a construção do vínculo com o leitor: um estudo do contrato de leitura da agência pública

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo IV Encontro Nacional de Jovens Pesquisadores em Jornalismo Santa Cruz do Sul – UNISC – Novembro de 2014 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: 1 A construção do vínculo com o leitor: um estudo do contrato de leitura da Agência Pública Rafael Rangel Winch 1 Viviane Borelli (orientador) 2 Resumo: Os processos de midiatização da sociedade propiciam o surgimento de variadas inicia- tivas no campo do jornalismo. Muitas delas enunciam-se como alternativas aos tradicionais modelos de comunicação. Este cenário inclui a Pública Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo, que produz conteúdos a partir do financiamento de entidades do Terceiro Setor e dos próprios leitores. Nesse sentido, o presente estudo busca evidenciar como a agência constrói o seu contrato de leitura por meio da análise de marcas discursivas que remetem a essa constru- ção. A partir dos conceitos de contrato de leitura e contrato de comunicação, propostos respecti- vamente por Eliseo Verón e Patrick Charaudeau, pretende-se investigar como se configuram as relações entre Pública e seus leitores. Palavras-chave: Jornalismo; Discurso; Contrato de leitura; Midiatização; Agência Pública. 1. O contrato de leitura no jornalismo O objetivo do artigo é investigar como a Pública Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo constrói vínculos com seus leitores através de estratégias dis- cursivas que remetem à proposição de um contrato de leitura singular. Para isso, discu- te-se inicialmente os conceitos de contrato de leitura, de Eliseo Verón e contrato de comunicação, de Patrick Charaudeau. Recorre-se aos contributos teóricos desses autores e utiliza-se estudos realizados por outros pesquisadores, como Antônio Fausto Neto e 1 Acadêmico do 8º semestre do curso de Comunicação Social Jornalismo, Universidade Federal de Santa Maria UFSM. Bolsista PET Comunicação Social. E-mail: [email protected] 2 Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos. Profes- sora do Departamento de Ciências da Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática, Universidade Federal de Santa Maria UFSM. E-mail: [email protected]

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A construção do vínculo com o leitor: um estudo do contrato de leitura da Agência Pública

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Santa Cruz do Sul – UNISC – Novembro de 2014

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1

A construção do vínculo com o leitor: um estudo do contrato de leitura da Agência Pública

Rafael Rangel Winch 1

Viviane Borelli (orientador) 2

Resumo: Os processos de midiatização da sociedade propiciam o surgimento de variadas inicia-

tivas no campo do jornalismo. Muitas delas enunciam-se como alternativas aos tradicionais

modelos de comunicação. Este cenário inclui a Pública – Agência de Reportagem e Jornalismo

Investigativo, que produz conteúdos a partir do financiamento de entidades do Terceiro Setor e

dos próprios leitores. Nesse sentido, o presente estudo busca evidenciar como a agência constrói

o seu contrato de leitura por meio da análise de marcas discursivas que remetem a essa constru-

ção. A partir dos conceitos de contrato de leitura e contrato de comunicação, propostos respecti-

vamente por Eliseo Verón e Patrick Charaudeau, pretende-se investigar como se configuram as

relações entre Pública e seus leitores.

Palavras-chave: Jornalismo; Discurso; Contrato de leitura; Midiatização; Agência Pública.

1. O contrato de leitura no jornalismo

O objetivo do artigo é investigar como a Pública – Agência de Reportagem e

Jornalismo Investigativo constrói vínculos com seus leitores através de estratégias dis-

cursivas que remetem à proposição de um contrato de leitura singular. Para isso, discu-

te-se inicialmente os conceitos de contrato de leitura, de Eliseo Verón e contrato de

comunicação, de Patrick Charaudeau. Recorre-se aos contributos teóricos desses autores

e utiliza-se estudos realizados por outros pesquisadores, como Antônio Fausto Neto e

1 Acadêmico do 8º semestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo, Universidade Federal de

Santa Maria – UFSM. Bolsista PET Comunicação Social. E-mail: [email protected]

2 Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Profes-

sora do Departamento de Ciências da Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação

Midiática, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. E-mail: [email protected]

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Marcia Benetti. O artigo também integra as questões estudadas no projeto de pesquisa

“Produção e circulação da notícia: as interações entre jornais e leitores” 3 e no Trabalho

de Conclusão de Curso em desenvolvimento: „„ O Jornalismo Investigativo no discurso

da Agência Pública‟‟.

