a disciplina de patentes no ordenamento jurÍdico …siaibib01.univali.br/pdf/daiana magali de...

122
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO DAIANA MAGALI DE AMORIM Itajaí, outubro de 2007.

Upload: nguyendang

Post on 11-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

DAIANA MAGALI DE AMORIM

Itajaí, outubro de 2007.

Page 2: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BR ASILEIRO

DAIANA MAGALI DE AMORIM

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professora Msc. Márcia Sarubbi

Itajaí, outubro de 2007

Page 3: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

AGRADECIMENTO

Agradeço DEUS primeiramente por agir com tanta misericórdia na minha vida, ainda nos momentos em que eu estive afastada de Sua presença, sendo a minha fonte inesgotável de vida, nutrindo-me com o alimento da alma e, fazendo-me provar o quão doce é o seu amor. Eu Te amo além do meu entendimento. Muito Obrigada Senhor!

Agradeço a minha mãe Arlete, que tantas vezes fez do impossível uma maneira de me ajudar nos momentos de sufoco, demonstrando todos os dias o orgulho que sentia vendo-me conquistar cada passo. Mãe sou eu que me orgulho de você! Ofereço-te meu amor eterno em sinal da minha gratidão.

À Bruna e Jean Jr., sobrinhos maravilhosos, por serem anjos na minha vida.

Agradeço a minha amiga Rafaela por ter me acompanhado efetivamente na busca da conclusão do curso, dividindo comigo tarefas, aflições e dificuldades encontradas. Estende-se a minha gratidão também a todos os demais amigos que de uma maneira ou outra me ajudaram para que eu chegasse até aqui.

Aos meus Professores Márcia Sarubbi Lippmann, José Everton da Silva e Gilson Amilton Sgrott, por terem sido tão amáveis e disponíveis na conclusão deste trabalho, orientando e fazendo-me crescer intelectualmente dia-a-dia. Esta monografia é fruto dos ensinamentos de vocês. Muito obrigada!!

Page 4: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia ao meu amor,

Alessandro Musu, a quem eu tanto admiro e

devo esta conquista. Por todo amor, carinho e dedicação demonstrados na busca desse sonho e, principalmente, por ter acreditado em mim!

Page 5: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

...que pode uma criatura senão, entre criaturas, criar?

Page 6: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, outubro de 2007.

Daiana Magali de Amorim Graduanda

Page 7: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Daiana Magali de Amorim, sob o

título A Disciplina de Patentes no Ordenamento Jurídico Brasileiro, foi submetida

em 30 de novembro de 2007 à banca examinadora composta pelos seguintes

professores: Márcia Sarubbi Lippmann (Presidente), José Everton da Silva

(Membro) e Gilson Amilton Sgrott (Membro) e aprovada com a nota 10 (dez).

Itajaí, 30 de novembro de 2007.

Márcia Sarubbi Lippmann Orientadora e Presidente da Banca

Coordenação da Monografia

Page 8: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ART. Artigo

ADPIC Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio

C Certificado de Adição

CEDIN Centro de Documentação e Informação Tecnológica

CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1998.

CIP Classificação Internacional de Patentes

CUP Convenção da União de Paris

DIRMA Diretoria de Marcas do INPI

DIRPA-SAAPAT Serviço da Diretoria de Patentes do INPI

DI Desenho Industrial

DO Denominação de Origem

ID Indicação de Procedência

IG Indicação Geográfica

INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial

IG Indicação Geográfica

ISA Autoridade Internacional de Busca

IPEA Exame Preliminar

GATT General Agreement on Tariffs and Trade

LPI Lei da Propriedade Industrial

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MU Modelo de Utilidade

OMPI Organização Mundial da Propriedade Intelectual

RPI Revista da Propriedade Industrial

PCT Tratado de Cooperação de Patentes

Page 9: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

PI Patente de Invenção

SNPC Serviço Nacional de Proteção de Cultivares

TRIPS Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights

WIPO World Intellectual Property Organization

Page 10: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

ATIVIDADE INDUSTRIAL:

Tudo que pode ser objeto de exploração industrial. Que possa ser pelo menos

utilizado em um setor do sistema produtivo.

ATO INVENTIVO:

Exercício intelectual da capacidade de criação humana.

CULTIVARES:

Subdivisão de uma espécie agrícola que se distingue de outra por qualquer

característica perfeitamente identificável, seja de ordem morfológica, fisiológica,

bioquímica ou outras julgadas suficientes para sua identificação1.

CULTIVAR COMERCIAL:

Conjunto de indivíduos botânicos, cultivados, que se distinguem por determinados

caracteres morfológicos, fisiológicos, citológicos, químicos ou outros de caráter

agronômico ou econômico e que em reprodução sexuada ou na multiplicação

vegetariana, conservem seus caracteres distintivos2.

CULTIVAR ESSENCIALMENTE DERIVADA:

Aquela que é essencialmente derivada de outra cultivar, se cumulativamente for,

predominantemente, derivada da cultivar inicial ou de outra cultivar

essencialmente derivada, sem perder a expressão das características essenciais

1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS. Porto Alegre: UFRGS, 2003. p. 75 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS p. 75

Page 11: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

que resultem do genótipo ou da combinação de genótipos da cultivar da qual

derivou, exceto no que diz respeito às diferenças resultantes da derivação3.

CULTIVAR HOMOGÊNEA:

É a Cultivar que, utilizada em plantio, em escala comercial, apresente

variabilidade mínima quanto aos descritos que a identifiquem, segundo critérios

estabelecidos pelo órgão competente4.

DESENHO INDUSTRIAL:

Forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e

cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo

e original na sua configuração externa e, que possa servir de tipo de fabricação

industrial5.

DIREITO AUTORAL:

É o direito que todo criador de uma obra intelectual tem sobre a sua criação. Esse

direito personalíssimo, exclusivo do autor, constitui-se de um direito moral, a

criação, e um direito patrimonial, pecuniário6.

DIREITO DE PROPRIEDADE:

Direito que um indivíduo tem sobre um bem intangível ou tangível

ESTADO DA TÉCNICA:

Novas características que não sejam conhecidas no corpo dos conhecimentos

existentes, chamado estado da técnica, no seu campo técnico. È o melhor que

existe sobre determinado produto7.

3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS, p. 75 4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS, p. 76. 5 Lei nº 9.279/06 em seu artigo 95. 6 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS, p. 79. 7 Disponível em www.inpi.gov.br <Acessado em 28 set. 2007>

Page 12: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

INVENÇÃO:

Criação de algo que não existia, fruto da capacidade inventiva do homem. As

invenções sucedem de maneira mediata ou imediata das descobertas.

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA:

Indicação de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país,

quando determinada reputação, característica e/ou qualidade possam ser

vinculadas essencialmente a esta sua origem particular8.

INVENTO:

Resultado final de uma criação materializada e caracterizada, conseqüência das

regras estabelecidas numa Invenção.

MARCA:

São os suscetíveis de registro como marca, os sinais distintivos visualmente

perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais9.

MODELO DE UTILIDADE:

Instrumento, utensílio ou objeto destinado ao aperfeiçoamento ou melhoria de

uma Invenção preexistente.

NOVA CULTIVAR:

Quando for, claramente distinta da cultivar da qual derivou, exceto no que diz

respeito às diferenças resultantes da derivação e, quando não tenha sido

oferecida à venda no Brasil há mais de doze meses em relação à data do pedido

de proteção e que, observado o prazo de comercialização no Brasil, não tenha

sido oferecida à venda em outros países, com o consentimento do obtentor, há

mais de seis anos para espécies de árvores e videiras há mais de quatro anos

para as demais espécies10.

8 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade – Aspectos Legais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005, p.115. 9 Lei nº 9.279/96 em seu artigo 122. 10 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS, p. 76.

Page 13: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

NOVIDADE:

Quando o objeto da criação não tiver sido conhecido pelo público, em qualquer

parte do mundo, por qualquer forma de divulgação, antes do depósito de pedido

de Patente, salvaguardando o período da graça11.

PATENTE:

Direito exclusivo em relação a um invento, que pode ser um produto ou um

processo, que proporciona um novo e inventivo modo de fazer algo, ou oferece

uma nova e inventiva solução técnica a um problema12.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL:

A Propriedade Industrial provém da Propriedade Intelectual que se refere aos

bens intangíveis aplicáveis nas indústrias. Trata de assuntos referentes às

invenções; aos desenhos industriais; as Marcas de produto ou de serviço, de

certificação e coletivas; à repressão às falsas indicações geográficas e demais

indicações; e à repressão à concorrência desleal13.

PROPRIEDADE INTELECTUAL:

É a propriedade dos bens intangíveis, dos que não existem fisicamente, que não

são visíveis ou palpáveis, dos que se baseiam no conhecimento.

11 Disponível em www.inpi.gov.br <Acessado em 28 set. 2007> 12 Disponível em www.inpi.gov.br <Acessado em 28 set. 2007> 13 Doravante da Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996 em seu § 2º.

Page 14: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

SUMÁRIO

SUMÁRIO........................................................................................ XIII

RESUMO............................................................................................ 1

INTRODUÇÃO ................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 ......................................... ............................................. 3

DIREITOS DA PROPRIEDADE INTELECTUAL ................ ................ 3 1.1 DOS BENS INTANGÍVEIS E DA PROPRIEDADE INTELECTU AL .................3 1.1.1 NOVIDADE ........................................................................................................6 1.1.2 ATIVIDADE INVENTIVA .......................................................................................8 1.1.3 APLICAÇÃO INDUSTRIAL ....................................................................................9 1.2 DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL ...................... ...........................................11 1.2.1 INVENÇÃO ......................................................................................................14 1.2.1.1 Invento .................................... .................................................................15 1.2.1.2 Modelo de Utilidade (MU) ................... ....................................................16 1.2.2 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA (IG)..........................................................................18 1.2.2.1 Indicação de Procedência (IP) .............. .................................................19 1.2.2.2 Denominação de Origem (DO) ................. ..............................................20 1.2.3 Marcas....................................... ..................................................................21 1.2.4 Desenho Industrial ........................... ..........................................................25 1.3 CULTIVARES ..................................... ............................................................29 1.3.1 Cultivar Comercial ........................... ..........................................................30 1.3.2 Cultivar Essencialmente Derivada............. ...............................................30 1.3.3 Cultivar Homogênea ........................... .......................................................31 1.3.4 Nova Cultivar ................................ ..............................................................31 1.4 DIREITO AUTORAL ................................ .......................................................34

Page 15: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

CAPÍTULO 2 ......................................... ........................................... 40

ASPECTOS DESTACADOS DAS PATENTES NO ÂMBITO INTERNACIONAL ...................................... ...................................... 40 2.1 CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS - CUP.............. ....................................40 2.2 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL - OMPI ....49 2.3 TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES – PCT.........52 2.4 ORGANIZAÇÕES REGIONAIS......................... .............................................57 2.4.1 ORGANIZAÇÃO EUROPÉIA DE PATENTES - EPO................................................57 2.5 ACORDO DE ESTRASBURGO RELATIVO À CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE PATENTES – CIP.................... .........................................59 2.6 TRIPS..............................................................................................................63

CAPÍTULO 3 ......................................... ........................................... 66

PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO........ ... 66 3.1 A CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS E O BRASIL ....... ............................66 3.2 TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES – PCT NO BRASIL............................................. ....................................................................67 3.3 TRIPS E O BRASIL ............................... .........................................................70 3.4 DAS PATENTES ................................... .........................................................71 3.4.1 DOS NÃO PATENTEÁVEIS .................................................................................73 3.4.2 DA TITULARIDADE DA PATENTE .......................................................................75 3.4.3 DA PRIORIDADE E DA FASE NACIONAL DA PATENTE ..........................................79 3.4.4 DA LICENÇA COMPULSÓRIA ............................................................................82 3.5 DO PROCESSO DO PEDIDO DE PATENTE.................................................84 3.5.1 BUSCA PRÉVIA ...............................................................................................84 3.5.2 DEPÓSITO E CONTEÚDO DO PEDIDO DE PATENTE..............................................85 3.5.3 SIGILO DO PEDIDO DEPOSITADO ......................................................................87 3.5.4 EXAME DO PEDIDO..........................................................................................88 3.5.5 CARTA-PATENTE ............................................................................................89 3.5.6 RECURSO.......................................................................................................89 3.5.7 NULIDADE ......................................................................................................89 3.5.8 DOCUMENTOS QUE INSTRUEM O REQUERIMENTO DE NULIDADE ..........................93

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................... ............................... 95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... ........................ 97

Page 16: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

RESUMO

No presente trabalho trata-se da disciplina de Patentes no

Ordenamento Jurídico Brasileiro, procedendo à análise a maneira em que esta

está tutelada no ordenamento pátrio. Aborda-se a Propriedade Intelectual e seus

requisitos de registro, juntamente as suas modalidades, as quais são Propriedade

Industrial, tendo dentro desta, Invenção; Modelo de Utilidade; Indicação

Geográfica, com isso a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem;

Marcas; Desenho Industrial; Cultivares, tendo nesta a Cultivar Comercial, Cultivar

Essencialmente Derivada, Cultivar Homogênea e Nova Cultivar; e, Direito Autoral.

Posteriormente tratam-se os principais instrumentos de

tutela patentária no âmbito internacional e por derradeiro apresenta-se de que

forma está disciplinada a proteção às Patentes no ordenamento jurídico brasileiro,

enfocando a inserção dos instrumentos internacionais e com ênfase no processo

de pedido de patentes através do Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

Palavras-chave: Propriedade Intelectual. Propriedade

Industrial. Patente.

Page 17: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objeto a Disciplina de

Patentes no ordenamento jurídico brasileiro. O seu objetivo institucional é produzir

uma Monografia para conclusão do curso de Direito pela Universidade do Vale do

Itajaí – UNIVALI, analisando de que forma está tutelada a Patente no

ordenamento jurídico do Brasil.

Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando da

Propriedade Intelectual, abordando os bens intangíveis, os requisitos essenciais

para o registro de um bem e, todas as modalidades registráveis de Propriedade

Intelectual, sendo, a Propriedade Industrial, os Cultivares e o Direito Autoral.

No Capítulo 2, tratando dos aspectos destacados da Patente

no Direito Internacional, onde são tecidos comentários sobre os principais

instrumentos de tutela patentária no âmbito internacional.

No Capítulo 3, tratando de disciplina das Patentes no âmbito

do direito brasileiro, abordando a tutela dada às Patentes no ordenamento jurídico

pátrio, objeto do presente estudo.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões

sobre a disciplina das Patentes no ordenamento jurídico brasileiro.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes

hipóteses:

� As patentes estão disciplinadas no ordenamento jurídico brasileiro de acordo com as Convenções e Tratados internacionais de Patentes onde o Brasil é signatário.

� A disciplina presente no ordenamento jurídico brasileiro é eficaz

para a proteção da Patente.

Page 18: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

2

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase

de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados

o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente

Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa

Bibliográfica.

Page 19: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

CAPÍTULO 1

DIREITOS DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

1.1 DOS BENS INTANGÍVEIS E DA PROPRIEDADE INTELECTU AL

Neste tópico faz-se a apresentação de noções conceituais

acerca dos Bens Intangíveis e da Propriedade Intelectual.

Os bens intangíveis não existem fisicamente, não são

visíveis ou palpáveis, e são denominados também como bens imateriais ou

incorpóreos. Estes são baseados em conhecimento, onde o Inventor tem o direito

de sua Propriedade Intelectual, sendo esta, uma propriedade do bem imaterial,

protegida e assegurada pela lei.

Nas palavras de Pimentel14, tem-se que:

O Direito de Propriedade Intelectual brasileiro compreende hoje o conjunto da legislação federal, oriunda do legislativo e executivo, de caráter material, processual e administrativo. Este Direito abrange as espécies de criações intelectuais que podem resultar na exploração comercial ou vantagem econômica para o criador ou titular e na satisfação de interesses morais dos autores. O ordenamento jurídico neste campo é um conjunto disperso de normas (princípios e regras).

Continuando o estudo de Propriedade Intelectual, o homem

além de utilizar os recursos naturais, utiliza também o próprio intelecto, para

alcançar melhores condições de vida ou ampliar o grau de relacionamento com a

sociedade da qual participa15.

14 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade – Aspectos Legais, p.17. 15 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 15

Page 20: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

4

Di Blasi16 exemplifica, “(...) quando o mestre da pintura

transfere para a tela a genialidade de sua arte, transforma um bem intangível (sua

capacidade artística), de sua propriedade, num bem tangível (a obra de arte)”.

Ainda nas frases de Di Blasi17 “(...) o Inventor, ao criar algo

novo, apresenta para a sociedade o fruto da sua intelectualidade. A Invenção, por

isso, é um bem intangível do qual pode resultar um bem material, como, por

exemplo, um produto suscetível de ser utilizado pela indústria”.

A Propriedade Intelectual é de vital importância para o

desenvolvimento econômico dos países.

Sichel18 vislumbra que:

(...) o Direito da Propriedade Intelectual usa implementar, através de seus institutos, o desenvolvimento técnico da sociedade mediante mecanismos que ensejam a propagação do conhecimento, na medida em que garante ao seu detentor, durante um determinado lapso temporal, as condições de obter sua justa retribuição ao esforço despendido.

Uma nação desenvolve-se economicamente baseando-se

no progresso do desenvolvimento tecnológico, no qual o Direito de Propriedade

Intelectual, com sua eficácia, protege.

A Propriedade Intelectual tem-se como um sistema criado

para garantir a propriedade ou exclusividade resultante da atividade intelectual

nos campos industrial, científico, literário e artístico, possuindo diversas formas de

proteção.

16 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p. 15

17 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p. 15

18 SICHEL, Ricardo. O DIREITO EUROPEU DE PATENTES E OUTROS ESTUDOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL . Rio de Janeiro: Lúmen Júris. 2004, p. 70.

Page 21: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

5

Cobre os ativos intangíveis que servem de elementos de

diferenciação entre os concorrentes. O tipo de proteção oferecida é para o que

não pode ser fabricado, utilizado, fornecido, distribuído ou vendido

comercialmente sem o consentimento do titular19.

A Propriedade Intelectual como observa Carvalho, não cobre

todos os ativos intangíveis, mas somente aqueles que servem de elementos de

diferenciação entre concorrentes. Por exemplo, a moral, os direitos de crédito e

outras obrigações pessoais são ativos intangíveis, mas nem por isso pertencem à

Propriedade Intelectual20.

Pimentel21 no seu saber expõe:

A Propriedade Intelectual protegida pelo Direito cobre os resultados da atividade criativa e inventiva. Além disso, alcança as indicações de procedência geográfica, exemplos de objetos de proteção, que não resultam de criatividade ou inventabilidade, mas que não deixam de ser importantes como elementos de diferenciação e por isso são também objetos de direitos de Propriedade Intelectual.

Pode-se sustentar que a intelectualidade tem por objeto os

frutos do conhecimento humano, pois é a origem dos bens intangíveis, sendo

estes, os que concebem os bens materiais.

19 SANTOS, Ricardo Alexandre. Palestra para o Movimento Empreendedor Univali – ME U.

Sala do M.E.U na UNIVALI de Itajaí, 24 maio 07 20 PIMENTEL apud CARVALHO, Nuno Pires de. Os Tratados internacionais da Organização

Mundial da Propriedade Intelectual e o seu Papel na Promoção do Desenvolvimento Econômico. In: Conferência . Florianópolis: UFSC, Coordenadoria de Gestão da Propriedade Intelectual, 21 maio 2004, p. 19

21 PIMENTEL, Luiz Otávio. A Propriedade Intelectual e Universidade – Aspectos Legais, p. 18.

Page 22: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

6

Pode-se definir então que os bens intangíveis que

interessam ao objeto desta pesquisa são aqueles advindos da criatividade do

homem, sem fórmulas de criação, provindos da genialidade humana, gerando um

direito à Propriedade Intelectual. Esta tem três requisitos essenciais para a

proteção, sendo eles a novidade, inventabilidade e a industriabilidade e, ainda

dentro da Propriedade Intelectual existem três modalidades distintas nomeadas

como, Propriedade Industrial, Cultivares e Direito Autoral. Os próximos itens

tratarão dos três requisitos e das três modalidades. Passa-se a discorrer acerca

da novidade primeiramente.

1.1.1 Novidade

O artigo 11 da Lei da Propriedade Industrial – LPI22 traz que

“a Invenção e o Modelo de Utilidade são considerados novos quando não

compreendidos no estado da técnica” 23.

22 Lei 9.279 de 14 de maio de 1996. 23 Esclarece o artigo 11 § 1º do mesmo código que, o estado da técnica é constituído por tudo

aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de Patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.

Page 23: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

7

Santos24 define novidade como “aplicada relativamente às

coisas não compreendidas no estado de técnica, de conhecimento não acessível

ao público, antes da data do depósito do pedido de registro”.

O requisito quanto à novidade estará comprometido quando

o objeto da criação ou Invenção houver se tornado acessível ao público, em

qualquer parte do mundo, por qualquer forma de divulgação, escrita, oral ou uso,

antes do depósito do pedido de Patente.

Conceitua Coelho25 que:

Uma Invenção atende ao requisito da novidade se é desconhecida dos cientistas ou dos pesquisadores especializados. Se os experts não são capazes, pelos conhecimentos que possuem, de descrever o funcionamento de um objeto, o primeiro a fazê-lo será considerado o seu Inventor. Nos termos legais, a Invenção é nova quando não compreendida no estado da técnica.

A avaliação da novidade do Invento, portanto, depende do

conceito de estado da técnica, fundado essencialmente na idéia de divulgação do

trabalho científico e tecnológico.

Tais impedimentos não ocorrerão se a divulgação

compreender o período da graça. Entende-se como período da graça, a

publicação do Invento legalmente permitida, precedente à data do depósito do

pedido de Patente pelo Inventor, pelo INPI26 através de publicação oficial ou por

terceiros com base em informações obtidas direta ou indiretamente do Inventor,

ou mesmo em decorrência de atos por este realizados.

Este período é considerado o tempo que seria possível uma

eventual divulgação do produto a ser registrado ou Patenteado, dependendo da

sua categoria, antes da data do depósito.

24 SANTOS, Ozeias J. Marcas e Patentes, Propriedade Industrial . São Paulo: INTERLEX

Informações Jurídicas Ltda, 2001, p. 24. 25 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial . São Paulo: Saraiva, 1999, p. 150 26 Instituto Nacional da Propriedade Industrial

Page 24: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

8

Da lavra de Negrão27 extrai-se que:

A exceção à presunção de conhecimento pela divulgação é a mesma encontrada para as Patentes no art. 12, com a diferença: para as Patentes considera-se o prazo de doze meses como sendo o período de divulgação autorizada, desde que feita pelo Inventor, pelo INPI ou por terceiros, com base nas informações obtidas direta ou indiretamente do Inventor, em decorrência de atos por este realizados. Para o registro de Desenho Industrial o

período é menor: cento e oitenta dias. A hipótese merece

aplausos: o titular de um Desenho Industrial pode apresentá-lo ao público, por exemplo, em congresso ou em exposição a eventuais clientes, antes de realizar o depósito junto ao INPI e neste caso, poderá em até seis meses, fazê-lo sem que se alegue já ser acessível ao público. Mesmo que terceiros - muitas vezes presente a sua exposição – tenham divulgado esse trabalho.

