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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASILCURSO DE PSICOLOGIA

PERFIL DO ESPETÁCULO: A INFLUÊNCIA DOS IDEAIS DE

IMAGEM VEICULADOS PELA MÍDIA NO PERFILIMAGÉTICO DO SOFTWARE DE SOCIABILIZAÇÃO ORKUT.

CRHISTIAN MACHADO IZAGUIRRY

SANTA MARIA - RS, 2008



1

PERFIL DO ESPETÁCULO: A INFLUÊNCIA DOS IDEAIS DE IMAGEM

VEICULADOS PELA MÍDIA NO PERFIL IMAGÉTICO DO SOFTWARE

DE SOCIABILIZAÇÃO.

por


Artigo de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Curso de Psicologia

da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA – Campus de Santa Maria, como

requisito parcial para obtenção de Grau na Disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientador: Prof. Ms. ARNALDO TONI SOUZA DAS CHAGAS

SANTA MARIA – RS, 2008.



2

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA

CURSO DE PSICOLOGIA

A COMISSÃO EXAMINADORA, ABAIXO-ASSINADA, APROVA O ARTIGO DE

CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO


VEICULADOS PELA MÍDIA NO PERFIL IMAGÉTICO DO SOFTWARE

DE SOCIABILIZAÇÃO ORKUT.

ELABORADO POR


COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU NA DISCIPLINA DETRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II.

COMISSÃO EXAMINADORA: ____________________________________________ Prof. Ms. Arnaldo Toni Souza das Chagas – Orientador

___________________________ Profª. Ms. Laura Pithan Prochnow

_______________________ Prof. Ms. Rodrigo Brito Felin

Santa Maria, novembro de 2008.



3


VEICULADOS PELA MÍDIA NO PERFIL IMAGÉTICO DO SOFTWARE DE

SOCIABILIZAÇÃO ORKUT 1

PROFILE OF THE SPECTACLE: THE INFLUENCE OF THE IDEALS OF IMAGEPROPAGATED BY THE MEDIA IN IMAGETIC PROFILE OF THE SOFTWARE OF

SOCIABILIZATION ORKUT

Crhistian Machado Izaguirry2 Arnaldo Toni Souza das Chagas3

RESUMO

Este artigo propõe refletir sobre as relações de imagem veiculadas pela mídia e suasconsiderações relacionadas com a imagem corporal no campo imagético no perfil dosoftware de sociabilização virtual Orkut. Objetivando-se estabelecer um paraleloentre imagem socialmente proposta pela mídia e a imagem corporal, utilizou-se deuma revisão bibliográfica incluindo autores do campo da comunicação e sociologiano intuito de apontarmos alguns elementos para a exemplificação na tentativa demelhor compreender a dinâmica da relação das imagens no fenômeno depopularidade Orkut.

Palavras-chave: Comunidades sociais, Imagem corporal e psicologia.

ABSTRACT

This article invite to reflect on the relations of image propagated by the media of themass communication and its considerations related with the corporal image in theimagetic field in the profile of the software of virtual sociabilization Orkut. Objectifyingestablish a parallel between image socially proposal for the media and the corporalimage, was used of a bibliographical revision including authors of the field of thecommunication and sociology in intention to point some elements with respect to theexemplification in the attempt of more good understanding the dynamics of the

relation of the images in the phenomenon of Orkut popularity.

Key words: Social community, Corporal image and psychology.

1

Artigo de conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Curso de Psicologia da UniversidadeLuterana do Brasil – ULBRA – Campus Santa Maria.2 Autor. Acadêmico do Curso de Psicologia – ULBRA – Campus Santa Maria.3 Orientador. Professor do Curso de Psicologia – ULBRA – Campus Santa Maria.



4

Introdução

Devido a forma atual de como as comunicações acontecem e os modos de

socialização virtual, que cada vez mais vem ganhando novas ferramentas de

sociabilização, propõem-se pensar que seja de grande importância trazer à luz

algumas questões sobre as novas formas de relação com a imagem do corpo e as

modas de imagem pela mídia difundidas. Entretanto, será traçada uma breve

contextualização da rede mundial de computadores bem como o surgimento da

mesma que tornou possível a interconexão de usuários das mais variadas partes do

mundo e sua intercomunicação.Ainda, referindo-se a grande rede ou internet, como é conhecida

mundialmente, serão abordadas, ainda que sucintamente, algumas questões acerca

do ciberespaço e da cibercultura com o propósito de melhor compreender seus

conceitos e espaços ocupados no contexto virtual. Adiante, será descrita uma

ferramenta de sociabilização virtual, o software Orkut, que comporta um grande

número de usuários, em sua grande maioria brasileiros, sendo que estes

relacionam-se socialmente no contexto virtual mediados por este deste programa.Isto possibilitará a compreensão da interface4 do utilizador e sua dinâmica básica de

funcionamento.

