a contribuição do pronaf para a elevação da produtividade do setor agrícola de pernambuco

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A Contribuição do PRONAF para a elevação da Produtividade do setor agrícola de Pernambuco Ewerton Felipe de Melo Araujo 1 Diana Oliveira Pessoa 2 Área de Pesquisa: Economia Agrícola Resumo O objetivo fundamental do trabalho é Analisar a eficiência do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) na elevação da produtividade dos produtores rurais do estado de Pernambuco a partir de sua criação. De forma geral a análise dos dados a respeito do crescimento do montante financiado pelo programa e da elevação da produtividade agrícola estadual mostram a ausência de força por parte do Pronaf para gerar um ganho produtivo permanente na agricultura do estado. Entre outras questões climáticas e eventuais, constata-se que a recente urbanização do estado e a mudança do foco produtivo do setor agrícola para o setor terciário são fatores determinantes na ineficiência do Pronaf quanto à elevação da produtividade. Isso ocorre porque grande parte dos financiamentos do programa acaba por se dirigir a outros tipos de atividades relacionadas com a agricultura familiar, como turismo regional, agroindústria, artesanato e etc. Os baixos incentivos que o agricultor beneficiário do programa tem para manter um modo de produção mais eficiente após o recebimento do crédito também tem papel importante nos resultados pouco eficientes observados nos dados. Palavras-chaves: PRONAF, setor agrícola, credito, desenvolvimento rural. 1 Graduando em Economia pela UFPE CAA. [email protected] 2 Graduanda em Economia pela UFPE CAA. [email protected] 1ª JORNADA DE ECONOMIA APLICADA

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O objetivo fundamental do trabalho é Analisar a eficiência do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) na elevação da produtividade dos produtores rurais do estado de Pernambuco a partir de sua criação. De forma geral a análise dos dados a respeito do crescimento do montante financiado pelo programa e da elevação da produtividade agrícola estadual mostram a ausência de força por parte do Pronaf para gerar um ganho produtivo permanente na agricultura do estado. Entre outras questões climáticas e eventuais, constata-se que a recente urbanização do estado e a mudança do foco produtivo do setor agrícola para o setor terciário são fatores determinantes na ineficiência do Pronaf quanto à elevação da produtividade. Isso ocorre porque grande parte dos financiamentos do programa acaba por se dirigir a outros tipos de atividades relacionadas com a agricultura familiar, como turismo regional, agroindústria, artesanato e etc. Os baixos incentivos que o agricultor beneficiário do programa tem para manter um modo de produção mais eficiente após o recebimento do crédito também tem papel importante nos resultados pouco eficientes observados nos dados.

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Page 1: A Contribuição do PRONAF para a elevação da Produtividade do setor agrícola de Pernambuco

A Contribuição do PRONAF para a elevação da Produtividade do

setor agrícola de Pernambuco

Ewerton Felipe de Melo Araujo1

Diana Oliveira Pessoa2

Área de Pesquisa: Economia Agrícola

Resumo

O objetivo fundamental do trabalho é Analisar a eficiência do Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) na elevação da produtividade dos

produtores rurais do estado de Pernambuco a partir de sua criação. De forma geral a

análise dos dados a respeito do crescimento do montante financiado pelo programa e da

elevação da produtividade agrícola estadual mostram a ausência de força por parte do

Pronaf para gerar um ganho produtivo permanente na agricultura do estado.

Entre outras questões climáticas e eventuais, constata-se que a recente urbanização do

estado e a mudança do foco produtivo do setor agrícola para o setor terciário são fatores

determinantes na ineficiência do Pronaf quanto à elevação da produtividade. Isso ocorre

porque grande parte dos financiamentos do programa acaba por se dirigir a outros tipos

de atividades relacionadas com a agricultura familiar, como turismo regional,

agroindústria, artesanato e etc. Os baixos incentivos que o agricultor beneficiário do

programa tem para manter um modo de produção mais eficiente após o recebimento do

crédito também tem papel importante nos resultados pouco eficientes observados nos

dados.

Palavras-chaves: PRONAF, setor agrícola, credito, desenvolvimento rural.

1 Graduando em Economia pela UFPE – CAA. [email protected]

2 Graduanda em Economia pela UFPE – CAA. [email protected]

1ª JORNADA DE ECONOMIA APLICADA

Page 2: A Contribuição do PRONAF para a elevação da Produtividade do setor agrícola de Pernambuco

1ª JORNADA DE ECONOMIA APLICADA 2012

1. INTRODUÇÃO

O Brasil vem sofrendo mudanças cada vez mais revolucionárias no modo de

produção agrícola e também nas relações existentes dentro do processo produtivo.

