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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS A ECONOMIA DE RONDÔNIA E O MERCADO EXTERNO – UMA ANÁLISE DE INDICADORES A PARTIR DO ANO DE 2004 GLAUBER FUAS BRITO Porto Velho / RO 2010

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIANÚCLEO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIACURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

A ECONOMIA DE RONDÔNIA E O MERCADOEXTERNO – UMA ANÁLISE DE INDICADORES A

PARTIR DO ANO DE 2004

GLAUBER FUAS BRITO

Porto Velho / RO2010

A ECONOMIA DE RONDÔNIA E O MERCADOEXTERNO – UMA ANÁLISE DE INDICADORES A

PARTIR DO ANO DE 2004

GLAUBER FUAS BRITO

Monografia apresentada àFundação Universidade Federalde Rondônia como requisitoparcial para obtenção do títulode bacharel em CiênciasEconômicas

Orientador: Prof. Dr. SilvioPersivo

Porto Velho / RO2010

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A ECONOMIA DE RONDÔNIA E O MERCADOEXTERNO – UMA ANÁLISE DE INDICADORES A

PARTIR DO ANO DE 2004

GLAUBER FUAS BRITO

Monografia apresentada àFundação Universidade Federalde Rondônia como requisitoparcial para a obtenção dotítulo de bacharel em CiênciasEconômicas

Aprovado em Dezembro de 2010

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Silvio Persivo da Cunha Rodrigues

Prof. Dr. João Vicente André

Prof. MS. Luiz Carlos de Freitas

3

RESUMO

Através deste estudo serão analisados dados estatísticos, pesquisas e

indicadores sócio-econômicos de Rondônia, a fim de relacionar Produto Interno

Bruto e Balança Comercial com o crescimento econômico deste Estado.

Observa-se, assim, que o estado passa por um momento de grandes

oportunidades de crescimento e, sobretudo desenvolvimento sustentável, com

o advento de obras e investimentos estratégicos para economia local em

relação às exportações e importações, tendo apresentado um saldo

superavitário na sua Balança Comercial e um Produto Interno Bruto crescente

em relação aos anos anteriores.

Palavras-chave: Balança Comercial. Produto Interno Bruto. Desenvolvimento

Regional.

4

ABSTRACT

Through this study will be analyzed statistical date, surveys and socioeconomic

indicators of Rondônia, in order to relate GDP and trade balance with economic

growth of this state. This indicates that Rondônia passes through a time of great

growth opportunities and, above all, sustainable development, with the advent

of strategic investments and works for the local economy for exports and

imports, which followed a surplus balance in its trade balance and a Gross

Domestic Product increasing compared to previous years.

Keywords: Trade Balance, Gross Domestic Product and Regional

Development

5

Dedicatória

A minha mãe Maria Francisco Brito, pelo incentivo em toda a minha vidaescolar e acadêmica e a todos que participaram da minha formação social eacadêmica, além do apoio e tempo prestados para realização deste trabalho.

6

Agradecimentos

Agradeço a Deus por conceder discernimento para realização de atos por toda

minha vida.

A Consuelo pela colaboração, principalmente em momentos decisivos na

elaboração deste trabalho.

A amigos que incentivaram, apoiaram e contribuíram para que pudesse chegar

até esse momento.

Ao meu Orientador, Professor Doutor Silvio Persivo.

A Equipe de Docentes do Curso de Ciências Econômicas.

Além de um especial agradecimento a Universidade Federal de Rondônia.

7

"A verdade de um homem é em

primeiro lugar aquilo que ele esconde."

André Malraux

8

DEFINIÇÕES

BC – Banco Central

DÉFICIT - Saldo negativo entre a receita e a despesa

FATURA PRO FORMA – Documento que espelha todas as particularidades da

operação de comércio exterior pretendida

FIERO - Federação das Indústrias do Estado de Rondônia

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MERCOESTE – Projeto estratégico que busca a integração e o

desenvolvimento da região formada por Estados do Norte e Centro-Oeste do

Brasil, além dos grupos Andino e Amazônico de países vizinhos

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul; Bloco econômico formado por Brasil,

Argentina, Paraguai e Uruguai, tendo a Venezuela em processo de adesão e

mais Bolívia, Chile, Peru, Equador e Colômbia como países associados

PIB – Produto Interno Bruto

PIB Per Capita – Produto Interno Bruto da Região dividido pelo total de

habitantes

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEFIN – Secretaria de Finanças

SUPERÁVIT - O excesso da receita sobre a despesa num orçamento

WELFARE STATE - Estado de bem-estar social

9

TABELAS

Tabela 01 - Produto Interno Bruto de Rondônia a partir do ano de 2004

Tabela 02 – Composição do PIB de Rondônia

Tabela 03 – Balança Comercial de Rondônia

Tabela 04 – Transações Correntes por Estado

GRAFICOS

Gráfico 01 – Evolução do PIB de Rondônia

Gráfico 02 – PIB per capita de Rondônia

Gráfico 03 – Crescimento da renda disponível x consumo

Gráfico 04 – Balança Comercial de Rondônia

FIGURAS

Figura 1 – Saídas para o Pacífico

10

Sumário

Introdução 12

1. A Economia de Rondônia e o Mercado Externo 13

1.1. Crescimento do PIB rondoniense no período de 2004 a 2008 13

1.2. Definição de Produto Interno Bruto – PIB 16

1.3. PIB e Sua Composição 17

1.4. PIB e a Contabilidade Regional 20

2. Definição de Balança Comercial 21

2.1. Importância da Balança Comercial 22

2.2. Balança Comercial de Rondônia 22

3. Comércio Exterior e Crescimento do PIB 24

4. Desenvolvimento Econômico x Crescimento Econômico 25

4.1. Crescimento Baseado nas Exportações 28

4.2. Política de Exportação 30

4.3. Razões Para Exportar 31

4.4. O Que Exportar? 33

4.5 Para Quem Exportar? 34

5. Rondônia e o acesso ao Mercado Exterior – Cenário atual,

dificuldades e barreiras 36

6. Importância da Infraestrutura para Desenvolvimento Regional 37

7. Transformações e Vulnerabilidade do Comércio 39

8. Perspectivas para o comércio exterior em Rondônia 40

Conclusão 46

Referências Bibliográficas 48

11

Introdução

Baseado em um cenário de positivo crescimento dos índices

econômicos do Estado de Rondônia e também do Brasil, busca-se demonstrar

como tais indicadores podem de fato trazer além de um crescimento também

um desenvolvimento socioeconômico para a Região.

Rondônia que hoje passa por um novo ciclo econômico busca com o

aprendizado dos malefícios de ciclos anteriores, como os da borracha, do ouro

e da cassiterita, aproveitar de forma benéfica os investimentos e uma possível

integração regional através da Estrada para o Pacífico e construções de usinas

hidrelétricas no estado e também em Regiões da Bolívia em parceria com o

governo brasileiro sair fortalecido, evitando-se uma posterior estagnação da

economia como ocorrido em eventos anteriores.

Buscando definir a importância da exportação há a necessidade de

expor os motivos para o comércio internacional. Relaciona-se, portanto, as

barreiras enfrentadas principalmente em infraestrutura e falta de incentivos do

Estado, na forma de crédito para expansão desse mercado.

Como fundamentação teórica, traz-se como base a Teoria de Promoção

das Exportações, e regiões que se utilizam de tal modelo econômico como

exemplo, para que se possa concluir as vantagens e desvantagens de uma

região investir no comércio exterior. Trazendo ainda, as definições de PIB,

Balança Comercial, Crescimento e Desenvolvimento Econômico.

Como análise do momento atual do Estado, apresenta-se como

indicadores econômicos o PIB e o PIB per capita no período de 2004 a 2008,

além dos valores de exportação, importação e o saldo da balança comercial no

período de 2004 a Outubro de 2010.

12

1. A Economia de Rondônia e o Mercado Externo

Situado na Região Norte do Brasil o Estado de Rondônia possui uma

extensão territorial de 237.576,167 quilômetros quadrados, divido em 52

municípios e como capital Porto Velho, tendo uma população de 1.535.625

habitantes com a 3ª economia da região, atrás de Amazonas e Pará segundo

dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística, apresentados no

Relatório do Censo 2010.

Tem como principais cidades – além da capital – Ji-Paraná, Ariquemes,

Cacoal e Vilhena.

