a crescente desigualdade do futebol brasileiro

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A CRESCENTE DESIGUALDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO Igor Marcondes da Cruz RESUMO O trabalho aborda a crescente desigualdade do futebol brasileiro, comparando-a com o equilíbrio da liga norte-americana de football. Mostra-se que São Paulo e Rio de Janeiro dominam cada vez mais as conquistas dos campeonatos nacionais, e expõe-se a principal razão para isso: a desigualdade financeira. O exemplo da NFL é colocado para melhor compreensão da competitividade e demanda inquestionavelmente maiores desse liga em relação ao futebol brasileiro. É sugerida a alteração do status quo do futebol brasileiro, tanto em relação à divisão dos direitos de TV, como a criação de um sistema de Draft, medidas que tornariam nosso futebol mais competitivo, atrativo e, assim, rentável. Palavras-chave: Futebol Brasileiro. Desigualdade. NFL. ABSTRACT: The present article addresses the inequality in brazilian soccer, comparing it with the more balanced situation of the U.S. National Football League (NFL). It exposes the increasing dominance of the states of Sao Paulo and Rio de Janeiro, as well as its main reason: financial inequality. NFL’s example is presented for a better understanding of its unquestionable larger competitivity and demand compared to brazilian soccer. It’s sugested that the brazilian soccer’ status quo should be changed, when it comes to transmission rights sharing as well as the creation of a Draft system, means that inevitably would lead to a more attractive ergo profitable soccer. Keywords: Brazilian Soccer. Inequality. NFL. 1) Introdução O presente artigo tem como objetivo atentar a população à situação atual do futebol brasileiro. Muitos estão eufóricos com a organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, que realmente são eventos interessantes para se sediar, porém duram aproximadamente 1 mês cada um, e precisamos pensar no que teremos a partir de 2017. O que se vê no Brasil é a dominação de uma rede de televisão, soberana em relação às suas concorrentes, e que compreensivelmente exerce seu poder de dominação para adquirir todos os produtos que julga rentáveis. Porém, como se verá a seguir, os moldes da organização político- financeira do futebol brasileiro tendem a formar um oligopólio das conquistas, queda da imprevisibilidade e, portanto, queda na demanda pelo produto futebol. Inicialmente, será analisada a evolução das conquistas e segundos lugares do Campeonato Brasileiro, incluindo os torneios de 1959 a 1970, bem como as conquistas e segundos lugares da Copa do Brasil, evidenciando a crescente desigualdade entre as equipes e dominação do Eixo RJ- SP. Em seguida, será exposto o equilíbrio entre os estados e regiões norte-americanos quanto às conquistas e segundos lugares do Super Bowl, contrastando fortemente com a situação brasileira. A NFL é escolhida por ser um grande exemplo de sucesso, de modo que é irrelevante que o esporte seja diferente. Posteriormente é abordada a consequência financeira da dissolução do Clube dos Treze, intensificando a desigualdade financeira entre os clubes. É então explicada em poucas

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O trabalho aborda a crescente desigualdade do futebol brasileiro, comparando-a com o equilíbrio da liga norte-americana de football. Mostra-se que São Paulo e Rio de Janeiro dominam cada vez mais as conquistas dos campeonatos nacionais, e expõe-se a principal razão para isso: a desigualdade financeira. O exemplo da NFL é colocado para melhor compreensão da competitividade e demanda inquestionavelmente maiores desse liga em relação ao futebol brasileiro. É sugerida a alteração do status quo do futebol brasileiro, tanto em relação à divisão dos direitos de TV, como a criação de um sistema de Draft, medidas que tornariam nosso futebol mais competitivo, atrativo e, assim, rentável. The present article addresses the inequality in brazilian soccer, comparing it with the more balanced situation of the U.S. National Football League (NFL). It exposes the increasing dominance of the states of Sao Paulo and Rio de Janeiro, as well as its main reason: financial inequality. NFL’s example is presented for a better understanding of its unquestionable larger competitivity and demand compared to brazilian soccer. It’s sugested that the brazilian soccer’ status quo should be changed, when it comes to transmission rights sharing as well as the creation of a Draft system, means that inevitably would lead to a more attractive ergo profitable soccer.

