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1 A criação do Acervo Imagético e Sonoro do Laboratório de Antropologia Arthur Napoleão Figueiredo/UFPA 1 Alessandro Ricardo Pinto Campos UFPA/PA Resumo O acervo da Reserva Técnica do Laboratório de Antropologia Arthur Napoleão Figueiredo - LAANF/UFPA - é uma coleção formada por objetos que foram coletados durante pesquisas realizadas por antropólogos desta instituição, a partir da década de 1960. A formação deste acervo se confunde com a formação da própria Antropologia na Universidade Federal do Pará. Estas peças compõem três coleções etnográficas distintas: Etnologia Indígena, com 721 peças; Populações Interioranas com 152 peças e População Urbana/Cultos Afro-Brasileiros com 629 peças. Soma-se a este vasto acervo, ainda, diários de pesquisa de campo, material audiovisual, negativos, tapes e cassetes de gravação, além de lentes, tripés e da câmera fotográfica Rolleiflex usados por Arthur Napoleão Figueiredo em suas pesquisas, sendo considerado um dos pioneiros no uso da fotografia no campo da Antropologia na região. Durante décadas depositadas na referida reserva e com acesso restrito, tais peças de incalculável valor simbólico e cultural necessitam de tratamento e de preocupação com um acesso mais amplo, tanto para pesquisadores, público em geral como para os grupos que produziram, utilizaram e deram (dão) significado a elas. Para tanto, acredito que a produção de um acervo imagético e sonoro da Reserva Técnica do LAANF seja a ferramenta necessária. Este artigo trata das pesquisas, coleta e formação desta reserva técnica na década de 1960, bem como das discussões metodológicas, éticas e políticas para a formação deste em um acervo imagético e sonoro e sua disponibilização em um museu virtual. Palavras-chave: Arthur Napoleão Figueiredo; Coleções Etnográficas; Acervo Imagético e sonoro. Arthur Napoleão Figueiredo, Antropologia e formação das coleções etnográficas na UFPA A formação da reserva técnica está ligada diretamente à memória institucional da Antropologia na Universidade Federal do Pará. Seu grande incentivador e criador, Arthur Napoleão Figueiredo, ainda nos anos de 1960, é quem coleta as primeiras peças, 1 Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de agosto de 2014, Natal/RN.

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A criação do Acervo Imagético e Sonoro do Laboratório de Antropologia Arthur

Napoleão Figueiredo/UFPA1

Alessandro Ricardo Pinto Campos – UFPA/PA

Resumo

O acervo da Reserva Técnica do Laboratório de Antropologia Arthur Napoleão

Figueiredo - LAANF/UFPA - é uma coleção formada por objetos que foram coletados

durante pesquisas realizadas por antropólogos desta instituição, a partir da década de

1960. A formação deste acervo se confunde com a formação da própria Antropologia na

Universidade Federal do Pará. Estas peças compõem três coleções etnográficas

distintas: Etnologia Indígena, com 721 peças; Populações Interioranas com 152 peças e

População Urbana/Cultos Afro-Brasileiros com 629 peças. Soma-se a este vasto acervo,

ainda, diários de pesquisa de campo, material audiovisual, negativos, tapes e cassetes de

gravação, além de lentes, tripés e da câmera fotográfica Rolleiflex usados por Arthur

Napoleão Figueiredo em suas pesquisas, sendo considerado um dos pioneiros no uso da

fotografia no campo da Antropologia na região. Durante décadas depositadas na referida

reserva e com acesso restrito, tais peças de incalculável valor simbólico e cultural

necessitam de tratamento e de preocupação com um acesso mais amplo, tanto para

pesquisadores, público em geral como para os grupos que produziram, utilizaram e

deram (dão) significado a elas. Para tanto, acredito que a produção de um acervo

imagético e sonoro da Reserva Técnica do LAANF seja a ferramenta necessária. Este

artigo trata das pesquisas, coleta e formação desta reserva técnica na década de 1960,

bem como das discussões metodológicas, éticas e políticas para a formação deste em um

acervo imagético e sonoro e sua disponibilização em um museu virtual.