1.1. Crescimento do PIB rondoniense no período de 2004 a 2008

No ano de 2008 o PIB rondoniense teve um crescimento de 3,2%, em

volume se comparado com o mesmo período de 2007. Esse dado reafirma a

condição de 3ª economia da Região Norte, ficando atrás apenas dos estados

do Pará e Amazonas. Porém se comparado nacionalmente, em 2008, ocupou

apenas a 23ª colocação e no acumulado de 2002 a 2008, em volume, ocupa a

10ª colocação no ranking nacional e uma participação de 0,6% no PIB

nacional.

Podemos verificar conforme tabela abaixo que o PIB de Rondônia teve

uma evolução significativa no período de 2004 a 2008 se comparado aos

outros estados da região, saindo de R$ 11.260.000,00 para R$ 17.888.000,00:

Tabela 01 - Produto Interno Bruto de Rondônia a partir do ano de 2004

Ano PIB (mil reais)2008 17 8882007 15.0032006 13.1072005 12.8842004 11.260

Fonte Elaboração própria com base em dados do IBGE.

13

Gráfico 01 – Evolução do PIB de Rondônia

Fonte: Elaboração própria com base em dados do IBGE.

De acordo com esse mesmo levantamento o PIB Per Capita de

Rondônia em 2008 foi de R$ 11.976,71 (Onze mil, novecentos e setenta e seis

reais e setenta e um centavos), com variação real de 3,2% comparado com o

ano anterior. Em relação a região Norte, sua colocação foi a 2ª em 2008, atrás

apenas do Amazonas, no ano anterior ocupava a 3ª, atrás do Amazonas e de

Roraima, conforme ranking da região demonstrado no gráfico a seguir:

Gráfico 02 – PIB per capita de Rondônia

Fonte: Elaboração própria com base em dados do IBGE.

14

De acordo com dados do Relatório de Contas Nacionais, produzido pelo

IBGE para o período de 2004 a 2008, a Agropecuária ainda compõe um dos

principais segmentos na participação do PIB estadual com 23% da atividade

econômica e um volume de 4,3% do seu valor adicionado, participando com

2,4% do setor brasileiro. Outro setor importante para a economia do Estado a

Agricultura, silvicultura e exploração florestal contribuíram com um volume de

11,5%, carregada principalmente por uma expansão de 382% do valor

adicionado da cana de açúcar, 24% do cultivo de café, 10,2% do cultivo de

cereais e 35,5% do cultivo de soja. Dos setores primordiais ao Estado, a

Pecuária e a Pesca, obtiveram resultados desanimadores, com patamar

próximo a zero, tendo retrações em alguns subsetores como na criação de

suínos com um resultado de -29%, criação de aves -7,4% e criação de bovinos

e outros produtos de origem animal com -0,1%, esta última encarregada por

97% do valor adicionado da Pecuária e Pesca do Estado.

Ainda que de forma tímida, o setor industrial obteve um crescimento de

6,7%, representando 12,4% do valor adicionado do estado, porém com apenas

0,3% de participação no resultado brasileiro. Os desencadeadores do

crescimento industrial no estado foram a indústria extrativa com 13,4% e a

construção civil com 11,8%. A Produção e distribuição de eletricidade e gás,

água e esgoto e limpeza urbana apresentou crescimento de 4,5%, seguida das

Indústrias de transformação com 4,0%.

Na tabela 02 a seguir pode-se verificar as atividades econômicas que

compõem o PIB rondoniense, com destaque para pecuária e pesca, agricultura,

indústria de transformação, construção civil e o comércio e serviços de

manutenção e reparação. É possível verificarmos ainda a dependência do

estado junto à administração pública, que corresponde no ano de 2008 a

27,9% do total do PIB estadual.

15

Tabela 02 – Composição do PIB de Rondônia

Fonte: Conta Regionais 2004 -2008 – IBGE

1.2. Definição de Produto Interno Bruto – PIB

O Produto Interno Bruto é uma estatística utilizada para informar qual é a

renda total do país e o gasto total com sua produção de bens e serviços em

certo período, exprime o valor da produção realizada dentro das fronteiras

geográficas de uma região, independentemente da nacionalidade das unidades

produtoras. Seu objetivo é resumir em um único número o valor em dólares da

atividade econômica em um determinado período. Ou seja, mede o

desempenho econômico de uma região. Quanto maior a produção de bens e

serviços de uma economia, mais ela poderá satisfazer as demandas de

famílias, empresas e governo.

Para calcular o PIB é necessário combinar o valor dos bens e serviços

em uma única medida. Procura-se calcular o PIB de forma que possa refletir a

produção corrente de bens e serviços da economia. Para que um produto não

seja contado mais de uma vez e seu valor dobre numa produção que ocorre

16

em vários estágios, soma-se o valor agregado em cada estágio da produção e,

inclui-se apenas o valor dos bens finais.

Já para calcular serviços habitacionais e outras imputações, usa-se o

valor imputado, que seria uma estimativa do valor desses bens. Porém,

nenhuma imputação é feita para o valor dos bens e serviços vendidos na

economia informal, ou seja, esses valores são deixados de fora do calculo do

PIB. (MANKIW, 2004)

De acordo com Blanchard 2004) o PIB é classificado como sendo

nominal e real. O primeiro é simplesmente a soma das quantidades de bens

finais multiplicada por seus preços atuais. Por conseqüência, o PIB terá um

aumento ao longo do tempo, principalmente, porque a produção e o preço da

maioria dos bens aumenta ao logo do tempo. Porém, se quisermos medir a

produção e suas variações ao longo desse período, deve-se eliminar o efeito

do aumento nos preços no cálculo do PIB. Dessa forma, o PIB real será

calculado como a soma das quantidades de produtos finais multiplicada por

preços constantes (em vez de preços correntes).

A desvantagem de se utilizar o PIB real na prática é o fato de uma

economia ter mais de um bem final. O PIB real deve ser definido como uma

média ponderada da produção de todos os bens e serviços finais, levando a

discussão de que pesos atribuir para calcular essa média.

Quando há nesse cálculo do PIB um crescimento positivo, é definido

esse período como de expansão, e se há um crescimento negativo, é

chamado recessão. Ainda de acordo com Blanchard (2004), para evitar-se que

apenas um trimestre seja chamado de recessão, é utilizado esse termo apenas

quando há dois ou mais trimestres consecutivos de crescimento negativo, pois

em alguns casos, essas economias podem passar apenas por uma

desaceleração.

1.3. PIB e Sua Composição

Blanchard (2004) afirma que é necessário inserir três componentes no

cálculo do PIB, como pode-se verificar a seguir:

O primeiro indicado na formula de contas nacionais pela letra C

(consumo), corresponde pelos bens e serviços adquiridos pelos consumidores.

17

A decisão para se consumir provém de muitos fatores, porém, essa decisão é

determinada principalmente pela renda, ou mais precisamente, pela renda que

se torna disponível, isto é, tudo aquilo que permanece com o consumidor,

depois que este fez os pagamentos de impostos.

Portanto, se há um aumento na renda disponível do consumidor, esse

comprará mais bens, enquanto que por outro lado, quando a renda diminui, o

consumidor tende a comprar menos.

Pode-se definir a equação de consumo como sendo:

C = C ( YD )

(+)

O sinal positivo representado abaixo da fórmula significa que quando a

renda disponível aumenta, o consumo também crescerá.

Pode-se utilizar a equação até de forma mais específica, relacionando

consumo e renda da seguinte forma:

C = c0 + c1YD

Nesse caso a função tem uma relação linear, caracterizando portanto,

por dois parâmetros, c0 e c1.

Pode-se chamar c1, de propensão marginal a consumir, e mostra o

efeito da adição de renda sobre o consumo. Blanchard, cita duas restrições

sobre c1, a primeira de que ele seja positivo, pois o aumento da renda

disponível tende a causar a elevação do consumo e, a segunda é que ele seja

menor que 1, o que nos leva a observar que as pessoas tendem a consumir

apenas uma parte de qualquer aumento da renda e poupar o restante.

Já no caso de c0, representa o que as pessoas consumiriam se sua

renda disponível no ano fosse igual a zero, isto é, mesmo que a renda

disponível seja igual a zero, as pessoas continuam a consumir, pois

necessitam se alimentar e, conseqüentemente deixando de poupar e até

mesmo se desfazendo de seus ativos ou fazendo empréstimos.

O Gráfico 03 a seguir demonstra a relação entre o crescimento da renda

disponível e o consumo:

18

Gráfico 03 – Crescimento da renda disponível x consumo

O autor afirma ainda, que é necessário incluir na equação os impostos

pagos subtraídos das transferências governamentais recebidas pelos

consumidores, nesse caso representado pela letra T, chega-se então a

seguinte equação:

YD ≡ Y - T

Substituindo YD na equação principal chega-se a:

C = c0 + c1 (Y-T)

Portanto, quanto mais altos os impostos maior será a retração do consumo,

visto que a renda disponível tende a diminuir nesse cenário.