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Page 1: A CRESCENTE DESIGUALDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO

A CRESCENTE DESIGUALDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO

Igor Marcondes da Cruz

RESUMO O trabalho aborda a crescente desigualdade do futebol brasileiro, comparando-a com o equilíbrio da liga norte-americana de football. Mostra-se que São Paulo e Rio de Janeiro dominam cada vez mais as conquistas dos campeonatos nacionais, e expõe-se a principal razão para isso: a desigualdade financeira. O exemplo da NFL é colocado para melhor compreensão da competitividade e demanda inquestionavelmente maiores desse liga em relação ao futebol brasileiro. É sugerida a alteração do status quo do futebol brasileiro, tanto em relação à divisão dos direitos de TV, como a criação de um sistema de Draft, medidas que tornariam nosso futebol mais competitivo, atrativo e, assim, rentável. Palavras-chave: Futebol Brasileiro. Desigualdade. NFL.

ABSTRACT: The present article addresses the inequality in brazilian soccer, comparing it with the more balanced situation of the U.S. National Football League (NFL). It exposes the increasing dominance of the states of Sao Paulo and Rio de Janeiro, as well as its main reason: financial inequality. NFL’s example is presented for a better understanding of its unquestionable larger competitivity and demand compared to brazilian soccer. It’s sugested that the brazilian soccer’ status quo should be changed, when it comes to transmission rights sharing as well as the creation of a Draft system, means that inevitably would lead to a more attractive ergo profitable soccer. Keywords: Brazilian Soccer. Inequality. NFL.

1) Introdução

O presente artigo tem como objetivo atentar a população à situação atual do futebol brasileiro. Muitos

estão eufóricos com a organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, que

realmente são eventos interessantes para se sediar, porém duram aproximadamente 1 mês cada um,

e precisamos pensar no que teremos a partir de 2017.

O que se vê no Brasil é a dominação de uma rede de televisão, soberana em relação às suas

concorrentes, e que compreensivelmente exerce seu poder de dominação para adquirir todos os

produtos que julga rentáveis. Porém, como se verá a seguir, os moldes da organização político-

financeira do futebol brasileiro tendem a formar um oligopólio das conquistas, queda da

imprevisibilidade e, portanto, queda na demanda pelo produto futebol.

Inicialmente, será analisada a evolução das conquistas e segundos lugares do Campeonato

Brasileiro, incluindo os torneios de 1959 a 1970, bem como as conquistas e segundos lugares da

Copa do Brasil, evidenciando a crescente desigualdade entre as equipes e dominação do Eixo RJ-

SP.

Em seguida, será exposto o equilíbrio entre os estados e regiões norte-americanos quanto às

conquistas e segundos lugares do Super Bowl, contrastando fortemente com a situação brasileira. A

NFL é escolhida por ser um grande exemplo de sucesso, de modo que é irrelevante que o esporte

seja diferente. Posteriormente é abordada a consequência financeira da dissolução do Clube dos

Treze, intensificando a desigualdade financeira entre os clubes. É então explicada em poucas

Page 2: A CRESCENTE DESIGUALDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO

palavras a questão do revenue sharing da National Football League, principal razão para o sucesso

da liga de futebol americano dos EUA.

É explicada em linhas gerais a origem e funcionamento do sistema de Drafts na NFL, e é

apresentada uma sugestão para o nosso futebol, com algumas adaptações necessárias devido às

diferenças estruturais entre as categorias de base da NFL (essencialmente universidades) e do

futebol brasileiro (dentro dos próprios clubes). Por fim são feitas as considerações finais, com apelo à

mídia, federações, população e governo, que esqueçam o time que torcem e zelem pela

competitividade do futebol brasileiro.

2) A dominação do Eixo RJ-SP no futebol brasileiro

A seguir será exposta a evolução dos títulos e vicecampeonatos dos Campeonatos Brasileiros e

Copas do Brasil, fazendo a divisão por estados, para evidenciar a desigualdade entre as regiões do

país.

2.1) Campeonato Brasileiro

Reunindo todas as edições do Campeonato Brasileiro disputados desde 1959 até 2011 (incluindo

Taça Brasil, Torneio Roberto Gomes Pedrosa e Taça de Prata), houve 55 competições, das quais

São Paulo venceu 28, ou seja, 50,91%, enquanto o Rio de Janeiro venceu 14, ou seja 25,45%.

