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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO PRESENCIAL - CAMPUS TIJUCA INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL BRASILEIRO. FLÁVIA DE CARVALHO MONTEIRO UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Rio de janeiro Fevereiro/2010

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Page 1: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CIÊNCIAS DO ENSINO … · 6 Capítulo 1 - Parâmetros Curriculares Nacionais e os temas transversais Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para temas

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO PRESENCIAL - CAMPUS TIJUCA

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL BRASILEIRO.

FLÁVIA DE CARVALHO MONTEIRO UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Rio de janeiro

Fevereiro/2010

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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL BRASILEIRO.

MONOGRAFIA APRESENTADA COMO REQUISITO PARA CONCLUSÃO DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES.

ORIENTADOR: Professor Francisco Carrera

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SUMÁRIO

Introdução 4

Capítulo 1 - Parâmetros Curriculares Nacionais e os temas transversais 6

Capítulo 2 - A Educação Ambiental formal nas escolas 13

Capítulo 3 -O ensino de ciências e a educação ambiental no nível fundamental 19

3.1 - A reciclagem de lixo como uma proposta 21

3.2 - Projeto Gincana Calourosa: Recicle essa idéia 31

Conclusão 44

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INTRODUÇÃO

É inevitável no mundo atual que se deixe de discutir meio ambiente e as

influências positivas e negativas que o Homem pode exercer. Nessa balança,

quando as negatividades tendem a crescer, o meio ambiente global fica

ameaçado. É preciso mostrar para cada cidadão que um ato individual em prol do

meio ambiente é tão importante quanto grandes atitudes governamentais, pois a

soma dos esforços de todos é a saída para que se tenha um meio ambiente

saudável e garantia de sobrevivência das espécies do planeta, incluindo o ser

humano.

A questão da educação ambiental inserida nas aulas de Ciências no

ensino fundamental é de vital importância para a participação positiva do aluno e

futuro cidadão nas questões ambientais, fechando o cerco para um futuro com

pessoas comprometidas em preservar a natureza através de pequenos atos até

grandes atitudes. O fomento do saber e desejo da preservação ambiental devem

surgir na transdisciplinalidade entre as aulas de Ciências e meio ambiente no

ensino fundamental brasileiro.

A transdisciplinalidade entre a disciplina de Ciências no ensino

fundamental e as questões ambientais do mundo atual globalizado, favorecem a

fomentação das discussões sobre a educação ambiental, que pode ser promovida

no cotidiano escolar dos educandos brasileiros e trazem para um futuro próximo,

mudanças de comportamento em agressões ao meio ambiente feitas

repetidamente no dia a dia por muitas pessoas que nem se quer se dão conta

disso.

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O presente trabalho irá estudar as possibilidades de se inserir na prática

cotidiana dos alunos do ensino fundamental brasileiro, a educação ambiental nos

dias de hoje, dentro das aulas de Ciências com sua transversalidade dos

conteúdos sobre meio ambiente no meio técnico científico, no qual o ensino de

Ciências abrange. Foi elaborada uma pesquisa bibliográfica sobre autores

relacionados ao tema e informações retiradas da internet em sites oficiais e

diversos pertinentes ao assunto.

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Capítulo 1 - Parâmetros Curriculares Nacionais e os temas

transversais

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para temas transversais

foram elaborados pelo Ministério de Educação e do Desporto (MEC) em 1998 com

a intenção de ampliar e aprofundar um debate educacional que envolva escolas,

pais, governos e sociedade e dê origem a uma transformação positiva no sistema

educativo brasileiro. Foram incorporadas como temas transversais as questões da

Ética, da Pluralidade Cultural, do Meio Ambiente, da Saúde, da Orientação Sexual

e do Trabalho e Consumo.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais são documentos apresentados

como resultado do trabalho que contou com a participação de muitos educadores

brasileiros e têm a marca de suas experiências e de seus estudos, permitindo

assim que fossem produzidos no contexto das discussões pedagógicas atuais.

Inicialmente foram elaborados documentos, em versões preliminares, para serem

analisados e debatidos por professores que atuam em diferentes graus de ensino,

por especialistas da educação e de outras áreas, além de instituições

governamentais e não - governamentais. As críticas e sugestões apresentadas

contribuíram para a elaboração da atual versão, que deverá ser revista

periodicamente, com base no acompanhamento e na avaliação de sua

implementação.

A inserção dos temas transversais, sem abrir mão dos conteúdos

curriculares tradicionais, é uma tentativa de se influir no processo de

transformação social; e não podemos negar o papel institucional da escola e seu

potencial de influir significativamente na transformação da sociedade. Mas, para

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tal a realidade escolar precisa passar por uma mudança de perspectiva, em que

os conteúdos tradicionais deixem de ser encarados como “fim” da Educação. Eles

devem ser encarados com “meio” para a construção da cidadania e de uma

sociedade mais justa, como evoca Montserrat Moreno (2001).

O país que mais aprofundou a proposta dos temas transversais até o

momento foi a Espanha. A inclusão de temas transversais sistematizados em um

conjunto de conteúdos considerados fundamentais para a sociedade surgiu na

reestruturação do sistema escolar espanhol em 1989, com o objetivo de tentar

diminuir o fosso existente entre o progresso tecnológico e a cidadania.

Os temas transversais incorporados na reforma educacional espanhola

foram: Educação Ambiental, Educação para a Saúde e Sexual, Educação para o

Trânsito, Educação para a Paz, Educação para a Igualdade de Oportunidades,

Educação do Consumidor, Educação Multicultural e, como tema nuclear,

impregnando todos os demais temas e as matérias curriculares tradicionais, a

Educação Moral e Cívica.

Diferente da proposta espanhola, os PCNs incorporaram os temas

transversais nas disciplinas convencionais, relacionando-as à realidade. A

intenção foi trazer uma nova possibilidade de trabalho pedagógico que permitisse

o engajamento político-social com o conhecimento, ampliando, assim, a

responsabilidade do educador com a formação voltada à cidadania.

Neste aspecto, a abordagem a partir dos temas transversais pode

significar um salto de qualidade tanto no processo de formação dos alunos, que

passariam a entender o significado do que estudam como dos professores,

estimulados a enfrentar o conhecimento de forma mais criativa e dinâmica.

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Orientadores que elaboraram os PCNs se depararam com duas

dificuldades para propor a seleção de conteúdos para o tema transversal de Meio

Ambiente: a amplitude da temática ambiental e a diversidade da realidade

brasileira, com tantas características regionais. Esses fatores também se aplicam

aos professores em sala de aula. Para facilitar o direcionamento do tema, foi

definida como parâmetro uma aprendizagem que aborde as questões amplas e,

ao mesmo tempo, atente às especificidades regionais. As turmas do Sul não

devem, necessariamente, aprender o mesmo que as do Norte. Os conteúdos

devem abranger: postura participativa, com a conscientização dos problemas

ambientais; possibilidade de sensibilização e motivação para envolvimento afetivo;

desenvolvimento de valores para exercício da cidadania, como agentes de

gerenciamento do ambiente; visão integrada da realidade, contemplando a

dinâmica local e planetária e desvendando causas e problemas ambientais;

assuntos compatíveis com os conteúdos desses ciclos e que sejam relevantes à

realidade brasileira.

Não há dúvida que a educação ambiental é a conexão necessária para

transformar nosso presente, com suas características consumistas, em um futuro

sustentável onde produção e meio ambiente convivam harmonicamente. Os PCNs

trazem ferramentas com o objetivo de ajudar professores e alunos a tornarem-se

parte integrante e transformadora dessa máquina chamada produção

globalizadora. Nossas escolas não são a solução para todos os problemas

ambientais que testemunhamos, mas podem ajudar a formar cidadãos mais

comprometidos com o futuro desse planeta.

Precisamos parar de reproduzir o mundo do “eu-isso” tão mencionado

por Rubem Alves (2002), onde as pessoas consideram-se o centro do mundo, em

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torno das quais giram apenas objetos que podem ser manipulados, destruídos. O

meio ambiente não é um objeto, e ele responde às agressões que sofre. Então,

precisamos “conversar” com ele, compreendê-lo, tê-lo como aliado, não como algo

a ser explorado indefinidamente.

