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A DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E O DESPERTAR ECOLÓGICO
Autora: Cristina Batista do Vale
Orientador: Maurício Gonçalves Saliba
RESUMO
Este artigo aborda o tema “A degradação do meio ambiente e o despertar ecológico”, no qual assinala os vários motivos que comprovam a degradante situação ambiental, tais como: o aumento da população mundial, extração dos recursos naturais, consumo de água, energia, lixo, poluição entre outros. O desenvolvimento sustentável faz-se necessário e urgente para o futuro do planeta. O universo de aplicação da intervenção da Unidade Didática foi o Colégio Estadual Luiz Setti – EFMPN – no município de Jacarezinho – PR, tendo como sujeitos os alunos do 7º ano A. Toda produção científica inicia-se com uma situação que nos intriga e este artigo apresenta como problema a seguinte questão: a educação institucionalizada em sala de aula está contribuindo para a preservação ambiental? O objetivo geral foi despertar nos alunos a reflexão acerca das questões ambientais e desenvolver neles atitudes no sentido de preservar os recursos naturais existentes, modificando a realidade atual, em termos de prejuízo ambiental. Este artigo justifica-se no sentido de expor as pequenas ações que podem contribuir para o equilíbrio ecológico, conservar o ambiente desprovido de poluição e com isso, melhorar a qualidade de vida de toda a sociedade.
Palavras-chave: Degradação; Ecologia; Sustentabilidade; Vida 1 INTRODUÇÃO
A degradação ao meio ambiente é histórica e desde o recrudescimento do
capitalismo, através do surgimento da Revolução Industrial no século XVIII, a
extração dos recursos naturais para a indústria tomou uma dimensão sem tamanho,
resultando em conseqüências drásticas para a sociedade como um todo. E, com
isso, intensificou a poluição das águas, o aquecimento global dentre outros prejuízos
ao meio ambiente.
Devido a esta realidade, os Estados mundiais passaram a desenvolver ações
no sentido de mitigar o comprometimento ao meio ambiente, contudo, a
responsabilidade ambiental, trata-se de um contexto amplo em que toda a sociedade
deve contribuir com ações positivas promovendo a preservação da natureza.
Diante desta condição, o objetivo deste artigo foi o de discorrer e tratar acerca
das intervenções propostas na Unidade Didática com o título “A Degradação do
Meio Ambiente e o Despertar Ecológico” desenvolvidas no Colégio Estadual Luiz
Setti – EFMPN – no município de Jacarezinho – PR, tendo como sujeitos os alunos
do 7º ano A, tendo como finalidade a transformação de comportamentos em relação
ao meio ambiente.
Este artigo justifica-se no sentido de expor que determinadas ações podem
contribuir para o equilíbrio ecológico, melhorando assim a qualidade de vida de toda
a sociedade.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 MEIO AMBIENTE: CONCEITO
O atual modelo capitalista se traduz em substanciais distinções entre as
nações, em que há uma exploração incomum dos recursos naturais em busca de
matéria-prima para um consumismo também incomum. Essa condição acontece
como se os bens naturais fossem inesgotáveis, de modo que urge a adoção de
novos hábitos diante desse comportamento, emancipando da mera ação de
adoração da natureza sem que se aja uma atitude em relação à sua preservação.
Nesse sentido Dewes e Wittckind (2006, p. 2) fazem a seguinte colocação: “O
sistema econômico vigente prima por lucro e investimento voraz em produção. O
que ocorre, é que, para tanto, são necessárias infinitas reservas naturais que
possam ser exploradas pelas grandes indústrias.”