Portanto, a cada 4 campeonatos nacionais, 3 são vencidos pelo Eixo RJ-SP, sendo 2 paulistas e 1

carioca, e 1 por um clube do resto do Brasil.

A tendência paulista, entre os campeões, é de alta (Figura 1), bem como a tendência do Eixo RJ-SP

(Figura 2). Por conseguinte, em ambos os casos, a tendência do Resto do país é de queda.

Somando também os vice-campeonatos aos números anteriores, São Paulo figura em 46,36% das

ocorrências (51 vezes das 110 possíveis), ou seja, em média, todo ano um paulista está entre os dois

primeiros (Figura 3). Já o Rio de Janeiro aparece em 20,91% das ocorrências, ou seja, 23 vezes das

110 possíveis (Figura 4).

Portanto, a cada 3 anos, entre os 6 clubes que figuram entre os dois primeiros, 4 são do Eixo RJ-SP.

A tendência paulista, considerando campeões e vice-campeões, é de forte alta desde os anos 1980,

bem como a tendência do Eixo RJ-SP, similar, porém menos volátil. Por conseguinte, em ambos os

casos, a tendência do Resto do país foi de ascensão até os anos 1980 e, desde então, é de forte

queda.

Page 3: A CRESCENTE DESIGUALDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO

Figura 1 – Evolução paulista nas conquistas de Campeonatos Brasileiros (1959-2011)

Figura 2 – Evolução do Eixo RJ-SP nas conquistas de Campeonatos Brasileiros (1959-2011)

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Figura 3 – Evolução paulista nas conquistas e segundos lugares de Campeonatos Brasileiros (1959-

2011)

Figura 4 – Evolução do Eixo RJ-SP nas conquistas e segundos lugares de Campeonatos Brasileiros

(1959-2011)

15,0%

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35,0%

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Polinômio (Resto)

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2.2) Copa do Brasil

Desde 1989, ano de sua primeira edição, até 2012, a Copa do Brasil teve 24 edições, das quais São

Paulo venceu 8, ou seja, 33,3% (Figura 5), enquanto o Rio de Janeiro venceu 4, ou seja, 16,67%.

Portanto, a cada duas edições, uma é vencida por um clube do Eixo RJ-SP. A tendência paulista,

entre os campeões, é de alta, bem como a tendência do Eixo RJ-SP (Figura 6). Por conseguinte, em

ambos os casos, a tendência do Resto do país é de queda.

Somando também os vice-campeonatos aos números anteriores, São Paulo figura em 25% das

ocorrências (12 vezes das 48 possíveis), ou seja, em média, a cada dois anos, um paulista é finalista

(Figura 7). Já o Rio de Janeiro aparece em 22,92% das ocorrências, ou seja, 11 vezes das 48

possíveis (Figura 8). Portanto, em média, todo ano há um representante do Eixo RJ-SP na final da

Copa do Brasil.

A tendência paulista, considerando campeões e vice-campeões, é de alta, bem como a tendência do

Eixo RJ-SP. Por conseguinte, em ambos os casos, a tendência do Resto do país é de queda. Os

dados apresentados abaixo deixam claro que, além de São Paulo e Rio de Janeiro possuírem forte

domínio das conquistas do futebol brasileiro, esse domínio vem apresentando tendência de

crescimento.

Figura 5 – Evolução paulista nas conquistas de Copas do Brasil (1989-2012)

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Figura 6 – Evolução do Eixo RJ-SP nas conquistas de Copas do Brasil (1989-2012)

Figura 7 – Evolução paulista nas conquistas e segundos lugares de Copas do Brasil (1989-2012)

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Figura 8 – Evolução do Eixo RJ-SP nas conquistas e segundos lugares de Copas do Brasil (1989-

2012)

3) O equilíbrio do Super Bowl

Agora será exposta a evolução dos títulos e vicecampeonatos do Super Bowl (final da NFL), também

fazendo a divisão por estados, para comparar a clara desigualdade brasileira com o equilíbrio

norteamericano.