A inclusão da Educação Ambiental como tema transversal pelos PCNs

exige, portanto, uma tomada de posição diante de um problema fundamental e

urgente da vida social, o que requer uma reflexão sobre o ensino e a

aprendizagem de seus conteúdos: valores, procedimentos e concepções a eles

relacionados. Para Freire (1988), “A educação libertadora é incompatível com uma

pedagogia que, de maneira consciente ou mistificada, tem sido prática de

dominação. A prática da liberdade só encontrará adequada expressão numa

pedagogia em que o oprimido tenha condições de, reflexivamente, descobrir-se e

conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica.”

Para a implantação da EA como tema transversal, podemos evidenciar

três dificuldades: a busca de alternativas metodológicas que façam mudar o

enfoque disciplinar da EA, que atualmente recai apenas para Ciências Físicas e

Biológicas; vencer a estrutura curricular que exige conteúdos mínimos, grade

horária, etc; e estimular professores a criar condições de trabalho que exigem

criatividade. Aqui se exige repensar o papel do professor enquanto transmissor de

conhecimentos, para uma nova ação reflexiva e criativa. Cabe à escola ser o

instrumento a serviço da coletividade, cumprindo e fazendo cumprir o exercício da

cidadania.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ou PCNs, são referências para a

organização de conteúdos curriculares. Eles se enquadram em uma política de

padronização dos currículos locais, sendo estes padronizados em nível nacional.

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A idéia de montar os PCNs no Brasil se inspira na iniciativa de criação de

um currículo nacional na Espanha, no início dos anos de 1990. A idéia foi bem

aceita por grande parte da comunidade docente espanhola. Pode-se dizer que a

reforma espanhola foi bem sucedida por dois fatores: a grande adesão da

comunidade docente à proposta e investimentos substanciais por parte do

governo espanhol para a efetivação do projeto.

No Brasil, a proposta inicial era a de que fossem ouvidos muitos

representantes dos profissionais de ensino, das entidades de classes ligadas à

educação e especialistas em currículos. Ao invés disso, o governo FHC submete a

proposta inicial de PCNs elaborada por César Coll, Philippe Perrenoud e outros

especialistas, a uma comissão nomeada pelo próprio governo, a fim de elaborar a

proposta final. A escolha deste grupo é questionável, dado que ele é pouco

representativo da sociedade.

Após anunciar a publicação dos PCNs, o MEC encaminhou às escolas

‘kits’ contendo o material institucional dos mesmos. Entretanto, sem um

treinamento específico, esses ‘kits’ de pouco serviram, e em muitas escolas não

tiveram uso algum. O governo FHC apresenta os PCNs no âmbito de seu arsenal

de propaganda institucional, sem, no entanto, definir se eles constituem

“parâmetros” ou diretrizes para a educação. Até hoje ainda há grande controvérsia

acerca dos PCNs e seu papel na realidade concreta das salas de aula, porém há,

no plano nacional de educação, a premissa de que até 2006 todas as escolas

deverão se enquadrar aos PCNs. Eles ainda apresentam grandes desafios para

sua efetivação, que têm sido enfrentados, e às vezes superados, devido a

iniciativas voluntárias de alguns docentes. Entretanto, não é razoável que uma

política pública dependa dessas ações individuais.

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A estrutura dos PCNs é pensada de modo a integrar as disciplinas

comuns dos níveis de ensino escolares, com uma perspectiva interdisciplinar, na

forma de temas transversais que perspassam os conteúdos das disciplinas. No

final, essa perspectiva interdisciplinar é complicada, e sem um adequado

treinamento docente, na prática se torna inoperante.

Os PCNs sugerem que o conhecimento pronto e as etapas exigidas de

aprendizado devem dar lugar a ações que levem a criança a buscar seu próprio

conhecimento. Para isto a sugestão é o uso dos temas transversais como ética,

pluralidade cultural, meio ambiente, saúde, orientação sexual e trabalho e

consumo.

No que concerne o conteúdo e sua importância, podemos enfatizar:

Orientação Sexual, devido ao crescimento de casos de doenças sexualmente

transmissíveis e gravidez indesejada entre jovens, há uma necessidade cada vez

maior de trabalho na área de sexualidade nas escolas. Outro tema transversal é o

meio ambiente passando pelas Ciências Naturais, onde os conteúdos da proposta

são trabalhados por temas, facilitando assim o trabalho interdisciplinar em

ciências. Os blocos sugeridos são: ambiente, ser humano e saúde, recursos

tecnológicos, terra e universo.

Em meio ambiente e saúde, constata-se Após a Constituição de 1988, a

educação ambiental tornando-se uma exigência constitucional. Os conteúdos de

meio ambiente serão integrados ao currículo através de transversalidade,

impregnando toda a prática educativa. Sendo assim, um dos métodos para atingir

os objetivos propostos pela Educação Ambiental (EA) é trabalhando-a no ensino

formal, ou seja, nas escolas por exemplo. Isso se torna muito adequado ao

proposto pelos PCNs.

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Para tanto, faz-se necessário trabalhar com o rompimento da visão

unilateral do ambiente, por meio de atividades interdisciplinares que proporcionem

a descompartimentalização do saber. Considerando a Educação Ambiental um

processo contínuo e cíclico. Isso pode ser enfatizado a partir de um dos Princípios

da Educação para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global

elaborados no Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global em 1992:

“A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e

inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico.

Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente, tais

como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, degradação da

flora e fauna, devem se abordados dessa maneira.”

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Capítulo 2 - A Educação Ambiental formal nas escolas

Quando o assunto é meio ambiente, os prognósticos para os próximos

cem anos são alarmantes. Como meio ambiente entende-se o “conjunto dos

elementos que, na complexidade das suas relações, constituem o quadro, o meio

e as condições de vida do homem, tal como são, ou tal como são sentidos”

(Canotilho, 1995, p. 10). Não se trata apenas de exagero dos ambientalistas. A

preocupação com o desenvolvimento sustentado ganhou espaço em

universidades, governos e grandes empresas. Finalmente percebeu-se que, se há

um limite para o crescimento das atividades do homem na Terra, essa linha

divisória é justamente o modo como o ser humano interage com a natureza.

Ruschmann (1999) afirma que “a inter-relação entre produção e meio ambiente é

incontestável, uma vez que este último constitui a matéria prima da atividade.

Atividade esta que deve ser avaliada e seus efeitos negativos, evitados, antes que

esse valioso patrimônio se degrade irremediavelmente”.

Apenas na década de 70 é que, pela primeira vez, depois do modelo de

desenvolvimento gerado a partir da revolução industrial as questões ambientais

passaram a ser oficialmente encaradas como questões globais, e de governos. A

Conferência de Estocolmo em 1972 marca o início do processo de compromissos

mundiais intergovernamentais e interinstitucionais acerca da minimização dos

impactos da ocupação humana sobre o meio ambiente.

Desde os primeiros movimentos ambientalistas a educação foi

considerada um instrumento fundamental de sensibilização, conscientização,

comunicação, informação e formação das pessoas como processos fundamentais

para a promoção do desenvolvimento sustentável, da consciência ambiental e da

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ética, de mudança de valores, de comportamento e da efetiva participação nas

tomadas de decisões no ensino formal e informal.

Na Constituição Brasileira de 1988, o artigo 225 enfatiza “ todos têm direito

ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade

o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. No

parágrafo 1º, inciso VI determina: “Promover a Educação Ambiental (EA) em todos

os níveis de ensino e conscientização pública para a preservação do Meio

Ambiente”. Já a promulgação da lei 9795/99 instituiu a Política Nacional de

Educação Ambiental (PNEA), oferecendo amparo legal à EA, responsabilizando e

envolvendo todos os setores da sociedade, e incorporando oficialmente a EA nos

sistemas de ensino.

A busca ao desenvolvimento sustentável é o desafio do momento. O

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global, elaborado durante a realização da Eco-92 enfatiza que

a EA deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser

humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar. Segundo Lanfredi

(2002), “A Agenda 21, que é o principal documento da Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano (Rio-92), é a

metodologia mais consistente para alcançar o desenvolvimento sustentável”.

Em função de tudo isso, a Educação Ambiental tem o importante papel de

fomentar a percepção da necessária integração do ser humano com o meio

ambiente. Uma relação harmoniosa, consciente do equilíbrio dinâmico na

natureza, possibilitando, por meio de novos conhecimentos, valores e atitudes, a

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inserção do educando e do educador como cidadãos no processo de

transformação do atual quadro ambiental do nosso planeta.

