a construção da autonomia no processo de aprendizagem de língua inglesa na escolas públicas

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0 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XIV CONCEIÇÃO DO COITÉ JADNA DE OLIVEIRA LIMA A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS PÚBLICAS CONCEIÇÃO DO COITÉ 2012

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Monografia de Jadna de Oliveira Lima

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Page 1: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

0

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS XIV – CONCEIÇÃO DO COITÉ

JADNA DE OLIVEIRA LIMA

A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS PÚBLICAS

CONCEIÇÃO DO COITÉ

2012

Page 2: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

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JADNA DE OLIVEIRA LIMA

A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS PÚBLICAS

Monografia apresentada ao Departamento de Educação

Campus XIV da Universidade do Estado da Bahia, como

requisito final para a conclusão do Curso de Letras com

Habilitação em Língua Inglesa.

CONCEIÇÃO DO COITÉ

2012

Page 3: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

2

A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS PÚBLICAS

Monografia apresentada ao Departamento de Educação -

Campus XIV da Universidade do Estado da Bahia, como

requisito final à conclusão do Curso de Letras com

Habilitação em Língua Inglesa.

Aprovada em: / /2012

Banca examinadora

________________________________________

Mônica Veloso Borges– Orientadora

Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

_________________________________________

Neila Maria Oliveira Santana - Membro

Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

_________________________________________

Juliana Bastos – Membro

Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

CONCEIÇÃO DO COITÉ

2012

Page 4: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

3

AGRADECIMENTOS

Inicio esses agradecimentos primeiramente, ao senhor Deus, aquele que iluminou a minha

mente durante todo o tempo, que sempre esteve, e está comigo. Agradeço por dar-me essa

oportunidade de ingressar no Ensino Superior, no qual preparou-me, não somente para atuar

nessa árdua e gratificante profissão, que é a de educador, mas também para a vida em sí,

possibilitando–me, tanto o crescimento profissional quanto o crescimento pessoal.

Aos meus pais, a quem eu rogo todas as noites a minha existência, agradeço pelo apoio,

carinho e dedicação que deles tenho recebido.

Aos queridos mestres, os meus professores que me acompanharam durante a graduação e

cada um deles deram a sua parcela de contribuição para a minha aprendizagem.

Especialmente, a minha orientadora, professora Mônica Veloso, pela sua disposição e

empenho, sempre que necessitei do seu auxílio. E também não poderia deixar de agradecer de

forma grandiosa a professora Neila Santana, orientadora de TCC, que sempre foi atenciosa e

dedicada ao que faz. Ao professor Fernando Sodré pela sua colaboração.

Com muito carinho, agradeço a minha família pela compreensão dos momentos que precisei

ficar ausente para praticar atividades relacionadas ao curso.

Agradeço mais uma vez a Deus, pois finalmente aqui se encerra mais uma etapa da minha

vida de estudante universitária, na qual espero que seja apenas o primeiro degrau dessa

escada, na qual desejo seguir, para a minha realização profissional e também pessoal.

Page 5: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

4

Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.

Ensinar exige rigorosidade metodológica. Ensinar não se esgota no

tratamento do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se

alonga à produção das condições em que aprender criticamente é

possível. E estas condições exigem a presença de educadores e de

educandos criadores, investigadores, inquietos, curiosos, humildes e

persistentes.

Paulo Freire

Page 6: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

5

RESUMO

O presente trabalho foi desenvolvido a partir da pesquisa bibliográfica, na qual tinha como

objetivo, dialogar sobre o desenvolvimento da autonomia dos alunos de língua inglesa do

ensino médio nas escolas públicas. A segunda parte do trabalho investigou-se, através da

pesquisa de campo, a atuação dos estudantes dentro da sala de aula com relação ao

desenvolvimento da autonomia. Buscou-se também analisar, se os professores têm cumprido

com o seu papel de instigadores no processo de aprendizagem dos seus alunos, de forma que

eles viessem a se tornar autônomos, ou seja, investidores do seu próprio conhecimento.

Portanto, a pesquisa bibliográfica trouxe uma variedade de explicações de diversos teóricos

sobre as possíveis causas da ausência de estímulo entre os alunos de LI, ( Língua Inglesa )

que pôde ser comprovado através da pesquisa de campo (etnográfica) de base qualitativa.

