a democracia ateniense e suas instituições.doc

Upload: davi-coura-coura

Post on 13-Oct-2015

9 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

http://ocontinental

http://ocontinental.blogspot.com.br/2007/07/democracia-ateniense-v.htmlA DEMOCRACIA NASCENTE: ATENAS DEPOIS DE CLSTENES

I) INTRODUO

Diversos autores apontam Clstenes como o pai da democracia ateniense pelo fato de ter realizado reformas fundamentais na estrutura poltico-social da Atenas de seu tempo ao implementar o modelo de uma verdadeira cidadania diretamente participativa. Manoel Gonalves Ferreira Filho, nos termos a seguir transcritos, confirma a paternidade de Clstenes do regime poltico democrtico:

Como todas as cidades helnicas, Atenas passou na sua histria por vrias formas de governo. Foi monarquia, foi aristocracia e, por volta de 509 a.C., tornou-se uma democracia. essa data a da implantao das reformas de Clstenes, que considerado o fundador da democracia ateniense.

Fortalecendo esta perspectiva, Antonio Medina Rodrigues assim se posiciona:

(...) Pelo que sabemos de Plato, a democracia era um regime poltico entre outros, como o eram a timocracia, a oligarquia e a tirania. Noutros termos, em todos esses regimes, o ideal grego de excelncia seria praticamente o mesmo, de modo que toda a coletividade participava dele, de uma ou de outra maneira. Ora, para uma cidade ser melhor do que a outra, no bastava que seu rei tivesse mais recursos ou sua aristocracia mais tradies. Seria preciso que todos os seus demoi produzissem mais e melhor do que as outras. O que se disse pode ser ilustrado com as reformas de Clstenes, o criador da democracia ateniense (508-509). Ele diminuiu bastante o poder das antigas famlias aristocrticas, tradicionalmente divididas em quatro tribos. Suas leis so de admirvel inspirao racionalista e o fato de elas terem sido implantadas d a medida do esprito de excelncia de que falamos, aquele esprito de otimizao e rivalidade que faz a cidade como um todo procurar aquilo que melhor para si (grifo nosso).

Para outros autores, no entanto, no teria Clstenes verdadeiramente criado a democracia ateniense. Teria, isto sim, oferecido as condies que iriam permitir o nascimento da democracia, ao tornar todos os cidados iguais perante a lei , uma lei que, da por diante, seria a expresso da vontade de todo o povo . A. Andrewes, autor de O desenvolvimento da cidade-Estado , chega at mesmo a se referir a uma tendncia moderna dos historiadores em apontar Slon, realizador de importantes reformas estruturais na Atenas de seu tempo, como aquele que teria institudo a democracia ateniense.

As reformas de Clstenes e suas projees na histria democrtica da antiga Atenas relacionadas aos principais aspectos da participao poltica no exerccio do poder aps esta revoluo institucional, sem descurar da abordagem de importantes fatores que precederam tais transformaes, sero os temas capitais a serem abordados nos prximos tpicos do trabalho.

II) PRECEDENTES HISTRICOS

Como ao raio faiscante segue o trovo,

Como das nuvens provm o granizo e a neve,

Dos que detm o poder provm a runa da cidade.

Se ela cai

Sob o mando de um dspota, a loucura deste escraviza o povo.

Pois um homem exaltado difcil refrear.

tempo de verdes este assunto claramente.

(Slon)

No sendo propriamente objeto especfico do presente estudo a histria de Atenas, mas as transformaes poltico-institucionais ocorridas nesta cidade-Estado mediante a atuao de Clstenes, a abranger seus desdobramentos, devemos, no entanto, por meio de breve escoro, reportar os anos que precederam sua liderana entre os atenienses.

II.1) Uma Sociedade em Transformao

Os legisladores surgem na histria ateniense como uma tentativa de soluo reformista para uma das crises polticas de Atenas. A colonizao provocada pela primeira dispora tinha ampliado os horizontes do mundo grego; o contato dos colonos com a metrpole era cada vez mais intenso; e o mar Egeu tornou-se um ativo centro de comrcio. Apesar de no ter participado ativamente da colonizao, Atenas foi beneficiada devido sua estratgica posio geogrfica, o que permitiu que ela se tornasse importante centro redistribuidor no meio do Egeu.

Como resultado, os comerciantes e artesos tornaram-se cada vez mais numerosos e iniciaram processo de ascenso na escala social. Em breve, comeariam a fazer oposio oligarquia dos euptridas. Os euptridas (bem-nascidos), eram grandes proprietrios de terras frteis na plancie, cultivadas por escravos, rendeiros ou assalariados. O direito de primogenitura impedia a subdiviso das propriedades, cujo tamanho tendia a aumentar. No perodo inicial da organizao de Atenas (sc. VIII a. C.), o governo era monopolizado pelos euptridas. O regime monrquico e hereditrio era encabeado pelo Basileus , chefe de guerra, juiz e sacerdote. O seu poder era limitado por um conselho de aristocratas, o Arepago .

