a dÍvida, o tempo e a eutanÁsia

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ORA E CONFIA Meimei ... Ora em silêncio e confia em Deus, esperando pela Divina Providência, porque Deus tem estradas, onde o mundo não tem caminhos... Se um dia te encontrares em situações tão difíceis que a vida te pareça um cárcere sem portas; sob o cerco de perseguidores aparentemente imbatíveis; sofrendo a conspiração de intrigas domésticas; na trama de processos obsessivos; no campo de moléstias consideradas irreversíveis; no laço de paixões que te conturbem a mente; debaixo de provas que te induzam à desolação e ao desânimo; sob a pressão de hábitos infelizes; em extrema penúria, sem trabalho e sem meios de sobrevivência; de alma relegada a supremo abandono; na área de problemas criados pelos entes a que mais ames; não desesperes. Ora em Silêncio e confia em Deus, esperando pela Divina Providência, porque Deus tem estradas, onde o mundo não tem caminhos. É por isto que a tempestade pode rugir à noite, mas não existem forças na Terra que impeçam, cada dia a chegada de novo amanhecer.

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A DÍVIDA O TEMPO E A EUTANÁSIA

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Page 1: A DÍVIDA, O TEMPO E A EUTANÁSIA

ORA  E  CONFIA

 Meimei

... Ora em silêncio e confia em Deus, esperando pela Divina Providência, porque Deus

tem estradas, onde o mundo não tem caminhos...

 

Se um dia te encontrares em situações tão difíceis que a vida te pareça um cárcere sem portas; 

sob o cerco de perseguidores aparentemente imbatíveis; 

sofrendo a conspiração de intrigas domésticas;  na trama de processos obsessivos;

  no campo de moléstias consideradas irreversíveis; 

no laço de paixões que te conturbem a mente; 

debaixo de provas que te induzam à desolação e ao desânimo; 

sob a pressão de hábitos infelizes;  em extrema penúria, sem trabalho e sem meios de sobrevivência; 

de alma relegada a supremo abandono; 

na área de problemas criados pelos entes a que mais ames;  não desesperes.

Ora em Silêncio e confia em Deus, esperando pela Divina Providência, porque Deus tem estradas, onde o mundo não tem caminhos.

É por isto que a tempestade pode rugir à noite, mas não existem forças na Terra que impeçam, cada dia a chegada de novo amanhecer.

 

(De “Amizade”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Meimei)

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SUICÍDIO ASSISTIDO – EUTANÁSIATrês dias atrás, morreu a jovem norte-americana Brittany Maynard, de 29 anos, que optou pelo suicídio assistido ao ser diagnosticadacom câncer incurável no cérebro. Caso de repercussão mundial.

(...)

Pergunta – Um dos pioneiros dos transplantes cardíacos fez esta afirmação ao referir-se à prática da eutanásia:

“Não tenho dúvidas em receitar doses excessivas de morfina para pacientes à beira da morte, quando a anestesia já não consegue exterminar a dor. Sou a favor da eutanásia passiva, ou seja, da não realização de tratamento que simplesmente adiaria a morte, como também sou favorável, em certos casos, à eutanásia ativa, ou seja, a que ajuda o paciente a morrer. São os vivos que temem a morte, não os moribundos”. Deparamo-nos, aqui, pois, com o delicado problema da eutanásia médica. Essa prática é moralmente correta aos olhos de Deus?

Chico Xavier

– A eutanásia, observada do Plano Espiritual para o Plano Físico, constitui sempre descaridade e imprudência praticadas pelo homem para com os seus semelhantes. Até nos instantes últimos do veículo físico, o espírito encarnado ainda é suscetível de colher valiosas lições e conquistar recursos de importância inavaliável para os entes que ficam, recursos esses que lhe serão de alto proveito logo após a desencarnação.

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Livro: Janela Para a VidaFrancisco Cândido Xavier, Fernando WormLAKE – Livraria Allan Kardec Editora

EutanásiaEvangelho de Chico Xavier

1 Sou pela valorização da vida, pela esperança, portanto sou contra a eutanásia. A chamada morte piedosa pode interromper, para o Espírito, valioso processo de resgate…

2 Deus não desampara os agonizantes. Os que têm a sua vida prolongada pela Ciência, nos quadros de dor em que os observamos, estão sob a proteção de devotados companheiros da Vida Maior…

3 Às vezes, naquele minuto a mais de agonia, o Espírito alcança a vitória que perseguiu durante toda a existência!…

.Chico Xavier

DÍVIDA E TEMPOEUTANÁSIA

Chico visitou durante muitos anos um jovem que tinha o corpo totalmente deformado e

que morava num barraco à beira de uma mata. O estado de alienado mental era

completo. A mãe deste jovem era também muito doente e o Chico a ajudava a banhá-

lo, alimenta-lo e a fazer a limpeza do pequeno cômodo em que morava.

O quadro era tão estarrecedor que, numa de suas visitas em que um grupo de pessoas

o acompanhava, um médico perguntou ao Chico:

- NEM MESMO NESTE CASO A EUTANÁSIA SERIA PERDOÁVEL?

- NÃO CREIO, DOUTOR, RESPONDEU-LHE O CHICO. ESTE NOSSO IRMÃO, EM

SUA ÚLTIMA ENCARNAÇÃO, TINHA MUITO PODER. PERSEGUIU, PREJUDICOU E

COM TORTURAS DESUMANAS TIROU A VIDA DE MUITAS PESSOAS. ALGUMAS O

PERDOARAM, OUTRAS NÃO E O PERSEGUIRAM DURANTE TODA A SUA VIDA.

AGUARDARAM O SEU DESENCARNE E, ASSIM QUE ELE DEIXOU O CORPO,

ELES O AGARRARAM E O TORTURARAM DE TODAS AS MANEIRAS DURANTE

MUITOS ANOS. ESTE CORPO DISFORME E MUTILADO REPRESENTA UMA

BÊNÇÃO PARA ELE. FOI O ÚNICO JEITO QUE A PROVIDÊNCIA DIVINA

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ENCONTROU PARA ESCONDÊ-LO DE SEUS INIMIGOS. QUANTO MAIS TEMPO

AGÜENTAR, MELHOR SERÁ. COM O PASSAR DOS ANOS, MUITOS DE SEUS

INIMIGOS O TERÃO PERDOADO. OUTROS TERÃO REENCARNADO. APLICAR A

EUTANÁSIA SERIA DEVOLVÊ-LO ÀS MÃOS DE SEUS INIMIGOS PARA QUE

CONTINUASSEM A TORTURÁ-LO.

- E como resgatará ele seus crimes? Inquiriu o médico.

- O irmão X costuma dizer que DEUS USA O TEMPO E NÃO A VIOLÊNCIA.

(Texto extraído do livro “Chico, de Francisco” do autor Adelino da Silveira, páginas 53 e 54, Editora CEU, ano 1987.)

Eutanásia

Plantão de respostas — Emmanuel — Entrevistas

Pergunta: Que postura devemos ter perante a eutanásia? Estando o corpo físico sendo mantido por instrumentos, o Espírito continua ligado a ele ou não?

Resposta: Os profissionais e responsáveis por pacientes que consentem com a prática da eutanásia, imbuídos de ideias materialistas, desconhecem a realidade maior quanto à imortalidade do Espírito. A morte voluntária é entendida como o fim de todos os sofrimentos, mas trata-se de considerável engano. A fuga de uma situação difícil, como a enfermidade, não resolverá as causas profundas que a produziram, já que estas se encontram em nossa consciência.

É necessário confiar, antes de tudo, na Providência Divina, já que tais situações consistem em valiosas lições em processos de depuração do Espírito. Os momentos difíceis serão seguidos, mais tarde, por

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momentos felizes. Deve-se lembrar também que a ciência médica avança todos os dias e que males, antes incuráveis, hoje recebem tratamento adequado, além disso, em mais de uma ocasião já se verificaram casos de cura em pacientes desenganados pelos médicos.

Quanto à outra questão, respondemos que sim, os aparelhos conseguem fazer com que o Espírito permaneça ligado a seu corpo por meio de laços do perispírito. Isso ocorre porque eles conseguem superar, até certo ponto, as descompensações e desarmonias no fluxo vital do organismo, causadas pela enfermidade.

.Francisco Cândido Xavier.Emmanuel

Eutanásia e socorro

Fé, paz e amor — Emmanuel1 A eutanásia, ainda mesmo quando praticada em

nome do amor, será sempre deplorável intromissão da ciência humana nos processos instituídos pela Sabedoria Divina, em favor da recuperação ou do aprimoramento da alma.