Após o estudo, tem-se que a novidade será considerada

quando não tiver sido de conhecimento público, exceto ao período de graça e

quando um técnico no assunto, com o conhecimento que possui, não seja capaz

de descrever o funcionamento do produto.

1.1.2 Atividade Inventiva

Para a possibilidade de pedir um registro de Patente, na

criação são necessários três requisitos conforme já mencionados, sendo eles, a

novidade, ato inventivo e que este produto tenha aplicação industrial

Ao saber de Coelho28, o segundo requisito para a concessão

da Patente é:

A atividade inventiva e acrescenta que para ser Patenteável, a Invenção, além de não compreendida no estado da técnica (novidade), não pode derivar de forma simples dos conhecimentos nele reunidos. É necessário que a Invenção resulte de um verdadeiro engenho, de um ato de criação intelectual especialmente arguto.

27 NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial . Editora Bookseller, 1999, p.162 28 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial, p. 152

Page 25: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

9

No regulamento do Instituto Nacional de Propriedade

Industrial, este critério de patenteabilidade, o ato inventivo, é definido no artigo 13

da LPI onde diz que a Invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para

um técnico no assunto aquele com mediana experiência e conhecimento, não

decorra de maneira evidente ou óbvia, ou seja, que não envolve habilidade ou

capacidade além daquela usualmente inerente a um técnico no assunto.

Por técnico no assunto deve entender-se aquele com

mediana experiência e conhecimento, e não um experto ou técnico com

elevadíssimo e vasto conhecimento técnico na área29.

Dessa forma as Invenções, para serem patenteáveis, não

podem ser decorrentes de justaposições de processos, meios e órgãos

conhecidos, simples mudança de forma, proporções, dimensões e materiais,

salvo se, no conjunto, o resultado obtido apresentar um efeito técnico (resultado

final alcançado através de procedimento peculiar a uma determinada arte, ofício

ou ciência) novo ou diferente (que resulte diverso do previsível ou, não óbvio,

para um técnico no assunto).

A proteção à Invenção é garantida através de uma Patente,

a qual será tratada em âmbito nacional no capítulo 3. Com a apreciação da

Atividade Inventiva, abordar-se-á a Aplicação Industrial que é mais um requisito

da Propriedade Intelectual.

1.1.3 Aplicação Industrial

A novidade e a atividade inventiva, embora necessárias, não

bastam para que uma criação seja Patenteável. É preciso que, além disso, esta

tenha utilização industrial, condição que constitui o grande propósito da Patente.

Uma Invenção é considerada suscetível de aplicação

industrial se o seu objeto for passível, capaz de ser fabricado ou utilizado em

29 Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

Page 26: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

10

qualquer tipo de indústria, seja nas indústrias extrativas agrícolas, nas de

produtos manufaturados ou nas naturais30.

Coelho31 preceitua que:

O que pretende a lei, ao eleger a industriabilidade como condição de Patenteabilidade, é afastar a concessão de Patentes a Invenções que ainda não podem ser fabricadas, em razão do estágio evolutivo do estado da técnica, ou que são desvestidas de qualquer utilidade para o homem.

Duas, portanto, são as invenções que não atendem ao requisito da industriabilidade: as muito avançadas e as inúteis.

O artigo 15 da LPI define expressamente o termo “suscetível

de aplicação industrial” para o Patenteamento das invenções ou criações. Assim,

uma Invenção ou Modelo de Utilidade será considerada como suscetível de

aplicação industrial se o seu objeto for passível de ser fabricado ou utilizado em

qualquer tipo de indústria32.

Di Blasi exemplifica:

Um ônibus espacial seria patenteável? Seguindo o raciocínio de que o projeto de um ônibus espacial, de tamanha envergadura, somente deva ser autorizado pelo Governo Federal de um país, dentro de diretrizes por este fixada, conclui-se que se não houver interesse desta entidade em explorá-lo, não existe o menor sentido na concessão de Patente para um projeto latente.

Importante lembrar que para uma criação ser Patenteável,

os requisitos primordiais é a novidade, o ato inventivo e que este seja de

utilização industrial. Mas também que este produto seja explorado pelo criador

dentro do período de privilégio, os quais serão especificados em momento

oportuno, sob pena de caducidade. Ou seja, sem ter onde explorar, impossível

Patentear, que é o caso do exemplo do ônibus espacial na obra de Di Blasi. É

30Disponível em www.inpi.gov.br <Acesso em 21 ago. 2007> 31 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial , p.156 32 Disponível em www.inpi.gov.br <Acesso em 24 ago. 2007>

Page 27: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

11

necessário servir para a sociedade, visto que após o período de privilégio

concedido, o bem cai em domínio público.

Tem-se então que a Invenção é considerada capaz de

aplicação industrial quando pode ser produzida ou usada em escala industrial o

objeto da Invenção que possa ser produzido para o consumo da sociedade e que

possa ser aplicado em pelo menos um setor do sistema produtivo.

Para uma melhor compreensão aplica-se um quadro sobre

os requisitos da Propriedade Intelectual.

PROPRIEDADE INTELECTUAL

NOVIDADE ATO INVENTIVO ATIVIDADE INDUSTRIAL

Quando o objeto da criação não

tiver sido conhecido pelo público,

em qualquer parte do mundo, por

qualquer forma de divulgação,

antes do depósito de pedido de

Patente, salvaguardando o período

da graça.

É um exercício

intelectual da

capacidade da

criação humana.

Tudo que pode ser objeto de

exploração industrial. Que

possa ser pelo menos

utilizado em um setor do

sistema produtivo.

No quesito Propriedade Intelectual, tem-se três modalidades,

as quais são a Propriedade Industrial, Cultivares e Direitos Autorais, onde todas

serão estudadas na seqüência.

Após a apreciação dos requisitos Novidade, Ato Inventivo e

Utilização Industrial passa-se a analisar a primeira das três modalidades que

constituem a Propriedade Intelectual.

1.2 DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Para a adequada compreensão da temática em análise, é

necessário que seja apresentada a conceituação do que seja Propriedade

Industrial a luz do ordenamento jurídico brasileiro.

Fonte: Autora 2007

Page 28: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

12

Apresenta-se inicialmente que a Propriedade Industrial

constitui um direito real, um bem incorpóreo e, nos tempos atuais, esta é

inquestionável. A Lei nº 9.279 de 14.05.1996 regula os direitos e obrigações

relativos à proteção da Propriedade Industrial, a qual será abordada mais adiante.

A Propriedade Industrial provém da Propriedade Intelectual

que se refere aos bens intangíveis aplicáveis nas indústrias. Trata de assuntos

referentes às Invenções; aos Desenhos Industriais; as Marcas de Produto ou de

Serviço, de Certificação e Coletivas; à repressão às falsas Indicações Geográficas

e demais Indicações; e à repressão à concorrência desleal33.

Di Blasi34 considera a concorrência desleal como “quando se

utiliza de artifícios repreensíveis, capazes de captar a clientela de empresas com

intenções de auferir vantagens a estas pertencentes”.

No saber de Silva35, Propriedade Industrial é a proteção

conferida às Invenções, Desenhos Industriais, Marcas e Indicações Geográficas,

que podem ser aplicados à indústria e produzidos em série, a partir de

especificações técnicas.

Interessante se faz entender como nasceu a proteção à

Propriedade Industrial.

Na antiguidade excepcionalmente, desfrutavam de alguma

proteção contra imitações indevidas, os emblemas e brasões. A fim de evitar

plágio, muitos autores, visto que não possuíam qualquer tipo de privilégio ou

proteção para suas obras, costumavam codificar suas obras em caracteres

enigmáticos. Tem-se que Leonardo da Vinci utilizava-se com freqüência desse

recurso para preservar suas criações.

33 Doravante da Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996 em seu § 2º. 34 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p.17

35 SILVA, José Everton da. Professor Mestre da Universidade do Vale do Itajaí, Coodenador da CPAI CCH - CECIESA/GESTÃO -CCJS - Balneário Piçarras.

Page 29: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

13

Há notícias de que, desde a primeira metade do século XIV,

na Inglaterra, eram permitidos privilégios para a exploração de invenções. Porém,

tais prerrogativas até então concedidas constituíam imperfeições de proteção dos

bens intelectuais, pois não se respaldavam em leis, eram dependentes da graça

dos soberanos. Esse sistema de concessão foi alvo de severas críticas depois do

século XVII36.

Soares37 em sua obra relata que:

A Lei de Veneza, de 19 de março de 1474, foi a primeira a ser sancionada e tratada especificamente sobre a concessão de um privilégio temporário, fazendo referência aos “homens com intelecto muito aguçado capazes de inventar e descobrir vários artifícios engenhosos”, os quais, para a sua garantia, deveriam depositar o seu “Invento ou descoberta” nos Escritórios dos Administradores da Municipalidade.

Destaca-se, oportunamente, o Estatuto de Jacques Primeiro

de 1623, na Inglaterra, a Lei Norte-Americana, de 10 de abril de 1790, a França

sendo o terceiro país a legislar sobre direito dos Inventores em 1791 e o próprio

Alvará do nosso Príncipe Regente38, de 28 de abril de 180939.

36 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.04

37 SOARES, José Carlos Tinoco. Tratado da Propriedade Industrial – Patentes e seus sucedâneos . São Paulo: Editora Jurídica Brasileira, 1998, p.76.

38 O Príncipe Dom João VI, de 28 de abril de 1809 baixou o alvará que entre outras medidas reconheceu o direito do Inventor ao privilégio da exclusividade, por 14 anos sobre as Invenções levadas ao registro na Real Junta do Comércio, assim dispondo: “O objetivo deste Alvará é o de promover a felicidade pública dos meus vassalos ficando estabelecidos com esse desígnio princípios liberais para a propriedade do Estado do Brasil, especialmente necessários para fomentar a agricultura, animar o comércio, adiantar a navegação e aumentar a povoação, fazendo-se mais extensa e análoga a grandeza do mesmo Estado, e continua sendo muito conveniente que os Inventores e produtores de alguma nova máquina e de Invenção de artes gozem do privilégio, além do direito que possam ter ao valor pecuniário que seu serviço estabelece em favor da indústria e das artes. Ordeno que todas as pessoas que estiverem neste caso apresentem o plano de seu novo Invento à Real Junta do Comércio e que, reconhecendo a verdade do fundamento dele, lhes conceda o privilégio exclusivo de 14 anos, ficando obrigados a publicá-lo para que no fim deste prazo toda a nação goze do fruto desta Invenção. Ordeno, outrossim, que se faça uma exata revisão dos que se acham atualmente concedidos, fazendo-se públicos na forma acima determinada e revogando-se os que, por falsa alegação ou sem bem fundadas razões, obtiverem semelhantes concessões”.

39 BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O Sistema Internacional de Patentes . São Paulo: IOB Thomson, 2004. p. 09

Page 30: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

14

Porém, a proteção da Propriedade Industrial teve como

marco o anteprojeto, redigido em uma Conferência Diplomática, realizada em

Paris no ano de 1883 na data de 20 de março, intitulada Convenção da União de

Paris - CUP40, a qual, também, será tratada detalhadamente no momento

adequado.

A Propriedade Industrial é um episódio da Propriedade

Intelectual que trata dos bens intangíveis aplicáveis na indústria. Dentro deste

episódio têm-se quatro categorias: Invenção, Indicação Geográfica (IG), Marcas e

Desenho Industrial.

Ressalta-se que na Propriedade Industrial, são objetos de

Patentes a Invenção e o Modelo de Utilidade. Já os registráveis são o Desenho

Industrial, as Marcas e as Indicações Geográficas, no qual as Indicações

Geográficas o registro tem caráter apenas declaratório e, a Cultivar é protegida

por um certificado. Na seqüência aborda-se sobre Invenção.

1.2.1 Invenção

A Invenção não pode ser mero desdobramento daquilo que

já é de domínio público, e sim, pode ser entendida como o bem intangível,

resultado de atividade inventiva, o qual define algo, enquadrado nos diversos

campos da técnica, anteriormente não conhecido e utilizado.

Pode-se dizer que é a criação de algo que não existia, fruto

da capacidade inventiva do homem. As invenções sucedem de maneira mediata

ou imediata das descobertas, onde no ordenamento jurídico brasileiro tem-se que

as invenções são Patenteáveis, mas as descobertas não.

Bertoldi41 conceitua Invenção como:

O produto da inteligência humana que objetiva criar bens até então desconhecidos para aplicação industrial. Difere da descoberta na medida em que esta significa a revelação de algo já

40 Disponível em: www.inpi.gov.br. <Acesso em 20 set. 2007> 41 BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial: teoria geral direito comercial,

direito societário. V. 1. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 131

Page 31: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

15

existente na natureza, enquanto aquela diz respeito à criação de algo até então inexistente.

Assim, o Inventor é o sujeito do direito sobre a Invenção, da

qual resulta o direito de obter Patente, isto é, do reconhecimento por parte do

Estado ao privilégio de uso exclusivo.

Antes de dar continuidade acerca das categorias da

Propriedade Industrial, é necessário explanar as subcategorias que se enquadram

no que diz respeito à Invenção. Totalizam-se duas, as quais se denominam

Invento e Modelo de Utilidade. No próximo subtítulo transpor-se-á acerca de

Invento para um melhor entendimento.

1.2.1.1 Invento

Na Patente de Invenção (PI) classificam-se três modalidades

de Invento, sendo eles, os Inventos de produtos, de processos e de aparelhos.

Di Blasi42 conceitua Invenção de Produtos como:

(...)o resultado final de uma criação, materializada e caracterizada, conseqüente à utilização das regras estabelecidas numa Invenção. São as matérias, misturas, elementos e substâncias, apresentadas nos seus diferentes estados físicos ou químicos, ou um corpo certo e definido pelas suas características, como máquinas, aparelhos, utensílios etc.

Ainda nos ensinamentos de Di Blasi43 tem-se como Invenção

de Processos “as regras que estabelecem os meios técnicos para a obtenção do

produto. Em outras palavras, podemos dizer que o produto é o bem final,

enquanto o processo é o seu meio de obtenção”.

42 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p. 23

43 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p. 23

Page 32: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

16

Já sobre Invenção de Aparelhos, vislumbra Di Blasi44 que

“são as invenções relacionadas aos aparelhos responsáveis pelo processo de

obtenção dos produtos”. Veja-se um modelo para melhor entendimento:

45

Nas três modalidades de invenções, estas podem ser de

privilégio ou não. As de privilégios são as que correspondem aos critérios46

estabelecidos pela lei47 de Propriedade Industrial.

A Patente de Invenção é protegida pela LPI nº 9.279/96 e

tem validade pelo período de 20 anos a partir do momento que foi feito o depósito

junto ao INPI. O período de graça autorizado para uma eventual divulgação é de

12 meses precedente à data de depósito do pedido de Patente.

Discorre-se adiante sobre a segunda e última subcategoria

da Invenção, denominado Modelo de Utilidade.

1.2.1.2 Modelo de Utilidade (MU)

Pode-se dizer que é uma forma nova ou disposição

envolvendo ato inventivo que resulte em melhoria funcional do objeto.

44 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p. 23

45 Invento de Johannes Gutemberg (1398-1468), nascido em Mainz na Alemanha e, considerado o criador da imprensa em série. Ele criou esta prensa tipográfica, onde colocava letras que eram cunhadas em madeira e presas em formas para compor uma página. Essa tecnologia sobreviveu até o século XIX com poucas mudanças.

46 Novidade, Ato inventivo e Atividade Industrial. 47 Lei 9.279 de 1996.

Page 33: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

17

Para Coelho48, no Modelo de Utilidade não há propriamente

Invenção, mas acréscimo na utilidade de alguma ferramenta, instrumento de

trabalho ou utensílio, pela ação da novidade parcial que se lhe agrega.

Já no conceito de Requião49, “o Modelo de Utilidade é

conhecido, também, como pequena Invenção e compreendem sempre uma

disposição ou forma nova obtida ou introduzida em ferramentas, instrumentos de

trabalho ou utensílios, destinados a um uso prático”.

O Modelo de Utilidade deve preencher os mesmos requisitos

da Invenção, sendo eles, novidade, aplicação industrial e atividade inventiva de

maneira que contribua naquilo que já existe, no qual, este aperfeiçoamento não

teria razão de existir sem o Invento.

Veja-se o exemplo a seguir:

No conceito de Bertoldi50, “nada mais é que senão o

instrumento, utensílio ou objeto destinado ao aperfeiçoamento ou melhora de uma

Invenção preexistente”.

Segundo Paes51, “a inovação protegida como Modelo de

Utilidade deve manter sempre a presença de três elementos: Nova forma ou

disposição; Objeto de uso prático e; Melhoria funcional para o fim a que se

destina”.

48 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial . p. 74 49 REQUIAO, Rubens. Curso de Direito Comercial 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 268 50 BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial: teoria geral direito comercial,

direito societário. V. 1. p. 132 51 PAES, Paulo Roberto Tavares. Propriedade Industrial . 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000. p.

35

Page 34: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

18

Ensina Di Blasi52 que “nem todas as nações adotam em

suas leis a Patente de natureza de Modelo de Utilidade. Entre as que adotam

citamos o Brasil, a Alemanha, a China e o Japão. Nos Estados Unidos e na Suíça

a natureza de Modelo de Utilidade não é considerada”.

O Modelo de Utilidade (MU) é garantido através de uma

Patente com a concessão de 15 anos após a data do depósito efetuado,

requerendo o privilégio. A divulgação autorizada legalmente para que não

comprometa o requisito novidade, prazo nomeado como período da graça,

coincide com a PI, ou seja, 12 meses. O Modelo de Utilidade também é protegido

pela LPI no Brasil.

Após ter sido abordado sobre as subcategorias de Invenção,

passa-se a analisar a segunda categoria de Propriedade Industrial qual se

designa Indicação Geográfica.

1.2.2 Indicação Geográfica (IG)

A Lei de Propriedade Industrial, não define o que é Indicação

Geográfica, estabelecendo apenas suas espécies, a Indicação de Procedência e

a Denominação de Origem, inexistindo hierarquia legal entre elas, sendo

possibilidades paralelas à escolha dos produtores ou prestadores de serviços que

planejam buscar esta modalidade de proteção, atendidos os requisitos da lei e de

sua regulamentação.

Todavia, o INPI conceitua Indicação Geográfica como a

identificação de um produto ou serviço como originário de um local, região ou

país, quando determinada reputação,característica e/ou qualidade possam ser

vinculadas essencialmente a esta sua origem particular. Em suma, é uma garantia

quanto à origem de um produto e/ou suas qualidades e características regionais.

52 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p. 26

Page 35: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

19

A competência legal do INPI, em relação às Indicações

Geográficas nasce com a LPI, ao estatuir no parágrafo único do art. 182, que "o

INPI estabelecerá as condições de registro das indicações geográficas".

Tal norma decorre do fato de ser o Brasil signatário da

Convenção da União de Paris (CUP), do Acordo de Madrid sobre Indicações de

Origem e do Acordo sobre os Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual

Relacionado ao Comércio (ADPIC ou TRIPS, em inglês), tendo, via de

conseqüência, o dever de proteção das Indicações Geográficas.

Nas indicações Geográficas existem duas subcategorias

classificadas como Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem

(DO).

A Indicação Geográfica tem o regime jurídico para a sua

proteção a LPI. O registro concedido pela IG é de natureza declaratória, pois

implica no reconhecimento pela representação estatal de condições pré-

existentes, seja a reputação ou a influência do meio geográfico, sendo que não

tem um prazo determinado para sua vigência, de forma que o período para o uso

do direito é o mesmo da existência do produto ou do serviço reconhecido dentro

das peculiaridades da IP e da DO.

A seguir, estudam-se separadamente Indicação de

Procedência e Denominação de Origem.

1.2.2.1 Indicação de Procedência (IP)

Pimentel53 no seu saber traz que a indicação de procedência

é “o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território que se

tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de

determinado produto ou de prestação de determinado serviço”.

Esta Indicação será de forma a possibilitar a agregação de

valor quando indicada a sua origem, independente de outras características.

Devendo ser comprovado de que a localidade tornou-se conhecida como centro

53 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade – Aspectos L egais . p. 115

Page 36: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

20

de extração, produção ou fabricação do produto ou como centro de prestação do

serviço, como por exemplo, reportagens de jornais e revistas, artigos científicos,

livros, musicas entre outros;

A IP protegerá a relação entre o produto ou serviço e sua

reputação, em razão de sua origem geográfica específica, condição esta que

deverá ser, indispensavelmente, preexistente ao pedido de registro.

Como exemplo de Indicação de Procedência tem-se o Vale

dos Vinhedos e a Cachaça do Brasil, vejam-se seus signos.

54

Após essa análise, veja-se a Denominação de Origem.

1.2.2.2 Denominação de Origem (DO)

Esclarece Pimentel55 que a Denominação de Origem é “o

nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território que

designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam

exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e

humanos”.

54 SILVA, José Everton da. VI Congresso Ibero Americano de Farmácia . 26 out. 2007. 55 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade – Aspectos L egais . p. 115

Page 37: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

21

Em suma, a origem geográfica deve afetar o resultado final

do produto ou a prestação do serviço, de forma identificável e mensurável, o que

será objeto de prova quando formulado um pedido de registro enquadrado nesta

espécie ante ao INPI, através de estudos técnicos e científicos, constituindo-se

em uma prova mais complexa do que a exigida para as Indicações de

Procedência.

Para um melhor entendimento traz-se como exemplo de

Denominação de Origem os presuntos da região de Salamanca na Espanha.

Dessa castanha são alimentados, nos últimos três meses de vida, os suínos que

geram um presunto de qualidade específica com menor nocividade a saúde. Veja-

se:

56

Conclui-se que Indicação Geográfica consiste no direito que

determinados habitantes, de certa região conhecida, tem sobre os produtos e

serviços que produzem; direitos estes de usarem e despacharem em suas

embalagens e rótulos tal reconhecida região geográfica e, por outro lado, o direito

de proibirem que habitantes de locais diversos usem esta renomada procedência.

Após análise da Indicação Geográfica juntamente com suas

subcategorias, passa-se ao estudo sobre Marca, sendo esta mais uma categoria

de Propriedade Industrial, provinda da Propriedade Intelectual.

1.2.3 Marcas

Marcas são pontes entre as pessoas. Produtores,

fornecedores, comerciantes, consumidores, todos precisam estabelecer relações

em que valores são construídos e compartilhados. Nesse sentido, as Marcas

56 SILVA, José Everton da. VI Congresso Ibero Americano de Farmácia . 26 out. 2007.

Page 38: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

22

atuam como elementos que potencialmente agregam valor às coisas. São

ferramentas poderosas e freqüentemente podem agir em favor de uma empresa –

embora, quando não cuidadas, depreciem sua imagem. Na maioria das vezes,

constituem o ativo mais valioso das firmas, sendo inclusive alvo de transações

comerciais sem precedentes. Marcas inspiram qualidade, evocam lembranças,

atraem desejos merecendo investimento e proteção57.

