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A EDUCAÇÃO FÍSICA NO GOVERNO MILITAR (1968-1984): CONTRIBUIÇÕES DA IMPRENSA PERIÓDICA Silvano Ferreira de Araújo 57 Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Resumo: Este trabalho expõe mudanças ocorridas com o ensino da Educação Física nas escolas brasileiras no Governo Militar, iniciado com o Golpe de 1964 e encerrado em 1985 com a redemocratização, período este que compreende o recorte temporal da nossa pesquisa (1968-1984), quando circulou a Revista Brasileira de Educação Física e Desportos (RBEFD), a qual tomamos como fonte por ter sido utilizada como uma ferramenta para propagar o ideário político do governo. A metodologia utilizada neste trabalho é de caráter documental, onde foram analisados 28 artigos que versam sobre a Educação Física escolar contidos nas 53 edições do impresso, além de ser fundamentada nas proposições teóricas da Nova História Cultural. A pesquisa justifica-se partindo do princípio de que ao analisar a RBEFD, constata- se que o discurso produzido pelo Governo Militar privilegiava as práticas corporais em detrimento a outros fatores educacionais que podem ser favorecidos pela Educação Física, reforçando, assim, a dicotomia teoria-prática. Pode-se observar que a apropriação da RBEFD pelos professores foi de suma importância para o governo, pois da forma estabelecida a Educação Física ganhava representatividade e investimentos, deste modo o professor passaria ter um efetivo reconhecimento social e profissional e, em troca desse prestígio prometido, tornar-se-iam reprodutores das decisões do governo e os alunos receptores da ideologia disseminada. Nesse sentido, a pesquisa por meio da RBEFD permite visualizar o processo em que a Educação Física escolar foi apontada como promotora da saúde e que o esporte passou a ser objeto de ensino nas escolas, empregado de modo a atender o que era preconizado pelo Governo Militar, buscando a reorganização das práticas corporais no interior das escolas. Palavras-chave: Governo Militar. Revista Brasileira de Educação Física e Desportos. Educação Física Escolar. INTRODUÇÃO Na busca de meios que pudessem dar sustentação as suas ações e ao controle social no país, o Governo Militar implantado em 31 de março de 1964, passou a adotar políticas que incentivavam o ensino dos esportes nas aulas de Educação Física. Para melhor compreender como ocorreu o processo que essa disciplina escolar foi utilizada para auxiliar o governo em suas pretensões, buscamos analisar as orientações contidas na Revista Brasileira de Educação 57 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Membro do Grupo de Pesquisa História da Educação, Memória e Sociedade. E-mail: [email protected] 161 III EHECO – CatalãoGO, Agosto de 2015

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A EDUCAÇÃO FÍSICA NO GOVERNO MILITAR (1968-1984): CONTRIBUIÇÕESDA IMPRENSA PERIÓDICA

Silvano Ferreira de Araújo57

Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

Resumo: Este trabalho expõe mudanças ocorridas com o ensino da Educação Física nasescolas brasileiras no Governo Militar, iniciado com o Golpe de 1964 e encerrado em 1985com a redemocratização, período este que compreende o recorte temporal da nossa pesquisa(1968-1984), quando circulou a Revista Brasileira de Educação Física e Desportos (RBEFD),a qual tomamos como fonte por ter sido utilizada como uma ferramenta para propagar oideário político do governo. A metodologia utilizada neste trabalho é de caráter documental,onde foram analisados 28 artigos que versam sobre a Educação Física escolar contidos nas 53edições do impresso, além de ser fundamentada nas proposições teóricas da Nova HistóriaCultural. A pesquisa justifica-se partindo do princípio de que ao analisar a RBEFD, constata-se que o discurso produzido pelo Governo Militar privilegiava as práticas corporais emdetrimento a outros fatores educacionais que podem ser favorecidos pela Educação Física,reforçando, assim, a dicotomia teoria-prática. Pode-se observar que a apropriação da RBEFDpelos professores foi de suma importância para o governo, pois da forma estabelecida aEducação Física ganhava representatividade e investimentos, deste modo o professor passariater um efetivo reconhecimento social e profissional e, em troca desse prestígio prometido,tornar-se-iam reprodutores das decisões do governo e os alunos receptores da ideologiadisseminada. Nesse sentido, a pesquisa por meio da RBEFD permite visualizar o processo emque a Educação Física escolar foi apontada como promotora da saúde e que o esporte passou aser objeto de ensino nas escolas, empregado de modo a atender o que era preconizado peloGoverno Militar, buscando a reorganização das práticas corporais no interior das escolas.

Palavras-chave: Governo Militar. Revista Brasileira de Educação Física e Desportos.Educação Física Escolar.