Pensando nisso, o governo federal vem, desde longas datas, criando novos projetos e

novas ideias para suprir as necessidades encontradas na agricultura familiar brasileira.

Pode-se mostrar que, Principalmente na região nordeste, houve várias

modificações e incentivos para aprimorar e fomentar o plantio por parte das famílias, já

que essa é a região que apresenta os maiores índices de fome e pobreza do país. Além

das famílias ainda sofrerem com as secas que assolam a região e deterioram a situação

daqueles que dependem exclusivamente da agricultura. No entanto, em alguns casos,

como mostra Chiechelski (2005) os projetos implantados pelo Governo não conseguem

suprir as necessidades das famílias e apenas servem como transferência de renda para

que os beneficiados possam suprir sua necessidade de consumo imediato e não

fornecem meios que mantenham a produtividade elevada.

Partindo do fato de o PRONAF ser um credito produtivo orientado, busca-se

analisar o quanto o crédito direcionado aos agricultores adiciona de conhecimento e

aprimoramento dos processos produtivos, refletindo-se em elevação duradoura da

produtividade das famílias beneficiadas, e o quanto ele serve apenas como melhoria

imediata de seu nível de consumo, não gerando o efeito planejado.

Este trabalho destina-se a analisar tais pressupostos a respeito dos resultados do

Pronaf, medindo as alterações na produtividade dos agricultores a partir da criação do

programa em 1996. Para isto, será delimitado o estado de Pernambuco como foco e o

período entre 1986 e 2008 como marco temporal, por abranger uma década anterior e

mais de uma posterior à implantação do programa.

Neste contexto, Para alcançar o objetivo principal foram trilhados objetivos

específicos que vão desde definir a área de atuação e as características básicas de

financiamento do programa; avaliar os efeitos do programa na produção dos

beneficiados e no nível de renda do setor, centrando a análise no estado de Pernambuco

e finalmente comparar o crescimento da produtividade pernambucana antes e depois da

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1ª JORNADA DE ECONOMIA APLICADA 2012

criação do Pronaf para determinar o quanto desta é determinada pela concessão de

credito do programa.

2. REFERENCAL TEÓRICO

Pode-se resumir as principais características do PRONAF, com base no

Ministério do Desenvolvimento Agrário, (2009) destina-se a dar crédito a produtores

rurais de diversos níveis de renda em que, a cada nível se considera um grupo específico

de concessão de crédito. A cada faixa de renda as características do financiamento se

alteram, de acordo com a política adequada para cada faixa.

As principais funções a que se destina o montante financiado são:

- Investimento em projetos técnicos que demonstrem retorno financeiro e capacidade de

pagamento suficiente do empreendimento;

- Investimentos na infraestrutura que levem a melhoramentos na produção agropecuária

em relação a processamento e comercialização da produção, e em áreas relacionadas

como o extrativismo, produtos artesanais e a exploração de turismo rural, entre outros.

Os valores disponibilizados para os agricultores variam de acordo com os

Grupos e Linhas ao qual o produtor se enquadra. Usando o exemplo do PRONAF B, ao

qual este se deterá a trabalhar, ainda segundo o (Ministério do Desenvolvimento

Agrário, 2009), tem um crédito de até 2000,00 por operação, emprestado a taxa de 0,5%

ao ano com um bônus de adimplência (que só será conseguido para aqueles que pagam

seu empréstimo em dia) de 25% aplicado em cada parcela, limitado até os primeiros

4000,00, e ainda se beneficiam de um prazo de carência de até 1 ano, com amortização

de até 2 anos.

A família beneficiada pelo programa, também participará do Programa de

Garantia de Preços da Agricultura Familiar terá o beneficio de o governo garantir uma

indexação do financiamento a um preço de garantia igual ou próximo do custo de

produção. Assim sendo quando a diferença entre o preço de mercado (comercialização)

estiver abaixo do preço de garantia, então o produtor terá um desconto em seu saldo

devedor do financiamento, podendo ter a garantia de cumprir com seus custos de

produção.

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1ª JORNADA DE ECONOMIA APLICADA 2012

Ao analisar a literatura que circunda o tema estudado, depara-se com uma

grande quantidade de trabalhos relacionados ao PRONAF, dentro destes há imensa

variedade com relação ao foco que cada um aborda, que vai desde avaliações dos

resultados do programa, tema onde encaixa-se o presente artigo, até estudos que tratam

das instituições envolvidas na concessão do crédito, como (COSTA, 2006), e dos

modelos de concessão de crédito e financiamento ai empregados, como

(BITTENCOURT, MAGALHÃES, & ABRAMOVAY, 2005), que indica a instrução

como uma forma de elevar a participação das famílias no sistema financeiro.