Brinda Carvalho de Mendonça58 que as Marcas:

Consistem em sinais gráficos ou figurativos, destinados a individualizar os produtos de uma empresa industrial ou as mercadorias postas à venda em uma casa de negócio, dando a conhecer sua origem ou procedência, e atestando a atividade e o trabalho de que é resultado.

Para Ferreira59, as Marcas de indústria e comércio se

definem como:

(...) palavras, sinais ou figuras, isoladas ou em conjunto, de forma original, adotados e de uso exclusivo do fabricante ou comerciante, assegurado pelo registro, a fim de assinalarem-se seus produtos ou mercadorias as exporem-se à venda.

Carlos Fernandéz-Novoa60 afirma que marca é composta por

três elementos: o signo, o produto e o elemento subjetivo. Veja-se:

Signo como uma realidade intangível, que necessita adquirir forma sensível, materializando-se no próprio produto comercializado. Considera-se produto o objeto tangível no qual o signo se opõe. E o elemento subjetivo é a apreensão pelos consumidores da união signo-produto.

A OMPI61, Órgão que trataremos adiante conceitua Marca

como: “un signo visibile que permite distinguir los bienes y servicios de una 57 Disponível em www.inpi.gov.br <acesso em 06 set.2007> 58 MENDONÇA, J. X. Carvalho de. TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO . 5º Ed.

Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1955. vol. V, parte I, p. 215. 59 FERREIRA, Waldemar. TRATADO DE DIREITO COMERCIAL. São Paulo: Saraiva, 1962. vol.

VI, p. 266. 60 FERNANDÉZ-NOVOA, Carlos. EL USO OBLIGATORIO DE MARCAS. Madrid: Editora

Montecorvo, 1984, p. 24.

Page 39: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

23

empresa de los bienes incorporal, cuyo principal valor reside em el prestigio y

reputación que representa”.

O que acontece com a Marca não é o mesmo que ocorre

com a Patente no quesito prazo de utilização. Na Patente o titular tem um prazo

limitado para utilizá-la, já, o proprietário de uma marca pode explorá-la por

períodos prorrogáveis, geralmente este prazo é de dez anos, dando-lhe

basicamente um prazo indefinido para a sua utilização.

A Lei da Propriedade Industrial, que protege também as

Marcas, traz os vários tipos de Marcas, as quais se explanam resumidamente a

seguir sob a ótica de Di Blasi62:

Marca de Produto ou Serviço : usada para distinguir

produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa.

Marca de Certificação : utilizada para atestar a

conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou

especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material

utilizado e metodologia empregada.

Marca Coletiva : a usada para identificar produtos ou

serviços provindos de membros de uma determinada entidade.

Quanto à apresentação da marca, têm-se as explicações de

Di Blasi63:

Marca Nominativa : representada por inscrições convencionais no

mundo ocidental, caracterizadas por letras latinas e algarismos arábicos ou romanos, os quais permitam a combinação de palavras, ou formem uma única palavra, capazes de serem lidas e

61 Organização Mundial da Propriedade Intelectual. 62 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.172

63 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.172

Page 40: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

24

enunciadas fluentemente, mesmo que formem nomes de fantasia, ou seja, nomes ou palavras que não constem no vernáculo. Como exemplo tem-se a marca BMW, AVON etc.

Marca Figurativa : aquela apresentada sob a forma de desenho

ou combinação de figuras, coloridas ou não, símbolos gráficos, emblemas, ou ainda, em letras, palavras ou números apresentados de modo fantasioso ou decorativo, mesmo que em caracteres não latinos.

Marca Mista : aquela representada com as características combinadas da marca nominativa e figurativa, não podendo ser enquadrada separadamente nessas duas categorias.

Marca Tridimensional : a constituída pela forma particular não funcional e não habitual dada diretamente ao produto ou o seu recipiente. O registro da marca tridimensional é mais uma inovação da Lei nº 9.279 de 1996.

No rol de Marcas existem também as Notoriamente

Conhecidas . Dentre algumas, vejam-se os exemplos abaixo:

Page 41: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

25

Gusmão64 ressalta que:

A notoriedade traz à marca um valor dificilmente estimável, mas seguramente existente. É esse valor econômico que se procura proteger, evitando-se a diluição de seu poder atrativo e de sua reputação.

No Brasil, segundo Moro65, “pode-se dizer que se tem um

sistema misto. Em regra, a aquisição do direito sobre uma marca se faz pelo

registro, mas, excepcionalmente, a prova anterior do uso é suficiente. É, portanto,

um sistema misto com predominância do sistema atributivo”66.

O direito de aquisição de uma marca dependerá da

legislação de cada país. Sendo que alguns adotam direito sobre a marca pelo

simples uso da mesma. Enquanto outros exigem formalidades do registro, para o

possível exercício efetivo sobre aquela, e, ainda existem aqueles que adotam um

sistema misto.

Conclui-se que Marca é o registro legal para proteger os

sinais distintivos visualmente perceptíveis que confere ao seu titular o uso

exclusivo, em seu ramo de atividade, permitindo distinguir o produto ou serviço de

outro idêntico ou afim, perante os consumidores do bem comercializado. Com

isso, chegam-se à última categoria de Propriedade Industrial que é o Desenho

Industrial, tão importante quanto os anteriores, o qual se analisará a seguir.

1.2.4 Desenho Industrial

Para a legislação brasileira, considera-se Desenho Industrial

a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e

cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo

64 GUSMÃO, José Roberto D’Affonseca. A PROTEÇÃO DA MARCA NOTÓRIA NO BRASIL –

APLICAÇÃO DO ART. 6º bis DA CUP E DA LEI INTERNA. REVISTA DE DIREITO MERCANTIL, São Paulo, vol. 70, p. 68, abr.- jun. 1988.

65 MORO, Maitê Cecília Fabbri. Direito de Marcas: abordagem das Marcas notórias na lei 9.279-96 e nos acordos internacionais . São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003, p. 54.

66 Não se analisará o procedimento relativo à outorga de direito sobre a marca, por fugir ao tema de estudo proposto.

Page 42: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

26

e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação

industrial, tudo isso podendo ser protegido através de um Registro.

O Registro é um título de propriedade temporária sobre um

Desenho Industrial, outorgado pelo Estado aos autores ou outras pessoas físicas

ou jurídicas detentoras dos direitos sobre a criação.

Pimentel67 conceitua Desenho Industrial como “um bem

imaterial que constitui um meio de expressão da criatividade do homem e que se

exterioriza pela forma, ou pela disposição de linhas e cores, de um objeto

suscetível de utilização industrial”.

A frivolidade é característica mencionada por Coelho68

quanto ao Desenho Industrial quando diz que “a alteração que o Desenho

Industrial introduz nos objetos não amplia a sua utilidade, apenas o reveste de um

aspecto diferente”.

Destaca ainda, que este traço fútil, é essencial para que a

alteração no objeto seja sob o ponto de vista jurídico, um Desenho Industrial e

não um eventual Modelo de Utilidade ou uma Adição de Invenção69.

Frisa-se que a LPI, no Desenho Industrial, protege somente

os designs industrializáveis. Pode-se dizer que o Desenho Industrial é uma forma

visual de apresentação de alguma coisa que já existe, onde objetiva-se portar ao

consumidor essa criatividade, onde na maioria das vezes o custo é ainda mais

inferior, possibilitando com isso, a aquisição por aqueles.

Vejam-se exemplos de Desenho Industrial:

70

67 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade . p. 27 68 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial . p.138 69 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial . p.138

Page 43: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

27

A elaboração de novos produtos é investida pelas empresas

através de pesquisa e tecnologia, que na maioria das vezes, envolvem grandes

valores. Proteger esse produto através de um Registro significa prevenir-se de

concorrentes que copiam e vendem o mesmo produto a um valor inferior, pois não

investiram nada em pesquisas para chegar ao resultado desenvolvido.

O Registro de Desenho Industrial protege a configuração

externa do objeto e não o funcionamento do mesmo. Este é concedido através do

INPI, de acordo com a LPI.

O TRIPS71 é quem fixa padrões mínimos uniformes de

proteção dos desenhos industriais sendo extremamente importantes. No Brasil o

prazo de vigência do Registro é de dez anos contados da data do depósito,

prorrogáveis por mais três períodos sucessíveis de cinco anos, até atingir o prazo

máximo de vinte e cinco anos, contados da data do depósito72.

Para o Período de Graça concedido no Desenho Industrial,

este tem um prazo de 06 meses precedentes da data do depósito do Registro

para garantir a novidade.

Conclui-se então, que Desenho Industrial é a proteção legal,

por um prazo determinado, na forma de registro, concedido à forma plástica de

um objeto ou conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um

produto, que proporcione resultado visual novo e original na sua configuração

externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial. Dando seqüência à

pesquisa, far-se-á agora uma busca acerca de Cultivares, sendo esta a penúltima

modalidade de Propriedade Intelectual.

70 SILVA, José Everton da. VI Congresso Ibero Americano de Farmácia . 26 out. 2007. 71 Tratado Internacional, integrante do conjunto de acordos assinados em 1994 que encerrou a

Rodada Uruguai e criou a Organização Mundial do Comércio. Também chamado de Acordo Relativo aos Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual Relacionados com o Comércio (ADPIC), tem o seu nome como resultado das iniciais em inglês do instrumento internacional.

72 Art. 108 da LPI – O Registro vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do depósito, prorrogável por 3 (três) períodos sucessível de 5 (cinco) anos cada.

Page 44: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais
Page 45: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

1.3 CULTIVARES 73

O regime jurídico de proteção dos direitos de Propriedade

Intelectual referentes a cultivar, que se efetua pela concessão do certificado de

proteção de cultivar, é considerado como a única forma de proteção de cultivares

e de direito que poderá obstar no Brasil a livre utilização de plantas ou de suas

partes de reprodução ou de multiplicação vegetativa74.

Pimentel75 ensina que:

Aplica-se esse regime aos pedidos de proteção de cultivar proveniente do exterior e depositados no país por quem tenha proteção assegurada por tratado em vigor no Brasil; e aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes.

Protege a Propriedade Intelectual a concessão de certificado

ao pesquisador, pessoa física ou jurídica, que obtém o Cultivar, que é definido

como a variedade de qualquer gênero ou espécie vegetal superior que seja

claramente distinguível de outros Cultivares conhecidos por margem mínima de

descritores, por sua denominação própria, que seja homogênea e estável quanto

aos descritores, por meio de gerações sucessivas e seja de espécie passível de

uso pelo complexo agroflorestal, descrita em publicação especializada disponível

e acessível ao público, bem como a linhagem componente de híbridos76.

A Lei nº 9.456 de 1997 é que protege as novas variedades

de plantas, em suas reproduções, gerenciada pelo SNPC77, pertencente ao

MAPA78.

73 Dados extraídos da publicação “Registro Nacional de Cultivares – RNC”, do Serviço Nacional de

Proteção de Cultivares, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasília, DF, 2001.

74 Lei nº 9.456 de 25 abr. 1997, regulamentada pelo Decreto nº 2.854 de 02 dez. 1997. 75 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade . p. 65 76 Cadernos REPICT – Vol. 1 – Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais Ltda., 2004. p. 22. 77 Serviço Nacional de Proteção de Cultivares. 78 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Page 46: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

30

Como exemplos de Cultivares têm-se Algodão BRS Acácia,

Arroz NA Cambará etc.79.

A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS80 conceitua

Cultivares como uma subdivisão de uma espécie agrícola que se distingue de

outra por qualquer característica perfeitamente identificável, seja de ordem

morfológica, fisiológica, bioquímica ou outras julgadas suficientes para sua

identificação.

Dentro de Cultivares têm-se algumas categorias nominadas

de Cultivar Comercial; Cultivar Essencialmente Derivada; Cultivar Homogênea e;

Nova Cultivar. Vejam-se separadamente cada uma dessas.

1.3.1 Cultivar Comercial

É o conjunto de indivíduos botânicos, cultivados, que se

distinguem por determinados caracteres morfológicos, fisiológicos, citológicos,

químicos ou outros de caráter agronômico ou econômico e que em reprodução

sexuada ou na multiplicação vegetariana, conservem seus caracteres distintivos.

Uma cultivar comercial deve ser mantida, por pessoa física ou jurídica, em

condições suficientes para assegurar a renovação do estoque de sementes e de

manutenção da sua identidade genética e pureza varietal.

1.3.2 Cultivar Essencialmente Derivada

Aquela que é essencialmente derivada de outra cultivar, se

cumulativamente for, predominantemente, derivada da cultivar inicial ou de outra

cultivar essencialmente derivada, sem perder a expressão das características

essenciais que resultem do genótipo ou da combinação de genótipos da cultivar

da qual derivou, exceto no que diz respeito às diferenças resultantes da

derivação.

79 Disponível em http://www.agricultura.gov.br/images/MAPA/cultivares/lst1200_13_09_2007.htm

<Acesso em 06 set. 2007> 80 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico.

Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS, p. 75

Page 47: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

31

1.3.3 Cultivar Homogênea

É a Cultivar que, utilizada em plantio, em escala comercial,

apresente variabilidade mínima quanto aos descritos que a identifiquem, segundo

critérios estabelecidos pelo órgão competente.

1.3.4 Nova Cultivar

Quando for, claramente distinta da cultivar da qual derivou,

exceto no que diz respeito às diferenças resultantes da derivação e, quando não

tenha sido oferecida à venda no Brasil há mais de doze meses em relação à data

do pedido de proteção e que, observado o prazo de comercialização no Brasil,

não tenha sido oferecida à venda em outros países, com o consentimento do

obtentor, há mais de seis anos para espécies de árvores e videiras e, há mais de

quatro anos para as demais espécies.

O detentor disso é considerado a pessoa física ou jurídica

que seja depositária de sementes ou mudas ou titular do direito de proteção de

cultivar. Já o melhorista, ou também pesquisador, é a pessoa física que obtiver

cultivar e estabelecer descritores que diferenciam das demais.

Para o obtentor é considerado a pessoa física ou jurídica

que obtiver nova cultivar ou cultivar essencialmente derivada.

Pimentel81 contribui com seu saber dizendo que:

Decorrido o prazo de vigência do direito de proteção, a cultivar cairá em domínio público e nenhum outro direito poderá obstar sua livre utilização.

A finalidade e alcance do registro de cultivares é disciplinar a

utilização de cultivares que tenham uma aplicação marcante na agricultura

nacional, que reúnam as condições técnicas de serem distintas, homogêneas e

estáveis e que possuam um valor de cultivo e ou de uso, identificado.

81 PIMENTEL, Luiz Otávio. A Propriedade Intelectual e Universidade – Aspecto s Legais. p.

69.

Page 48: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

32

O Registro visa a proteger o agricultor da venda

indiscriminada de sementes e mudas de cultivares que não tenham sido testadas

nas condições de exploração agrícola no Brasil.

A proteção da cultivar vigorará, a partir da data da

concessão do Certificado Provisório de Proteção, pelo prazo de quinze anos,

excetuadas as videiras, as árvores frutíferas, as árvores florestais e as árvores

ornamentais, inclusive, em cada caso, o seu porta-enxerto, para as quais a

duração será de dezoito anos.

Page 49: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

33

CULTIVARES

CONCEITO Subdivisão de uma espécie agrícola que se distingue de outra por qualquer característica perfeitamente identificável, seja de ordem morfológica, fisiológica, bioquímica ou outras julgadas suficientes para sua identificação.

PER. DE GRAÇA

DOCTO.

Certificado Provisório

de Proteção

VALIDADE 15 anos a partir da data da Concessão do Certificado. Decorrido o prazo, cairá em domínio público.

FUND. LEGAL

Lei 9.456/97

CULTIVAR COMERCIAL

Conjunto de indivíduos botânicos, cultivados, que se distinguem por determinados caracteres morfológicos, fisiológicos, citológicos, químicos ou outros de caráter agronômico ou econômico e que em reprodução sexuada ou na multiplicação vegetariana, conservem seus caracteres distintos.

Certificado Provisório de Proteção

15 anos a partir da data da Concessão do Certificado. Decorrido o prazo, cairá em domínio público.

Lei 9.456/97

CULTIVAR ESSENCIALMENTE DERIVADA

Essencialmente derivada de outra Cultivar, se cumulativamente for, predominantemente, derivada da Cultivar inicial ou de outra Cultivar Essencialmente Derivada, sem perder a expressão das características essenciais que resultem do genótipo da Cultivar da qual derivou, exceto no que diz respeito às diferenças resultantes da derivação.

Certificado Provisório de Proteção

15 anos a partir da data da Concessão do Certificado. Decorrido o prazo, cairá em domínio público.

Lei 9.456/97

CULTIVAR

HOMOGÊNEA

Utilizada em plantio, em escala comercial, apresenta variabilidade mínima quanto aos descritos que a identifiquem, segundo critérios estabelecidos pelo órgão competente.

Certificado Provisório de Proteção

15 anos a partir da data da Concessão do Certificado. Decorrido o prazo, cairá em domínio público.

Lei 9.456/97

NOVA CULTIVAR

Quando for, claramente distinta da cultivar da qual derivou, exceto no que diz respeito às diferenças resultantes da derivação e, quando não tenha sido oferecida à venda no Brasil há mais de doze meses em relação à data do pedido de proteção e que, observado o prazo de comercialização no Brasil, não tenha sido oferecida à venda em outros países, com o consentimento do obtentor, há mais de seis anos para espécies de árvores e videiras há mais de quatro anos para as demais espécies.

12 meses no Brasil. Mais de 06 anos em outros

países para árvores e videiras e, há mais de

04 anos para outras espécies.

Certificado Provisório de Proteção

15 anos a partir da data da Concessão do Certificado. Decorrido o prazo, cairá em domínio público.

Lei 9.456/97

Árvores frutíferas, árvores florestais e árvores ornamentais, inclusive, em cada caso, o seu porta-enxerto.

Certificado Provisório de Proteção

18 anos a partir da data da Concessão do Certificado. Decorrido o prazo, cairá em domínio público.

CULTIVARES

Fonte: Autora 2007

Fonte: Autora 2007

Page 50: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

Após esse estudo passa-se a analisar a última modalidade

da Propriedade Intelectual, sendo esta, Direito Autoral.

1.4 DIREITO AUTORAL

O Direito Autoral é regulado pela Lei nº 9.610 de 19 de

fevereiro de1998, que alterou, atualizou e consolidou a legislação sobre Direitos

Autorais e, em seu artigo 5º82, estabelece o que considera como direito de autor.

82 Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao conhecimento do público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por qualquer forma ou processo;

II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons e imagens, por meio de ondas radioelétricas; sinais de satélite; fio, cabo ou outro condutor; meios óticos ou qualquer outro processo eletromagnético;

III - retransmissão - a emissão simultânea da transmissão de uma empresa por outra;

IV - distribuição - a colocação à disposição do público do original ou cópia de obras literárias, artísticas ou científicas, interpretações ou execuções fixadas e fonogramas, mediante a venda, locação ou qualquer outra forma de transferência de propriedade ou posse;

V - comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é colocada ao alcance do público, por qualquer meio ou procedimento e que não consista na distribuição de exemplares;

VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária, artística ou científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio de fixação que venha a ser desenvolvido;

VII - contrafação - a reprodução não autorizada;

VIII - obra:

a) em co-autoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores;

b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por ser desconhecido;

c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome suposto;

d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação;

e) póstuma - a que se publique após a morte do autor;

f) originária - a criação primígena;

g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da transformação de obra originária;

h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação autônoma;

i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento, independentemente dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios utilizados para sua veiculação;

Page 51: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

35

No ensinamento de Pereira83, “os direitos de autor na

atualizada revisão terminológica e conceitual desbordam da relação dominial. Mas

à amplitude semântica do vocabulário jurídico não repugna designar a titularidade

dos direitos sobre bens incorpóreos como propriedade”.

É o direito que todo criador de uma obra intelectual tem

sobre a sua criação. Esse direito personalíssimo, exclusivo do autor, constitui-se

de um direito moral, a criação, e um direito patrimonial, pecuniário. Está definido

por vários Tratados e Convenções Internacionais, dentre os quais o mais

significativo é a Convenção de Berna. No Brasil, a Lei nº 9.610 de 19 fevereiro de

1998, que regula os direitos do autor.

Pimentel84 traz que “a proteção aos Direitos Autorais,

independente de registro, sendo facultado ao autor registrar a sua obra no órgão

público, que neste caso terá efeito declaratório e dará segurança jurídica no

exercício dos direitos”.

No Direito Autoral, o criador tem desde logo todos os direitos

pessoais e materiais, independentemente de registro. A legislação prevê o

registro de suas obras junto a Biblioteca Nacional, na Escola de Música e na

Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, porém em

IX - fonograma - toda fixação de sons de uma execução ou interpretação ou de outros sons,

ou de uma representação de sons que não seja uma fixação incluída em uma obra audiovisual;

X - editor - a pessoa física ou jurídica à qual se atribui o direito exclusivo de reprodução da obra e o dever de divulgá-la, nos limites previstos no contrato de edição;

XI - produtor - a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa e tem a responsabilidade econômica da primeira fixação do fonograma ou da obra audiovisual, qualquer que seja a natureza do suporte utilizado;

XII - radiodifusão - a transmissão sem fio, inclusive por satélites, de sons ou imagens e sons ou das representações desses, para recepção ao público e a transmissão de sinais codificados, quando os meios de decodificação sejam oferecidos ao público pelo organismo de radiodifusão ou com seu consentimento;

XIII - artistas intérpretes ou executantes - todos os atores, cantores, músicos, bailarinos ou outras pessoas que representem um papel, cantem, recitem, declamem, interpretem ou executem em qualquer forma obras literárias ou artísticas ou expressões do folclore

83 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil – vol. 1: 6 ed. Rio de Janeiro.

Forense, 1994, p. 76. 84 PIMENTEL, Luiz Otávio. A Propriedade Intelectual e Universidade – Aspecto s Legais , p.

131.

Page 52: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

36

Santa Catarina sua representante é a Universidade do Estado de Santa Catarina

– UDESC, onde o autor poderá registrar suas poesias, músicas, romances, teses

etc85.

Coelho86 observa que “no Direito Autoral, se o autor

demonstrar que foi ele o primeiro a criar determinada obra, será o detentor do

direito”.

O registro da obra se destina apenas à prova da

anterioridade e cuida da forma em que a idéia se exterioriza.

Considera-se autor da obra intelectual, não havendo prova

em contrário, aquele que tiver indicada ou anunciada essa qualidade na sua

utilização. Também podendo ser titular de direitos do autor quem adapta, traduz,

arranja ou orquestra obra caída no domínio público, não podendo opor-se a outra

adaptação, arranjo, orquestração ou tradução, salvo se for cópia sua87.

A titularidade é também a condição de quem obteve por

contrato de cessão os direitos de exploração econômica de obra intelectual.

Pimentel88 no seu saber conceitua:

Quanto aos direitos conexos, expressão que não é aceita com unanimidade pela doutrina, são os direitos que a lei estende aos artistas intérpretes ou executantes, produtores fonográficos e empresas de radiodifusão.

Estabelece a lei que as normas relativas aos direitos de autor aplicam-se aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão. Proteção esta que deixa intacta e não afeta as garantias

85 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA, Disponível em www.udesc.br. <Acesso

em 28 out. 2007> 86 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial, p. 145. 87 PIMENTEL, Luiz Otávio. A Propriedade Intelectual e Universidade – Aspectos Legais , p.