Para Peters (2010), o modelo civilizatório atual está em crise, mostrando-se
incapaz de reverter o atual cenário, conforme demonstrado no parágrafo anterior,
mais especificamente entre a industrialização extrema e a exploração do planeta
para a viabilização dessa industrialização, resultando em incisivos problemas
ambientais. Sustenta-se uma sociedade em que o homem é o centro de todas as
coisas, legado da filosofia grega, contudo, tal conceito não mais se é profícuo diante
da atual realidade ambiental do planeta, nesse sentido Galvão (2010, p. 2) faz a
seguinte colocação:
Os conceitos de civilização, de valores precisam ser revistos, o homem não pode mais se colocar numa posição central sobre a natureza. A ciência enquanto método de conhecimento, sempre colocou o homem como o ser
dominador sobre a natureza, podendo usufruirem pról de seus beneficios. Diante deste paradigma estamos hoje incapaz de reverter o quadro de contraste entre miséria absoluta, riqueza extrema e destruição do planeta. O homem precisa de um novo paradigma onde, seja a natureza, onde faça parte da natureza, restabelecendo a relação homem natureza.
Problemas de ordem ambiental vêm sendo questão de preocupação em todo
o mundo nos últimos 30 anos, com a alteração de paradigma na ordem de consumo,
proporcionado, em partes, pela economia globalizada, cuja exploração natural
tornou-se descomensurável. Essa nova dinâmica tem suscitado grande preocupação
por parte dos profissionais ligados direta ou indiretamente com a temática meio
ambiente, uma vez que boa parte do planeta, já está no seu limite de suporte e seu
capital natural/humano acaba sofrendo profunda alteração, cujos impactos sócio-
ambientais vão desde fome, miséria, desigualdade, violência e desemprego a
reações adversas da natureza que por sua vez vêm castigando várias regiões a
nível global.
Tais fatores, como sociais, estruturais, econômicos, políticos e ambientais,
foram desencadeados por uma desordem econômica e social, devido a um modelo
predatório que continua ocorrendo de forma heterogênea, tornando difícil qualificá-
los.
Entretanto, a falta de percepção, aplicabilidade legal, educação, projetos e
responsabilidades sociais por parte da humanidade, que por sua vez cria e recria
seu espaço à custa da apropriação da natureza, impede à visualização da complexa
relação homem x meio ambiente.
Kraemer e Tinoco (2004) definem o meio ambiente como sendo um conjunto
de elementos bióticos (organismos vivos) e abióticos (energia solar, solo, água e ar)
que se integram à camada da Terra chamada biosfera. Dentro desta classificação
estão os rios, lagos, oceanos, florestas, matas nativas, vegetais e outros. Todos
estes elementos são fundamentais para a sobrevivência dos seres vivos. A opinião
deste autor é que, se o meio ambiente continuar a ser agredido de tal forma que
está acontecendo em todo o mundo, toda a vida existente no planeta estará
comprometida.
Assim o meio ambiente não se refere somente ao clima, mas ao lugar em que
os seres vivos se situam vivendo em harmonia, abrigando e regendo a vida em
todas as suas formas. No entanto, o meio ambiente em muito se relaciona com a
ecologia, cuja destruição constante vem implicando em um dos grandes problemas,
não somente ambiental, mas, essencialmente econômico.
Segundo coloca Dias (2004, p. 7):
O meio ambiente, ou simplesmente ambiente, não é formado apenas pela flora e fauna, água, solo e ar, como era tradicionalmente definido. Hoje as atividades dos seres humanos sobre a terra produzem tantas influências, que a sua cultura faz parte da definição de meio ambiente. [...]Faz-se necessário considerar os aspectos políticos, éticos, econômicos, sociais, ecológicos, culturais e outros para que se obtenham uma visão global do problema e das suas alternativas de soluções.
Os grandes problemas ambientais atuais são decorrentes das formas de
exploração econômica que vem desde o início do capitalismo. No entanto, a
preocupação ecológica somente despertou interesse da comunidade científica
recentemente, mais precisamente nos últimos 30 anos.