Como instrumento de coleta de dados, foram utilizados questionários, nos quais os sujeitos

participantes foram alunos da escola pública do ensino médio e professores com no mínimo

dois anos de experiência. Os questionários aplicados foram instrumentos eficazes para

confirmar a falta de autonomia dos alunos das escolas públicas, sendo essa uma consequência

da ausência de professores que instiguem, em seus alunos, a necessidade de se tornarem

indivíduos independentes, capazes de buscar seu próprio conhecimento. Concluindo-se que,

na maioria das vezes, os professores trabalham com uma metodologia tradicional que não

atende os interesses dos alunos, e portanto não colabora com o desenvolvimento da autonomia

do aprendiz .

Palavras-chave: Escola Pública. Metodologia. Professor-instigador. Aprendiz-autônomo.

Page 7: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

6

ABSTRACT

This paper was developed from a bibliographic research, which aimed to dialogue about the

development of the English students' autonomy in high school in the public schools. The

second part investigated through field research, the performance of students in the classroom

in relation to the development of autonomy. It also sought to examine whether teachers have

fulfilled their role as instigators in the learning process of their students, so that they were to

become autonomous, ie investors of their own knowledge. Therefore, the literature has

brought a variety of different theoretical explanations on the possible causes of the lack of

stimulation of LI between students (English Language) that could be verified through field

research (ethnography) of qualitative basis. As an instrument of data collection,

questionnaires were used, in which participants were public school students and high school

teachers with at least two years of experience. The questionnaires were effective tools to

confirm the lack of autonomy of students in public schools, this being a consequence of the

absence of teachers who instigate in their students, the necessity to become independent

individuals, able to pursue their own knowledge. Concluding that, in most cases, teachers

work with a traditional methodology that does not meet the interests of students, and

therefore does not contribute to the development of learner autonomy.

Key-Words: Public School. Methodology. Professor-instigator. Learner –autonomous.

Page 8: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 08

2 A RELEVÂNCIA DA AUTONOMIA COMO UM FATOR INDISPENSÁVEL

NA CONTRIBUIÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM EM LI --------------

10

2.1 A orientação do professor: Estímulo necessário para motivar os alunos ao

desejo de aprender a Língua Inglesa -----------------------------------------------------------

14

2.2 O uso das tecnologias como um auxílio ao desenvolvimento da autonomia em

LI-------------------------------------------------------------------------------------------------------

18

3 METODOLOGIA -------------------------------------------------------------------------------- 22

3.1 Tipologia da Pesquisa ------------------------------------------------------------------------- 22

3.2 Sujeito e lócus da Pesquisa ------------------------------------------------------------------- 23

3.3 Instrumento de Coleta de dados ------------------------------------------------------------ 24

4 ANÁLISE DE DADOS -------------------------------------------------------------------------- 25

5 CONSIDERACÕES FINAIS ------------------------------------------------------------------ 36

REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------ 38

Page 9: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

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1 INTRODUÇÃO

Através de observações que foram realizadas em algumas escolas públicas foi possível

perceber que a LI (língua inglesa) ainda é vista como uma disciplina a mais no currículo

escolar. Há também uma grande desvalorização do inglês por parte de alguns alunos que não

reconhecem a verdadeira importância em aprender essa língua, o que dificulta o processo de

aprendizagem tornando o estudo de LI cada vez mais enfadonho.

Conforme diversos teóricos, isso decorre em função da maneira como é lecionada essa

disciplina, geralmente com o mesmo tipo de aula em torno de itens gramaticais ao longo de

todo percurso escolar, além de não ser mostrado em algumas escolas a verdadeira importância

em aprender a língua inglesa, o que consequentemente gera entre os alunos uma falta de

interesse e desmotivação para aprender. Dessa forma, uma grande parte dos alunos estudam

essa disciplina somente por obrigação e não por serem conscientes da necessidade que temos

em saber uma segunda língua, gerando entre eles uma grande dependência do professor e do

contexto escolar .