O segundo componente no cálculo do PIB é representado pela letra I

(investimento), e corresponde as aplicações de capital em bens de capital,

objetivando a geração de lucros, por meio de aquisições de maquinários,

equipamentos, edificações e até na compra de títulos financeiros.

Para a tomada de decisões em se investir depende, segundo Blanchard

(2004), de dois fatores:

O primeiro consiste, quando uma empresa se depara com o aumento de

suas vendas, e para expansão de sua capacidade produtiva torna-se

necessário adquirir novos maquinários, construir novas fábricas para atender

uma nova realidade no aumento dessa demanda.

Há ainda um outro fator, a taxa de juros. Determinante na decisão de

aquisição de empréstimos e financiamentos para obter novos maquinários,

construir novas unidades para expansão da empresa, pois se os juros forem

elevados, os lucros adicionais gerados por essa expansão, poderão não ser

Inclinação = C1

C0

Renda disponível

Função consumoC = c0 + c1YD

CONSUMO

19

suficientes para cobrir os pagamentos dos juros não sendo, portanto, vantajosa

essa tomada de decisão.

Para formulação da equação utiliza-se investimento em estoques igual a

zero, chegando a seguinte conclusão:

I = I ( Y , i )

( + , - )

Nesse caso, o sinal “+” abaixo de Y, indica que o aumento da produção

leva ao aumento do investimento, sendo que o sinal “-“ indicará uma redução

no investimento.

O terceiro componente no calculo do PIB é representado por G (gastos

do governo) e corresponde aos bens e serviços adquiridos pelos governos,

tanto na esfera federal quanto na estadual e municipal. Entram nesse cálculo

desde produtos e suprimentos para escritório, veículos e obras até contratação

e pagamento de serviços prestados por funcionários ao governo que em

seguida são fornecidos a população em geral. Porém, não são todos os gastos

do governo que entram no calculo do produto interno bruto, pois nem todos

nesse caso, representarão uma demanda por bens e serviços de produção

corrente, chamadas transferências governamentais, como pagamento de

Previdência Social, assistência médica e juros.

1.4. PIB e a Contabilidade Regional

O PIB é um dos fluxos que merece maior destaque na contabilidade

regional, pois representa o valor total dos bens e serviços produzidos em certo

período.

Para Clemente (1984) incluir o governo na Contabilidade Regional é

difícil por ser necessário distinguir entre governos da região e governos

internos à região e o governo central. Tem grande destaque e influência o

Governo Central que obtém receitas e realiza despesas na região além do

setor externo da região, o chamado Resto do Mundo. Este por sinal influi de

duas formas: fornecendo mercadorias e serviços e adquirindo mercadorias e

serviços da região. O valor do produto da região pode ser visto da seguinte

forma:

*)(*)(*)(*)( XXIIGGCCPIB

20

os asteriscos são usados para indicar os valores dos produtos importados e,

estes, se forem separados, ficarão assim:

MXGICPIB

XGICXGICPIB

*)***(

M, portanto, representa o valor total dos bens importados.

Reescrevendo a equação, tem-se:

)( GICPIBMX

representando as transações comerciais com o setor externo. Demonstrando

que se o PIB for maior do que o total das despesas de consumo haverá um

saldo positivo (superávit), ou se do contrário o PIB for menor haverá um saldo

negativo (déficit). (CLEMENTE, 1984, p. 27.)

2. Definição de Balança Comercial

Segundo Mankiw (2004) a Balança Comercial, também denominada

exportações líquidas, serve para dizer como o comércio de bens e serviços se

afasta do ponto de referência de importações e exportações iguais.

Tomando a forma de identidade da conta da renda nacional:

NXIS

veremos que as exportações líquidas devem sempre igualar a diferença entre

sua poupança e seu investimento.

A diferença entre poupança interna “S” e investimento interno “I”, é

chamada de fluxo líquido de capital para o exterior. Este sendo positivo, é

porque a poupança foi maior que o investimento, então é necessário que se

empreste o superávit para estrangeiros. Ao contrário, o saldo sendo negativo,

significa que o investimento ultrapassou a poupança, sendo necessário

financiar esse excedente pegando empréstimos do exterior. Portanto, a

identidade da conta da renda nacional, mostra que o fluxo líquido de capital

para o exterior é igual à balança comercial.

NXIS

ComercialBalançaExterioropCapitaldeLíqFluxo

/.

Se S-I e NX forem positivos, há então um superávit comercial e,

portanto, essa economia passa a ser credora, visto que ela exporta mais do

que importa, sendo necessário equilibrar a balança comercial. Mas se S-I e NX

21

forem negativos, há nesse caso um déficit comercial, e essa economia passa a

ser devedora, pois importa mais do que exporta. E, se caso S-I e NX forem

iguais à zero, haverá nesse caso um comércio equilibrado, sendo o valor das

exportações e importações equivalentes. (MANKIW, 2004)

2.1. Importância da Balança Comercial

A Balança Comercial tem influência não somente com relação ao papel

que esta desempenha em fechar a equação macroeconômica pelo lado

externo, mas também facilita o próprio ajuste fiscal por meio de expansão das

receitas, como acumular os recursos políticos para dar seguimento as

reformas. Faz-se necessário, portanto que uma política de ajuste da balança

comercial e desenvolvimento das exportações conte com recursos político-

administrativos de forma equilibrada e estável, além de investimentos voltados

para os setores produtores de bens comercializáveis.

2.2. Balança Comercial de Rondônia

Conforme dados da tabela e gráficos a seguir, verifica-se que o saldo da

Balança Comercial em Rondônia no período de 2004-2010*, apresentou

sempre um saldo positivo indicando um superávit. As exportações

apresentaram até o ano de 2008 um constante crescimento, contribuindo

historicamente para o melhor saldo na balança do estado quando atingiu seu

ápice, porém, em 2009 afetado principalmente pela crise econômica mundial

causada pela chamada crise imobiliária dos Estados Unidos as exportações

apresentaram uma significativa queda puxando para baixo o saldo da balança.

Ao contrário das exportações que tiveram uma crescente e depois uma

significativa queda, as importações no período apresentaram sempre uma

elevação nos valores tendo seu ápice no ano de 2010. As importações em

Rondônia no período analisado sempre apresentaram valores menores que as

exportações, tornando o estado superavitário.

22

Tabela 03 – Balança Comercial de Rondônia

Ano Exportação (R$) Importação (R$) Saldo2004 133.536.192,00 12.186.793,00 121.349.399,002005 203.018.999,00 21.742.592,00 181.276.407,002006 308.752.551,00 55.174.592,00 253.577.959,002007 457.551.800,00 67.805.447,00 389.746.353,002008 582.669.443,00 152.720.272,00 429.949.171,002009 391.236.372,00 166.286.540,00 224.949.832,00

20101 383.654.544,00 179.445.823,00 204.208.721,00Fonte: Elaboração própria com base em dados do ALICEWEB

Gráfico 04 – Balança Comercial de Rondônia

Fonte: Elaboração própria com base em dados do ALICEWEB

No acumulado para o ano de 2009, conforme descrito na tabela a seguir,

Rondônia ocupa a 20ª posição à nível nacional em relação a transações

correntes, que é o somatório das exportações e importações de cada estado.

Cabe salientar a importância da Balança Comercial para o crescimento e

desenvolvimento de uma região, além de determinar as diretrizes para a

política econômica de um país, levando o estado a tomar decisões de quais

setores deverão receber investimentos, como deverá ser a política cambial

favorecendo ou não as exportações. Conseqüentemente acarretará no

aumento ou declínio da expansão e produção das empresas.