Destaca Moreira (2009, p. 226):
Na era da globalização e dos avanços da revolução técnica–científica, tornou-se mais evidente o que muitos já sabiam: que as questões ambientais têm dimensão mundial. Problemas como o efeito estufa, a redução da camada de ozônio, a desertificação, o desmatamento, o lixo radioativo, a emissão de poluentes no ar, na água e no solo afetam, embora de maneira diversificada, países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
As questões ambientais, conforme destacadas pelo autor, não se limita as
potenciais exploração do meio, as conseqüências são imensuráveis e irreversíveis,
uma vez que não têm os recursos para medidas de prevenção, ou que os órgãos
pertinentes não têm capital humano para fiscalizar, orientar ou reparar os danos.
A degradação a que o meio ambiente está exposto tem provocado alterações
e desequilíbrios que têm prejudicado os seres vivos perniciosamente, além de
alterar o os seus processos vitais.
A forma de degradação que mais preocupa governos e sociedades é aquela
causada pela ação antrópica, ou seja, por ação humana. Essa forma de ação pode
ser regulamentada em lei, porém, essa preocupação surgiu recentemente. Conforme
mencionado, as atividades humanas fazem surgir impactos ambientais que
repercutem nos meios físico-biológicos e socioeconômicos, afetando os recursos
naturais e a saúde humana, podendo causar desequilíbrios ambientais no ar, nas
águas, no solo e no meio sociocultural. Algumas das formas mais conhecidas de
degradação ambiental são: a desestruturação física (erosão, no caso de solos); a
poluição; a contaminação. (MOREIRA, 2009)
Todas estas formas de degradação não atingem somente o homem como ser
social, mas também o homem como ser integrante de um sistema econômico. O
comprometimento da estrutura física do meio ambiente influi diretamente na
produção agrícola, esgotamento dos solos, entre outros fatores; a poluição e a
contaminação do meio ambiente desestruturam de tal forma que o vem
transformando em um lugar inóspito de se viver, em que a água consumível se
exígua para o consumo humano e econômico, expondo ao perigo a produção
agrícola, industrial e o fornecimento de energia.
Todas as formas do processo produtivo na atualidade vêm degradando o
meio ambiente incisivamente e até há pouco tempo não havia uma preocupação
imediata em dar soluções aos problemas delas advindas. Por exemplo, expõe
Moreira (2009), florestas são devastadas para exploração mineral, extração de
madeira e implantação de projetos agropecuários e industriais e as consequências
disso, são a alteração do clima, a diminuição dos reservatórios de água, a erosão e
a desertificação.
A questão da água é outro problema a ser pensado, pois o nível de
fornecimento de água para os centros urbanos excede a capacidade de
reabastecimento da natureza, alterando as reservas de água doce, sem considerar
as águas que passam a ser inservíveis ao consumo por estarem contaminadas ou
poluídas.
Está claro, então, que o atual modelo de desenvolvimento econômico, que
valoriza o aumento de riqueza em detrimento da conservação dos recursos naturais,
tinha como pressuposto extrair os recursos da natureza e não oferecer nada em
troca. Nesse aspecto, entende-se que a demanda está intimamente relacionada aos
contextos econômico e social do uso do meio ambiente. Entende-se que o
gerenciamento da demanda é um componente determinante da administração do
ciclo ecológico, do contrário, o fim pode ser iminente.
Mas não é somente a questão da água que impacta negativamente no meio
ambiente, o atual modelo de desenvolvimento inerente ao capitalismo produz sérias
conseqüências, tal como menciona Dias (2004, p.11): alterações climáticas;
alterações da superfície da terra; assoreamento dos rios e lagos; aumento da
temperatura da terra; desfloramento/queimadas; destruição de habitats; efeito
estufa; erosão do solo; redução da camada de ozônio.
2.2 IMPACTO AMBIENTAL
Conforme Tadeu (2009) caracterizou como Impacto Ambiental qualquer
alteração benéfica ou adversa, que resulte ou que possa resultar da intenção dos
aspectos ambientais ou elementos decorrentes de processo, operações, serviços e
produtos de uma organização que direto ou indiretamente fere o meio ambiente em
conseqüência do ciclo de atividades do negócio da mesma. O impacto ambiental
pode ser causado pelas atividades antrópica (lançamento de efluentes, emissões de
gases, desmatamentos e outras) por uma determinada organização, ou de produtos
de uma atividade natural, como vulcões, tsunamis, enchentes, terremotos e outras
maléficas.