No caso da avaliação dos resultados obtidos pelo programa, destaca-se o

trabalho de (ALTAFIN & DUARTE, 2000), onde é investigada a relação entre o

programa governamental de concessão de microcrédito e o desenvolvimento sustentável

do setor agrícola familiar. As considerações a que chegam os autores indicam que,

apesar da elevação da participação do público alvo no sistema financeiro (resultado

alcançado êxito nos primeiros cinco anos de programa), a concentração por região e por

produção compensa negativamente os efeitos gerados pelo PRONAF. Em suma de

acordo com os autores, o programa não gera avanços em termos de mudança do modelo

de produção agrícola, apenas complementa o modelo vigente com alguns incrementos

de sustentabilidade.

Outro trabalho importante de se destacar é o de (ANJOS & CALDAS, 2003) que fazem

uma análise semelhante a esta para o caso do estado do Rio Grande do Sul. Utilizando

de dados primários e realizando estudos de caso com agricultores da região, os autores

concluem que existe sim uma diferenciação social entre os produtores beneficiados pelo

PRONAF, assim como detectam a presença de outros fatores que mostram contradições

do programa em termos do público alvo atingido e dos objetivos que supostamente

deveriam nortear a ação do governo.

3. METOLOGIA

Deve-se, primeiramente, identificar o presente trabalho como de natureza

indutiva, ou seja, parte-se dos fatos verificados no mundo real, neste caso os dados das

famílias beneficiadas pelo Pronaf, para chegar a uma conclusão teórica baseada nestes.

Segundo (Marconi & Lakatos, 2007) A indução é a estratégia de pesquisa que se opõe à

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1ª JORNADA DE ECONOMIA APLICADA 2012

dedução, esta por sua vez parte de teorias preexistentes para, através de proposições

lógicas, obter uma conclusão sobre determinado tema.

Também pode-se caracterizar o trabalho como estatístico indutivo, uma vez que

nos basearemos em dados relacionados à concessão de crédito do Pronaf para obter

resultados que comprovem, ou não, a hipótese de que o programa não obtém resultados

concretos quanto à manutenção de uma elevação da produtividade dos agricultores

familiares. Para isso, usar-se-á estatística descritiva e inferencial para obter-se

conclusões a respeito das alterações das variáveis representativas do cenário estudado

ao longo do tempo.

Os dados utilizados são as taxas de crescimento do valor da produção da

agricultura no estado de Pernambuco, da concessão de crédito do Pronaf, e para fins de

comparação da produção agrícola total. Tais dados foram retirados do Instituto de

pesquisa econômica aplicada (IPEA) e no banco de dados SIDRA do Instituto brasileiro

de Geografia e estatística (IBGE), e refletem a situação da agricultura familiar nas

últimas duas décadas (de 1986 a 2008).

4. RESULTADOS

Partindo dos dados sobre o desempenho da agricultura no estado, a Tabela 1

mostra as taxas de crescimento em dois períodos, imediatamente anterior e

imediatamente posterior à implantação do Pronaf. É também feita uma comparação com

o crescimento da produção a nível nacional.

Tabela 1: Crescimento antes e depois da implantação do Pronaf

Período

1986-1995

Período

1996-2008

Crescimento da Produção

Agrícola em Pernambuco -10%

-35,15%

Crescimento da Produção

Agrícola Brasileira 29,48%

68,39%

Fonte: Elaboração Própria com dados do IPEADATA

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Como é possível de se ver, a elevação do crescimento a nível nacional não é

acompanhada pela produção agrícola estadual. Houve inclusive redução na taxa de

crescimento de um período para o outro, de -10% para -35,15% mostrando que, mesmo

com a implantação do Pronaf, a produtividade da agricultura não conseguiu ser

estimulada eficientemente, tanto que os demais fatores a levaram a se reduzir.