Estabelece a Carta Magna que um dos instrumentos para assegurar a

efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é, justamente,

“a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública

para a preservação do meio ambiente” (Lanfredi, 2002). De fato, a educação

ambiental deve começar em casa, ganhar ruas e bairros. Deve gerar

conhecimento local e global que envolva pais, alunos, professores e comunidade.

E Seguin (2000) acrescenta que apesar das louváveis iniciativas de vários

segmentos da sociedade para implementar a EA nos diversos níveis escolares, ela

ainda não teve o retorno que merece. É precário no ensino de 3º grau, quando a

maioria dos cursos de nível superior não ministram a disciplina, impossibilitando

que os futuros profissionais tenham noção de como podem e devem participar da

preservação ambiental”.

Para alcançarmos uma formação de cidadãos capazes de transformar o

ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, e contribuindo

ativamente para a melhoria do mesmo, Reigota (1994) enfatiza que a Educação

Ambiental não deve estar baseada, somente, na transmissão de conteúdos

específicos, levando em conta a não existência de um conteúdo único, mas sim de

vários dependendo das faixas etárias a que é destinado o contexto educativo. Há

também uma grande tendência em considerar a EA como conteúdo integrado às

ciências físicas e biológicas. Essa necessidade de se encontrar conteúdos, de

cumprir programas, é um empecilho ao entendimento correto da EA.

A Educação Ambiental se tornou uma das coqueluches nas escolas

brasileiras. Fazem parte dos conteúdos de EA do 3º e 4º ciclos desde formas de

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manutenção de limpeza do ambiente escolar, práticas orgânicas na agricultura,

modos de evitar o desperdício até como elaborar e participar de uma campanha

ou saber dispor dos serviços existentes, como órgãos ligados à prefeitura ou

organizações não-governamentais (ONGs). Os alunos devem reconhecer os

fatores que geram bem-estar à população. Para isso, precisam desenvolver senso

de responsabilidade no uso de bens comuns e recursos naturais, de que

respeitem o ambiente e as pessoas. Outra frente de trabalho é fazer com que os

jovens valorizem a diversidade natural e sociocultural, para compreender as

diferentes faces do patrimônio natural, étnico e cultural.

A EA é responsável por enfatizar a necessidade e articular iniciativas

integradas que promovam o equilíbrio entre os diferentes ecossistemas e culturas

da Terra. Esta ação parte da mudança de valores individuais transita pelo

conhecimento e respeito das particularidades locais, pela adoção de condutas

sustentáveis e abrange a totalidade do ambiente. O dever de reconhecer as

similaridades globais, enquanto se interagem efetivamente com as especificidades

locais, é resumido no lema de Pensar globalmente, agir localmente.

A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará seqüência ao seu

processo de socialização. É de extrema importância que cada aluno desenvolva

as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais

construtivos, colaborando para a contemplação de uma sociedade socialmente

justa, em um ambiente saudável. Por isso, comportamentos ambientalmente

corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar,

contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.

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Para atingir esses objetivos, e principalmente ir ao encontro do lema

supracitado, a escola é usada como base fundamental, onde o aluno aprende

formalmente aquilo que será tratado sucessivamente na vizinhança, na cidade,

região, no estado, país, continente e finalmente no planeta.

“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no

mundo” Paulo Freire (1985)

Uma ação em EA, para ser efetiva, deve promover simultaneamente, a

construção do conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à

preservação e melhoria da qualidade ambiental. Para tanto, se as práticas que

forem relacionadas às situações da vida real, ao contexto local da cidade, e à

realidade de alunos e professores, o resultado tende a ser positivo, pois auxilia no

trabalho da interdisciplinaridade, fazendo laços entre as atividades para que

possam convergir no primeiro passo da EA. A sensibilização, um processo de

alerta, o primeiro para alcançar o pensamento sistêmico que consistirá nas etapas

de: compreensão, onde o conhecimento dos componentes e dos mecanismos que

regem os sistemas naturais são construídos e interligados; responsabilidade, que

é o reconhecimento do ser humano como principal protagonista da mudança;

competência, onde é trabalhada a capacidade de avaliar e agir efetivamente no

sistema; cidadania, o passo onde o sujeito aprende a participar ativamente e

resgatar direitos, além de promover uma nova ética capaz de conciliar o ambiente

e a sociedade.

Porém, para que todos os objetivos sejam alcançados, é importante

utilizar uma metodologia adequada, que avalie todas as etapas do processo e

analise os avanços dentro do programa. Uma metodologia interessante para a EA

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é a Metodologia Planejamento, Processo, Produto (PPP), criada por Susan

Jacobson. A metodologia utilizada nesse processo incentiva a avaliação

continuada, ou seja:

“Em cada etapa do processo de um programa de Educação Ambiental é feita uma

avaliação para verificar a eficácia ou não do que está sendo aplicado. Com esta

metodologia, a avaliação passa a ser uma importante ferramenta nos projetos de

Educação Ambiental. Quando falamos em Planejamento estamos nos referindo à

fase de organização/planejamento do programa. O Processo é a fase da

implantação, execução de tarefas, atividades, etc. O Produto é o resultado do

programa, com seus acertos erros e conquistas”1.

Apostila do Curso de Educação Ambiental e Ética - módulo 6 - CENED

Dessa forma, todas as etapas do programa podem ser avaliadas,

analisadas, revisadas e corrigidas, aprimorando o desenvolvimento no processo e

reestruturando o programa de acordo com as demandas e/ou falhas encontradas.

A Lei N° 9.795 de 27 de abril de 1999e os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN´s), formalizam a necessidade da construção de uma rede de

conhecimentos, na qual todas as áreas do conhecimento interligam-se e

promovem o entendimento integral do ambiente. O envolvimento dos educadores

é importante para a articulação desta rede, onde todos irão ensinar e aprender

igualmente, promovendo o trabalho interdisciplinar e mostrando aos estudantes

que eles não são meros atores nesse contexto, mas sim parte integrante,

verdadeiros sujeitos transformadores, capazes de crescer pessoal, social e

ambientalmente!

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“Se a educação tudo pudesse, ou se ela pudesse nada, não haveria porque

falarmos de suas potencialidades e limitações” Paulo Freire (1985)

Capítulo 3 - O Ensino de Ciências e a Educação Ambiental no nível

fundamental

Já está muito claro que o professor, em sua dinâmica, deve valorizar a

experiência de seus alunos e dar abertura às discussões em sala de aula. E, em

se tratando especificamente do ensino de Ciências, o professor deve criar

situações de aprendizagem onde o aluno perceba que esta ciência está presente

no seu dia-a-dia com os diversos experimentos exemplificados nas atividades,

sejam elas em laboratórios ou não (dependendo da estrutura de cada escola), do

ensino de Ciências no ensino fundamental. Pensar nestes objetivos dentro de uma

sala de aula, para uns, pode parecer desafiador, já que muitas vezes o local não

favorece estas dinâmicas, e é justamente quando se é preciso superar tais

desafios, caminhando-se com a visão de meio ambiente do ensino de Ciências,

onde o aluno pode colher muitas informações construtivas, dependendo única e

exclusivamente do professor e não somente de seus recursos. Um ótimo caminho

a seguir é trabalhar temas com os alunos que podem facilmente ser inseridos no

cotidiano, sendo a reciclagem de lixo um deles. Esse assunto pode ser

direcionado em uma elaboração de um projeto transdisciplinar que envolva toda

comunidade escolar, como por exemplo, a elaboração de uma gincana que

promova a arrecadação de materiais recicláveis, tema que será desenvolvido

amplamente com o despertar da competitividade entre os alunos.

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A questão da exploração dos recursos naturais, feita pelo Homem, que

vem aumentando enormemente pode ser trabalhada em sala de aula com o tema

da reciclagem, onde a captação de matérias-primas vem de materiais já extraídos

da natureza, o que faz com que haja uma menor degradação de novos recursos,

além de diminuir a poluição de resíduos que são reciclados, minimizando o lixo,

um outro problema ambiental, atitudes que podem ser estimuladas com a gincana.