De acordo com Tommasi (apud, TINOCO E KRAEMER, 2004), impacto
ambiental é qualquer fator ou perturbação que tende a desequilibrar o estado de
equilíbrio estável em que se encontra um sistema, resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente promovem qualquer alteração considerável
em um determinado sistema.
Foi na década de 60 que a sociedade vendo o descaso com a natureza, pois
as indústrias no auge de suas atividades, sufocavam a atmosfera com as emissões
de poluentes, desta forma começou a conscientização, e, então, o Clube de Roma
divulgou um relatório denominado “Os Limites do Crescimento”, que tinha o objetivo
de fazer projeções sobre crescimento populacional, poluição e esgotamento dos
recursos naturais (TINOCO E KRAEMER, 2004, p. 30).
Com o crescimento da população mundial e o avanço da tecnologia
aumentando os níveis de produtividade das indústrias em todo o mundo, em contra
partida com este crescimento deu-se sérias complicações no meio ambiente, pois a
poluição dos mares, dos rios, da atmosfera e juntamente com o aumento das
emissões de gases poluentes, deixaram a natureza a mercê de todos estes
Problemas Ambientais, como Redução da Camada de Ozônio, Aquecimento Global
e Escassez de Água potável. (TINOCO E KRAEMER, 2004, p. 42).
A camada de ozônio está situada na estratosfera, por volta dos quilômetros
20 e 35 de altitude, tendo uma medida aproximadamente de 15 km de espessura. A
sua constituição deu-se há milhões de anos atrás, é de suma importância, pois o
ozônio é capaz de diminuir grandemente a passagem de raios ultravioleta do Sol,
que são prejudiciais a saúde do homem, sem a existência da camada de ozônio os
raios ultravioletas se extinguiria todas as formas de vida no planeta, por isso, a
camada de ozônio é algo fundamental para todos os seres vivos. (AMBIENTE
BRASIL, 2007)
Os principais gases que destroem a camada de ozônio, são os gases
clorofluorcarbonos (CFCs), usados como propelentes em aerossóis, isolantes em
equipamentos de refrigeração e para produzir materiais plásticos. Sendo que para
se ter uma idéia da proporção do CFC, uma única molécula de CFC pode destruir
100 mil moléculas de ozônio.
Os autores Tinoco e Kraemer (2004) informam que o efeito estufa é
conseqüência da derrubada de florestas e pelas queimadas das mesmas, pois estes
elementos são os principais reguladores de temperatura da natureza, da forma que
altera os níveis de ventos e os níveis de chuvas em diversas regiões do mundo.
Com o aumento das derrubadas das florestas no mundo, a temperatura da Terra
tem aumentado na mesma proporção. Um outro fator que está gerando o efeito
estufa é o lançamento de gases poluentes na atmosfera, principalmente os que
resultam da queima de combustíveis fósseis. A queima do óleo diesel e da gasolina
nos grandes centros urbanos tem colaborado para o efeito estufa. O dióxido de
carbono e o monóxido de carbono ficam concentrados em determinadas regiões da
atmosfera formando uma camada que bloqueia a dissipação do calor, esta camada
de poluentes, tão visível nas grandes cidades, funciona como um isolante térmico do
planeta Terra, assim o calor fica retido nas camadas mais baixas da atmosfera
trazendo graves problemas ao planeta.
Para Tinoco e Kraemer (2004) os pesquisadores do meio ambiente já estão
prevendo os problemas futuros que poderão atingir nosso planeta caso esta situação
persista, muitos ecossistemas poderão ser atingidos e espécies vegetais e animais
poderão ser extintos.
