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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 5568 A DISCIPLINA DE HISTÓRIA NO CURSO GINASIAL NA PRIMEIRA INSTITUIÇAO DE ENSINO PÚBLICO EM DOURADOS (1958-1974) Inês Velter Marques 1 Introdução Este trabalho emerge do objetivo de analisar a grade curricular do Colégio Estadual Presidente Vargas de Dourados, de 1958 a 1974. O ano de 1958 sinaliza o início das atividades nessa instituição e o ano de 1974 período que compreende desde a instalação do Curso Ginasial até a regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases a da Educação Nacional 5.692/71. Para a análise trabalhou-se o cruzamento de pistas, advindas das fontes documentais dos registros, especificamente os livros das atas dos resultados finais encontrados nos arquivos da instituição, pautadas na cultura escolar e das fontes secundárias dialogando, a um referencial teórico voltado para a História, História da Educação, Cultura Escolar, dentre outros, acrescida de referencial sobre a criação da Escola Estadual Presidente Vargas. No campo de estudo da História da Educação, a influência da Nova História Cultural fez com que as os pesquisadores dessa área passassem a se dedicar a outra proposta de estudo, com novos objetos, novos temas, novos problemas e novos procedimentos de análise, favorecendo outros caminhos para o seu estudo, como é o caso, por exemplo, da investigação aqui proposta, que se debruça sobre pesquisar a história de uma instituição pública de ensino secundário, do antigo Sul de Mato Grosso. A análise desenvolvida, também, fundamenta-se na abordagem sócio histórica do currículo, compreendendo-o com um artefato social e cultural (GOODSON, 1995; 1997). Segundo Goodson (1997, p. 20), “[...] o currículo escrito proporciona-nos um testemunho, uma fonte documental, um mapa variável do terreno: é também um dos melhores roteiros oficiais para a estrutura institucionalizada da educação”. A história do currículo oferece pistas para identificar as relações entre a escola e a sociedade, “[...] porque mostra como escolas tanto refletem como refratam definições da sociedade sobre conhecimento culturalmente válido em formas que desafiam os modelos simplistas da teoria da reprodução” (GOODSON, 1995, p.118). 1 Professora Mestre em Educação. Docente do ensino médio, público e privado. E-Mail: <[email protected]>. GEPHEMES.

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 5568

A DISCIPLINA DE HISTÓRIA NO CURSO GINASIAL NA PRIMEIRA INSTITUIÇAO DE ENSINO PÚBLICO EM DOURADOS (1958-1974)

Inês Velter Marques1

Introdução

Este trabalho emerge do objetivo de analisar a grade curricular do Colégio Estadual

Presidente Vargas de Dourados, de 1958 a 1974. O ano de 1958 sinaliza o início das atividades

nessa instituição e o ano de 1974 período que compreende desde a instalação do Curso

Ginasial até a regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases a da Educação Nacional 5.692/71.

Para a análise trabalhou-se o cruzamento de pistas, advindas das fontes documentais

dos registros, especificamente os livros das atas dos resultados finais encontrados nos

arquivos da instituição, pautadas na cultura escolar e das fontes secundárias dialogando, a

um referencial teórico voltado para a História, História da Educação, Cultura Escolar, dentre

outros, acrescida de referencial sobre a criação da Escola Estadual Presidente Vargas.

No campo de estudo da História da Educação, a influência da Nova História Cultural

fez com que as os pesquisadores dessa área passassem a se dedicar a outra proposta de

estudo, com novos objetos, novos temas, novos problemas e novos procedimentos de análise,

favorecendo outros caminhos para o seu estudo, como é o caso, por exemplo, da investigação

aqui proposta, que se debruça sobre pesquisar a história de uma instituição pública de ensino

secundário, do antigo Sul de Mato Grosso.

A análise desenvolvida, também, fundamenta-se na abordagem sócio histórica do

currículo, compreendendo-o com um artefato social e cultural (GOODSON, 1995; 1997).

Segundo Goodson (1997, p. 20), “[...] o currículo escrito proporciona-nos um

testemunho, uma fonte documental, um mapa variável do terreno: é também um dos

melhores roteiros oficiais para a estrutura institucionalizada da educação”. A história do

currículo oferece pistas para identificar as relações entre a escola e a sociedade, “[...] porque

mostra como escolas tanto refletem como refratam definições da sociedade sobre

conhecimento culturalmente válido em formas que desafiam os modelos simplistas da teoria

da reprodução” (GOODSON, 1995, p.118).