Aos poucos, o Basileus acabou por perder o poder. O governo passou a ser exercido pelo Arcontado com o apoio do Arepago. Os membros do Arcontado - os arcontes - eram inicialmente escolhidos para um perodo de dez anos e, mais tarde, para um ano. Havia um arconte polemarco, comandante supremo do exrcito e que ocupava-se da guerra e dos estrangeiros; um arconte epnimo, encarregado dos assuntos internos; e o arconte rei, com funes sacerdotais. Havia ainda os arcontes tesmotetas , em nmero de seis, encarregados da legislao. Com o Arcontado, o regime de governo passou de monrquico para oligrquico .

At o sculo VII a.C., a classe dos aristocratas composta pelos euptridas tinha exercido o poder sem contestaes, at que, conforme acima relatado, v-se ameaada por dois inimigos: os homens enriquecidos pelo comrcio, que queriam participar do governo a fim de defenderem seus interesses; e os pobres marginalizados, que queriam melhorar a sua situao econmica e reivindicavam a abolio da escravido por dvida e a diviso das grandes propriedades.

A crise poltica tornava-se mais grave ainda pela razo da aristocracia no deter mais o antigo monoplio do poder militar. De fato, com a introduo de armas baratas, como lanas e escudos de madeiras, os pobres passaram a se armar e a participar das guerras. Suas unidades de combate coletivo, dispostas em formaes cerradas, reduziam a eficincia dos antigos carros de combate e das pesadas armas de bronze da nobreza. A participao nas guerras dava s camadas populares direito de exigir participao tambm na vida poltica.

Relata Claude Moss, em sua obra Atenas: a histria de uma democracia, alguns aspectos interessantes da dinmica social ateniense neste perodo histrico:

No h dvida, entretanto, que o povo comeava a adquirir uma importncia cada vez maior na vida da cidade. As transformaes no exrcito tiveram como conseqncia a ampliao da classe dos homens em condies de portar armas. E estes comearam a aspirar a substituio do direito dos gne por uma lei observada por todos, e capaz de por fim s vendettas que dividiam as famlias aristocrticas.

Neste contexto crtico, de reivindicaes e embates entre classes distintas, ou mesmo de confrontos entre membros de faces da prpria aristocracia, Clon, um jovem aristocrata ateniense, vencedor dos jogos olmpicos, assenhora-se da akrpolis . Era ele casado com uma filha de Tegenes, tirano de Mgara, e havia consultado o orculo de Delfos e a divindade previu seus triunfos polticos. Era o ano de 630 a.C. e, durante as festas em honra a Zeus, intenta dominar Atenas com a ajuda de alguns amigos e de reforos enviados por seu sogro.

Os atenienses sitiaram a acrpole, convocadas pelo arconte Mgacles, que chamou o povo s armas. Clon e seus companheiros tiveram que se render e foram condenados morte por ordem de Mgacles que, naquele contexto, no levou em conta o carter sagrado da Acrpole e cometeu, assim, um sacrilgio cuja mcula recairia sobre todos os membros de seu gnos, o dos alcmenidas que, pouco depois, tiveram de exilar-se. Devemos a Tucdides, Herdoto e Plutarco a narrativa da intentona de Clon . O enfoque destes antigos historiadores favorvel aos alcmenidas que aparecem como espcies de protetores naturais do povo.

Cabe ressaltar, a propsito desta primeira tentativa de estabelecimento de uma tirania em Atenas, que no houve, segundo fontes modernas das mais abalizadas, um levante do povo contra os aristocratas, mas a simples tentativa de um homem ambicioso, aspirante monarquia, apoiado somente por uns poucos amigos e um grupo de soldados megricos. massa popular pareceu tratar-se de intenes de submeter a cidade a Mgara, e por isto ela acorreu para esmagar o movimento e no, como Clon esperava, para ajud-lo. tambm factvel que esta tentativa estivesse inserida no quadro das lutas entre faces aristocrticas, que continuaro durante o sculo seguinte.

II.2) Legisladores

Nesta mesma poca, destaca-se, significativamente, a importncia crescente do povo na vida da cidade. As aspiraes de uma lei observada por todos gera a primeira tentativa de instituio de um direito comum coletividade. Foi Drcon, em 621 a.C. quem foi encarregado de preparar esta legislao. At ento, no havia legislao escrita, s oral. Assim, desenvolve Drcon a misso de compilar e fixar as leis por escrito. A ele se atribui, entre outras coisas, a distino entre homicdio voluntrio e involuntrio. A partir de sua reforma, a plis era quem podia exercer a justia por meio de suas instituies, impedindo-se assim a direta manipulao da aristocracia sobre a mesma. No entanto, suas leis no feriram o monoplio poltico desta, muito menos ameaaram sua dominao social.