Foi pensando nesses impactos irreversíveis que as nações passaram a se
preocupar com a preservação do meio ambiente como o pressuposto colocado pela
Organização das Nações Unidas, “[...] melhorar a qualidade da vida humana dentro
dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas” (MOREIRA, 2001, p.34),
um conceito mais específico para esta definição pode ser dado como
“desenvolvimento sustentável”.
2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Para haver desenvolvimento econômico é preciso explorar, buscar elementos
que proporcionem o crescimento; nesse contexto, como seria possível utilizar os
elementos que constituem o meio ambiente sem lhe causar dano? Seria impossível
não utilizar os recursos naturais do planeta para o crescimento econômico mundial;
contudo tem como limitar essa exploração. A utilização é tão essencial a todas as
formas de vida do planeta quanto à preservação.
Deve-se, pois, buscar um modelo de desenvolvimento que se harmonize com
a preservação da fauna, da flora, do solo, dos rios, do ar, enfim, de todos os
elementos da biosfera. Deve-se partir do princípio de que é impossível a vida sem o
uso constante da natureza. O processo de transformação de matérias-primas em
outros produtos parece inevitável e absolutamente necessário à vida.
O Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo limitar a exploração de
matérias-primas, a fim de manter a qualidade de vida no planeta; entre esses
objetivos estão a reciclagem, o incentivo da agricultura orgânica entre outros fatores.
(SILVA, 2011)
Desenvolvimento sustentável resume-se na satisfação das necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem a suas
próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: o conceito de
“necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que
devem receber a máxima prioridade; a noção das limitações que o estágio da
tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender
às necessidades presentes e futuras.
Cavalcanti (2005, p.34) define Desenvolvimento Sustentável nas seguintes
palavras: “O Desenvolvimento Sustentável consiste em criar um modelo econômico
capaz de gerar riquezas e bem-estar enquanto promove a coesão social e impede a
destruição da natureza.”.
Em seu sentido mais amplo, a estratégia de desenvolvimento sustentável
pretende promover a harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a
natureza, a partir de seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como
metas: a satisfação das necessidades básicas da população (educação,
alimentação, saúde, lazer, etc.); a solidariedade para com as gerações futuras
(preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver); a participação da
população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o
ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); a preservação dos
recursos naturais (água, oxigênio, etc.); a elaboração de um sistema social
garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da
miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas); a efetivação dos
programas educativos.
Conforme demonstrado anteriormente, o atual modelo de crescimento
econômico gerou enormes desequilíbrios; e se, por um lado, nunca houve tanta
riqueza no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição
aumentam dia-a-dia. Diante desta constatação, surge a idéia do Desenvolvimento
Sustentável que busca conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação
ambiental e, ainda, por fim na pobreza no mundo.
Nesta perspectiva coloca Milaré (2000, p. 36):
Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento significa considerar os problemas ambientais dentro de um processo contínuo de planejamento, atendendo-se adequadamente às exigências de ambos e observando-se as suas inter-relações particulares a cada contexto sociocultural, político, econômico e ecológico, dentro de uma dimensão tempo/espaço.
Compreende-se então que a política ambiental não deve construir obstáculos
ao desenvolvimento, mas ser um instrumento de gestão racional dos recursos
naturais, os quais são considerados a base material, e é nesta perspectiva que o
Direito Ambiental vem atuando, não no sentido de limitar o progresso ou ser
retrógrado, mas sim legislando de forma a racionalizar o desenvolvimento
econômico.
2.4 EDUCAÇÃO E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Segundo Dias Carlos (2003) um aspecto legal de uma política somente se
transforma em resultados quando se realiza conjuntamente um trabalho disciplinador
em relação à questão, na qual se resume em um processo educacional. Não seria
diferente ao que se alude a questões legais envolvendo o meio ambiente,
objetivando o desenvolvimento de uma consciência ambiental de modo que o
contexto arbitrário inerente à lei passaria para um contexto de consciência
ambiental. Assim sendo, compreende-se que a consciência ambiental é o resultado
do processo da educação ambiental.