INTRODUÇÃO

Na busca de meios que pudessem dar sustentação as suas ações e ao controle socialno país, o Governo Militar implantado em 31 de março de 1964, passou a adotar políticas queincentivavam o ensino dos esportes nas aulas de Educação Física. Para melhor compreendercomo ocorreu o processo que essa disciplina escolar foi utilizada para auxiliar o governo emsuas pretensões, buscamos analisar as orientações contidas na Revista Brasileira de Educação

57 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Grande Dourados(UFGD). Membro do Grupo de Pesquisa História da Educação, Memória e Sociedade. E-mail:[email protected]

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Física e Desportos (RBEFD) para os professores de Educação Física, no período de 1968 a1984. O recorte temporal justifica-se por ser o período de publicação e circulação da RBEFD,no contexto educacional brasileiro.

Esta pesquisa, de caráter histórico, foi realizada a partir da análise de 59 textos(artigos, cartas, editoriais, mensagem aos professores, etc.) presentes nas 53 edições doimpresso, desde sua concepção como Boletim Técnico Informativo até a sua últimadenominação como Revista Brasileira de Educação Física e Desportos. Dentre os textosanalisados, 28 foram artigos com a temática ligada à Educação Física escolar.

Ao utilizar uma revista periódica como fonte – a RBEFD –, esta pesquisa seorientada nos aportes teóricos e metodológicos da Nova História Cultural, o que possibilita aampliação das fontes para a escrita da História da Educação, aproximando o campoeducacional com outras ciências, gerando, assim, uma inovação nas temáticas pesquisadas.

Carvalho e Nunes (2005, p. 46) ressaltam que o impacto da Nova História Culturalsobre os estudos da História da Educação no Brasil por meio da incorporação e da redefiniçãode problemas, temas e objetos de estudo, em que “[...] ‘velhos’ objetos tornam-se agora‘novos’ porque são apanhados numa perspectiva que realça sua materialidade de dispositivos,através dos quais bens culturais são produzidos, postos a circular e apropriados”. Nessesentido, Burke (1997, p. 7), aponta que com a utilização de novos objetos, “abre-se [...] oleque de possibilidades do fazer historiográfico, da mesma maneira que se impõe a esse fazera necessidade de ir buscar junto a outras ciências do homem os conceitos e os instrumentosque permitem ao historiador ampliar sua visão do homem”.

Deste modo, as revistas periódicas de uso escolar, podem ser consideradas comoimportantes fontes por permitirem compreender os modos de funcionamento do campoeducacional, o ensino específico de disciplinas, as configurações peculiares da vida e dacultura escolar, além de oferecerem a possibilidade de se estabelecer a relação entreconcepções pedagógicas e estratégias editoriais, evidenciando as regras que regulam aprodução, a circulação e o uso escolar desses materiais.

A pesquisa por meio da RBEFD tem sua importância considerada por ser esseimpresso um instrumento que permite visualizar como se deu o processo em que a EducaçãoFísica foi empregada para disseminar os ideais do Governo Militar, bem como, suacontribuição para a reorganização das práticas corporais nas escolas.

Este trabalho está dividido em duas partes: na primeira, abordamos o impressopedagógico como fonte de pesquisa, focalizando o caso da Revista Brasileira de EducaçãoFísica e Desportos; na segunda parte, discutimos as orientações para o desenvolvimento daEducação Física Escolar por meio da Revista Brasileira de Educação Física e Desportos.

A imprensa periódica como fonte de pesquisa para a história da Educação Física

A utilização dos impressos periódicos como fonte de pesquisa para se compreenderas transformações ocorridas no campo educacional brasileiro ao longo dos anos vemaumentando e isso pode ser percebido pelo grande volume de publicações que adotam jornais,revistas, boletins, leis, entre outros periódicos, o que pode ser percebido nas palavras deCatani e Faria Filho (2002, p. 116) ao assinalarem que esse método pode ser observado pela

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“[...] explosão dos temas e objetos de pesquisa em história da educação nos anos de 1990,possibilitada por novos aportes teórico-metodológicos apropriados pelos pesquisadores daárea”.

Tomar os periódicos como fonte de pesquisa além de contribuir significativamentepara a Histórica da Educação, contribuem também para a construção do conhecimento edivulgação da cultura brasileira, permitindo que

o historiador amplie suas fontes tradicionais e, assim, tenha acesso aos dispositivosdiscursivos que configuram determinados campos do saber. [...] No que diz respeitoaos estudos sobre a História da Educação Brasileira, este tipo de documentaçãopermite que se ultrapasse a mera história das idéias pedagógicas. Ao relacionar otexto e o uso a que foi submetido, o pesquisador consegue fazer o que Chartier(1987) designa por 'captar a história de determinado impresso' e assim, perceber osconflitos, maiores ou menores que ocasionou desde sua produção até sua circulaçãoe sua apropriação pelos leitores (BARREIRA et al, 2004, p. 402).