Ao passo que estas questões são colocadas, chega o momento de pensar o

perfil do utilizador como uma via de apresentar-se à cena social virtual, à sociedade

virtual. Esta “apresentação de si” (RALEIRAS, 2007), estaria permeada pelas

questões de imagem corporal relacionada às modas ditadas pela mídia, indicando

uma possibilidade para traçar considerações sobre o perfil de usuário relacionado amídia, possibilitando pensar uma dinâmica de funcionamento dos perfis relacionado

ao contexto da imagem, e esta por sua vez, permeada pelos ideais de imagem

impostos pela mídia.

4 A interface do utilizador é o conjunto de características com o qual os utilizadores interagem com as

máquinas, dispositivos, programas de computador ou alguma outra ferramenta complexa. Ela fornecemétodos para entrada, permitindo ao utilizador manipular o sistema e saída, permitindo ao sistemaproduzir os efeitos (as respostas) das ações do utilizador. Disponível em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Interface_do_utilizador. Acesso em: 01/11/2008.



5

O histórico e a contextualização do fenômeno da internet e comunidades

sociais

A internet originou-se por via do trabalho da Agência de Projetos e Pesquisa

Avançada (ARPA), do Departamento de Defesa dos EUA (CASTELLS, 1999). A

primeira rede de computadores começou a funcionar em primeiro de setembro de

1969. Esta rede chamou-se ARPANET (em homenagem a ARPA, naquele momento

então patrocinador), tendo seus quatro primeiros nós na Universidade da Califórnia e

Santa Barbara em Los Angeles, no Stanford Research Institute e na Universidade de

Utah. Esta rede estava acessível aos centros de pesquisa colaboradores do

Departamento de Defesa dos EUA, porém o uso destes sistemas começou a ser

feito para a comunicação particular, utilizando-a até mesmo para grupo de discussãosobre ficção científica (CASTELLS, 1999).

Contudo, a dificuldade em separar pesquisas militares de comunicações

científicas e conversas pessoais, fez com que o acesso a rede fosse permitido para

qualquer disciplina sendo posteriormente dividida entre ARPANET, então com fins

científicos, e a MILNET, orientada diretamente para fins militares (CASTELLS,

1999).

Por volta do ano de 1990, a invenção da WWW5

(world wide web),possibilitou-se integrar as redes6 que não eram compatíveis entre si, proporcionando

uma fácil localização de arquivos e informações desejadas, bem como formatou os

documentos que eram hospedados para a linguagem de marcação de hipertexto

(HTML), e criaram, também, um formato padronizado para os endereços o

localizador uniforme de recursos (URL) (CASTELLS, 1999). Ainda o mesmo autor

refere que, com o surgimento dos primeiros navegadores, ou mecanismos de

pesquisa, foi possível a qualquer terminal ingressar na rede mundial decomputadores. Com o advento dos novos navegadores, a internet ganhou o mundo

nascendo então a teia mundial de computadores.

A globalização e a popularização da internet, trazendo consigo inúmeras

possibilidades como a CMC (comunicação global mediada por computadores)

viabilizaram o aparecimento de fenômenos que nunca antes puderam ser

5 Software inventado no CERN – Centre Européen poour Recherche Nucleaire (Castells, 1999, p.88).6 Uma rede acontece quando os agentes, suas ligações e trocas constituem os nós e elos de redescaracterizados pelo paralelismo e simultaneidade das múltiplas ações... (Santaella, p. 89, 2003).



6

observados, bem como revolucionou o modo de comunicação influindo na cultura de

seus usuários como cita Castells:

O processo da formação e difusão da internet e das redes CMC a elaligadas nos últimos 25 anos moldou de forma definitiva a estrutura do novoveículo de comunicação na arquitetura da rede, na cultura de seus usuáriose nos padrões reais de comunicação (CASTELLS, 1999, p.441).

O ingresso da internet no cotidiano mundial e o surgimento de termos como

virtual, ciberespaço, relações fluidas, eu virtual, que são abordados por autores das

mais variadas partes do mundo como Pierre Lévy (1996, 1999), Jean Baudrillard

(1991), Manuel Castells (1999), Sherry Turkle (1997), Zygmunt Bauman (1998,

2001), Debord (1997), muito embora estejam longe de serem esgotados, convidam-nos a refletir sobre estas novas formas de socialização tão presentes em nossas

vidas. A rede mundial de computadores exibe um reflexo social na medida em que

vários comportamentos possuem seus correspondentes na rede eletrônica, como

movimentos sociais, redes de compartilhamento P2P7 (Peer to Peer ), jornais,

periódicos e, inclusive, redes sociais de relacionamento.

Nos ambientes virtuais pode-se observar que as formas de comunicação

também diferem das usuais, pois a CMC possibilita que vários interlocutores possamcomunicar-se sem que os mesmos estejam presentes fisicamente, ou seja, o tempo

está menos vinculado ao espaço promovendo relações entre “ausentes”,

geograficamente afastados, sem sequer interagir da forma clássica ou face a face.

(GIDDENS, 1991).

