torre e fazer um discurso eloqüente e convincente sobre os motivos pelos quais sua convincente sobre os motivos pelos quais sua profissão era a mais importante da sociedade profissão era a mais importante da sociedade moderna. O orador tinha de permanecer na moderna. O orador tinha de permanecer na torre até o final da disputa. A votação era torre até o final da disputa. A votação era mundial e pela Internet.mundial e pela Internet.

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O PRIMEIRO ORADOR: O O PRIMEIRO ORADOR: O PSIQUIATRAPSIQUIATRA

Ele subiu na torre e a plenos pulmões Ele subiu na torre e a plenos pulmões proclamou: “As sociedades modernas se proclamou: “As sociedades modernas se tornarão uma fábrica de estresse. A tornarão uma fábrica de estresse. A depressão e a ansiedade são as doenças depressão e a ansiedade são as doenças do século. As pessoas perderam o do século. As pessoas perderam o encanto pela existência. Muitas encanto pela existência. Muitas desistem de viver. A indústria dos desistem de viver. A indústria dos antidepressivos e dos tranquilizantes se antidepressivos e dos tranquilizantes se tornou a mais importante do mundo.”tornou a mais importante do mundo.”

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0 SEGUNDO ORADOR: O JUIZ0 SEGUNDO ORADOR: O JUIZ

Ele subiu num degrau mais alto e num Ele subiu num degrau mais alto e num gesto de ousadia desferiu palavras que gesto de ousadia desferiu palavras que abalaram os ouvintes: “Observem os abalaram os ouvintes: “Observem os índices de violência! Eles não param de índices de violência! Eles não param de aumentar. Os seqüestros, assaltos e a aumentar. Os seqüestros, assaltos e a violência no trânsito enchem as páginas violência no trânsito enchem as páginas dos jornais. A agressividade nas escolas, dos jornais. A agressividade nas escolas, os maus-tratos infantis, a discriminação os maus-tratos infantis, a discriminação racial e social fazem parte da nossa racial e social fazem parte da nossa rotina. Os homens amam seus direitos e rotina. Os homens amam seus direitos e desprezam seus deveres.” desprezam seus deveres.”

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O TERCEIRO ORADOR: O O TERCEIRO ORADOR: O MILITARMILITAR

Com uma voz vibrante e sem delongas, ele Com uma voz vibrante e sem delongas, ele discursou: “Os homens desprezam o valor discursou: “Os homens desprezam o valor da vida. Eles se matam por muito pouco. O da vida. Eles se matam por muito pouco. O terrorismo elimina milhares de pessoas. A terrorismo elimina milhares de pessoas. A guerra comercial mata milhões de fome. A guerra comercial mata milhões de fome. A espécie humana se esfacelou em dezenas espécie humana se esfacelou em dezenas de tribos. As nações só se respeitam pela de tribos. As nações só se respeitam pela economia e pelas armas que possuem. economia e pelas armas que possuem. Quem quiser a paz tem de se preparar para Quem quiser a paz tem de se preparar para a guerra. Os poderes econômico e bélico, e a guerra. Os poderes econômico e bélico, e não o diálogo, são os fatores de equilíbrio não o diálogo, são os fatores de equilíbrio num mundo espúrio.”num mundo espúrio.”

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AÇÃO X DISCURSOAÇÃO X DISCURSO

Quando todos pensavam que a disputa Quando todos pensavam que a disputa havia se encerrado, ouviu-se uma havia se encerrado, ouviu-se uma conversa no sopé da torre. De quem se conversa no sopé da torre. De quem se tratava? Desta vez eram os professores. tratava? Desta vez eram os professores. Havia um grupo deles da pré-escola, do Havia um grupo deles da pré-escola, do ensino fundamental, do médio e do ensino fundamental, do médio e do universitário. Eles estavam encostados na universitário. Eles estavam encostados na torre dialogando com um grupo de pais. torre dialogando com um grupo de pais. Ninguém sabia o que estavam fazendo. A Ninguém sabia o que estavam fazendo. A TV os focalizou e projetou num telão. O TV os focalizou e projetou num telão. O mediador gritou para um deles subir na mediador gritou para um deles subir na torre. Eles se recusaram. torre. Eles se recusaram.

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A EDUCAÇÃO COMEÇA PELA A EDUCAÇÃO COMEÇA PELA BASEBASE

Quando todos pensavam que eles eram frágeis, Quando todos pensavam que eles eram frágeis, os professores, com o incentivo dos pais, os professores, com o incentivo dos pais, começaram a debater as idéias, permanecendo começaram a debater as idéias, permanecendo no mesmo lugar. Todos se faziam representar. no mesmo lugar. Todos se faziam representar. Um dos professores, olhando para o alto, disse Um dos professores, olhando para o alto, disse para o representante dos psiquiatras: “Nós não para o representante dos psiquiatras: “Nós não queremos ser mais importantes do que vocês. queremos ser mais importantes do que vocês. Apenas queremos ter condições para educar a Apenas queremos ter condições para educar a emoção dos nossos alunos, formar jovens livres emoção dos nossos alunos, formar jovens livres e felizes, para que eles não adoeçam e sejam e felizes, para que eles não adoeçam e sejam tratados por vocês.” O representante dos tratados por vocês.” O representante dos psiquiatras recebeu um golpe na alma. psiquiatras recebeu um golpe na alma.