Esse movimento que adota o impresso como fonte de pesquisa vem acompanhadopor estudos de diferentes periódicos educacionais, teses e dissertações e também pelo esforçode pesquisadores em estabelecer repertórios analíticos.

Para Catani e Sousa (1999), a investigação com impressos periódicos pode contribuirpara ampliar a compreensão da vida escolar em termos da história do seu cotidiano, da açãodos atores educativos e das práticas pedagógicas. Nessa perspectiva as autoras assinalam que

[...] tem se buscado pelo exame dos periódicos favorecer, ao par do estabelecimentodo ciclo de vida das revistas, análises temáticas que evidenciem raízes da construçãodos argumentos do ponto de vista de sua articulação com as ciências humanas. Asperspectivas da moralidade, da inteligência ou do uso social da educação quemodelizam os discursos pedagógicos usualmente devedores da filosofia, dapsicologia e que constituem eixos demarcadores de recortes disciplinares sãoexaminados nas formas pelas quais circulam nas produções dos periódicos. Busca-sefavorecer, assim, interpretações que recuperem conexões ou modos de articulaçãoentre as representações sociais e institucionais do trabalho docente e da formação eas propostas de investigação e intervenção (CATANI; SOUSA, 1999, p. 17-18).

No entender de Nóvoa (2002, p. 31), a impressa periódica pedagógica é “o local quefacilita um melhor conhecimento das realidades educativas, uma vez que aqui se manifestam,de um ou de outro modo, o conjunto dos problemas desta área”, e assim atribui que aimprensa é um meio “para compreender as relações entre a teoria e a prática, entre os projetose as realidades, entre a tradição e a inovação”.

Para Catani e Bastos (2002, p. 7), as revistas especializadas em educação “fazemcircular informações sobre o trabalho pedagógico, o aperfeiçoamento das práticas docentes, oensino específico das disciplinas, a organização dos sistemas, as reivindicações da categoriado magistério e outros temas que emergem do espaço profissional”.

No campo da Educação Física, cada vez mais os impressos pedagógicos vêm sendoutilizados com mais intensidade para a constituição histórica da disciplina. Ao realizar umaanálise da produção atual sobre a história da Educação Física, Ferreira Neto (2006, p. 776)observa que “a variabilidade no uso de fontes tem se ampliado na última década. É claro que

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junto caminham novos objetos e abordagens, notadamente com base nas diferentes leiturasque a história cultural possibilita”.

Esse autor enfatiza, ainda, que a imprensa pedagógica relacionada à Educação Físicaperdeu seu espaço para a mídia esportiva presente nas editoras da grande mídia impressa, datelevisão e da internet devido aos interesses financeiros agregados às competições esportivasde alto nível.

É oportuno destacar que os impressos pedagógicos, devido às suas especificidades,formam uma valiosa fonte para a historiografia da Educação brasileira, assim, a utilização daRBEFD como fonte encontra-se neste campo, que define os impressos pedagógicos comobase para as pesquisas relacionadas à História da Educação, bem como da história daEducação Física.

Mesmo com essa transformação que faz com que a imprensa pedagógica perca seuespaço para a mídia esportiva devido aos interesses financeiros agregados a prática deesportes e disseminado por meio da mídia por seu interesse comercial, há que se considerar osdesafios conferidos à imprensa pedagógica por seus conteúdos, sejam artigos, textos,entrevistas ou depoimentos, levando em conta seu cunho científico com um caráter específicoque merece destaque.

A utilização dos impressos pedagógicos, como é o caso da RBEFD, com umdirecionamento de caráter pedagógico-escolar têm um acentuado interesse por parte dospesquisadores, pois expõe várias características do modo como ocorreram os processoseducativos, a difusão de ideologias, além de ter um valor significativo para o desenvolvimentoda História da Educação, permitindo ao historiador a análise do discurso produzido e comoera procedida a apropriação por parte do público que esses veículos visavam alcançar.

Assim, pode-se dizer que ao tomar a RBEFD como fonte de pesquisa, é possívelcompreender uma parte da história que Educação Física teve no Brasil, principalmente, noque diz respeito a sua legitimação como disciplina escolar e a sua importância no campoeducacional. Como registram Catani e Sousa (1999, p. 242), a utilização de impressoperiódico pedagógico pode ocorrer, ainda, numa perspectiva que contribui para ampliar acompreensão da vida escolar, dos seus hábitos, das ações dos professores e das práticaspedagógicas.