Os estudos e pesquisas quanto ao significado e representatividade,

enquanto fenômeno social, das comunidades sociais eletrônicas mediadas pela

internet, vem acontecendo gradualmente a medida que estes meios de socialização

vem ganhando um grande número de adeptos. Estes estudos estão longe de

alcançarem uma conclusão por ser um fenômeno muito recente para a obtenção de

resultados contundentes pela pesquisa acadêmica (CASTELLS, 1999).

Entretanto, verifica-se que apesar de esforços na direção do entendimento

da representatividade destas redes sociais eletrônicas, quanto a um impacto cultural

na forma de socialização, não há clareza quanto ao grau de sociabilidade que

7 As redes peer to peer não dependem de um servidor central e nem uma organização hierárquica.Através dessa tecnologia qualquer dispositivo pode acessar diretamente os recursos de outro, semnenhum controle centralizado possibilitando a troca de arquivos entre computadores.



7

ocorrem nestas redes, bem como as conseqüências culturais desta forma de

sociabilização (CASTELLS, 1999), pois dentro de uma rede social eletrônica existem

ainda inúmeras comunidades que podem ser freqüentadas por usuários membros da

rede que a comporta.

Neste sentido, temos as comunidades virtuais que são construídas através

de elementos em comum, afinidades, projetos que dizem respeito aos membros

possibilitando um processo cooperativo, de ajuda mútua que tem por característica a

descentralização da presença geográfica dos indivíduos, bem como questões

institucionais de filiação (LÉVY, 1999).

Para Rheingold (1996), o conceito de comunidade virtual trás algumas

implicações como a discussão, a troca, bem como o aparecimento do termosentimento como algo que motiva a perpetuação das mesmas levando adiante o que

os motiva formando teias de relações pessoais no ciberespaço.

O que para Vilches, as comunidades virtuais

São redes fechadas, auto-suficientes. (...) Se auto-regulam. Têm umadimensão ética e subjetiva, regem-se pela interdependência de interesses eafinidades... (VILCHES, 2003, p, 52).

Portanto, o conceito de comunidade virtual de Rheingold difere um pouco

quanto ao conceito de Vilches como também de Lévy, porém são compatíveis

quanto as agregações, o sentimento de pertencer a algo, projetos juntamente

desenvolvidos. Também é oportuno colocar que o ciberespaço de Rheingold diz

respeito ao espaço virtual não levando em conta as distâncias geográficas como

concorda Lévy, que as contextualiza como irrelevantes neste sentido.

Ainda, a questão da motivação em ingressar em determinada comunidade

virtual para a participação de temáticas, traz consigo a possibilidade da troca deinformações como um canal onde várias pessoas podem partilhar das mais variadas

opiniões de inúmeros outros usuários que ali aglomeram-se para que esta troca

aconteça e, conforme Lévy:

Um grupo humano qualquer só se interessa em constituir-se comocomunidade virtual para aproximar-se do ideal do coletivo inteligente, maisimaginativo, mais rápido, mais capaz de aprender e de inventar do que umcoletivo inteligentemente gerenciado (LÉVY, 1999, p, 130).



8

Observa-se que as redes sociais virtuais mais “populosas” do mundo como

MySpace e Facebook 8 , que ultrapassam a casa dos cem milhões de usuários,

segundo o site idgnow9, embora consigam abranger um número muito grande de

integrantes, são insuficientes para suprir a necessidade do contato face a face, pois

estas relações “virtuais” não substituem as relações interpessoais físicas, nem

mesmo os roteiros de viagens que ajudam a preparar (LÉVY, 1999).

Sabe-se, como reforça (CASTELLS, 1999), que as comunidades virtuais não

representam uma contrariedade quanto a existência de comunidades clássicas, face

a face, pois estas coexistem em perfeita harmonia com as comunidades físicas,

sendo estas apenas formas diferentes de comunidade, possuindo ambas um alto

grau de interação. Estas comunidades fazem parte e ajudam a povoar ociberespaço,tema que abordaremos de forma breve juntamente com a temática da

cibercultura.

O surgimento do Ciberespaço e da Cibercultura

Neste momento apresenta-se, ainda que sucintamente, as temáticas de

ciberespaço e cibercultura dada sua importância para o entendimento de onde

situam-se os sites e demais softwares hospedados on-line.A palavra ciberespaço teve seu aparecimento através da criação de William

Gibson, em um romance de ficção científica em 1984, e referia-se a um universo de

redes digitais, palco de conflitos mundiais (LÉVY, 1999).

A extensão do ciberespaço, que tem por definição “O espaço de

comunicação aberto pela interconexão mundial de computadores.” (LÉVY, 1999, p,

92), que, incluindo portanto a cibercultura, abrange uma totalidade do que há,

enquanto virtual, na rede mundial de computadores, englobando comunidadesvirtuais, sites de relacionamentos, proporcionando a virtualização da sociedade bem

como das relações sociais, possibilitando, no ciberespaço, o acesso a diversidade

dos modos de comunicação como o correio eletrônico, conferências eletrônicas,

documentos virtualizados compartilhados, sistemas avançados de aprendizagem

dentre muitos que ainda possam vir a existir no mundo virtual. Nas conferências

8 Comunidades virtuais mais populosas do Mundo.9 Disponível em: http://idgnow.uol.com.br/internet/ideia20/archive/2008/08/26/myspace-a-falsa-crise-na-rede-social-segundo-seu-coo/ . Acesso em: 20/10/2008.