1 Professora Mestre em Educação. Docente do ensino médio, público e privado. E-Mail: <[email protected]>. GEPHEMES.

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Inicialmente, a grade do Curso Ginasial estava estruturada de acordo com a Lei

Orgânica do Ensino Normal e, posteriormente, com as prescrições da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, a de nº. 4.024/61. Relativamente à grade curricular do Curso

Científico, no período pesquisado, se organizava de acordo com as prescrições dessa Lei, uma

vez que esse Curso foi implantado, no Colégio, somente em 1963.

O colégio Estadual Presidente Vargas

No dia 02 de outubro de 1951 foi criado o primeiro Ginásio público em Dourados, por

meio da Lei nº 427 do mesmo ano, pelo então governador do estado de Mato Grosso, Dr.

Fernando Corrêa da Costa, sob a denominação de Ginásio Estadual “Presidente Vargas”.

O Colégio Estadual Presidente Vargas, desde sua implantação, representou a efetivação

prática e objetiva das aspirações e dos valores mais elevados da época, no que se refere ao

ensino, uma vez que tinha um elevado prestígio intelectual perante a sociedade de Dourados

e região. Em sua trajetória histórica, esse Colégio conquistou novos cursos, aumentando de

forma significativa o número das matrículas. Nesse percurso, a instituição acompanhou as

mudanças que ocorriam no âmbito estadual e nacional.

Ao iniciar suas atividades, em 1958, a instituição recebia o nome de Ginásio Estadual

Presidente Vargas, pois oferecia apenas o Curso Ginasial, de primeiro ciclo, com quatro anos

de duração, conforme prescrito pela Lei Orgânica nº 4.244 de 9 de abril de 1942. Esses

ginásios que ofereciam o primeiro ciclo também passaram a ofertar o segundo ciclo, que se

dividia em clássico e científico.

Em 1963 o Ginásio passou a denominar-se Colégio Estadual Presidente Vargas,

atendendo, também, à clientela interessada em prosseguir os estudos no segundo ciclo do

ensino médio. O Curso Científico funcionou, inicialmente, com as aulas sendo ministradas

em uma sala na Associação Comercial e Empresarial de Dourados, pois, como registram as

Atas do Colégio, no período não havia sala disponível para essa turma no estabelecimento.

Com a instalação, na instituição, do Curso de segundo ciclo (nível colegial), de grau

científico, ocorreu o aumento no número de alunos, conforme registros das atas da

instituição. Tal crescimento gerou a necessidade da ampliação do espaço físico do colégio, a

fim de abrigar uma estrutura que atendesse a toda clientela, no caso, os alunos.

O Colégio passou a funcionar, no ano de 1965, com maior estrutura física, com mais 23

salas de aula e novos recursos didáticos. Foi construída uma sala específica para as aulas

práticas do laboratório de ciências. E em 1968, essa instituição de ensino também passou a

oferecer o ensino médio no período noturno.

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O Colégio permaneceu como a única instituição pública de ensino secundário em

Dourados até quase o final dos anos de 1960, quando, então, foram instalados os cursos

ginasiais na Escola Pública Abigail Borralho, na cidade, e na Escola Dom Bosco, em

Indapólis, distrito. Ainda que fosse característica comum às instituições de ensino secundário

ofertar o ensino normal, a instituição nunca ofereceu essa modalidade, pois ela foi

implantada em Dourados somente pelo poder público, na década de 1970, com a instalação

do curso de formação de professores primários no Centro Educacional de Dourados (atual

Escola Estadual Menodora Fialho de Figueiredo).

A partir da implantação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a de

nº 5692/1971, o Colégio passou a ter uma nova denominação, uma vez que oferecia as duas

modalidades de ensino, o primeiro e segundo graus. Assim, a partir do Decreto nº 2.086 de

08 de julho de 1974, artigo 42, item III da Constituição Estadual ficou decretada a criação, no

município de Dourados, publicada no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso em 10 de

julho de 1974, a Escola Estadual de 1º e 2º Graus Presidente Vargas, nomenclatura que se

manteve até o ano de 1996, quando houve nova redistribuição da rede escolar. A partir de

então, e até os dias atuais, a instituição é denominada Escola Estadual Presidente Vargas, e

atende alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

O olhar investigativo foi direcionado a compreender, por meio das fontes documentais,

os saberes corporificados nos planos de ensino dos Cursos e nas diversas práticas educativas

do Colégio Estadual Presidente Vargas. Assim, a pesquisa passa a enfatizar questões ligadas

também ao currículo, uma vez que busca identificar e examinar qual era a organização

curricular adotada nos cursos da instituição de ensino.