Os impressos pedagógicos podem ser considerados como a unidade mínima dacultura e todo trabalho investigativo prima pelo levantamento dos elementos básicos, com ointuito de averiguar como esse vem sendo e/ou foi conduzido. No entanto, o pesquisador deveestar ciente das dificuldades que poderá encontrar para localizar suas fontes ou objetos,principalmente pelo espaço perdido, como vimos na afirmação de Ferreira Neto (2006).

O difícil acesso às fontes de pesquisa, bem como a sua má conservação, torna-se umaproblemática tanto para a História da Educação. Para contornar essa limitação, Catani e Sousa(2001, p. 241) defendem a importância da produção de “pesquisas-instrumentos que geremcatálogos, bancos de dados, repertórios etc., adquire relevância especial ao evitar a duplicaçãode investimentos dos estudiosos e potencializar o uso de materiais já trabalhados”. Nessesentido, a preservação de fontes impressas tem uma importância muito grande, ao passo queesses acervos oferecem elementos para estudos e abordagens nos procedimentos deelaboração da história do processo de sistematização da educação nas instituições brasileiras.

Melo (1999) adverte que independentemente do tipo, a fonte como forma de ampliar

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o espectro de estudo da História da Educação Física e do Esporte no Brasil deve serdescoberta, catalogada e divulgada devido à sua importância para os estudos históricos e nodesenvolvimento historiográfico.

Desta forma, a RBEFD nos permite visualizar a importante contribuição que estemeio ofereceu a reorganização das práticas da Educação Física para sua afirmação enquantodisciplina escolar.

Orientações para a Educação Física escolar

A história da RBEFD inicia-se em 1941, como Boletim de Educação Física, editadopela Divisão de Educação Física (DEF) do Ministério da Educação e Saúde Pública,veiculando a política e ações governamentais na área, e deixando de circular em 1958.

Em 1968, durante o Governo Militar, a RBEFD ressurge como Boletim TécnicoInformativo (BTI), nomenclatura que perdura até a edição de número 8, em 1969. Em 1970,passa a ser adotado o nome de Revista Brasileira de Educação Física e Desportiva, tendo sidopublicados sob esta denominação, as edições de números 9 (1970) e 10 (1971). De 1972 até oano de 1974, da edição 11 a 24, a nomenclatura foi novamente modificada, passando a sechamar Revista Brasileira de Educação Física, para que finalmente, do ano de 1975 até a suaúltima edição, em 1984, de número 25 a 53, a denominação passa a ser Revista Brasileira deEducação Física e Desportos.

Das edições de número 1 a 9, a distribuição foi gratuita, mas devido às dificuldadesencontradas para que assim continuasse e tivesse uma distribuição efetiva, o que não ocorriapela demora e a elevada taxa de extravio, o periódico passou a ser distribuído aos professoresinteressados por meio de assinatura.

Mesmo com a nova denominação Revista Brasileira de Educação Física eDesportiva, a partir do n. 9, em seu Editorial, Ferreira (1970, p 4-5) ainda se referia aoimpresso como Boletim. A respeito de sua distribuição o editor aponta que “a distribuiçãogratuita do material [...] não surtiu os efeitos desejados por insuficiência de meios locais oupor critérios arbitrários, fora do controle da DEF”, os “atrasos nos pagamentos de verbasorçamentárias desarticularam a frequência do Boletim Técnico Informativo” e ainda quediante de “[...] comprovações significativas de desinteresse por parte de assinantes”, a DEFassinou Convênio com a Fundação Nacional de Material Escolar (FENAME), em que esteórgão ficaria responsável pela preparação gráfica, impressão, distribuição e venda daspublicações técnicas e a DEF continuaria responsável pela seleção e revisão da matéria a sereditada. Com esta parceria firmada com a FENAME, o impresso passava a ter ônus para oassinante, contemplando apenas os leitores realmente interessados.

A partir da edição de número 11 (1971), estabeleceu-se o critério de assinatura nãogratuita para que a partir da edição 47 (1981) pudesse ser distribuída gratuitamente. Suatiragem inicial era de 2.000 exemplares, aumentando para 5.000 exemplares a partir donúmero 6 (1969) e saltando para 50.000 exemplares a partir deste número 47 (1981). O últimonúmero (53) da RBEFD (1984) saiu com uma tiragem de 100.000 exemplares (TABORDADE OLIVEIRA, 2001).

A RBEFD apresentava um conteúdo técnico que privilegiava a prática de esportes,

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além de mostrar-se como um relevante apelo científico para o desenvolvimento da EducaçãoFísica brasileira, porém essa dimensão técnica não se manifestava sem conflitos e tensões quediscutia a melhor forma de incluir o esporte entre as atividades de Educação Física,caracterizado pelo confronto de duas tendências distintas, a “pragmática” e a “dogmática”.