2 Que dizer do artista que nas vésperas do término da obra-prima aniquilasse a peça inacabada, a pretexto de compaixão pelo mármore ferido?

3 Como interpretar o lavrador que destruísse a árvore benfeitora, pronta a mitigar-lhe a fome, sob a alegação de que o tronco se desenvolveu tortuosamente, em desacordo com a elegância dos demais exemplares da espécie?

4 A existência na carne é recurso da Providência Divina, a benefício de nosso reajuste, à frente das Leis Eternas.

5 Muitas vezes, o câncer é o meio de expungir as

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trevas que povoam o coração, impedindo-lhe maior entendimento da vida.

6 Em muitas ocasiões, a cegueira irremediável é a restauração da consciência embotada de ontem para o amanhã que lhe sorrirá repleto de luz.

7 Frequentemente, a lepra do corpo é medicação redentora da alma faminta da paz e do reequilíbrio que apenas conseguirá em se banhando na fonte lustral do sofrimento.

8 A paralisia e a loucura, o pênfigo e a tuberculose, a idiotia e a mutilação, quase sempre, funcionam por abençoado corretivo, em socorro do Espírito que a culpa ensandeceu ou ensombrou na provação expiatória. Assim sendo, passemos amando e auxiliando aos que nos cercam, na estrada que fomos chamados a percorrer.

9 Respeitemos a dor como instrutora das almas e, sem vacilações ou indagações descabidas, amparemos quantos lhe experimentam a presença constrangedora e educativa.

10 Auxiliemos sem perguntar pelos méritos daqueles que se constituirão tutelados de nosso devotamento e carinho, de vez que a todos nós, espíritos endividados e em processo de purificação, diante da Lei, compete tão somente o dever de servir, porquanto a Justiça, em última instância, pertence a Deus que distribui conosco o alívio e a aflição, a saúde e a enfermidade, a vida e a morte, no momento oportuno.

.Emmanuel

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 Sofrimento e eutanásiaReligião dos Espíritos — Emmanuel

Reunião pública de 3 de Abril de 1959Questão n.° 944 de “O Livro dos Espíritos”

1 Quando te encontres diante de alguém que a morte parece nimbar de sombra, recorda que a vida prossegue, além da grande renovação…

2 Não te creias autorizado a desferir o golpe supremo naqueles que a agonia emudece, a pretexto de consolação e de amor, porque, muita vez, por trás dos olhos baços e das mãos desfalecentes que parecem deitar o último adeus, apenas repontam avisos e advertências para que o erro seja sustado ou para que a senda se reajuste amanhã.

3 Ante o catre da enfermidade mais insidiosa e mais dura, brilha o socorro da Infinita Bondade facilitando, a quem deve, a conquista da quitação.

4 Por isso mesmo, nas próprias moléstias reconhecidamente obscuras para a diagnose terrestre, fulgem lições cujo termo é preciso esperar, a fim de que o homem lhes não perca a essência divina.

5 E tal acontece, porque o corpo carnal, ainda mesmo o mais mutilado e disforme, em todas as circunstâncias, é o sublime instrumento em que a alma é chamada a acender a flama de evolução.

6 É por esse motivo que no mundo encontramos, a

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cada passo, trajes físicos em figurino moral diverso.

Corpos — santuários…Corpos — oficinas…Corpos — bênçãos…Corpos — esconderijos…Corpos — flagelos…Corpos — ambulâncias…Corpos — cárceres…Corpos — expiações…

7 Em todos eles, contudo, palpita a concessão do Senhor, induzindo-nos ao pagamento de velhas dívidas que a Eterna Justiça ainda não apagou.

8 Não desrespeites, assim, quem se imobiliza na cruz horizontal da doença prolongada e difícil, administrando-lhe o veneno da morte suave, porquanto, provavelmente, conhecerás também mais tarde o proveitoso decúbito indispensável à grande meditação.

9 E usando bondade para os que atravessam semelhantes experiências, para que te não falte a bondade alheia no dia de tua experiência maior, lembra-te de que, valorizando a existência na Terra, o próprio Cristo arrancou Lázaro às trevas do sepulcro, para que o amigo dileto conseguisse dispor de mais tempo para completar o tempo necessário à própria sublimação.

.Emmanuel

O Evangelho Segundo o Espiritismo

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Capítulo V

BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

[Dever-se-á pôr termo às provas do próximo?]

27. Deve alguém por termo às provas do seu próximo quando o possa, ou deve, para

respeitar os desígnios de Deus, deixar que sigam seu curso?

1 Já vos temos dito e repetido muitíssimas vezes que estais nessa Terra de expiação para concluirdes as vossas provas e que tudo que

vos sucede é consequência das vossas existências anteriores, são os juros da dívida

que tendes de pagar. Esse pensamento, porém, provoca em certas pessoas reflexões

que devem ser combatidas, devido aos funestos efeitos que poderiam determinar.

2 Pensam alguns que, estando-se na Terra para expiar, cumpre que as provas sigam seu

curso. Outros há, mesmo, que vão até ao ponto de julgar que, não só nada devem fazer

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para as atenuar, mas que, ao contrário, devem contribuir para que elas sejam mais

proveitosas, tornando-as mais vivas. Grande erro.

3 É certo que as vossas provas têm de seguir o curso que lhes traçou Deus; dar-se-á, porém, conheçais esse curso? Sabeis até onde têm

elas de ir e se o vosso Pai misericordioso não terá dito ao sofrimento de tal ou qual dos

vossos irmãos:

“Não irás mais longe?” Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como instrumento de

suplício para agravar os sofrimentos do culpado, mas como o bálsamo da consolação

para fazer cicatrizar as chagas que a sua justiça abrira?

4 Não digais, pois, quando virdes atingido um dos vossos irmãos:

“É a justiça de Deus, importa que siga o seu curso.” Dizei antes: “Vejamos que meios o Pai

misericordioso me pôs ao alcance para suavizar o sofrimento do meu irmão. Vejamos

se as minhas consolações morais, o meu

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amparo material ou meus conselhos poderão ajudá-lo a vencer essa prova com mais

energia, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os

meios de fazer que cesse esse sofrimento; se não me deu a mim, também como prova,

como expiação talvez, deter o mal e substituí-lo pela paz.”

5 Ajudai-vos, pois, sempre, mutuamente, nas vossas respectivas provações e nunca vos

considereis instrumentos de tortura. Contra essa ideia deve revoltar-se todo homem de

coração, principalmente todo espírita, porquanto este, melhor do que qualquer outro,

deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus.

6 Deve o espírita estar compenetrado de que a sua vida toda tem de ser um ato de amor e de devotamento; que, faça ele o que fizer para se

opor às decisões do Senhor, estas se cumprirão. Pode, portanto, sem receio,

empregar todos os esforços por atenuar o amargor da expiação, certo, porém, de que só a Deus cabe detê-la ou prolongá-la, conforme

julgar conveniente.

7 Não haveria imenso orgulho, da parte do homem, em se considerar no direito de, por

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assim dizer, revirar a arma dentro da ferida? De aumentar a dose do veneno nas vísceras daquele que está sofrendo, sob o pretexto de que tal é a sua expiação? Oh! considerai-vos

sempre como instrumento para faze-la cessar.

8 Resumindo: todos estais na Terra para expiar; mas, todos, sem exceção, deveis esforçar-vos por abrandar a expiação dos

vossos semelhantes, de acordo com a lei de amor e caridade. — (BERNARDINO, Espírito

protetor, Bordeaux, 1863.)

EUTANÁSIA

Gestor Vítor dos Santos*

Ofega o corpo a sós... Oculta, a morte espia...– Invisível chacal na tocaia da presa.Na máscara do rosto, a ansiedade retesaAparenta velar a dor do último dia.

Choras ao ver prostrada a criatura indefesaCujo olhar sem consolo a lágrima embacia,E intentas ministrar-lhe a branda anestesiaQue apresse o longo fim e ajude a Natureza.

Susta, porém, teu gesto! A vida é sábia em tudo!...A alma jungida à carne, em pranto amargo e mudo,Roga-te, embora gema e fale de outra esfera:

– “Aguardo a mão da Lei, sempre doce e benvinda!Dá-me silêncio e paz! Não me expulses ainda!...”E, por trás da alma em luta, a Lei exclama: –

“Espera!”.