Grade Curricular do Curso Ginasial

É necessário adotar uma concepção de currículo, para a análise que aqui será

empreendida. No entender de Goodson (2001), a análise histórica do currículo deve tentar

“captar as rupturas e disjunturas, surpreendendo, na história, não apenas aqueles pontos de

continuidade e evolução, mas também as grandes descontinuidades e rupturas” (p.7).

O primeiro currículo do Curso Ginasial no Presidente Vargas compreende o período de

1958 a 1960. Como o Ginásio começou a funcionar no período de vigência da Lei Orgânica do

ensino secundário, a de n° 4.244/1942, o seu currículo, inicialmente, foi por ela

regulamentado. Na referida Lei, em seu artigo 9º, articulavam-se as seriações desde o

primário até a conclusão do secundário, sendo a estrutura do curso ginasial proposta desta

maneira:

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1) Disciplinas de Línguas: Português, Latim, Francês e Inglês;

2) Disciplinas de Ciências: Matemática, Ciências Naturais, História Geral, História do Brasil, Geografia Geral, Geografia do Brasil;

3) Disciplinas de Artes: Trabalhos Manuais, Desenho, Canto Orfeônico.

É importante observar que o primeiro currículo do Curso Ginasial, no Colégio Estadual

Presidente Vargas, seguiu a legislação nacional, a Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942

e a regulamentação estadual, pelo Decreto nº 519, de 06 de agosto de 1948.

As mudanças introduzidas na educação secundária pela Lei Orgânica do Ensino

Secundário, de 1942, também conhecida como Reforma Capanema, trouxeram uma nova

ordenação para o currículo. Em realidade, a referida Lei acabou por recuperar, de certa

maneira, as tradições que foram tiradas pela Reforma Francisco Campos, especialmente a

formação humanística e a concepção secundária como educação das elites (SOUZA, 2008).

Cabe esclarecer que a Reforma Francisco Campos para o ensino secundário trouxe “maior

inovação a distribuição mais equilibrada entre estudos literários e científicos no curso e a

revitalização do cientificismo”. (SOUZA, 2008, p.153).

A formação humanística foi uma das marcas da reforma realizada com a Lei Orgânica

do Ensino Secundário. De acordo com Dallabrida (2012, p. 169), essa Lei “reconfigurou a

cultura escolar prescrita pela Reforma Francisco Campos (1931), reduzindo, na cultura

escolar, o ensino clássico e modernista, sendo esta prática de formação enaltecida com a

Reforma Capanema”. O autor acrescenta, ainda, que

[...] o ensino de Latim tornou-se obrigatório em todas as séries do curso ginasial e do curso clássico, e a língua grega, que havia sido suprimida pela Reforma Francisco Campos, foi reintroduzida em todos os anos do curso clássico. Em contrapartida, a Lei Orgânica do Ensino Secundário prescreveu a exacerbação da nacionalização da cultura escolar, com destaque as disciplinas: português, história, geografia, canto orfeônico. [...] A cultura escolar, prescrita na Reforma Capanema, que tinha uma perspectiva conservadora e nacionalista, vigorou até 1961, quando se deu a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). (DALLABRIDA, 2012, p. 169-170).

Essa orientação efetivou-se pela relevância dada ao ensino de Latim, à inclusão do

Grego no curso clássico, à redistribuição das matérias literárias e científicas constantes nos

programas e ao número de aulas semanais, redefinindo o lugar e a importância de cada

disciplina no projeto cultural de formação de adolescentes e jovens.

Com base nas orientações curriculares prescritas pela Lei Orgânica do Ensino

Secundário, o currículo do Curso Ginasial do Presidente Vargas foi estruturado, na década de

1950, com uma configuração essencialmente humanística de tipo clássico, cuja função

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distintiva despertava o interesse das camadas privilegiadas da sociedade. Caracterizava-se,

dessa maneira, por uma organização curricular bastante rígida, do tipo livresco e acadêmico,

que, por assim constituir-se, acabou se firmando como uma das principais barreiras ao

avanço e sucesso dos alunos que buscavam esse tipo de ensino. Essa configuração curricular

estava relacionada ao próprio objetivo a que atendia esse nível de ensino, de formar uma

elite, conforme assinala Nunes (2000). Com essa estrutura curricular bastante extensa, o

currículo da escola secundária estabelecia, como tônica do processo educativo, a tradição e a

seletividade.

A grade curricular do Curso Ginasial do Presidente Vargas de Dourados, do período de

1958 a 1974, formada por 13 disciplinas, revela quão vasto se apresentava o currículo do

primeiro ciclo do ensino secundário, na década de 1950 e início de 1960, prescrito pela Lei

Orgânica do Ensino Secundário e as disciplinas de História e Organização Social Politica

Brasileira, merecem destaque, pois eram conteúdos que em todos os anos fazia parte da

grade curricular da referida instituição.