Deste modo, apesar da sua importncia, a legislao de Drcon no resolveu a crise, por no contemplar as reivindicaes das camadas populares. Os confrontos no diminuram e as faces continuaram em luta aberta. Em 594 a.C. foi Slon indicado como novo legislador, tendo recebido poderes especiais para fazer as reformas necessrias em Atenas.

Os poemas de Slon evidenciam que Atenas teve de deparar-se, na poca em questo, com uma situao revolucionria do mesmo tipo que havia desembocado na tirania em outros lugares. Teria ele prprio dito que poderia ter se tornado tirano, se tivesse querido. Neste caso, a problemtica social era fundamentalmente agrria, e Slon manifestava-se contrariamente explorao dos ricos e poderosos sobre os pobres, o que indicava que ele se colocou desde o incio abertamente ao lado dos mais humildes. Ao que parece, as classes poderosas aceitavam sua mediao por medo de que, caso no fosse de outra forma, a revoluo as varreria para sempre.

Considerado um dos sete sbios da Grcia, pertencia Slon uma famlia aristocrtica ateniense. Por parte de pai, pertencia ao gnos dos Medntidas e era aparentado de Psstrato pela linha materna. A tradio nos mostra a sua faceta de infatigvel viajante e grande investigador de outras culturas. Graas s suas obras Elegias e Iambos, podemos conhecer seu pensamento poltico.

Acerca do contexto scio - econmico da Atenas em que Slon se insere, Gilda Maria Reale Starzynski, ao prefaciar trabalho indito na literatura ptria, assim relata :

Slon viveu num momento conturbado, de crise social e poltica, agravado pela generalizao do uso da moeda, que abalara os antigos padres de trocas entre os concidados. Os camponeses sucumbiam sob o peso das dvidas, tendo suas terras hipotecadas aos ricos aristocratas e muitos cidados eram constrangidos a empenhar a prpria pessoa e as de seus familiares, e muitos acabavam sendo vendidos como escravos ou exilados em terras estranhas. evidente que tais problemas criavam um fermento de revolta, que, em outras cidades, havia provocado exploses de graves conseqncias. De outro lado, os cidados das classes intermedirias reivindicavam maior participao no poder poltico, concentrado nas mos dos ricos oligarcas, e os mais pobres reclamavam o perdo das dvidas e uma nova repartio do poder e de terras. Nessas circunstncias que Slon foi escolhido como rbitro e executou as reformas que julgava necessrias, pautadas pelo iderio que j vinha expondo, h algum tempo.

Eleito arconte, Slon, ento, ditou um importante conjunto de leis e iniciou uma notvel reforma social, econmica e poltica considerada como o incio da evoluo de Atenas at a democracia.

No mbito social, Slon concedeu anistia geral; limitou os excessos da legislao de Drcon; regulamentou a lei de herana, restringindo os direitos dos primognitos, proibindo tambm a escravido por dvida, entre outros significativos avanos.

A nova legislao econmica estimulou o desenvolvimento comercial e industrial; promoveu a vinda de artesos estrangeiros; dotou Atenas de um padro monetrio fixo; estabeleceu um sistema de pesos e medidas, entre outros aspectos de no menor relevncia.

Politicamente, as reformas de Slon determinaram a abolio do monoplio do poder pela aristocracia (apoiado no critrio do nascimento) e consagrou uma sistemtica acerca da participao poltica baseada nas riquezas dos cidados, que foram divididos em quatro classes: thetes , zeugitai , hippes e pentakosiomdimnoi .

Ao que parece, ainda no plano poltico, teria criado, paralelamente ao Arepago, um conselho de 400 membros que prenunciaria a futura Boul clisteniana, a ser investigada adiante em nosso trabalho.

Sem nos esquecermos que todo relato histrico dos primrdios de Atenas apresenta forte teor precrio, em que nem sempre os testemunhos e documentaes geram a convico no pesquisador com relao ao que realmente teria se passado, seguro que Slon demonstrava a vontade de substituir, por novos critrios, os antigos costumes aristocrticos.

Mesmo que Slon no tenha sido pessoalmente responsvel por tais mudanas, nos anos seguintes operam-se transformaes na vida de Atenas que tero grande relevncia no futuro da cidade.

II.3)Tiranos

Na origem, a palavra tyrannos no tinha qualquer valor pejorativo. Em certos momentos, inclusive, foi utilizada como expresso sinnima de Basileus. Ordinariamente, era designado por tirano um homem que exercia o poder pessoal sem ser, como um rei, o herdeiro legtimo. Gaetano Mosca aponta como esse regime deve ser encarado na Antigidade helnica:

Acontecia, muitas vezes, que um membro da aristocracia antiga punha-se testa do partido democrtico, e com a ajuda do povo exilava as famlias reais e confiscava seus bens, distribuindo-os entre os adeptos. A esta forma de ditadura que os gregos chamavam de tirania. Esta palavra tomou em seguida a significao de governo arbitrrio e cruel, ainda que a conduta dos tiranos gregos no haja sido sempre condenvel: suficiente lembrar a este propsito a conduta de Psstrato e de Ptaco.