Na atual sociedade em processo de midiatização (VERÓN, 1997), o jornalismo,

enquanto instituição social (FRANCISCATO, 2005), bem como gênero discursivo par-

ticular (BENETTI, 2008), produz diversos sentidos sobre si e também sobre outros

campos. Nesse movimento de construção de sentidos, projeta-se uma imagem sobre si

mesmo. Dessa forma, surge „„a consolidação de um ethos jornalístico, o dizer sobre si

que também diz, evidentemente, o que deve ser lido sobre si‟‟ (BENETTI, STORCH,

2011, p.10).

A representação da imagem de si faz parte de um acordo entre duas instâncias

historicamente definidas no jornalismo: a produção e o reconhecimento. Este acordo é

definido por Verón (2004) como contrato de leitura:

O conceito de contrato de leitura implica que o discurso de um suporte de

imprensa seja um espaço imaginário onde percursos múltiplos são propostos

ao leitor; uma paisagem, de alguma forma, na qual o leitor pode escolher seu

caminho com mais ou menos liberdade, onde há zonas nas quais ele corre o

risco de se perder ou, ao contrário, que são perfeitamente sinalizadas (VE-

RÓN, 2004, p. 236).

Para o autor, o contrato de leitura é constituído por meio de um dispositivo de

enunciação, que seria formado por um enunciador, um destinatário e pela relação entre

ambos, proposta no e pelo discurso. Verón (2004), também postula que todo produzido

midiático possui um contrato de leitura, que será posto em prática através de operações

discursivas entre as instâncias da produção e do reconhecimento.

De acordo com Fausto Neto (2007, p.3), o contrato é estruturado pelas „„regras,

estratégias e políticas de sentidos que organizam os modos de vinculação entre as ofer-

tas e recepção dos discursos midiáticos, que se formalizam nas práticas textuais‟‟. Este

3 A pesquisa é realizada com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico, por meio da Chamada 43/2013 - Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas.

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acordo é a maneira dos enunciadores pressuporem os seus leitores nas instâncias discur-

sivas. Fala-se em pressupor, pois o receptor é ativo.

A partir dessa visão, Verón (2004) prefere o termo reconhecimento ao invés de

recepção. O autor também explica que a eficácia de um contrato de leitura depende,

essencialmente, de três fatores: propor um contrato que se articule corretamente às ex-

pectativas, motivações, interesses e os conteúdos do imaginário; fazer evoluir seu con-

trato de leitura de modo que se possa seguir a evolução sociocultural dos leitores e mo-

dificar seu contrato de leitura se a situação exigir, fazendo de uma maneira coerente

(VERÓN, 2004).

Ainda no que diz respeito à relação entre as instâncias da produção e do reco-

nhecimento, se coloca como fundamental a compreensão de que “todo produto mediáti-

co que seja algo mais que uma aparição súbita e fugaz, repousa sobre um contrato (im-

plícito, não formalizado), que expressa a articulação, mais ou menos estável, entre ofer-

ta e demanda” (FAUSTO; VERÓN,2003, p.21).