A disciplina de História no Curso Ginasial do Colégio

Embora o nível secundário tenha passado, no período pesquisado, por algumas

reformulações provenientes da Reforma Capanema e das Leis de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional 4.024/61 e 5.692/71, a disciplina de História permaneceu obrigatória,

integrando tanto os currículos das humanidades clássicas como os currículos científicos.

Essa disciplina, na organização curricular do Colégio Estadual Presidente Vargas de

Dourados, ora como História Geral ora como História do Brasil, aparecia, na configuração

curricular do Curso Ginasial, nas quatro séries. No Curso Científico, essa disciplina também

marcava presença nas três séries.

Os planos de Curso aqui abordados integravam a terceira e a quarta séries do Ginasial

do Colégio Estadual Presidente Vargas. O plano de Curso de História Geral da terceira série

do Ginasial, no ano de 1969, objetivava incutir no aluno o patriotismo sadio e o culto aos

heróis do passado, criar hábitos de trabalhos e ser humano e justo temendo a Deus e

amando-o acima de tudo. A disciplina era ministrada em duas aulas semanais, com

conteúdos ligados à História Antiga e à História Medieval, que se distribuíam desde temas

relacionados à Pré-História até a Idade Média, sobretudo, com ênfase no papel da Igreja,

como se pode observar no Quadro 01:

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QUADRO 1 PLANO DE CURSO DE HISTÓRIA GERAL – 1969 - III SÉRIE – GINASIAL

MATERIAL DOS DISCENTES

OBJETIVOS HORÁRIO

1 caderno, caneta, lápis de cor, Dicionário de Português e Atlas.

Incutir no aluno o patriotismo sadio e o culto aos heróis do passado

Criar hábitos de trabalhos

Ser humano e justo temendo a Deus e amando-o acima de tudo

Diurno: 2 aulas semanais terça-feira e quinta-feira

1º semestre:

06 de março a 30 de junho

Total de aulas: 32

Provas mensais – 4

Três revisões – 3

Desconto – 3

Aulas disponíveis: 22

2º semestre:

1º de agosto a 30 de novembro

Total de aulas: 34

Provas mensais – 4

Revisão – 3

Desconto – 3

Aulas disponíveis: 24

UNIDADES DISTRIBUIÇÃO DE TEMPO

DISPONÍVEL SUBUNIDADES

1º Povos da Antiguidade

11 aulas

Pré-história; O Egito antigo; Os povos da Mesopotâmia; Os hebreus; Os povos indo-europeus; Chineses e

Hindus; As origens do comércio marítimo; Religiões antigas no Oriente e Monoteísmo hebraico; Egito

comparado com o Brasil atual; Toda unidade comparando ao Brasil e Mato Grosso.

2º Grécia

11 aulas

Tempos primitivos e heroicos da Grécia; A família e a Religião na Grécia; Formação das cidades Gregas; As cidades Gregas e as guerras; A Macedônia: Felipe e

Alexandre; Grécia e as cidades atuais; Alexandre comparado aos nossos heróis;A diferença entre os povos

antigos e os da Grécia

3º Recordação do 1º bimestre – 2 aulas Antiguidade e seus trabalhos para melhorar nossa vida;

Grécia e suas atividades políticas e sociais.

4º O mundo Romano

12 aulas

Fundação de Roma e a Realeza; A república e as lutas internas; Júlio Cesar; O Império Romano; O

Cristianismo; Roma antiga e a atual; O império romano e sua decadência; Cristianismo e os povos bárbaros.

5º O mundo Bárbaro

3 aulas

Os povos bárbaros; As grandes invasões; As grandes invasões e o império de Carlos Magno.

6º Idade Média

2 aulas O Império do Oriente e Os Árabes.

7º Igreja

6 aulas

Civilização Crista; Ocidental e a Igreja; Os estados da Europa; As cruzadas; A Guerra dos cem anos; Estudo

das três últimas unidades e o mundo atual.

MATERIAL DOCENTE Quadro negro; giz, mapas, revistas,

cartazes. OBS.: Todo material que sirva de motivação. Livro

didático – Antonio Borges Hermida

Fonte: Quadro construído a partir do material didático de ex-professora do Colégio.

Como se pode observar no plano de ensino da disciplina de História Geral da terceira

série ginasial, os conteúdos relacionados ao mundo romano (12 aulas), aos povos da

antiguidade (11 aulas) e da Grécia (11 aulas) eram os que ocupavam a maior carga horária,

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seguidas dos conteúdos relacionados à Igreja (6 aulas) no período medieval, dos conteúdos

sobre o mundo bárbaro (3 aulas) e dos conteúdos introdutórios sobre a Idade Média (2

aulas).