134. 88 PIMENTEL, Luiz Otávio. A Propriedade Intelectual e Universidade – Aspectos Legais, p.

150.

Page 53: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

37

asseguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou científicas.

Conclui-se que Direito Autoral é o direito exclusivo conferido

pelo Estado ao criador de obras literárias ou artísticas originais, como livros,

artigos, desenhos, fotografias, composições musicais, gravações, filmes, e

abrange os direitos conexos, sendo estes, direitos de intérpretes, executantes,

produtores fonográficos e radiodifusão.

Page 54: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

LOCAL DE REGISTRO

VALIDADE

FUND. LEGAL

REGISTRO DE OBRAS

ARTÍSTICAS

Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. End. Av. Do Ipê, 550 – Prédio da Reitoria, sl. 723 – Ilha do Fundão – 21949-970 – Rio de Janeiro – RJ – Fone (21) 2598-1649 – e-mail [email protected] – Home Page www.eba.ufrj.br

Para o titular perdura por toda a vida. Os sucessores (filhos, pais e cônjuges) também gozam de direitos vitalícios, recebidos por “causa mortis”. Os demais sucessores, legítimos ou testamentários, gozam do direito por 70 anos, contados do 1º de janeiro do ano subseqüente ao falecimento do titular

Lei nº 9.610/98; Decreto nº 91.873/85; Resolução nº 58/98 do Conselho Nacional de Direitos Autorais (CNDA)

REGISTRO DE OBRAS MUSICAIS

Escola da Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. End. Rua do Passeio, 98 LAPA – 20021-290 – Rio de Janeiro – RJ – Fone (21) 2532-4649 – e-mail [email protected] – Home Page www.musica.ufrj.br

O mesmo

Lei nº 9.610/98; Lei nº 3.857/60 Decreto nº 91.873/85; Resolução nº 58/98 do Conselho Nacional de Direitos Autorais (CNDA)

REGISTRO DE

OBRAS DE ENGENHARIA,

ARQUITETURA E URBANISMO.

Conselho Federa de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e Agronomia – CONFEA End. SEPN – Quadra 508 – Bl. B Asa Norte – 70740-542 – Brasília – DF – Fone (61) 248-2700 e-mail [email protected] Home Page www.confea.org.br

O mesmo

Lei nº 9.610/98; Decreto nº 91.873/85; Resolução nº 58/98 do Conselho Nacional de Direitos Autorais (CNDA)

REGISTRO DE OBRAS

LITERÁRIAS

Escritório de Direitos Autorais da Fundação Bibl. Nacional – EDA End. Rua da Imprensa, 16 – 12º andar – Sl. 1205 – Palácio Gustavo Capanema Castelo – 20030-120 – Rio de Janeiro – RJ – Fone (21) 2220-0039 – e-mail [email protected] Home Page www.bn.br

O mesmo

Lei nº 9.610/98; Decreto nº 91.873/85; Resolução nº 58/98 do Conselho Nacional de Direitos Autorais (CNDA)

REGISTRO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR

Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI End. Pç. Mauá, 07 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Fone (21) 2139-3791 – E-mail [email protected] – Home Page www.inpi.gov.br ou www.registro.br

50 anos, contados a partir de 1º de janeiro

do ano subseqüente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da

sua criação.

Lei nº 9.609/98; Decreto nº 2.556/98; Resolução nº 58/98 do INPI; Resolução nº 59/98 do INPI.

REPRESENTAÇÃO DO EDA EM SANTA CATARINA

Universidade do Estado de Santa Catarina – Reitoria End. Av. Madre Benventura, 2007 – Itacorubi – 88035-001 – Florianópolis – SC – Fone (48) 231-1590 – E-mail [email protected] Home Page www.udesc.br/udesc-eda * Através desse escritório é possível fazer todos os tipos de registro, pois, como representantes, os mesmos enviam os pedidos para os setores responsáveis no Rio de Janeiro para cadastro Nacional. * Para registro de Obras de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo através de Santa Catarina, o mesmo deve ser efetuado no CREA/SC.

DIREITOS AUTORAIS

Page 55: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

39

Com a abordagem de todas as modalidades da Propriedade

Intelectual, juntamente de seus requisitos e formas de proteção, passa-se a

explanar sobre os Convênios e Tratados pertinentes às Patentes no âmbito

internacional.

Page 56: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

CAPÍTULO 2

ASPECTOS DESTACADOS DAS PATENTES NO ÂMBITO INTERNACIONAL

É inegável a importância e a necessidade de evolução do

sistema internacional de Patentes para o benefício da sociedade mundial.

Ainda na Idade Média, a sociedade preocupava-se em

estabelecer normas que assegurassem direitos àqueles que fossem capazes de

criar algo útil a ser usufruído pela sociedade. Feita a distinção entre atos de

inteligência, baseados na capacidade criativa, que conduzem às invenções,

surgem as primeiras leis de Patentes para regular a propriedade temporária das

invenções. A diversidade de princípios e requisitos então vigentes exigia, para a

segurança dos inventores, credibilidade e eficácia do sistema de proteção, a

formulação de regras mínimas a serem observadas pelas leis dos diferentes

países. Os trabalhos preparatórios, no sentido de um acordo multilateral, tiveram

início com uma conferência internacional em Viena em 1873, resultando,

finalmente, em 1883, na União Internacional para a Proteção da Propriedade

Industrial, sendo esta a Convenção da União de Paris – CUP. Foram 14 seus

signatários originais, estando o Brasil entre eles89.

2.1 CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS - CUP

Assinada em Paris em 20 de março de 1883, foi revisada em

Bruxelas em 14 de dezembro de 1900; em Washington em 02 de junho de 1911;

em Haia em 06 de novembro de 1925; em Londres em 02 de junho de 1934; em

Lisboa em 31 de outubro de 1958 e, em Estocolmo em 14 de julho de 1967.

89 Cadernos REPICT/vol.2 – Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais Ltda., 2005, p. 11.

Page 57: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

41

Emenda em 28 de setembro de 1979, possuindo atualmente 17290 países

signatários.

Dessa forma, a CUP deu origem ao hoje denominado

Sistema Internacional da Propriedade Industrial. Foi a primeira tentativa de

harmonização internacional dos diferentes sistemas jurídicos nacionais relativos à

Propriedade Industrial. Surge, assim, o vínculo entre uma nova classe de bens de

natureza imaterial e a figura do autor, assimilado ao Direito de Propriedade.

Barcellos91 expõe que:

A Convenção foi concebida de modo a permitir um razoável grau de liberdade às legislações nacionais, desde que fossem respeitados alguns princípios fundamentais. Tais princípios devem, obrigatoriamente, ser observados pelos países signatários da CUP. Com a CUP, cria-se um denominado “território da União”, constituído pelos países contratantes, no qual se aplicam os princípios gerais de proteção aos Direitos de Propriedade Industrial.

A Convenção da União de Paris foi elaborada de modo a

permitir razoável grau de flexibilidade às legislações nacionais, desde que fossem

respeitados alguns princípios fundamentais, de observância obrigatória, pelos

países signatários, sendo eles o tratamento nacional, direito de prioridade, licença

compulsória e regras gerais.

Como regras gerais, cria-se por meio da Convenção um

território da União de Paris, constituído pelos países contratantes, onde se

aplicam os princípios gerais de proteção aos Direitos de Propriedade Industrial,

através de uma Assembléia, que conterá todos os países da União de Paris, e de

uma Comissão Executiva, cujos membros são eleitos entre aqueles da União de

Paris, exceto a Suíça, chamada membro ex-ofício92.

90 Disponível em http://www.wipo.int/treaties/es/ip/paris/index.html <acesso em 18 set. 2007> 91 BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O sistema internacional de Patentes. p.19 92 Cadernos REPICT/vol.2 – Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais Ltda., 2005. p. 12.

Page 58: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

42

Os países são soberanos para instituírem suas legislações

de Propriedade Industrial, tendo a CUP facultado a cada país a formulação das

suas leis, desde que respeitadas tais regras.

Maristela Basso93 destaca a importância e pioneirismo da

Convenção da União de Paris para a evolução dos acordos internacionais

relativos aos direitos privados, observando que:

Não visavam apenas a resolver conflitos de leis, estabeleceram o “princípio da proteção mínima”, aceito pelos Estados unionistas, abaixo do qual nenhuma legislação poderia ficar. Esse, por si só, já é um resultado da mais alta importância.

Quanto ao tratamento Nacional, Barcellos94 explica que “é o

princípio que determina que os estrangeiros tenham o mesmo tratamento que os

nacionais, de modo que além da proteção prevista na CUP lhes é assegurado que

nenhuma discriminação lhes será imposta em decorrência da sua nacionalidade

diversa”.

Acrescenta Di Blasi95 que:

(...) em face das disposições referentes ao tratamento nacional, ou assimilação, fica garantido aos estrangeiros não apenas a proteção, mas que contra eles não será exercido qualquer tipo de discriminação. Este princípio foi inserido no texto original de 1880, apreciado na Conferência de Paris.

Ainda na linha de pensamento do autor:

Desde a criação da Convenção de Paris, o princípio do tratamento nacional tem sido criticado, freqüentemente, por titulares de Patentes que estranham a diferença de tratamento dispensado pelas leis nacionais de outros países. As legislações de alguns Estados são consideradas menos generosas que outras, no que

93 BASSO, Maristela. O Direito Internacional da Propriedade Intelectual . Porto Alegre: Livraria

do Advogado, 2000, p. 73 94 BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O sistema internacional de Patentes , p.21 95 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p.37

Page 59: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

43

se refere a prazos de vigência, concessão de licença compulsória, obrigatoriedade do uso da Patente, restrições de privilegiabilidade a certos Inventos etc. Isto implica que, sob a égide de uma lei nacional de Patentes, um titular estrangeiro não venha a receber o mesmo tratamento que lhe foi dispensado no seu país, cuja lei de Patentes é mais concessiva. Pode acontecer, até que nem receba a Patente.

A Convenção trata que o Estado conceda aos Inventores

nacionais de outros Estados integrantes da União a mesma proteção, ou

tratamento, que concede aos seus próprios nacionais. Veja-se a seguir ipsis

literis:

Art. 3º

(1) Os nacionais de cada um dos países da União gozarão em

todos os outros países da União, no que se refere à proteção da Propriedade Industrial, das vantagens que as leis respectivas concedem atualmente ou venham a conceder no futuro aos nacionais, sem prejuízo dos direitos especialmente previstos na presente Convenção. Em conseqüência, terão a mesma proteção que estes e os mesmos recursos legais contra qualquer atentado dos seus direitos, desde que observem as condições e formalidades impostas aos nacionais.

(2) Nenhuma condição de domicílio ou de estabelecimento no país em que a proteção é requerida pode, porém, ser exigida dos nacionais de países da União para o gozo de qualquer dos direitos de Propriedade Industrial.

(3) Ressalvam-se expressamente as disposições da legislação de cada um dos países da União relativas ao processo judicial e administrativo e à competência, bem como à escolha de domicílio ou à designação de mandatário, eventualmente exigidas pelas leis de Propriedade Industrial.

Art. 3º

São equiparados aos nacionais dos países da União os nacionais dos países não-participantes da União domiciliados ou que possuam estabelecimentos industriais ou comerciais efetivos e reais no território de um dos países da União.

Page 60: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

44

Correntes mais radicais, procedentes de nações menos

desenvolvidas, têm-se manifestado contrariamente a que se dispense em seus

países o mesmo tratamento a nacionais e a estrangeiros, pois, segundo suas

concepções, acreditam que em igualdade de condições, deve levar vantagem a

parte mais forte, ou seja, a empresa estrangeira, sendo que esta é possuidora de

maior poder econômico.

No saber de Basso,96 o tratamento nacional implica a

aquisição dos direitos, sua extensão e exercício, bem como a concessão de

ações e garantia de sanções a todos que se encontra em território nacional.

Quanto à prioridade e independência no julgamento e na

validade das Patentes foi uma das grandes conquistas do Inventor reconhecida

através da CUP. Com isso, o titular do direito ao privilégio tem tempo suficiente

para reivindicar a Patente em outras nações sem prejuízo da novidade.

Barcellos97 traz que:

É a previsão de 12 meses para que os Países-membros da CUP, que sejam titulares de um pedido de patente originalmente depositado em seus respectivos países, possam também depositar o seu pedido de patente, reivindicando a data de prioridade do depósito originário, nos demais Países-membros da União que sejam do seu interesse, de acordo com o previsto no art. 4º da CUP.

O texto original da Convenção trazia o prazo no total de seis

meses para reivindicar a prioridade, mas após os pedidos dos países signatários

sob exclamações de que este prazo era insuficiente para a burocracia exigida, a

Revisão de Bruxelas acolheu tais apelos, estendendo o período para um ano,

tendo o mesmo sido ratificado pela Revisão de Estocolmo de 1967.

De acordo com o artigo 4º, letra A, item 1, e letra C, item 1,

da CUP98, aquele que apresentou pedido de Patente de Invenção em um dos

96 BASSO, Maristela. O Direito Internacional da Propriedade Intelectual , p. 75. 97 BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O Sistema Internacional de Patentes , p. 21 98 Decreto nº 75.572, de 8 de abril de 1975:

Page 61: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

45

países da União de Paris, gozará do direito de prioridade de doze meses para

apresentar o pedido nos outros países. Com isso, o depositante de um pedido de

Patente tem um prazo determinado para requerer a proteção do seu Invento em

outros países participantes da Convenção, que, assim não fazendo, estará sob

pena de perder o direito de reivindicar a prioridade de depósito originário.

Transcrevem-se os artigos ipsis literis:

Art. 4º

A – (1) Aquele que tiver devidamente apresentado pedido de

Patente de Invenção, de depósito de Modelo de Utilidade, de Desenho ou Modelo Industrial, de registro de Marca de Fábrica ou de comércio num dos países da União, ou o seu sucessor, gozará, para apresentar o pedido nos outros países, do direito de prioridade durante os prazos adiante fixados.

C – (1) Os prazos de prioridade acima mencionados serão de

doze meses para invenções e modelos de utilidade e de seis meses para os desenhos ou modelos industriais e para as Marcas de fábrica ou de comércio.

Barcellos99 expõe argumentos importantíssimos no que

concerne a prioridade, veja-se:

Ora, a reivindicação de prioridade constitui-se em um vital instrumento para o depositante da patente que pretende proteger e explorar a sua criação intelectual além das fronteiras de seu país, tendo em vista que não observado o prazo previsto na CUP, o objeto de sua patente poderá entrar em domínio público no exterior.

Eventual pedido de patente efetivado no exterior após o prazo de 12 meses de prioridade ou não sendo esta reivindicada poderá ser

Art. 4º, letra A, item 1: “Aquele que tiver devidamente apresentado pedido de Patente de Invenção,

de depósito de Modelo de Utilidade, de desenho ou modelo industrial, de registro de marca de fábrica ou comércio num dos países da União, ou seu sucessor, gozará, para apresentar o pedido nos outros países, do direito de prioridade durante os prazos adiante fixados”.

Art. 4º, letra C, item 1: “Os prazos de prioridade acima mencionados serão de doze meses para as invenções e modelos de utilidade e de seis meses para os desenhos ou modelos industriais e para as Marcas de fábrica e de comércio.

99 BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O sistema internacional de Patentes. p.20.

Page 62: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

46

indeferido por falta de novidade, de modo a frustrar os possíveis interesses do depositante em explorar com exclusividade no exterior o objeto da sua criação intelectual devidamente protegido no Brasil.

Os países que participam da Convenção da União de Paris

possuem independência para julgar os pedidos de Patentes originados das mais

diversas partes do mundo, tendo liberdade para deferir ou não, caracterizando o

exercício da soberania nacional e, desde que as regras de igualdade de

tratamento estabelecido pela Convenção seja observada.

Com isso, o mesmo pedido de Patente poderá ser outorgado

em alguns países e em outros não, em virtude desta independência de

julgamento.

Para Di Blasi100, “o fato de a Patente de uma Invenção ter

sido negada, cancelada ou tornada extinta em seu país de origem não implica

que, em outro país, receba o mesmo tratamento. Adotando este pensamento, a

Revisão de Bruxelas resolveu inserir na Convenção o princípio da independência

das Patentes”.

Silveira101 esclarece a independência no julgamento e na

validade das Patentes ao afirmar que:

Mantém-se a plena vigência das legislações nacionais e a territorialidade da proteção, que deve ser obtida em cada país pela repetição de pedidos de registros e de Patentes.

Esta afirmação nos remete ao caso da Patente Européia

onde há possibilidade de obter a Patente regional.

Salienta-se que assim, o Estado mantém sua soberania nas

decisões de concessão dos pedidos de Patente, devendo apenas, lembrar-se das

100DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p.40

101 SILVEIRA, Newton. Curso de Propriedade Industrial . São Paulo: Revista dos Tribunais, 1977, p.37.

Page 63: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

47

regras e princípios básicos com os quais se comprometeu ao assinar e incorporar

os tratados e convenções internacionais.

No que concerne a Licença Compulsória, Di Blasi102 ensina

que “as leis da maioria dos países induzem que os titulares trabalhem suas

Patentes, dentro de um determinado período de tempo. Isto não acontecendo,

ficam sujeitos à revogação da Patente ou à concessão da licença obrigatória a

terceiros que manifestem o interesse em explorá-la”.

Cumpre destacar a existência desta restrição ao exercício

particular do Direito de Propriedade sobre Patentes, visando sempre o equilíbrio

entre os interesses públicos e privados envolvidos.

O objetivo de uma Patente é o desenvolvimento econômico

industrial da nação. A exploração do produto outorgado como um todo vem da

necessidade econômica do país que deferiu tal direito.

Para Di Blasi103, “a Patente deve ser o veículo do suprimento

da indústria nacional, não tendo sentido o fato de um país ter de importar um

artigo que Patenteou, a não ser por razões legítimas”.

Seguindo a linha de Di Blasi104, o autor acrescenta:

A questão de o titular da Patente ser, ou não, obrigado a explorá-la nos países em que a obteve tem-se constituído numa constante pauta de discussões em todas as reuniões ocorridas entre os participantes da União de Paris, desde a Convenção original. O disposto sobre a matéria está previsto no artigo 5º.

102 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p.41

103 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p.41

104 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p. 41-42.

Page 64: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

48

“A introdução, pelo titular da Patente, no país em que esta foi concedida, de objetos fabricados em qualquer dos países da União não acarreta a caducidade da Patente.

Cada país da União terá a faculdade de adotar medidas legislativas prevendo a concessão de licenças obrigatórias para prevenir os abusos que poderiam resultar do exercício do direito exclusivo conferido pela Patente, como, por exemplo, a falta de exploração.

A caducidade da Patente só poderá ser prevista para os casos em que a concessão de licenças obrigatórias não tenha sido suficiente para prevenir tais abusos. Não poderá ser imposta ação de declaração de caducidade ou de anulação de uma Patente, antes de expirar o prazo de dois anos, a contar da concessão da primeira licença obrigatória.

Não poderá ser expedida licença obrigatória, com o fundamento de falta ou insuficiência de exploração, antes de expirar o prazo de quatro anos a contar da apresentação do pedido de Patente, ou de três anos a contar da ata da concessão da Patente, devendo aplicar-se o prazo mais longo; a licença será recusada se o titular da Patente justificar a sua inação por razões legítimas. Tal licença, obrigatória será não-exclusiva e só será transferível, mesmo sob a forma de concessão de sublicença, com a parte da empresa ou do estabelecimento comercial que a explore.

As disposições precedentes serão aplicáveis, com as modificações necessárias, aos modelos de utilidade.

Se a sociedade presenteia o Inventor ao prêmio da Patente,

este tem a obrigação de retribuir com os benefícios que advém da sua

exploração.

Na matéria de Patentes, a Convenção estabelece demais

providências como o fato de os produtos provindos dos desenhos e modelos

industriais serem fabricados fora do país, sendo que isto não deverá ser

empecilho para a outorga do privilégio pelo Estado.

Os países conveniados têm a obrigação de assegurar uma

medida eficaz no que concerne a concorrência desleal, acrescentando ainda, que

cada nação deve prever uma proteção temporária para as invenções, modelos de

Page 65: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

49

utilidade, modelos e desenhos industriais, onde estes participem de exposições

internacionais oficiais, ou oficialmente reconhecidas, organizadas em território de

qualquer país unionista105.

O país que adere à Convenção da União de Paris deve

possuir um serviço especial sobre a matéria, tendo além das incumbências

formais necessárias, a publicação pela imprensa oficial, atos sobre os pedidos de

Patentes. No Brasil o Órgão competente é o INPI.

A Convenção não intervém no que diz respeito ao prazo

fixado de validade de Patentes determinadas pelos países unionistas. Como

também, nas medidas de disciplina que objetiva a conciliação dos preceitos

instituídos pelo sistema de Patentes com os interesses de cada nação.

A Convenção da União de Paris também abrange outras

classes de Propriedade Industrial, como os modelos e desenhos industriais, as

Marcas, nomes comerciais, indicações geográficas e denominações de origem, e

ainda tece instruções referentes a repressão à concorrência desleal.

2.2 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL - OMPI

Após a CUP foi assinado em Estocolmo em 14 de julho de

1967, com Emenda de 28 de setembro de 1979 a Convenção da Organização

Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), possuindo atualmente 184 países

signatários.

Este é um Organismo especializado do Sistema de

Organizações das Nações Unidas106. Seu objetivo é desenvolver um sistema de

Propriedade Intelectual Internacional que seja equilibrado e acessível e que

105 Disponível em www.inpi.gov.br <Acesso em 17 set. 2007> 106 A Assembléia Geral, considerando a resolução do Conselho Econômico Social de julho de

1974 e a minuta de intenções de acordo referida, estabelece, na sua 2.323ª plenária, que, por meio do Acordo em si, as Nações Unidas reconhecem a OMPI como agência especializada responsável por tomar as ações apropriadas no que diz respeito a tratados e acordos administrados pelo mesmo, promovendo as atividades criativas intelectuais e facilitando a transferência de tecnologia relacionada à Propriedade Industrial para países em desenvolvimento, a fim de promover o devido desenvolvimento econômico, social e cultural, sujeito à competência e às responsabilidades das Nações Unidas e de seus órgãos.

Page 66: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

50

recompense a criatividade, estimule a inovação e contribua ao desenvolvimento

econômico, visando sempre o interesse público.

A OMPI107 foi criada em 1974 com a função de se ocupar

das questões de Propriedade Intelectual que eram requeridas nos Estados

Membros das Nações Unidas.

Em 1996 a OMPI ampliou suas funções e demonstrou,

todavia, mais a importância dos direitos de Propriedade Intelectual e a

regulamentação do comércio mundial ao concentrar um Acordo de Concentração

com a Organização Mundial do Comércio.