A discussão sobre o conceito de contrato de leitura também envolve os termos

enunciado e enunciação, que são diferenciados por Verón (2004):

Convém não separar o conceito “de enunciação” do par do qual ele é um dos

termos: enunciado/enunciação. A ordem do enunciado é a ordem do que é di-

to (aproximadamente poder-se-ia dizer que o enunciado é da ordem do “con-

teúdo”); a enunciação diz respeito não ao que é dito, mas ao dizer e suas mo-

dalidades, os modos de dizer. (VERÓN, 2004, p.216)

A definição do autor permite compreender que „„é no trabalho da enunciação

que os jornalistas produzem discursos‟‟(VIZEU, 2002, p.2). Nos contratos de leitura

jornalísticos, as modalidades do dizer são essenciais para a construção ou desconstrução

de vínculos com o público, uma vez que o „„como se diz, último elemento do contrato,

refere-se a uma série de estratégias discursivas, preocupadas fundamentalmente com a

garantia do efeito de verdade e, por consequência, da credibilidade de quem enun-

cia‟‟(BENETTI, 2008, p. 15). Assim, veículos que produzem conteúdos sobre assuntos

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semelhantes irão se distinguir não no dito (enunciado), mas sim nas modalidades do

dizer (enunciação).

2. Comunicação como troca

Outro estudioso da perspectiva contratual da comunicação é Patrick Charaudeau.

Seu pensamento em relação às instâncias de produção e reconhecimento se assemelha à

visão de Eliseo Verón em relação à inclusão do sujeito no processo discursivo. Confor-

me Charaudeau:

O necessário reconhecimento recíproco das restrições da situação pelos par-

ceiros da troca linguageira nos leva a dizer que estes estão ligados por uma

espécie de acordo prévio sobre os dados desse quadro de referência. Eles se

encontram na situação de dever subscrever, antes de qualquer intenção e es-

tratégia particular, a um contrato de reconhecimento das condições de reali-

zação da troca linguageira em que estão envolvidos: um contrato de comuni-

cação. (CHARAUDEAU, 2006, p.68)

Entretanto, o autor, que utiliza o termo contrato de comunicação ao invés de

contrato de leitura, apresenta conceitos específicos para entender a relação entre campo

midiático e suas audiências. Para Charaudeau (2006), o contrato resulta de dados exter-

nos e também das características discursivas decorrentes, os dados internos. Os primei-

ros dados referem-se àqueles constituídos pelas regularidades comportamentais dos in-

divíduos que efetuam as trocas. As constantes e regularidades das trocas são corrobora-

das em discursos de representação, „„que lhes atribuem valores e determinam assim o

quadro convencional no qual os atos de linguagem fazem sentido‟‟ (CHARAUDEAU,

2006, p. 68). Os dados externos são agrupados em quatro tipos de condições produção

linguageira: a condição de identidade dos parceiros engajados na troca, referente aos

„„traços identitários que interferem no ato da comunicação‟‟; a condição de finalidade,

relacionada com a organização de um ato de linguagem a partir de um objeto específico;

a condição de propósito, que diz respeito à construção de sentidos em universos basea-

dos em determinado „„macro-tema‟‟ e a condição de dispositivo, que possibilita que o

ato de comunicação se construa de forma particular. (CHARAUDEAU 2006, p. 69 e p.

70).

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Já os dados internos, se referem às características discursivas decorrentes dos

dados externos. Eles estão relacionados aos modos de dizer (CHARADEAU, 2006,

p.70). Esses dados constituem as restrições discursivas dos atos de comunicação e são

colocados em três espaços de comportamentos linguageiros: o espaço de locução, o

espaço de relação e o espaço de tematização. No primeiro espaço, o sujeito falante deve

justificar por que tomou a palavra, bem como identificar o destinatário. O espaço de

relação, por sua vez, é onde o locutor estabelece relações de força ou aliança, agressão

ou convivência, inclusão ou exclusão com o interlocutor. Já o espaço de tematização é o

lugar que trata ou organiza o domínio(s) do saber e o tema (s) da troca. Nesse sentido, o

sujeito falante deve escolher um modo de organização discursivo particular conforme o

tema imposto pelo contrato (CHARAUDEAU, 2006).