O Censo oficial dos EUA divide o país em quatro regiões. Dentre os estados com ao menos uma

presença em uma edição de Super Bowl, são estas as regiões: Região 1 (Nordeste) –

Massachusetts, New York e Pennsylvania; Região 2 (Centro-Oeste) – Illinois, Indiana, Minnesota,

Missouri, Ohio e Wisconsin; Região 3 (Sul) – District of Columbia, Florida, Georgia, Louisiana,

Maryland, North Carolina, Tennessee e Texas; Região 4 (Oeste) – Arizona, California, Colorado e

Washington.

Desde 1967, o Super Bowl já teve 45 edições (até 2011). A Região 1 venceu 13 vezes e foi vice 12

vezes, a Região 2 venceu 8 vezes e foi vice 11 vezes, a Região 3 venceu 14 vezes e foi vice 12

vezes, e a Região 4 venceu 10 vezes e foi vice outras 10 vezes. Portanto, não se observa a

desigualdade presente no futebol brasileiro. E, como ilustrado nos gráficos a seguir (Figuras 9 e 10),

não há tendência clara de aumento/diminuição de dominância das regiões. Veja também que a

dominação dos estados na NFL (Figura 12) é muito menos evidente que no futebol brasileiro (Figura

11).

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Page 8: A CRESCENTE DESIGUALDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO

Figura 9 – Evolução das regiões dos EUA nas conquistas do Super Bowl (1967-2011)

Figura 10 – Evolução das regiões dos EUA nas conquistas e segundos lugares do Super Bowl (1967-

2011)

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Região 1

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Região 3

Região 4

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Figura 11 – Estados com mais títulos e vice-campeonatos nacionais (1959-2012)

Figura 12 – Estados com mais títulos e vice-campeonatos do Super Bowl (1967-2011)

SP

RJ

RS

MG

BA

PR

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SC DF GO

California

Pennsylvania

New York

Texas

ColoradoFlorida

Massachusetts

District of

Columbia

Wisconsin

Minnesota

Missouri

Maryland

Illinois

IndianaOhio

ArizonaGeorgia

Louisiana

N. Carolina TennesseeWashington

Page 10: A CRESCENTE DESIGUALDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO

4) Futebol Brasileiro X Super Bowl

Até a crise de 2011, o Clube dos Treze que negociava os contratos de TV do futebol brasileiro e

estabelecia a divisão entre os clubes. Como se verá a seguir, tal divisão já não era igualitária, porém

com a dissolução dessa entidade, a desigualdade aumentou drasticamente (Figura 13).

No contrato válido de 2006 a 2008, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, São Paulo e Vasco formavam

o Grupo 1, com receita de R$ 21 milhões por ano; O Santos estava sozinho no Grupo 2, com receita

anual de R$ 18 milhões; o Grupo 3 era formado por Atlético-MG, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense,

Grêmio e Internacional, cada um recebendo R$ 15 milhões por ano; América-MG, Atlético-PR,

Figueirense, Goiás, Juventude, Náutico, Paraná e Sport formavam o Grupo 4, recebendo R$ 11

milhões por ano.

Após os acordos individuais, os contratos com a Globo, válidos até 2015, apenas Corinthians e

Flamengo integram o Grupo 1, recebendo R$ 114 milhões por ano; Palmeiras, Santos, São Paulo e

Vasco, no Grupo 2, receberão R$ 70 milhões por ano; Atlético-MG, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense,

Grêmio e Internacional formam o Grupo 3, recebendo R$ 47 milhões anualmente; o Grupo 4, com

Atlético-PR, Bahia, Coritiba, Goiás, Guarani, Portuguesa, Sport e Vitória, recebe R$ 30 milhões por

ano.

Note que o Grupo 2 praticamente não variou, porém os Grupos 3 e 4 perderam participação para o

Grupo 1. Antes, o Grupo 1 recebia 91% a mais que o Grupo 4, 40% a mais que o Grupo 3 e 17% a

mais que o Grupo 2. Agora recebe 280% a mais que o Grupo 4, 143% a mais que o Grupo 3 e 63% a

a mais que o Grupo 2. O Grupo 2, que antes recebia 20% a mais que o Grupo 3 e 64% a mais que o

Grupo 4, agora recebe 49% a mais que o Grupo 3 e 133% a mais que o Grupo 4. O Grupo 3, que

antes recebia 36% a mais que o Grupo 4, agora recebe 57% a mais.