Diante dessa situação muitos alunos concluem o ensino médio e não sentem o menor

interesse em continuar estudando, tornando-se cada vez mais distantes do contato com a

língua inglesa. Porém, sabemos que no contexto globalizado no qual vivemos, se faz

necessário uma incansável busca pela aprimoração de conhecimentos em uma língua

estrangeira, principalmente a LI. Porém, para que isso aconteça os aprendizes precisam se

tornar autônomos, pois conforme Paiva (2010) torna-se inviável desenvolver uma

aprendizagem satisfatória com os conhecimentos adquiridos exclusivamente no ambiente

escolar. Por isso é preciso que os professores de LI utilizem suas aulas como um elemento

essencial para estimular os seus alunos a buscarem o desenvolvimento da autonomia,

tornando-se aprendizes conscientes do seu papel na construção da aprendizagem.

Considerando os alunos das escolas públicas como indivíduos capazes de construir sua

própria aprendizagem dentro da língua inglesa, e o professor como o responsável por instigar

os estudantes, surge o questionamento: O que os alunos das escolas públicas do ensino médio

tem feito para desenvolver sua autonomia dentro da Língua Inglesa, e o que os professores

dessa mesma instituição tem feito para estimular os estudantes a ter um interesse maior por

essa disciplina de forma que ele venha se tornar independente do contexto escolar? Foi com o

objetivo de responder a essas questões, e a intenção de propor estratégias de aprendizagem

Page 10: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

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significativas, e pautadas no desenvolvimento do aprendiz de LI, de forma que viesse a

estimular os professores das escolas públicas a despertar nos seus alunos o interesse em se

tornar aprendizes autônomos, que foi realizada essa Pesquisa de Campo. Sendo esta uma

pesquisa de caráter qualitativo, realizada no colégio Estadual Wilson Lins no município de

Valente, com professores de Língua Inglesa e alunos do ensino médio, na qual foram

aplicados questionários como instrumento de pesquisa.

Inicialmente foi feita uma visita ao campo (colégio estadual Wilson Lins ) para detectar os

problemas de aprendizagem de LI existentes na sala de aula. Nos quais, um desses problemas

detectados foi a falta de interesse dos alunos com relação a disciplina de língua inglesa. A

partir desse problema encontrado nas escolas públicas, foram realizados alguns estudos para

identificar as possíveis causas do desinteresse dos alunos. Quando então, foi possível perceber

através da fala de diversos teóricos que a falta de autonomia é uma grande vilã para o

progresso na aprendizagem de qualquer língua estrangeira. Dessa forma, foi então

desenvolvida a pesquisa bibliográfica com o objetivo de entender a causa da falta de

autonomia entre os alunos, e também visando descobrir de que forma o professor de LI

poderia incentivar os estudantes a se tornarem verdadeiros aprendizes autônomos.

Essa, foi a primeira etapa desse trabalho, que consistiu em compreender a causa da

falta de autonomia dos alunos, e em verificar as sugestões propostas por diversos estudiosos

da área de Língua inglesa, como possíveis soluções para tais problemas. No segundo capítulo,

encontra-se a metodologia, na qual descreve a parte técnica desse trabalho, como por

exemplo, o campo onde ele foi realizado, os sujeitos participantes da pesquisa, assim como o

instrumento utilizado para coletar os dados , as características gerais dos sujeitos

participantes, e o tipo de pesquisa realizada. No terceiro capítulo consta a análise de dados,

feita a partir dos questionários respondido por professores e alunos, no qual justifica-se pela

necessidade de conhecer o contexto real da sala de aula para então fazer comparações entre a

parte teórica, e analisar o que é mais viável de ser proposto como solução para a melhoria no

processo de aprendizagem de LI, conforme a necessidade dos alunos.

Por fim encontra-se as considerações finais, trazendo uma conclusão do que foi discorrido

nessa monografia, assim como as possíveis soluções para os problemas apresentados com

relação ao tema desenvolvido.

Page 11: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

10

2 A RELEVÂNCIA DA AUTONOMIA COMO UM FATOR INDISPENSÁVEL NA

CONTRIBUIÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM EM LI

No mundo globalizado, no qual estamos em que a cada dia que passa se intensifica

cada vez mais as relações comercias entre diversos países, principalmente após o surgimento

da internet, é de capital valor o conhecimento de uma língua estrangeira, principalmente o

inglês, considerado hoje como língua universal.