Charaudeau também discute a diferenciação estrutural dos contratos de comuni-

cação, levando em conta os suportes nos quais estão inseridos. Dessa forma, „‟é fácil

compreender que as reações intelectivas e afetivas do público não são as mesmas de

uma mídia a outra (...) (CHARAUDEAU, 2006, p. 78). Outro contributo importante do

autor refere-se às estratégias que tencionam o contrato de comunicação: a visada de

informação e a visada de captação. A primeira consiste em fazer saber, ou seja, infor-

mar o cidadão sobre o que acontece no mundo social. Trata-se de responder as clássicas

perguntas do lide jornalístico, problematizando as respostas. Por outro lado, a visada de

captação é da ordem do fazer sentir. Logo, é uma estratégia direcionada a seduzir, emo-

cionar, sensibilizar o público. É a partir dessa busca por atrair a audiência que ocorre a

tensão no contrato, pois, „„o efeito produzido por essa visada encontra-se no extremo

oposto ao efeito de racionalidade que deveria direcionar a visada de informação.

(CHARAUDEAU, 2006, p.92).

Na sociedade em processo de midiatização, „„as mídias se valem de estratégias

discursivas, ou seja, estratégias de imagem, para assegurarem os seus lugares de produ-

toras de sentidos‟‟ (FOSSÁ; RIBEIRO, 2010, p. 6). As estratégias discursivas possuem

a função de ordenar as operações de linguagem a fim de produzir efeitos de sentidos.

Para Charaudeau (2008), a noção de estratégia de discurso repousa na hipótese de que o

sujeito falante concebe, organiza e encena suas intenções. Assim, produz determinados

efeitos sobre o sujeito interpretante para levá-lo a se identificar, de forma consciente ou

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não, com o sujeito destinatário ideal construído pelo enunciador, por meio de contratos

de reconhecimento.

3. Agência Pública e sua relação com o leitor

Atualmente, o campo jornalístico é marcado por diversas transformações, que inclu-

em novas estratégias de fidelização da audiência e processos de convergência no ambi-

ente digital. Esse contexto estimula o surgimento de iniciativas jornalísticas com origem

e propósitos distintos. Muitas delas são alternativas à produção da mídia tradicional,

como a Pública – Agência de Jornalismo Investigativo e Reportagem, que desde 2011,

produz conteúdos para livre publicação, sem fins lucrativos, através financiamento de

entidades do Terceiro Setor e dos próprios leitores. Sendo assim, a agência é classifica-

da como uma Organização Não-Governamental (ONG). Pública também veicula repor-

tagens de parceiros internacionais com os quais trabalha em colaboração. Entre as prin-

cipais características da agência, destaca-se a produção de reportagens de interesse pú-

blico.

Pública é apontada por alguns jornalistas como um novo modelo de jornalismo, ou

pelo menos como um modelo exemplar, diferente dos convencionais. Conforme o jorna-

lista Carlos Castanho4, a organização é um dos raros projetos que atualmente tenta um

novo modelo de exercício do jornalismo. Em entrevista, a jornalista Natalia Viana5, uma

das diretoras da agência, explica que o trabalho da Pública privilegia a competência de

narrar os fatos em detrimento do texto opinativo.

Assim como todo suporte midiático, Pública cria estratégias específicas para a cap-

tura de mais leitores. Nesse sentido, a agência busca estabelecer uma audiência que

acesse e também divulgue seus conteúdos produzidos. O contrato de leitura da organi-

4 Texto publicado no Observatório de Imprensa em 20 de junho de 2012:

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/posts/view/a_aposta_da_agencia_publica_num_novo_modelo

_de_jornalismo

5 Entrevista concedida ao site Instituto Humanitas Unisinos 28 de janeiro de 2014:

http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/527682-o-jornalismo-na-era-dos-creative-commons-entrevista-

especial-com-natalia-viana

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zação é estruturado em diversos espaços, como veremos a seguir. O presente estudo

optou por analisar fragmentos de distintas ações de Pública a fim de evidenciar algumas

estratégias discursivas utilizadas para construir relações com os leitores.