Palavras-chave: Arthur Napoleão Figueiredo; Coleções Etnográficas; Acervo

Imagético e sonoro.

Arthur Napoleão Figueiredo, Antropologia e formação das coleções

etnográficas na UFPA

A formação da reserva técnica está ligada diretamente à memória institucional

da Antropologia na Universidade Federal do Pará. Seu grande incentivador e criador,

Arthur Napoleão Figueiredo, ainda nos anos de 1960, é quem coleta as primeiras peças,

1 Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de

agosto de 2014, Natal/RN.

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do que se tornaria, anos depois, um importante acervo da cultura material Indígena,

Afro-Religiosa e Ribeirinha.

Falar da Reserva Técnica do Laboratório de Antropologia Arthur Napoleão

Figueiredo, do Laboratório e da própria formação da Antropologia na Universidade do

Pará, é falar de Arthur Napoleão Figueiredo. Por isso acredito que uma historia deve ser

contada a da aproximação deste pesquisador com a Antropologia, pois contando isso, a

história da reserva também estará sendo contada.

Arthur Napoleão Figueiredo deixa o Exército como Capitão, abandonando a

carreira militar para concluir em 1946 o Curso de Bacharelado em Ciências Jurídicas e

Sociais pela Faculdade de Direito do Pará. Em 1948, Napoleão se aproximaria da

Antropologia e nunca mais se afastaria dela. Quando conhece os intelectuais locais

como Machado Coelho (diretor do Museu Goeldi) e Eurico Fernandes (etnologista e

chefe da SPI) e Expedito Arnaud.

Influenciado por eles, em 1952, Napoleão já está fazendo parte de uma

comissão para tentar pacificar conflitos entre indígenas e brancos invasores de suas

terras. Nesta comissão, ele é relator e representante do Estado do Pará. Junto com ele

está Darcy Ribeiro, no final da investida a comissão elabora o plano de “Pacificação das

Tribos Hostis do Estado do Pará”.

Aos 34 anos decide ingressar na Antropologia, quando se torna estagiário na

Divisão de Antropologia do Museu Goeldi. Em 1958 assume a cadeira de Sociologia da

Educação da então jovem Faculdade de Filosofia (FAFI) e, mais tarde, também como

diretor do Instituto de Pesquisas Educacionais e coordenador do Seminário de Pesquisas

Sociais da UFPA.

Em 1960 Napoleão assume a cadeira (criada em 1959) de Etnologia e

Etnografia do Brasil. Com Protássio Frikel, em 1962, faz uma inserção a campo entre os

Aramagoto. Neste período, Napoleão coordena na FAFI alguns cursos de extensão com

temática verdadeiramente antropológica (um curso sobre Linguística em 1961 e outro

sobre Arqueologia e Etnologia na Amazônia em 1962), e no Museu Emílio Goeldi é

professor de Estágio Básico em Antropologia. Em 1962 assume na UFPA o cargo de

vice-diretor da FAFI, onde fica até 1970. Em 1963 vai para Rio Grande do Norte como

professor visitante ministrar o curso de Extensão Universitária sobre “Arqueologia e

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Etnologia da Amazônia”. Em 1964 Anaíza Vergolino-Henry torna-se sua aluna, era o

início de uma longa parceria de muita produção acadêmica e contribuições para a

Antropologia.

Como vice-diretor, Napoleão se preocupa em desenvolver atividades

acadêmicas num ambiente de circulação de ideias e de pesquisa científica, inclusive

com condições físicas adequadas. Ele Incentiva debates, troca de experiências e

seminários para despertar o interesse pela pesquisa, exigindo que se produzisse e

publicasse para que a FAFI criasse “uma geração e uma escola”2. Além disso,

acostumado ao ritmo do Museu Emilio Goeldi, Napoleão valoriza e incentiva para que a

pesquisa de campo fosse feita por seus alunos da UFPA.