Para se compreender o impacto desses valores acima expostos nas contas dos clubes, é oportuno

citar Receita Bruta do Futebol de alguns clubes, por exemplo, em 2010: Corinthians R$ 138 milhões,

Flamengo R$ 110 milhões, Santos R$ 96 milhões, Cruzeiro R$ 88 milhões, Vasco R$ 83 milhões,

Atlético-MG R$ 80 milhões, Botafogo R$ 52 milhões, Coritiba R$ 30 milhões. Ou seja, os novos

contratos de TV, por si só, têm valores próximos aos das antigas receitas anuais dos clubes com o

futebol e, portanto, terão claro impacto nas contas desses clubes.

O modelo mais justo (e interessante à competitividade do campeonato) seria a divisão igualitária dos

contratos de transmissão. Fazendo uma conta simples, chega-se ao montante de R$ 1,03 bilhão nos

quatro grupos (R$ 228 milhões divididos entre dois times no Grupo 1, R$ 280 milhões divididos entre

quatro times no Grupo 2, R$ 282 milhões divididos entre seis times no Grupo 3 e R$ 240 milhões

divididos entre oito times no Grupo 4). Dividindo esse montante igualmente pelas 20 equipes, cada

uma receberia R$ 51,5 milhões anualmente.

Page 11: A CRESCENTE DESIGUALDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO

Figura 13 – Participação dos grupos de clubes na receita com direitos de transmissão de TV, antes e

depois da dissolução do Clube dos Treze

Ao calcular a correlação dos valores dos novos contratos acima expostos e o número de torcedores,

chega-se a 95,43%, ou seja, quanto mais torcedores uma equipe possui, mais dinheiro este receberá

referente aos direitos de transmissão de TV. Do ponto de vista da Rede Globo, ao menos no curto

prazo, isso é natural, pois se faz um cálculo de oferta e demanda (quanto maior a demanda pelos

jogos de um time, mais dinheiro este deverá receber pelos direitos de TV). Porém, se os times com

maiores torcidas recebem mais dinheiro, deverão, via de regra, conquistar mais títulos, gerando mais

torcedores, mais renda e ainda mais títulos, formando um círculo virtuoso para essa minoria, porém

vicioso para os outros clubes e para o futebol brasileiro, pois quanto menos candidatos ao título um

campeonato possui, menos valorizado ele é (DA CRUZ, 2010).

Agora voltemos nossas atenções à NFL. As franquias têm suas receitas divididas em shared

(compartilhadas) e retained (retidas). Em 2009, cada franquia recebeu US$ 96 milhões pelos

contratos com as redes CBS, NBC, ESPN e Fox, desde os grandes, como os Dallas Cowboys (cidade

com mais 1,2 milhão de pessoas), até os pequenos, como os Green Bay Packers (cidade com

população de 110 mil pessoas). Quanto aos ingressos, excluindo os setores de luxo dos estádios,

60% da renda é retida. Dos 40% restantes, 34% são divididos igualmente pelas equipes, e os outros

6% são retidos pelo time da casa para cobrir despesas.

A renda da empresa NFL Properties, empresa que administra os licenciamentos das 32 franquias, é

também dividida igualmente entre elas. Cada franquia retém sua renda com patrocínios, anúncios e

renda resultante das vendas em suas lojas, bem como estacionamentos, concessões e mídia local.

Esse sistema “socialista”, ironicamente no país símbolo do capitalismo, é a principal causa da força

da NFL, sua competitividade e o interesse que ela desperta. Uma fala que representa o pensamento

por trás de tudo isso é a do dono dos Buffalo Bills (cidade de 261 mil pessoas, um dos menores

mercados da liga), Ralph Wilson, em junho de 2011, simbolizando a preocupação com a

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Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Antes

Depois

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competitividade da liga: “A renda não-compartilhada está crescendo e tem que ser abordada, senão

mercados como Buffalo não conseguirão competir”.