Poeta, conteur, romancista, crítico, Nestor Vítor foi também, no dizer de Andrade Muricy (Pan. Mov. Simb. Bras, I, pág. 268,), «pensador moralista penetrante». Vice-diretor, aos 26 anos, do Internato do Ginásio Normal, atual Colégio Pedro II. Colaborou em vários jornais do. Rio, entre os quais O Paiz, o Correio da Manhã e O Globo. Patrono, na Academia Paranaense de Letras, da cadeira nº. 27, tendo pertencido à extinta Academia de Letras do Paraná. Amigo particular de Cruz

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e Souza, foi NV o crítico principal do Simbolismo em plagas brasileiras. Brito Broca não vacila em colocá-la entre os melhores críticos brasileiros. Para Fernando Góes (Pan. IV, pág. 78), «a poesia não foi o forte de gestor Vítor, antes é a sua parte mais vulnerável». (Paranaguá, Paraná, 12 de Abril de 1868 – Rio de Janeiro, GB, 13 de Outubro de 1932.)

BIBLIOGRAFIA : Signos ; Transfigurações ; etc.

BIBLIOGRAFIA: Primeiro Vôo; Gorjeios; O Tutor de Célia, contos; etc.

Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

EUTANÁSIA

Tema de freqüente discussão, por uns defendida, por outros objurgada, a eutanásia, ou “sistema que procura dar morte sem sofrimento a um doente incurável”, retorna aos debates acadêmicos, face à sua aplicação sistemática por eminentes autoridades médicas, em crianças incapazes físicas ou mentais desde o nascimento, internadas em Hospitais Pediátricos, sem esperanças científicas de recuperação ou sobrevivência.

Prática nefanda que testemunha a predominância do conceito materialista sobre a vida, que apenas vê a matéria e suas implicações imediatas, em detrimento das realidades espirituais, reflete, também, a soberania do primitivismo animal na constituição emocional do homem.

Na Grécia antiga, a hegemonia espartana, sempre armada para a guerra e a destruição, inseriu no seu Estatuto o emprego legal da eutanásia

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eugênica em referência aos enfermos, mutilados, psicopatas considerados inúteis, que eram atirados ao Eurotas por pesarem negativamente na economia do Estado. Guiados por superlativos egoísmo e prepotência, apesar das arremetidas arbitrárias do exagerado orgulho nacional, fizeram-se vítimas da impulsividade belicosa que cultivavam...

Outros povos, desde a mais remota antiguidade, permitiam-se praticar esse “homicídio exercido por compaixão”...

Em circunstância alguma, ou sob qualquer motivo, não cabe ao homem direito de escolher ou deliberar sobre a vida ou a morte em relação ao seu próximo.

Os criminosos mais empedernidos, homicidas ou genocidas dentre os mais hediondos, não devem ter ceifadas as vidas, antes serem isolados da convivência social, em celas, ou em trabalhos retificadores, nos quais expunjam sob a ação do tempo e da reflexão, que tarda, mas alcança o infrator, fazendo-os expiar os delitos perpetrados. Mesmo quando em se tratando de precitos anatematizados por desconcerto mental, não faltam Nosocômios judiciários onde possam receber conveniente assistência a que têm direito, sem que sejam considerados inocentes pelos crimes perpetrados... Em recuperando a saúde, eventualidade excepcional que pode ocorrer, cerceados, pelo perigo de provável reincidência psicopática, poderão, de alguma forma, retribuir de maneira positiva à Sociedade,

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os danos que haviam causado.

No que tange aos enfermos ditos irrecuperáveis, convém considerar que doenças, ontem detestáveis quanto incuráveis, são hoje capítulo superado pelo triunfo de homens-sacerdotes da Ciência Médica, que a enobrecem pelo contributo que suas vidas oferecem a beneficio da Humanidade. Sempre há, pois, possibilidade de amanhã conseguir-se a vitória sobre a enfermidade irreversível de hoje. Diariamente, para esse desiderato, mergulham na carne Espíritos Missionários que se aprestam a apressar e impulsionar o progresso, realizando descobrimentos e pesquisas superiores para a vida, fonte poderosa de esperança e conforto para os que sofrem, em nome do Supremo Pai.

Diante das expressões teratológicas, ao invés da precipitação da falsa piedade em aliviar os padecentes dos sofrimentos. Se há-de pensar na terapêutica divina, que se utiliza do presídio orgânico e das jaulas mentais para justiçar os infratores de vários matizes que passaram na Terra impunes, despercebidos, mas não puderam fugir às sanções da consciência em falta, nem da Legislação Superior, à qual rogaram ensejo de recomeço, recuperação e sublimação porque anelavam pela edificação da paz íntima.

Suicidas, - esses pobres revoltados contra a Divindade -, que esfacelaram o crânio, em arremetidas de ódio contra a existência, reencarnam perturbados pela idiotia, surdez-mudez, conforme a parte do cérebro afetada, ou

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por hidrocefalias, mongolismos; os que tentaram o enforcamento reaparecem com os processos de paraplegia Infantil; os afogados, padecem enfisema pulmonar; os que desfecharam tiros no coração, retornam sob o jugo de cardiopatias congênitas irreversíveis, dolorosas; os que se utilizaram de tóxicos e venenos, volvem sob o tormento das deformações congênitas, da asfixia respiratória, ou estertorados por úlceras gástricas, duodenais e cânceres devoradores; os que despedaçaram o corpo em fugas espetaculares, recomeçam vitimados por atrofias, deformações, limitações pungentes, em que aprendem a valorizar a grandeza da vida...

Agressores, exploradores, amantes da rapinagem, das arbitrariedades, dos abusos de qualquer natureza volvem aos cenários em que se empederniram, ou corromperam, ou infelicitaram, atingidos pelo sinete das soberanas leis da ordem e do equilíbrio, refazendo o caminho antes percorrido criminosamente e entesourando os sagrados valores da paciência, da compreensão, do respeito a si mesmos e ao próximo, da humildade, da resignação, armando-se de bênçãos para futuros cometimentos ditosos.

Quem se poderá atribuir o direito de interromper-

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lhes a existência preciosa, santificadora?

As pessoas que se lhes vinculam na condição de pais, cônjuges, irmãos, amigos, também lhes são partícipes dos dramas e tragédias do passado, responsáveis diretos ou inconscientes, que ora se reabilitam, devendo distender-lhes mãos generosas, auxílio fraterno, pelo menos migalhas de amor.

Ninguém se deverá permitir a interferência destrutiva ou liberativa por meio da eutanásia em tais processos redentores. Pessoas que se dizem penalizadas dos sofrimentos de familiares e que desejam os tenham logo cessados, quase sempre agem por egoísmo, pressurosos de libertar-se do comprometimento e da responsabilidade de ajudá-los, sustentá-los, amá-los mais.

Não faltam terapêuticas médicas e cirúrgicas que podem amenizar a dor, perfeitamente compatíveis com a caridade e a piedade cristãs.

A ninguém é dado precisar o tempo de vida ou sobrevida de um paciente. São tão escassos de exatidão os prognósticos humanos neste setor do conhecimento, quanto ocorre noutros?

Quantos enfermos, rudemente vencidos, desesperados recobram a saúde sem aparente razão ou lógica?! Quantos outros homens em excelente forma, portadores de sanidade e robustez, são vitimados por surpresas orgânicas e sucumbem imprevisivelmente?!

O conhecimento da reencarnação projeta luz nos

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mais intrincados problemas da vida, dirimindo os equívocos e as dúvidas em torno da saúde como da enfermidade, da desdita como da felicidade e contribuindo eficazmente para a perfeita assimilação dos postulados renovadores de que Jesus Cristo se fez vexilário por excelência e o Espiritismo, o Consolador encarregado de demonstrá-lo nos tormentosos dias da atualidade.

Argumentam, porém, os utilitaristas que as importâncias despendidas com os pacientes irrecuperáveis poderiam ser utilizadas para pesquisas valiosas ou para impedir-se que homens sadios enfermassem, ou para assistirem-se convenientemente os que, doentes, podem ser salvos...

E devaneiam, utopistas, insensatos sem considerarem as fortunas que são atiradas fora em espetáculos ruidosos e funestos de exaltação da sensualidade, do fausto exagerado, das dissipações, sem que lhes ocorram a necessidade da aplicação correta de tais patrimônios em medidas preventivas salutares ou socorro às multidões esfaimadas e nuas que enxameiam por toda parte, perecendo, à guisa de migalha de pão, chafurdando no desespero pela ausência de uma gota de luz ou numa insignificante contribuição de misericórdia.