Em 1965 a Antropologia na UFPA era apenas um projeto. Napoleão à frente da

cadeira de Etnologia e Etnografia consegue que a divisão de Antropologia do Museu

Goeldi doasse para o acervo da Universidade duas coleções etnológicas que são

resultados de pesquisas que Protássio Frikel teria feito entre grupos indígenas: “Coleção

Aramagoto” (Tiryó) com 18 peças e “Coleção Xikrin” com 203 peças. Inicialmente

essas peças foram alojadas na sala da direção da FAFI. Napoleão sabia da importância

de tais peças para a pesquisa antropológica, por isso em 1966 a Universidade recebe

outra doação de mais duas coleções do Museu Emílio Goeldi, são artefatos recolhidos

por Eduardo Galvão e Protássio Frikel em pesquisas feitas com índios da área do

Tocantins-Xingu e Alto Xingu. O acervo da UFPA possui agora 885 peças.

Começa, ainda em 1966, a ser formada pela UFPA sua própria coleção

etnográfica. Ela se inicia com a coleta de peças oriundas de pesquisas realizadas a partir

da criação de uma nova linha de pesquisa voltada para o estudo dos cultos afro-

brasileiros de Belém. Esta nova linha surge a partir do interesse de Anaíza Vergolino-

Henry sobre esta temática, quando ainda era bolsista desta instituição. Neste mesmo ano

acontece em Belém a VI Reunião Brasileira de Antropologia, nesta ocasião a recém-

criada linha de pesquisa da UFPA foi apresentada e legitimada pela comunidade

científica com a exposição do trabalho “Alguns elementos novos para o estudo dos

batuques de Belém” elaborado por Anaíza Vergolino-Henry juntamente com seu

orientador Arthur Napoleão Figueiredo.

2 Segundo Anaíza Vergolino-Henry em uma entrevista, em 2013.

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Em 1968 e 1969 o acervo aumenta ainda mais. São peças recolhidas após uma

pesquisa de campo entre os índios do alto rio Cairari que criaria a “Coleção Anambé”,

composta por 93 peças e mais 85 peças sobre a cultura material da vida cabocla da

Amazônia, nunca antes coletada na cidade. A Cadeira de Etnologia e Etnografia já

estava consolidada em 1971, com os acervos catalogados e com um funcionário para

ajudar nas atividades.

Mas tudo muda em 1972 quando começa uma fase bem difícil para a

Antropologia na UFPA por conta da Reforma Universitária. Com esta reforma, a

Faculdade de Filosofia é desativada e todo o acervo e os recursos humanos são

transferidos para o Núcleo Pioneiro do Guamá. Napoleão é agora apenas um membro do

novo Departamento de História e Antropologia. Neste Núcleo Pioneiro ainda não havia

instalações próprias, e o “Laboratório de Etnologia” acaba mudando várias vezes de

lugar, procurando alojamento para as peças (esteve nas dependências da Prefeitura do

Núcleo, nos altos do prédio do atual IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas),

foram para um prédio que hoje é o Centro de Ciências Naturais e Exatas onde

permanece até 1989).

Ao passar por estes transtornos, Napoleão decide lutar pela construção de um

prédio para o Laboratório de Etnologia e as peças das coleções que já tinha. Consegue a

elaboração do projeto do prédio pelo arquiteto Alcyr Meira, mas por enquanto era tudo

o que ele tinha, apesar da simpatia dos sucessivos reitores da UFPA.

Napoleão, enquanto esperava aprovação para a construção do novo

Laboratório, investia na formação se seu grupo, incentivava a busca de pós-graduação

pelos professores ou admissão de novos membros interessados em Antropologia.

Por conta de um enfarte que sofre em 1972, Napoleão não faz mais pesquisas

de campo como sempre gostou, com longas viagens e sempre acompanhado de sua

câmera Rolleiflex. Se volta então para a Antropologia Urbana pesquisando o folclore (a

medicina folk), sem nunca deixar de dar aula para a graduação. Finalmente se aposenta,

em 1983.