A educação é um sistema complexo. Quando se menciona o termo
“educação”, remete-se à educação institucionalizada na qual o indivíduo é inserido
ainda criança para compreender os aspectos técnicos de disciplinas diversas;
contudo, mesmo sendo a educação institucionalizada relevante, ela, em sua
essência, é ampla e rigorosa, envolvendo muito mais a assimilação de formas de
conduta diante de uma realidade; dessa forma, a educação pode-se referir a
aspectos relacionados à socialização do indivíduo.
Dentre a amplitude de educação, menciona-se a educação ambiental. De
acordo com Dias Carlos (2003) contemporaneamente, a Educação Ambiental se
torna eminentemente relevante e possui interpretações diversas, muito embora
convergirem para a mesma perspectiva. Segundo Adamns (2010, p. 3) a educação
ambiental pode ser entendida como:
[...] uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da Educação, orientada para a solução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.
Conforme a definição exposta, a educação ambiental requer uma
interpretação ampla, não obstante os objetivos serem os mesmos. Representa
também que ela não é direcionada de forma isolada, ou seja, a um indivíduo ou
grupos deles, mas, principalmente, a todas as instituições que integram a sociedade,
cabendo, essencialmente, a elas serem o veículo reprodutor dos valores inerentes à
educação ambiental, principalmente, a forma de dinamizar junto ao meio ambiente e
consequentemente, representando a responsabilidade ambiental. Desse modo Dias
Carlos (2003, p. 30) conceitua a Responsabilidade ambiental da seguinte forma:
[...] conjunto de atitudes, individuais ou empresarias, voltado para o desenvolvimento sustentável do planeta. Ou seja, estas atitudes devem levar em conta o crescimento econômico ajustado à proteção do meio ambiente na atualidade e para as gerações futuras, garantindo a sustentabilidade.
Observa-se, portanto, que a educação ambiental tem como resultado a
dinamização da responsabilidade ambiental, na qual se estende a uma variedade de
instituições, cujo pressuposto é o de concorrer com a disseminação de meios para a
valorização da natureza.
2.5 AS RESPONSABILIDADES DAS INSTITUIÇÕES
2.5.1 Da indústria e do comércio
Desde a crescente industrialização mundial datada nos fins do século XVIII, a
produção vem passando por transformações apresentando, em função disso, lixo
com características cada vez mais distintas. Os países desenvolvidos, a partir do
conceito de responsabilidade social, vêm tentando desenvolver meios para a
redução eficiente da tonelada de lixo produzido, objetivando ser menos deletérias ao
meio ambiente; No entanto, segundo Dias Carlos (2003), os países em fase de
industrialização não têm esta tecnologia, muito menos a preocupação com o meio
ambiente.
Nesse contexto torna-se essencial a conscientização destes setores, a fim de
alertá-los do prejuízo que causam ao meio ambiente, além de, paulatinamente,
esgotarem as possibilidades de a natureza fornecer as matérias-primas necessárias
para o processo produtivo. Ao preterir o desenvolvimento sustentável, reciclando o
lixo produzido, estão negando a prática de cidadania.
2.5.2 Responsabilidade da família
Como boa parte do lixo com potencial de reciclagem origina-se dentro de
casa, a família tem grande responsabilidade de dar o primeiro passo para
recrudescer o índice de lixo reciclado.
Conforme cita Monteiro (2001, p. 16):
Jogar o lixo no lugar certo ou aproveitar os produtos que ainda possam ter alguma utilidade, escolher sem embalagens ou com embalagens biodegradáveis, dar destino ao entulho e reagir ao desperdício.
A preocupação é determinante para que o lixo doméstico seja reduzido
significativamente. Expõe Zirkl (apud. CREA. 2009, p. 6)
[...] em Curitiba, na área central da cidade, somente 20 a 30 % dos condomínios separam bem o lixo, as pessoas podem se interessar mais. Têm condições para separar muito melhor o lixo e tirar muitos materiais recicláveis que hoje ainda vão para o aterro sanitário.