Cada minuto em qualquer vida é, portanto,

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precioso para o Espírito em resgate abençoado. Quantas resoluções nobres, decisões felizes ou atitudes desditosas ocorrem num relance, de momento?

Penetrando-se o homem de responsabilidade e caridade, luarizado pela fé religiosa, fundada em fatos da imortalidade, da comunicabilidade e da reencarnação, abominará em definitivo a eutanásia tudo envidando para cooperar com o seu irmão nos justos ressarcimentos que a Divina Justiça lhe outorga para a conquista da paz interior e da evolução.

Eutanásia

Autor:Divaldo Franco (médium)Joanna de Angelis (espírito)

Fonte:Livro: Após a Tempestade

Anjos enfermos

Augusto vive — Augusto Cezar Netto

1 Prezada irmã. De todas as indagações que habitualmente recebo, a que me veio do seu maternal carinho é a que mais me doeu no coração.

2 “Por que, Augusto amigo, teremos pessoas que recomendam a eutanásia para as crianças infelizes? Tenho meu filhinho de oito novembros, estirado no leito, paraplégico, que apenas conversa comigo

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através do olhar. Diga-me: você que está no mundo da verdade, diga-me se é justo suprimir um anjo desses, sonho de minhalma e força de minha vida, tão só porque não possa brincar e falar, como sucede às outras crianças? E por que existirão meninos assim, maravilhosos de inteligência e de amor que somente as mães sabem ouvir e compreender?”

3 Estes tópicos de sua confidência me tocaram o íntimo de rapaz inexperiente ao qual a senhora empresta valor tamanho. Devo dizer-lhe que nas paragens novas a que fui conduzido, as opiniões de quantos amigos conheço são idênticas aos seus próprios conceitos.

4 Por que existem criaturas na Terra que aprovam o assassinato dos pequeninos enfermos, até mesmo aplaudindo aqueles que o executam, valendo-se da impunidade, suscetível de ser encontrada entre as paredes domésticas? Ah!… os que assim agem não tiveram ainda o espírito bafejado pela ternura que um filho doente sabe inspirar!…

5 Guarde o seu abençoado amor nos próprios braços e defenda-o contra o assalto da delinquência vestida de belas palavras. Creia. A senhora e outras mães que receberam da Providência Divina semelhantes lírios mutilados, obtiveram do infinito amor de Deus um sagrado depósito. E qual a razão de existirem eles?

6 Sempre que nos voltamos contra nós, admitindo as facilidades ou os suplícios da autodestruição, ferimos cruelmente a nós mesmos. O suicídio

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consciente e sem atenuantes gera tanta carga de culpa que desequilibramos os próprios veículos de manifestação.

7 Deus, porém, é Pai e não verdugo. Por isso mesmo, quando incursos no remorso a que me refiro, somos conduzidos ao coração das filhas de Deus que lhe refletem o amor imenso, com suficiente capacidade de sacrifício para aceitar-nos na condição de espíritos culpados em luta regenerativa. Isso, entretanto, é assunto para os pesquisadores e filósofos, que procuram dissecar os processos da reencarnação.

8 Falaremos nós apenas do carinho que devemos aos companheiros enfermos que a Bondade Celeste devolve à terapêutica do lar para que se restaurem.

9 Conserve o seu filho querido contra a leviandade de quantos pretendam atuar, em nome da Ciência, aconselhando a eliminação de seus semelhantes, temporariamente crucificados na prova que os redime perante a própria consciência.

10 E recordemos que Deus não lhes colocou nos laboratórios essas flores humanas que parecem estrelas apedrejadas ao nascer. O Misericordioso Pai entregou os seus anjos enfermos a outros anjos criados por sua Infinita Sabedoria e que todos, no mundo, conhecemos na ternura e no sacrifício de nossas mães.

.Augusto Cezar

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INTRODUÇÃO DE UM LIVRO SOBRE A EUTANÁSIA.

Conta-se que em certa cidade francesa distante de Paris, no início do nosso século, um determinado médico diagnosticou difteria em sua própria filha e, entre consternado e inconsolável com o sofrimento agravado pela evolução de enfermidade, sabendo-a no rol das doenças incuráveis, encheu-se de piedade, administrando sustância letal e indolor à pequena paciente, fazendo-a dormir o sono da morte. Sua filha querida dormia agora sem dores nem agonia.

Ocorreu, no entanto, que aquilo que aparentava alívio transformou-se em pesadelo. É que, momentos após a sua irreversível decisão e o seu ato de fatalidade provocada, adentra-lhe o lar o emissário de um seu colega de Paris que, sabendo-lhe o drama, mandava-lhe encomenda e um bilhete que dizia: "Roux tem conseguido bons resultados com este soro que ora te envio". Tratava-se do soro antidiftérico.

Desnecessário comentar o desespero, o desapontamento e o arrependimento desse pai que acabara de, "piedosamente" assassinar sua filha amada.

São mais freqüentes do que imaginamos os casos de pessoas que, atingidas pela aflição e pela dor, na forma de doença torturante e incurável apelam para o expediente de apressar a morte, visando alijar-se do

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tormento ou estancá-lo o seio daqueles a quem amam. Isso acontece em decorrência da descrença na continuidade da vida após a morte ou mesmo de uma visão distorcida do que esta representa e do que nos aguarda após a sua consecução.

Infelizmente não conseguiu, ainda, o homem moderno sintonizar com a Nova Era inaugurada com o advento da Ciência Espírita. Para muitos, todos os ensinamentos emanados do Alto pelos Espíritos Superiores mais não são que crendices, superstição ignorância, taxando-se o seu conteúdo de irracional, irreal, fantasioso e embotado pelo fanatismo. Estes que assim pensam jamais deram-se ao trabalho de estudar detidamente o conteúdo doutrinário, única maneira de se atinar para a clareza, a racionalidade e, ao mesmo tempo, a simplicidade do Conhecimento Espírita (e como costuma ser simples o verdadeiro!). Se assim procedessem, veriam elucidadas as grandes dúvidas existenciais - e tudo dentro da mais pura lógica - , em um contínuo de idéias e explicações que saciam as exigências do homem intelectualizado e acostumado a pensar por si mesmo. Então, perceberiam a religião na sua verdadeira essência, compreendendo-lhe melhor os objetivos, destituída que é - sob a óptica espírita - dos aparatos, dogmas   e poderio temporal. Mas, infelizmente, como afirmamos antes, o homem contemporâneo prefere ignorar os fatos demonstrados pela Doutrina dos Espíritos, esquecidos de que não são apenas os religiosos e místicos que podem ser considerados fanáticos, mas qualquer que se apegue enceguecidamente a uma doutrina (mesmo materialista).

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A continuidade da vida após a morte mais do que provada está. Os Espíritos têm-nos trazido provas sob as mais diversas condições, através de medianeiros das mais diferentes longitudes, classes sociais e inclusive religiões. Aqui mesmo no Brasil, já se obteve a comprovação do fenômeno até por intermédio da grafoscopia, após acurado estudo de mensagens psicografadas através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier. E o que dizer das materializações de Espíritos comprovadas por inúmeros e eminentes cientistas das mais diversificadas nacionalidades?... Das visões dos moribundos no momento da morte?... Das "Experiências de Quase Morte"... Das comunicações de Espíritos via aparelhos eletroeletrônicos?...Então, argüirá o leitor amigo, como entender o porquê de tanta descrença? A resposta é simples: egoísmo. Sim, o homem não suporta observar-se em sua real condição, pois isso, em sua opinião, o faria perder a posição que pensa ostentar de "senhor do Universo"; além do que, é-lhe muito  difícil afastar-se dos excessos a que se acostumou, afastar-se do império da matéria, causando-lhe grande desconforto o curar do senso moral.

(Do Livro " Eutanásia à Luz do Espiritismo" - Francisco Cajazeiras).

JulgamentosLivro: Canteiro de Idéias - Capítulo 8

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Emmanuel & Francisco Cândido Xavier

Não faças julgamentoDe supostos culpados.O que o Céu quer saberÉ o que fazes no bem.

QUANDO ALGUÉM

Quando alguém te fale do passado, acautela-te.