Hoje esta Organização administra 24 Tratados

Internacionais sendo três de elos com outras Organizações internacionais, tendo

como finalidade108:

• Harmonizar legislações e procedimentos nacionais

em matéria de Propriedade Intelectual;

• Prestar serviços de tramitação para solicitações

internacionais e direitos de Propriedade Industrial;

• Promover o intercâmbio de informação em matéria de

Propriedade Intelectual;

• Prestar assistência técnico-jurídica aos Estados que

solicitarem;

• Facilitar a solução de controvérsias em matéria de

Propriedade Intelectual e no setor privado;

• Promover o uso da tecnologia e informação da

internet, como instrumento para o almacenamiento, o

107 Disponível em www.wipo.int <Acessado em 18 set. 2007> 108 Disponível em http://www.wipo.int/about-wipo/es/what_is_wipo.html <Acesso em 18 set. 2007>

Page 67: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

51

acesso e a utilização de valiosa informação no âmbito

da Propriedade Intelectual.

Para ser membro da OMPI é necessário depositar um

instrumento de ratificação ou adesão em poder do Diretor Geral da Organização

em Genebra. Podem ser membros109:

• Qualquer Estado membro da CUP para a proteção

da Propriedade Industrial ou da União de Berna

para Proteção das obras literárias e artísticas;

• Qualquer Estado membro das Nações Unidas ou

de qualquer dos seus Organismos especializados,

ou do Organismo Internacional de Energia

Atômica ou que seja parte do Estatuto da Corte

Internacional de Justiça;

• Todo Estado convidado pela Assembléia Geral da

OMPI a converter-se em Estado membro da

Organização.

Convênio Internacional é um acordo de vontades, em forma

escrita, entre sujeitos de Direito Internacional, agindo nessa qualidade. Ela é

regida pelo Direito Internacional de que resulta a produção de efeitos jurídicos110.

É importante destacar que a OMPI trabalha em cima do que

os países membros determinam.

Sebastião José Roque111 fala da importância da OMPI:

Não é apenas órgão de controle, mas desenvolve programa de estímulo à criatividade intelectual e à transferência de moderna tecnologia para os países em desenvolvimento. Se levarmos em conta o desenvolvimento tecnológico e a importância da

109 Disponível em http://www.wipo.int/members/es/ <Acesso em 18 set. 2007> 110 Cadernos REPICT/vol.2 – Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais Ltda., 2005. p. 10. 111 ROQUE, Sebastião José. Direito Internacional Público . São Paulo: Hemus, 1997, p. 195.

Page 68: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

52

tecnologia na economia nacional e internacional, será compreensível a importância da WIPO.

Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI é a

tradução do inglês WIPO que quer dizer World Intellectual Property Organization.

Após a abordagem sobre OMPI, passa-se expor um Tratado

importantíssimo na internacionalização dos pedidos de Patentes no mundo.

2.3 TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES – PCT112

O Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes foi

assinado em Washington em 19 de junho de 1970, com Emenda de 28 de

setembro de 1979, modificada em 03 de fevereiro de 1984, e em 03 de outubro de

2001. Esse Tratado conta com 138113 países signatários desde sua entrada em

vigor que foi dia 01 de abril de 2002.

O Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes – PCT

prevê basicamente meios de cooperação entre os países industrializados e os

países em desenvolvimento com o objetivo de simplificar, tornando mais eficaz e

econômico, tanto para o usuário quanto para os órgãos governamentais

encarregados da administração do sistema de Patentes, o procedimento a seguir,

no caso de uma solicitação para proteção patentária em vários países. A OMPI é

quem administra o PCT.

O curto prazo de tempo para os unionistas depositarem seus

Inventos de seu país de origem em outras nações, era um inconveniente para a

Convenção da União de Paris.

O advento do Tratado de Cooperação em Matéria de

Patentes, conhecido internacionalmente como Patent Cooperation Treaty – PCT,

celebrado em Washington na data de 19 de junho de 1970, por 35 Estados da

União de Paris, estendeu o prazo para que o depositante de um pedido de

112 Patent Cooperation Treaty. 113 Disponível em http://www.wipo.int/treaties/en/Show Results.jsp?lang=en& search_what =B&

bo_id= 13 <Acesso em 18 set. 2007>

Page 69: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

53

Patente decida, antes de despender quantias elevadas, em quais países irá

requerer a sua Patente114.

A Organização Mundial de Propriedade Intelectual

coordenou a entrada em operação do PCT no dia 1º de junho de 1978 no

Brasil.

Transcrevem-se as razões que suscitaram o Tratado:

Os Estados contratantes, desejosos de contribuir para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, desejosos de aperfeiçoar a proteção legal das invenções, desejosos de simplificar e tornar mais econômica a obtenção de proteção das invenções quando a mesma for requisitada em vários países, desejosos de facilitar e apressar o acesso de todos às informações técnicas contidas nos documentos que descrevem as novas invenções, desejosos de estimular e acelerar o progresso econômico dos países em via de desenvolvimento através da adoção de medidas destinadas a aumentar a eficácia de seus sistemas legais de proteção das invenções, sejam elas nacionais ou regionais, proporcionando-lhes fácil acesso às informações referentes à obtenção de soluções técnicas adaptadas a seus requisitos específicos e facilitando-lhes o acesso ao volume sempre crescente da técnica moderna,

Convencidos de que a cooperação internacional facilitará grandemente a realização destes objetivos,

Concluíram o presente Tratado: (...)

Barcellos115 vislumbra que:

O Tratado de Cooperação em Matéria de Patente tem como objetivo principal a simplificação do processo simultâneo de um pedido de Patente em diversos países, com a emissão rápida de um relatório de busca e a possibilidade de realização de um exame preliminar de anterioridades, que permite ao depositante avaliar a Patenteabilidade de sua Invenção e considerar a

114 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.45

115 BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O Sistema Internacional de Patentes . p. 25

Page 70: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

54

continuidade do processamento de seu pedido nos diferentes países.

Apesar de o PCT contar com 138 países signatários, existe

alguns como, por exemplo, a Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai

que ainda não aderiram ao Tratado até hoje. É importante frisar que com a

Argentina foi assinado em 21 de dezembro de 1970, mas até então não entrou em

vigor, em virtude de processos internos do País.

Di Blasi explica que:

Em virtude do PCT, os cidadãos e os residentes de um Estado contratante podem depositar um pedido internacional de Patente tendo o mesmo efeito que os pedidos nacionais quando são depositados, simultaneamente, nas repartições de Patentes dos países participantes do PCT designados pelo depositante.

Esse procedimento oferece várias vantagens, não apenas ao depositante, como também às repartições nacionais. Exige, sobretudo, uma íntima cooperação entre as repartições nacionais no que tange ao intercâmbio de informações científicas.

O PCT tem como objetivo simplificar, tornando mais eficaz e

econômico, tanto para o usuário como para os órgãos governamentais

encarregados na administração do sistema de Patentes, no caso de uma

solicitação para proteção patentária em vários países.

No que se refere ao pedido internacional, o Tratado prevê

basicamente o depósito internacional e uma busca internacional. O depósito do

pedido internacional deve ser efetuado em um dos países membros do PCT e tal

depósito terá efeito simultâneo nos demais países membros. O pedido

internacional, junto com o relatório internacional da busca, é publicado após o

prazo de dezoito meses contados a partir da data de depósito internacional ou da

prioridade, se houver.

O Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes não

interfere com as legislações nacionais dos países membros, havendo inclusive,

Page 71: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

55

autonomia no que se refere à aceitação e utilização da busca116, opinião escrita

ou do Exame internacionais. Ressalta-se a importância de que o pedido

internacional não elimina a necessidade quanto à instrução regular do pedido

diante dos Escritórios Nacionais designados pelo depositante. Este

processamento diante dos Escritórios envolvidos recebe o nome de Fase

Nacional do pedido internacional e deverá ser iniciado dentro do prazo de trinta

meses, contado da data de depósito internacional, ou da prioridade, se houver117.

Após uma busca precisa, têm-se como vantagens do

Sistema PCT:

• 18 meses a mais se não estivesse usando o PCT

para refletir sobre sua intenção de buscar a proteção

em países estrangeiros, para contratar procuradores

locais em cada país estrangeiro, para preparar as

traduções necessárias e para pagar as taxas

nacionais.

• A confiança de que seu pedido internacional atende

as formalidades prescritas pelo PCT, e assim, ele não

poderá ser rejeitado por questões formais por

qualquer estado membro do PCT durante a fase

nacional do pedido.

• Com base no relatório de busca internacional e na

opinião escrita, você pode avaliar com razoável

probabilidade a chance de sua Invenção ser

Patenteada.

116 A busca internacional prevista é obrigatória e poderá ser realizada por uma das Autoridade

Internacionais de busca (International Searching Authorities – ISA) junto ao Tratado. O resultado é encaminhado ao depositante junto com uma opinião escrita (written opinion) acerca das condições de Patenteabilidade do pedido.

117 Disponível em http://www.inpi.gov.br/ menu-esquerdo/ Patente/ pasta_pct. <Acesso em 22 set.2007>

Page 72: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

56

• Possibilidade durante o exame preliminar

internacional, que é opcional, de emendar o pedido

internacional e assim colocá-lo em conformidade

antes do processamento nos vários escritórios de

Patentes.

• Os trabalhos de busca e exame dos escritórios de

Patentes nacionais podem ser consideravelmente

reduzidos ou eliminados graças ao relatório de busca

internacional, a opinião escrita e, onde aplicável, ao

relatório preliminar internacional de Patenteabilidade

que acompanha o pedido internacional.

• Uma vez que cada pedido internacional é publicado

junto com um relatório de busca internacional,

terceiros estarão em melhor condição para formular

uma opinião bem fundamentada sobre potencial de

Patenteabilidade da Invenção reivindicada.

É importante ressaltar que o pedido internacional não

elimina a necessidade quanto à instrução regular do pedido diante dos escritórios

nacionais designados pelo depositante. Este processamento diante dos

escritórios envolvidos recebe o nome de fase nacional do pedido internacional e

deverá ser iniciado dentro do prazo de trinta meses, contado da data de depósito

internacional, ou da prioridade, se houver.

Page 73: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

57

118 Para a pessoa, como depositante, a publicação internacional

divulga para o mundo seu pedido, o que pode ser um meio efetivo de propaganda

e busca de potenciais licenciados.

Além desses já mencionados, têm-se também as

Organizações Regionais. Passa-se uma síntese sobre o tema.

2.4 ORGANIZAÇÕES REGIONAIS

Dentre as diversas Organizações Regionais, ressaltar-se-á

aquela que faz parte do PCT, uma vez que seus princípios básicos são

semelhantes às outras e por ser considerada uma das mais importantes, que é a

Organização Européia de Patentes.

2.4.1 Organização Européia de Patentes - EPO

Instituída em 1973 pela Convenção Européia para a

Concessão de Patentes Européia, em Munique, entrou em vigor em 07 de outubro

de 1977 e, atualmente, representa um sucesso em matéria de cooperação

econômica e política entre países europeus. A EPO permite aos depositantes a

possibilidade de obter proteção patentária em 32 países (Áustria, Bélgica,

Bulgária, Suíça, Chipre, República Tcheca, Alemanha, Dinamarca, Estônia,

Espanha, Finlândia, França, Inglaterra, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália,

Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Letônia, Mônaco, Malta, Holanda, Polônia,

Portugal, Romênia, Suécia, Eslovênia, Eslováquia, Turquia com extensão à

Albânia, Bósnia) e, por meio de um único depósito e um único procedimento de 118 Disponível em http://www.inpi.gov.br/menu- esquerdo /patente /pasta_acordos/pasta _pct/

pct1_html <Acessado em 25 set.2007>.

Page 74: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

58

concessão. A Patente européia confere a seu titular os mesmos direitos que uma

Patente nacional em cada um dos Estados membros designados pelo

depositante. Sua duração é de 20 (vinte) anos. O EPO tem escritórios situados

em diversos pontos da Europa, notadamente em Munique, Haia e Berlim.

A missão do EPO é garantir a inovação, a competitividade e

o crescimento econômico visando o benefício dos cidadãos europeus.

Para realizar sua missão o EPO realiza a adequação dos

padrões de proteção de patente que devem responder às necessidades dos

usuários do sistema, afirma sua posição como um ator global no mundo

internacional da patente; sendo um dos principais fornecedores do mundo de

informação técnica, ajuda a promoção de uma sociedade baseada no

conhecimento na Europa e por derradeiro se estabelece com uma organização

modelo de serviço público internacional. Desta forma, com vista ao alcance de

sua meta o EPO deve dominar sua workload e fomentar um sentido da

responsabilidade pessoal em todos os níveis.

Sichel119 no seu saber traz:

A Convenção Européia de Patentes é composta por 178 artigos, além de Regimentos Internos e do Protocolo acerca da competência jurisdicional e reconhecimento de decisões concessivas e declaratórias de direito exaradas pelo Escritório Europeu de Patentes. Compõem ainda a Convenção os protocolos sobre direitos anteriores e imunidades, acerca da introdução e centralização do sistema europeu de patentes e o que versa sobre a interpretação do artigo 69 da Convenção. A Convenção Européia de Patentes se diferencia do PCT em função das restrições relativas à possibilidade de ser membro, nos termos do artigo 165:

Art.: 165 – Assinatura, ratificação

Esta convenção estabelece para os Estados, que participaram da reunião governamental acerca da introdução do sistema europeu de procedimentos de patente, ou que desta tiveram ciência ou a

119 SICHEL, Ricardo. O DIREITO EUROPEU DE PATENTES E OUTROS ESTUDOS DE

PROPRIEDADE INDUSTRIAL , p. 23.

Page 75: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

59

possibilidade dela participar, o direito de assiná-la até 05 de abril de 1974.

As atividades realizadas pelo EPO é a de Pesquisa e

Exame, onde são feitas buscas e exames levantando as inscrições de patente

européias e das inscrições internacionais arquivadas sob o tratado da

cooperação da patente; Oposições, onde o escritório é responsável pelo exame

das oposições arquivadas contra as patentes européias concedidas; Apelos, no

qual é responsável por decidir sobre as apelações arquivadas contra às decisões

dos órgãos do EPO e, por último, informação sobre patentes sendo responsável

pela divulgação da invenção e a publicação subseqüente, que são fundamentais

ao sistema europeu da patente.

2.5 ACORDO DE ESTRASBURGO RELATIVO À CLASSIFICAÇÃO

INTERNACIONAL DE PATENTES – CIP.

O Acordo de Estrasburgo foi firmado na cidade em que

recebeu nome em 24 de março de 1971 com Emenda de 28 de setembro de

1979. Hoje conta com 58120 países signatários, sendo que a Argentina entrará em

vigor somente a partir de 13 de setembro de 2008.

O Sistema de Classificação de Patentes – CIP resultou dos

esforços conjuntos de órgãos de Propriedade Industrial de numerosos países. A

base para esse esforço cooperativo foi um tratado internacional multilateral, a

“Convenção Européia para a Classificação Internacional de Patentes de

Invenções”, celebrado em 1954.

Em 1969, teve início uma negociação para atualizar sua

gestão. Em 1971, um novo acordo foi discutido e celebrado sob o patrocínio

conjunto do Conselho da Europa e da OMPI, tendo se tornado o “Acordo de

Estrasburgo relativo à Classificação Internacional de Patentes”. O acordo entrou

em vigor em 1975, cabendo administração da CIP à OMPI. Assim, o período de

transição, iniciado em 1969, terminou em 1975 e pôs fim à responsabilidade do

120 Disponível em http://www.wipo.int/treaties/es/ShowResults.jsp?lang=es&treaty_id=11 <Acesso

em 19 set. 2007>

Page 76: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

60

conselho da Europa no que tange à CIP, tendo esta se tornado, então, um

sistema mundial administrado por um organismo intergovernamental de âmbito

internacional121.

Qualquer país membro da CUP para a proteção da

Propriedade Industrial pode tornar-se membro do Acordo de Estrasburgo, que

implica diversos direitos e obrigações para o novo estado-membro. O direito mais

importante é o de participar no contínuo trabalho de aperfeiçoamento da CIP que

consiste na emenda da Classificação por um comitê de peritos integrados por

representantes do estado membro do Acordo CIP.

Das obrigações, a mais importante é a de aplicar a

classificação, ou seja, fazer constar em cada documento de Patente publicado

pelo respectivo órgão o símbolo da classificação adequado.

A Classificação Internacional de Patentes é uma

classificação especial utilizada internacionalmente para indexação de documentos

de Patentes de Invenção e Modelo de Utilidade. Além dos 58 países signatários, a

CIP é utilizada por cerca de 70 países e 03 Administrações Regionais e pela

Secretaria Internacional da Organização da Propriedade Intelectual122.

A fim de manter a CIP atualizada uma revisão é elaborada

por uma comissão de peritos que se reúne periodicamente para avaliar o sistema

e aperfeiçoá-lo, considerando, principalmente, os avanços tecnológicos.

A CIP divide técnica em 08 setores principais, contando, a

atual revisão de janeiro de 2006 com cerca de 70 mil subdivisões. Cada divisão

tem um símbolo composto de algarismos arábicos e de letras do alfabeto latino.

Os 08 (oito) setores principais são denominados de seções,

a saber123:

121 Cadernos REPICT/vol.2 – Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais Ltda., 2005. p. 28. 122 Disponível em www.inpi.gov.br Acessado em 19 set. 2007. 123 Disponível em http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/Patente/pasta_classificacao/historia_html

/?searchterm=cip <Acessado em 19 nov. 2007>

Page 77: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

61

Seção A - Necessidades Humanas (Vol. 1)

Seção B - Operações de Processamento; Transporte (Vol. 2)

Seção C - Química e Metalurgia (Vol. 3)

Seção D - Têxteis e Papel (Vol. 4)

Seção E - Construções Fixas (Vol. 5)

Seção F - Eng. Mecânica / Iluminação / Aquecimento (Vol. 6)

Seção G - Física (Vol. 7)

Seção H - Eletricidade (Vol. 8)

O símbolo completo da classificação para técnica específica será

constituído por símbolos representado Seção (conforme acima), Classe (número

composto por dois algarismos), Subclasse (letra maiúscula), grupo e Subgrupo.

Exemplo:

A Seção

01 Classe

B Subclasse

1/00 Grupo Principal

1/24 Subgrupo

A oitava edição feita em 2006 da Classificação Internacional

representa a sua primeira publicação depois de um período de reforma da CIP

realizada de 1999 a 2005.

As seguintes mudanças foram introduzidas no curso da

reforma. A primeira foi que a classificação seria dividida nos níveis básico e

avançada, de modo a melhor se adequar as diferentes necessidades de cada

categoria de usuário. A segunda, quando a classificação for revisada, os

documentos de Patente serão reclassificados de acordo com os níveis básico e

avançados. A terceira informação adicional foi acrescentada ilustrando as

Page 78: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

62

entradas de classificação em maior detalhe, tais como definições de

classificações, fórmulas químicas e ilustrações gráficas, que foram introduzidas

na camada eletrônica da Classificação acessível na internet e, princípios gerais

de classificação e regras de classificação foram reconsiderados e revistas124.

No site125 do INPI tem-se informações sobre a classificação

de Patentes, veja-se:

Os escritórios nacionais de Patentes foram solicitados a classificar seus documentos de Patentes ou pelo nível básico ou pelo nível avançado. O nível básico representa uma parte relativamente compacta e estável da oitava edição. Ela inclui cerca de 20 mil entradas em níveis hierárquicos elevados de Classificação: seções, classes, subclasses, grupos principais e em alguns campos técnicos, subgrupos com um pequeno número de pontos. As emendas propostas nas revisões no nível básico, não serão incluídas até a próxima edição do nível básico, que ocorre a cada três anos. O nível básico tem como objetivo a classificação das coleções nacionais de Patentes contendo documentos de Patentes publicados por pequenos e médios escritórios de Patentes. O nível avançado inclui o nível básico e subdivisões mais detalhadas de cada entrada do nível básico. O nível avançado contém aproximadamente 70 mil entradas na oitava edição. Revisões do nível avançado são preparadas através de um procedimento acelerado e são periodicamente a cada três meses introduzidas no nível avançado. O nível avançado tem como objetivo a classificação de grandes coleções de Patentes pertencentes a documentação mínima do PCT e para uso de grandes escritórios de Patentes no mundo.

Algumas funções são tão caracteristicamente, se não

exclusivamente, pertinentes a certos ramos da indústria, que é natural classificá-

las nesses ramos. Por exemplo, fiação, tecelagem, malharia, envolvem

principalmente têxteis e é natural considerá-las relevantes principalmente para a

indústria têxtil. De fato, figuram na Classificação Internacional de Patentes na

Seção D ("Têxteis e Papel").

124 Disponível em www.inpi.gov.br <Acesso em 19 set. 2007> 125 Disponível em www.inpi.gov.br <Acesso em 19 set. 2007>

Page 79: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

63

Por outro lado, transportar, embalar, estocar, suspender,

levantar e rebocar são funções que dizem respeito a quase todos os ramos da

indústria. As invenções relativas a essas funções prestam-se naturalmente para

uma classificação orientada para a função. E, de fato, elas figuram na

Classificação Internacional de Patentes na Seção B ("Operações de

Processamento - Transporte").

Embora a Classificação Internacional de Patentes seja, em

princípio, orientada para a função, na realidade ela combina ambos os enfoques.

É o resultado da experiência adquirida por pessoas cujas tarefas diárias

consistem na comparação de invenções para as quais a proteção de Patente é

reivindicada, com invenções similares já reveladas em documentos de Patentes

publicados

2.6 TRIPS

Este subtítulo foi extraído da Rede de Propriedade

Intelectual e Comercialização de Tecnologia, denominado REPICT, por escassez

de doutrina. Passa-se a abordargem.

Trips que significa Trade-Related Aspects of Intellectual

Property Rights em inglês e Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade

Intelectual relacionados ao Comércio em português, emergiu de um contexto

histórico relacionado à revisão da CUP. Esse processo de revisão acabou

fracassando em 1982, devido a uma clara divisão entre os países desenvolvidos,

que demandavam um fortalecimento da proteção dos direitos da Propriedade

Industrial em todos os países membros da CUP, e os países em

desenvolvimento, que objetivavam uma maior flexibilização desses mesmos

direitos. Com isso, a pressão por parte daqueles países, em especial dos Estados

Unidos, graças a uma coordenação bem engendrada pela iniciativa privada norte-

americana que pressionava o seu governo nesse sentido pela inclusão do tema

Propriedade Intelectual numa nova rodada de negociações no âmbito do General

Agreement on Tariffs and Trade (GATT), alcançou tal magnitude que não pôde

ser negada pelos países em desenvolvimento. Daí uma introdução à época do

Page 80: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

64

lançamento da Rodada Uruguaia. Essa iniciativa, ao final, redundaria no

surgimento do TRIPS.

A busca pela homogeneização das regras existentes até

então, de maneira a fortalecer a proteção dos direitos de Propriedade Intelectual

no mundo inteiro, de forma uniforme, foi um dos cenários presentes na

negociação. Uma distinção que foi criada para se levar em conta os diferentes

níveis de industrialização dos países presentes foi a dos prazos de

implementação do acordo. Os países desenvolvidos o implementariam assim que

a Organização Mundial do Comercio (OMC) começasse a funcionar, e os países

em desenvolvimento e menos desenvolvidos tiveram prazos mais alargados,

variando de 05 a 10 anos, sempre a partir de 1995.