Um dado pertinente sobre esse quadro é o fato de os conteúdos relacionados aos povos

da antiguidade aparecerem registrados juntamente com conteúdos relacionados ao Brasil e a

Mato Grosso, como é o caso do conteúdo sobre o Egito comparado com o Brasil atual, e de

toda a unidade comparada ao Brasil e a Mato Grosso. Esse fato chamou a atenção, uma vez

que gerou algumas reflexões sobre a maneira como o professor da disciplina poderia

estabelecer essas relações comparativas entre a antiguidade e o Brasil, e mais, com Mato

Grosso.

No que diz respeito ao livro didático selecionado para as aulas de História, este era de

autoria de Antônio Borges Hermida. O plano do curso permitiu entrever que o professor

dessa disciplina procurava tanto trabalhar com o livro didático quanto com outros recursos

como mapas, matérias de revistas e cartazes. Em realidade, o plano de Curso do professor

possibilitou observar que ele trabalhava, no ensino de História, com todo tipo de material que

servisse para motivar as aulas.

O plano de Curso de História Geral da quarta série do Ginasial, no ano de 1969,

objetivava incutir nos alunos amor ao próximo, criar hábitos de trabalho e justiça, dar

preparação geral que servisse de base a estudos mais elevados, criar hábitos de trabalhos e

ser humano e justo temendo a Deus e amando-o acima de tudo. Nesse plano, os conteúdos

abordados tratavam de temas ligados à História Moderna e à História Contemporânea,

conforme se pode observar no Quadro 2:

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QUADRO 2 PLANO DE CURSO DE HISTÓRIA GERAL – 1969 - IV SÉRIE – GINASIAL

MATERIAL DOS DISCENTES

OBJETIVOS HORÁRIO

Livro didático: Antonio Borges Hermida; Livros para pesquisa; Jornais e revistas; lápis; Caderno;

Caneta, Lápis de cor, atlas, dicionário de português

Incutir nos alunos amor ao próximo;

Criar hábitos de trabalho e justiça;

Dar preparação geral que sirva de base e estudos mais elevados

Criar hábitos de trabalhos

Ser humano e justo temendo a Deus e amando-o acima de tudo

Diurno: 2 aulas semanais – terça-feira e quinta-feira

1º semestre:

06 de março a 30 de junho

Total de aulas: 30

Provas mensais – 4

Revisão – 1

Desconto – 2

Aulas disponíveis: 23

2º semestre:

1º de agosto a 30 de novembro

Total de aulas: 34

Provas mensais – 4

Revisão – 4

Desconto – 3

Aulas disponíveis: 23

UNIDADES DISTRIBUIÇÃO DE TEMPO

DISPONÍVEL SUBUNIDADES

Sobre os primórdios dos tempos modernos

4 aulas

O início da idade moderna e as grandes invenções; Os descobrimentos; O renascimento; O Brasil nos

primórdios dos tempos modernos.

2º A Reforma

7 aulas

O início da Reforma Lutero; Propagação: Calvino e Henrique VIII; Reação católica; As lutas religiosas;

Felipe II e Izabel; Reforma e Brasil colônia; Jesuítas no Brasil.

3º Sobre o novo mundo

5 aulas

O indígena americano; Ação dos europeus na América Francesa; América colonial Inglesa e a escravidão; indígenas do Brasil; O bem e o mal causado pela

escravidão.

Os grandes estados dos séculos XVII e XVIII

7 aulas

Absolutismo na França; Cronwell; Europa Central, setentrional e oriental; Déspotas esclarecidos; O Brasil

no século VXII e XVIII.

5º Fase revolucionária

8 aulas

Independência dos Estados Unidos; Revolução Francesa; Napoleão Bonaparte;

Independência das nações latinas na América; Influência da Revolução Francesa no Brasil.

6º Europa no século XIX

3 aulas

A França no século XIX; A unidade italiana; Era Vitoriana.

7º América no século XIX e XX

3 aulas

Estados Unidos no século XIX e XX; As nações latinas na América.

8º Guerras mundiais

4 aulas

A guerra de 1914; Guerra de 1934; Brasil nos conflitos mundiais

9º O mundo contemporâneo

5 aulas

A ciência e a técnica; O domínio da terra; As letras e a arte; As conquistas sociais; O Brasil e seus grandes

filhos.

MATERIAL DOCENTE Quadro negro; giz, mapas, revistas,

enciclopédias, excursões.

Fonte: Quadro construído a partir do material didático de ex-professora do Colégio.