Pisstrato, citado por Mosca, primeiro tirano de Atenas, em particular, e ao que consta de acordo com a maior parte das fontes, teria melhorado muito o destino dos campesinos atenienses. Fez-se tirano de Atenas ao tomar trs vezes o poder: de 561 a 555 a.C.; de 544 a 538 a.C. e de 534 at sua morte, que teve lugar em 527 a.C. por enfermidade, sucedendo-lhe seus filhos psistrtidas, Hiparco e Hpias.

A questo agrria, que Slon parcialmente havia enfrentado, ainda era um problema fundamental, fonte de agitaes que se estenderiam para alm de seu abandono da vida pblica. Tais agitaes, motivadas por camponeses, eram agravadas por lutas entre faces aristocrticas que recrudesciam. Pedianos, paralianos e diacrianos eram as faces polticas da poca que representavam os interesses sociais em conflito. Pisstrato, organizador dos diacrianos, recrutou para sua ascenso ao poder partidrios que se localizavam na Diacria (por isto a denominao da faco), onde encontravam-se os bens materiais deste que apontado, conforme mencionado acima, como sendo o primeiro tirano de Atenas.

Cedo ele granjeia apoio de todos os descontentes, ansiosos por reformas mais radicais, mais significativas dos que as perpetradas por Slon. Sublevou Psstrato, deste modo, para o seu estabelecimento no poder, as massas camponesas empobrecidas, que dele esperavam vantagens materiais contra a aristocracia.

Psstrato manteve-se no poder dezenove anos, tendo efetivado inmeras reformas: diviso das propriedades, determinao da participao dos cidados na Assemblia e nos Tribunais, estimulao do comrcio martimo, construo de aquedutos, bibliotecas pblicas, portos, etc. Houve um benefcio, conforme esclarecem os historiadores, maior aos pequenos proprietrios do que aos grandes.

Aps a sua morte, em 527 a.C., o poder transmitido a Hiparco e Hpias, seus filhos. Fizeram estes um governo que poderia ser denominado por moderado, at o ano de 514 a.C., ano em que Hiparco foi assassinado por um aristocrata, por motivos de ndole pessoal - para Tucdides, tudo no teria passado de um imbrglio amoroso.

Acontece que Hiparco apaixonara-se por Harmdio, um jovem no auge de sua beleza, o qual, entretanto, j era amante de Aristogton. Tentou seduzi-lo vrias vezes, mas foi rechaado severamente. Hiparco, vinga-se ao humilhar a irm do rapaz cobiado, ao recusar convite para a participao em uma festa pblica. Aristogton, ao descobrir as investidas de Hiparco, e a humilhao qual a irm de seu amante havia sido submetida, trama a morte do tirano e a concretiza. No entanto, Hpias interpretou o crime como um modo de contestao poltica e passa a perseguir os aristocratas atenienses. Estes, em decorrncia, reagiram, por meio da expulso do governante de Atenas em 510 a.C.

Afirma Claude Moss que Psstrato e seus filhos foram os primeiros a revelar aos atenienses o caminho de sua futura proeminncia econmica, intelectual e artstica . Ocorre que os dois irmos acabaram por confundir a glria de sua cidade com a prpria. Aps um governo de certa tranqilidade, inclusive em termos de relao com as demais faces aristocrticas, Hpias fortalece sua autoridade aps a morte do irmo. Como conseqncia, nobres, egressos do exlio, foram novamente obrigados a partir. Entre eles, Clstenes. No entanto, a expulso de Hpias se deu pela interveno de Clemenes, rei de Esparta, que, convocado por aristocratas atenienses, causou a derrocada do tirano.

Dois anos depois, Isgoras, um aristocrata nomeado arconte, ps em prtica estratgia de restauro dos privilgios aristocrticos. A fora dos grupos populares obrigou-o a pedir auxlio aos aristocratas de Esparta. O exrcito do rei de Esparta, acampado nos arredores de Atenas, favoreceu a subida ao poder de Isgoras, que em 508 a.C. foi eleito para o Arcontado, contra a vontade de seu maior opositor, Clstenes, o ateniense.

III) CLSTENES E A DEMOCRACIA

A historiografia encontra nos escritos de Herdoto e Aristteles as principais referncias documentais acerca do modo pelo qual Clstenes chega ao poder . Mas, certamente, o relato do autor da Histria aquele que talvez por encontrar-se cronologicamente mais prximo dos acontecimentos - apresenta uma verso mais fidedigna dos fatos. Ressalte-se que na narrativa de Aristteles, o papel do povo teria sido muito mais significativo, e Clstenes, inserido na poca do estagirita como personagem do discurso que a propaganda democrtica afirmava com destaque , era apresentado como um verdadeiro lder popular, fiel representante das expectativas dos menos favorecidos.