A reciclagem é uma solução para diminuir a degradação ambiental, daí a

importância de ordem prática e social do tema, que acompanha a evolução da

ciência e da pesquisa em benefício da comunidade, pode ser apresentada como

proposta de trabalho inserida em atividades do ensino de Ciências no nível

fundamental, onde há a origem da conscientização do aluno sobre meio ambiente

e sociedade onde vivemos e os seus recursos tão vitais para a nossa

sobrevivência.

Mas como ser agente efetivo deste processo? Organizando uma escola,

por exemplo, a participar de reciclagem de materiais, como: Pet, papelão, latinhas,

etc. Os resultados são em duas vias: A escola aumenta sua renda e o meio

ambiente fica mais preservado.

A fim de pensarmos em termos de adição, era preciso que o poder

público organizasse coletas seletivas de materiais, a fim de fomentar tal prática

além dos muros das escolas. No mundo, os países ricos possuem uma

porcentagem bem maior de reciclagem, em contraposição aos países pobres.

Colocar o mundo envolvido em uma idéia inicial de coleta seletiva em

uma escola é ter uma consciência ambiental global, onde cada aluno fazendo a

sua parte consistirá em uma corrente crescente, rumo a um futuro de mais

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esperança e de um desenvolvimento sustentável, onde há reposição do que foi

explorado da natureza, e esta agradece.

3.1 - A RECICLAGEM DE LIXO COMO UMA PROPOSTA

O problema está apresentado: embalagens de alimentos, caixas de leite

longa-vida, garrafas plásticas, latinhas de refrigerante, restos de comida, baterias

de celular e jornais velhos são, no final do dia, descartados.

O Brasil produz cerca de 100 mil toneladas de lixo por dia, mas recicla

menos de 5% do lixo urbano – valor muito baixo se comparado à quantidade de

material reciclado nos Estados Unidos e na Europa (40%). De tudo que é jogado

diariamente no lixo, pelo menos 35% poderia ser reciclado ou reutilizado, e outros

35%, serem transformados em adubo orgânico.

O lixo é um problema relativamente recente, já que, há algumas décadas,

era constituído basicamente por materiais orgânicos - facilmente decompostos

pela natureza. Mas com a mudança nos hábitos, o aumento de produtos

industrializados e o advento das embalagens descartáveis, o lixo tomou outra

dimensão e sua "composição" também mudou.

Hoje, em vez de restos de alimentos, as lixeiras transbordam de

embalagens plásticas (mais de 100 anos para decompor), papéis (de 3 a 6 meses)

e vidro (mais de 4.000 anos).

Mas o problema não é, propriamente, a característica do lixo produzido,

hoje, nos grandes centros urbanos, mas o destino dado a ele. Muitos desses

materiais podem ser reaproveitados ou reciclados, diminuindo, assim, as enormes

montanhas formadas nos lixões da cidade e, conseqüentemente, a degradação do

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meio ambiente. Outro aspecto importante da reciclagem, além da consciência

ecológica, é o fator social, que podem ser aprendidos nas escolas e direcionados

pelo professor de Ciências.

Dicas rápidas:

• Toda embalagem reciclável, antes de ser jogada no lixo seletivo, deve ser

lavada para não atrair insetos, nem ficar com cheiro forte, enquanto estiver

armazenada no prédio;

• Para tirar o grosso da sujeira das embalagens que serão destinadas à

coleta seletiva, aproveite a água servida da pia da cozinha. Isso também faz

parte do comportamento ecológico, porque a água é um recurso cada vez

mais escasso;

• A compra de lixeiras especiais é dispensável, pelo menos no momento

inicial do projeto. Evite gastos;

• Qualquer cantinho disponível, na garagem ou espaços livres debaixo das

escadas, é suficiente para armazenar o material reciclável do prédio;

• Os restos de alimento também podem ser reciclados. Com poucos recursos

é possível transformá-los em adubo;

• Não jogue as baterias de celular no lixo comum. As empresas produtoras já

estão se responsabilizando pelo recolhimento;

• As pilhas usadas, embora tenham substâncias tóxicas, infelizmente ainda

não têm um destino adequado. Por enquanto, têm de ser jogadas no lixo

comum. Evite acumulá-las para não haver contaminação;

• Não separe o lixo sem ter planejado primeiro para onde mandar.

Além dessas dicas que podem ser trabalhadas no ensino de Ciências, é

preciso atentar para o tempo de eliminação de alguns materiais na natureza, que

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podem ser facilmente visualizados pelos alunos, constatando-se o perigo

ambiental. Destacam-se a seguir, informações que medem o ciclo natural/temporal

de eliminação de algumas substâncias na natureza.

• Papel - Já é reciclado há décadas, como: papelão, jornais, listas

telefônicas, embalagens, revistas, etc. Papeis que tem restrições são os

usados como embalagens de produtos alimentícios, óleos e graxas, papel

para fax e papeis laminados, e os utilizados pelas lanchonetes.

Tempo - 2 a 4 semanas para decomposição.

• Materiais de construção - As pedras na construção chegam a mais de

10% do custo de uma obra no Brasil. Isso significa que, para cada dez

edifícios construídos, um é desperdiçado. Para o aproveitamento do entulho

das construções podem ser reusados em revestimentos, em contrapisos,

em tijolos, telhas e outros materiais, gerando assim uma economia e um

aproveitamento da sobra de materiais.

Tempo - sua decomposição é indeterminada.

• Metais - A reutilização do ferro e do próprio aço para sua produção em

substituição ao minério bruto, é uma atitude que vai ao encontro das

perspectivas da sociedade, pois a reutilização evita que novos recursos

sejam mais e mais explorados, evitando novas agressões ao meio

ambiente. No caso do alumínio, a reciclagem é um circuito fechado. O

programa permanente de reciclagem da lata de alumínio, implantado em

1994 no Brasil, compra qualquer quantidade de latas de alumínio vazias. O

processo é simples, essa troca faz com que o programa feche um circuito

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para a reciclagem em latinhas de alumíniol. Os números impressionam. Em

2001, 119,5 mil toneladas de alumínio foram recicladas. No total, foram

nove bilhões de unidades reaproveitadas; daria uma latinha e meia para

cada habitante do planeta. O Brasil ultrapassou o Japão e é o campeão

mundial de reciclagem de latinhas de alumínio, atividade que tira milhares

da miséria. Cerca de 500 mil pessoas vivem da reciclagem de lixo no Brasil,

150 mil exclusivamente do alumínio que pode render em média R$ 300

reais com essa atividade. Aproximadamente 15 mil escolas e instituições

estão cadastradas em programas permanentes de reciclagem de alumínio.

Duas mil empresas e ONGs estão envolvidas como atividades. onde 75

latinhas equivale a um quilo de alumínio. A reciclagem de alumínio no

mundo é a seguinte: Brasil com 85,0%, Japão com 82,8%, Estados Unidos

com 55,o% e Europa com 45,0%.

Tempo - 200 a 500 anos de decomposição para alumínios e 100 anos para outros

tipos de latas.

• Vidros - É 100% reciclável; isso quer dizer que todo vidro usado pode virar

vidro de novo. A reciclagem diminui a retirada de matéria-prima da natureza

e o acúmulo de embalagens nos lixões. Incluem-se garrafas de

refrigerantes, cervejas, sucos e águas não retornáveis, garrafas de vinho e

bebidas alcoólicas, potes de produtos alimentícios, frascos perfumes de

medicamentos, espelhos, cerâmicas, porcelana, etc.

Tempo - para decomposição é indeterminado.

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• Plásticos - Os plásticos em sua maioria são produzidos a partir do petróleo,

um "recurso não-renovável" de matéria-prima, onde apenas 1% do petróleo

consumido no Brasil é utilizado para a produção de plástico. Estes materiais

são transformados em resinas plásticas, onde podem ter sua decomposição

química modificada e dar origem a diferentes tipos de plásticos. Os

materiais usados para fazer embalagens são chamados de

"termoplásticos", porque amolecem quando aquecidos, podendo ser

transformados em novos produtos. Os materiais plásticos coletados pela

coleta seletiva são levados para uma Central de Triagem. Na triagem os

diferentes tipos de plásticos são separados e enviados para as fábricas de

reciclagem onde são novamente derretidos para a fabricação de novos

produtos.