Um espaço próprio se torna urgente quando, em 1986, o Centro de Ciências

Naturais e Exatas precisa de espaço e quer “se livrar” do Laboratório de Etnologia e das

coleções etnográficas que estavam depositadas por lá. Napoleão e o Grupo de

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Antropologia se mobiliza, apoiado pelo então diretor do antigo CFCH (Centro de

Filosofia e Ciências Humanas), Alex Fiúza de Melo, buscam de toda forma conseguir os

recursos para a construção do prédio. A boa notícia chega em 1987: o Reitor na época

José Seixas Lourenço anuncia que o presidente José Sarney havia liberado os recursos

para a obra, que se iniciaria em julho do ano seguinte.

Napoleão Figueiredo costumava visitar as tão aguardadas obras, mas não chega

a ver seu grande projeto ficar pronto. Acaba morrendo em março de 1989. Meses mais

tarde é inaugurado o Laboratório de Antropologia Arthur Napoleão Figueiredo

(LAANF), em novembro de 1990. Já em 1991, em seu prédio próprio, é anunciado o

desmembramento do Departamento de História e que o Grupo de Atividades de

Antropologia é agora o Departamento de Antropologia (DEAN).

O antigo grupo que Napoleão ajudou a criar só se expandiu, tanto no quadro

docente como em atividades. Atualmente na UFPA, existem dois programas de pós-

graduação em Antropologia, um é o PPGSA (Programa de Pós-Graduação em

Sociologia e Antropologia) e o PPGA (Programa de Pós-Graduação em Antropologia).

A Antropologia e as coleções etnográficas

Os museus antecedem a antropologia como área de conhecimento e campo

reflexivo. Na Grécia antiga eram considerados lugar de contemplação e inspiração

poética, os chamados “templos das musas”. Muitos séculos depois, no Ocidente os

museus eram lugares onde as pessoas ligadas às cortes europeias, na Renascença,

guardavam suas relíquias. Nos séculos XVIII e XIX foram constituídos os chamados

museus de ciência ou museus enciclopédicos voltados para a produção científica. A

Revolução Francesa, o movimento Iluminista e Universalista inspiraram o modelo de

museu que perdura até hoje: “esta modalidade de museu pode ser definida como uma

instituição com pesquisadores que produzem conhecimento, praticam o colecionamento,

divulgam o que é produzido e exibem suas coleções para o público amplo. Sua função é

também pedagógica.” (ABREU, 2007, p.9).

Camilo de Mello Vasconcellos (2011), afirma que, na segunda metade do século

XIX, os museus estavam fortemente associados à formação da antropologia, antes desta

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ingressar como ciência no mundo acadêmico os museus eram os centros de formação de

conhecimento antropológico,

De certo modo, é possível dizer que a antropologia nasceu nos

museus, ou mais precisamente, que ela se estruturou na medida em

que se formavam as grandes coleções etnográficas que vieram a

enriquecer os acervos dos museus ocidentais. E até mesmo forneceram

uma das bases para a produção das teorias antropológicas da época,

notadamente o evolucionismo e o difusionismo (VASCONCELLOS,

2011, p. 13).

A antropologia surge numa época em que predominavam as ciências naturais e

uma visão positivista da ciência, por isso, consistia em trabalhar com provas,

testemunhos e evidências empíricas. Daí a importância em formar coleções a partir dos

artefatos dos “povos exóticos” com os quais o antropólogo trabalhava. Mas o olhar do

pesquisador era o olhar dominante,

O “outro” era visto como apenas como objeto de pesquisa, um

“outro” construído, um objeto de conhecimento. Neste contexto, e

legitimados por uma vertente teórica evolucionista, nas primeiras

pesquisas antropológicas geradas nos museus, não encontramos vozes

dos povos estudados, estes configuravam-se “outros passivos” de um

discurso cientifico (ABREU, 2007, p. 25).