De uma forma ou de outra, o fato que Isgoras descontentou as faces dos diacrianos e paralianos que, liderados por Clstenes, e amparados pela vontade popular, expulsaram o inimigo comum. Aps a derrota dos espartanos, no havia mais lugar para Isgoras em Atenas, o que levou Clstenes, filho por sinal do j mencionado Mgacles, a vislumbrar a realizao de reformas que, para diversos intrpretes, implantaram a democracia em Atenas.

III.1) As Reformas de Clstenes

Mesmo que o povo ateniense no fosse em fins do sculo VI a.C. a grande fora poltica que viria a ser no sculo seguinte, pde influir na orientao que Clstenes definiu Constituio ateniense. No teceremos consideraes a respeito das reais intenes do alcmenida, j que iniciativas de mudana poltico-institucional poderiam, de fato, ter sido tomadas por mero oportunismo, tradio familiar ou convico, ou por todas estas razes. O fato que a promoo da aliana social que concretizou trouxe conseqncias extremamente importantes para a histria de Atenas e da democracia. Clstenes, efetivamente, compreendeu onde estava a fora de Atenas, e mostrou-se disposto a tirar partido dela.

3.2) A Modificao no Territrio da tica

As reformas de Clstenes foram engenhosas, complexas e de largo alcance. Os habitantes da tica estavam tradicionalmente divididos em quatro tribos, cada uma delas com sua prpria estrutura interna em forma piramidal. Este fato careceria de importncia poltica se a diviso em tribos no fosse reflexo de adeses e lealdades locais. Porm o era e, em conseqncia, mostrava-se uma fonte de discrdia e desordens, no por averses entre as classes sociais propriamente ditas, mas por diferenas locais no menos difceis de controlar e em grande parte condicionadas pelo poder e prestgio dos proprietrios.

Clstenes aboliu este sistema e criou dez novas tribos, cada uma delas contendo elementos pertencentes a zonas muito diversas de Atenas . Isto acarretou o desaparecimento do sentimento local como fora poltica, posto que deixou de ser relevante nas aes das diversas tribos. O desaparecimento das velhas fronteiras tribais facilitou que a tica respondesse com maior facilidade chamada uma unidade nacional que ultrapassasse as adeses particulares e que a influncia dos proprietrios de terra se visse consideravelmente reduzida.

O territrio de cada tribo compreende trs partes, trs tritas: uma situada no litoral (parala), outra na cidade (asty) e seus arredores, e a terceira no interior (mesogea). Cada trita congregava um nmero varivel de dmes , circunscries territoriais de base, ocupando as terras dos antigos vilarejos, sem, de modo algum, identificarem-se com os mesmos. Agrupando trs a trs as trinta Trtias existentes, resultaram, conforme j citado, dez tribos. Todo cidado tinha que se inscrever em uma Trtia, somando-se ao seu nome de famlia, o nome da Trtia qual pertencia. Determinados historiadores, como o professor Jos Jobson de Arruda , da Universidade de So Paulo, defendem que a palavra democracia surgiu pelo fato da Trtia ou demo ter sido poca o elemento mais importante na reforma de Clstenes, passando o novo regime a ser denominado por governo do dmos .

Aristteles, em sua obra A poltica , informa-nos, ademais, que Clstenes, aps a expulso dos tiranos, teria incorporado s tribos muitos estrangeiros e escravos - metecos. Quaisquer que sejam as reservas formuladas por Aristteles a respeito de uma tal fabricao da cidadania, o essencial foi dito pelo filsofo: no incio - nos primeiros tempos da democracia - a integrao poltica. E, na Constituio de Atenas, trata-se dos novos cidados que Clstenes misturou ao povo a fim de fazer com que mais pessoas participassem dos direitos cvicos. Sob o signo da abertura, portanto, esta nova realidade poltico-social tinha incio.

Com base nessa nova diviso territorial, Clstenes organizou o governo de Atenas. Para a escolha dos membros dos diversos organismos, adotou o mtodo decimal: tirou cinqenta membros de cada tribo para formar o Conselho dos Quinhentos (Boul); escolheu dez arcontes, um por tribo; criou dez unidades de infantaria (uma de cada tribo); dez esquadres de cavalaria (um de cada tribo); e, para comandar esses efetivos, escolheu dez estrategos (generais). Enquanto outras partes do mundo grego jamais haveriam de alcanar a unidade, Clstenes, por meio destas e outras medidas, criava a cidade-Estado que, unida, iria poder enfrentar, futuramente, o perigo das guerras mdicas.

III.3) O Conselho dos Quinhentos

Mesmo que Clstenes tenha deixado subsistir os antigos quadros religiosos de uma Atenas arcaica, bem como a diviso dos cidados dentro das quatro classes, j mencionadas, elaboradas por Slon, patente que a organizao militar e poltica, sendo elaborada com base na diviso dos cidados das dez tribos, potencializou enormemente o sentido de integrao ateniense. Os membros de uma mesma tribo combatiam lado a lado e designavam as cinqenta pessoas que deveriam represent-los no mbito do novo Conselho dos Quinhentos.