1 Dados acumulados em 2010 até o mês de Outubro.

23

Tabela 04 – Transações Correntes por Estado

Ranking dos estados - Saldo em transações correntes - 2009 (Valores em US$ FOB)

Estado Exportação Importação SaldoCorrente de Comércio

1º São Paulo 42.380.659.844 50.487.460.146 -8.106.800.302 92.868.119.990

2º Minas Gerais 19.517.677.395 7.350.823.607 12.166.853.788 26.868.501.002

3º Rio de Janeiro 13.519.419.301 11.644.517.457 1.874.901.844 25.163.936.758

4ºRio Grande do Sul 15.236.061.960 9.470.027.472 5.766.034.488 24.706.089.432

5º Paraná 11.222.826.796 9.620.859.071 1.601.967.725 20.843.685.867

6º Santa Catarina 6.427.660.746 7.286.046.758 -.858.386.012 13.713.707.504

7º Espirito Santo 6.510.240.948 5.484.253.256 1.025.987.692 11.994.494.204

8º Bahia 7.010.799.752 4.672.580.490 2.338.219.262 11.683.380.242

9º Mato Grosso 8.426.868.709 792.396.073 7.634.472.636 9.219.264.782

10º Pará 8.345.255.133 794.345.348 7.550.909.785 9.139.600.481

11º Amazonas 883.865.848 6.939.189.833 -6.055.323.985 7.823.055.681

12º Goiás 3.614.963.748 2.852.689.970 762.273.778 6.467.653.718

13ºMato Grosso do Sul 1.937.634.439 2.690.230.313 -.752.595.874 4.627.864.752

14º Maranhão 1.232.814.138 1.993.435.662 -.760.621.524 3.226.249.800

15º Pernambuco 823.971.896 1.981.197.294 -1.157.225.398 2.805.169.190

16º Ceará 1.080.168.033 1.230.477.417 -.150.309.384 2.310.645.450

17º Distrito Federal 130.080.236 1.091.421.417 -.961.341.181 1.221.501.653

18º Alagoas 824.053.427 112.431.688 711.621.739 936.485.115

19º Paraíba 158.200.879 433.709.955 -.275.509.076 591.910.834

20º Rondônia 391.236.372 166.354.398 224.881.974 557.590.770

21ºRio Grande do Norte 258.103.664 149.927.581 108.176.083 408.031.245

22º Tocantins 280.218.094 127.573.991 152.644.103 407.792.085

23º Piauí 167.466.199 68.477.130 98.989.069 235.943.329

24º Amapá 182.838.833 40.155.526 142.683.307 222.994.359

25º Sergipe 60.729.971 153.309.997 -92.580.026 214.039.968

26º Roraima 12.686.111 10.069.470 2.616.641 22.755.581

27º Acre 15.720.476 1.393.382 14.327.094 17.113.858

Fonte: Elaboração própria com base em dados do ALICEWEB

3. Comércio Exterior e Crescimento do PIB

Sabe-se que as operações de comércio exterior tiveram um papel

determinante no crescimento do PIB, principalmente nos últimos anos. Tendo

como destaque a exportação de produtos agrícolas, minérios, grãos,

automóveis e aeronaves, o país passou de números negativos a números

positivos na Balança Comercial e no PIB.

No Livro Comércio Exterior Brasileiro (Ed. Atlas. 1999), José Lopes

Vazquez cita o escritor John Williamson que afirma que:

“o desenvolvimento econômico pode ser definido como oprocesso através do qual uma sociedade tradicional que

24

empregue técnicas primitivas e que, portanto só pode manterum nível de renda per capita modesto, transforma-se numaeconomia moderna, de alta tecnologia e de elevada renda. Oprocesso evolve a substituição da produção intensiva da mãode obra qualificada e conhecimentos científicos paraproduzirem a grande variedade de produtos consumidos numasociedade rica. Na economia de subsistência, a produção éessencialmente para o próprio uso e as trocas são marginais;na economia moderna, existe uma divisão de trabalhoavançada na qual todos se especializam na produção de bensque só satisfazem a uma parcela diminuta das necessidadestotais, de modo que a produção é, essencialmente, para omercado, e a produção para uso próprio é marginal”.

Para o sucesso de uma estratégia nacional de exportação, é necessário,

portanto, uma aliança entre Estado e iniciativa privada. Pois uma maior

produção elevará em conjunto as vendas, os lucros, arrecadação de impostos,

assistência social, além de mais postos de trabalho.

Para Vazquez, o Estado tem que abdicar o recebimento de parte dos

impostos em benefício do próprio crescimento econômico, recuperando esses

valores que deixaria de receber no momento da exportação mais tarde, via

salários pagos, impostos retidos e, conseqüentemente aumento do consumo

das famílias.

Além dos incentivos no que diz respeito a carga tributária é preciso

ainda, que o Estado reforce a imagem internacional, trazendo tranqüilidade aos

investidores e as bancos e uma das medidas para que se tranqüilize o mercado

seria uma política de fomento ao crédito, para que haja qualidade e

transparência aos negócios efetuados uma vez que os bancos e as empresas

poderiam planejar seus financiamentos a curto e longo prazo garantindo tais

operações.

4. Desenvolvimento Econômico x Crescimento Econômico

Crescimento econômico refere-se ao crescimento da produção e da

renda, enquanto que o desenvolvimento, à elevação do nível de vida da

população. É necessário observar que, em condições normais, a elevação do

nível de vida da população somente é possível a partir da elevação do nível de

renda da sociedade. Se a elevação da renda não for superior ao crescimento

25

demográfico, a sociedade como um todo estará empobrecendo e não seria

adequado falar em desenvolvimento.

Porem há ainda o conceito de desenvolvimento que merece ser

considerado, intitulado desenvolvimento auto-sustentado. Este consistiria em

uma série de transformações da sociedade que se realizam em cadeia, de

forma auto-sustentada e, que uma vez desencadeado, apresentaria uma

seqüência de fases, criando condições necessárias para a fase subseqüente.

Desenvolvimento, portanto, representa um processo duradouro de

transformação da sociedade. (Clemente, 1984)

Segundo Lima (2010), a exportação não diversificada e não crescente, a

insuficiência de capital e a concentração de renda são pontos difíceis de serem

vencidos para atingir o desenvolvimento. Somente com uma ação concreta do

Estado em favor do desenvolvimento é possível atingir o welfare state para a

população.

Ainda segundo Lima (apud Furtado, 1997), quando uma nação tem

insuficiência do crescimento econômico em relação ao crescimento

populacional, com concentração de renda pode-se dizer que a nação vive o

subdesenvolvimento.

Em seu livro Lima trata de subdesenvolvimento como sendo a economia

que está se desenvolvendo, porém, com um crescimento ainda dualista em que

algumas empresas trabalham com porte bem desenvolvido, utilizando-se de

tecnologias avançadas no processo de produção de forma acelerada, enquanto

que outras empresas ainda trabalham em um processo de produção

tradicional, com baixa qualificação de mão de obra e menos modernização em

seus equipamentos. Essa dicotomia acaba gerando uma alta concentração de

renda nas mãos de poucos, levando a uma insuficiência na arrecadação dos

tributos e, conseqüentemente em baixos investimentos em políticas públicas de

desenvolvimento do país.

Apesar de significarem aumento, desenvolvimento e crescimento

econômico possuem diferenças. Crescimento seria, portanto, um aumento da

produção, porém, não significaria melhoria na qualidade de vida da população.

No caso do crescimento econômico em uma região subdesenvolvida os efeitos

são ainda mais danosos, visto que o excedente de renda em sua maioria é

transferido para outros países, diminuindo a capacidade de investimentos do

26

Estado, o crescimento da produção de bens populares e de alimentos,

fechamento de empresas tradicionais devido ao pouco dinamismo do setor

interno, além de um baixo poder de compra da população, causado por baixos

salários.

Já o desenvolvimento, alia o crescimento econômico a um aumento

considerável na qualidade de vida, gerando um ciclo positivo que torna a

economia nacional em uma economia moderna, eficiente e com melhores

condições para a população.

Para lima (apud Souza, 1999), o desenvolvimento econômico se dá a

partir de um contínuo crescimento econômico, maior que o crescimento

demográfico, envolvendo mudanças estruturais e melhorias de indicadores

socioeconômicos. O Desenvolvimento, portanto, ao contrário do crescimento

econômico é um processo de longo prazo, implicando o fortalecimento da

economia nacional, a ampliação da economia de mercado e a elevação geral

da produtividade.

O desenvolvimento gera o aumento da diversidade do mercado e

de produção e consequentemente um impulso no progresso tecnológico, além

do aumento do capital e da renda per capita a longo prazo. Com a expansão do

mercado interno, crescem as possibilidades de emprego e a arrecadação

pública do Estado, aumentando assim as possibilidades de suprir as

necessidades básicas da população abaixo da linha da pobreza.

O crescimento da renda per capita ao longo do tempo ocorre quando o

crescimento econômico se torna mais alto quando comparado com o

crescimento da população, deve se observar para uma melhor análise como

indicador social como se dá sua distribuição junto a população.

Os indicadores do desenvolvimento mais utilizados são: o índice de

expectativa de vida, a taxa de criminalidade, de analfabetismo, de mortalidade

infantil e a renda per capita sendo a mais utilizada dentre os indicadores,

mesmo não medindo o índice de concentração de renda e bem-estar da

população de baixa renda.