Nas aulas de História Geral da quarta série do Ginasial, do ano de 1969, os alunos

deveriam aprender, conforme registrado no plano, desde os conteúdos sobre os primórdios

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ISSN 2236-1855 5576

dos tempos modernos até os temas relacionados ao mundo moderno. É oportuno apontar

que os conteúdos de História do Brasil eram trabalhados juntamente com os conteúdos

gerais da História Moderna e da História Contemporânea. A maior carga horária de aulas era

ocupada pelos conteúdos relacionados à fase revolucionária (08 aulas), aos grandes estados

dos séculos XVII e XVIII (07 aulas) e à Reforma (07 aulas). Depois vinham os conteúdos

sobre o novo mundo e o mundo contemporâneo, com 05 aulas; os conteúdos sobre os

primórdios dos tempos modernos e guerras mundiais, com 04 aulas; os conteúdos a respeito

da Europa no século XIX e da América no século XIX e XX, com 03 aulas, todas elas

semanais.

O livro didático adotado para as aulas de História era do autor Antônio Borges

Hermida. Além disso, o plano do curso permitiu entrever que o professor dessa disciplina

procurava tanto trabalhar com o livro didático quanto com outros recursos como dicionários

de Português e matérias de jornais e revistas.

Ainda convém esclarecer que o autor dos livros didáticos de História adotados pelos

professores, tanto na terceira série ginasial quanto na quarta série, era Antonio José Borges

Hermida, um importante autor de livros didáticos, utilizados, principalmente, no

velho ginásio. Os seus livros de História eram os mais adotados nas escolas brasileiras, nos

anos de 1950 e 1960. Esse autor teve suas obras editadas pela Companhia Editora Nacional

durante trinta anos, entre 1959 e 1989, com títulos variados de História do Brasil e História

Geral, com periodicidade constante. “Este é um tempo considerado longo para uma relação

comercial entre autor e editora e se justifica pelo sucesso de seus livros.” (FERRARO, 2013).

Há de se considerar que nas décadas de 1960 e 1970 os programas e indicações

nacionais para o ensino das disciplinas, como História, por exemplo, demonstram uma

tendência a uma produção - pode-se afirmar - padronizada dos livros didáticos. Esses livros

se estruturavam e se organizavam de formas idênticas na seleção de temas e assuntos,

pautados pela declaração de que estavam de acordo com o programa oficial do Ministério da

Educação e Cultura, confirmado pela informação direta impressa em suas capas e

contracapas: “Este livro está de acordo com as indicações do Conselho Federal de Educação

(Lei de Diretrizes e Bases)”. (FERRARO, 2013).

Outro aspecto que merece ser destacado, com relação aos planos de cursos de História

Geral da terceira e da quarta séries do Ginasial, é o fato de o professor não concentrar toda a

sua abordagem no livro didático, mas também de utilizar outros recursos como mapas,

dicionários, matérias de jornais e revistas, o que acabava inovando as práticas pedagógicas

em sala de aula e tornando o processo de ensino aprendizagem mais motivador ao aluno.

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Pode-se perceber que o Colégio Estadual Presidente Vargas, no final da década de 1960,

priorizou, para a terceira e quarta séries do Curso Ginasial, o ensino de conteúdos ligados à

Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Os conteúdos referentes

à Idade Moderna e à Idade Contemporânea também traziam as temáticas relacionadas à

História do Brasil, em cada um desses períodos. Contudo, os professores ministravam os

conteúdos da disciplina de acordo com as regulamentações estabelecidas pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional, utilizando os livros didáticos adotados, na época, no

Brasil, para a disciplina de História, como é o caso do livro de autoria de Antonio José Borges

Hermida. Entretanto, como já observado, esses docentes não se prendiam apenas aos livros,

mas se apropriavam de outros recursos.

A disciplina de Organização Social Política Brasileira no Curso Ginasial

A disciplina de Organização Social Política Brasileira (OSPB) era trabalhada, na terceira

série do Curso Ginasial do Colégio, com duas aulas semanais, devendo proporcionar ao aluno

o apreço do valor do indivíduo na sociedade e incutir o desejo de colaborar na comunidade.

Os conteúdos tratavam desde discussões sobre o homem nos grupos sociais e políticos até

abordagens acerca da Organização Nações Unidas (ONU), como se pode notar no Quadro 3, a

seguir:

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QUADRO 3 PLANO DE CURSO DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL – 1969

III SÉRIE – GINASIAL

MATERIAL DOS DISCENTES

OBJETIVOS HORÁRIO

Livros didáticos FTD e Vítor Massumeci, etc.

Cartazes, Revistas e Jornais.