Para diversos historiadores, a criao desta nova Boul representa o aspecto poltico mais importante da obra poltica de Clstenes. Era o rgo essencial da democracia ateniense, preparando as sesses da Assemblia, redigindo os decretos. Todas as regies da tica nele se viam representadas. Podemos dizer que era a autoridade administrativa suprema do Estado. Administrava as finanas por meio de funcionrios especiais, possua certos poderes judiciais e podia multar os altos funcionrios, responsvel, ademais, por obras pblicas - incluindo o desenvolvimento da guerra - ainda que no pudesse declar-la nem negociar a paz.

O Conselho era um rgo deliberativo e, repetindo, tinha a iniciativa de confeco das leis. Em sesses plenrias o Conselho era inaugurado com um nmero fixo de membros para todo o ano, porm, para decises imediatas, o ano se dividia em dez partes e os representantes das dez tribos atuavam rotativamente, ocupando-se dos assuntos durante a dcima parte do ano. Deste modo, o Conselho se converteu em um rgo representante do povo, porm a Assemblia quem decidia as questes importantes, controlando e moderando seus poderes.

A assemblia (ekklesa) foi uma importante instituio ateniense que existiu desde os primrdios do desenvolvimento ateniense como assemblia de guerreiros em torno do rei. Depois, passou a ser presidida pelo primeiro magistrado. Com Slon - conforme j mencionado no tpico a ele dedicado - converteu-se em Assemblia de todos os cidados, aumentando seus poderes com Clstenes, ao confirmar sua importncia como instituio cidad.

No contexto das alteraes operadas por Clstenes, a influncia do Conselho era sumamente considervel, posto que preparava os assuntos. No entanto, a Assemblia tinha a ltima palavra.

O poder do Tribunal do Arepago, como protetor das leis, se reduz sem ser abolido e, ainda que pudesse parecer relegado, podia seguir intervindo nos assuntos pblicos e era um instrumento poderoso contra a democracia.

III.4) Ostracismo e outras Medidas Polticas RelevantesPor mais que pairem dvidas acerca da autoria do ostracismo (ostrakophoria), existem indcios fortes, principalmente em face da afirmao de Aristteles, de que a criao deste instrumento possa ser atribuda a Clstenes.

Basicamente, o ostracismo era um mecanismo de refutao de eventuais ameaas ao regime estabelecido depois do alcmenida, afastando-se o risco de algum indivduo que ambicionasse instaurar uma tirania em proveito prprio. Com efeito, a lei previa uma pena de exlio temporrio fixada em dez anos, aplicvel a todo cidado considerado perigoso por seu poder e ambio poltica. Assim, o povo votava secretamente na Assemblia, decidindo pela sano de exlio do indivduo temerrio, com a conseqente suspenso dos direitos polticos, mas sem que a sua posio e bens sofressem qualquer dano.

Usavam-se pedaos de cermica com o formato de ostra (ostrakon), nos quais eram escritos os nomes dos culpados. O cidado que tivesse seu nome escrito mais de 6000 vezes no ostrakon sofria, como dito, a punio mencionada. Previamente a esta votao secreta, havia a deliberao que decidia acerca da convenincia ou no da ostrakophoria, sendo que esta primeira votao era aberta.

De outro modo, as funes executivas, no incio confiadas aos arcontes, aos poucos foram sendo transferidas aos estrategos, em nmero de dez, eleitos razo de um para cada tribo.

Todo comandante do exrcito era um stratego. Eleitos pela Assemblia para mandatos de um ano (podiam ser reeleitos), formavam um rgo coletivo de governo; um deles, o stratego-mor, ocupava um cargo semelhante ao que hoje poderamos denominar por chefia de governo. O desaparecimento dos arcontes em proveito dos estrategos correspondeu necessidade tambm de aumentar-se a eficcia militar de Atenas na poca posterior das guerras mdicas.

IV) CONCLUSES

Desenvolvemos o presente estudo sem a pretenso de esgotar o assunto relativo s fundamentais alteraes ocorridas em Atenas aps a fulgurante passagem por ela de Clstenes. Buscamos, isto sim, destacar durante o seu desenvolvimento, informaes geralmente relegadas a um segundo plano nos estudos acerca da democracia, fatos por vezes envoltos em espessa nvoa, a dificultar a elaborao de juzos que permitam distinguir, de maneira menos imprecisa, o inverossmil do verossmil histrico. Outrossim, apontamos os aspectos mais importantes em termos de participao poltica no exerccio do poder aps a atuao decisiva de Clstenes, o alcmenida, para o futuro da democracia desta cidade-Estado, bem como para a construo progressiva do ideal democrtico.