O conhecimento da LI ( Língua inglesa) permite à uma ampla quantidade de jovens e

adultos oportunidades de emprego principalmente nas áreas de turismo, nas lojas,

supermercados etc. Sabe-se que a língua inglesa é a mais utilizada para comunicações entre

diferentes países, principalmente nas relações comerciais. Isso demonstra de forma ampla a

capacidade de abrangência da LI em diversos países, e a necessidade que temos de estar nos

preparando, tanto para o mercado de trabalho, no qual exige cada vez mais que os

profissionais tenham uma boa formação na língua inglesa, como para a vida em si, pois o

conhecimento dentro dessa área nos proporciona uma imensa riqueza intelectual, não só nos

aspectos de linguagem, como nos elementos culturais e sociais. Podemos observar a

amplitude de conhecimento que a aprendizagem em LI nos condiciona através da fala de Dias

(2012, p.13) que nos diz que “a aquisição de habilidades comunicativas em outra(s) língua(s)

representa, para o aluno,o acesso ao conhecimento em vários níveis (nas áreas turística,

política, artística, comercial, etc.), favorecendo as relações pessoais”.

Apesar da imensa influência da LI no Brasil, principalmente após o surgimento da

internet, ainda há desvalorização dessa disciplina nas escolas públicas. Esse fato foi verificado

através de observações, realizadas em uma escola pública estadual no município de Valente

com alunos do Ensino Fundamental e Médio. Através dessas observações, pode se afirmar

que grande parte dos alunos reconhecem a importância em aprender a língua Inglesa no

mundo globalizado no qual estamos. Entretanto, há muitos que não gostam da disciplina por

considerá-la difícil para aprender.

Uma das razões para se considerar a disciplina difícil, pode estar na falta de

aproximação dos alunos, que na maioria das vezes só entram em contato com a língua quando

estão na sala de aula, o que dificulta cada vez mais o processo de aprendizagem, pois quanto

menos contato com a LI, menos será o progresso do aprendiz com a língua estrangeira na

qual estuda.

Page 12: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

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Os alunos precisam estar conscientes de que a aula é apenas um instrumento que o

auxiliará na aprendizagem. Embora seja necessário que haja aulas que motivem os estudantes

a querer buscar mais conhecimento, não é apenas a metodologia da aula, ou mesmo o

professor que serão os determinantes do sucesso dos alunos com a LI, pois eles são apenas os

auxiliadores desse processo de aprendizagem. Por isso, os alunos precisam ir muito além do

contexto escolar para poderem alcançar a aprendizagem ideal, pois sabemos que na escola não

há recurso, preparação profissional, ou mesmo tempo suficiente para atingir um nível ideal de

aprendizagem. Portanto os alunos precisam antes de tudo tornar-se responsáveis pelo seu

aprendizado, ao invés de esperar que esse chegue até ele somente por meio da sala de aula.

Em outras palavras isso quer dizer que, para alcançar uma aprendizagem eficaz na LI os

alunos precisam primeiramente tornar-se indivíduos autônomos.

O que seria então, um aprendiz autônomo? Se relacionamos a palavra autonomia a

independência , logo responderemos que o aprendiz autônomo é aquele que aprende sozinho,

e não depende do professor para orientá-lo. Se pensássemos dessa forma estaríamos

completamente enganados, pois a orientação do professor é indispensável no processo de

aprendizagem dos estudantes de LI, assim como a sua presença é indispensável no

acompanhamento da construção da autonomia, para indicar aos alunos o caminho mais rápido

para chegar a tal objetivo. Se para se tornar autônomo, o aprendiz precisa ser independente, e

por outro lado ele não deve se distanciar do professor, observamos aqui um pequeno

equívoco. Afinal qual a melhor maneira para se definir a autonomia ?

O termo autonomia no processo de aprendizagem de língua, especialmente de língua

inglesa, foi sendo amadurecido com o passar dos tempos, devido às discussões entre

pesquisadores da área de Lingüística Aplicada. Segundo Cruz (apud LIMA, 2009, p. 60), essa

inquietação se iniciou com Henry Holec em 1980, com o livro intitulado: Autonomy in

Foreigh Language Learning. Essa inquietação se dá devido a necessidade de aprender uma

língua para usá-la no ato comunicativo, indo de encontro as abordagens tradicionais.

Miccoli (2010, p.32) considera a definição para o termo “autonomia” apresentada em

Aurélio, segundo o qual autonomia é a capacidade de governar-se a si mesmo. Aplicada á sala

de aula, para Miccoli, essa noção é uma atitude que demonstra que o aluno assumiu

responsabilidade própria por seu processo de aprendizagem.