Tempo - 450 anos para a decomposição.

Após os alunos atentarem para essas informações anteriores colhidas na

edição da Revista Época de 03/11/08, pode-se ainda destacar informações

pertinentes ao dia a dia de suas residências, onde a quantidade e composição dos

resíduos domiciliares de uma região, caracterizam a sua população no que

concerne sua cultura e perfil de consumo. Assim, com o desenvolvimento do país

e o aumento da população, agravada pela concentração desta em determinadas

áreas urbanas, a questão dos resíduos sólidos toma magnitude tal que é

considerada como um dos mais importantes parâmetros do saneamento ambiental

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, conduzida pelo

IBGE em 2000, apenas 33% dos 5475 municípios (1814 municípios), coletam

100% dos resíduos domiciliares gerados nas residências urbanas de seus

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territórios. De acordo com a mesma pesquisa do IBGE são coletadas diariamente,

em todo o país, 228413 toneladas sendo 11067,1 por dia na Região Norte,

41557,8 por dia na Região Nordeste, 141616,8 por dia na Região Sudeste,

19874,8 por dia na Região Sul e 14296,5 por dia na Região Centro-Oeste.

Desse total coletado de resíduos domiciliares urbanos cerca de 20% é

disposto de maneira inadequada em vazadouros a céu aberto, aproximadamente

3% são enviados para unidades de compostagem e a incineração é o destino de

quase 0,5%. Para os aterros são destinados aproximadamente 73% do total

coletado de resíduos domiciliares urbanos.

Nos grandes centros urbanos do país a junção da alta densidade

demográfica e a escassez de áreas para tratamento e disposição adequada de

resíduos domiciliares criam pressões das mais diversas magnitudes nos diferentes

setores da sociedade bem como ao meio ambiente.

Em certas Regiões Metropolitanas, como a de São Paulo, não é

recomendável a utilização de um tipo único de resposta para a solução do

problema de resíduos domiciliares, pois o atual volume gerado, aproximadamente

14000 toneladas por dia, impõe o uso de diferentes ferramentas (usadas de forma

associada) na busca de solução com melhor custo-efetividade.

Todo este cenário nos conduz às ferramentas clássicas que incluem usinas

de separação, usinas de compostagem, aterros sanitários e incineradores. Além

destas ferramentas consideradas de "fim de tubo" é fundamental a participação

cidadã dos alunos no processo de minimização de resíduos domiciliares. As

indústrias brasileiras já mostram tendências à adoção de Tecnologias Limpas com

geração mínima de resíduos e economia nos seus insumos, porém, só 30% de

baterias e pilhas usadas são recicladas. A maior parte das baterias e pilhas

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usadas continua indo para os lixões irregulares e sendo um risco para o meio

ambiente e para as pessoas.

O Brasil possui hoje em uso cerca de 35,6 milhões de telefones

celulares, cada um com uma bateria potencialmente poluidora, pois entre seus

componentes estão metais pesados como mercúrio, cádmio e chumbo.

Apesar do perigo que isso pode representar, não mais do que 30%,

segundo estimativas dos próprios fabricantes, têm uma destinação adequada -

são devolvidas para os fabricantes e recicladas. O resto está na casa das pessoas

ou nos lixões das cidades, a maioria dos quais irregulares.

É o começo dos problemas. Para tentar evitar danos ambientais com as

baterias, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) baixou, em 30 de

junho de 1999, a resolução 257, que estabelece os limites dos teores de cada

metal pesado na composição de pilhas e baterias e determina que seus

fabricantes e importadores implantem sistemas de reutilização, reciclagem,

tratamento ou disposição final delas. O prazo para a entrada em vigor da

resolução era de 24 meses.

A questão, segundo a coordenadora de Qualidade do Instituto Brasileiro

do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis em 2009 (IBAMA), Zilda Veloso, é

que essa resolução não tem poder de lei. "Ela não obriga ninguém a fazer ou

deixar de fazer qualquer coisa", explica. "Na verdade, seu principal objetivo era

apenas estabelecer os limites dos teores de mercúrio, cádmio e chumbo nas

pilhas e baterias. A resolução gerou, no entanto, uma expectativa na sociedade de

que seria criada uma espécie de plano nacional de recolhimento das baterias de

celulares. A idéia não era essa."

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Com a entrada da resolução em vigor, em junho de 2001, o IBAMA

passou então a fiscalizar esses limites. "Tivemos uma surpresa", revela Zilda. "As

baterias e pilhas fabricadas no Brasil ou importadas legalmente atendem às

especificações da resolução 257 e, portanto, como prevê seu artigo 13, podem ser

‘dispostas com os resíduos domiciliares, em aterros sanitários licenciados’."

O problema é que apenas 10% dos municípios brasileiros têm aterros

licenciados - os dois de São Paulo estão nessa situação - pelos órgãos ambientais

de seus Estados. É uma brecha na legislação, que foge à alçada da resolução

257. Como cumprem o que lhes diz respeito, os fabricantes alegam não ter nada a

ver com o fato de os municípios não terem aterros licenciados - e por isso, muitos

não realizam programas de recolhimento das baterias usadas. Como licenciá-los é

de competência dos Estados, o Ibama não pode fazer nada. Assim, a maior parte

das baterias e pilhas usadas continua indo para os lixões irregulares e sendo um

risco para o meio ambiente e para as pessoas. Segundo Zilda, não existem

estudos sobre qual a intensidade desse risco. "Com o tempo e o conseqüente

acúmulo delas nos lixões, no entanto, ele vai crescendo", alerta.

Apesar da frouxidão da lei, algumas empresas que comercializam

baterias e pilhas desenvolvem sistemas de recolhimento das usadas. É o caso da

Motorola. "Temos um programa, em parceria com nossa rede de 130 lojas de

assistência técnica no País, nesse sentido", informa Luiz Sales, gerente da Rede

de Serviços da empresa. "Desde 1999, quando o colocamos em prática, já

recolhemos 26 toneladas de baterias usadas." Elas são enviadas para um centro

de reciclagem na França, com o qual a Motorola tem contrato. "Tudo é

reaproveitado", diz Sales. "As partes plásticas e os circuitos impressos são

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incinerados, gerando energia elétrica. O aço e o níquel são fundidos e

reaproveitados. O cádmio, por sua vez, é purificado e também reutilizado."

A Suzaquim Indústrias Química Ltda., com sede em Suzano, também não

desperdiça nada das baterias e pilhas usadas, que recebe de grandes fabricantes

de celulares. "As carcaças são separadas dos componentes internos, moídas e

vendidas para empresas que reciclam de plástico", explica Fátima Santos, gerente

técnica da empresa. "Os metais, como cádmio, mercúrio, chumbo e cromo,

passam por vários processos químicos e de calcinação, que resultam em óxidos e

sais metálicos, usados como corantes para pisos cerâmicos e vidros."

Todos estes dados que rodeiam o dia a dia de alunos, professores e

demais membros da comunidade escolar, revelam que o perigo ambiental está

mais perto de nós do que se imagina.

Se fizermos um parâmetro entre lixo e Cultura, podemos perceber que a

composição química do lixo varia de acordo com a cultura e o grau de

desenvolvimento de cada país. No Brasil, a maior parte do lixo é composta de

matéria orgânica (60% a 65%, sem contar o papel). São restos de alimentos,

verduras, cascas de frutas, legumes, carcaças, etc. Ter bastante matéria orgânica

no lixo é uma característica dos países pobres. Nos países ricos, predomina o lixo

inorgânico: vidro, plástico, metal, além das embalagens de papel e papelão.

Os alunos geralmente adoram curiosidades. A seguir são citadas

algumas sobre o lixo, que podem ser trabalhadas no projeto a ser desenvolvido na

comunidade escolar e debatidos no ensino de Ciências.