A tendência dogmática seria uma preocupação com a formação humana a partir dasatividades corporais, e a contribuição da Educação Física para a educação integral dosindivíduos, sendo os defensores da tendência dogmática aqueles que viam o esporte comoforjador do caráter e integrador social, um meio de educação e dignificação humana e apragmática. Segundo Tubino (1975), caracterizava-se por uma abordagem fundamentalmentecompetitiva da Educação Física, que seria um fim em si mesma, referia-se a uma tendênciamundial de subsumir a Educação Física ao esporte de alto rendimento ou de competição, aúnica preocupação era a vitória.

A partir de meados da década de 1970, houve a predominância da correntepragmática, assim, as práticas corporais desenvolvidas nas aulas de Educação Físicaresumiam-se a práticas de determinadas modalidades esportivas desenvolvidas sobfundamentação técnica, isto é, a partir da repetição do gesto técnico específico de cadamodalidade esportiva, fazendo com que as aulas assumissem características de treinamentoesportivo (TABORDA DE OLIVEIRA, 2001).

A RBEFD teve sua produção caracterizada pelo balizamento da prática docente,constituída por motivações políticas, sociais e econômicas, com concepções educacionais deum período que oferecia um repertório de informações e de orientação.

Dentre as temáticas abordadas nos artigos publicados na RBEFD, no seu período de1968 a 1984, o tema Esporte, computadas às suas subáreas, Treinamento Desportivo eAprendizagem Desportiva, era o mais presente, totalizando 34,7% do total dos trabalhospublicados e a Educação Física Escolar, tema principal do nosso trabalho totalizava apenas6,39% do total de trabalhos publicados na RBEFD (PEREIRA, 1983; TABORDA DEOLIVEIRA, 2001).

Nas páginas da RBEFD fica evidente que o discurso produzido pelo Governo Militarprivilegiava as práticas corporais em detrimento a outros fatores educacionais, que podem serfavorecidos pela Educação Física, reforçando a dicotomia teoria-prática.

Pode-se considerar que por vezes a RBEFD caracterizava a Educação Física comomera atividade, com uma tendência claramente utilitarista, e divulgava a necessidade de umtrato científico e uma orientação humanista para essa disciplina no interior da escola,atrelados à noção de um conhecimento a ser abordado por essa disciplina, abrindo um debateentre a prática de uma atividade e a reflexão sobre uma área de conhecimento.

As orientações do regime militar foram investigadas no que diz respeito aos efeitospositivos das práticas corporais e os esforços despendidos para que os profissionais deEducação Física adotassem os discursos produzidos pelo governo acerca do métodopedagógico difundido por meio da RBEFD.

A RBEFD foi concebida com o intuito de capacitar os professores de EducaçãoFísica evidenciando a importância das práticas corporais e enaltecer o cunho científico daEducação Física. Para tanto, trouxe em seus conteúdos exemplos de práticas que deveriam seraplicadas pelos professores em suas aulas, buscando padronizar os procedimentosmetodológicos e incentivar a formação de atletas, transformando a escola no espaço de

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formação do civismo e de força esportiva, o que essencialmente elevaria a qualidade doensino.

Esperava-se que os professores de Educação Física se apropriassem do impresso,como observado nas diversas campanhas para sua adesão, pela ausência de estudos científicosdesenvolvidos no Brasil que denotavam a importância da Educação Física.

Inicialmente, foi necessária a participação de autores estrangeiros para publicar seustrabalhos na RBEFD, o que serviria de incentivo para a participação dos professores deEducação Física brasileiros para utilizarem o periódico para divulgação de seus estudos, o quefoi enfatizado em diversos momentos por seus editores. Os pesquisadores brasileirosatenderam aos apelos do governo, porém, nota-se que a participação dos estrangeirosperdurou durante toda a trajetória do impresso pedagógico.

As recomendações para o desenvolvimento da Educação Física escolar naqueleperíodo em que a aprendizagem se restringia às técnicas esportivas e à incorporação de suasnormas, foram responsáveis pela construção de uma pedagogia competitivista que unia aEducação Física ao esporte de rendimento, objetivando a competição e a superação pessoalcomo valores da sociedade contemporânea.

A apropriação da RBEFD pelos professores é clara, o que era de suma importânciapara o Governo Militar, pois da forma estabelecida, a Educação Física ganhavarepresentatividade e investimentos, destarte o professor passaria ter um efetivoreconhecimento social e profissional e, em troca desse prestígio prometido pelo governo, osprofessores de Educação Física tornar-se-iam reprodutores das decisões do governo e osalunos simplesmente receptores da ideologia disseminada.