Como podemos observar na definição dada por Miccoli, o aprendiz autônomo assume

uma postura de independência com relação ao professor, tornando–se um sujeito ativo na

Page 13: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

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busca de novos conhecimentos para auxiliar o seu processo de aprendizagem. É importante

enfatizar que, essa capacidade de „governar-se‟ não dá ao aluno o direito de sentir–se capaz de

desenvolver sua aprendizagem totalmente fora do ambiente educacional, pois sem a

orientação de um professor, o aprendiz pode cometer uma série de erros, gerando diversas

consequências negativas, como por exemplo, buscando fontes que não sejam confiáveis, ou

praticando estratégias de aprendizagem que não abarquem os caminhos necessários para uma

aprendizagem eficaz.

A autonomia se dá em qualquer área de conhecimento, seja ela técnica, científica,

educacional, religiosa, etc.. Por isso, Como um exemplo de cidadão autônomo, podemos citar

um indivíduo que traça suas estratégias de vida, como a carreira profissional que pretende

seguir, e a partir da escolha, decide estudar em casa para um possível concurso que venha

acontecer. Essa pessoa demonstra uma atitude autônoma pelo fato de tomar decisões sozinha,

estabelecendo o estudo como uma meta para alcançar seu objetivo.

É importante compreendermos que relacionar a autonomia ao fato de tomar decisões

sozinho, não implica em dizer que o estudante de LI deva estudar por si próprio, sem

nenhuma intervenção exterior. Muito pelo contrário, o sujeito autônomo precisa estar sempre

interagindo, tanto com o professor, que é o mais importante orientador, quanto com os

colegas, como por exemplo através de diálogos para treinar a pronúncia, em que um poderá

complementar o vocabulário do outro, através de atividades de listening, de leitura, etc..

Todas essas atividades trabalhadas em conjunto facilitará para todos os alunos, pois

geralmente cada um, contém uma habilidade diferente podendo assim contribuir uns com os

outros. Afinal “não existe autonomia pura, como se fosse capacidade absoluta de um sujeito

isolado.[... ] Por isso só é possível realizá-la como um processo coletivo, que implica relações

de poder não autoritárias” (PCN, 1997, p.35)

Apesar da necessidade da presença de um educador para estar orientando o aluno nos

passos á serem seguidos, o aprendiz precisa ter confiança em si próprio, ao invés de pôr sua

total confiança no professor, como muitos alunos costumam fazer, e consequentemente,

acabam sentindo dificuldade no processo de aprendizagem de LI. Por isso é necessário que o

aprendiz desenvolva a autoconfiança, e então perca o medo de errar nas suas atitudes diante

da classe.

Na dissertação de Silva (2008) a autonomia é conceituada como a capacidade do

individuo agir, consciente de que suas decisões foram projetadas e assumidas por ele. Se

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13

enfatiza a autonomia também como uma condição que a pessoa exerce, assumindo riscos para

alcançar seus objetivos. Afinal todo cidadão que tem um ideal, busca meios para alcançá-lo

conforme a necessidade encontrada. Contudo o aprendiz autônomo, deve se sentir acima de

tudo um ser capaz.

O aprendiz autônomo demonstra atitudes de responsabilidade e independência não só

pelo fato de estudar sozinho em casa, mas também na escola, até mesmo colaborando com os

colegas que apresentam dificuldade. Apesar da necessidade do aprendiz em estar sempre em

contato com colegas e professores, buscando a interação entre ambos, é necessário lembrar

que é preciso sentir-se livre e desapegado de qualquer pessoa para focar no objetivo próprio.

Como é enfatizado na definição de Rocha (apud SILVA, 2008 p.42) “autonomia é a facilidade

de dirigir se livremente de acordo com sua própria vontade e independência de qualquer

ordem.”

Essa afirmação de Rocha deixa claro o amplo nível de liberdade que o aluno possui.

Essa liberdade, pode estar relacionada ao livre arbítrio para escolher por exemplo, quais

métodos seriam melhor para desenvolver uma boa pronúncia, ou quais as melhores estratégias

de leitura. É ter liberdade também, para sugerir ao professor de LI algum tema diferente para

estar sendo trabalhado na aula. Enfim há diversas possibilidades do aprendiz usar essa

liberdade, de forma que esteja sempre focando na aprendizagem de língua estrangeira.