No século XIX no Brasil, é fundado o Museu Paraense Emilio Goeldi em 1866,

em 1876 é criada a seção de Antropologia, Zoologia Geral e Aplicada no Museu

Nacional (RJ) e em 1894 é fundado o Museu Paulista. Todos estes tinham como modelo

a pesquisa enciclopédica influenciada pelas ciências naturais e pautadas,

principalmente, por questões de Antropologia Física3 e de Craniometria

4. Este período é

marcado por grandes expedições estrangeiras que vinham ao Brasil para pesquisar os

povos indígenas, que estariam, para eles, condenados a desaparecer e por isso a

necessidade de coletar a maior quantidade possível de artefatos. Como bem fala

Albuquerque (2011):

A autenticidade é um valor moderno, e o tradicionalismo é uma de

suas vertentes. A noção de que o passado está “se perdendo” e deve

ser, de alguma forma, “preservado” é o sintoma de uma mudança

histórica e social pela qual a modernidade tem uma de suas

características, onde o colonialismo aparece como “mal necessário” e

3 Também chamada de "antropologia biológica" ou “bioantropologia”, tem como finalidade o estudo dos

mecanismos de evolução biológica, herança genética, adaptabilidade e variabilidade humana,

primatologia e o registro fóssil da evolução humana, bem como a interação entre a biologia e a

cultura. 4 A Craniometria é geralmente definida como sendo uma técnica, ou sistema convencional, que determina

a mediação do crânio de maneira sistematizada universalmente.

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a positividade do poder na produção de registros administrativos,

etnográficos, museológicos e outros. (p.117).

Neste mesmo período, também são coletadas artefatos dos sertanejos -

considerados nossos ancestrais - e da cultura afro-brasileira, em exposições que

enalteciam a fábula das três raças. Nos meados do século XX, com a institucionalização

das Ciências Sociais nas universidades e também com o surgimento de novos modelos

de museus, as pesquisas antropológicas e os museus seguem rumos diferentes. Novos

paradigmas conduzem agora aos estudos da cultura e para as construções de alteridade,

aspectos imateriais e simbólicos.

Autores como Alice Duarte (1997) também afirmam que a antropologia ao longo

de seu desenvolvimento, ora se aproxima ora se distancia da museologia e que a partir

dos anos de 1980, surge uma nova concepção de museu. Neste período vários

pesquisadores contribuem para alargar o tema com concepções diferentes das

tradicionais. Uma dessas visões, que eu acho particularmente interessante, é a

“revitalização antropológica das coisas” (APPADURAI, 2008), que vem substituindo os

estudos dos artefatos em termos estéticos e formais por outras concepções diferentes e

inovadoras, reconstituindo sua biografia cultural. Também há trabalhos centrados na

análise da produção e utilização de tais objetos como identidade ética e cultural de uma

classe ou segmento social (TREVOR-ROPER, 1997; HANDLER, 1985), mostrando

como os museus se transformam de depósitos de artefatos dos povos “estranhos” e

“primitivos” para lugares onde se encontra concepções diferentes e relativizadoras de

ver o outro, novas abordagens e leituras.

A Reserva Técnica do LAANF: tesouros guardados (ou escondidos?) sob a guarda

da UFPA.

O acervo da Reserva Técnica do Laboratório Arthur Napoleão Figueiredo da

UFPA, é uma imensa coleção formada por objetos que foram coletados por

pesquisadores desta instituição, a partir da década de 1960. Além destas peças, frutos de

pesquisa, a reserva conta ainda com equipamentos que pertenceram a Arthur Napoleão

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Figueiredo como sua antiga câmera fotográfica Rolleiflex e todo seu equipamento

fotográfico, suas armas, sua bússola entre outros. As peças que integram a Reserva

Técnica do LAANF compõem três coleções distintas5: Etnologia Indígena, Populações

Interioranas e População Urbana/Cultos Afro-Brasileiros.

A coleção denominada Etnologia indígena é composta por 721 peças que já

pertenceram e foram utilizadas por 12 diferentes grupos indígenas. Elas foram

recolhidas por quatro pesquisadores, são eles: Günter Protássio Frikel, Eduardo Enéas

Gustavo Galvão, Arthur Napoleão Figueiredo e Anaíza Vergolino-Henry.