Embora no existam documentos que atestem satisfatoriamente como foram os anos seguintes implantao das citadas mudanas institucionais, fica claro que a aceitao por Clstenes da participao dos cidados no exerccio do poder como fato transcendente, fossem quais fossem as suas reais intenes, infundiu um novo esprito em todo o povo, por mais que saibamos que os alicerces deste regime eram fixados na desumana prtica da escravido, com a manuteno da poltica ateniense em mos das grandes famlias as quais, embora respeitadoras de frmulas constitucionais, continuaram a se contrapor em querelas estreis.

De fato, a sociedade grega, escravista, destinava ao homem de pensamento o tempo livre, o cio com dignidade, utilizado para a elevao e emancipao, para a contemplao do belo, para a discusso em torno do til e do justo. Na cultura grega, competia aos cidados a organizao e comando da plis. Ao cidado era proibido o trabalho braal, por necessitar ter tempo livre para se dedicar reflexo e ao exerccio da cidadania e do bom-governo.

Mrio C. Giordani reconhece que o ideal de liberdade democrtica no provocou nos gregos sentimento de supresso da antinomia entre homens livres e escravos. O escravo recebera a condio com o nascimento, com a inadimplncia e com a captura em guerra. O escravo era despido de toda personalidade e no podia em princpio contratar, embora substitussem os patres em negcios, ao comprar, alugar, empreitar. Reconhecia-se, excepcionalmente, a capacidade contratual e conseqente responsabilidade civil do escravo preposto, nos empreendimentos de comrcio martimo. Embora legalmente protegido contra ultrajes e violncia, o escravo s podia comparecer em juzo, como testemunha, se submetido tortura, porque se acreditava que s a fora da dor poderia arrancar-lhe a verdade.

Podemos, por outro lado, perceber que os estrangeiros gozavam de ampla liberdade econmica e comercial, muitos dos quais chegaram a enriquecer. No entanto, esta liberdade no se projetava na esfera poltica. Resta, desta feita, o seguinte questionamento: por qual razo os estrangeiros, que eram mais numerosos que os cidados, aceitavam ser afastados dos processos decisrios pblicos? Por estarem satisfeitos com sua atuao econmico-financeira e resultados, sem que fosse interessante atuar publicamente? Da mesma forma, no podemos chegar a uma concluso final sobre o papel feminino no cenrio poltico de Atenas, uma vez que mulher no era autorizado o pensamento crtico e a ao em relao vida poltica da cidade, submisso esta reflexo do pensamento scio-cultural da poca.

Por razes assim, no seria difcil acusar a experincia democrtica de Atenas de excludente, segregante e restritiva com relao aos grupos no assistidos em seu contexto, para no dizer elitista em relao aos prprios cidados. Neste sentido, encontramos, de fato, semelhanas entre os modelos antigo e moderno de democracia, em que este reproduz certos vcios e determinadas formas de elitizao poltica encontrveis na experincia ateniense.

De outro modo, a democracia direta vista por muitos como superior representativa. Mas a democracia moderna marca a presena estrutural dos direitos humanos, que a tornam, neste sentido, isenta de comparaes. Destaquemos que a democracia se tornou, efetivamente nos tempos correntes, um primordial valor. Embora as palavras democracia e poltica expressem, tecnicamente, compreenses distintas, o fato que a principal caracterstica hoje atribuda poltica, de solucionadora de conflitos por palavras, e no pela fora, convm como uma luva democracia. Difcil, destarte, encontrarmos algum que se diga antidemocrata (mesmo certos espritos de tendncias autoritrias, ao cunharem termos como democracia relativa, buscam beneficiar-se da aura que o iderio democrtico carrega).

Por fim, apesar das crticas que freqentemente so elaboradas em face do modelo democrtico ateniense, devemos reconhecer que a partir das reformas de Clstenes, ou antes, uma verdade poltica fundamental ecoa pelos sculos, resgatada para o mbito do discurso poltico terico e pragmtico ocidental, sobretudo nos sculos XVIII e XIX. A democracia, desdobrada no tempo em tipos diversos (diretas, semi-diretas, indiretas), em constante dilogo, atualmente, com a noo to marcadamente moderna e contempornea de representao poltica, ademais deve ingressar, sobretudo, nos sentimentos, para que o sujeito-cidado tenha espiritualmente incorporados os valores democrticos de maneira vital, a triunfar, ao menos na cotidiano e em cada indivduo, sobre toda e qualquer manifestao poltica autoritria negadora da liberdade humana, neste estudo manifesta em histria poltica to distante, to prxima.

V) BIBLIOGRAFIA

ARENDT, Hannah.A condio humana. 5. ed. rev. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 1991.

ARISTTELES.A Constituio de Atenas. So Paulo: Hucitec, 1995.

________.A poltica. So Paulo: Edies de Ouro, 1965.

________.A poltica. 2. ed. So Paulo: Martins Fontes, 1998.

ARRUDA, Jos Jobson de A.Histria antiga e medieval. 10. ed. So Paulo: tica, 1987.