As negociações envolvendo a construção do TRIPS

colocaram frente a frente demandas dos países em desenvolvimento para o tema

Propriedade Intelectual. Existia até a alegação por parte destes últimos de que tal

tema não deveria ser abordado por um tratado específico no âmbito da OMC,

sendo mais apropriado o fórum já existente, qual seja a OMPI. Mas esta

negociação acabou acompanhando o espírito construtivo do arcabouço legal que

envolveria aquela nova organização internacional voltada para o comércio,

seguindo o ritmo dos outros temas que estavam sendo abordados em paralelo.

O Acordo TRIPS objetiva abarcar as diferentes realidades

entre os diversos países negociadores, juntamente com o equilíbrio alcançado

entre direitos e obrigações; e a definição de que a OMC teria, necessariamente,

que se tornar um foro de peso nas discussões sobre os direitos de Propriedade

Intelectual, uma vez que TRIPS era um dos acordos constituintes daquela

Organização, sendo necessário que este fosse aceito junto com os outros

Tratados para que ela fosse criada. TRIPS foi, então, assinado, pertencendo a

esse conjunto de acordos constitutivos da OMC, no dia 15 de abril de 1994, tendo

como países signatários todos os pertencentes àquela Organização que, até o

momento, estão em número de 151.126

126 Dados atualizados até 27 de julho de 2007.

Page 81: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

65

O TRIPS legisla sobre o Direito do Autor, Marca, Indicação

Geográfica, Desenho Industrial, Patente, Topografia de Circuitos Integrados e

Informação Confidencial.

Com este estudo vê-se a importância, de todos os Tratados

e Convenções aqui mencionados, no que tange a internacionalização das

Patentes. Com exceção do EPO, onde este não abrange o Brasil, a Nação

brasileira foi signatária em todos os demais, acompanhando, assim, a evolução

técnica e conseqüentemente o desenvolvimento do país.

Entende a autora que, a genialidade humana é o que

contribui efetivamente para o desenvolvimento de uma Nação. A Patente é a

medida de proteção ao intelecto humano no que concerne aos inventos

patenteáveis e, por esta razão, analisa-se no terceiro e último capítulo, Patentes

no Ordenamento Jurídico Brasileiro.

Page 82: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

CAPÍTULO 3

PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

3.1 A CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS E O BRASIL

Com o objetivo do leitor compreender de que forma é feito o

registro de Patentes no Brasil, optou-se por usar como base para elaboração

deste capítulo, as disposições fornecidas pelo Instituto Nacional de Propriedade

Industrial. Inicia-se com o que gerou a internacionalização das Patentes no Brasil

e no mundo.

A Convenção da União de Paris – CUP foi um marco para o

Brasil. Este foi um dos países signatários quando surgiu em 1883 o Sistema

Internacional de Propriedade Industrial.

No Brasil o texto da Convenção da União de Paris,

conhecida também como CUP, foi promulgado pelo Decreto nº 9.233, de 28 de

junho de 1884, desde então o país é parte integrante da Convenção da União de

Paris.

Além da Constituição da República Federativa do Brasil, que

garante o direito de propriedade, o Brasil por ser signatário também procurou

adaptar-se a nova realidade do mundo globalizado. Assim, em 14 de maio de

1996, foi sancionada a Lei 9.279 que veio a substituir a Lei 5.772 de 21 de

dezembro de 1971, que regulam direitos e obrigações relativas à Propriedade

Industrial.

Veja-se o que traz Maristela Basso127 sobre esta evolução:

127 BASSO, Maristela. O Direito Internacional da Propriedade Intelectual , p. 73

Page 83: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

67

Representa um primeiro passo rumo à formação de um “direito internacional privado comum”. Os esforços feitos, até então, em outros campos do direito privado, visando a unificação ou a coordenação das legislações particulares (obrigações, falência, letras de câmbio etc.), não obtiveram os resultados alcançados pelas Convenções relativas aos direitos de propriedade intelectual (trabalho este continuado pela OMPI e revigorado pela OMC-TRIPS).

Como mencionado no capítulo anterior, a CUP trouxe

exigências aos países signatários e o Brasil adaptou-se também, seguindo o

progresso.

Em todos os tratados e convenções que vigoram a

patenteabilidade, o Brasil tem em sua história sempre uma posição de país

signatário, ou seja, conforme evoluía a internacionalização, o Brasil visando o

desenvolvimento econômico nacional, aderia e aperfeiçoava sua legislação.

O país que adere à Convenção da União de Paris deve

possuir um serviço especial sobre a matéria, tendo além das incumbências

formais necessárias, a publicação pela imprensa oficial, atos sobre os pedidos de

Patentes.

Seguindo esta exigência, no Brasil o Órgão competente às

Patentes é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI128. Através desse

Instituto tem-se o serviço especial, toda a formalidade necessária e dados

publicados pela imprensa oficial numa revista da propriedade industrial, semanal,

sobre os pedidos de patentes.

3.2 TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES – PCT NO

BRASIL

O Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes - PCT foi

estabelecido em 19 de junho de 1970, em Washington, com a finalidade de

desenvolver o sistema de Patentes e de transferência de tecnologia. O PCT só

entrou em vigor no Brasil em 1978. 128 Criado em 14 de dezembro de 1970, pela Lei nº 5.648 de 11 de dezembro daquele mesmo ano.

Page 84: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

68

Em 27 de setembro deste ano, o Brasil foi aceito, na

Assembléia-Geral do Tratado de Cooperação de Patentes (PCT, na sigla em

inglês), em Genebra, na Suíça, como Autoridade Internacional de Busca (ISA) e

de Exame Preliminar (IPEA). Com o apoio sem restrições de 30 países-membros

da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), o Brasil se tornou a

13ª Nação com esta função, a primeira da América Latina129.

Com a aprovação da candidatura nacional, o INPI exercerá a

partir de 2008 a função de ISA/IPEA. Isso facilitará o acesso de empresas

brasileiras ao mercado mundial, pois o depósito internacional poderá ser feito

diretamente no Instituto, dispensando o envio para análise e exame de um

escritório estrangeiro130.

O potencial de crescimento dos depósitos internacionais é

enorme. Segundo informações da OMPI, o INPI é o 13º escritório nacional com

mais depósitos de patentes em 2005. Neste ano, os residentes no Brasil

depositaram 4.013 privilégios de invenção no INPI. Enquanto isso, os depósitos

internacionais feitos no país via PCT ficaram em apenas 264.

Os números de pedidos internacionais de brasileiros

depositados no INPI cresceram para 313 em 2006, mas a ascensão ainda é

considerada tímida diante do potencial demonstrado pelos depósitos de

residentes, por exemplo. Basta comparar com a China, que elevou os pedidos

internacionais feitos em seu escritório de 1.165, em 2003, para 3.827 no ano de

2006.

Foi solicitado pelo Presidente131 do INPI em exercício, que

os pedidos feitos via PCT fossem aceitos em língua portuguesa como idioma

oficial. Como não houve oposições, a OMPI anunciou que a língua portuguesa

passará a ser língua oficial para publicações de patentes pelo sistema PCT, com

validade a partir de 01 de janeiro de 2008.

129 Disponível em www.inpi.gov.br <Acesso em 25 set. 2007> 130 Nesta mesma ocasião a Índia também teve aprovação para exercer como país oficial do PCT. 131 Atualmente (ano de 2007), Dr. Jorge Ávila é quem ocupa esse cargo.

Page 85: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

69

Mais um avanço para o Brasil, pois com isso, dispensa-se a

tradução dos pedidos para um idioma estrangeiro, gerando economia para o

empresário.

Jamil Chade132, colunista do jornal O Estado de São Paulo

noticia:

As línguas oficiais para a publicação de patentes são árabe, chinês, inglês, francês, alemão, japonês, russo e espanhol, agora, com mais a língua portuguesa a partir de janeiro do próximo ano.

Através do PCT, o Brasil foi o 13º maior responsável por registros de patentes no mundo, e, entre os países emergentes foi o sexto.

Hoje um quarto de toda a tecnologia disponível no planeta, já está nas mãos de apenas três países asiáticos: China, Japão e Coréia do Sul.

Clodoaldo Hugueney133 diz que:

Até hoje, apenas 13 agências tinham status internacional. Dessas, apenas uma - na China - estava localizada em um país emergente. O Brasil é, por enquanto, o único país de toda a América Latina a obter tal reconhecimento.

Com o reconhecimento, o INPI passa a ser uma autoridade

internacional de análise preliminar de patentes. Na prática, um brasileiro que

quiser ter sua patente reconhecida internacionalmente, poderá economizar

recursos e tempo, enviando seu pedido de registro apenas ao INPI, e não a cada

um dos escritórios nacionais em todo o mundo. O instituto também terá a

possibilidade de avaliar se uma tecnologia para registro deve mesmo receber uma

proteção ou se já existe.

132 CHADE, Jamil. O Estado de São Paulo . 28 set. 2007. 133 HUGUENEY, Clodoaldo. - Embaixador do Brasil em Genebra – Assembléia Geral do Tratado

de Cooperação de Patentes . 27 set. 2007.

Page 86: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

70

3.3 TRIPS E O BRASIL

Quando se afirma que TRIPS é um acordo que estabelece

padrões mínimos de proteção aos direitos de Propriedade Intelectual entre

países-membros da OMC, podia-se dar a entender que somente seu surgimento

seria o responsável por uma nova redação de uma lei que regulamentasse a

mesma área dentro do território nacional, mas não é exatamente assim.

Nas Revistas da REPICT134 encontra-se:

TRIPS foi um fator importantíssimo, uma vez que se tornou um parâmetro internacional balizador das discussões que envolviam o tema, mas a Lei da Propriedade Industrial brasileira, foi produto igualmente de uma ampla discussão de todos os setores interessados, uma vez que os debates giravam em torno da amplitude da proteção que se ambicionava que o Brasil oferecesse, tendo que atender, igualmente, os interesses internos de desenvolvimento de seu parque industrial e tecnológico, assim como procurando atrair o investimento estrangeiro para o território nacional.

A legislação nacional representa o limite interno que os

negociadores brasileiros enfrentam quando estão a frente de tratativas que

envolvem Propriedade Intelectual. Esses limites foram estabelecidos tendo em

vista a dinâmica constitutiva nas negociações em torno do TRIPS.

Veja-se o que traz Thorstensen135:

Na Rodada Uruguai, de um lado, os países desenvolvidos concentraram seus interesses na adoção de regras multilaterais para os então chamados novos temas, como propriedade intelectual e serviços, sobre os quais possuíram fortes vantagens exportadoras. Por outro lado, os países em desenvolvimento concentraram seus interesses em temas tradicionais, como acesso a mercados de produtos industriais, enquadramento do setor têxtil nas regras multilaterais, além da liberalização do

134 Cadernos REPICT/Vol.2 – Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais Ltda., 2005. p. 38. 135 THORSTENSEN, Vera. OMC – Organização Mundial do Comércio: As Regras do Comércio

Internacional e a Nova Rodada de Negociações Multilaterais. 2º ed., São Paulo: Aduaneiras, 2001. p. 473-474.

Page 87: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

71

comércio de produtos agrícolas. Queriam também o reforço das regras operacionais do comércio como forma de se resguardarem das práticas abusivas e unilaterais dos países mais desenvolvidos (...) os resultados conseguidos têm sido considerados positivos.

A Câmara de Comércio Exterior do Brasil136 pontuou

precisamente, em documento interno, no ano de 1994, quais eram os objetivos do

país com essa negociação e quais seriam os interesses futuros brasileiros com

seus desdobramentos, que, dentre outros são:

(...) aperfeiçoar o GATT como regulador do comércio mundial, mediante o reforço do sistema multilateral de solução de controvérsias, da renúncia da utilização de medidas unilaterais de restrição ao comércio e do estabelecimento de uma Organização capaz de assegurar a disciplina do Acordo Geral de Serviços – GATS, e do Acordo de Propriedade Intelectual (...); multilateralizar o tratamento da questão da propriedade intelectual, definindo regras que impedissem o uso de medidas retaliatórias unilaterais (...).

Essa percepção da importância do acordo na área de

Propriedade Intelectual refletiu-se no texto final da lei brasileira, que alcançou os

padrões mínimos desejados pela comunidade internacional.

3.4 DAS PATENTES

Para o desenvolvimento das nações, tem-se que um dos

fatores é o sistema de Patentes. Ainda que, alguns argumentam que a existência

do privilégio induz efeitos negativos ao desenvolvimento industrial e, que se

deixasse livre a concorrência, suscitaria a formação cada vez maior de indústrias.

Veja-se o que traz Di Blasi137 em seus ensinamentos:

Nos raros países em que não é adotado o sistema de patentes, o desenvolvimento industrial é reduzido. Parece óbvio que a

136 ALVARES, J. F. 1994, Acordos da Rodada Uruguai: uma visão geral – mimeo, in

THORSTENSEN, Vera. p. 477. 137 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.45

Page 88: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

72

ausência do sistema de patentes desanima os empresários a investir nesses países, o que impede a instalação de inúmeras indústrias. As legislações nacionais de patentes atuam de outra forma, evitando que as empresas estrangeiras se apoderem, sem compensação para a nação, dos frutos da inventiva nacional. Este fato elimina o esvaziamento de técnicas para o estrangeiro, consolidando o progresso industrial da nação.

Patente entende-se como título de propriedade temporário

concedido pelo Estado ao autor do invento ou pessoa legítima. Estes

compreendem o autor do invento ou modelo de utilidade, os herdeiros ou

sucessores do autor, o cessionário, aquele que a lei ou o contrato de trabalho ou

de prestação de serviços determinarem. Representado pelo INPI, que após

análise dos requisitos impostos pela lei concede ao inventor direito de uso,

exploração por um determinado período.

Falcone138 explana que:

O sistema de patentes consagra à exceção dos Estados Unidos da América do Norte, o princípio primeiro a depositar. Assim, no caso de uma invenção ter sido desenvolvida de forma independente, por mais de um inventor, o direito ao privilégio será do que primeiro depositar o pedido de patente, sem que haja qualquer investigação quanto àquele que a desenvolveu primeiro.

O sistema de patentes traz inúmeras vantagens em um país,

pois existe uma troca significativa feita entre o inventor e o Estado, onde aquele

torna pública a sua criação contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e

este, garante um privilégio temporário àquele, impedindo que terceiros façam uso

da tecnologia trazida ao público139.

Pimentel transcreve em sua obra uma análise de Ziv

Griliches sobre o declínio na concessão de patentes depois do ano de 1965:

(...) o fato não é indicador confiável da exaustão das oportunidades tecnológicas e de invenção. Justifica, considerando que nem todo crescimento de produtividade é devido a uma

138 FALCONE, Leila Freire. Palestra dada de 16 a 18 de agosto de 2006. Florianópolis/SC. 139 BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O sistema internacional de patentes. p. 10.

Page 89: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

73

invenção, ou a uma invenção protegida por patente; que existe um espaço de tempo longo e variável até que a atividade inventiva se mostre na produtividade; que nem todas as patentes resultam de grande valor. Compara seus dados com os do Japão, onde há aumento no número de pedidos de patentes, entendendo que, nesse país do oriente, o aumento é motivado pela realocação de engenheiros jovens nas empresas, onde recebem quotas para a criação de invenções, o que leva a uma “inundação de patentes”.

Já para Sichel140, Patente “é uma recompensa para o

criador. Trata-se de um mecanismo que premia o pesquisador, aquele que investe

em tecnologia, procurando soluções para os problemas cotidianos. Não se trata,

evidentemente, de uma benesse do Estado”.

O criar algo novo, o aperfeiçoar algo que já existe e o aplicar

são requisitos necessários à patenteabilidade.

A Lei nº 9.279 de 1996, dispõe em seus artigos 8º e 9º que:

Art. 8º - É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de

novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

Art. 9º - É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso

prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.

Conceitua-se que Patente é o direito outorgado pelo

Governo de uma Nação ao inventor, o qual confere a exclusividade de exploração

do objeto de uma Invenção, ou de um Modelo de Utilidade, durante um

determinado período em todo o território nacional.

3.4.1 Dos não Patenteáveis

Existe outro requisito de patenteabilidade que é o

desimpedimento. Há invenções que embora sejam novas, inventivas e tenham

aplicabilidade industrial, não podem receber a proteção da Lei.

140 SICHEL, Ricardo. O Direito Europeu de Patentes e Outros Estudos de P ropriedade

Industrial , p. 107.

Page 90: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

74

O artigo 18 da lei traz o seguinte:

Art. 18 – Não são patenteáveis:

I – o que for contrário a moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas.

II – as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico.

III – o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade – novidade, atividade inventiva e aplicação industrial – previstos no artigo 8º que não sejam mera descoberta.

Coelho141 observa que:

O impedimento é previsto na lei, a rigor, em atenção a valores sociais estranhos à questão propriamente técnica da Invenção, e está muitas vezes ligado a preceitos de ética científica. O desimpedimento, por conseqüência, é um atributo extrínseco da invenção, e muitas vezes o exame do atendimento a esse requisito se vê sujeito às nuanças dos valores disseminados na Sociedade.

Muito discutido hoje em dia são os microorganismos

transgênicos que para a Lei, consideram-se como organismos, exceto o todo ou

parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana

direta em sua composição genética, uma característica normalmente não

alcançável pela espécie em condições naturais142.

Após uma análise sobre o que é Patente e o que não é

passível do registro de privilégio, aborda-se sobre a Titularidade.

141 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial . p.156 142 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade: Aspectos Le gais . p. 42.

Page 91: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

75

3.4.2 Da Titularidade da Patente

Qualquer pessoa física ou jurídica pode depositar um pedido

de Patente, desde que tenha legitimidade para obtê-la. Depositante ou requerente

é, portanto, aquele que tem legitimidade para requerer a proteção, e, em nome do

qual é concedida.

Havendo fortes indícios que conduzam ao questionamento

quanto à legitimidade do requerente, poderá o INPI formular exigência para

apresentação de documento hábil, tais como: Cessão, Formal de Partilha,

Contrato de Trabalho ou Prestação de Serviços, etc.

O Art. 5º da CRFB/88, em seus incisos XXVII e XXIX prevê

que o titular do direito à proteção das criações intelectuais são os seus autores ou

criadores.

O Art. 4º da CUP, da qual o Brasil é signatário, determina

que o inventor tem o direito de ser mencionado como tal na patente, mesmo que

ele não seja o requerente.

Por sua vez, o Art. 6º § 4º da LPI prevê que o inventor/autor

solicite a não divulgação de seu nome, o qual não constará nos documentos e

publicações oficiais do INPI, inclusive na Carta-Patente.

Não obstante, a presunção da legitimação do requerente, o

inventor/autor há que ser nomeado e qualificado pela disposição constitucional

citada.

Veja-se o que traz a Lei da Propriedade Industrial:

Art. 6º Ao autor de invenção ou modelo de utilidade será

assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei.

§ 1º Salvo prova em contrário, presume-se o requerente legitimado a obter a patente.

§ 2º A patente poderá ser requerida em nome próprio, pelos

herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele

Page 92: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

76

a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade.

§ 3º Quando se tratar de invenção ou de modelo de utilidade

realizado conjuntamente por duas ou mais pessoas, a patente poderá ser requerida por todas ou qualquer delas, mediante nomeação e qualificação das demais, para ressalva dos respectivos direitos.

§ 4º O inventor será nomeado e qualificado, podendo requerer a

não divulgação de sua nomeação.

Art. 7º Se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma invenção ou modelo de utilidade, de forma independente, o direito de obter patente será assegurado àquele que provar o depósito mais antigo, independentemente das datas de invenção ou criação.

§ U - A retirada de depósito anterior sem produção de qualquer

efeito dará prioridade ao depósito imediatamente posterior.

Silveira143 traz que “o pedido de patente ou a patente

poderão ser cedidos a terceiros e a cessão somente produzirá efeitos após a

publicação de sua anotação pelo INPI”.

A Lei da Propriedade Industrial em seus artigos 88 a 93

regula os principais aspectos envolvidos quando a invenção ou criação tiver

ocorrido na vigência de contrato de trabalho ou de prestação de serviços. O Art.

92 da LPI estende tais disposições relativas às relações entre o trabalhador

autônomo ou o estagiário e a empresa contratante e entre empresas contratantes

e contratadas.

É propriedade exclusiva do empregador quando a Invenção

ou o Modelo de Utilidade resultam da própria atividade contratada, isto é, a

atividade inventiva ou criativa é prevista ou decorrente da própria natureza do

trabalho do empregado.

Confere-se na legislação:

143 SILVEIRA, Newton. A Propriedade Intelectual e a Nova Lei de Proprieda de Industrial . p. 39.

Page 93: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

77

Art. 88 . A invenção e o modelo de utilidade pertencem

exclusivamente ao empregador quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o empregado contratado.

§ 1º Salvo expressa disposição contratual em contrário, a retribuição pelo trabalho a que se refere este artigo limita-se ao salário ajustado.

§ 2º Salvo prova em contrário, consideram-se desenvolvidos na

vigência do contrato a invenção ou o modelo de utilidade, cuja patente seja requerida pelo empregado até 01 (um) ano após a extinção do vínculo empregatício.

Art. 89 . O empregador, titular da patente, poderá conceder ao

empregado, autor de invento ou aperfeiçoamento, participação nos ganhos econômicos resultantes da exploração da patente, mediante negociação com o interessado ou conforme disposto em norma da empresa.

§ U - A participação referida neste artigo não se incorpora, a qualquer título, ao salário do empregado.

É Propriedade exclusiva do empregado quando se exige,

neste caso, que a criação seja realizada sem relação com o contrato de trabalho

ou prestação de serviços, e ainda, sem utilização de recursos, meios, dados,

materiais, instalações ou equipamentos do empregador144.

Confere-se na legislação:

Art. 90 - Pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de utilidade por ele desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e não decorrente da utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamentos do empregador.

É de Propriedade comum quando as criações decorrem da

contribuição pessoal do empregado e de recursos, meios, dados, materiais,

instalações ou equipamentos do empregador.

144 Disponível em www.inpi.gov.br <Acessado em 25 set. 2007>

Page 94: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

78

Confere-se na legislação:

Art. 91 . A propriedade de invenção ou de modelo de utilidade será

comum, em partes iguais, quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa disposição contratual em contrário.

§ 1º Sendo mais de um empregado, a parte que lhes couber será

dividida igualmente entre todos, salvo ajuste em contrário.

§ 2º É garantido ao empregador o direito exclusivo de licença de exploração e assegurada ao empregado a justa remuneração.

§ 3º A exploração do objeto da patente, na falta de acordo, deverá

ser iniciada pelo empregador dentro do prazo de 1 (um) ano, contado da data de sua concessão, sob pena de passar à exclusiva propriedade do empregado a titularidade da patente, ressalvadas as hipóteses de falta de exploração por razões legítimas.

§ 4º No caso de cessão, qualquer dos co-titulares, em igualdade de condições, poderá exercer o direito de preferência.

Art. 92 . O disposto nos artigos anteriores aplica-se, no que

couber, às relações entre o trabalhador autônomo ou o estagiário e a empresa contratante e entre empresas contratantes e contratadas.

Art. 93. Aplica-se o disposto neste Capítulo, no que couber, às

entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional, federal, estadual ou municipal.