A rigor, ninguém sabe o que foste ou o que fizeste em pregressas existências.Muitos se referem à reencarnação, apenas para conseguirem o que desejam de ti.Não te permitas iludir pelos que não te respeitam os sentimentos.Infelizmente, muitos que te falam de amor no passado estão apenas pensando em sexo no presente.Compromisso sério não se alicerça na mentira.Não te entregues afetivamente a quem esteja compromissado com outrem.Os Espíritos Superiores não se prestam a revelações levianas e nem são instrumentos para o mal.

Do livro VIGIAI E ORAIIrmão José/Carlos A. Baccelli

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Na Luta DiáriaLivro: Canteiro de Idéias - Capítulo 7

Emmanuel & Francisco Cândido Xavier

Aceita a luta que a Sabedoria da Vida te confere, sem exasperação e sem inveja, sem ciúme e sem mágoa, porque tudo o que te encanta os olhos e alimenta o coração, tudo o que te angaria o apreço dos outros e te consolida a própria dignidade vem de Deus que, através do tempo e da experiência, nos pedirá contas em momento oportuno.

PERSEVERANÇA

Perseverança é esforço continuado, sem esmorecimento algum.É obra de paciência e determinação no que se pretende alcançar.Quem desanima não conclui qualquer tarefa.Quem não persiste no que faz, deixando com frequência uma coisa por outra, nada consegue produzir.Toda construção sólida demanda tempo.As edificações espirituais requerem disciplina.Se a semente germina relativamente depressa, custa-lhe produzir.Quem não se fixa em determinada atividade não logra em parte alguma o êxito que almeja.A inconstância é um desperdício de energias.A perseverança é capaz de transformar a atividade considerada de menor importância em tarefa indispensável.

Irmão José/Carlos A. BaccelliDo livro VIGIAI E ORAI

NEM SEMPRENem sempre, o melhor caminho é o que possuiu menos

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obstáculos...A decisão correta é a que se toma sem se prejudicar...Uma vida sem lutas é uma vida tranquila...Uma deficiência significa limitação...O impedimento é prejuízo...A surpresa desagradável tem consequências infelizes...O sonho que se alcança é o êxito que se espera...A lágrima que se derrama é dor insuportável na alma...A cruz pesa mais do que aparenta...A queixa sistemática tem fundamento...Nem sempre, passos firmes demonstram retidão de preceitos.

                    Irmão José/Carlos A. Baccelli

Do livro “VIGIAI E ORAI” - Ed. DIDIER

PROSSEGUE LUTANDO– DIVALDO FRANCO/ JOANNA DE ÂNGELIS

“Levanta o Espírito combalido e prossegue lutando:

a terra sofrida pelo arado mais produz;a fonte visitada pelo balde mais dessedenta;a árvore abençoada pela poda mais frutifica;o coração mais visitado pela dor mais se aprimora.Não te canses de lutar!

A reencarnação é oportunidade abençoada que os Céus concedem para refazimento moral, ajuste de contas e quitação de dívidas.Não te aflijas ante a imperiosa necessidade de resgatar.Bendize as horas de dor, que passam como passam os momentos de prazer, avançando na tua luta, caindo para levantar, chorando por amor ao ideal e sofrendo por servir. Para onde sigas, defrontarás a luta em nome do trabalho sulcando o solo da humanidade.

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A luta é clima em que são forjados os verdadeiros heróis, e o sofrimento é a célula sublime que dá origem aos servidores verdadeiros.Há mães que no sofrimento se converteram em anjos estelares; há corações que no sofrimento se transformaram em urnas sublimes de amor; há criaturas que no sofrimento se renovaram fazendo de si mesmas sentinelas vigilantes, em defesa dos infelizes.Prossegue lutando!

Esquece o próprio cansaço e escreve páginas de consolação; cessa de chorar e enxuga outras lágrimas com o lenço da tua compreensão; asserena tua inquietude e repete os excertos sobre a imortalidade, de que tua alma está impregnada pelos zéfiros do mundo espiritual, junto aos que nada conhecem do além-túmulo...

Há favônios cantantes que trazem blandícias de prece e te falam aos ouvidos, quando te aquietas para orar.Não percas a oportunidade de sofrer nem te desalentes porque a dor te visita.

Quando menos esperares, um anjo incompreendido chegará de mansinho às portas do teu corpo e, selando teus lábios com o sinete da desencarnação, tomará tua alma de improviso. Abençoarás, então, ter prosseguido lutando.

Se considerares que as provações que te visitam agora são aparentemente maiores do que tuas forças, recorda Jesus, o Anjo Crucificado, que, no Gólgota, ainda pôde, sofrendo, prosseguir lutando, quando, atendendo à súplica do larápio infeliz, esperançou-o com o desejo de entrar no paraíso. E guarda a certeza de que, prosseguindo lutando, já estás no paraíso desde hoje.”

(Mensagem extraída do livro “Messe de Amor” pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado pelo médium

Divaldo Franco.)

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NA VIA PÚBLICA A rua é um departamento importante da escola do mundo, onde cada criatura pode ensinar e aprender. Encontrando amigos ou simples conhecidos, tome a iniciativa da saudação, usando cordialidade e carinho sem excesso. Caminhe em seu passo natural ou dentro da movimentação que se faça precisa, como se deve igualmente viver: sem atropelar os outros. Se você está num coletivo, acomode-se de maneira a não incomodar os vizinhos. Se você está de carro, por mais inquietação ou mais pressa, atenda às leis do trânsito e aos princípios do respeito ao próximo, imunizando-se contra males suscetíveis de lhe amargurarem por longo tempo. Recebendo as saudações de alguém, responda com espontaneidade e cortesia. Não detenha companheiros na via pública, absorvendo-lhes tempo e atenção com assuntos adiáveis para momento oportuno. Ante a abordagem dessa ou daquela pessoa, pratique a bondade e a gentileza, conquanto a pressa, frequentemente, esteja em suas cogitações. Em meio às maiores exigências de serviço, é possível falar com serenidade e compreensão, ainda mesmo por um simples minuto. Rogando um favor, faça isso de modo digno, evitando assovios, brincadeiras de mau gosto ou frases desrespeitosas, na certeza de que os outros estimam ser tratados com o acatamento que reclamamos para nós. Você não precisa dedicar-se à conversação inconveniente, mas se alguém desenvolve assunto indesejável é possível escutar com tolerância e bondade, sem ferir o interlocutor. Pessoa alguma, em sã consciência, tem a obrigação de compartilhar perturbações ou conflitos de rua. Perante alguém que surja enfermo ou acidentado, coloquemo-nos, em pensamento, no lugar difícil desse alguém e providenciemos o socorro possível.

                                                André Luiz

Médium: Francisco Cândido Xavier,Do livro “SINAL VERDE” – edição CEC

PRODÍGIOS DA FÉ

Esquecer agravos.

Apagar injúrias.

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Desprender-se das posses materiais em benefício dos outros.

Reconhecer as próprias fraquezas.

Praticar a humildade.

Abençoar os que nos firam.

Amar os adversários.

Orar pelos que nos perseguem e caluniam.

Converter dores em bênçãos.

Aceitar as provações da vida com paciência e bom ânimo.

Transformar os golpes do mal em oportunidades para fazer o bem.

Servir ao próximo em qualquer circunstância.

Jamais duvidar da presença de Deus.

Semelhantes atitudes são prodígios da fé; busquemos sustentá-las com todo o nosso coração, recordando as palavras do Mestre a cada enfermo que Seu Divino Amor levantava e restaurava nos caminhos do mundo: “a tua fé te curou”.

 

pelo Espírito Albino Teixeira - Do livro: Caminho Espírita, Médium: Francisco Cândido Xavier.

DEPENDÊNCIA AFETIVA

Todos somos interdependentes, mas ninguém deve depender excessivamente de alguém.Nem material nem psicologicamente.Que a tua vida não se arrase por uma frustração sofrida.Os que não te correspondem afetivamente não te amam quanto os amas.Ninguém deve colocar-se completamente à mercê dos sentimentos alheios.A paixão é doença.Não sofras por quem te faça sofrer.Supera a prova e procura enxergar outros corações que pulsam ao lado do teu.

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Existem carmas criados nesta própria vida, ou seja: nada têm a ver com o passado.Almas gêmeas na Terra constituem raridade; almas afins na provação contam-se aos milhares.