Atraindo os professores de Educação Física para disseminar as orientações contidasno periódico, esses se tornariam agentes difusores da ideologia e era o meio que o regimeutilizaria para, de forma velada, estabelecer e manter o controle social, os valores morais esociais tidos como os adequados para aquela sociedade. Com estas perspectivas, até mesmo osprofessores que divulgavam seus trabalhos na RBEFD, assumiram a mesma linha dostrabalhos apresentados pelos editores e militares.

A intenção do Governo Militar em manter o controle social pode ser observadoclaramente no artigo “Sugestões para um planejamento anual de Educação Física na escolaprimária”, de autoria da professora Léa Milward (1968), que fazia parte do Conselho Editoriale funcionária do MEC, publicado no BTI n. 1, no qual eram o amor à Pátria, o respeito àautoridade e a disciplina são fatores que contribuiriam para que a Educação Física fosse ummeio para a materialização de um modelo de comportamento social.

No Plano são proporcionadas atividades para ser ministradas em um ano letivo (demarço a novembro), apresentando os objetivos e a atividades a serem empregadas. Milward(1968) cita os objetivos gerais do planejamento como meio de

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a) Contribuir para assegurar as condições de saúde da criança.

b) Desenvolver hábitos de boa postura e correção de vícios de atitudes.

c) Formar atitudes reais.

d) Promover a aprendizagem de atividades específicas.

e) Desenvolver física, psíquica e socialmente, visando, portanto, a educação integral(MILWARD, 1968, p. 57).

Fica evidente que a autora procura enfatizar a necessidade de fazer com que o alunodeva saber seu lugar no contexto onde está inserido, o civismo e a valorização da autoridade ea hierarquia, como podemos ver nos objetivos lançados para os meses de agosto a novembro:

AGOSTO - Interessar as crianças que retornam das férias, nas atividades docurrículo, favorecendo a aquisição de hábitos e responsabilidade de bom estudante.Valorizar o respeito a autoridade e preparar a criança para compreender seu lugar naEscola e na Sociedade. ATIVIDADES A EMPREGAR - Evoluções e marchas.

SETEMBRO - Objetivo - Procurar maior desenvolvimento do amor à Pátria, pormeio da educação para a Cidadania. ATIVIDADES A EMPREGAR - marchas,desfiles, concentrações.

OUTUBRO - Objetivo - Preparar o respeito à autoridade constituída por meio detorneios e campeonatos interescolares. Proporcionar um entrosamento entre asdiversas turmas de alunos, desenvolvendo o verdadeiro espírito esportivo (boaaceitação da vitória ou da derrota). Promover um entretenimento útil e sadio, deacordo com o calendário do mês - dia da criança. MEIOS A EMPREGAR -jogos/esporte, danças, dramatizações, atividades complementares, teatro, cinema,excursões (MILWARD, 1968, p. 58-59, grifo nosso).

Os aspectos destacados no plano para o ensino primário, como o amor à Pátria, orespeito à autoridade e a disciplina são fatores que contribuiriam para que a Educação Físicafosse um meio para a materialização de um modelo de comportamento social.

É notório que já nesse período escolar o ensino do esporte na forma de torneiosescolares era utilizado como meio de reforçar práticas disciplinadoras.

Dentre as atividades que Milward (1968) cita no planejamento das atividadespropostas podemos notar que os elementos ligados as atividades militares (evoluções,marchas, desfiles) se fazem presente.

Para o ensino secundário também foi elaborado um planejamento, publicado no BTIn. 4, de autoria de Fernando Campos Furtado, intitulado “A Educação Física emestabelecimentos de ensino secundário”. O artigo apontava as dificuldades enfrentadas pelosprofessores, principalmente no que se referia ao pouco tempo destinado à aula, que dos 45minutos pelo menos 5 eram utilizados para a troca de uniformes e outros 10 para o banho dosalunos no final da aula, restando apenas 30 minutos para as atividades previstas. Furtado

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(1968) interroga os professores sobre o porquê de o tempo destinado a Educação Física nãoser chamado de Sessão Especializada Esportiva, já que as sessões se tornaram especializadas,pois é aplicada somente uma atividade por aula e propõe sugestões:

SESSÃO ESPECIALIZADA DE VELOCIDADE: [...] SESSÃO ESPECIALIZADADE FLEXIBILIDADE: [...] SESSÃO ESPECIALIZADA DE AGILIDADE: [...]SESSÃO ESPECIALIZADA DE ESPORTIVA: [...] SESSÃO JOGOSRECREATIVOS: [...] SESSÃO ESPECIALIZADA DE FORÇA: [...] SESSÃOESPECIALIZADA DE RESISTÊNCIA: [...] SESSÕES ESPECIALIZADAS DEDANÇAS FOLCLÓRICAS: [...] SESSÃO ESPECIALIZADA DE VELOCIDADE:[...] SESSÃO ESPECIALIZADA DE JOGOS RECREATIVOS (FURTADO, 1968,p. 126-131).