Fazer o aluno apreciar o valor do indivíduo na sociedade; Incutir no

aluno o desejo de colaborar na comunidade

2 aulas semanais;

Segundas e sábados

1º semestre:

07 de março a 30 de junho

Total de aulas: 30

Provas mensais - 4

Três revisões - 3

Desconto – 3

Aulas disponíveis: 21

2º semestre:

1º de agosto a 30 de novembro

Total de aulas: 34

Provas mensais – 4

Revisão – 4

Desconto – 3

Aulas disponíveis: 23

UNIDADES DISTRIBUIÇAO DE TEMPO

DISPONÍVEL SUB- UNIDADES

1º O homem

8 aulas

Explicação da matéria e programa; O homem e a organização social; O homem e a organização política; Sociedade, grupos sociais e comunidades; A estrutura social; Status é um bem ou um mal; O povo e a família

2º O estado

6 aulas

O estado; A nação; A pátria; Funções do estado

O bem comum; Valor do bem comum

3º Regimes e Reforma

6 aulas

Regimes e formas de governo; A democracia; A democracia no estado atual; Formas de governo; O

Brasil e suas diferentes formas; Parlamentarismo na República; Presidencialismo

4º Políticas

11 aulas

Política administrativa; Vida política; Dignidade política; Partidos políticos; Valor da liberdade política; A opinião pública e sua importância; O voto; Partidos

políticos do mundo atual; Democracia e o totalitarismo; Vantagens e desvantagens das correntes políticas

mundiais; Meio de vida do povo na democracia e no totalitarismo

5º Constituição

5 aulas

Constituições; Constituição atual brasileira; A lei divina e humana;; As leis e suas fases de feitura;; Leis e meios.

6º A ONU

8 aulas

Organização das Nações Unidas; A ONU e seus trabalhos em Dourados; Ultima conferências da ONU;

Utilidade da União no mundo; Papa João Paulo XXIII e o Papa João Paulo VI.

MATERIAL DOCENTE Livros dos assuntos a tratar, mapas,

jornais e cartazes.

Fonte: Quadro construído a partir do material didático de ex-professora do Colégio.

Nesse plano de Curso, eram os conteúdos sobre as políticas que ocupavam a maior

parte da carga horária, com 11 aulas semanais. Seguiam-se os conteúdos sobre o homem nas

organizações sociais e políticas, bem como sobre a Organização das Nações Unidas, com 8

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aulas semanais. E em número menor de aulas eram tratados os conteúdos sobre o Estado,

com 06 aulas semanais e os conteúdos sobre a Constituição.

O Livro selecionado para as aulas de Organização Social Política Brasileira era de

autoria Vítor Massumeci, da editora FTD. Porém, as aulas dessa disciplina não ficavam

apenas centradas no conteúdo desse livro, mas também de outros livros que versavam sobre

temas ligados ao conteúdo da disciplina e de recursos como mapas, jornais e cartazes.

No plano de Curso de Organização Social Política Brasileira, da quarta série Ginasial,

do ano de 1969, os objetivos da disciplina se direcionavam para proporcionar aos alunos o

valor na honestidade, incentivar o interesse pela administração e o respeito à pátria, às

autoridades, e amor a seus símbolos. Os conteúdos ministrados em duas aulas semanais se

dividiam desde abordagens sobre a Administração Brasileira até temáticas sobre a imigração

e migração, conforme se observa no Quadro 4:

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ISSN 2236-1855 5580

QUADRO 4 PLANO DE CURSO DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL POLÍTICA (OSPB) – 1969

IV SÉRIE – GINASIAL

MATERIAL DOS DISCENTES

OBJETIVOS HORÁRIO

Livros didáticos FTD e Victor Massumeci, etc.

Cartazes, revistas e jornais, etc...

Dar valor na honestidade;

Incentivar o interesse pela administração;

Respeito à pátria, às autoridades e amor a seus símbolos.

2 aulas semanais

Diurno: segundo sábado

1º semestre:

7 de março a 30 de junho

Total de aulas: 30

Provas mensais 04\

Revisão 3

Desconto 3

Aulas disponíveis 21

2º semestre:

1º de agosto a 30 de novembro

Total de aulas: 34

Provas mensais – 4

Revisão – 3

Desconto – 3

Aulas disponíveis: 23

UNIDADES DISTRIBUIÇÃO DE TEMPO

DISPONÍVEL SUBUNIDADES

1º Administração Brasileira

9 aulas

Brasil Social e Político; Sistema de capitanias hereditárias; Governo Geral; Administração

centralizada e descentralizada; Falta de Progresso no latifúndio do Brasil Colônia. Reforma agrária ou assistência ao pequeno agricultor; Vantagens do

cooperativismo; O INDA em Dourados e Mato Grosso

2º Liberdade e deveres dos homens

12 aulas

Sociedade colonial; Sociedade atual; Administração colonial; Administração atual; A igreja colonial; A igreja

de hoje; O Brasil em 1822; O Brasil de 1967; Autodeterminação das Nações; Homem – Direitos e

deveres; A organização do trabalho; A organização da Educação

3º Evolução política

7 aulas

Organização política do Império;