Infere-se que a participação de cada um é de relevância para a
sustentabilidade preconizada pela Agenda 21. Somente com a colaboração de
todos, é que se pode caminhar em direção da sustentabilidade e de um ambiente
mais saudável.
Neste contexto destaca Leff (2001), a essência do Consumo Sustentável é
criar nos consumidores uma consciência ecologicamente seletiva, desenvolvendo
dentro do cotidiano novos hábitos de consumo mais responsáveis com menor
volume de desperdício. Não se preconiza a redução de consumo, mas sim que se
aproveitem as possibilidades que o produto oferece no sentido de poupar a natureza
para a produção de outro.
2.5.3 Responsabilidade da escola
A escola como instituição promovedora da educação e disciplina é crucial
para levar até o indivíduo, desde as primeiras séries, a educação acerca do
tratamento do lixo. Tal como expõe Monteiro (2001, p. 16): “Através do contato
direto, de experiências concretas e informações técnicas, a Escola vai construindo
um cidadão consciente da posição do ser humano na natureza e dos limites éticos
da sua intervenção.”
Para isso, é importante que a Escola promova dinâmicas que despertem
atitudes solidárias para com o coletivo, a princípio no cerne da célula escolar,
visando uma ação mais ampla, a posteori, ou seja, que sejam aplicadas em toda a
sociedade por vontade própria, pela conscientização cidadã adquirida por intermédio
da Educação institucionalizada.
Diante dessa revisão de literatura, na sequência será realizada a análise dos
resultados da aplicação das intervenções propostas na Unidade Didática elaborada
para o Programa de Desenvolvimento Educacional.
3 METODOLOGIA
As intervenções propostas pela Unidade Didática foram desenvolvidas entre
os meses de fevereiro e maio de 2013, no Colégio Estadual Luiz Setti - EFMP, no
município de Jacarezinho – PR junto aos alunos do 7º ano A, em um total de 64
horas/aula.
Ao que se refere aos recursos físicos, foram utilizadas as dependências
físicas e estruturais da instituição de ensino, lócus do projeto. Quanto aos recursos
humanos, a contribuição docente foi determinante.
As técnicas utilizadas para a aplicação do projeto foram a observação da
realidade, levando em conta a realidade anterior à aplicação da Unidade Didático-
Pedagógica e a realidade posterior à sua aplicação; bem como, posteriormente da
análise dos dados obtidos com a proposta aplicada.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As atividades iniciaram através do contato com a Direção e Equipe
Pedagógica para apresentação da Proposta de Intervenção na Escola, na sequência
com a exposição do material didático e da Proposta de Intervenção á comunidade
escolar durante a Semana Pedagógica. A partir desta atividade inicial foi elaborado o
material a ser utilizado nas intervenções tais como: a escolha das peças teatrais,
vídeos, preparação de atividades práticas para os alunos e dinâmica.
Na sequência dos trabalhos, ainda no mês de fevereiro, após estruturadas as
ações, o projeto foi apresentado para os alunos, cuja dinâmica inicial foi a
sensibilização dos mesmos quanto à problemática do tema por meio de imagens;
diante deste trabalho foi solicitado aos alunos refletirem acerca da realidade
ambiental e a observação do cenário a partir do trajeto que fazem da casa para a
escola, concluindo com a produção de um texto descritivo.
No mês de março as intervenções foram mais incisivas visando um contato
maior dos alunos com a questão ambiental. Foram apresentados vídeos, bem como
proposto a preparação, ensaio e apresentação da peça teatral “Carta do Cacique
Seattle ao Presidente Norte-Americano". Juntamente com tal perspectiva foram
realizadas atividades lúdicas envolvendo alunos e docentes. Também foram
ministradas palestras sobre o tema central deste projeto.