No índice de concentração, um dos motivos da desigualdade regional

acontece devido a procura das empresas por locais com uma boa infraestrutura

de acordos com suas necessidades para se instalarem, gerando uma

concentração das empresas em apenas uma determinada região de interesse,

27

aumentando assim o número de desemprego nas demais regiões e o governo

obtém por suas vez passa a enfrentar problemas na arrecadação tendo que

aumentar seus gastos com pessoal que o impossibilitará de fazer um bom

investimento em infraestrutura, na educação, saúde, segurança e demais áreas

de serviços essenciais que são de responsabilidade do governo.

Utiliza-se ainda para verificar o nível de subdesenvolvimento, índices de

taxas de violência, prostituição, subnutrição, analfabetismo e acesso a

saneamento básico, visto que são situações geradas pela falta de

investimentos em serviços essenciais, quando o gasto público não é suficiente

para amenizar tais problemas, sendo percebidos inclusive em nações

industrializadas.

4.1. Crescimento Baseado nas Exportações

Quando a economia interna é vinculada a economia mundial há uma

estratégia definida chamada de Política Orientada às Exportações ou

simplesmente Crescimento Baseado nas exportações. Ao contrário do que

acontece na Teoria de Substituição de Importações, em que almeja-se o

crescimento por meio de proteção dos setores locais que possuem

desvantagens comparativa, essa estratégia envolve, segundo Carbaugh

(2004), a promoção do crescimento por meio da exportação de bens

manufaturados. É possível que haja controle do comércio, porém, de forma

bastante reduzida e, em alguns casos inexistentes, no sentido de que toda a

falta de incentivo para exportar resultante de barreiras à importação é

contrabalançada por subsídios à exportação. A industrialização nesse caso é

considerada como uma resultante natural do desenvolvimento, ao invés de ser

um objetivo realizável à custa da eficiência da economia.

Essa politica possui algumas vantagens importantes que contribuem ao

desenvolvimento:

1. Os países em desenvolvimento podem se utilizar dessa teoria

para incentivar setores dos quais possuem vantagens

comparativas, tais como bens manufaturados trabalho-intensivo;

28

2. Permite às empresas nacionais a possibilidade de obterem

economias de escala, visto que há um mercado com mais

possibilidades para destinação de suas vendas;

3. Proporciona as empresas nacionais se disciplinarem a concorrer

com empresas externas, aumentando assim a eficiência na

produção, troca de experiências e aumento na qualidade dos

produtos, causado principalmente pela redução nas restrições aos

produtos importados.

Contudo, para que se tenha sucesso nessa política de exportação uma

nação deve contar com a vontade e habilidade dos países importadores, em

especial os países industrializados, em continuarem absorvendo grandes

quantidades de bens manufaturados, pois as nações industrializadas passaram

com o passar do tempo a ficarem cada vez mais apreensivas em relação à

concorrência estrangeira, especialmente em períodos de crise econômica e de

desemprego elevado.

As politicas com orientação externa introduzem a concorrência

internacional nos mercados locais, o que incentiva as empresas eficientes e

desincentiva as ineficientes, criando um ambiente mais competitivo, permitindo

uma maior produtividade e, consequentemente, um crescimento econômico

mais rápido.

Pode-se tomar como exemplo de regiões que obtiveram sucesso com a

política de promoção das exportações os países do Leste Asiático, os

chamados “Tigres Asiáticos”. Cabe salientar, porém, que esse resultado fora

obtido aliado a outras medidas como:

1. Elevadas taxas de investimento;

2. Universalização das educações primárias e secundárias,

construindo uma elevada e crescente dotação de capital humano;

3. Reformas nas leis tributárias

Segundo Carbaugh (2004), é necessário que o país invista em sua

população e proporcione um ambiente favorável para a iniciativa privada,

colaborando assim para um aumento da competitividade. Outra solução

empregada trata da busca por avanços tecnológicos, busca por conhecimento

e experiências externas, além da manutenção da politica de abertura da

economia.

29

Cabe frisar, porém, que devem ser tomadas precauções para que se

busque não somente o crescimento, mas que haja um desenvolvimento

sustentável. É necessário aliar busca pela industrialização a medidas

ambientais para que não haja enormes problemas com poluição como

acontece atualmente nos países asiáticos. Buscar ainda, uma maior

cooperação nas relações internacionais, visto que grandes superávits

comerciais podem provocar uma crescente onda de sentimentos protecionistas

no exterior.

O equilíbrio no comércio é uma ferramenta fundamental nas relações

comerciais entre os países, principalmente com o aumento na concorrência em

um mundo cada vez mais globalizado. Quanto mais importantes as

exportações mais importantes se tornam também as importações na busca da

satisfação da demanda interna e para insumo do setor exportador.

4.2. Política de Exportação

Segundo Vazquez (1999), o principal motivo para exportar do ponto de

vista da economia nacional, é obter recursos para pagamento das importações

necessárias a sua vida econômica. O exportador, além de o país obter divisas,

absorve tecnologia e alcança maior produtividade, além de alcançar uma maior

qualidade de seus produtos.

Mas por que os países mantem relações comerciais entre si?

De acordo com Silva (1987), os países necessitam manter relações

comerciais para adquirir bens e serviços que não possuem e nem tem

condições de produzir, como por exemplo, minérios básicos para produção

industrial ou produtos agropecuários dependentes de características de solo e

clima.

Outros motivos seria adquirir no exterior a custos menores produtos de

consumo corrente no país, além de exportar bens que podem produzir além de

suas necessidades, o que permitiria o pagamento das importações.

A exportação é a atividade que proporciona a abertura do país para o

mundo. É uma forma de se confrontar com os demais parceiros e,

principalmente, assimilar técnicas e conceitos de administração a que não teria

acesso em seu mercado interno.

30

Vazquez cita os seguintes fatores para se obter uma melhor colocação

no ranking de maiores países exportadores:

Trabalhar a imagem do país no exterior;

Ampliar a integração regional, tendo, porém uma postura de efetiva

cooperação;

Inserir a política de comércio exterior no contexto da política econômica,

agrícola, industrial, educacional;

Negociar acordos com os países industrializados, aumentando a

cooperação tecnológica;

Incentivar a exportação de manufaturados com alto valor agregado;

Abolir o imediatismo, no sentido de “querer levar vantagem”;

Qualificar o exportador;

Qualificar o produto;

Incentivar o exportador, não reduzindo e deduzindo impostos ou

concedendo créditos a juros subsidiados, porém:

Fixar as regras do jogo;

Incentivar a internacionalização e a capacitação gerencial;

Reduzir práticas burocráticas;

Praticar uma política cambial realista;

Estar aberto a novas formas de exportação.

4.3. Razões Para Exportar

I. Exportação como uma exigência de política econômica nacional:

A exportação pode revelar-se um imperativo da política econômica do

governo.

A necessidade de gerar divisas para comprar os produtos que não são

produzidos na região, a importação de equipamentos de tecnologia avançada e

até mesmo a formação de reservas para aquisição de mercadorias que, por

motivos estratégicos, se deseja importar: são motivos suficientes para orientar

a política econômica governamental.

31

II. Lucros nas vendas externas motivam o empresário a atuar nessa

área:

Até para evitar sazonalidades nas vendas internas, o empresário pode

aumentar seu leque de compradores, selecionando-os no exterior, de maneira

a não perder suas receitas e objetivando aumentar seus lucros.

III. Exportação como defesa de imprevisíveis alterações no mercado

interno:

A empresa pode e deve prevenir-se de oscilações que o mercado interno

possa oferecer, para evitar surpresas desagradáveis, como o ocorrido no

Brasil, tendo em vista a adoção, em anos anteriores, de “planos” de combate à

inflação, cujos resultados nem sempre foram satisfatórios, com conseqüências

danosas aos produtores e consumidores.

IV. A exportação pode funcionar como um redutor de riscos:

Exportando, o empresário estará diminuindo seus riscos.

V. Cultivo de prestigio:

O produto for exportation, sem dúvida, goza de excelente prestígio junto aos

consumidores. Ao fincar sua marca no exterior, o empresário certamente

desfrutará de mais conceito junto ao mercado nacional.

VI. A exportação atenderá a uma necessidade do país importador.

A exportação, além de atender ao interesse do vendedor, virá ao encontro

do próprio interesse das nações que é o de comprar no exterior aquilo que não

produz internamente, por ignorância, desconhecimento ou até por desinteresse

(Vazquez, 1999).