Organização política da República

Evolução de poder dos senhores rurais do império: Evolução de poder dos senhores rurais do na República

Partidos Políticos do império

Partidos políticos da república

A estruturação da república

4º Leis do Brasil

9 aulas

O Brasil e sua política contemporânea

Constituição de 1946; Constituição de 1967; Os poderes da União

Executivo; Legislativo; Justiça

Direitos dos cidadãos brasileiros

Organização Federal

5º Imigração e migração

7 aulas

Imigração no Brasil; As migrações; Dourados e seu progresso pela migração; Dourados em imigração;

Estrutura social atual; Dourados e sua diocese; Progresso pelas diversas operantes religiosas; Mato

Grosso e seu desenvolvimento social e político

MATERIAL DOCENTE Quadro negro; giz, mapas, revistas,

cartazes. OBS.: livros para pesquisas, jornais, cartazes. Material

de motivação para a matéria

Fonte: Quadro construído a partir do material didático de ex-professora do Colégio.

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Como se pode notar por esse quadro, os conteúdos selecionados para essa disciplina, na

quarta série ginasial do Colégio Estadual Presidente Vargas de Dourados, previam um maior

número de aulas com a temática Liberdade e deveres do homem, com 12 aulas;

Administração Brasileira, com 09 aulas e as Leis do Brasil, também com 09 aulas. Com uma

carga horária menor de aulas vinham os conteúdos sobre a evolução política, com 07 aulas e

a imigração e migração, também com 07 aulas. Do mesmo modo que na terceira série do

ginasial, o livro selecionado para as aulas de Organização Social Política Brasileira era de

autoria de Victor Massumeci, da editora FTD. As aulas dessa disciplina não ficavam restritas

aos conteúdos do livro selecionado, mas ampliavam-se com as abordagens de outros livros

que diziam respeito aos assuntos abordados da disciplina, além de se valerem de recursos

como mapas, cartazes e revistas.

No que diz respeito ao livro didático adotado na disciplina de Organização Social

Política Brasileira, de ambas as séries do Curso Ginasial do Colégio Estadual Presidente

Vargas de Dourados, é oportuno esclarecer que, embora tenha sido feita uma pesquisa sobre

o autor Victor Massumeci, a única informação encontrada foi a de que esse autor escreveu

livros didáticos de História do Brasil.

Na realidade, pode-se se dizer que os conteúdos da disciplina de Organização Social

Política no Colégio acabavam incentivando a formação da consciência cívica do jovem

brasileiro, promovendo sua introdução na vida política e social do país, uma vez que o

objetivo da disciplina era proporcionar ao aluno uma ideia adequada da realidade

sociocultural brasileira.

Considerações Finais

A análise dos dados coletados, nos documentos, sobre o currículo do Colégio Estadual

Presidente Vargas de Dourados, no período de 1958 a 1974, possibilitou verificar que a

organização curricular, em questão a disciplina de História e Organização Social Política

Brasileira dessa instituição sofreu alterações de acordo com as normas e regulamentos

expedidos pelos órgãos competentes que, por sua vez, respondiam às correntes pedagógicas

em efervescência no Brasil.

Assim, as disciplinas das grades curriculares com os seus respectivos conteúdos, nesse

Colégio, estiveram, inicialmente, marcadas por um caráter humanístico, de acordo com as

prescrições da Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942, e, posteriormente, com as

regulamentações legais provenientes da implantação da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional 5.692/71, quando as disciplinas curriculares com os seus respectivos

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conteúdos foram substituídas por uma cultura científica que marcou o currículo do ensino

secundário, da década de 1960 ao início dos anos de 1970.

Conclui-se, que o currículo, enquanto uma categoria importante para análise da

história das instituições escolar, possibilitou verificar que o currículo no Colégio Estadual

Presidente Vargas e os conteúdos ministrados na disciplina de História, no período estudado,

foram sofrendo alterações de acordo com as normas e regulamentos expedidos pelos órgãos

competentes que, por sua vez, respondiam às correntes pedagógicas em efervescência no

Brasil. Assim, que as disciplinas inicialmente estabelecidas com os seus conteúdos

marcadamente humanistas foram substituídas por disciplinas cujos conteúdos passaram a

ser de cultura científica.

Referências

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