• Os mais velhos resíduos do mundo foram encontrados na África do Sul e

têm cerca de 140 mil anos de idade. Esse lixo milenar - que contém ossos,

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carvão, fezes e restos de cerâmica - oferece informações preciosas sobre

os hábitos de vida do homem antigo

• 2. No ano 500 a.C., Atenas criou o primeiro lixão municipal, exigindo que os

detritos fossem jogados a pelo menos 1,6 quilômetro das muralhas da

cidade

• 3. O inventor inglês Peter Durand patenteou a lata de lixo em 1810

• 4. Aterros sanitários representam a maior fonte de metano produzido pelo

homem. A cada ano, 7 milhões de toneladas de metano vão parar na

atmosfera

• 5. Os americanos produzem 212 milhões de toneladas de lixo por ano, das

quais 43 milhões de toneladas são restos de comida

• 6. Isso significa 711 quilos produzidos por habitante a cada ano

• 7. No Brasil, são 88 milhões de toneladas de lixo por ano, ou 470 quilos por

habitante

• 8. Das 13.800 toneladas de lixo produzidas por dia na cidade de São Paulo,

apenas 1% é reciclado

• 9. Curitiba é o município brasileiro que mais recicla: 20% de todos os

resíduos

• 10. No mundo, o Japão é um dos países que mais reciclam: 50% do lixo é

reaproveitado

• 11. Os americanos jogam fora 50 bilhões de latas de alumínio por ano.

Todas as latas desse material que foram para o lixo nos Estados Unidos

nas últimas três décadas valem quase US$ 20 bilhões

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• 12. No quesito alumínio, o Brasil vai bem: é o país que mais recicla latas no

planeta. Em 2004, foram 9 bilhões de latinhas reaproveitadas, ou 96% da

produção total do país

• 13. Em 2002, o oceanógrafo americano Charles Moore vasculhou uma área

de 800 quilômetros quadrados do Oceano Pacífico e encontrou 4,5 quilos

de resíduos plásticos flutuando no mar para cada meio quilo de plâncton.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com em 03/06/2009

Após diversas informações em torno dos argumentos sobre os amplos

benefícios da reciclagem de lixo, é preciso especificar um plano de ação dentro da

comunidade escolar, sendo apresentado a seguir um projeto teórico que pode ser

implementado pelo professor de Ciências em qualquer unidade escolar, tomando

como exemplo, uma escola da rede estadual de educação do Rio de Janeiro,

chamada Ciep Rainha Nzinga de Angola.

3.2 - Projeto Gincana Calourosa: Recicle essa idéia

Projeto de educação ambiental da Escola Estadual Ciep Rainha Nzinga

de Angola, situada na região da comunidade de Acari, em frente ao Morro da

Pedreira e ao lado de um lixão e do Rio Acari, próxima a uma localidade de baixa

renda, no bairro de Acari, no Rio de Janeiro, envolvendo alunos, pais e

professores direcionados ao projeto, que tem seu desenvolvimento a partir da

recepção dos novos alunos (calouros) pelos veteranos. Esse encontro é cercado

por atividades que introduzem a Educação Ambiental com tarefas direcionadas ao

recolhimento de materiais recicláveis e oficinas. O grupo (turma) que obtiver o

melhor resultado ganha um passeio custeado pelo material vendido, aumentando

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a integração da comunidade escolar e despertando a educação Ambiental, que

será trabalhada ao longo do ano com atividades curriculares da escola de forma

interdisciplinar.

OBJETIVOS:

. Implantar a coleta seletiva de lixo na unidade escolar

. Estudar conteúdos de maneira mais contextualizada

. Estimular a mudança prática de atitudes e a formação de novos hábitos

. Relacionar formas simples e eficientes de proteger o meio ambiente

. Analisar criticamente a degradação ambiental

. Dar importância aos trabalhos relacionados à questão ambiental

.Complementar e reforçar ações de sensibilização através da educação ambiental

sobre reciclagem

. Estimular a coleta seletiva na casa dos alunos e até na comunidade

. Conscientizar os alunos da importância de selecionar o lixo, bem como suas

possíveis transformações

. Identificar que o lixo reciclável pode servir de fonte de renda para famílias

carentes

PÚBLICO ALVO

Alunos das séries iniciais (calouros) da comunidade escolar, totalizando 200

alunos de 5 turmas.

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JUSTIFICATIVA

Após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em

Estocolmo, 1972, a questão ambiental vem tendo grande repercussão mundial,

sendo discutida ainda nesta conferência, a educação para o meio ambiente. Em

1975 temos o I Seminário Internacional sobre Educação Ambiental, em Belgrado,

onde estão explicitadas suas metas e objetivos, determinando, por exemplo, que

esta deve ser contínua, multidisciplinar e integrada dentro das diferenças

regionais, entre outras características. De lá para cá, diversos outros encontros

internacionais e experiências em diversos países vêm sendo realizados visando a

implantação deste tipo de educação. Porém, o mundo e a sociedade

contemporânea estão passando por uma série de modificações estruturais que

nos obrigam a reavaliar aquilo que estamos fazendo em educação, tentando

alinhar este esforço à realidade que existe fora da instituição acadêmica, podendo

esta reavaliação ser estendida à educação para o meio ambiente. Estas

mudanças, que acontecem tanto dentro quanto fora da escola, constituem um

desafio para repensar esta instituição, no intuito de tentar responder a essas

modificações que estão sofrendo as representações, os valores sociais e os

conhecimentos disciplinares. Ao acreditar na necessidade da educação ambiental

para a conscientização da população e uma consequente mudança nos rumos de

nossa História, buscamos caminhos para implementar tal concepção de educação

no cotidiano escolar.

A Escola Estadual Ciep Rainha Nzinga de Angola, por situar-se ao lado de

um local de depósito de lixo e de uma comunidade carente, faz com que vários

alunos e familiares trabalhem ou já tenham trabalhado no local, separando

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materiais para vender ou até mesmo comida para própria alimentação. O bairro de

Acari tem deficiências de infra-estrutura básicas, como saneamento, e em que a

população é constituída em sua maioria, de baixo poder aquisitivo. Na implantação

do vazadouro de lixo não houve nenhum estudo prévio ou instalação de infra-

estrutura adequada para a disposição de cerca de 50 toneladas de lixo semanais.

Nada foi feito visando a minimização dos efeitos negativos sobre o meio ambiente

e sobre a população. Ainda existem, porém, na região, áreas de vegetação sendo

uma floresta secundária, com aspecto de mata virgem, altura mediana.

A comunidade foi batizada com o mesmo nome do rio que passa nas

proximidades da região, que hoje é chamada de Favela de Acari e que, na

verdade, é a junção do Conjunto Amarelinho, construído no final dos anos 50 às

margens da Avenida Brasil e mais quatro localidades: Parque Acari, Vila Rica de

Irajá, Coroado e Vila Esperança. O Complexo de Acari iniciou seu processo de

ocupação em 1946 e apresenta um dos maiores índices de pobreza no Estado do

Rio de Janeiro.

O bairro confunde-se com a Fazenda Botafogo, conjunto de edifícios

habitacionais construídos nos anos 70, nos mesmos moldes da Cidade de Deus.

Na área hoje delimitada como bairro de Acari, existiam primeiramente grandes

fazendas, depois, os engenhos que cultivavam, dentre outros produtos, a cana-de-

açúcar. A região, até o século XIX, tinha ocupação predominantemente rural. A

partir de 1875, com a implantação da estrada-de-ferro Rio d’Ouro, por onde passa

hoje a Linha 2 do metrô, e no entorno da mesma, foram surgindo pequenos

núcleos urbanos que levaram, no início do século XIX, a novos loteamentos. É o

bairro com menor IDH da cidade, e menor renda da região. A Vila Nazaré está

entre a Av. Automóvel Clube e a rua Acuruí, onde sua origem data a partir de

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1938. Em 1946, é inaugurada a Av. Brasil, outra divisa do atual bairro de Acari,

levando à implantação de muitas indústrias e a um crescimento junto à nova via.

Com a implantação da Linha 2 do Metrô o bairro ganhou a estação Acari-Fazenda

Botafogo. Nele foi construído também o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla,

conhecido como Hospital de Acari, o segundo maior do município.

O Rio Acari é um dos maiores cursos d'água do Rio de Janeiro. Tem sua

nascente na Serra do Gericinó e sua foz no rio Meriti, o qual separa a capital

fluminense da cidade de Duque de Caxias. O Acari vem do extremo oeste da

cidade e termina na zona norte. Não é assoreado e apresenta uma vazão d'água

muito grande, incluindo alguns pontos com presença de mata ciliar. Foi um dos

últimos rios cariocas a morrer macrobiologicamente. Constatam-se ainda alguns

jacarés no Acari, porém os camarões de água doce há muito não existem mais. É

navegável, mas, por passar em comunidades de três facções criminosas

diferentes, deixou de ser usado como hidrovia. Há vontade popular de que o rio

Acari volte a ser limpo, visto que se tornaria uma relevante fonte de renda local,

ofertando lazer, pesca e transporte. Por conta dessas características, a questão

ambiental deve ser uma preocupação constante.