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EDUCAR É TER DIREITOSEDUCAR É TER DIREITOSEm seguida, um outro professor que estava no Em seguida, um outro professor que estava no

lado direito da torre olhou para o lado direito da torre olhou para o representante dos magistrados e disse: representante dos magistrados e disse: “Jamais tivemos a pretensão de ser mais “Jamais tivemos a pretensão de ser mais importantes do que os juízes. Desejamos importantes do que os juízes. Desejamos apenas ter condições para lapidar a apenas ter condições para lapidar a inteligência dos nossos jovens, fazendo-os inteligência dos nossos jovens, fazendo-os amar a arte de pensar e aprender a grandeza amar a arte de pensar e aprender a grandeza dos direitos e dos deveres humanos. Assim, dos direitos e dos deveres humanos. Assim, esperamos que jamais se sentem num banco esperamos que jamais se sentem num banco dos réus.” O representante dos magistrados dos réus.” O representante dos magistrados tremeu na torre.tremeu na torre.

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A FORÇA DO AMORA FORÇA DO AMOR

Uma professora do lado esquerdo da torre Uma professora do lado esquerdo da torre encarou o representante das forças armadas e encarou o representante das forças armadas e falou: “Os professores do mundo todo nunca falou: “Os professores do mundo todo nunca desejaram ser mais poderosos nem mais desejaram ser mais poderosos nem mais importantes do que os membros das forças importantes do que os membros das forças armadas. Desejamos apenas ser importantes no armadas. Desejamos apenas ser importantes no coração das nossas crianças. Almejamos levá-coração das nossas crianças. Almejamos levá-las a compreender que cada ser humano não é las a compreender que cada ser humano não é mais um número na multidão, mas um ser mais um número na multidão, mas um ser insubstituível, um ator único no teatro da insubstituível, um ator único no teatro da existência.” existência.”

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EDUCAR É TER AMOR PELA EDUCAR É TER AMOR PELA VIDAVIDA

A professora fez uma pausa e completou: A professora fez uma pausa e completou: “Assim, eles se apaixonarão pela vida, e, “Assim, eles se apaixonarão pela vida, e, quando estiverem no controle da sociedade, quando estiverem no controle da sociedade, jamais farão guerras, sejam guerras físicas que jamais farão guerras, sejam guerras físicas que retiram o sangue, sejam as comerciais que retiram o sangue, sejam as comerciais que retiram o pão. Pois cremos que os fracos usam retiram o pão. Pois cremos que os fracos usam a força, mas os fortes usam o diálogo para a força, mas os fortes usam o diálogo para resolver seus conflitos. Cremos ainda que a resolver seus conflitos. Cremos ainda que a vida é obra-prima de Deus, um espetáculo que vida é obra-prima de Deus, um espetáculo que jamais deve ser interrompido pela violência jamais deve ser interrompido pela violência humana.” humana.”

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EDUCAÇÃO É UM IDEAL DE EDUCAÇÃO É UM IDEAL DE VIDAVIDA

Diante disso, os políticos, os Diante disso, os políticos, os representantes das classes representantes das classes profissionais e os empresários fizeram profissionais e os empresários fizeram uma reunião com os professores em uma reunião com os professores em cada cidade de cada nação. cada cidade de cada nação. Reconheceram que tinham cometido Reconheceram que tinham cometido um crime contra a educação. Pediram um crime contra a educação. Pediram desculpas e rogaram para que eles desculpas e rogaram para que eles não abandonassem seus filhos.não abandonassem seus filhos.

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EDUCAÇÃO É PRIORIDADEEDUCAÇÃO É PRIORIDADE

Pela primeira vez, a sociedade Pela primeira vez, a sociedade colocou a educação no centro das colocou a educação no centro das suas atenções. A luz começou a suas atenções. A luz começou a brilhar depois da longa brilhar depois da longa tempestade... No final de dez tempestade... No final de dez anos os resultados apareceram, e anos os resultados apareceram, e depois de vinte anos todos depois de vinte anos todos ficaram boquiabertos. ficaram boquiabertos.

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A editora e o autor permitem o uso do A editora e o autor permitem o uso do texto da “grande torre” para texto da “grande torre” para encenação teatral nas escolas, com o encenação teatral nas escolas, com o objetivo de homenagear os pais e os objetivo de homenagear os pais e os mestres, desde que citada a fonte mestres, desde que citada a fonte (NA). (NA).

CURY, Augusto. Pais brilhantes – CURY, Augusto. Pais brilhantes – Professores fascinantes. Rio de Janeiro: Professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.Sextante, 2003.

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ONDE ENCONTRARONDE ENCONTRAR

As lâminas aqui apresentadas se As lâminas aqui apresentadas se encontram a disposição no site:encontram a disposição no site:

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Muito obrigado pela oportunidade.Muito obrigado pela oportunidade.

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