Do livro “VIGIAI E ORAIi”Irmão José/Carlos A. Baccelli

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RECEITA PARA FICAR DOENTE

1. Não dê atenção ao seu corpo. Coma muita porcaria, tome drogas, beba bastante;

2. Cultive a sensação de que sua vida não tem sentido nem valor;

3. Faça coisas de que não gosta e evite fazer o que realmente deseja;

4. Seja rancoroso e supercrítico, principalmente em relação a si mesmo;

5. Culpe os outros de todos os seus problemas;

6. Encha a cabeça de quadros pavorosos e depois fique obcecado com eles;

7. Evite relações profundas, duradouras e íntimas;

8. Fuja de qualquer coisa que se pareça com senso de humor;

9. Não expresse seus sentimentos e opiniões, os outros não vão gostar;

10. Evite qualquer mudança que possa lhe trazer mais satisfação e alegria.

Quero acrescentar à lista mais dois conselhos de Emmet Fox:

11. Discuta amplamente suas próprias doenças e, se tiver feito uma cirurgia, faça conferências dramáticas sobre ela em todas as oportunidades;

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12. Nunca relaxe. Isso daria ao corpo uma chance de se recuperar.

Tenho certeza que todos esses conselhos são infalíveis para quem deseja ficar rapidamente doente ou jamais se curar se já estiver enfermo.

QUANDO A DOENÇA CHEGAR

Se a doença o visitou, não pense que você esteja sendo punido por Deus. Se quiser se curar pare de pensar em castigo, porque castigo é maldade e maldade não tem poder de curar coisa alguma.

Pense na doença como uma professora de seu aprimoramento espiritual, como alguém que veio salvar de um caminho perigoso em que você se conduzia e não percebia que estava prestes a cair no precipício. A doença é o caminho que poderá levá-lo a uma vida mais saudável e feliz, desde que não mergulhe nas águas da revolta e do desespero. Você acha que Deus não está interessado na sua felicidade?

A palavra vingança não existe nos Códigos Divinos. Deus nos ama, sobretudo quando estamos frágeis e precisando de ajuda, como agora. Qual o pai amoroso que não faria qualquer coisa para resgatar o filho em perigo?

Jesus se apresentou para nós como o Bom Pastor, o Pastor que nos conhece e que está disposto a dar sua vida por nós. Jesus sabe até a quantidade de cabelos em nossa cabeça e por isso conhece nossas dificuldades do momento. Ele nos acompanha atentamente e deseja aproveitar as tempestades de agora para lavar nosso coração da raiva, da vingança, da mágoa, da tristeza e do medo. Se continuássemos sujos, não suportaríamos o peso das nossas próprias mazelas. Os problemas em geral procuram nos arrancar da loucura do mal, proporcionando-nos um choque que nos desperta para as coisas essenciais da vida.

Você está disposto a aceitar a idéia de que a doença é um mal muito menor e necessário para impedir os grandes males que lhe aconteceriam se você continuasse vivendo na sua loucura?

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MOMENTOS COM CHICO XAVIER

REENCARNAÇÕES NA MESMA FAMÍLIA

HELLE ALVES –É muito comum a gente ouvir os espíritas falarem que, em outra encarnação, tal pessoa, quer dizer, no mesmo grupo familiar, ou de convivência, fulana foi mãe de sicrano na outra encarnação ou beltrano foi irmão de não sei quem. Então, tem-se a impressão de que as reencarnações se fazem no mesmo grupo familiar.

Como a gente se aprimora na medida em que tem experiências mais variadas, eu queria saber se, de fato, existe essa limitação nas reencarnações a determinados grupos e, também, outra coisa: se homem sempre nasce homem, mulher, mulher, porque é injusto, não é? A gente precisa ter mais chance de experiência. Mas sempre se ouve falar homem nascer sempre homem.

CHICO XAVIER– Isto não é propriamente uma limitação, porque isso pode acontecer fora dos nossos grupos afins. A nossa reencarnação pode se processar à distância do nosso grupo eleito para a tranqüilidade e para a satisfação afetivas. Mas de um modo geral, atendendo-se às ligações do amor que nos prendem uns aos outros, geralmente nós renascemos naqueles grupos de ordem familiar a que nos vinculamos, para continuar com o trabalho da assistência mútua.

Muitas vezes, nós queremos determinada conquista na Terra, seja nos domínios da afetividade ou nos domínios culturais, e às vezes nós vamos encontrar proteção para isso junto de uma criatura que nos foi muito amada em outra existência, junto de um coração materno, de um pai amigo, capazes de compreender-nos e auxiliar-nos nessas empresas. Então, isso é muito comum que voltemos no mesmo grupo de ordem sentimental, dentro da mesma faixa de atividade.

Agora, quanto ao fato da transposição de sexo, O Livro dos Espíritos nos ensina que isso pode acontecer muitas vezes. Muitas vezes, nós renascemos com problemas de inversão, por efeito de provação

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educativa, depois de determinados excessos praticados em outras vidas, seja na condição do homem, seja na condição da mulher. E às vezes nascemos também na condição inversiva para encontrarmos no corpo uma célula de trabalho, que nos afaste de determinados riscos para a execução de tarefas específicas.

Muitas vezes, um grande homem, ele terá de cumprir determinada tarefa no ensino, isso é às vezes comum. Não vamos cogitar do problema da inversão na faixa de prova, na faixa de sofrimento reparador, o que ocorre muitas vezes, mas vamos pensar na inversão do seu ponto de vista mais elevado, mais alto. Um grande homem que se tenha apaixonado pelos problemas de educação na Terra, às vezes desejando voltar a esse mundo para uma obra educacional muito séria, muito extensa, a benefício da coletividade que ele ama, ele pode pedir aos seus instrutores para voltar num corpo de mulher, e será então uma grande professora. Ela terá talvez conflitos íntimos muito grandes, mas ela terá compensações muito maiores na missão que ela cumpre. O mesmo pode acontecer com a mulher que evoluiu muito, às vezes, do ponto de vista de inteligência, e que desejando voltar à Terra para determinada tarefa do coração, junto da comunidade, é possível que esse Espírito que esteve longamente na fieira das reencarnações femininas e, por isso mesmo, obtendo e fixando em si mesmo as qualidades femininas com muita intensidade, é possível que esse Espírito afeiçoado às questões femininas venha no corpo de um homem, para se isolar de compromissos que colocariam em risco o seu trabalho junto da comunidade.

(Texto extraído do livro “Pinga-Fogo com Chico Xavier”, organizado por Saulo Gomes, editora InterVidas, páginas 52-54, ano 2010.)

MOMENTOS COM CHICO XAVIER

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

(Da entrevista concedida à Folha Espírita nº104, novembro de 1982).

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PERGUNTA – Chico, você acha que o espírita deve doar as suas córneas? Não haveria nesse caso repercussão para o lado do perispírito, uma vez que elas devem ser retiradas momentos após a desencarnação do indivíduo?

CHICO – Sempre que a pessoa cultive desinteresse absoluto em tudo aquilo que ela cede para alguém, sem perguntar ao beneficiado o que fez da dádiva recebida, sem desejar qualquer remuneração, nem mesmo aquela que a pessoa humana habitualmente espera com o nome de compreensão, sem aguardar gratidão alguma, isto é, se a pessoa chegou a um ponto de evolução em que a noção da posse não mais a preocupa, esta criatura está em condições de dar, porque não vai afetar o perispírito em coisa alguma.

No caso contrário, se a pessoa se sente prejudicada por isso ou aquilo no curso da vida, ou tenha receio de perder utilidades que julga pertencer-lhe, esta criatura traz a mente vinculada ao apego a determinadas vantagens da existência e com certeza, após a morte do corpo, se inclinará para reclamações descabidas, gerando perturbação em seu próprio campo íntimo.

Se a pessoa tiver qualquer apego à posse, inclusive dos objetos, das propriedades, dos afetos, ela não deve dar, porque ela se perturbará.

(Texto extraído do livro “Chico, de Francisco” do autor Adelino da Silveira,

ano 1987, editora CEU.)

À SOMBRA DO ABACATEIRO

O Dr. Carlos Baccelli, querido irmão de ideal e prestimoso amigo, sempre presente ao Culto da Assistência que o Chico realizava à sombra de um abacateiro, atento e fiel a tudo o que o Chico diz, ia anotando as frases que ele pronunciava e depois escrevia os seus maravilhosos artigos “Chico Xavier, à sombra do abacateiro”. Às

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vezes fico pensando quanta coisa importante se teria perdido não fossem as abençoadas anotações do Baccelli.