BARKER, Sir Ernest.Teoria poltica grega. Braslia: Edunb, 1978.

BARROS, Gilda Nacia Maciel de.Slon de Atenas (a cidade antiga). So Paulo: Humanitas, 1999.

BLOCH, Len.Lutas sociais na Roma antiga. 2. ed. Sintra: Publicaes Europa-Amrica, 1974.

BOBBIO, Norberto.A teoria das formas de governo. 6. ed. Braslia: Edunb,1992.

________.Estado, gobierno e sociedad. Mxico: Fondo de Cultura Econmica, 1997.

________.O futuro da democracia (uma defesa das regras do jogo). 2. ed. So Paulo: Paz e Terra, 1986.

BONAVIDES, Paulo.Cincia poltica. 10. ed. So Paulo: Malheiros, 1995.

________.Teoria do Estado. 3. ed. So Paulo: Malheiros, 1995.

BOWRA, C.M.La Atenas de Pericles. Madrid: Alianza Editorial,1998.

CAGGIANO, Monica Herman Salem.Sistemas eleitorais x representao poltica. Braslia: Centro Grfico do Senado Federal, 1987.

CANT, Csare.Histria universal. So Paulo: Editora das Amricas, 1955, v.2.

CASSIN, Barbara e outros.Gregos, brbaros, estrangeiros. Rio de Janeiro: 34, 1993.

CORO, Gustavo.Dois amores duas cidades. Rio de Janeiro: Agir, 1967, v.1.

COULANGES, Fustel de.A cidade antiga. 12. ed. So Paulo: Hemus, 1995.

CROUZET, Maurice (direo).Histria geral das civilizaes. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993, v. 2.

DAHL, Robert A.Um prefcio teoria democrtica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996.

________.Poliarquia. So Paulo: Edusp, 1997.

DALLARI, Dalmo de Abreu.Elementos de teoria geral do Estado. 20. ed. So Paulo: Saraiva, 1998.

ELIAS, Norbert.A sociedade dos indivduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves.Curso de direito constitucional. 28. ed. So Paulo: Saraiva,1998.

________.A democracia no limiar do sculo XXI. So Paulo: Saraiva, 2001.

________.A democracia possvel. 4. ed. So Paulo: Saraiva, 1978.

FINLEY, M.I.O legado da Grcia. Braslia: UnB,1998.

________.Economia e sociedade na Grcia antiga. So Paulo: Martins Fontes, 1989.

________.Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

GIORDANI, Mrio Curtis.Histria da Grcia. Petrpolis: Vozes, 1992.

GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes.Direito grego e historiografia jurdica. Curitiba: Juru, 2003.

HAMILTON, Edith.O eco grego. So Paulo.

HERDOTO.Histria. Rio de Janeiro:W.M. Jackson Inc.,1964.

JAEGER, Werner.Paidia (a formao do homem grego). 3. ed. So Paulo: Martins Fontes,1995.

JONES, Hugh Lloyd Jones.Los griegos. Madrid: Gredos,1984.

KELSEN, Hans.A democracia. So Paulo: Martins Fontes, 1993.

________.Teoria geral do direito e do Estado. 2. ed. So Paulo: Martins Fontes, 1995.

KNAUSS, Bernhard.La polis. Madrid: Aguilar, 1979.

LORAUX, Nicole.Inveno de Atenas. Rio de Janeiro: 34, 1994.

MERQUIOR, Jos Guilherme.A natureza do processo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

MOSCA, Gaetano.Histria das doutrinas polticas. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

MOSS, Claude.Atenas: a histria de uma democracia. 3. ed. Braslia: UnB, 1997.

NAQUET, Pierre Vidal.Formas de pensamiento y formas de sociedad en el mundo griego. Barcelona: Pennsula, 1983.

__________.Os gregos, os historiadores, a democracia. O grande desvio. So Paulo: Companhia das Letras, 2002.

NASCIMENTO, Walter Vieira do.Lies de histria do direito. 12. ed. rev. e amp. Rio de Janeiro: Forense, 2000.

REALE, Miguel.Pluralismo e liberdade. So Paulo: Saraiva,1963.

RODRIGUES, Antonio Medina.As utopias gregas. So Paulo: Brasiliense, 1988.

SARTORI, Giovanni.A teoria da democracia revisitada (o debate contemporneo). So Paulo: tica, 1994, v.1.

________.A teoria da democracia revisitada (as questes clssicas). So Paulo: tica, 1994, v.2.

TOURAINE, Alain.O que a democracia?2. ed. Petrpolis: Vozes, 1996.

THEML, Neyde.O pblico e o privado na Grcia. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998.

TUCDIDES.Histria da guerra do peloponeso. 3. ed., Braslia: UnB,1999.

URIEL, Pilar Fernndez.Diccionario del mundo antiguo. Madrid: Alianza Editorial, 1994.

VERNANT, Jean-Pierre.Mito e pensamento entre os gregos. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002