Outra importante análise que pode ser feita é a comparação gráfica anual entre

tais taxas de crescimento. O gráfico 1 compara a elevação no valor realizado pelo

Pronaf, a partir de sua implementação em 1996, com o crescimento da produtividade

estadual. Esta análise é relevante por

Gráfico 1: Crescimento dos financiamentos o Pronaf e da produção agrícola

estadual

Fonte: Elaboração Própria com dados do IPEADATA

Pode-se observar que não há semelhanças entre os movimentos das duas

variáveis, ou seja, os momentos onde há maior elevação da concessão de crédito não são

acompanhados por uma elevação na produtividade nos anos posteriores (o que seria de

esperar caso o programa tivesse elevada eficiência, dado que as safras demoram um

tempo para dar retorno com uma produção mais alta). Um exemplo é o caso do ano

1998, primeiro ano do Pronaf, onde já foi liberada grande quantidade de recursos. Nos

anos subsequentes, onde se esperaria um aumento na produção devido ao maior acesso

dos produtores ao capital (usado inclusive com acompanhamento dos órgãos

financiadores), não há nenhum crescimento significativo, apenas as oscilações naturais

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

Taxa de Crescimento dovalor Financiado peloPronaf

Taxa de Crescimento daProdução agrícola estadual

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do setor, oriundas de outros fatores. De forma semelhante, períodos de queda na

produção, como em 2002 não aconteceram devido a cortes nos valores financiados.

Pode-se inclusive conjecturar que o aumento dos financiamentos nos anos 2003 e 2004,

se deram para repor as perdas geradas pela queda na produtividade no ano anterior, mas

não se perdurando pelos anos subsequentes, como vemos pela queda produtiva de 2005.

Outro fator que expõe a ausência de força no crédito do Pronaf quanto à

produtividade agrícola do estado são os casos particulares de ápices na produção do

estado, que não estão associados ao crédito. O exemplo principal é o caso do ano de

1994, onde a produtividade teve um aumento de 69,7% em relação ao ano anterior,

número expressivo se comparado até à própria produção nacional, cujo aumento foi de

apenas 7,44% no mesmo período. Esse ano, como pode-se perceber pelo próprio gráfico

1, foi anterior à criação do Pronaf, ainda assim nenhuma taxa tão elevada foi registrada

após a implantação do programa (pelo contrário, após 1996 a maior taxa de crescimento

foi de 17,38% em 2008), o que mostra a não influencia do credito orientado na elevação

da produção pernambucana.

Para entender-se o porquê de tal fato deve-se ter em mente que a agricultura

brasileira em sua totalidade, tem sofrido diversas modificações tanto estruturais como

conjunturais, ao passar dos anos. O progresso tecnológico aliado às pesquisas para

desenvolvimento genético das plantas e dos animais tornando-os mais resistentes às

pragas causadoras de percas substanciais aos agricultores e pecuaristas brasileiros tem

ajudado a aumentar a produção brasileira em termos totais.

As regiões Brasileiras são díspares, tanto na cultura, na tradição popular, no jeito

das pessoas se socializarem, como também na agricultura constatamos diferenças de

caráter decisivo para a determinação da produção agrícola da região. A região nordeste

é a mais castigada pelas secas, detentora de um solo de difícil trato, e pouco produtiva,

em sua maioria, possuindo apenas algumas áreas com produtividade elevada, regiões

serranas e próximas à faixa litorânea onde a chuva e a umidade são presentes na maior

parte do ano.

Pernambuco em sua história, como destaca o trabalho de (Lima, Sicsú , &

Padilha, 2009) teve sua economia embasada na produção agrícola e pecuária, com

participação do setor de serviços e também do setor industrial, que vem se

desenvolvendo desde a instalação do Porto de Suape, e dos investimentos privados nas

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cidades metropolitanas e na capital, além de se fazer presente em várias cidades do

interior do estado. Contudo, o panorama vem se modificando gradativamente ao longo

do tempo. A agricultura e a pecuária não são mais os setores de maior participação na

produção estadual. As mudanças ocorridas na estrutura econômica e produtiva do estado

causaram ao setor agrícola quedas que de forma definitiva transformaram a economia

Pernambucana.

Segundo o (Condepe/Fidem, 2012) o PIB de Pernambuco de 2009 teve a

participação do setor agrícola com apenas 4,8% do valor adicionado total, com o setor

de serviços sendo o de maior participação com 73,2% do valor adicionado total.

Mostrar-se-á agora alguns motivos que explicam o porquê de o PRONAF não contribuir

para o aumento permanente na renda dos agricultores beneficiados, não se tornando

algo que modificou a estrutura do modo de produção agrícola pernambucano.