32

4.4. O Que Exportar?

A concorrência local e internacional, conseqüência da globalização

mundial dos mercados, obriga as empresas a esmerarem-se na qualidade de

seus produtos. E essa procura insistente da qualidade pode levar a empresa a

preparar-se para vender ao exterior, o chamado “made in Brazil”.

Entretanto, cabe observar, que em alguns casos haverá necessidade de

adaptação do produto, em função de embalagem apropriada, de religião,

hábitos culturais, dos costumes, de atendimento às normas técnicas locais, etc.

Abaixo temos alguns cuidados que devem ser tomados pela empresa

para exportar seus produtos:

I. Verificar se o produto atende às necessidades do mercado:

Evidentemente, o produto deverá atender às necessidades do mercado

alvo. Por isso, há a necessidade de pesquisa para saber se o mercado

receberá bem tais produtos;

II. Verificar se o produto atende as necessidades específicas:

É óbvio que a mercadoria vendida deve atender às especificações técnicas

solicitadas e prometidas em contrato ou na fatura “pro forma”;

III. Verificar se o produto apresenta vantagens para o mercado alvo:

O produto deve oferecer um “plus” ao mercado. Se não oferecer vantagens

competitivas, não há motivos para atacar tal mercado. Não haverá retorno

do capital investido;

33

IV. Verificar se o produto é compatível com o clima, se não fere

sentimentos religiosos e não contraria hábitos locais:

Para tanto deverá ser estudado o local receptor do produto. Para evitar que

se venda produtos que firam hábitos e costumes locais ou mesmo que não

atendam de forma satisfatória os desejos do importador.

V. Verificar se o sistema de pesos e medidas utilizados nos produtos

atendem às exigências do mercado a ser atingido:

É necessário verificar antes de fechar o negócio qual o sistema de pesos e

medidas utilizados no país importador. Portanto, é inevitável que se tenha

especial cuidado na fabricação, embalagem e despacho e quanto ao

respeito às normas do país de destino.

VI. Confirmar qual idioma a ser utilizado na embalagem do produto:

Verificar se há necessidade de apor instruções no idioma local ou em

inglês.

VII. Checar se a embalagem é apropriada para o trânsito até a fronteira

do país e no seu interior até a chegada ao destino:

Para não ocorrerem problemas com o acondicionamento do produto final

embalado, verificar se a mercadoria pode ser transportada a granel, em

“containeres”, etc.

4.5. Para Quem Exportar?

Vazquez cita ainda que outra decisão importante a ser tomada por uma

região é a escolha dos países para destinação de suas mercadorias. Para isso,

deverão ser analisados, por exemplo, a localização dos países, a segurança no

recebimento dos pagamentos e as exigências de qualidade dos produtos.

34

Além do risco comercial, é preciso que se avalie o risco político, como

por exemplo, em nações com instabilidade política e problemas com balança

de pagamentos.

Quem são nossos concorrentes no mercado alvo?

É importante saber quem são os concorrentes para que sejam

preparadas estratégias de conquista ou retirada do mercado. Portanto,

deve-se conhecer quem são os competidores e quais as possibilidades

de cada um;

Como funciona o sistema cambial?

Se o sistema cambial é centralizado, revela normalmente que o país tem

dificuldades com sua balança de pagamentos, demonstrando riscos

políticos. Podendo ocorrer, por exemplo, um pagamento por parte do

cliente em moeda local, mas o Banco Central não autoriza a conversão e

remessa das divisas.

Economia fechada e mercado fortemente protegido.

Deve ser analisado o custo benefício de se enfrentar barreiras “não

tarifárias”, pois obrigam o exportador a verdadeiros artifícios para atingir

tal mercado.

Estabilidade política aceitável

Instabilidade política projeta instabilidade econômica. É importante

negociar o recebimento por carta de crédito confirmada por banqueiros

de países com credibilidade.

35

5. Rondônia e o acesso ao Mercado Exterior – Cenário atual,

dificuldades e barreiras

Rondônia possui hoje uma grande perspectiva de crescimento devido a

grandes investimentos por parte do Governo Federal e também de empresas

que aproveitando-se do bom momento estabeleceram-se na região. Porém

para que se mantenha um grau satisfatório de crescimento é necessário

desenvolver-se e expandir sua produção e seus mercados.

Porém, os empresários encontram dificuldades para investir em

qualidade e aumento de produção buscando a exportação devido a diversos

fatores, que também dificultam a chegada de empresas que busquem esse

mercado externo.

Dentre as dificuldades aqui encontradas pode-se destacar a falta de

infraestrutura, como dificuldades logísticas para o transporte de mercadorias,

com deficiências em suas rodovias, a falta de ferrovias, que seria uma solução

para diminuir os custos do produto final, a falta de incentivos para

modernização do transporte hidroviário, que é um transporte menos poluente e

mais barato e a ineficiência do transporte aéreo, que esbarra em burocracias

para implantação de soluções no transporte de cargas.

Outros agravantes são a falta de incentivo governamental e a falta de

crédito para empresas que busquem o setor exportador, além da falta de

planejamento e de certa forma a instabilidade cambial.

Sem poder agregar valor aos seus produtos, o estado acaba por

continuar a buscar a exportação de matérias primas e bens não manufaturados

ou semimanufaturados. Em 2008, por exemplo, de acordo com dados do site

jusbrasil.net, os principais produtos exportados foram carnes de bovinos

desossadas e congeladas, seguidas de grãos de soja, madeira beneficiada e

miúdos bovinos.

No ano de 2008 o estado era o quarto estado exportador de carnes de

bovinos desossadas e congeladas do país, estando abaixo de São Paulo, Mato

Grosso e Goiás. Setor esse, que recebe incentivo através do Programa de

Incentivo Tributário (PIT) que permite a isenção de tributos e contribui para que

se garanta maior disponibilidade de recursos financeiros às empresas para

investimentos na modernização e expansão do parque industrial, e essa

36

concessão de incentivos tributários permite a sobra de recursos para que os

empreendedores invistam no crescimento do setor, principalmente na questão

de frigoríficos, porém de forma muito tímida ainda.

De acordo com o site da SEFIN, no Portal do Governo do Estado,

Rondônia tem como destino de seus produtos não apenas os países vizinhos

mas também para os Estados Unidos, África, Rússia, Arábia Saudita, Holanda,

China, França, Espanha entre outros. Já a Venezuela, Reino Unido, Hong

Kong e Malásia são os quatros principais países que importam produtos de

Rondônia.

6. Importância da Infraestrutura para Desenvolvimento Regional

Para Benitez(1998), as diversas teorias de desenvolvimento regional

demonstram a importância da infra estrutura em diferentes níveis, direta,

indireta e até mesmo de uma forma mais velada. Cita por exemplo Myrdal

(1957), que declara:

“Os efeitos propulsivos de expansão econômicaexistentes nas regiões de um alto nível médio dedesenvolvimento, são fortalecidas pela melhoria dostransportes, das comunicações e dos padrõeseducacionais mais elevados. Como as regiões menosfavorecidas não poderiam manter bom sistema deestradas, e todos os outros serviços públicos teriam baixaeficiência, haveria um aumento das desvantagenscomparativas.”

De acordo com Benitez (apud North), o estágio final de desenvolvimento

regional acontece quando a região torna-se especialista em atividades

terciárias e passa a produzir também para exportação. É necessário dar uma

atenção em especial aos recursos energéticos, além dos custos de transporte,

pois ambos têm papel decisivo nesse estágio. Historicamente o

desenvolvimento dos meios e formas de transporte tem adquirido papel

fundamental no crescimento das exportações e expansão do comércio, pois

quanto menor os custos e agilidade no transporte mais competitivo se torna o

produto no mercado internacional.

Secretaria de Finanças do Estado de Rondônia – www.sefin.ro.gov.br

37

Portanto, o crescimento e desenvolvimento da região só serão

alcançados quando houver uma organização de forma consciente da

infraestrutura, através de transportes modernos, caminhos menos onerosos,

eficiência na comunicação e utilização dos recursos enérgicos, com

participação competente do Estado na elaboração de planejamento,

investimento e manutenção nesses setores.

Nos sistemas de inovação segundo Benitez, deve haver uma

combinação entre vocação regional com tecnologia avançada. Para chegar a

tal ponto, seria necessário incentivos para criação de fatores de inovação,

através da formação de profissionais, criação de parques tecnológicos,

desenvolvimento de infraestrutura de comunicação e apoio a projetos

inovadores. Para a manutenção desse desenvolvimento seria de extrema

importância uma ampliação da cooperação entre as empresas, governo,

instituições de pesquisas, para investimento, melhoria e estudo de projetos

tecnológicos, educativos ou de infraestrutura.