O conjunto de peças denominado População Interiorana é formado por peças

oriundas de diversos municípios do interior do estado do Pará, das beiras dos rios, de

estradas e de colônias agrícolas. Foram trazidas por Arthur Napoleão Figueiredo,

Anaíza Vergolino-Henry e Camillo Martins Vianna, totalizando 152 peças.

O conjunto referente à População Urbana/Cultos Afro-Brasileiros é composto

por peças que foram recolhidas em Belém, a partir de 18 casas de cultos das religiões

afro-brasileiras e 08 estabelecimentos comerciais, compondo um expressivo conjunto de

629 peças, coletadas pelos antropólogos Arthur Napoleão Figueiredo e Anaíza

Vergolino-Henry (DOMINGUES-LOPES, 2003), constituindo os chamados “tesouros

afro-brasileiros” da UFPA. Estas peças juntas formam três coleções que levam o nome

de seus coletores: Coleção Arthur Napoleão Figueiredo & Anaíza Vergolino e Silva,

que foi formada em 1967; Coleção Anaíza Vergolino e Silva & Arthur Napoleão

Figueiredo, formada em 1970 e 1975 e Arthur Napoleão Figueiredo, formada entre os

anos de 1973 e 1974.

Para Arthur Napoleão Figueiredo (1981), os artefatos produzidos por seres

humanos fazem parte de sistemas que revelam a relação Homem x Meio, a relação

Homem x Homem e a relação Homem x Ideias. É como os grupos fazem e criam seus

corpos de crenças, ordens de valores, como explicam e justificam seu modo de conduta

e de vida. O valor do objeto recolhido depende diretamente da qualidade e quantidade

de informações que se tenha sobre ele, relacionando-os com as outras partes dos

sistemas. Foi com base nessas experiências que a coleção foi formada. Essas peças não

foram simplesmente recolhidas, junto com elas vinham informes de campo, e todo um

documentário complementar da pesquisa realizada.

5 Essas denominações foram conferidas pelo próprio Arthur Napoleão Figueiredo (FIGUEIREDO. As

coleções etnográficas da Universidade Federal do Pará. Belém, DEAN/UFPA, 1981).

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O entrosamento interinstitucional entre a UFPA e o museu Paraense Emílio

Goeldi, intermediada por Napoleão Figueiredo, favoreceu muito as pesquisas nessa

área. Várias foram as parcerias firmadas em pesquisas de campo e de ensino entre essas

duas grandes instituições paraenses. Inclusive, o sistema adotado para o trabalho de

laboratório, descrição, codificação e tombamento seguem os mesmos critérios nas duas

instituições. O tombamento é feito por ordem numérico-cronológica, registrando-se o

tipo de artefato, grupo social, localização geográfica (área cultural para as peças

indígenas e região cultural para os demais grupos), nome do coletor e data da coleta.

Das coleções indígenas fazem parte cestos dos mais diversos tipos de

trançados, arcos, bordunas, pentes, adornos cerimoniais e de uso cotidiano, arpões de

pesca e utensílios. Das coleções “População Interiorana” existem matapis, armadilhas,

redes e utensílios em geral. As coleções sobre a religiosidade afro-brasileira de Belém,

as coleções “População Urbana” são compostas pelos mais diversos objetos como

instrumentos musicais, indumentárias, objetos cerimoniais, guias, espadas entre outros

objetos utilizados nos cerimoniais da complexa religiosidade afro-religiosa amazônica.