Os processos pedagógicos relativos à educação ambiental caracterizam-se,

principalmente, na participação, na qual é um aprendizado, cabendo à educação

ambiental resgatar valores humanos como solidariedade, ética, respeito pela vida,

honestidade, responsabilidade, entre outros. Desta forma, irá favorecer uma

participação responsável nas decisões de melhoria da qualidade de vida, do meio

natural, social e cultural.

As atividades de educação ambiental devem possibilitar aos educandos

oportunidades para desenvolver uma sensibilização aos problemas ambientais,

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propiciando uma reflexão a respeito desses problemas e a busca de soluções.

Essas atividades de sensibilização devem ser um caminho para tornar as pessoas

conscientes de quão importantes são as suas atitudes. Sensibilizar é cativar os

participantes para que suas mentes se tornem receptivas às informações a serem

transmitidas. Meio ambiente tem a ver com as condições de vida das pessoas:

lixo, água encanada, lazer, educação, saúde e que envolve toda a nossa

concepção atual de sociedade e desenvolvimento. Desta forma, a educação

ambiental apresenta-se como um processo educativo que requer a participação

das pessoas na construção de uma melhor qualidade de vida, podendo ser um

agente dos processos de transformação social local, promovendo conhecimento

dos problemas ligados ao ambiente, vinculando-os a uma visão global.

Educação Ambiental deve se apresentar como um tema transversal, por ser

uma preocupação de toda a escola e da comunidade onde está inserida, e ainda,

que deve estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo,

de maneira formal e não-formal. Diversas atividades são desenvolvidas com a

participação, em menor ou maior grau, de toda a Escola. O projeto vem a utilizar

recursos como excursões, cursos, palestras, artes, teatro, poesias,etc. Nas

atividades e trabalhos desenvolvidos, é preciso buscar sempre a melhor forma de

abranger o maior número de pessoas, a partir de conversas com os demais

professores da escola, buscando uma maior participação.

METODOLOGIA

Para se buscar uma melhor maneira de trabalhar, será preciso desenvolver

oficinas dentro da escola (projetos diferenciados, mas que giram em torno das

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questões principais: meio ambiente e sociedade), além de atividades pontuais.

Todos têm o apoio e o trabalho de mais de um professor, em diversas áreas. Cada

um dos trabalhos tem seus objetivos próprios, mas que se agrupam formando um

todo.

Todo o trabalho está voltado para diversos assuntos, porém interligados

com os grandes temas centrais, que são os problemas socio-ambientais da escola

e da comunidade envolvida. Nota-se também, o esforço para promover atividades

interdisciplinares, envolvendo professores de diversas áreas em sua realização,

onde cada um tem o seu planejamento individual, suas etapas a serem

percorridas, seus objetivos, mas com visão interdisciplinar.

Essas mudanças devem ser de valores, muito mais profundas do que

simplesmente a transformação local e pontual de um problema. Para isso, quando

se salienta as atividades sobre a resolução de problemas, estas devem ser como

um tema gerador de discussões.

O projeto de coleta seletiva com a gincana dos alunos calouros, por

exemplo, não será limitado apenas à separação pura e simples do lixo produzido,

mas gerará discussões na escola, reflexões acerca da geração dos resíduos e do

destino final, com palestras e outros trabalhos relacionados com o tema, que será

complementado com a busca de uma maior sensibilização através da oficina de

arte com lixo. Outro exemplo está no jardim, no qual terá espaço uma produção

de mudas de árvores de mata atlântica, que serão utilizadas para doação à

comunidade e plantio na e pela própria escola, juntando-se a isso o trabalho em

sala de aula sobre a importância desse ecossistema e as causas da degradação

do mesmo.

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Complementando o trabalho, a pesquisa sobre a flora do local e a maquete

da região dará uma visão geral ao público-alvo da situação atual da mata que

existia no local e do histórico desta degradação. Este histórico, por sua vez, terá

respaldo através da pesquisa da história da escola, que abrangerá certamente, a

comunidade e o local onde a escola se insere.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES:

OFICINAS:

O uso das oficinas traz a vantagem de, dentro de uma única situação-

problema, existir diversas formas de abordagem, podendo o trabalho ser

pulverizado pelos diversos professores atuantes, sanando as dificuldades de

tempo e envolvimento dos mesmos, do mesmo modo que cria uma cooperação na

busca de um objetivo em comum. Elas estão dispostas conforme descrições

abaixo:

- Maquete da Região. Com o apoio do professor de Geografia, no intuito de fazê-

los conhecer melhor o local onde vivem, sua geografia, suas mudanças e

problemas ambientais, um grupo de alunos construirá uma maquete da região de

Acari, utilizando material reutilizado. Esta ficará como acervo da escola e poderá

ser utilizada por qualquer professor ou professora que a queira utilizar em sala de

aula.

- História da Escola. Coordenados pelo professor de História, um grupo de alunos

pesquisará e escreverá a História da escola, na intenção de fazê-los conhecer a

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trajetória do local onde estudam. Esta será resgatada através de entrevistas com

antigas funcionárias, professoras, diretoras, além de ex-alunos. De resultado final

teremos um pequeno livro produzido no computador, que será divulgado para o

maior número de pessoas possível.

- Oficina Arte com Lixo. Voltada para o aproveitamento de materiais reutilizáveis,

de forma a estimular a sensibilidade dos alunos, com produção de peças de arte e

utilitários. Procuraremos ter o apoio da professora de Artes para que este trabalho

entre em sala de aula, indo além da oficina e dos alunos que dela participam.

Faremos também toda a cenografia da oficina de teatro.

- Oficina de Teatro. Dentro da temática, um grupo de alunos escreverá e ensaiará

uma peça com estréia prevista para início de novembro. Esta peça tem como tema

a escola e alguns problemas vividos por eles, tais como a sujeira e a depredação

do espaço escolar, o conflito entre alunos, entre outros.

- Coleta Seletiva. Galões de lixo coloridos serão doados pela Comlurb. Outros,

menores, serão produzidos pelos alunos para serem colocados nas salas. Os

funcionários de limpeza receberam informações de como proceder, e um grupo de

alunos ficará responsável pela promoção e divulgação do trabalho, de sala em

sala, aos outros colegas.

- Trabalho de campo. Grupo de alunos que faz caminhadas ecológicas regulares,

acompanhados por um guia e professores de diversas áreas que queiram

participar. Com isso os levamos a conhecer lugares que, provavelmente, não o

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fariam em outras circunstâncias. Uma empresa de ônibus fará o transporte,

quando os locais forem mais longe.

- Jardim Interno. Há um grande espaço aberto, dentro da escola, no qual um grupo

de alunos transformará em um jardim, com um viveiro de mudas, plantas

ornamentais, medicinais, uma pequena horta, e minhocário. Os alunos

responsáveis pelo jardim também podem entram em salas para divulgar o

trabalho, pedir contribuições (vasos, sementes, terra) e solicitar ajuda a mantê-lo

limpo.

- Concurso de Poesias. Em conjunto com os professores da Sala de Leitura e

com tema sobre meio ambiente, natureza e afins, um concurso de poesias em

toda a escola, com solenidade de premiação. Acontecerá no segundo semestre,

tornando-se no futuro permanente, ganhando novas roupagens, com temas

correlatos e apoio das professoras de português com trabalhos em sala de aula.

- Jornal Interno. Com a participação dos professores de português, será feito um

jornal com notícias sobre meio ambiente e a escola, com matérias feitas por

alunos e professores.