É imprescindível a uma região para o seu crescimento e

desenvolvimento, efeitos incentivadores sobre a infraestrutura, pois esta pode

gerar um efeito sobre a renda, as disparidades regionais, mobilidade espacial

de bens, pessoas, capital e progresso técnico, aumentando assim a

capacidade produtiva, além de fomentar a integração regional.

O autor cita ainda que as redes de transporte, as redes de

comunicações, a oferta de energia e o abastecimento da água, se destacam

por seus influentes reflexos nas atividades produtivas, e nas rendas regionais.,

a infraestrutura representaria portanto, se não o motor, as “rodas “ da atividade

econômica.

Os transportes tornam-se peças fundamentais nessa visão, tanto para o

escoamento da produção quanto para geração de emprego e renda, tendo forte

participação, seja ele rodoviário, ferroviário, naval ou aéreo.

Podemos afirmar, portanto, que uma melhor dotação em infraestrutura,

gera um processo em cadeia. Mais empresas passam a se estabelecer na

região em detrimento a regiões menos estruturadas, aumenta a geração de

emprego e renda, aumenta a possibilidade de expansão das fronteiras agrícola,

maior aproveitamento da terra, as empresas tornam-se mais competitivas,

aumenta-se os indicadores socioeconômicos e havendo uma constante nesses

38

investimentos, obtém-se um cenário importante para o desenvolvimento

sustentável da localidade.

7. Transformações e Vulnerabilidade do Comércio

Hoje todas as nações desejam e buscam progredir economicamente e

atingir um grau de industrialização compatível com o das nações

desenvolvidas. Porém, para se desenvolverem, todas as nações mantêm

determinados controles sobre o seu comércio exterior visando proteger sua

industrialização e defender seus mercados e suas reservas de matérias primas.

Mesmo os países industrializados utilizam-se de artifícios de protecionismo

para salvaguardar seus interesses quando estes se veem ameaçados por

produtos importados em detrimento de seu comercio interno.

Silva (1999) destaca que, quando um país desenvolve a sua indústria

suas exportações e importações vão se modificando. À medida que ele reduz

ou paralisa suas importações de certos produtos que passa a produzir, deixa

também de exportar matérias primas que são transformadas no próprio país.

Porém, essas mudanças criam problemas para os países que perdem

mercados e fontes de matérias primas. Portanto, é necessário que os países

busquem o desenvolvimento tecnológico e a diversificação de seus produtos e

mercados, visto as constantes evoluções nos produtos e no comércio

internacional. Podemos citar por exemplo, a criação de novos produtos que

substituem com vantagem produtos antigos que eram importantes fontes de

divisas para algumas nações. Um exemplo claro é a evolução dos tecidos, com

o surgimento dos tecidos sintéticos, estes substituíram em grande parte outros

fios, como a lã, o tergal e a seda.

Quando uma nação desfruta apenas de crescimento econômico ao

invés de desenvolvimento, esta passa por grandes oscilações do mercado,

visto que os países desenvolvidos buscando a expansão de suas economias

importam mais matérias primas e produtos acabados e exportam capitais,

investindo no exterior, porém quando há uma crise, essas importações são

reduzidas e, consequentemente, as remessas de capital ao exterior, buscando

contornar sua situação interna, o que acarreta em escassez de divisas e

grandes dificuldades econômicas a regiões de economias primárias.

39

Há ainda, outras dificuldades que uma região enfrenta atualmente como

a escassez de matérias primas e de alimentos, causado pelo crescimento do

mercado internacional, o que eleva os preços conduzindo à inflação e

prejudicando o comércio exterior.

Ainda segundo Silva, há dois fatores básicos que explicam como o

comércio exterior favorece o desenvolvimento econômico contribuindo para a

elevação do nível de vida da população:

As nações não estão igualmente equipadas e em condições de produzir

todos os tipos de mercadorias e serviços. Sendo uma mais rica ou mais

pobre em certo fator de produção como por exemplo, recursos naturais

e/ou mão de obra;

Por esse motivo surge uma diferença nos custos de produção de cada

país, o que leva a um comércio entre essas nações, pois há certos

produtos e serviços com custos menores do que se fossem produzidos

internamente.

A existência do comércio entre as nações permite a cada país aproveita-

se de suas aptidões e facilidades e beneficiar-se produzindo aquilo que lhe terá

um custo baixo em troca daqueles que tenham um custo elevado, ou seja, cada

país tende a produzir de acordo com a combinação de recursos naturais,

capital e mão de obra combinados a capacidade empresarial e recursos

tecnológicos disponíveis.

Mesmo se houvesse igual distribuição de fatores produtivos pelas

diferentes regiões do mundo, ainda sim, o comércio internacional seria uma

opção plausível, pois permite troca de experiências, especialização, avanços

tecnológicos e economias de escala.

8. Perspectivas para o comércio exterior em Rondônia

Segundo o economista Valdemar Camata Junior, no Relatório do Perfil

Econômico de Rondônia intitulado “Rondônia: Economia e Desenvolvimento”, o

estado passa por um momento de grandes oportunidades de crescimento e,

sobretudo desenvolvimento sustentável, com o advento de obras e

investimentos estratégicos para o Estado de integração não somente com os

40

próprios estados da Região como também dos países vizinhos com um

mercado consumidor em torno de 140 milhões de habitantes.

Camata destaca ainda em seu relatório, a posição estratégica do estado

possibilitando tais investimentos. Rondônia passaria a abastecer toda a região,

sendo, portanto um “pivô” de integração do chamado MERCOESTE, mercado

que corresponderia às regiões centro-oeste e norte do Brasil somado ao grupo

andino e amazônico de países sul americanos.

Cabe salientar que para o sucesso desse destacado desenvolvimento é

necessário, além da finalização da construção do Complexo de Usinas

Hidrelétricas do Rio Madeira e da Estrada para o Pacifico a realização de mais

obras e investimentos.

Dentre as obras que se destacam nesse contexto estão:

A construção de eclusas no Rio Madeira, além de seu aprofundamento

visando facilitar a sua navegabilidade para o escoamento da produção

regional;

Construção de um novo porto em Porto Velho;

Construção das pontes sobre o Rio Madeira (p/ Rio Branco e Humaitá) e

sobre o Rio Mamoré em Guajará-Mirim, divisa com a Bolívia (área de

livre comércio);

Construção e instalação de uma Zona de Processamento de Exportação

em Porto Velho;

Reconstrução da BR 364 com estrutura para suportar o volume de carga

com destino ao pacífico a partir de 2010;

Construção de um terminal de carga aeroportuária alfandegado, que

comporá um sistema multimodal de transporte em Porto Velho;

Construção de uma ferrovia de Cuiabá a Porto Velho, Rio Branco e

Assis Brasil, na fronteira com o Peru;

Início imediato do projeto da Usina Binacional Ribeirão (3000 MW), em

Nova Mamoré;

Construção do Gasoduto Urucu-Porto Velho.

Ainda segundo Camata tais investimentos são necessários para a

sustentabilidade do crescimento e desenvolvimento do Estado aliado a políticas

41

de cooperação internacional, levando em consideração um mercado

consumidor muito forte de países vizinhos (Chile, Bolívia, Peru, Equador,

Venezuela, Colômbia, Guianas e Suriname). Esses países permitirão grande

expansão do comércio exterior da região, ampliando as exportações de

empresas rondonienses e dos demais Estados. São grandes produtores de

matérias-primas e compradores tradicionais de produtos industrializados. A

consolidação do Mercosul como bloco comercial liderado pelo Brasil passará,

impreterivelmente, pela estruturação do Mercoeste brasileiro, com o

estabelecimento de relações comerciais consistentes com esse grupo de

países. A chegada aos portos de Ilo e Matarani, no Peru e Arica, no Chile,

permitindo-nos o acesso ao Pacífico bem como à rodovia Pan-americana,

possibilitará a distribuição dos nossos produtos e fortalecerá o intercâmbio

comercial com o grupo.

Finda a construção das usinas do Madeira, estará consolidado esse

mercado, se desenvolvido com seriedade e responsabilidade, gerando um

conjunto de oportunidades sólidas para os empreendedores do Estado, em

cujo sucesso reside a manutenção de investimentos, emprego e renda para a

população e a conseqüente sustentabilidade da nossa economia.