O Programa, direcionado aos agricultores e pecuaristas da agropecuária familiar

e não familiar criado com a intenção de fomentar o desenvolvimento e o fortalecimento

da agricultura familiar, tem ajudado não só o setor agropecuário como se destinava em

sua origem, mas também a outros setores, como podemos verificar nos resultados

divulgados pelo (Banco do Nordeste do Brasil, 2012) em uma comparação com os

resultados de 2011 e janeiro de 2012 onde o setor de serviços é o mais beneficiado pelo

crédito, o que mostra que mesmo com o programa tendo sido criado em seu princípio

para o fomento basicamente da agricultura e pecuária familiar, com as conseguintes

liberações de crédito por parte dos bancos públicos, outras linhas de crédito do Pronaf

se abriram, para alcançar o maior número de beneficiários possíveis, sendo eles

agricultores, ou não.

Fatores como o êxodo rural, o investimento cada vez maior na construção civil,

impulsionando a urbanização acelerada do estado, o investimento na educação dos

pernambucanos, as oportunidades cada vez maiores de emprego na zona urbana,

empregos estes com remunerações cada vez maiores, e a diminuição das terras

plantáveis pelo avanço da zona urbana ao espaço da zona rural são contribuintes a queda

da produção agrícola dos municípios pernambucanos, o que, por conseguinte, afeta

negativamente os agricultores familiares que tendo a disposição, incentivos para

produzir e plantar, não conseguem apenas com ele alcançar níveis mais altos de

produção.

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1ª JORNADA DE ECONOMIA APLICADA 2012

5. CONCLUSÕES

Pode-se concluir que, no estado de Pernambuco, o Pronaf não tem conseguido,

ao longo de sua trajetória, elevar permanentemente a produtividade do setor agrícola. Os

motivos para isso passam pela a maior urbanização que o estado vem sofrendo nas

ultimas décadas, e pelo maior investimento no setor industrial (impulsionado pelo Porto

de Suape), o que reduzem os investimentos no setor agrícola se comparado ao resto do

país. No entanto o principal motivo para haver inclusive queda na taxa de crescimento

de 1986/1996 para 1996/2008 é a grande participação dos serviços no PIB do estado,

representando quase três quartos em 2008. Tal fato faz com que os financiamentos do

próprio Pronaf se destinem muitas vezes para projetos não agropecuários, como o

turismo ou o artesanato.

Em suma, o Programa não alcança o objetivo de elevar permanentemente a

produtividade da agricultura porque o foco dos investimentos estaduais tem saído da

produção agrícola nos últimos anos e migrado para os setores industrial e de serviços, o

que faz com que uma parte não tão grande do credito concedido pelo Pronaf seja

alocado na produção agrícola. Além disso, corrobora o fato de que a maioria dos

produtores agrícolas beneficiários não tem incentivos para continuar modernizando seu

método de produção após a obtenção do crédito, já que não há acompanhamento no

longo prazo por parte dos órgãos concessores, o que faz com que a produtividade deste

agricultor individual se eleve apenas no curto prazo, voltando aos níveis anteriores

quando ele retorna aos antigos métodos.

REFERENCIAL

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Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF.

Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia, 40-64.

Page 10: A Contribuição do PRONAF para a elevação da Produtividade do setor agrícola de Pernambuco

1ª JORNADA DE ECONOMIA APLICADA 2012

ANJOS, F. S., & CALDAS, N. V. (2003). Agricultura familiar e políticas públicas: O

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http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Pronaf/relatorios_e_resultados/gerados

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BITTENCOURT, G. A., MAGALHÃES, R., & ABRAMOVAY, R. (2005). Informação

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Chiechelski, P. C. (2005). Avaliação de programas sociais: abordagens quantitativas e

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Condepe/Fidem. (2012). Composição, participação setorial e taxa de crescimento do

Produto Interno Bruto – PIB de Pernambuco ‐ 2009 . Acesso em 20 de Maio de

2012, disponível em Condepe Fidem:

http://www2.condepefidem.pe.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=79db54

5f-c063-42a6-824a-68b3bd358b6c&groupId=19941

COSTA, F. B. (2006). Estabelecidos e outsiders no crédito rural: o caso do PRONAF.

Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 44.

Lima, J., Sicsú , A. B., & Padilha, M. G. (2009).

Economia de pernambuco: transformações recentes

e perspectivas no contexto regional globalizado. Unicap.

Marconi, M. d., & Lakatos, E. M. (2007). Fundamentos de Metodologia Científica. São

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Ministério do Desenvolvimento Agrário. (2009). Ministério do Desenvolvimento

Agrário - Secretaria da agricultura familiar. Acesso em 29 de abril de 2012,

disponível em Site do Ministério do Desenvolvimento Agrário:

http://www.mda.gov.br/portal/saf/programas/pronaf