A tabela da NFL comporta jogos, via de regra, às segundas, quintas e domingos, mas não são todos

vendidos à mesma emissora. Vendem-se cinco pacotes diferentes, de modo que no último contrato

assinado, vigente de 2014 a 2021, a CBS pagará anualmente US$ 1 bilhão pelos jogos da AFC

(American Football Conference), a Fox US$ 1,1 bilhão pelos jogos da NFC (National Football

Conference), a ESPN US$ 1,9 bilhão pelos jogos às segundas (jogos mais demandados) e a NBC

pagará US$ 950 milhões pelos jogos aos domingos, sendo que a rede da própria NFL transmitirá os

jogos às quintas.

Diferentemente da NFL, o futebol brasileiro apresenta um monopólio televisivo e uma divisão

extremamente desigual dos direitos de transmissão entre os clubes. Isso, infelizmente, faz com que a

tendência do nosso futebol seja a de que cada vez menos equipes diferentes vençam os

campeonatos nacionais, formando um oligopólio das conquistas, levando à depreciação das

competições. Para mudar isso, alguém teria que desafiar a Rede Globo por uma divisão mais

igualitária dos direitos de transmissão, bem como a venda desses direitos a mais de uma emissora.

São possíveis forças para a mudança do status quo: a população, a mídia, as federações e o

governo.

Enquanto 21% da população não torce para nenhum clube, 30% torce para os quatro grandes de São

Paulo e 22% para os quatro grandes do Rio. Portanto, 27% da população (100%-30%-22%-21%)

torce para clubes além dos 8 grandes do Eixo RJ-SP. Assim, uma disputa apenas através da

população provavelmente não seria suficiente para mudar os rumos do nosso futebol. Porém, do

ponto de vista dos estados, seriam 25 (24 mais o Distrito Federal) contra 2 (Rio de Janeiro e São

Paulo), de modo que se cada federação estadual se unisse à torcida e à mídia, poderia ser gerada

uma aliança poderosa rumo à socialização e salvação do futebol brasileiro.

Quanto às emissoras concorrentes, supondo que haja a vitória da aliança citada acima, e assim as

rodadas fossem fatiadas em pacotes, poderá haver a seguinte situação: os jogos mais atrativos são

alocados aos domingos, de modo que o pacote seja mais caro, sendo provavelmente comprado pela

Globo. Porém, ao fazer essa divisão, proporciona-se às outras emissoras, que não teriam condições

de comprar o campeonato inteiro, a oportunidade de também investir no futebol, concentrando seus

esforços em um pacote com jogos menos importantes, portanto mais barato. Assim: 1) Globo compra

os jogos de domingo por R$ X milhões; 2) Record compra os jogos de quarta por R$ Y milhões; 3)

Bandeirantes compra os jogos de sábado, por R$ Z milhões. Nesse cenário, provavelmente X>Y e

X>Z, porém (X+Y+Z)/20 provavelmente resultará em montante maior do que os R$ 51,5 milhões para

cada clube que calculamos acima.

A outra saída, se o mercado não for capaz de se ajustar, seria a intervenção do governo, que deverá

deixar de lado as pressões do Eixo RJ-SP em prol de um bem maior, uma vez que todos ganharão no

futuro, se uma liga mais competitiva for lograda.

Page 13: A CRESCENTE DESIGUALDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO

5) Draft: Por que não?

O primeiro Draft da história se deu no futebol americano, mais precisamente na liga dos Estados

Unidos, a NFL, no ano de 1935. O sistema foi criado por De Benneville "Bert" Bell, com o intuito de

equilibrar a NFL. Bell propôs o sistema ainda quando era dono dos Philadelphia Eagles, cargo que

ocupou de 1933 a 1940. Em 1940, vendeu os Eagles e comprou os Pittsburgh Steelers, que vendeu

em 1946, quanto foi eleito commissioner (encarregado, delegado) da NFL. O Draft passou a ser

utilizado por outros esportes anos depois, conforme a competitividade da NFL fazia com que o

interesse do público crescesse em detrimento dos outros esportes. Em 1947, a NBA (National

Basketball Association, liga de basquete americana) adotou o sistema, em 1963 foi a vez da NHL

(National Hockey League, liga de hóquei americana/canadense) e em 1965 a MLB (Major League

Baseball, liga de baseball americana).