Abaixo, apresento as coleções etnográficas que estão na reserva técnica do

LAANF, por ordem alfabética do nome do coletor, discriminando os diversos grupos

humanos, a data da coleta e os números de tombamento:

FIGEIREDO, NAPOLEÃO

Índios Xaruma 1972 1196-1258

População Urbana 1973 1259-1268

População Urbana 1974 1269-1276

População Urbana 1976 1323-1324

População Urbana 1977 1325-1416

População Urbana 1981 1453-1512

FIGUEIREDO, NAPOLEÃO & VERGOLINO E SILVA, ANAÍZA

População Urbana 1967 330-700

População Urbana 1967 947-981

População Interiorana 1968 982-1066

Índios Anambé 1969 1067-1159

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FRIKEL, PROTÁSSIO

Índios Aramagoto 1965 1-185

Índios Xikrin 1965 186-329

GALVÃO, EDUARDO & FRIKEL, PROTÁSSIO

Índios Juruna 1966 701-708

Índios Juruna 1966 885

Índios Kamayurá 1966 806-876

Índios Kayabí 1966 709-937

Índios Kayabí 1966 886-914

Índios Kuikuro 1966 880-884

Índios Suyá 1966 764-805

Índios Suyá 1966 915-946

Índios Trumai 1966 738-743

Índios Txukahamãe 1966 744-763

Índios Ywalapiti 1966 877-879

VERGOLINO E SILVA, ANAÍZA & FIGUEIREDO, NAPOLEÃO

População Urbana 1970 1160-1195

População Urbana 1975 1307-1322

VIANA, CAMILO M.

População Interiorana 1974 1277-1307

População Interiorana 1978 1417-1444

População Interiorana 1980 1445-1452

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Criação do Acervo Imagético e Sonoro do LAANF: Destrancando a porta

e acessando as coleções (mesmo que virtualmente!)

Ainda não posso afirmar que na UFPA, a motivação das coleções seriam o

equivalente ao “espírito dos pesquisadores modernistas paulistas com forte tendência

nacionalista” (ALBUQUERQUE, 2011) que coletavam a cultura material como forma

de “resguardar e preservar” o patrimônio brasileiro, onde a história é vista como um

processo de destruição. Acontece que esses “tesouros etnográficos” já estão coletados e

catalogados, devem ser expostos, devolvidos, repatriados de alguma forma, aos seus e a

toda comunidade acadêmica e grande público, mesmo que virtualmente.

Podemos e devemos utilizar as novas tecnologias disponíveis para estreitar e

aproximar o que está distante e sem acesso, pois “realidade, interatividade e

telepresença tornam-se, pois, modos possíveis de ver, olhar e interagir com as imagens

do tempo que nos permitem, hoje, as novas tecnologias digitais e eletrônicas”

(ECKERT, 2002, p. 13).

De dentro de aldeias, de barracões e terreiros afro-religiosos da cidade, das casas

nas beiras dos rios, posteriormente de salões de exposições e salas de aula de outrora,

para a porta atualmente trancada da reserva técnica do LAANF, as peças precisam

mostradas novamente, alcançando novos ambientes e oportunidades, no Brasil ainda

“[...] são poucas as instituições que tiram proveito efetivamente do poder da web para

desenvolver atividades educacionais, onde a comunicação e o acesso a essas coleções

poderiam criar novos relacionamentos com o público que se pretende atingir” (GEYSA

E BERNARDES, 2009, p. 5)

Populações ribeirinhas, afro-religiosas e indígenas, muitas delas possuem

acesso à rede mundial de computadores de certa forma, é a mais imediata de acesso.

Nesse aspecto, as novas possibilidades de museologização, advindas

da memória eletrônica e digital e mediada pela conformação da tela do

computador, conforme muitos autores já apontaram, nasce e se

alimenta de velhas e antigas formas de registro documental das

imagens do tempo, segundo seus diferentes suportes físicos.

(ECKERT, 2002, p. 9).

Com a elaboração de um WEB site, também criaria outras oportunidades de

interesses e pesquisas acadêmicas, expandindo a comunicação museal, isto é, fazer uma

divulgação das peças que compõe os acervos e reservas técnicas, repassando

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informações qualificadas e contextualizadas de seus acervos etnográficos. Para Rita

Domingues-Lopes (2002), podemos pensar como formas de comunicação, o trabalho

acadêmico e o trabalho de campo do antropólogo, onde

O primeiro, estaria relacionado aos seus pares, outros

profissionais que compartilham, aos menos teoricamente, dos mesmos

princípios éticos, onde a divulgação dos resultados deve seguir um

padrão considerado pelo grupo apropriado; o segundo, no trabalho de

campo, o antropólogo deve manter diálogos com seus informantes,

considerando-os interlocutores em suas condições sociais, sem que

com isso haja uma postura senhorial ou serviçal do antropólogo

(DOMINGUES-LOPES, 2002, p.27).