4. Buscando vínculos com o leitor

No site da agência, a aba quem somos é um dos principais espaços em que Pú-

blica mostra-se e constitui o seu ethos. Ali, é destacado seu pioneirismo em relação ao

modelo de jornalismo praticado no Brasil, bem como sua independência de instâncias

públicas e privadas. A compreensão de que „„o jornalismo, desde uma perspectiva dis-

cursiva, organiza-se a partir de uma enunciação que considera a relação com o outro‟‟

(BENETTI, STORCH, 2011, p.3), permite observar a constante busca de identificação

com os leitores no discurso da organização através desta página.

Percebe-se que, a fala da agência vai ao encontro dos princípios do jornalismo

investigativo e de interesse público. Há, inclusive, menção direta aos direitos humanos,

incluindo o direito à informação. Ao falar de si, Pública oferece „„índices de observa-

ção‟‟ (STORCH, 2012) do leitor com quem negocia sentidos.

Logo, o enunciado sobre si também projeta um público, pois „„o produtor do dis-

curso não só constrói seu lugar os seus lugares no que diz, fazendo isso, ele define

igualmente seu destinatário‟‟ (VERÓN, 2004, p. 218).

Nossa missão é produzir reportagens de fôlego pautadas pelo interesse públi-

co, sobre as grandes questões do país do ponto de vista da população – visan-

do ao fortalecimento do direito à informação, à qualificação do debate demo-

crático e à promoção dos direitos humanos. (Agência Pública/grifos nossos)6

Outro modo de constituir-se perante os leitores se refere ao esclarecimento da

forma como a organização produz seus conteúdos, bem como o que se dedica a reportar.

„„Nestas condições, chama atenção para um conjunto de mecanismos que dizem respeito

às próprias rotinas produtivas, que deixando de ser privadas ao „ambiente jornalístico‟,

são oferecidas ao mundo do leitorado ‟‟ (FAUSTO NETO, 2008, p. 8).

As linhas de investigação da agência são descritas a fim de reafirmar seu com-

promisso com o interesse público e social. O rigor na apuração, um dos preceitos mais

6 http://apublica.org/quem-somos/ Acessado em 23 de julho de 2014.

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clássicos do jornalismo investigativo, também está presente no discurso de sua repre-

sentação.

Todas as nossas reportagens são feitas com base na rigorosa apuração dos

fatos e têm como princípio a defesa intransigente dos direitos humanos. Nos-

sos principais eixos investigativos são: os preparativos para a Copa do Mun-

do de 2014; megainvestimentos na Amazônia; e a ditadura militar. (Agência

Pública/grifos nossos)

O movimento de falar sobre si também projeta um leitor imaginário (ORLANDI,

1993), que pode ser apreendido através de variadas estratégias de captação (CHARAU-

DEAU, 2006), como os enunciados desta página, que falam dos valores e objetivos da

agência, visando uma identificação com o público.

Ainda no site da agência, na parte intitulada Doe para a Pública, o discurso as-

socia a independência jornalística da organização com a colaboração da sociedade. Des-

sa forma, convocam-se os leitores para atuarem no financiamento de reportagens e, con-

sequentemente, na gestão de um bom jornalismo, um dos principais objetivos de Públi-

ca. Nota-se que, o leitor é colocado em dois planos: como colaborador financeiro do

projeto e também como público interessado em acessar o conteúdo produzido pela or-

ganização:

Para nós, o jornalismo não está em crise – está em renovação. A Pública

acredita na reportagem. E no repórter. (...) Acreditamos que o bom jornalis-

mo é essencial para uma melhor democracia. Para manter a nossa indepen-

dência, contamos com a colaboração de apoiadores diversos. Seja um deles!

A Pública – e o nosso público – agradecem! (Agência Pública/grifos nossos)

O discurso dirigido especialmente ao leitor não se restringe aos textos verbais

publicados no site. Em vídeo produzido pela agência, em 2013, destaca-se o enunciado

estamos convidando você para fazer jornalismo com a gente. Ao propor o financiamen-

to coletivo, Pública não está apenas convidando o leitor a doar dinheiro para a produção

de suas reportagens, o que é uma de suas principais singularidades enquanto organiza-

ção jornalística. Essa ação também situa o leitor como agente social detentor de certo

espaço privilegiado no fazer jornalístico da agência.