O autor não cita quais são os objetivos a serem atingidos nas sessões propostas. Peloque se pode notar, a única preocupação é com o tempo da atividade.

A implantação da Educação Física no pré-escolar tornou-se realmente o foco daSecretaria de Educação Física e Desportos do Ministério da Educação e Cultura(SEED/MEC), pois visava preparar a criança para o ingresso no então 1º grau, desencadeandoo processo de desenvolvimento de habilidades e destrezas da criança e “o momento propíciopara criar o hábito é este, ou mesmo antes. Se não aproveitada a oportunidade, já será tardedemais” (DUTRA, 1982, p. 7).

Em 1983, a SEED/MEC publica na RBEFD n. 51, o artigo “A Educação Físicacomeça mais cedo”, divulgando as Diretrizes Gerais para a Educação Física e Desportos,1980/85, no pré-escolar e nas quatro primeiras séries do 1º grau, que visava contribuir para aimplementação das atividades didático-pedagógicas das aulas de Educação Física. Esse planobuscava atender crianças na faixa etária de 4 a 10 anos de idade e deveria respeitar as suascaracterísticas de crescimento e desenvolvimento e tinha como objetivos:

- Proporcionar às crianças condições favoráveis ao seu desenvolvimento motor.

- Estimular o desenvolvimento da habilidade perceptiva para melhoria do controlemotor.

- Estimular a aquisição e o aprimoramento de padrões motores fundamentais.

- Estimular a aquisição de habilidades motoras básicas e específicas.

- Proporcionar à criança condições que favoreçam o desenvolvimento dashabilidades de solução de problemas motores (SEED/MEC, 1983, p. 10).

Em seu último número, publicado no ano de 1984, a RBEFD n. 53 traz o artigo“Educação Física, um ato pedagógico”, de Maria Isabel da Cunha enfoca outra visão de setrabalhar a Educação Física na escola, totalmente aposto a que vimos na maior parte dostrabalhos apresentados no periódico.

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Para Cunha (1984) a escola não é o lugar em que o valor maior é a ordem e aobediência, devendo a escola sempre ser um lugar de conflito, de debate, de crítica, detransformação, pois os que buscam a vida, os que vivem e os que anseiam por uma existênciamelhor, serão sempre inconformados. A autora destaca que

Fazer Educação Física é relacionar o movimento com a inteligência. O excesso detecnicismo e a constante repetição são antagônicos ao poder criativo, que desenvolveno aluno a razão dos movimentos e a tomada de decisões acertadas. TrabalharEducação Física é ainda considerar o aluno como ser afetivo, que desenvolvesentimentos e valores positivos ou negativos frente aos estímulos e onde centímetrosa mais ou a menos podem ser os causadores de comportamentos negativos frente atoda uma realidade educacional (CUNHA, 1984, p. 12).

Os desafios para transformar o sujeito por meio da Educação Física serãoenfrentados quando se

Encontrar caminhos para uma Educação Física transformadora [...] Sem desprezar aexperiência e a possibilidade de crítica que nos deu a pedagogia tradicional, urgeque nós, educadores, todos, repensemos, como neste momento, a nossa ação. [...]Aceitemos a necessidade constante de aprender. Talvez, assim, possamos cumprir anossa tarefa de educadores (CUNHA, 1984, p. 12).

A preocupação que Cunha (1984) demonstra com o percurso que a Educação Físicadeve seguir, lembra também da função da Educação Física como elemento importante capazde transformar a vida do sujeito, ao dizer que a “Educação Física, enquanto educação, nãopode se preocupar com o rendimento máximo. Mas precisa estar atenta ao rendimento ótimo,aquele que auxilia o aluno a encontrar o seu pleno desenvolvimento” (CUNHA, 1984, p. 12).

Flávio Medeiros Pereira (1984) em seu artigo “Educação Física, uma práticapermanente”, também publicado na RBEFD n. 53, assegura que

a nossa maior preocupação é com o domínio psicomotor, mas não devemos nosdescuidar da Educação e ficar somente na Física. Dialeticamente, devem estarunidas. [...] as aulas de Educação Física devem deixar o espaço para que, pelodiálogo, ao abordar a parte teórica, se desenvolva uma consciência crítica, e queatravés desta conscientização, possa o educando capacitar-se para a práxis físico-cultural, a Educação Física permanente (PEREIRA, 1984, p. 22).