Num certo dia, o Chico pede para falar alguns minutos, parece que percebendo o anseio de cada um, vai dizendo:

- Eu gostaria de oferecer-lhes, pessoalmente, mais tempo. Às vezes, a gente comete a falta da ingratidão sem desejar. Tenho procurado cumprir com os meus deveres para com os Espíritos Amigos e para com os espíritas amigos.

Fala do seu estado de saúde, do tempo reduzido que lhe resta no corpo: “Eu me contento com a alegria de vê-los a todos; gostaria de me sentar com cada um para conversar sobre as nossas tarefas...”.

E pede perdão por estar doente!...

“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, aberto ao acaso, havia trazido para estudo e meditação, o capítulo V “Bem-aventurados os aflitos”, o item 18, “Bem e Mal sofrer”.

Emmanuel, presente ao culto, pede ao Chico que fale um pouco sobre o tema do Evangelho.

Chico, então, começa a falar. Sua voz suave e mansa vai penetrando os ouvidos dos presentes.

- À medida que a Providência Divina determina melhoras para nós, na Terra, inventamos aflições... Para cultivar o solo temos o auxílio do trator, antes só possuíamos carros-de-bois... Hoje, temos veículos motorizados encurtando as distâncias, mas não nos contentamos com os 80 km por hora, antes andava-se a pé... Hoje, a geladeira conserva quase tudo; antes plantava-se canteiros...

Fala do conforto em que o homem vive e do seu comodismo espiritual:

“É que precisamos de contentar-nos com o que temos; estamos ricos, sem saber aproveitar a nossa felicidade... Antes, as pessoas idosas desencarnavam conosco; hoje as mandamos para os abrigos... Tínhamos um pouco de prosa durante o dia, a oração à noite... Agora inventamos dificuldades e depois vem o complexo de culpa e vamos para os psiquiatras... Se estamos numa fila e uma senhora doente nos pede o lugar, precisamos cedê-lo. Recordemos-nos da prece padrão para todos os tempos que é o

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Pai Nosso, quando Jesus diz: O pão nosso de cada dia... Por que acumular tanto? Existem pessoas que possuem trinta e cinco pares de sapato, onde é que irão arrumar setenta pés? Estamos sofrendo mais por excesso de conforto do que excesso de desconforto. Morre muito mais gente de tanto comer e de tanto beber, do que por falta de comida... A inflação existe, porque queremos o que é demais.

E conclui: “Esta é a opinião dos Espíritos. Perdoem-me se falei mal, mas se eu falei mal, falei, foi de mim”.

Conta o Baccelli que quando o Chico acabou de falar, podia-se ouvir uma mosca voar, tão forte a impressão que deixara em todos os presentes.

“Chico está coberto de razão; falou a pura verdade, verdade que nem sempre queremos ouvir...

Sim, quando o Espírito silencia, Deus fala nele...

Estávamos, agora, em silêncio e o Verbo Divino que vibrara pelos lábios do Chico ecoava dentro de nós...”

(Texto extraído do livro  “Chico, de Francisco” do autor Adelino da Silveira,

edição CEU – Cultura Espírita União, ano 1987.)

Aos interessados, leiam o livro "Chico Xavier à Sombra do Abacateiro" do autor Carlos A. Baccelli, IDEAL editora

UM SONHO E UM IDEAL

Chico também tem os seus sonhos e tem os seus ideais. Se não os tivesse não seria homem.

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Entre aqueles que de vez em quando deixavam as grandes capitais para visitá-lo estava Frederico Figner, o velho introdutor do fonógrafo e da lâmpada Edson no Brasil, proprietário da Casa Edson, aquela que, como símbolo, ostentava o cachorrinho preto e branco, ouvindo o fonógrafo, admiração e glória de nossos avós.

Certa ocasião, como sempre fazia, o velho Figner conversava com o Chico em Pedro Leopoldo. Aquelas longas conversas espirituais amigas, pois o velho amava muito ao Chico. Em determinado momento, Figner que era riquíssimo, perguntou ao grande médium:

- Chico, você deve ter um ideal, não é verdade? Eu gostaria de saber qual o seu verdadeiro sonho.

- Ideal, meu amigo? Meu ideal é viver o Evangelho de acordo com a vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo e servir humildemente os homens.

- Está certo, está certo, esse é o seu ideal espiritual e é também o meu... Mas não é bem isso que eu quero saber. Alguma coisa aqui do nosso mundo mesmo, material, algum objetivo seu, que você gostaria de alcançar.

- Ora, meu caro, se dependesse de mim, eu gostaria de ter uma renda de trezentos mil réis mensais para que eu pudesse livre e despreocupado da vida material me dedicar ao Evangelho de Jesus e aos necessitados.

Figner ficou pensativo, mas não disse mais nada.

Chico cuidou de outros assuntos e se esqueceu da história.

Na ampulheta misteriosa do tempo, os acontecimentos se sucederam, a vida mudou, e o médium Chico enfrentou outras situações e outras dificuldades.

O velho Figner continuou escrevendo suas crônicas num jornal do Rio, crônicas de combate ao Catolicismo e de defesa do Espiritismo.

Os seus milhões cresciam.

Não esqueceu, porém, a conversa daquele dia, com o amigo de Pedro Leopoldo.

A morte que tudo nivela materialmente veio também buscar Frederico Figner.

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Tinha duas ou três filhas e lhes deixou em testamento trinta e cinco mil contos de réis, hoje trinta e cinco milhões de cruzeiros. E com surpresa geral deixou cem contos de réis para Chico Xavier, dizendo que deixara somente os cem contos porque se o Chico os colocasse a juros de tanto por cento dariam exatamente os trezentos mil réis mensais, para viver livre de quaisquer preocupações...

Última vontade do pai, as filhas que não eram espíritas, mas queriam cumprir as determinações paternas, autorizaram seu advogado a fazer um cheque e enviar ao Chico.

O pai de Chico que era vendedor de bilhetes de loteria, naquele dia marcou uma reunião de família para resolver o caso do pagamento do imposto da casa em que moravam e que montava a oito mil réis... Ninguém tinha dinheiro, lutavam com imensa dificuldade e imensa pobreza.

Feita a reunião, compareceu o Chico, o irmão e as irmãs.

- Meu pai, não sabemos como fazer! Não temos dinheiro para pagar os impostos.

- É, mas precisamos de dar um jeito, se não a casa vai à praça para pagar...

A situação era aflitiva. Todos se retiraram da reunião, e o Chico mais preocupado ainda porque se considerava o mais responsável. Fora ele que acabara de criar os irmãos e na realidade, há muitos anos era o verdadeiro chefe da casa.

Pensativo, meditava como haveriam de sair da situação aflitiva...

O correio, porém, lhe trouxe uma carta do advogado de Fred Figner.

Aberto o testamento, dizia a carta, verificou-se que o velho deixara trinta e cinco mil contos para as filhas e cem contos para o Chico.

Explicava ainda que Fred Figner fizera as contas e verificara que os cem contos colocados a juros no Banco dariam exatamente os trezentos mil réis que iriam dar ao Chico a vida que ele desejava... Ficaria livre para se dedicar ao Evangelho.

Chico abriu dois olhos de espanto e exclamou:

- Senhor! O que será que este dinheiro quer fazer comigo?

E não teve dúvidas, devolveu pelo correio, o cheque, esclarecendo,

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naquela sua bondade evangélica, que não era justo que Fred Figner na sua generosidade prejudicasse as filhas, retirando do patrimônio que por justiça lhes pertencia, aqueles cem contos de réis e os desse a ele, Chico...

***

Mais tarde, o médium encontrou o pai e falou de novo nos oito mil réis do pagamento do imposto.

- Eu? Eu não quero saber de nada! – respondeu o progenitor. Aqui há gente que anda recusando cem contos! Eu vou-me embora, vocês que se arranjem!...

Os cem contos, todavia voltaram.

Nova carta das filhas de Figner. Absolutamente, não receberiam o dinheiro que o pai deixara para o Chico. Faziam questão de cumprir a determinação do pai, embora fossem católicas. Ele deixara e elas cumpririam, de qualquer jeito, sua última vontade.

Chico compreendeu a decisão das moças mas não aceitou. Nova devolução. Nova carta. Finalmente, em face da resolução das filhas de Figner que afirmavam não receber o dinheiro de modo algum e que ficava à disposição do Chico, este escreveu-lhes que enviassem o dinheiro então para a Federação Espírita Brasileira com a finalidade de servir à difusão do livro espírita, coisa que Figner sempre amara e defendia com ardor.