Elementos como independência, liberdade e autoconfiança são considerados

indispensáveis no desenvolvimento da autonomia. Porém é necessário deixar claro aos

estudantes de LI, que eles não devem confundir essa liberdade ou independência, com a

libertinagem em que o aluno pode fazer o que ele quiser, inclusive desconsiderando as

orientações dadas pelo profissional de educação. Pois a orientação do professor é

imprescindível no processo de aprendizagem dos estudantes de LI, assim como a sua presença

no acompanhamento da construção da autonomia, para indicar aos alunos o caminho mais

rápido para chegar a tal objetivo.

Algo semelhante a fala de Rocha é a de Silva (2008, p.43 ) afirmando que “no

aprendizado de língua inglesa , a prática interativa construtiva e o poder de escolha são

posturas muito úteis para o surgimento da autonomia”. Isso quer dizer que embora o aprendiz

autônomo desenvolva uma responsabilidade maior por seus próprios estudos, ele deve

continuar tendo a instituição escolar, assim como o seus professores, como os colaboradores

desse processo, ao invés de entender que por ser um aluno que busca estratégias de

Page 15: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

14

aprendizagem, não precise de nenhum auxílio, muito pelo contrário. O aprendiz autônomo

deve assumir uma postura de responsabilidade e disposição em meio á classe, até mesmo

auxiliando os colegas que tem mais dificuldade.

A afirmação de Holec com relação a necessidade de uma aprendizagem de LI, voltada

para a comunicação, explica a principal razão para os estudantes de LI das escolas públicas

buscarem desenvolver sua independência, pois é através da autonomia que o aluno passa a

buscar estratégias que são pouco trabalhadas no contexto escolar, e consequentemente podem

atingir um progresso satisfatório.

Todas as discussões que foram até aqui apresentadas, servem para deixar claro aos

estudantes de LI que o desenvolvimento da autonomia é um fator imprescindível para que ele

possa estar buscando a sua aprendizagem em tempo integral, sem a necessidade de estar na

escola, ou na presença do professor. Através da consciência de que ele tem capacidade para

desenvolver sua aprendizagem, basta querer e correr atrás dos seus objetivos, dessa forma a

aprendizagem de LI pode ocorrer em um intervalo de tempo menor e com muito mais

facilidade.

2.1 A orientação do professor: Estímulo necessário para motivar os alunos ao desejo de

aprender a língua Inglesa

Um dos passos mais importantes para o desenvolvimento da autonomia é o

reconhecimento da importância da disciplina de LI na sociedade atual, pois torna-se difícil

valorizar qualquer disciplina sem antes saber qual a sua utilidade fora do contexto escolar.

É comum nas escolas, os alunos se questionarem em que eles poderão aplicar os

conhecimentos adquiridos no Português, na Matemática, na Química, como nos demais

componentes. Se a dúvida dos alunos não for esclarecida em alguma dessas disciplinas,

possivelmente o nível de interesse por ela será inferior as demais. Isso acontece em qualquer

instancia da vida, o ser humano não pode gostar ou apresentar qualquer interesse por aquilo

que ele não conhece, e nem ao menos percebe motivo algum para conhecê-lo. Com a

disciplina de Língua Inglesa acontece o mesmo, por isso se faz necessário que os professores

de LI estejam constantemente mostrando através de suas aulas a influência da LI na sociedade

atual, e a necessidade de estar cada vez mais aprimorando os conhecimentos nessa língua.

Page 16: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

15

O tempo disponível para a disciplina de língua inglesa na instituição escolar é

insuficiente para aprender tudo que é necessário. Como afirma Miccoli (apud PAIVA, 2010

p.34 ) “a aprendizagem da língua estrangeira dentro de uma sala de aula é uma atividade que

pode levar de oito a dez anos de estudo ininterruptos.” Sendo assim torna-se inviável

desenvolver uma aprendizagem satisfatória com os conhecimentos adquiridos

exclusivamente no ambiente escolar, com apenas duas aulas semanais de cinquenta minutos

cada uma, sabendo que muita das vezes esses cinquenta minutos de aula nem são cumpridos

totalmente.