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� CRONOGRAMA

ATIVIDADES PRIMEIRO BIMESTRE

(1ª FASE)

SEGUNDO BIMESTRE

(2ª FASE)

TERCEIRO BIMESTRE

(3ªFASE)

QUARTO BIMESTRE

(4ª FASE) Solenidade de Abertura X

Maquete da Região X

História da Escola X

Coleta Seletiva X X X X

Jornal interno X X X X

Oficina Arte com Lixo X

Oficina de Teatro X X X

Trabalho de campo X

Jardim Interno X

Concurso de Poesias X

Avaliação do projeto X

Passeio de confraternização X

EQUIPE

A equipe será constituída por professores da unidade escolar, de acordo

com o cronograma e atividades descritas e um coordenador, que será o orientador

pedagógico da escola, tendo assistência do auxiliar administrativo da secretaria do

Ciep.

AVALIAÇÃO

A avaliação do projeto “Gincana Calourosa: Recicle essa idéia” será feita ao

final do Cronograma das ações que, conforme apresentado anteriormente, será de

um ano, divididos por quatro bimestres. Essa avaliação acontecerá através de

reuniões realizadas na escola, quando enfocaremos o número de profissionais e

alunos envolvidos, o quantitativo de recursos financeiros e materiais gastos ao

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longo do ano, e o mais importante de tudo que é a avaliação dos resultados

alcançados.

Os instrumentos a serem usados serão:

1. Listagens de presenças de todas as atividades com o número de

participantes

2. O livro da História da Escola confeccionado pela oficina de mesmo nome

3. Fotos e vídeos das oficinas e atividades feitas na gincana

4. Pesagem do material recolhido na coleta seletiva ao longo dos bimestres

5. Questionários e entrevistas respondidas pelos alunos no início e ao final do

ORÇAMENTO

ATIVIDADES RECURSOS NECESSÁRIOS

CUSTO INDIVIDUAL

TOTAL POR

ATIVIDADE

TOTAL GERAL

Solenidade de Abertura

- Quadra do Ciep - 50 camisas personalizadas - Sistema de som - Mesas e cadeiras - Bandeiras (Brasil, Estado e escola) - 200 folders - 20 metros de tecido TNT branco

- Sem custo - R$ 5,00 - Sem custo - Sem custo - Sem custo - R$ 0,30 - R$ 0,70

R$ 324,00

Maquete da Região

- Ripas de isopor (alunos) - Palitos de picolé (alunos) - Tintas guache (alunos) - caixas de papelão (alunos) - Jornais antigos (alunos) - Cartolinas (alunos) - Barbante (alunos) - Papéis celofane (alunos) - Pequenos brinquedos (alunos) - Cola quente (alunos) - Tesouras (alunos)

- Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo

R$ 0,00

História da Escola

- Livro caixa manual grande - 10 Computadores pessoais

- R$ 18,00 - Sem custo

R$ 18,00

Oficina Arte com Lixo

- Jornais antigos (alunos) - Cola (alunos) - Barbante (alunos) - Tesoura (alunos) - Palitos de picolé (alunos) - Tintas guache (alunos)

- Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo

R$ 0,00

R$ 2.222,00

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- caixas de papelão (alunos) - Sem custo

Oficina de Teatro - Auditório do Ciep - Cortina para o palco - Figurinos (alunos)

- Sem custo - R$ 30,00 - Sem custo

R$ 30,00

Coleta Seletiva - 5 galões de lixo (doação ComLurb) - 50 lixeiras feitas pelos alunos - Galão de tinta preta (18 litros)

- Sem custo - Sem custo - R$ 75,00

R$ 75,00

Trabalho de campo

- Aluguel de 4 ônibus (com desc.) - Lanche para 200 pessoas

- R$ 70,00 - R$ 3,00

R$ 880,00

Jardim Interno - 50 Mudas de plantas - 10 sacos de adubo orgânico - 10 colheres de jardineiro

- R$ 3,00 - R$ 2,00 - R$ 5,00

R$ 220,00

Concurso de Poesias

- Quadra do Ciep - 50 camisas personalizadas - Sistema de som - Mesas e cadeiras - 20 metros de tecido TNT branco -15 medalhas (3 alunos por turma)

- Sem custo - Já comprado - Sem custo - Sem custo - Já comprado - R$ 5,00

R$ 75,00

Jornal interno - Papéis almaços - Cópias mensais

- Sem custo - Sem custo

R$ 0,00

Passeio de confraternização

- Aluguel do ônibus - 50 entradas no sítio com almoço

- R$ 100,00 - R$ 10,00

R$ 600,00

OBS.: Os itens assinalados sem custo estão disponíveis no patrimônio da escola

ou serão trazidos pelos alunos.

Espera-se ao final desse Projeto que tenhamos resultados significativos

quanto à limpeza da escola e reciclagem do lixo, pois acreditamos que com o

envolvimento da comunidade escolar, reduzirá a quantidade de lixo jogado a céu

aberto nas mediações da comunidade de Acari, assim como obteremos resultados

positivos quanto aos diversos problemas associados ao lixo. Após a avaliação do

projeto, todos os resultados obtidos serão divulgados dentro da escola, junto aos

diversos parceiros envolvidos e através do jornal interno.

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CONCLUSÃO

As causas da degradação ambiental e dos problemas sociais locais vão

assim, se delineando aos olhos das pessoas envolvidas com os projetos. e

informações a respeito da preservação do meio ambiente efetivamente realizada

pelos alunos. Pretende-se com isso, suscitar muito mais do que a mudança

comportamental mecanizada, mas uma mudança baseada nos “porquês” dos

acontecimentos, o que gera a prevenção dos mesmos.

Alguns obstáculos deverão ser superados em um trabalho deste tipo dentro

de uma escola. Em primeiro lugar a necessidade de tempo livre. Geralmente os

professores trabalham em mais de uma escola e com todo o tempo ocupado com

a sala de aula. Isso dificulta qualquer ação que se queira realizar em educação

ambiental. Um trabalho deste tipo necessita de professores com tempo disponível

para atuar, também, fora de sala de aula.

Desta forma, uma equipe de professores, ou um professor responsável pelo

projeto, que articule as atividades e que faça as ligações com os demais

professores, é imprescindível, para que se divulguem as atividades, enfim, que

movimente toda a engrenagem, pois o sucesso de um trabalho deste tipo depende

da participação de todos na escola. Isto é facilitado se esta equipe, ou se este

professor tiver algum tempo livre para atuar fora da sala de aula.

O acolhimento dos novos calouros com a gincana forma um

comprometimento inicial a fim de tê-los integrados ao grande projeto da

comunidade escolar com as atividades que se seguem e com o incentivo de dispor

de um passeio feito no final do ano para a turma vencedora, com o lucro do

recolhimento de materiais reciclados.

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A educação ambiental é um processo, e como tal, não deve ser

interrompida no primeiro obstáculo. Os resultados vêm a médio ou longo prazo,

através de atividades que sucedem atividades que, com o tempo, envolvem a

todos em sua volta, desenvolvendo uma consciência crítica de respeito ao próximo

e ao meio ambiente.

Todos esses processos precisam ser norteados por parâmetros

nacionais, e estes surgem pelo poder público nos PCNs citados no início deste

trabalho, sendo complementados pelas práticas de abordagem do professor de

Ciências na sala de aula com informações direcionadas aplicadas ao cotidiano dos

alunos e um projeto de participação da comunidade escolar. Enfim o meio

ambiente agradece.

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Referências Bibliográficas

� MEC e INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) -

Evolução do Ensino Superior no Brasil – Graduação 1980, 1998 e 2000.

� MEC - O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e

programas. 2007.

� BIBLIOTECA PAULO FREIRE. Disponível em:

http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/principal jsp. (Acesso em 02 de

fevereiro de 2009)

� BRASIL, Governo Federal. Lei de diretrizes e bases da educação nacional nº

9394/96. Brasília: 1996.

� BRASIL, Governo Federal. Lei de educação ambiental nº 9795/99. Brasília:

1999.

� BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília:

MEC, 1997.

� CONFERÊNCIA DE TBILISI - Conferência Intergovernamental sobre Educação

Ambiental aos Países Membros, 1977. Disponível em:

http://www.scribd.com/doc/95291/Conferencia-tbilisi-moscou?query2=tibilisi .

Acesso em 05 de fevereiro de 2009.

� DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas 3a. ed. São

Paulo: Gaia, 1994.

� TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES

SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf.

Acesso em: 10 de fevereiro de 2009

� TEMAS TRANSVERSAIS EM EDUCAÇÃO: BASES PARA UMA FORMAÇÃO

INTEGRAL. 6ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2001