9

virtuais as pessoas agora não mais conhecidas pelos nomes, região de onde vieram,

e sim pelos grupos de interesse, aos quais fazem parte.

Pode-se pensar ciberespaço como uma dimensão essencialmente

computadorizada e que nesta fazemos a informação movimentar-se em nossa busca

dentre a universalidade de dados lá presentes (HEIN apud SANTANELLA, p.100,

2003). Com isso, o usuário da rede possui a total liberdade de “navegar” em meio ao

grande número de agrupamentos virtuais, comunidades sociais a procura do fim

desejado. A partir de agora serão abordados os temas relacionados ao software

social Orkut, bem como alguns dados demográficos que situam sua importância

enquanto fenômeno social.

Acerca do software Orkut

A seguir, serão abordados os fatores históricos e demográficos do Orkut,

elucidando algumas das questões oportunas quanto ao ingresso de usuários e

demais especificidades. Segundo Weber (1987), a comunidade é qualquer espécie

de relação emocional, seja ela afetiva ou tradicional, podendo ser exemplificada por

uma relação erótica a um companheirismo de uma unidade militar. Criado pelo

engenheiro de softwares Orkut Büyükkökten, o software de relacionamentos Orkuttornou-se disponível na internet em 19 de janeiro de 2004 objetivando conectar

amigos de acordo com teoria dos seis graus de separação10. Esta teoria foi tema de

um trabalho realizado pelo psicólogo social Stanley Milgram, que desenvolveu um

experimento supondo que não mais que seis degraus separam uma pessoa de outra

usando não mais que cinco amigos.

A versão do software Orkut, logo quando foi disponibilizado online, não

permitia que qualquer pessoa ingressasse diretamente em seu sistema. Eranecessário receber um convite, através de email, de um usuário que já estivesse

cadastrado, sendo o número de convites ilimitado, possibilitando que os membros se

expandissem rapidamente dentro do dispositivo. A conceitualização de comunidade

abordada anteriormente faz-se importante neste momento, pois o que para muitos

autores o fato de os usuários somente estarem autorizados a fazerem parte a partir

de um convite coloca o Orkut em uma posição de comunidade e sendo tratado como

10Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u15468.shtml. Acesso em:01/11/2008.



10

tal nesse artigo (Moura, 2006). Com o preenchimento de um cadastro contendo

dados profissionais, pessoais e demais interesses, no campo denominado perfil, do

inglês profile , o internauta está habilitado a interagir, de acordo com seu propósito,

com outros membros já cadastrados podendo ainda criar ou ingressar em

comunidades virtuais já existentes no sistema de acordo com seu interesse.

Os dados11 do software de relacionamentos Orkut, relacionado ao número

de usuários, demonstra que o número de perfis ativos chega a atingir cerca da 60

milhões. Tomou-se o Orkut como campo para este trabalho, dentre os vários

softwares de sociabilização, por sua representatividade, sendo que 51% dos

membros são brasileiros, e deste montante, um percentual de 60,36% compõe a

faixa etária de 18 a 25 anos. Os números não podem ser considerados com exatidãoplena devido a possibilidade de criar mais de um perfil, sendo para fins profissionais

ou diversão.

Os dados divulgados pelo IBGE/PNAD apontam que 21% da população com

10 anos ou mais de idade acessaram pelo menos uma vez, em 2005, a Internet por

intermédio de computador. A pesquisa ainda indica que o acesso à Internet não está

centralizado somente no domicílio, sendo assim acessada de qualquer terminal

como em lan houses. Observa-se que com a popularização da prestação do serviçode internet por estabelecimentos comerciais, os sites deixaram de serem acessados

dos domicílios e entraram de forma mais efetiva no cotidiano do usuário.

Tratando-se de Internet, pode-se dizer em relação à mesma, que os dados

mudam a cada segundo e, no site de relacionamentos Orkut, não poderia ser de

outra forma. Os perfis cadastrados também não nos dão certeza quanto ao número

de usuários quanto a nacionalidade, pois o número de perfis é ilimitado quanto sua

criação muito embora hajam sistemas de rastreamento por IP

12

, que determina a“nacionalidade” da conexão (Moura, 2006).

Hoje o Orkut é o maior site de relacionamentos do Brasil. Assim como as

revoluções que os celulares causaram no cotidiano de seus usuários, o Orkut

revolucionou o cotidiano virtual de jovens e adultos, sendo esta uma realidade que

pode ser facilmente observada nos domicílios, nas universidades e nas empresas

11 Dados extraídos do site Orkut, disponível em: http:// www.orkut.com. Acesso em: 10/11/2008.12 Endereço IP. Este endereço é um número único para cada computador conectado à Internet,composto por uma seqüência de 4 números que variam de 0 até 255, separados por ".". Por exemplo:192.168.34.25. Disponível em: https://sac.uol.com.br/info/cartilha/glossario/index.jhtm. Acesso em:01/11/2008.