Pereira (1984) aponta a importância do professor de Educação Física para aformação humana e a necessidade de seu aperfeiçoamento profissional, pois

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O educador, além do desempenho [físico], muda também a mentalidade. Para isto,junto com a capacidade profissional específica, deve possuir uma maior cultura geralpossível. O professor de Educação Física é um intelectual, um intelectual que sua,que faz força. Se não for ele [...] quem despertará o gosto pela prática esportiva, aomesmo tempo e, que proporciona conhecimentos sobre as alteraçõesmorfofisiológicas dela advindas? (PEREIRA, 1984, p. 22).

Os trabalhos de Cunha (1984) e de Pereira (1984), constantes na última edição daRBEFD, foram os únicos a fazer algum tipo de referência à educação política comocomponente de uma dimensão mais vasta de educação integral, onde a busca pela autonomia eo desenvolvimento do aluno são tidos responsáveis por uma formação mais consciente ecrítica, além de uma evidente preocupação com a formação e atuação do professor.

A adesão dos professores às ideias do governo, visando a concretização do projetofoi tema recorrente durante a circulação da RBEFD. No Editorial do BTI n. 7, Ferreira (1968)fala do ideal que o governo procurava atingir, no qual valoriza o sujeito e os valores cívicos,os quais cabiam aos professores de Educação Física propagar: “As autoridades brasileirastêm-se esforçado por criar condições favoráveis à implantação de uma política nacional deEducação Física, Desportiva e Recreativa que atenda às necessidades de valorização dohomem brasileiro, agora e no porvir” (FERREIRA, 1968, p. 5).

Ferreira (1968) mostra a necessidade dos professores de Educação Física aderirem aesse modelo patriótico proposto pelo Governo Militar: “Impõe-se que o professor deEducação Física, somando seus esforços aos nossos, se erga em cultura e profissionalmente,para que não continue marginalizado e dê a contribuição de que é capaz e que nossa Pátriadele espera” (FERREIRA, 1968, p. 7).

No Editorial da edição n. 12, Marques (1972) se dirige aos professores: “Sabemosque você, o professor de Educação Física, será o executante de uma tarefa que não ganhará asmanchetes e que, por tão anônima, se reveste de um significado ainda mais transcendental.Mas sabemos que podemos contar com a sua participação” (MARQUES, 1972, p. 5).

Alinhando-se a esse projeto, os professores passariam a contribuir para que aEducação Física atingisse um campo de pesquisa científica, e dessa forma também estariamcontribuindo para que os ideais do governo fossem colocados em prática. Aos professores deEducação Física cabia exercer o papel de liderar a juventude, não cedendo à incitação queviessem perturbá-los e desviá-los das funções de agentes da ordem social e ainda a tarefa deromper com os modelos arcaicos e elevar o país a condição de potência mundial.

Os trabalhos apresentados na RBEFD também buscavam demonstrar os benefíciosdas atividades físicas para a saude e significavam um novo momento da Educação Física, queapesar da preocupação com a educação da criança, não deixava de fazer referência aoemprego da técnica e da ciência.

Considerações Finais

A partir desta pesquisa pode-se constatar que a RBEFD foi concebida com o intuito decapacitar os professores de Educação Física, demonstrando a importância das práticas

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corporais e exaltando o cunho científico desta disciplina. Para tanto, trouxe em seus conteúdosexemplos de práticas que deveriam ser aplicadas pelos professores em suas aulas, buscandopadronizar os procedimentos metodológicos e incentivar a formação de atletas, transformandoa escola no espaço de formação do civismo e de força esportiva, o que essencialmenteelevaria a qualidade do ensino.

O Governo Militar procurou defender exaustivamente durante todo o período em quepermaneceu no poder, a importância do esporte para a unificação nacional. Castellani Filho(2010) faz referência que ao enaltecer o esporte como salvaguarda nacional, o governoprocurava encobrir os crimes políticos que ocorriam durante a Ditadura

Esperava-se que os professores de Educação Física se apropriassem do impresso,como observado nas diversas campanhas para sua adesão, pela ausência de estudos científicosdesenvolvidos no Brasil que denotavam a importância da Educação Física.

Ainda que haja críticas à política estabelecida naquele período em que a EducaçãoFísica escolar foi apontada como promotora da saude e o esporte tornou-se objeto de ensinonas escolas, empregado de modo a atender os objetivos políticos do Governo Militar, pode-seconsiderar que foi a partir desse momento histórico que a disciplina Educação Física passou ater destaque no cenário educacional.

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