Assim terminou a batalha do cheque de cem contos.

Mas ficou aquela expressão profunda:

- Meu Deus! O que é que esse dinheiro quer fazer comigo?

Alguns espíritos superiores têm-nos ensinado que a riqueza é uma prova mais dura que a pobreza. É a estrada larga da perdição. O dinheiro possibilita grandes tentações. Abre os caminhos do mundo à mente invigilante.

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Quem tem dinheiro, dizem, tem tudo materialmente. Com isso, há aqueles que se perdem no turbilhão da vida humana. Não basta ter boa intenção, é necessário que o homem seja protegido pela misericórdia de Deus. O poder do dinheiro ainda é muito grande. Infelizes daqueles que confiam no dinheiro como base de solução de todos os problemas. Os problemas morais não são resolvidos na base do dinheiro. Pelo contrário, o dinheiro entrava, às vezes, a solução dos problemas de ordem moral. Por isso, é comovente ver Chico com as mãos para o Alto exclamar piedosamente:

- Senhor, o que este dinheiro quer fazer de mim?!

Texto extraído do livro “Chico Xavier O Santo dos Nossos Dias” Vol. 1,

do autor R. A. Ranieri, ano 1973, editora Eco, páginas 26-30.

A Descoberta

Fonte: www.momento.com.br Equipe de Redação do Momento Espírita

Um homem adquiriu uma casa em uma propriedade que lhe pareceu de excelente qualidade. A localização, próxima à escola, permitiria que as crianças não tivessem problemas maiores para o aprendizado das letras.

O local era bem iluminado à noite, pois vários postes de luz se acendiam tão logo a claridade do dia diminuísse.

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Tudo parecia perfeito. Ele não entendeu muito bem porque o dono, que lhe vendera a propriedade, dela se desfizera por um preço quase irrisório.

Alguns dias depois é que se deu conta porque o antigo dono saíra daquela casa, desgostoso e amargurado. O problema era o vizinho.

Água podre escorria pelo seu quintal, vindo do terreno ao lado. As crianças jogavam pedras, quebrando o telhado e as vidraças.

Papéis e outros produtos eram queimados, deixando cheiro ruim nas roupas que a esposa acabara de estender no varal. Parecia proposital. Bastava colocar as roupas no varal e lá vinha a fumaça.

Lixo era jogado no seu quintal: latas, vidros, objetos inaproveitáveis. Seus filhos não podiam brincar na calçada porque logo os filhos do vizinho os vinham perturbar, arrancando-lhes das mãos a bicicleta, o carrinho, a bola e os ameaçando com palavrões.

Preocupado, o pai de família procurou um advogado. Acreditava que, com vizinho tão difícil, somente a lei o poderia ajudar. Deveria ter, com certeza, lei que protegesse o cidadão de outro ser que não agia como cidadão.

O advogado, muito bem conceituado na cidade, ouviu com atenção. À medida que ia tomando ciência de todas aquelas barbaridades, foi se indignando.

Quando a exposição de todos os atos foi concluída, ele falou que a família vizinha deveria ser muito irresponsável. As crianças eram perversas. Os pais ausentes. Como podiam permitir tamanhos disparates?

A medida mais correta seria recorrer à ação policial. Sim, somente uma ação grave poderia pôr fim àqueles desmandos e tamanho desrespeito.

Sentou-se frente ao computador para preparar os papéis, a fim de dar uma solução ao caso e perguntou ao homem qual era o endereço da sua residência.

Quando ouviu o nome da rua, o número, a exata localização, ficou pálido e se recostou na cadeira. A casa do vizinho tão mal-educado, das crianças terríveis era o seu próprio lar.

* * *

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De um modo geral, olhamos muito para os erros alheios e nos esquecemos de verificar as próprias falhas.

Em matéria de educação de filhos, quase sempre acreditamos que os nossos jamais tomarão atitudes erradas ou agressivas. Tudo porque os enviamos a uma boa escola e temos um certo padrão de vida.

Estejamos atentos. Examinemo-nos e observemos as ações dos nossos filhos, na infância ou na adolescência. E, antes que eles se tornem os terrores da vizinhança, façamos uso do amor que ampara e da energia que transforma os seres em criaturas dignas de serem chamadas seres humanos.

* * *

Educar é a melhor maneira de curar o desequilíbrio do mundo. A violência somente será banida da Terra quando nos educarmos na calma e no bom senso.

Existe a educação pessoal e a coletiva. A educação pessoal proporciona o progresso do indivíduo. A coletiva, resultado da primeira, faculta a evolução do mundo e das suas leis.

Para nos livrarmos de todas as chagas morais do mundo a iniciativa deve ser individual, estendendo-se no lar e se derramando pelas ruas e estradas, alcançando todos os seres.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 19 do livro Bem-aventurados os simples, pelo Espírito Valérium, psicografia de Waldo Vieira, ed. Feb.

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OBSERVANDO APRENDEMOSCheng era o discípulo de um sábio monge de nome Ling.

Um dia, quando Cheng acreditava estar pronto para assumir a condição de liderar seu povo, foi conversar com seu mestre, o qual lhe disse: "observe este rio, qual a importância dele?".

Eles se encontravam no alto de uma montanha.

Cheng observou o rio, o seu vale, a vila, a floresta, os animais e respondeu: "este rio é a fonte do sustento de nossa aldeia. Ele nos dá a água que bebemos, os frutos das árvores, a colheita da plantação, o transporte de mercadorias, os animais que estão ao nosso redor e muito mais. Nossos antepassados construíram estas casas aqui, justamente por causa dele. Nosso futuro também depende deste rio."

O monge Ling colocou a mão na cabeça do discípulo e pediu-lhe que continuasse a observar.

Os meses se passaram e o mestre procurou Cheng.

"Observe este rio, qual a importância dele?" - repetiu a pergunta ao discípulo.

"Este rio é fonte de inspiração para nosso povo. Veja sua nascente: ela é pequena e modesta, mas com o curso do rio, a correnteza torna-se forte e poderosa. Este rio nasce e tem um objetivo: chegar ao oceano, mas para lá chegar terá de passar por muitos lugares e por muitas mudanças. Terá de receber afluentes, contornar obstáculos.

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Como o rio, temos de aprender a fluir. O formato do rio é definido pelas suas margens, assim como nossas vidas são influenciadas pelas pessoas com as quais convivemos. O rio sem as suas margens não é nada. Sem nossos amigos e familiares também não somos nada. O rio nos ensina, ainda, que uma curva pode ser a solução de um problema, porque logo depois dela podemos encontrar um vale que desconhecíamos. O rio tem suas cachoeiras, suas turbulências, mas continua sempre em frente porque tem um objetivo. Ensina-nos que uma mudança imprevista pode ser uma oportunidade de crescimento. Veja no fim do vale: o rio recebe um novo afluente e, assim, torna-se mais forte."

O monge Ling colocou a mão na cabeça do discípulo e pediu-lhe que continuasse a observar.

Os meses se passaram e novamente o mestre perguntou: "observe este rio: qual a importância dele?"

"Mestre, vejo o rio em outra dimensão. Vejo o ciclo das águas. Esta água que está indo já virou nuvem, chuva e penetrou na terra diversas vezes. Ora há a seca, ora a enchente. O rio nos mostra que se aprendermos a perceber esses ciclos, o que chamamos de mudança será apenas considerada como continuidade de um ciclo."

O mestre colocou a mão na cabeça do discípulo e pediu-lhe que continuasse a observar.

Os meses se passaram e o mestre voltou a perguntar a Cheng: "Observe este rio, qual a importância dele?"

"Mestre, este rio me mostrou que cada vez que eu o observo, aprendo algo de novo. É observando que aprendemos. Não aprendo quando as pessoas me dizem algo, mas sim quando as coisas fazem sentido para mim."

O mestre sorriu e disse-lhe com serenidade: "como é difícil aprender a aprender. Vá e siga seu caminho, meu filho."

Pense nisso!

Tantas palavras sábias já nos foram ditas.

Tantos ensinos maravilhosos o Mestre Nazareno nos deixou.

Mas, quanto disso realmente passou a integrar nossa consciência,

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alterando nossas atitudes perante a vida?

(Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro As mais belas parábolas de todos os tempos, vol. I, pp. 24-26, Editora leitura, 7ª edição, organizado por Alexandre Rangel. (http://www.reflexao.com.br/mensagem_ler.php?idmensagem=1485)