11

(Moura, 2006). A partir deste momento, abordaremos a temática das relações de

imagem em associação com o perfil do software de relacionamentos Orkut.

O perfil imagético e os ideais de imagem veiculados pela mídia

Propondo a possibilidade de pensar em algumas hipóteses acerca do perfil

do usuário, ainda que este venha a ser uma ferramenta de sociabilização nativa,

direcionado ao contexto existente enquanto virtual, é pertinente discutir o que

representa um perfil em uma determinada rede de relacionamentos. Segundo o

dicionário da língua portuguesa, perfil tem por definição a descrição de alguém com

traços mais ou menos rápidos (AURÉLIO,1980). O perfil do software social Orkut

permite fazer a apresentação de si aos demais agregados13 com a exibição deimagens e descrições próprias, tema este que será aprofundado neste momento.

Sugere-se então a proposta de repensar o perfil do usuário, mais especificamente

no campo onde o proprietário se utiliza das imagens para ilustrar sua página,

referente às questões relacionadas aos ideais sociais de imagem veiculados pela

mídia, sendo que a partir deste ponto a palavra perfil será utilizada especificamente

no sentido de representação do campo “fotos” no software Orkut, ou seja, a

descrição imagética de si. Isto traz à tona a oportunidade de refletir o papel doutilizador, que enquanto figura virtual está expondo/criando uma visão de si, já que

“projetamos nos ecrãs14 dos computadores as nossas ficções pessoais, nas quais

somos produtores, realizadores e vedetas15” (TURKLE, 1997, p.37). Neste sentido o

perfil possibilitaria a criação de algo que se deseja exibir, a construção de uma

identidade através da composição de um álbum de imagens onde se exibe o belo, o

desejado.

As linhas escritas pelo filósofo Ludwig Feuerbach, há mais de 150 anos eque parecem ser mais atuais do que na época em que foram publicadas, em seu

prefácio na obra A essência do Cristianismo , nos explicitam um pouco sobre as

relações atuais quanto a este modelo de socialização através da imagem e

representação de si quando coloca que "sem dúvida o nosso tempo […] prefere a

13 Perfis que fazem parte da lista de contatos no software de relacionamentos Orkut.14 Tela. Significado disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx. Acesso em:01/11/2008.15 Artista em destaque no elenco de uma companhia teatral ou cinematográfica. Significado disponívelem: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx. Acesso em: 01/11/2008.



12

imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao

ser" (apud DEBORD, 1997, p. 13).

Contudo, pensa-se que estas formas de relacionamento tenham uma

dinâmica bastante diferenciada quanto aos relacionamentos face a face, no sentido

de que todo o conteúdo de qualquer perfil pode ser filtrado pelo usuário antes de ser

“publicado” para a rede de agregados. Percebe-se, então, que estes possuem total

autonomia sobre as informações que venham a publicar neste espaço, permitindo

apenas o conveniente, o belo, o ideal, como concorda Raleiras:

Este tipo de software convida a uma “apresentação de si”... e impõe‑secada vez mais como um espaço de encenação do sujeito... selecionando o

que se mostra e o que se silencia, seguindo práticas comuns (RALEIRAS,2007, p.115).

Obviamente não se pode esperar que o mundo das relações virtuais seja

mais sincero ou franco que o das relações face a face, pois não sendo diferente de

outros meios, as redes sociais podem ser fraudadas com informações que não

exatamente condizem com a verdade, pois certos tipos de artimanhas como

enganações, falsos nomes, perfis falsos e demais tipos de manipulações se fazem

possíveis nestas comunidades, como também o são, sem nenhuma novidade, nasmídias clássicas como na televisão, telefone, como qualquer reunião face a face

(LÉVY 1999).

Pode-se pensar, a respeito da imagem que o perfil exibe, que existe nesta

ferramenta de relacionamentos on-line a expressão de um imaginário que, por trás

desta exibição, tem por função conferir ao usuário um sentimento de pertencimento

a algo, a determinada rede social, como um imaginário transportado do vivido para o

virtual em benefício do sentimento de fazer parte, como coloca Silva, quanto ao

imaginário para com a idéia de pertencimento como um

Reservatório, agrega imagens, sentimentos, lembranças, visões do real querealizam o imaginado, leituras da vida e, através de um mecanismoindividual/grupal, sedimenta um modo de ver, de ser, de agir, de sentir e deaspirar ao estar no mundo. O imaginário é uma distorção involuntária dovivido que se cristaliza como marca individual ou grupal” (SILVA, 2003, p.2).

Propõe-se então pensar o perfil imagético dos utilizadores como um artefato

viabilizador que proporciona este ambiente virtual de modo que o proprietário do

perfil venha ocupar um lugar de desejado. Para isso sugere-se que neste espaço o



13

usuário crie sua representação de imagem corporal vinculada a uma imagem pela

mídia colocada como “modelo social”, para que o outro possa tornar-se desejante

daquele perfil imagético, como coloca (COSTA, 2004), o que desejamos é a

obtenção do desejo do outro e nisso consiste nossa satisfação, sendo através da

realidade ou imaginação, alcançar o que antecipamos de forma imaginária.