No convite, Pública denota que pressupõe que seus leitores se interessam em

construir conteúdos, uma vez que, os colaboradores podem votar na lista de pautas do

projeto. Neste mesmo vídeo, ainda há o enunciado Participe. A sua ajuda, além de valer

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muito, ainda vale o dobro, que valoriza e exalta o apoio financeiro por parte dos leito-

res.

(Figura 1) Vídeo institucional de divulgação da Agência Pública

Em outro vídeo, também publicado em 2013, a agência divulga seu novo site.

Nele, os leitores são convidados a conhecer os bastidores da produção jornalística. No-

vamente, a organização constrói seu contrato de leitura baseado na familiarização do

público com o tipo de jornalismo praticado, através de chamadas para uma parte especí-

fica do site. Entre os enunciados, destaca-se o Da Redação: saiba como é fazer jorna-

lismo independente, que chama o público para determinada área do site, onde é possível

ler textos sobre o próprio processo de produção das reportagens da agência.

Os vídeos institucionais são suporte para as mensagens sobre o trabalho da orga-

nização. Ou seja, se configuram como dispositivos – e ao mesmo tempo estratégias –

para permitir o reconhecimento (as trocas) entre instâncias de produção e recepção

(CHARAUDEAU, 2006).

Historicamente, a questão da independência dos veículos de comunicação foi as-

sociada às noções de objetividade, equilíbrio e imparcialidade. Nesse sentido, Pública

busca mostrar aos leitores como as suas reportagens estão ancoradas em uma produção

independente e confiável. Dessa forma, também não se ignora que a „„falta de transpa-

rência nos condicionantes de produção é um dos principais problemas do campo jorna-

lístico‟‟ (MEDITSCH, 1997). A agência se apoia em alguns imaginários que circulam

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na sociedade, como a confiabilidade e credibilidade (CHARAUDEAU, 2006), para

atingir as expectativas do público.

O contrato de leitura entre Pública-leitor também é construído através das pró-

prias reportagens. Em Quanto mais presos, maior o lucro, publicada em 2014, a narrati-

va faz uso de variados recursos para atrair os leitores. Nesse sentido:

(...) a utilização da narrativa multimídia representa a adoção de estratégias di-

ferenciadas para a construção e para a apresentação de informações. Isso

ocorre mediante a vinculação de variados tipos de conteúdos, possível a partir

da utilização do potencial as tecnologias. (BELOCHIO, 2012, p. 50)

A reportagem pode ser acessada em dois formatos: vídeo e texto. Primeiramen-

te, o minidocumentário apresenta imagens do assunto abordado, assim como entrevistas

com diversas fontes. No encerramento do vídeo, o público é convidado para ler a repor-

tagem na íntegra no site da agência. Em seguida, o leitor tem acesso ao texto utilizado

no vídeo, transcrevido para o site. O texto apresenta uma carta completa – com a opção

de download – utilizada na apuração da repórter.

A disponibilização do documento oficial em meio à narrativa, além de legitimar

o discurso de verdade, propõe que o leitor faça a sua interpretação pessoal sobre o as-

sunto, não se restringindo ao que a reportagem problematizou. Ao consideramos que as

modalidades do dizer constroem o dispositivo de enunciação (VERÓN, 2004), o recurso

utilizado pela matéria propõe uma nova possibilidade de leitura para o público, que

também pode construir a sua visão particular dos fatos.