O Draft da NFL é composto por 7 rodadas de escolhas. Em cada rodada, as 32 franquias escolhem

um jogador cada para contratar. A primeira a escolher é a franquia com pior campanha na temporada

anterior, seguida pela franquia com a segunda pior campanha, e assim em diante até que a franquia

campeã faça sua escolha. As escolhas podem ser trocadas por jogadores ou mesmo por outras

escolhas (Exemplo: Em 2009, os Chicago Bears passaram aos Denver Broncos sua primeira e

terceira escolhas do ano, bem como sua primeira escolha de 2010 mais o jogador Kyle Orton, tudo

em troca do Quarterback (posição análoga ao jogador “camisa 10” no futebol) Jay Cutler mais a

quinta escolha dos Broncos no ano).

Ocasinalmente, um jogador não tem interesse em jogar pela franquia que lhe escolheu, seja por ela

não conseguir pagar o que ele quer, ou por ele querer jogar por uma franquia maior (Exemplo: Eli

Manning, em 2004, arrastou as negociações por algum tempo após ser escolhido pelos San Diego

Chargers, até que os New York Giants o adquiriram em troca do jogador Phillip Rivers e várias

escolhas no próximo Draft).

Outro tipo de Draft, este no futebol, é o que ocorre na MLS (Major League Soccer, liga de futebol

americana/canadense). Lá há também o draft que colhe jogadores das universidades, mas o tipo

mais interessante para a discussão é o Expansion Draft, que ocorre quando uma nova franquia entra

na liga. Nesse caso, cada equipe tem o direito de proteger 11 de seus jogadores, sendo que os

outros podem ser escolhidos pela entrante, que tem o direito de escolher 10 jogadores, desde que

apenas um de cada equipe.

Como o futebol brasileiro não opera no sistema de franquias, e as categorias de base são as

“fábricas” de jogadores, não as universidades, talvez seja difícil, num primeiro momento, imaginar o

funcionamento de um dos sistemas acima aqui. Porém, isso é sim possível, desde que haja vontade

de criar uma liga mais competitiva e emocionante. Não há apenas um modo de fazê-lo, por isso será

exposta aqui apenas uma sugestão, inspirada em uma matéria do site TheOffside.com.

As equipes teriam o direito de proteger uma certa quantidade de seus jogadores, sendo que os que

não estiverem nessa lista poderão ser escolhidos no Draft para contratação por empréstimo por

outras equipes. Os jogadores sem contrato vigente podem ser escolhidos para contratação definitiva.

Considerando que quatro equipes sobem da Série B à Série A, a quarta equipe da Série B será a

primeira a escolher no Draft, seguida da terceira, segunda e da campeã. Em seguida, o 16º colocado

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da Série A escolhe (uma vez que o 17º, 18º, 19º e último colocados da Série A foram rebaixados),

seguido pelo 15º, 14º etc, até que o campeão da Série A faça sua escolha. Outras decisões acerca

do regulamento deverão ser estabelecidas, sendo as mais óbvias as seguintes: 1) o Draft terá N

rodadas; 2) as equipes são obrigadas a aceitar as ofertas de empréstimo pelos jogadores não-

protegidos; 3) a equipe que escolheu o jogador para contratar por empréstimo deverá pagar X% de

seu salário, enquanto a equipe a quem ele pertence deverá pagar (X-1)%.

6) Considerações Finais

Como foi visto, o futebol brasileiro é muito desigual financeira e esportivamente e, havendo gestão

competente, o sucesso financeiro implica sucesso esportivo e vice-versa, gerando, com o tempo, um

oligopólio das conquistas. Viu-se também que tal desigualdade vem crescendo ao longo das

décadas, e a dissolução do Clube dos Treze tende a alavancar esse processo. O exemplo da NFL

deixa claro que há modo muito melhor de se organizar um campeonato, com maior socialização

financeira e parceria entre as equipes, pois é compreendido que uma liga é tão forte quanto seu

integrante mais fraco. As torcidas dos clubes de fora do Eixo RJ-SP, bem como dos clubes menores

dentro dele, devem se unir às federações dos outros 25 estados e à mídia, em prol de mudanças no

futebol brasileiro, para competições mais imprevisíveis, emocionantes, atrativas e, portanto,

lucrativas.

7) Referências Bibliográficas

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