§ U - Na hipótese do art. 88, será assegurada ao inventor, na

forma e condições previstas no estatuto ou regimento interno da entidade a que se refere este artigo, premiação de parcela no valor das vantagens auferidas com o pedido ou com a patente, a título de incentivo.

Quanto à remuneração do empregado que é contratado para

inventar, as disposições dos Arts. 89145 e parágrafo único do Art. 93146 da LPI

145 Art. 89. O empregador, titular da patente, poderá conceder ao empregado, autor de invento ou

aperfeiçoamento, participação nos ganhos econômicos resultantes da exploração da patente,

Page 95: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

79

possibilitam ao inventor a participação nos ganhos resultantes da exploração da

patente. Em se tratando de entidades da Administração Pública, direta, indireta e

funcional, federal, estadual ou municipal a premiação é assegurada, na forma e

condições previstas no estatuto ou regimento interno da entidade a que se refere

este artigo. Para os demais casos é faculdade do empregador.

O decreto nº 2553 de 16.04.98 regulamenta os artigos 88 a

93 da LPI e estabelece que ao servidor da Administração Pública direta, indireta e

fundacional que desenvolver uma invenção será assegurada remuneração que

não deverá exceder a um terço do valor das vantagens auferidas pelo órgão ou

entidade com a exploração de patente147.

3.4.3 Da Prioridade e da Fase Nacional da Patente

Ao pedido de Patente depositado em país que mantenha

acordo com o Brasil, ou em organização internacional, que produza efeito de

depósito nacional, será assegurada direito de prioridade, nos prazos

estabelecidos no acordo, não sendo o depósito invalidado nem prejudicado por

fatos ocorridos nesses prazos148.

Veja-se o que traz a LPI:

Art. 17 . O pedido de patente de invenção ou de modelo de

utilidade depositado originalmente no Brasil, sem reivindicação de prioridade e não publicado, assegurará o direito de prioridade ao pedido posterior sobre a mesma matéria depositado no Brasil pelo mesmo requerente ou sucessores, dentro do prazo de 1 (um) ano.

§ 1º A prioridade será admitida apenas para a matéria revelada no

pedido anterior, não se estendendo a matéria nova introduzida.

mediante negociação com o interessado ou conforme disposto em norma da empresa. § U -. A participação referida neste artigo não se incorpora, a qualquer título, ao salário do empregado.

146 Art. 93. Aplica-se o disposto neste Capítulo, no que couber, às entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional, federal, estadual ou municipal. § U - Na hipótese do art. 88, será assegurada ao inventor, na forma e condições previstas no estatuto ou regimento interno da entidade a que se refere este artigo, premiação de parcela no valor das vantagens auferidas com o pedido ou com a patente, a título de incentivo.

147 Dados subtraídos do site do INPI www.inpi.gov.br <Acessado em 25 nov. 2007> 148 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade: Aspectos Legais. p. 44.

Page 96: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

80

§ 2º O pedido anterior ainda pendente será considerado

definitivamente arquivado.

§ 3º O pedido de patente originário de divisão de pedido anterior

não poderá servir de base a reivindicação de prioridade.

Antes do final do 30º mês, contados da data de depósito

internacional ou da prioridade, se houver, o depositante deverá apresentar uma

tradução do Pedido Internacional na língua nacional a cada Repartição de

Propriedade Industrial dos Estados designados nos quais desejam obter Patente,

a fim de entrar na fase nacional. O depositante poderá entrar na fase nacional em

todos os Estados designados ou em parte deles, a seu critério e escolha.

149

Nesta fase o depositante deverá pagar a taxa nacional para

o depósito do pedido de privilégio e nomear um procurador, se exigido pela

legislação do país.

O pedido receberá então nova numeração, correspondente

ao ano do depósito do pedido internacional, mas sofrerá exame de acordo com a

legislação nacional e os critérios de privilegiabilidade de cada país. O relatório de

149 Instituto Nacional de Propriedade Industrial. 25 nov. 2007.

Page 97: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

81

pesquisa internacional, bem como o exame preliminar internacional, servirão de

subsídio ao exame técnico, sem ter caráter decisivo quanto à privilegiabilidade da

invenção.

Barcellos150 explica que é o princípio que determina que os

estrangeiros terão o mesmo tratamento que os nacionais, de modo que além da

proteção prevista na CUP lhes é assegurado que nenhuma discriminação lhes

será imposta em decorrência da sua nacionalidade diversa.

Acrescenta Di Blasi151 que:

(...) em face das disposições referentes ao tratamento nacional, ou assimilação, fica garantido aos estrangeiros não apenas a proteção, mas que contra eles não será exercido qualquer tipo de discriminação. Este princípio foi inserido no texto original de 1880, apreciado na Conferência de Paris.

Quando o Pedido Internacional entra na fase nacional

brasileira, é depositado um pedido em português seguindo as normas

estabelecidas no Ato Normativo pertinente e é nomeado um procurador para

assistir o depositante no Brasil. O pedido é numerado de acordo com o ano do

depósito internacional, pois é a partir desta data que é contado o prazo de

duração da Patente.

O Pedido não é novamente publicado de acordo com o

Artigo 18 da LPI, pois já sofreu a Publicação Internacional, apenas se noticia a

entrada do Pedido Internacional na fase nacional brasileira. O pedido de exame

deverá ser feito dentro de 36 meses contados a partir do depósito internacional ou

60 dias da entrada na fase nacional.

A partir de então o pedido sofre o processamento normal. Na

hora do exame técnico, o examinador consultará o relatório de busca

150 BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O sistema internacional de patentes. p.21 151 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.37

Page 98: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

82

internacional e o exame preliminar internacional, se houver, tomando então sua

própria decisão a respeito da privilegiabilidade da invenção.

3.4.4 Da Licença Compulsória

Di Blasi152 ensina que “as leis da maioria dos países

induzem que os titulares trabalhem suas Patentes, dentro de um determinado

período de tempo. Isto não acontecendo, ficam sujeitos à revogação da Patente

ou à concessão da licença obrigatória a terceiros que manifestem o interesse em

explorá-la”.

No ordenamento jurídico brasileiro, a licença compulsória é

prevista nos artigos 68 ao 74 da Lei 9.279 de 1996. Baseado no sistema legal153

vigente pode-se divisá-la em cinco modalidades de forma mais sucinta. Veja-se:

1) A licença por abuso de direitos: onde a falta de

exploração do objeto da patente no território nacional, ou seja, sua fabricação ou

mesmo a fabricação incompleta do invento, como também a falta de uso integral,

salvo em caso de inviabilidade econômica, na permissão da importação; ou ainda,

a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado.

2) A licença por abuso de poder econômico: ao qual, esta

poderá ser requerida somente pela pessoa de interesse legítimo, com capacidade

técnica e econômica para a realização da exploração eficiente do bem

patenteado, onde seu destino deverá ser 100% o mercado interno, com exceção

aos casos de inviabilidade econômica para a importação quando esta for

outorgada.

3) A licença de dependência: no caso desta ser concedida

em razão de abuso de poder econômico, ao licenciado, que propõe fabricação

local, no qual, será garantido um prazo de um ano, para proceder à importação do

152 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.41

153 Leis e doutrinas brasileiras.

Page 99: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

83

objeto licenciado, com a exigência que tenha sido colocado no mercado

diretamente pelo titular ou com o consentimento deste.

4) A licença por interesse público: onde a importação para

explorar o produto patenteado e ainda na importação como citado no item

anterior, admite-se também a importação por terceiros de produto fabricado de

acordo com Patente de processo ou de produto, desde que tenha sido colocado

no mercado pelo titular diretamente ou com o consentimento deste.

5) A licença legal que o empregado, co-titular de patente,

confere ex legis ao seu empregador: sendo que é garantido ao empregador o

direito exclusivo de licença de exploração e assegurada ao empregado a justa

remuneração.

Cumpre destacar a existência desta restrição ao exercício

particular do Direito de Propriedade sobre Patentes, visando sempre o equilíbrio

entre os interesses públicos e privados envolvidos.

Barbosa154 em seus ensinamentos destaca:

Tais princípios, que também decorrem da cláusula do devido processo legal incluída na Constituição brasileira, levam a que, no equilíbrio entre dois requisitos constitucionais – a proteção da propriedade e o do interesse social – , aplique-se o princípio da proporcionalidade. Ou seja, só se faça prevalecer o interesse coletivo até a proporção exata, e não mais além, necessária para satisfazer tal interesse. No pertinente, isto significa que a licença compulsória, segundo os parâmetros constitucionais, não pode exceder a extensão, a duração e a forma indispensável para suprir o interesse público relevante, ou para reprimir o abuso da patente ou do poder econômico.

Barcellos já orienta que:

Deve-se ter em mente que, antes da legislação ordinária, temos a expressa norma constitucional brasileira de que o interesse social,

154 BARBOSA, Denis Borges. Bases Constitucionais da Propriedade Intelectual . Disponível

em: http://www.nbb.com.br\BasesConstitucionaisdaPropriedadeIntelectual.doc, p. 37. <Acessado em 29 set. 2007>

Page 100: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

84

o desenvolvimento econômico e tecnológico do País constitui-se em pressupostos fundamentais que devem estar sempre presentes na análise e eventual utilização do instituto da licença compulsória.

Para Di Blasi155, “a Patente deve ser o veículo do suprimento

da indústria nacional, não tendo sentido o fato de um país ter de importar um

artigo que patenteou, a não ser por razões legítimas”.

O objetivo de uma Patente é o desenvolvimento econômico

industrial da nação. A exploração do produto outorgado como um todo vem da

necessidade econômica do país que deferiu tal direito.

3.5 DO PROCESSO DO PEDIDO DE PATENTE

Qualquer pessoa física ou jurídica pode depositar um pedido

de patente.

As etapas determinantes para a realização do registro de

patente são Busca prévia; Depósito e conteúdo do pedido de patente; Sigilo do

pedido depositado; Exame do pedido; Carta-patente; Recurso\Nulidade; Custos

básicos.

3.5.1 Busca Prévia

Interessante se faz a busca prévia antes de efetuar o

depósito de um pedido de Patente, no campo técnico relativo ao objeto do pedido

e, de acordo com a Classificação Internacional de Patentes para Patentes. Essa

busca não é obrigatória, podendo ser feita de maneira individual onde é realizada

pelo interessado no Banco de Patentes CEDIN156, no edifício sede do INPI157 ou

155 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.41

156 Centro de Documentação e Informação Tecnológica. 157 Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

Page 101: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

85

também, de maneira isolada, solicitada pelo interessado, realizada pelo corpo

técnico do CEDIN158.

3.5.2 Depósito e Conteúdo do Pedido de Patente

O depósito do pedido de Patente e dos desenhos industriais

pode ser efetuado na sede do INPI no Rio de Janeiro159, nas Delegacias e

Representações Regionais nos outros Estados160, ou através de envio postal

endereçado à Diretoria de Patentes-(DIRPA161-SAAPAT162) com indicação do

código DVP163 (Ato Normativo164 127 itens 4.2, 4.2.1 e 4.4)165 e aviso de

recebimento.

Os pedidos serão através de formulário específico166. O

Instituto exige a documentação apresentada em três vias, ou com mais duas vias

caso o depositante queira para o próprio uso. Após a entrega na Sede167, é

fornecido um recibo provisório para que o depositante retorne para pegar a cópia

devidamente numerada e filigranada.

Anterior ao aceite do depósito é feito um exame preliminar

verificando se o pedido está de acordo com as normas. Constatado qualquer

irregularidade, exigir-se-á regulamentação que deverá ser cumprida no prazo de

trinta dias para patentes e cinco dias para os desenhos industriais, a contar da

158 Centro de Documentação e Informação Tecnológica. 159 Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Praça Mauá, 07 – CEP 20083-900 – Rio de Janeiro

– RJ. 160 Disponível em www.inpi.gov.br <Acessado em 29 set. 2007> 161 Serviço da Diretoria de Patentes do INPI. 162 Seção de Apoio Administrativo de Patentes do INPI 163 Apesar das buscas realizadas junto aos sítios especializados, não foi encontrado o significado

da abreviação DVP, mantendo-o, entretanto, para compreensão integral do texto. 164 Estabelecido pelo INPI para dar as condições quanto à forma e conteúdo dos documentos que

integram os pedidos de patente e desenho industrial conforme determina a Lei da Propriedade Industrial no seu artigo 19.

165 Modelo em anexo 166 Modelo 1.01 de Depósito de Pedido de Patente ou de Certificado de Adição, ou o de Modelo

1.06, com instruções de preenchimento no verso. 167 Do INPI no Rio de Janeiro-RJ.

Page 102: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

86

notificação ao interessado, sob pena de não aceite do depósito e devolução dos

documentos.

Os pedidos devem conter relatório descritivo; reivindicação;

desenho (não obrigatório para as invenções) ou fotografias (para desenhos

industriais); resumo (exceto para os desenhos industriais, quando deve ser

especificado o campo de aplicação do objeto); comprovante de recolhimento da

retribuição cabível (guia próprio do INPI); e outros documentos necessários à

instrução do pedido, se for o caso (documento de cessão, procuração, documento

hábil do país de origem, etc).

Para o depósito de pedido em outros países existem duas

formas de realizá-lo: diretamente no país onde se deseja obter a proteção ou

através do PCT (Tratado de Cooperação de Patentes) para as invenções e

modelos de utilidade168.

Já os depósitos de pedido com prioridade unionista169, é

necessário solicitar a prioridade por ocasião do depósito, tal solicitação pode ser

suplementada no prazo de cento e oitenta dias. Deve ser comprovado por

documento hábil, pode-se apresentar tradução simples ou declaração. O

documento de cessão segue as formalidades do país de origem.

Conceitua Barcellos170 Direito de Prioridade Unionista:

É a previsão de um prazo de 12 meses para que os Países-membros da CUP, que sejam titulares de um pedido de patente originalmente depositado em seus respectivos países, possam também depositar o seu pedido de patente, reivindicando a data de prioridade do depósito originário, nos demais Países-membros

168 Na primeira opção é necessário conhecer a legislação de cada país, sendo que a maioria dos

países exige que o pedido seja apresentado por um procurador ou agente de propriedade industrial no país, junto ao Órgão responsável pela concessão de patentes do país onde se deseja proteger a invenção. Na segunda, através do PCT, o interessado poderá fazer o depósito inicial do pedido no INPI, já designando os países que escolheu para solicitar sua patente. Uma vez realizado o depósito, os critérios para concessão e as obrigações do depositante ou titular seguirão as leis dos países escolhidos.

169 Os que participam da CUP. 170 BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O Sistema Internacional de Patentes . p. 21.

Page 103: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

87

da União que sejam do seu interesse, de acordo com o previsto no artigo 4º da CUP.

Ensina o douto autor Di Blasi171 que:

Quando o pedido não for realizado pelo inventor, além dos documentos essenciais deverão constar outras indicações, como documentos que comprovem a situação do inventor perante o depositante, a cessão dos direitos patrimoniais do invento à pessoa autorizada pelo inventor, a procuração competente etc. No caso de o pedido ser depositado com reivindicação ao direito de prioridade, estabelecida pela Convenção de Paris, deverá constar no requerimento a documentação comprobatória do depósito feito no exterior para o pedido original.

O pedido depositado é considerado quando por ato da

repartição oficial, for devidamente feito o protocolo constando o número oficial do

pedido e a data de entrega pelo depositante. No Brasil, a data é fixada com a

precisão do minuto, dentro dos períodos normais de expediente da repartição.

Sendo esta data, fundamental, para o pedido de prioridade e início da contagem

dos prazos estabelecidos em lei172.

3.5.3 Sigilo do Pedido Depositado

O pedido de Patente será mantido em sigilo até a sua

publicação, a ser efetuada depois de dezoito meses, contado da data do exame

ou da prioridade mais antiga, podendo ser antecipada a requerimento do

depositante. Terminado o prazo, o pedido terá sua publicação notificada na

RPI173. O INPI poderá publicar antecipadamente a pedido do depositante. Esta,

nem sempre acelera o exame técnico, sendo que o mesmo não pode ser iniciado

antes de sessenta dias contados da publicação do pedido.

171 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade

Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.59.

172 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. p.59-60

173 Revista, semanal, da Propriedade Industrial.

Page 104: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

88

3.5.4 Exame do Pedido

O exame é feito mediante solicitação, no qual deve ser

protocolizado dentro dos primeiros trinta e seis meses do depósito do pedido, pelo

depositante ou qualquer interessado, ou o mesmo é arquivado. Se paga uma taxa

específica de exame que aumenta de valor quando o pedido tem mais de dez

reivindicações, ou quando se trata de patente de invenção. Este pedido de exame

não é publicado na RPI. Após a publicação do pedido, terceiros podem apresentar

subsídios ao exame técnico do mesmo, fornecendo ao INPI as razões pelas quais

consideram que a patente não pode ser concedida.

O exame vai considerar toda a documentação apresentada

que for relevante para a avaliação da patenteabilidade do pedido.

Depois de examinado, o examinador de patentes emite um

parecer técnico expondo suas conclusões, que podem ser:

- pelo deferimento da Patente;

- pela elaboração de exigências técnicas para reformulação

do pedido, a fim de que o mesmo possa receber a Patente requerida (exigências

técnicas, com prazo de noventa dias para cumprimento das mesmas, contados da

notificação na RPI)

- informando ao depositante que o pedido não atende aos

requisitos para proteção ( ciência de parecer, com prazo para de noventa dias

para manifestação do depositante, contados da notificação na RPI)

- indeferimento do pedido (o depositante poderá impetrar

Recurso, no prazo de sessenta dias da notificação na RPI).

Em ocasiões em que o examinador opine pelo indeferimento do pedido

depositante terá oportunidade de se manifestar antes de uma decisão final. Tal

manifestação é depositada nas Recepções do INPI (ou nas Delegacias e

Representações) por escrito, acompanhadas de formulário próprio e, do recibo de

pagamento de uma taxa específica para cada caso.

Page 105: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

89

3.5.5 Carta-Patente

Uma vez que o pedido tenha sido deferido, esta decisão

será publicada na RPI e o INPI vai aguardar o prazo de (60) sessenta dias,

contados do deferimento do pedido, para pagamento da retribuição, e respectiva

comprovação, correspondente à expedição da Carta-Patente.

Há um prazo adicional de 30 (trinta) dias, após o prazo de

(60) sessenta dias, para pagamento da retribuição a qual, neste caso, deverá ser

efetuada independentemente de notificação e mediante retribuição diferenciada,

sob pena de arquivamento definitivo do pedido.

Existe um período de transição que são para os pedidos de

Patentes e Modelo de Utilidade Depositados antes de 15/05/97, na vigência da

Lei 5772/71, que será publicada na RPI, tratada como pagamento da expedição

da Carta-Patente, sendo que o interessado poderá efetuar tal pagamento e sua

comprovação independente dessa notificação.

3.5.6 Recurso

As decisões da DIRPA são, em princípio, recorríveis.

Somente as decisões expressas na LPI como definitivas não são passíveis de

recurso.

Se a decisão for pelo indeferimento do pedido cabe a

interposição de recurso no prazo de (60) sessenta dias.

Os interessados serão intimados para, no prazo de sessenta

dias contados da publicação da interposição do recurso, oferecerem contra-

razões ao dito recurso. A decisão do recurso contra o indeferimento encerra a

instância administrativa.

3.5.7 Nulidade

A Patente concedida contrariando os dispositivos legais da

Lei 9279/97 é nula. A nulidade poderá ser instaurada administrativamente dentro

de no máximo seis meses contados da data de concessão da Patente que se

Page 106: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

90

deseja anular. A Patente também poderá ser anulada através de ação judicial

própria, durante toda a sua vigência, pelo INPI ou por qualquer pessoa com

legítimo interesse.

O Art. 50 da Lei 9.279/96 estabelece que a nulidade da

patente será declarada administrativamente quando:

I - não tiver sido atendido qualquer dos requisitos legais;

II - o relatório e as reivindicações não atenderem ao disposto

nos Arts. 24 e 25 da LPI, respectivamente;

III - o objeto da patente se estenda além do conteúdo do

pedido originalmente depositado; ou

IV - no seu processamento tiver sido omitida qualquer das

formalidades essenciais, indispensáveis à concessão.

De acordo com o Art. 50 da LPI, um dos fundamentos para

se anular administrativamente uma Patente, seria o fato da mesma ter sido

concedida sem o atendimento dos requisitos legais, conforme inciso I desse

artigo. Considera-se também que o objeto da patente deva atender ao Art. 10,

que estabelece o que não é considerado invenção nem modelo de utilidade e ao

Art. 18, que estabelece as invenções e modelos de utilidade não patenteáveis,

sob pena da patente ser anulada.

Entende-se por requisitos legais aqueles relacionados ao

mérito do objeto e que envolvem aspectos de novidade, atividade inventiva

(Art.13) para invenções, ato inventivo (Art.14) para modelo de utilidade e

aplicação industrial (Art.15).

Uma Patente que tenha sido concedida indevidamente, sem

as condições de patenteabilidade estabelecidas no capítulo II da LPI, ou seja, em

desacordo com os Arts. 8 a 12 poderia ser anulada. Um exemplo seria o de uma

Patente de invenção concedida sem novidade. Neste caso, estaria em desacordo

Page 107: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

91

com o Art. 8º, que exige o requisito de novidade para a concessão de uma

patente desta natureza.

Outro exemplo seria o de uma Patente concedida para uma

criação não considerada como invenção. Seria o caso de uma descoberta, de um

método matemático, de uma técnica operatória ou qualquer criação cuja

patenteabilidade fosse vetada pelo Art 10º, que estabelece o que não é

considerado invenção nem modelo de utilidade. Tal Patente infringindo o referido

artigo poderia ser anulada.

Outro fundamento seria o não atendimento ao disposto no

inciso II do mesmo artigo 50 da LPI, que se refere ao fato do relatório descritivo e

as reivindicações não atenderem aos Arts. 24 e 25 (suficiência descritiva e base

para as reivindicações), respectivamente. Ou seja, a nulidade poderá ser

declarada por insuficiência descritiva ou pelo fato das reivindicações serem

incompatíveis com o relatório descritivo.

Considera-se insuficiência descritiva quando um técnico no

assunto não for capaz de reproduzir o objeto patenteado. Um exemplo seria uma

patente relativa a um aparelho, onde o titular não define o dispositivo em si e

somente as eventuais vantagens do mesmo, não definindo suas características

nem a interconexão entre elas, impossibilitando a realização industrial do objeto.

O inciso III do Art. 50 prevê a nulidade quando uma Patente

for concedida incluindo matéria que não estava contida quando do depósito do

pedido.

Por exemplo, o depositante apresenta um pedido de Patente

formalmente correto, porém incompleto no seu conteúdo. O pedido é aceito pelo

INPI, recebe número e aguarda exame técnico. Espontaneamente, 1 (um) ano

depois o depositante apresenta alterações de relatório incluindo matéria que virá

alterar ou aumentar o conteúdo técnico anterior, contrariando o Art. 32. Na

eventualidade de ser concedida erradamente esta Patente a mesma será nula.