A constituição de um eixo de integração com o mercado andino

oportuniza o acesso a produtos regionais necessários, como pescado, alho,

azeitona, sal mineral e fosfato, bem como a um patrimônio cultural de valor

inestimável, a ser explorado por meio do turismo. Tudo isso confere a essa

parceria um enorme potencial de integração regional.

Segundo o Relatório “Perfil Socioeconômico Industrial de Rondônia”,

elaborado pela FIERO em parceria com o SEBRAE/RO, para consolidar essa

integração, é imprescindível a construção de uma infraestrutura básica que

inclua estradas em boas condições, comunicação eficiente, integração aérea e

desburocratização alfandegária.

Os trechos brasileiros que dão acesso ao Peru e à Bolívia pelo Acre e

por Rondônia, por exemplo, já estão concluídos, em termos de pavimentação;

faltando apenas a construção das respectivas pontes. Isso possibilita ao

Estado de Rondônia um mercado potencial que importa a maior parte dos

produtos que consome, faltando apenas interesse e arrojo empresarial para

exploração desse novo mercado.

42

É necessário ainda a implantação de vôos regulares entre Porto Velho e

os principais centros econômicos desses países para consolidar essa relação

comercial com o mercado andino. Os aeroportos de Porto Velho e Rio Branco

já têm capacidade de receber vôos internacionais, porém, por motivos

burocráticos e de certa forma má vontade política, falta incentivos para que o

aeroporto possa implantar esses vôos internacionais. Um do motivos é a falta

de um terminal de carga aeroportuária alfandegado, levando os passageiros e

os produtos a serem obrigados a percorrerem uma distancia maior do que o

necessário quando se tratando de transporte aéreo entre os países vizinho e os

estados do Acre e Rondônia.

Com a regularização de tal empecilho, ocorreria benefícios a diversos

setores, dentre eles está o Turismo, aumentando as chances dos brasileiros

conhecerem pontos turísticos do altiplano andino, como o Lago Titicaca (a

1.600 km de Porto Velho) e regiões históricas da região como, Macchu Picchu

e Vale Sagrado dos Incas, no Peru. O Estado de Rondônia poderá ser a porta

de entrada da região que atrairá mais o turismo europeu e norte americano que

tem como destino a Amazônia, oferecendo passeios a pontos turísticos como,

a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, ao Vale do Guaporé e outras atrações do

ecoturismo local.

De acordo com Montilha e Daroncho (2009), a globalização trouxe aos

países a necessidade de se aproximarem para que se permitam estabelecer

uma complementação de suas economias, com uma maior eficiência de seus

meios de produção.

O Brasil conta hoje com um setor de transportes com deficiências o que

torna o custo de seus produtos elevados.

Com a estrada para o Pacífico haverá uma redução no trajeto dos

produtos brasileiros até os portos asiáticos, que atualmente é Brasil- Estados

Unidos- Ásia. Com o acesso a um porto sul-americano do Pacífico,

representaria economia em fretes e tempo tornando os produtos brasileiros

mais competitivos no mercado Asiático.

O Brasil realiza trocas comerciais com países da bacia do Oceano

Pacífico que representam dois terços da população da terra. Boa parte dessas

trocas comerciais do comércio brasileiro com a Ásia é realizada pelo Canal do

Panamá, que pode ser fechado por questões políticas ou conflitos regionais.

43

Além da saída para o pacífico surgir com uma alternativa para

escoamento da produção, ela surge também como alternativa de integração

nacional dos estados do centro oeste e norte e também com países vizinhos.

Outra característica da saída para o pacífico é de aumentar as possibilidades

do Brasil, visto que hoje o país conta com três possibilidades de transporte

para cargas com destino a Ásia, através do Cabo Horn, Cabo da Boa

Esperança e Canal do Panamá, porém este último cobra altas taxas para

passagens de embarcações segundo Montilha e Daroncho (2009), além de

riscos políticos e conflitos regionais.

A figura a seguir mostra uma comparação de saídas partindo de Porto

Velho rumo ao Pacífico e outra via Atlântico passando pelo Canal do Panamá,

com destino a Ásia.

Figura 1 – Saídas para o Pacífico

Fonte: Artigo Desenvolvimento de novas rotas para exportação através dos Corredores

bioceanicos e a integração sul-americana.

44

Dos corredores estudados como alternativas para o Brasil alcançar o

pacífico, passando pelos países vizinhos, há dois que se tornam fundamentais

para a integração da região e coloca Porto Velho como peça fundamental:

Corredor Porto Velho – Rio Branco – Assis Brasil / Iñapari – Puerto

Maldonado – Jualica – Puno – Ilo / Matarani

Corredor Porto Velho – Abuña – Guajará – Mirim / Guayaramerim –

Caranavi – La Paz – Patacamaya – Tambo Quemado – Arica / Iquique ou Ilo /

Matarani

Os eixos de integração promovem retorno econômico dos investimentos

a serem realizados em infraestrutura. Podendo ser avaliada como um impacto

positivo tendo como exemplo a conclusão da BR-174, gerando uma ligação dos

Estados da Bacia Amazônica com a Venezuela e o Caribe que gerou um

crescimento do comércio inter-regional em cerca de 200%, porém necessita de

uma política articulada de desenvolvimento regional, que mostre as

possibilidades de investimentos para iniciativa privada e demonstrando o

interesse do Governo Federal em tomar decisões políticas para o

desenvolvimento.

Segundo estudos realizados recentemente pela Universidade de São

Paulo-USP e a FGV- Fundação Getúlio Vargas, apontam que a saída para o

Pacífico representará um incremento, num universo de dez anos na questão de

escoamento da produção de grãos produzidos no Centro-Oeste brasileiro e na

Amazônia Ocidental. Induzindo também uma possível colonização através de

assentamentos e diminuindo o fluxo aos grandes centros populacionais da

região Sul e Sudeste brasileiros, como ocorreu com o Estado de Rondônia na

década de 70, aumentando as perspectivas de alavancar os projetos de

infraestrutura e agroindústria gerando milhares de empregos.

45

Conclusão

Após considerar as definições das teorias econômicas aqui

apresentadas, relacionando PIB, Balança comercial, Crescimento e

Desenvolvimento Econômico, cabe ressaltar que o Estado realmente passa por

um momento positivo na economia, alavancado principalmente por setores

como agropecuária e extrativismo em conjunto também por um crescimento da

economia nacional. Em um período a partir de 2004 até os dias atuais os

indicadores econômicos de Rondônia trazem em sua maioria números

positivos, mantendo, por exemplo, um superávit na balança comercial.

É necessário, porém, que esses números positivos sejam

acompanhados de maiores investimentos em infraestrutura, visto que o estado

torna-se carente no setor, apresentando, por exemplo, rodovias em más

condições, um porto que trabalha acima de sua capacidade operacional, um

aeroporto que por questões burocráticas não implantou ainda um terminal de

cargas aeroportuária alfandegado e, ainda, a falta de ferrovias, que juntamente

com o transporte hidroviário são aqueles que possuem menores custos,

barateando o produto em seu valor final podendo assim ter uma maior

competitividade no mercado externo.

Outra barreira para os empresários locais é a falta de incentivos através

de crédito e de planejamento para aqueles que buscam o mercado externo.

É importante que nesse momento de crescimento não somente do

Estado mas também do País que haja interesse e planejamento para tornar tal

crescimento duradouro, buscando ainda um desenvolvimento socioeconômico,

através da expansão do crédito, reforma tributária, planejamento, investimento

em infraestrutura, acordos comerciais e ainda, em educação e progresso

tecnológico, diversificando assim sua produção obtendo maiores vantagens no

mercado internacional.

Rondônia hoje, apresenta-se como 3ª maior economia da Região Norte,

porém, ainda muito refém do setor público e dos setores da agropecuária,

pesca e extrativismo. Tornando-se vulnerável a crises econômicas externas

como aconteceu em 2008, com a Crise Imobiliária nos Estados Unidos, quando

viu suas exportações caírem, diminuindo assim o saldo do superávit em 2009.

46

O estado que é palco de uma das maiores obras em andamento no

mundo – Usinas Hidrelétricas do Complexo Rio Madeira – se vê com

perspectivas também de se tornar cidade pólo no corredor em direção ao

Pacífico, projeto de integração regional, além de encurtar distancia rumo ao

mercado asiatico, buscando se aproximar de Bolívia, Peru, Chile, Equador,

Venezuela, Colômbia, Guianas e Suriname, o que seria um grande passo para

não sofrer novamente com os danos causados por fim de ciclos econômicos

mal planejados e mal executados, não havendo assim uma estagnação

econômica nem um colapso de ordem social, vivenciados historicamente pela

região.

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