No mês de abril, o processo democrático de participação do projeto proposto
pela Unidade Didática foi ampliado,através da palestra específica Horta Orgânica,
pois além da comunidade escolar composta por docentes e alunos, contou com a
participação da comunidade e dos pais, cujas atividades consistiram em
aprendizado acerca da agricultura urbana e orgânica; jardinagem ecológica; jardins
e hortas escolares.
Finalizando o mês de abril foram desenvolvidos junto aos alunos: debates
acerca do comprometimento ambiental e discussão sobre textos diversos que se
referem ao meio ambiente.
O projeto encerrou-se no mês de maio com exposição de imagens de
degradação ambiental do município de Jacarezinho, a aplicação de dinâmicas com
a proposta de recolhimento de lixo após o recreio contando com a participação dos
alunos e professores. Houve, outrossim, a contribuição de docentes de outras
disciplinas na qual solicitaram aos alunos a confecção e exposição de cartazes e
maquetes ressaltando a importância da preservação do meio ambiente.
Foi preparada, ensaiada e apresentada outra peça teatral: "Lugar de Lixo é no
Lixo". O projeto foi encerrado com ações de reflexão referentes ao meio ambiente
local, sugerindo produções textuais que posteriormente foram discutidas e
averiguadas possíveis mudanças de atitudes para contribuir com o equilíbrio
ecológico.
Segundo Abreu (2011), as escolas são espaços privilegiados de estudos e de
troca de conhecimentos entre professores, alunos e comunidade, de modo que a
Lei nº. 9.795/99 em seu artigo 3º inciso II determina a promoção da educação
ambiental integrada no currículo das escolas, condição essa justificada no contexto
de que a educação capacita os cidadãos para lidar com os problemas cotidianos,
possibilitando a aquisição de novos valores, habilidades, sociabilidade com os
problemas de âmbito local e global, por meio de uma visão sistêmica,
conscientizando-os de sua posição no mundo.
Assim Loureiro et al (2009, p. 15) destaca:
A Educação Ambiental deve promover o desenvolvimento de hábitos e atitudes sadios de conservação ambiental e respeito à natureza, a partir do cotidiano de vida da escola e da sociedade. Atualmente o papel da escola remota à construção de uma sociedade democrática e, para isso, deve capacitar os indivíduos, por meio de postura crítica, dialética e de conteúdo relacionado diretamente à realidade, para a formação de processos que promova a conscientização.
Desse modo, a educação ambiental proposta pelas intervenções da Unidade
Didática foi eminentemente relevante não somente para promover a informação
relacionada a importância da preservação do meio ambiente, mas, também, para
frear as ações irracionais que o degradam, representando uma evolução no contexto
educacional para com a sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o que foi tratado neste artigo, a questão do meio ambiente na
atualidade é algo a ser considerado em realidades amplas, não bastando somente
ao Estado desenvolver ações no sentido de preservação ambiental. Esta perspectiva
deve ser ampliada a outros setores da sociedade, em que cada qual deve ter sua
responsabilidade, pois são todos produtores de meios que degradam o ambiente,
como a destinação incorreta de resíduos sólidos, desperdício e poluição de água e
assim por diante. A escola é um setor determinante para a promoção da educação
ambiental, visando o desenvolvimento de sujeitos cônscios de sua responsabilidade
com o meio ambiente. A educação ambiental é um relevante meio de
conscientização na superação da utilização indiscriminada dos recursos naturais.
Assim, as intervenções propostas na Unidade Didática e implementadas no
Colégio Luiz Setti EFMPN, no município de Jacarezinho se evidenciaram
sobremaneira importantes, como forma de incutir nos alunos atitudes sociais e
ambientais na preservação ao meio ambiente, na qual permitiram a eles tomar a
ciência não somente da realidade atual ambiental, mas, principalmente, transformar
essa realidade por meio de comportamentos preservacionistas e mudança de
hábitos, possibilitando a reprodução desses novos valores na sociedade, e que
serão transmitidos consequentemente para as novas gerações.
REFERÊNCIAS
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