(Figura 2) Documento na íntegra utilizado na apuração da reportagem

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No final da reportagem, há uma imagem com um link que remete ao site onde o

público pode fazer doações. O enunciado A reportagem que você acabou de ler foi fi-

nanciada coletivamente através do primeiro crowfunding da Agência Pública reforça o

sentido de independência postulado pela agência e indica que o seu projeto de financia-

mento está funcionando com êxito. Logo, o próprio leitor que talvez ainda não tenha

colaborado, pode conhecer melhor o projeto, ao ser convidado pelo enunciado Clique

aqui para acessar o site. Nessa enunciação pedagógica „„o jornalismo avança sobre o

papel de prover informações e alcança outro patamar discursivo, dizendo ao leitor como

agir para obter novas informações, em outro suporte‟‟ (BENETTI, STORCH, 2011, p.

9). A estratégia do enunciado didático e explicativo considera que „„a acessibilidade da

informação baseia-se na hipótese de que o grau da compreensão de um discurso está

ligado à sua simplicidade, a clareza com o qual o discurso é construído (CHARAUDE-

AU, 2006, p. 81).

(Figura 3) Identificação do financiamento coletivo da reportagem

Ao clicar na imagem, o leitor tem acesso a um espaço com informações sobre a

importância do financiamento coletivo. O enunciado Você escolhe qual reportagem

quer ler e acompanha o passo a passo da pauta até ela ser lançada, coloca o leitor em

uma posição privilegiada no contexto da produção jornalística da organização. Em outra

parte do texto, Pública se propõe a esclarecer como é possível contribuir com o projeto e

as vantagens em se tornar um doador. Novamente, a agência associa a colaboração do

público com um jornalismo de qualidade e de interesse público. O enunciado A sua co-

laboração contribui diretamente para o fortalecimento da imprensa livre, transparente

e democrática situa o leitor como agente social indispensável na construção de uma

sociedade mais justa. A fala institucional também reforça o lugar de quem diz (CHA-

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RAUDEAU, 2006), atribuindo valores ao discurso da organização, como o da indepen-

dência.

(Figura 4) explicação sobre a contribuição do leitor

Novamente, Pública faz uso de estratégias discursivas para fazer evoluir seu

contrato de leitura com o público. Dessa forma, os leitores são constantemente convida-

dos a conhecer e colaborar com os objetivos da agência, que aproveita o ambiente digi-

tal para atrair uma audiência interessada no jornalismo enquanto prática social indispen-

sável para a democracia.

5. Considerações finais

Através do presente estudo, observamos que Pública busca construir vínculos com

os leitores a partir de enunciados que remetem a valores como independência, democra-

cia, credibilidade, interesse público e jornalismo de qualidade. Dessa forma, o contrato

de leitura tenta preencher aspectos que possuem pouco espaço na mídia tradicional, co-

mo a cobertura investigativa de assuntos de relevância social (sobretudo de temáticas

que envolvem os direitos humanos).

O discurso da agência se materializa por meio de variados suportes e espaços,

tais como: os vídeos, as reportagens intercaladas com documentos para download e

chamadas para outras páginas. Nesse sentido, Pública busca atingir uma diversa gama

de leitores, que também estão inseridos na lógica da cultura de convergência (JEN-

KINS, 2009). É assim que o contrato de leitura proposto pela organização é atualizado

constantemente, numa experimentação contínua de formas interacionais com o público.

Cabe ressaltar que os processos de midiatização (FAUSTO NETO, 2006) esti-

mulam o surgimento de distintas iniciativas por parte de um mesmo veículo, empresa ou

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Santa Cruz do Sul – UNISC – Novembro de 2014

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organização jornalística, como forma de explorar a convergência dos suportes midiáti-

cos. A partir desse movimento, podem emergir novos tipos de relações entre as mídias e

seus leitores (BELOCHIO, 2012).

No caso de Pública, isso torna-se evidente, principalmente, através do sistema de

financiamento coletivo das reportagens. Na medida em que o leitor pode participar e

acompanhar o processo de produção de conteúdos, o próprio fazer jornalístico se torna

menos centralizado, sem deixar, é claro, de conservar sua necessária autonomia. É nesse

contexto que Pública corrobora sua identidade de organização independente, buscando

se distinguir dos veículos hegemônicos da atualidade.

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