Conforme Silva (2003) coloca, então, como vias possíveis de satisfazer-se,

através do desejo de ser desejado, o imaginário e o real. Para tanto, não aponta-se

para uma terceira possibilidade adicionando-se o virtual como tal, mas sim um

campo onde tanto o imaginário quanto o real podem agir, pois já é sabido que o

virtual não se opõe ao real, mas propicia um modo diferente de pensá-lo, imergindo

em um contexto paralelo às relações face a face, já que o virtual constitui-se em umcampo de potência, de vir a existir, e não propriamente em ato, possuindo a

tendência a atualizar-se sem sequer passar a uma concretização efetiva ou formal

(LÉVY, 1996).

Coloca-se, então, no campo da virtualidade algumas das questões

pertinentes a esta problemática da imagem corporal e ideal de imagem veiculado

pela mídia, sendo oportuno salientar, segundo (COSTA, 2004), que há uma

identidade egóica que é modelada pela imagem corporal e esta atende a demandado outro. Portanto, pode-se pensar que no contexto ao qual estamos abordando,

sendo ele orientado para a temática dos perfis de utilizadores do software de

relacionamentos Orkut, os mesmos estão voltados para atender uma demanda,

sendo esta demanda provinda de figuras significativas, figuras culturais ideais que

lhes atribuem uma completude física que corresponde a sua fantasia de perfeição

que “uma vez preso na montagem, o sujeito usará sua imagem corporal para

sustentar o interesse do outro por si” (COSTA, 2004, p.73).Cabe diferenciar aqui a imagem do corpo de esquema corporal, que adiante

colocar-se-ão questões sobre imagem corporal e imagem ideal no contexto da

mídia, visto que suas peculiaridades podem ser observadas a medida em que coloca

Dolto:

Se o esquema corporal é, em princípio, o mesmo para todos os indivíduos(aproximadamente da mesma idade, sob um mesmo clima) da espéciehumana, a imagem do corpo , em contrapartida, é peculiar a cada um: estáligada ao sujeito e à sua história. Ela é específica de uma libido emsituação, de um tipo de relação libidinal. Daí resulta que o esquema corporal é, em parte, inconsciente, mas também preconsciente e consciente,



14

enquanto que a imagem do corpo é eminentemente inconsciente, ela podese tornar em parte preconsciente, e somente quando se associa àlinguagem consciente, que utiliza de metáforas e metonímias referidas àimagem do corpo, tanto nas mínimas “linguageiras” quanto na linguagemverbal (DOLTO, 1984, p.4).

A autora citada acima aborda a imagem do corpo como sendo algo

inconsciente, distinta da concepção de esquema corporal, que seria pré-consciente

ou consciente e segundo ela esta forma de percepção neurobiológica aplica-se a

todos. A imagem do corpo possui suas particularidades no sentido de estar ligada ao

sujeito bem como a sua história, sendo sua criação expressa como linguagem.

Quando fala-se de linguagem refere-se também a comunicação, visto que

através da linguagem a mesma se estabelece. Partindo deste principio, referente aforma como os usuários do software Orkut estabelecem a relação imagética, pode-

se pensar que neste momento há uma comunicação através do álbum de fotos que

parte do principio de que a imagem corporal que não adéqua-se ao modelo social

terá que, de alguma forma, se metamorfosear levando em conta toda sua carga

subjetiva, na tentativa de uma forma de subversão no intento de criar uma nova

imagem como coloca Ferreira:

As tentativas de metamorfose do corpo poderiam ser vistas, então, comouma forma de preencher a lacuna entre a imagem corporal (a que Dolto serefere), com toda a carga de subjetividade construída ao longo da vida, euma imagem idealizada, fruto das identificações e da projeção narcísica dosujeito no mundo. Seria uma tentativa de subverter a ordem criando umanova “imagem” para o mundo e para si (FERREIRA, 2006, p.54).

Pode-se fazer uma alusão, quando o autor refere-se a criar uma nova

“imagem” para o mundo e para si, com as imagens estampadas no perfil quando o

utilizador as compõe, as elenca, seleciona quais serão “subidas16” para o Orkut. Esta

seleção de imagens vai ao encontro do que alguns autores já apontam em

determinadas obras, como as influências das mídias de massa quanto ao que é

exibido em periódicos e demais veículos de comunicação, pois:

Não é mais possível hoje abrir uma revista, admirar personagens ou heróisde nossa sociedade sem que eles estejam marcados pelo estado específicode uma exibição do gozo (MELMAN, 2004, p.16).

16 Diz-se popularmente baixar da internet sendo seu antagônico subir, fazendo referênciarespectivamente à download e upload.