Outra causa seria o estabelecido no inciso IV, que seria a

omissão de uma formalidade essencial, indispensável à concessão da Patente

Page 108: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

92

Um exemplo dessa omissão seria o caso de um pedido de

Patente o qual tenha sofrido exame técnico mesmo que não tenha sido conhecida

a petição de requerimento de exame do pedido. Supondo que a Carta-Patente

tenha sido concedida seria válida, nesse caso, a instauração de um processo de

nulidade para uma Patente mal concedida.

Independente de um processo de nulidade administrativa, o

INPI poderá declarar a nulidade de determinados atos considerando sua flagrante

ilegalidade processual através da Súmula 473 (TRF).

Por exemplo, erros na notificação de despachos na RPI,

como a publicação dos nomes do titular ou depositante errado. Outro caso seria

quando a publicação não corresponde ao ato praticado, como na hipótese de do

exame técnico ter decidido por exigência e a publicação efetuada ter sido a de

indeferimento. Também cabe o exemplo de um pedido arquivado por não

apresentação de pedido de exame ou de cumprimento de exigência ou por

extravio das respectivas petições

O formulário adequado para se requerer a instauração

administrativa da nulidade é o Formulário Modelo 1.02 - Petição. Deve-se

preenchê-lo corretamente de acordo com as instruções no verso do formulário,

assinalando no local apropriado e identificando o número de folhas que compõem

o documento. As petições devem ser apresentadas em duas vias.

O INPI, conhecendo da petição, notificará o titular, através

de publicação na RPI, para que o mesmo apresente manifestação no prazo de 60

(sessenta) dias, conforme Art. 52 da LPI.

O titular deverá requerer ao INPI cópia dos documentos que

instruíram o pedido de nulidade, através do Formulário Modelo 1.05.

Decorrido o prazo para manifestação, o INPI emitirá parecer

intimando (através de publicação na RPI) o titular da Patente e o requerente da

nulidade para manifestação, no prazo comum de 60 (sessenta) dias contados da

publicação na RPI. A cópia do parecer técnico emitido deverá ser requerida

também através do mesmo Formulário Modelo 1.05. Decorrido o prazo para as

Page 109: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

93

manifestações, o processo de nulidade será decidido pelo presidente do INPI, e a

decisão publicada na RPI, encerrando-se a estância administrativa do processo

3.5.8 Documentos que Instruem o Requerimento de Nul idade

Os fundamentos argüidos para justificar a nulidade deverão

ser devidamente expostos e comprovados. Por exemplo, em se tratando de falta

de novidade, os documentos que comprovam que a invenção pertence ao estado

da técnica (Art.11 §1o), devem ser revestidos de certeza quanto à existência e a

data, serem suficientes (de forma que um técnico no assunto seja capaz de

compreender e reproduzir) e revestidos de publicidade (suscetível de ter sido

conhecido do público).

Desenhos internos que não sejam acompanhados de

elementos que comprovem terem sido os mesmos acessíveis ao público

(catálogos, relatórios, contratos com terceiros), não serão considerados, uma vez

que a veiculação de tais desenhos poderia ter sido direcionada à um setor

específico e determinado da empresa cujos responsáveis são vinculados à

confidencialidade.

Por exemplo: Uma invenção relativa a um processo de

obtenção de um produto comercializado um ano e meio antes da data do

depósito. Se, pelo produto em si, não for possível identificar o seu processo de

obtenção, a invenção (processo) não se tornará acessível ao público através da

comercialização do produto.

Outro exemplo seria uma invenção que se refere a um

mecanismo de regulagem interno de pé de cadeira giratória. Houve publicação de

um documento de propaganda mostrando a forma externa da cadeira e

descrevendo suas vantagens omitindo, contudo, as características técnico-

construtivas do dito mecanismo interno de regulagem. O documento, então,

carece de suficiência descritiva para provar que a Patente pertence ao estado da

técnica.

No caso de uma invenção referente a um modelo de

utilidade de uma cadeira reclinável, onde é alegada a comercialização do produto

Page 110: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

94

um ano e meio antes do depósito do pedido de patente, e a mera visualização da

mesma é suficiente para entender o modelo. É apresentada como prova de falta

de novidade nota fiscal de venda de uma cadeira sem que haja correlação entre a

cadeira comercializada e o produto patenteado. Esta documentação é insuficiente

para comprovar a falta de novidade. Por sua vez é apresentado catálogo de

produtos mostrando de forma detalhada a cadeira, de modo que se possa

relacioná-la à patente concedida. Estando o catálogo devidamente datado, o

mesmo poderá comprovar a falta de novidade.

Abaixo se demonstra em números os pedidos de registro de

Patentes no ano de 2005.

Deposito PI MU C PCT Total

Resolvido 3.854 3;043 105 01 7.003

Não Resol. 2.430 51 05 299 2.785

Total 6.284 3.094 110 300 9.788

Infelizmente não obteve-se estatísticas dos anos de 2006 e

2007 por falta de informação do Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

Page 111: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo analisar de que

forma está tutelada a Patente no ordenamento jurídico brasileiro.

O interesse pelo tema abordado deu-se em razão de sua

atualidade e pela diversidade de modo que o tema vem sendo abordado no

contexto nacional e internacional.

Para seu desenvolvimento lógico o trabalho foi dividido em

três capítulos.

O primeiro abordou a Propriedade Intelectual, tratando dos

bens intangíveis, os requisitos essenciais para o registro de um bem e todas as

modalidades registráveis de Propriedade Intelectual, quais sejam, a Propriedade

Industrial, os Cultivares e o Direito Autoral.

Conforme disposto daquele capítulo, obteve-se que a

Propriedade Intelectual é algo que não existe materialmente porém, é possível

para algumas situações que seja protegido através de um registro, onde com isso,

o inventor, por um determinado tempo, é o detentor exclusivo desse bem,

posteriormente repassado ao domínio público.

O segundo capítulo foi destinado a tratar dos diversos

instrumentos de proteção das Patentes no âmbito internacional, discorrendo

acerca dos Acordos, Tratados e Órgãos de proteção patentária de maior

relevância mundial e, que exercem influência na disciplina patentária brasileira.

No terceiro e último capítulo, estudou-se a tutela jurídica das

patentes no ordenamento jurídico brasileiro, principiando-se pela influência do

PCT e TRIPS no Brasil e posteriormente passando-se a tratar das patentes e por

derradeiro deu-se ênfase ao processo de obtenção da patente conforme o

Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

Page 112: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

96

Demonstrou-se que a Lei brasileira 9.279/96, é

independente conforme prevê a Convenção da União de Paris e, que também,

encontra-se em consonância com as demais legislações ocidentais.

Por fim, retomam-se as hipóteses da pesquisa:

Confirmou-se que as Patentes estão disciplinadas no

ordenamento jurídico brasileiro em consonância com os preceitos internacionais

nos quais o Brasil é signatário.

Através da análise da legislação brasileira, verificou-se que

esta protege de forma eficaz a patente.

Page 113: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acordo de Estrasburgo Relativo à Classificação Internacional de Patentes – CIP

firmado em 24 de março de 1971.

ALVARES, J. F. 1994, Acordos da Rodada Uruguai: uma visão geral – mimeo,

in THORSTENSEN, Vera.

BARBOSA, Denis Borges. Bases Constitucionais da Propriedade Intelectual .

Disponível em:

http://www.nbb.com.br\BasesConstitucionaisdaPropriedadeIntelectual.doc

BARCELLOS, Milton Lucídio Leão. O Sistema Internacional de Patentes . São

Paulo: IOB Thomson, 2004.

BASSO, Maristela. O Direito Internacional da Propriedade Intelectual . Porto

Alegre: Livraria do Advogado, 2000.

BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial: teoria geral

direito comercial, direito societário. V. 1. São Paulo: Revista dos Tribunais,

2001.

Cadernos REPICT – Vol. 1 – Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais Ltda.,

2004.

Cadernos REPICT/vol.2 – Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais Ltda.,

2005.

CHADE, Jamil. O Estado de São Paulo . 28 set. 2007.

COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial . São Paulo: Saraiva, 1999.

Convenção da União de Paris

Page 114: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

98

Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988.

Decreto nº 2.553 de 16 de abril de 1998.

Decreto nº 2.556 de 20 de abril de 1998.

Decreto nº 75.572, de 08 de abril de 1975

Decreto Legislativo nº 59 de 19 de novembro de 1951.

Decreto Legislativo nº 59 de 30 de junho de 1975.

Decreto Legislativo nº 78 de 31 de outubro de 1974.

DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A

Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Pate ntes e Desenhos

Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996 . Rio de

Janeiro: Forense, 2002.

FALCONE, Leila Freire. Palestra dada de 16 a 18 de agosto de 2006.

Florianópolis/SC.

FERNANDÉZ-NOVOA, Carlos. EL USO OBLIGATORIO DE MARCAS. Madrid:

Editora Montecorvo, 1984.

FERREIRA, Waldemar. TRATADO DE DIREITO COMERCIAL. São Paulo:

Saraiva, 1962. vol. VI.

GUSMÃO, José Roberto D’Affonseca. A PROTEÇÃO DA MARCA NOTÓRIA NO

BRASIL – APLICAÇÃO DO ART. 6º bis DA CUP E DA LEI INTERNA. REVISTA

DE DIREITO MERCANTIL, São Paulo, vol. 70, p. abr.- jun. 1988.

HUGUENEY, Clodoaldo. - Embaixador do Brasil em Genebra – Assembléia

Geral do Tratado de Cooperação de Patentes . 27 set. 2007.

Page 115: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

99

Lei nº 5.988 de 14 de dezembro de 1973

Lei nº 5.648 de 11 de dezembro de 1970.

Lei nº 7.646 de 18 de dezembro de 1987.

Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996.

Lei nº 9.456 de 25 abril 1997, regulamentada pelo Decreto nº 2.854 de 02 dez.

1997.

Lei nº 9.609 de 19 de fevereiro de 1998.

Lei nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

MENDONÇA, J. X. Carvalho de. TRATADO DE DIREITO COMERCIAL

BRASILEIRO . 5º Ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1955. vol. V, parte I.

MORO, Maitê Cecília Fabbri. Direito de Marcas: abordagem das Marcas

notórias na lei 9.279-96 e nos acordos internaciona is . São Paulo: Editora

Revista dos Tribunais, 2003.

NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial . Editora Bookseller, 1999.

PAES, Paulo Roberto Tavares. Propriedade Industrial . 2. ed. Rio de Janeiro:

Forense, 2000.

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil – vol. 1: 6 ed. Rio

de Janeiro. Forense, 1994.

PIMENTEL apud CARVALHO, Nuno Pires de. Os Tratados internacionais da

Organização Mundial da Propriedade Intelectual e o seu Papel na Promoção

do Desenvolvimento Econômico. In: Conferência . Florianópolis: UFSC,

Coordenadoria de Gestão da Propriedade Intelectual, 21 maio 2004.

Page 116: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

100

PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade – Aspectos

Legais . Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005.

REQUIAO, Rubens. Curso de Direito Comercial 24 ed. São Paulo: Saraiva,

2000.

ROQUE, Sebastião José. Direito Internacional Público . São Paulo: Hemus,

1997.

SANTOS, Ozeias J. Marcas e Patentes, Propriedade Industrial . São Paulo:

INTERLEX Informações Jurídicas Ltda, 2001.

SANTOS, Ricardo Alexandre. Palestra para o Movimento Empreendedor

Univali – MEU . Sala do MEU na UNIVALI de Itajaí, 24 maio 2007.

SICHEL, Ricardo. O DIREITO EUROPEU DE PATENTES E OUTROS ESTUDOS

DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL . Rio de Janeiro: Lúmen Júris. 2004.

SILVA, José Everton da. Professor Mestre da Universidade do Vale do Itajaí,

Coodenador da CPAI CCH - CECIESA/GESTÃO -CCJS - Balneário Piçarras.

SILVEIRA, Newton. Curso de Propriedade Industrial . São Paulo: Revista dos

Tribunais, 1977.

SOARES, José Carlos Tinoco. Tratado da Propriedade Industrial – Patentes e

seus sucedâneos . São Paulo: Editora Jurídica Brasileira, 1998.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento

Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da

Propriedade Intelectual na UFRGS . Porto Alegre: UFRGS, 2003.

THORSTENSEN, Vera. OMC – Organização Mundial do Comércio: As Regras

do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negoci ações Multilaterais . 2º

ed., São Paulo: Aduaneiras, 2001.

Page 117: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

101

Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes – PCT firmado em 19 de junho

de 1970, com Emenda de 28 de setembro de 1979, modificada em 03 de fevereiro

de 1984 e, em 03 de outubro de 2001.

Sites da Internet:

www.inpi.gov.br

www.wto.org

www.wipo.int

www.epo.org

www.udesc.br

www.dpi.ufsc.br

www.uspto.gov

www.cipo.gc.ca

www.jpo.go.jp

www.sipo.gov.cn

www.inpi.fr

Page 118: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

102

Tabela de Custos DIRPA - Patentes de Invenção e de Modelo de Utilidade (Valores em Reais - R$)

Cód. Novo

SERVIÇOS DA DIRETORIA DE PATENTES DIRPA (PATENTES DE INVENÇÃO E DE MODELO DE

UTILIDADE) Retr.1 Retr.2(*)

200 Depósito de pedido nacional de Patente de Invenção (PI), Certificado de Adição de Invenção (C) ou Modelo de Utilidade (MU) e Entrada na Fase Nacional de PCT.

140,00 55,00

201 Depósito de pedido internacional nos termos do PCT. 305,00 -

202 Publicação antecipada. 140,00 -

203

Pedido de Exame de Patente de Invenção (PI). - Retribuição normal de R$400,00 ou R$ 160,00 (*) para até 10 reivindicações. Acima deste total, deve-se somar um valor adicional de R$ 19,00 ou R$ 7,00 (*) por reivindicação.

400,00 160,00

204 Pedido de Exame de Modelo de Utilidade (MU). 280,00 110,00

205 Pedido de Exame de Certificado de Adição de Invenção (C). 130,00 50,00

206 Cumprimento de Exigência decorrente de Exame Formal. Isento -

207 Cumprimento de Exigência. 85,00 35,00

208 Restauração de Pedido, Patente ou Certificado de Adição de Invenção (C).

500,00 200,00

209 Desarquivamento de pedido. 145,00 60,00

210 Apresentação de subsídios ao Exame Técnico. 285,00 -

211 Apresentação de subsídio voluntário ao Exame Técnico, de acordo com o AN 152/99.

285,00 -

212 Expedição de Carta-Patente ou Certificado de Adição de Invenção (C) no prazo ordinário.

95,00 40,00

213 Expedição de Carta-Patente ou Certificado de Adição de Invenção (C) no prazo extraordinário.

140,00 55,00

214 Recurso de Patente de Invenção (PI), Modelo de Utilidade (MU) ou Certificado de Adição de Invenção (C).

410,00 165,00

215 Nulidade ou Caducidade de Patente de Invenção (PI), Modelo de Utilidade (MU) ou Certificado de Adição de Invenção (C).

540,00 -

216 Manifestação ou Contestação de Patente de Invenção (PI), Modelo de Utilidade (MU), Certificado de Adição de Invenção (C).

195,00 80,00

217 Análise da subsistência do Certificado de Adição de Invenção (C).

260,00 -

218 Oferta de licença da patente para fins de exploração ou 130,00 -

Page 119: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

103

renovação de oferta.

219 Certidão para efeito do art. 70.9 da Lei 9.279/96 do Direito de Propriedade Industrial Relativo a comércio – (TRIPS).

400,00 -

220 Anuidade de Pedido de Patente de Invenção (PI) no prazo ordinário.

195,00 80,00

221 Anuidade de Pedido de Patente de Invenção (PI) no prazo extraordinário.

290,00 -

222 Anuidade de Patente de Invenção (PI) do 3º ao 6º ano no prazo ordinário.

505,00 200,00

223 Anuidade de Patente de Invenção (PI) do 3º ao 6º ano no prazo extraordinário.

760,00 -

224 Anuidade de Patente de Invenção (PI) do 7º ao 10º ano no prazo ordinário.

790,00 315,00

225 Anuidade de Patente de Invenção (PI) do 7º ao 10º ano no prazo extraordinário.

1.185,00 -

226 Anuidade de Patente de Invenção (PI) do 11º ao 15º ano no prazo ordinário.

1.065,00 425,00

227 Anuidade de Patente de Invenção (PI) do 11º ao 15º ano no prazo extraordinário.

1.600,00 -

228 Anuidade de Patente de Invenção (PI) do 16º ano em diante no prazo ordinário.

1.300,00 520,00

229 Anuidade de Patente de Invenção (PI) do 16º ano em diante no prazo extraordinário.

1.950,00 -

230 Anuidade de pedido de Certificado de Adição de Invenção (C) no prazo ordinário.

65,00 25,00

231 Anuidade de pedido de Certificado de Adição de Invenção (C) no prazo extraordinário.

95,00 -

232 Anuidade de Patente de Certificado de Adição de Invenção (C) do 3º ao 6º ano no prazo ordinário.

155,00 60,00

233 Anuidade de Patente de Certificado de Adição de Invenção (C) do 3º ao 6º ano no prazo extraordinário.

235,00 -

234 Anuidade de Patente de Certificado de Adição de Invenção (C) do 7º ao 10º ano no prazo ordinário.

235,00 95,00

235 Anuidade de Patente de Certificado de Adição de Invenção (C) do 7º ao 10º ano no prazo extraordinário.

350,00 -

236 Anuidade de Patente de Certificado de Adição de Invenção (C) do 11º ao 15º ano no prazo ordinário.

310,00 125,00

237 Anuidade de Patente de Certificado de Adição de Invenção (C) do 11º ao 15º ano no prazo extraordinário.

470,00 -

238 Anuidade de Patente de Certificado de Adição de Invenção (C) 390,00 155,00

Page 120: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

104

do 16º ano em diante no prazo ordinário.

239 Anuidade de Patente de Certificado de Adição de Invenção (C) do 16º ano em diante no prazo extraordinário.

585,00 -

240 Anuidade de Pedido de Modelo de Utilidade (MU) no prazo ordinário.

130,00 50,00

241 Anuidade de Pedido de Modelo de Utilidade (MU) no prazo extraordinário.

195,00 -

242 Anuidade de Patente de Modelo de Utilidade (MU) ou de Patente de Modelo e Desenho Industrial (DI) expedida durante a vigência da Lei 5772/71 do 3º ao 6º ano no prazo ordinário.

260,00 105,00

243

Anuidade de Patente de Modelo de Utilidade (MU) ou de Patente de Modelo e Desenho Industrial (DI) expedida durante a vigência da Lei 5772/71 do 3º ao 6º ano no prazo extraordinário.

390,00 -

244 Anuidade de Patente de Modelo de Utilidade (MU) ou de Patente de Modelo e Desenho Industrial (DI) expedida durante a vigência da Lei 5772/71 do 7º ao 10º ano no prazo ordinário.

520,00 210,00

245

Anuidade de Patente de Modelo de Utilidade (MU) ou de Patente de Modelo e Desenho Industrial (DI) expedida durante a vigência da Lei 5772/71 do 7º ao 10º ano no prazo extraordinário.

780,00 -

246 Anuidade de Patente de Modelo de Utilidade (MU) do 11º ano em diante no prazo ordinário.

780,00 310,00

247 Anuidade de Patente de Modelo de Utilidade (MU) do 11º ano em diante no prazo extraordinário.

1.170,00 -

248

Alteração de Nome, Razão Social, Sede ou Endereço. - Retribuição normal de R$ 25,00 para até 10 processos. Acima deste total, deve-se somar um valor adicional de R$ 6,00 por processo.

25,00 -

249 Anotação de Transferência de Titular. 65,00 -

250 Certidão de atos relativos aos processos. 60,00 -

251 Certidão de Busca por Titular. 60,00 -

252 Expedição de Segunda Via de Carta Patente, Certificado de Adição de Invenção.

95,00 -

253 Cópia oficial para efeito de reivindicação de prioridade unionista.

95,00 -

256 Pedido de devolução de prazo por falha do interessado. 65,00 -

258 Desistência ou Renúncia. Isento -

259 Comprovação de recolhimento de retribuição (inclusive quando em cumprimento de exigência).

Isento -

Page 121: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

105

260 Outras petições. 50,00 -

(Valores em Reais - R$) Cód.

Novo SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO GERAL Retr.1 Retr.2(*)

800

Complementação de Retribuição. - Utilize este serviço para complementar qualquer retribuição feita à menor ou que precise ser atualizada, acrescida de outras taxas, quando for o caso. Por exemplo, quando a complementação for proveniente de uma exigência, deve-se recolher o valor do cumprimento de exigência cabível. Utilizando-se uma guia para cada um dos serviços. É necessário informar o número da Guia de Recolhimento inicial ou preliminar (“Nosso Número”).

Variável -

801 Restituição de Retribuição. - Utilize este serviço para solicitar a restituição para qualquer retribuição Indevida ou feita à maior. É necessário informar o número da Guia de Recolhimento inicial ou preliminar (“Nosso Número”).

15,00 -

802 Remessa de Taxas Oficiais para um depósito de pedido de Patente Internacional nos termos do Tratado de Cooperação em matéria de Patentes (PCT).

Variável -

(Valores em Reais - R$) Cód.

Novo IMPRESSOS, PUBLICAÇÕES E CÓPIA REPROGRÁFICA Retr.1 Retr.2(*)

803 Revista da Propriedade Industrial (Papel), exemplar avulso. 35,00 -

804 Revista da Propriedade Industrial (CDROM), exemplar avulso.

18,00 -

806 Revista da Propriedade Industrial (CDROM), assinatura semestral.

400,00 -

808 Revista da Propriedade Industrial (CDROM), assinatura anual.

800,00 -

809 Formulários, em blocos com 100 (cem) folhas de Marcas e Patentes.

17,00 -

811 Código de Propriedade Industrial, Lei Nº 5772/71 - Revogada.

0,00 -

812 Lei da Propriedade Industrial, N. º. 9.279/96. 7,00 - 813 Coletânea de Atos Normativos de Patentes. 9,00 - 815 Coletânea de Atos Normativos de PCT. 0,00 - 816 Regulamento de Execução do P.C.T. 16,00 - 822 Guia de Recolhimento. - Cada 5 unidades. 5,00 - 823 Guia de Recolhimento. - Por caixa com 1.000 (mil) guias. 250,00 -

824

Cópia reprográfica simples. - Retribuição normal de R$ 5,00 para até 4 páginas. Acima deste total, deve-se somar um valor adicional de R$ 0,15 por página. Após a avaliação final da Retribuição, deve-se utilizar o serviço 800, "Complementação de Retribuição", para o pagamento total do serviço.

5,00 -

825 Cópia reprográfica autenticada. 10,00 -

Page 122: A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO …siaibib01.univali.br/pdf/Daiana Magali de Amorim.pdf · universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias sociais

106

- Retribuição normal de R$ 10,00 para até 4 páginas . Acima deste total, deve-se somar um valor adicional de R$ 0,30 por página. Após a avaliação final da Retribuição, deve-se utilizar o serviço 800, "Complementação de Retribuição", para o pagamento total do serviço.

(*) Retr.2 Resolução INPI No. 104/03, de 24 de novembro de 2003. Redução de valor de retribuição a ser obtida por : - pessoas físicas; - microempresas, assim definidas em lei; - sociedades ou associações de intuito não econômico; - órgãos públicos