:

Metodologia e noções preliminares

O acervo da Reserva Técnica do LAANF está confinado em uma sala (a

própria condição, importância e idade das peças, de certa forma, pedem esse cuidado),

sem contextualização e sem acesso. Acredito que a forma mais imediata e segura de

acesso a todas essas peças, seja a organização e produção de um acervo imagético e

sonoro e posteriormente sua exposição permanente em um WEB site, um Museu

Virtual, para transformar de forma dramática essa realidade de quase anonimato.

Atualmente, o LANNF está em análise de projeto e provavelmente entrará em

reforma e a Reserva Técnica, talvez, será ampliada. Por se tratarem de peças com quase

cinco décadas e com pouca manutenção, antes de qualquer coisa há necessidade de se

verificar o real estado das peças, fazer a higienização, conferência e reacomodação de

cada peça segundo as informações do Inventário das Coleções6. Para esta fase será

importante a parceria com o departamento de Museologia da UFPA.

Depois disso, será feita a digitalização de cada uma das peças por meio de

fotografias e de scaneamento de desenhos e fotografias, além da captação de áudio dos

tapes e revelação dos negativos que se encontram na reserva.

Na fase de fabricação do WEB site, deve-se ter a preocupação com a

organização da informação, a disposição das falas e dados, em suma com a linguagem,

pois ela é um código simbólico e as palavras são usadas para transmitir um determinado

6 (BELTRÃO et al. COLEÇÕES ETNOGRÁFICAS: INVENTÁRIO. UFPA, 2003)

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significado. Este cuidado, segundo Geysa e Bernardo (2009), foi tomado quando feito o

WEB site do museu virtual da Coleção Carlos Estevão de Oliveira:

Tanto o autor como o mediador estão carregados de subjetividade (a

palavra atua sem que tenhamos consciência do seu papel), por isso

devem-se evitar desvios na tradução de conteúdos, no contexto em

que os sujeitos trazem em sua construção e interpretação uma carga de

cultura e valores. Toda linguagem, independente da cultura tem sua

legitimidade posta no valor da comunicação. Uma mesma linguagem

pressupõe linguagens, pois quando damos signo a um objeto estamos

dando valor a este. (GALVÃO E BERNARDES, 2009, p. 8).

Uma pesquisa referente à contextualização das peças será necessária para

enriquecer as informações, para que não contenha apenas a descrição formal do objeto

como matéria-prima, tipo de trançado e dimensões, por exemplo, mas também os usos,

os significados, a importância e simbologia para o grupo de origem7. Um artefato

catalogado em um acervo é muito mais que um número de tombo ou uma vaga em uma

estante ou em uma gaveta. Por trás daquela peça confeccionada com todo cuidado por

um determinado grupo, com uma determinada forma, cor, símbolos, matéria-prima e

tamanho específico, há uma complexa rede de informação e significado que está muito

além do próprio objeto, conferindo-lhe uma estética peculiar (BERNARDO, 1990).

Depois de pronto o site, será a fase de inserção das digitalizações e dos dados

acerca das peças. Sem dúvida, um projeto bem mais elaborado e detalhado ainda será

necessário para buscar apoio e financiamento junto às instituições fomentadoras deste

tipo de projeto.

7 Minha dissertação de mestrado, em andamento, trata justamente da contextualização dos instrumentos

musicais utilizados nas religiões afro-brasileiras (tambores, agogôs e xeque-xeques) depositados na

referida reserva técnica.

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Apresentando a Reserva Técnica do LAANF: uma Fototnografia

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