15

Ainda acerca dos “ditadores da moda”, pode-se citar Fuks que coloca que “a

mídia é o operador principal desse sistema. Sem esta, afirma, o espetáculo se

esvazia” (FUKS, 1999, P.71).

Como o referido autor acima coloca, a mídia possui um papel que perpetua

essa imagem “perfeita” e evita este esvaziamento do espetáculo, como concorda

Birman (1999), pois decide o que deve ser exposto, sendo este copiado de forma

sistemática pelos “manequins” da moda. Pode-se ainda eleger como um fator de

grande importância a espera do indivíduo por um referencial norteador por parte dos

meios de comunicação de massa, um “sinal” da mídia para que esta lhe forneça um

ideal para ser copiado, como coloca a seguir:

A produção deste imaginário social se realiza de diversas maneiras, entreas quais se destaca a mídia. Sem esta o espetáculo se esvazia perdendo oseu colorido retumbante e o seu poder de captura do outro. Tanto pelas viasda televisão quanto da informática e do jornalismo escrito, a cena pública sedesenha sempre pelas imagens. Desta maneira, não se pode mais opor ooriginal e a cópia, pois o simulacro perpassa a totalidade do tecido social,constituindo uma nova concepção de realidade e do que seja o real(BIRMAN, 1999, p. 45).

Pensa-se que esta “captura do outro” aconteça também nos perfis dos

usuários, sendo estes perfis uma replicação dos ideais de imagem que a mídiaimpõe, “contaminando” assim o meio social virtual. Esta “contaminação” pode ser

observada quando os modelos midiáticos são adotados na exposição dos perfis

submetendo ao oculto o que não é belo como concorda (RALEIRAS, 2007). Dentre

estes ideais midiáticos, exemplificados através do “corpo performático”, que as

novas propostas tecnológicas propagandeiam com cirurgias, suplementos

alimentares, esteróides e demais produtos que atuam como promotores da via do

ideal de imagem está o corpo “performático” (BIRMAN, 2000), (COSTA, 2004),tecnológico, prometido pelas “novas tecnologias”, como concorda Costa:

O avanço real ou ideologizado da ciência e da tecnologia mudou o perfil daidealização da imagem corporal. Até bem pouco tempo, buscava-sealcançar no futuro a perfeição mítica do passado sentimental; hoje, imagina-se que a perfeição será conseguida pela perfectibilidade física prometidapelas novas tecnologias [...] (COSTA, 2004, p.77).

Pode-se então, com base no que foi colocado, sugerir alguns aspectos

relacionados às circunstâncias com que os indivíduos atualizam seu perfil imagético

de forma a fazer referência aos modelos veiculados pela mídia. Pensa-se que o



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individuo, a medida que os “modelos sociais” midiáticos se atualizam, acompanha

este movimento de maneira virtual, modificando suas imagens de forma a melhor

representar sua semelhança estética com atores e personagens que servem de

molde para os conceitos imagéticos, onde “o autocentramento se apresenta

inicialmente sob a forma de estetização da existência, onde o que importa para a

individualidade é a exaltação gloriosa do próprio eu” (BIRMAN, 2000, p.166).

Segundo o autor supracitado, abre-se espaço para a possibilidade de pensar

então em uma tendência, por parte do usuário em relação à exaltação da própria

imagem, ou para “adquirir” uma, e esta haverá de estar de acordo com a imediata

atualização dos padrões pela mídia ditados, implicando em uma constante

atualização, pois

...a oferta precisa diversificar-se. Os signos de reconhecimento devem serpassíveis de desinvestimento afetivo e substituíveis. Tudo deve ser light ,nada deve pesar nem fixar-se (FUKS, 1999, p. 77).

Através desta colocação, observa-se que os signos de reconhecimento não

possuem um “peso” de forma a ficarem sólidos, mas sim leves, e utilizando-se da

metáfora utilizada por (BAUMAN, 2001), tornando-os fluídos a ponto de não fixarem-

se como modelo por um período de tempo longo. Estes ideais revelam uma imagemtransitória, de difícil adaptação e que para manter-se em uma posição de desejado

através do outro, o indivíduo há de estar constantemente despendendo “cuidados”

quanto às atualizações imagéticas, como coloca Birman:

Na cultura da estetização do eu, o sujeito vale pelo que parece ser medianteas imagens produzidas para se apresentar a cena social, lambuzado pelabrilhantina eletrônica (BIRMAN, 2007, p.167).

Neste momento, a colocação mencionada acima pode ser relacionada com operfil imagético do Orkut, as questões de atualização de imagem, que ao passo de

que este é uma “descrição de si” (RALEIRAS, 2007), reflete a “imposição” dos ideais

de imagem, por parte da mídia, quando veicula os mais recentes moldes, o gabarito

que dita o padrão e logo, “força” o usuário a uma atualização de seu perfil, sendo

este um correspondente da imagem corporal expressa pela linguagem (DOLTO,

1984), que comunica através de imagens.