Com a falta de conhecimento da influência da LI na sociedade brasileira, e em

diversas outras nações, somada ao pouco tempo estabelecido para o ensino dessa disciplina,

acaba surgindo uma grande desvalorização por parte da maioria dos alunos, que perdem o

interesse e se distanciam cada vez mais do contato com a língua inglesa, o que gera uma

imensa dificuldade no processo de aprendizagem.

Diante dessa difícil realidade das escolas públicas com relação a essa língua

estrangeira, não há ninguém melhor que o professor para desmistificar essas crenças e mostrar

ao aprendiz a necessidade que eles têm de aprender uma língua estrangeira, principalmente a

língua inglesa que é utilizada hoje em inúmeros países, tanto como uma língua de

entretenimento, como para estabelecer relações comerciais. Sendo então considerada como

uma língua franca.

Além de mostrar ao aluno a verdadeira importância em aprender a LI, é necessário que

os professores modifiquem sua abordagem de ensino focando-a no desenvolvimento da

autonomia dos alunos, incentivando-os a buscarem o desenvolvimento da sua aprendizagem

também fora do contexto escolar (já que o tempo estipulado para as aulas de LI é insuficiente

para uma aprendizagem completa), de forma que aprendam verdadeiramente a língua alvo e

tornem-se aprendizes autônomos, capazes de desenvolver seu próprio conhecimento na língua

inglesa.

Um dos critérios indispensáveis ao educador para incentivar o desenvolvimento da

autonomia do aluno é através da mudança nas aulas de LI, pois se o primeiro passo para

desenvolver a autonomia é despertando o interesse do aluno, esse deve ser feito através da

troca de uma abordagem focada no ensino de gramática, para uma abordagem que contemple

aulas dinâmicas e prazerosas com foco na comunicação. Krashen ( 1985 ) aborda essa questão

através da hipótese do input, na qual todo o input oferecido ao aluno deve ser compreensível,

Page 17: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

16

ou seja toda situação linguística durante as aulas deve ser tão real quanto possível, para que

seja compreendida pelos alunos.

Conforme a teoria de Krashen, a aplicação de exercícios de repetições que visa a

prática de estruturas gramaticais, dificilmente são significantes ou relevantes, deixando assim

de ser um input compreensivo, e atrasando ainda mais o processo de aprendizagem. Além de

Krashen, há diversos outros teóricos que não apoiam o ensino de LI focado exclusivamente na

gramática, como Paiva (apud LIMA, 2009, p.32-33,) que afirma que “toda língua deve ser

ensinada em toda sua complexidade comunicativa sem restringir seu estudo a uma tecnologia

(leitura) ou aspectos apenas formais (gramaticais).”

O ensino tradicional que se atém a uma única metodologia, pode levar os alunos a

perderem completamente o interesse nas aulas de LI. Dessa forma, a maioria deles podem se

sentir desmotivados para continuar aprendendo a língua inglesa após saírem da escola, já que

não conseguem ver nenhum progresso durante o tempo em que estiveram estudando. Por isso,

se pode concluir que os professores de LI que passam parte de suas aulas ensinando regras

gramaticais (ao invés de aplicá-las no processo de comunicação) estão atrasando o processo

de aprendizagem dos alunos, e um possível desenvolvimento da autonomia destes.

Dessa forma, se faz necessário que os alunos ampliem o seu tempo de estudo, não se

limitando apenas ao que é aprendido durante as aulas. Pois “ninguém vai aprender uma língua

se ficar restrito as atividades da sala de aula por melhor que elas sejam e por maior que seja o

tempo previsto no currículo escolar,” Villaça (2010). Mas para que isso ocorra, é necessário

que os educadores incentivem os seus alunos ao desenvolvimento da autonomia e ofereçam a

esses um input compreensível, mostrando-lhes as melhores estratégias para adquirir

conhecimento na aprendizagem dessa língua, também fora do contexto escolar.

O ensino de LI voltado para a comunicação é indispensável para o aluno perceber que

o que ele está aprendendo na sala de aula está sendo útil na prática, e não fica apenas na

teoria. Dessa maneira, o educador pode proporcionar ao aprendiz o desejo de continuar

aprendendo, pois isso pode gerar nele um sentimento de competência para atuar na sociedade,

sendo esse um grande passo para que ele se torne um aprendiz autônomo. Chaguri (2005,

p.01) também é um dos teóricos que enfatiza a importância de um ensino voltado para a

comunicação quando diz que:

É fundamental que se garanta as aprendizagens essenciais para a formação de

cidadãos autônomos, críticos, e participantes, capazes de atuar com competência,

Page 18: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

17

dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem, utilizando sua própria

língua, ou outra capazes de se comunicar e atuar como cidadãos, formando assim

sua própria história.