Pensa-se então, que os usuários desta rede de relacionamentos Orkut,quando atualizam seu perfil imagético, estão adequando-se as ditaduras da mídia,



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às referências por ela impostas de modo que o indivíduo que não acompanhe a

tendência arrisca-se ao fado de cair no esquecimento, não ser mais “visitado” em

seu perfil virtual, pois o que está instituído hoje é a “hegemonia da aparência, que

define o critério fundamental do ser e da aparência” (BIRMAN, 2000, p.167).

Contudo, estas formas de relacionar-se através de uma comunicação

imagética do perfil, da aparência, adquire, através mídia, a sua semelhança com as

celebridades, pois cultuam o provisório, a idolatria do momentâneo (COSTA, 2004).

Isto implica na condição de o usuário estar sempre em processo de renovação, de

revisão de seu referencial de imagem social ao ponto de

explorar exaustivamente o corpo até torná-lo a “cera mole”, prestes aencarnar qualquer ideal narcísico arbitrário inventado pela moda ou peloentretenimento (COSTA, 2004, p.84).

Ainda, o perfil do usuário mesmo manifestando as tendências da moda,

seguindo o modelo socialmente proposto pela mídia, as formas como os usuários

constituem seus perfis retrata a necessidade de que o outro legitime suas ‘escolhas’

imagéticas bem como o que elas representam socialmente.

Considerações finaisPode-se aqui colocar então, como hipótese, que estes perfis sustentam esta

imagem corporal virtual, vinculada aos conceitos socialmente propostos pela mídia,

na medida em que surge a possibilidade de através da visualização dos perfis dos

demais usuários, o usuário termina por contribuir consigo mesmo, como coloca

Birman:

Por meio da predação, o sujeito empreende também a estetização de seu

eu, por um outro viés, polindo seu brilho pelo cultivo infinito da admiração dooutro (BIRMAN, 2000, p. 167).

Portanto, como coloca o autor, o sujeito retroalimenta seu brilho através da

admiração do brilho do outro, ainda que consiga a satisfação através do desejo de

ser desejado (COSTA, 2004).

Ainda, uma das questões que “ficam por pensar” nesta celeuma de

subjetivações é que sujeito é esse, que identificações são essas que são

alimentadas através de uma sociedade de consumo. Talvez esta fragmentação do



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sujeito, com esta “habilidade” de trocar de identidade, de identificar-se e

“desidentificar-se”?

Longe de ser esgotada, esta problemática da imagem corporal, vinculada

aos ideais propostos pela mídia, carrega consigo muitos dos temas tratados na

atualidade bem como as patologias, não abordadas aqui, como os transtornos de

imagem que freqüentemente tomam o espaço da mídia, propondo pensar na

possibilidade de uma dinâmica dos perfis em relação aos ideais de imagem

“impostos” pela mídia, vinculados a imagem corporal nos perfis de usuário no

software social Orkut.

Ressalta-se a importância da temática da pós-modernidade e os fenômenos

sociais virtuais que ocorrem neste momento, incluindo as novas formas desubjetivação bem como a fragmentação do eu como coloca Turkle, indicando a

dificuldade de diferenciar a realidade virtual do real vivido e a multiplicidade do eu,

quando refere-se à “erosão das fronteiras entre o real e o virtual, o animado e o

inanimado, o eu unitário e o eu múltiplo” (TURKLE, 1997, p. 12). Deste modo,

dificulta ao usuário a separação entre estes dois mundos, devido a esta defasagem

entre ambos, trazendo elementos de um espaço virtual para o vivido.

Por fim, esta forma de socialização virtual que reduz as distâncias e permitea comunicação entre “ausentes” (GIDDENS, 1991), de forma a promover cada vez

mais uma pluralidade de identificações no contexto da socialização, nos convida a

pensar como concorda (RALEIRAS, 2007), não nas produções do sujeito e sim de

qual modo ele é produzido nestes discursos.



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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AURÉLIO. B. H. Médio Dicionário - Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de

Janeiro, Nova Fronteira, 1980.

BAUDRILLARD, J. Simulacros e Simulação. Lisboa: Relógio D’Água Editores,1991.

BAUMAN, Z. O Mal-estar da Pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

BIRMAN, J. Mal-estar na atualidade: a psicanálise e as novas formas desubjetivação. 6ª.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

BIRMAN, J. A psicologia na pós-modernidade – as alquimias no mal-estar daatualidade. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental. São Paulo,v. 2, n. 1, p. 35 – 49, mar, 1999.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 10ªed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

COSTA, J. F. O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral doespetáculo. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2004.

DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

DOLTO, F. A imagem inconsciente do corpo. São Paulo: Perspectiva, 1984.

FERREIRA, Francisco Romão. Os sentidos do corpo: cirurgias estéticas,discurso médico e Saúde Pública, Tese de doutorado apresentada à EscolaNacional de Saúde Pública Sérgio Arouca – ENSP Rio de Janeiro, Março de 2006.

FUKS, M.P. Mal-estar na contemporaneidade e patologias decorrentes. Psicanálisee Universidade: revista do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicanálise e doNúcleo de Pesquisa "Psicanálise e Sociedade" da PUC-SP. (9-10): 63-78, 1999.

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