Sem o incentivo do professor, a dificuldade dos alunos para o desenvolvimento da

autonomia seria ainda maior, e consequentemente o processo de aprendizagem se tornaria

muito mais lento. Pois são poucos os alunos que demonstram responsabilidade, ou atitudes de

autonomia.

Miccoli (2010) mostra esse desinteresse dos alunos em tornar-se aprendizes

autônomos, quando diz que a maior resistência á promoção da autonomia vem do próprio

aluno, pois o desenvolvimento da autonomia é um processo que exige mais do aprendiz.

Podemos considerar comum essa resistência dos alunos, pois esses ainda estão mal

acostumados com as salas de aula tradicionais, em que eram considerados como um recipiente

vazio que os professores depositavam seus conhecimentos e eles apenas os reproduziam. No

entanto, para o desenvolvimento de uma aprendizagem eficaz, é necessário que esse ensino

tradicional centralizado no professor seja modificado, e que os alunos se sintam como os

principais agentes do seu processo de aprendizagem. Pois como afirma Leffa (2002) “a

aprendizagem que realmente interessa é aquela que não é apenas reprodução do que já existe,

mas criação de algo novo, de progresso e avanço e só é possível com autonomia”.

É indispensável que os alunos considerem-se como parte da aula e passem a fazer

questionamentos aos professores, assim como dar a eles suas opiniões sobre o que precisam

aprender. Esse já é um dos primeiros passos para o desenvolvimento da autonomia, mas para

que isso aconteça é necessário que o professor abra espaço para o aluno, dando lhe

oportunidade para demonstrarem as suas produções, fazendo-os se sentirem seguros e

independentes.

De acordo com Freire (1996, apud SILVA, p.42), “na sala de aula, o estudante deve

encontrar meios que propiciem a sua autonomia para que ele se torne um colaborador e um

associado dos projetos montados para a aula”. Moita Lopes (1997) também enfatiza a

necessidade dessa participação dos alunos, quando afirma que os educadores devem

desenvolver nos alunos um conhecimento que vai além do conhecimento ritualístico e

mecânico, incentivando-os a participação consciente, que libertará o aluno da dependência do

professor. Dessa forma o docente estará cumprindo o seu ofício, como um verdadeiro

educador, que sabe que o seu papel é orientar os seus alunos, deixando-os livres, para

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18

observarem e aprenderem a corrigir seus próprios erros, ao invés de facilitar o processo de

ensino-aprendizagem, retirando dele todas as possíveis dificuldades que os aprendizes

poderiam enfrentar. Pois é a partir das dificuldades encontradas pelos alunos, que

posteriormente esses poderão alcançar um bom nível de aprendizagem em LI.

Através de todas as discussões em torno do papel do professor na construção da

autonomia dos alunos de língua inglesa, podemos constatar que o conhecimento não é dado ao

aprendiz, mas esse é o único responsável em construí-lo. Porém, não se pode negar que

quanto maior for o estímulo oferecido pelos professores, maior serão as chances dos

estudantes despertarem o desejo, e desenvolverem a consciência da necessidade de se

tornarem aprendizes autônomos para que possam alcançar um nível satisfatório de

aprendizagem, tanto na língua inglesa, como em qualquer língua estrangeira que desejam

aprender.

2.2 O uso das tecnologias como um auxilio ao desenvolvimento da autonomia em LI

O avanço ocorrido na tecnologia nos últimos anos apresenta uma série de vantagens, e

entre elas está a contribuição dos diversos meios tecnológicos para a aprendizagem de LI. Se

pararmos para imaginar a sala de aula de LI há alguns anos atrás podemos perceber o quanto

deveria ser difícil para os alunos se sentirem motivados, com o mesmo tipo de aula o tempo

todo já que não havia nas escolas nenhum tipo de recurso tecnológico moderno, e os

professores tinham como único recurso o quadro e o piloto. Felizmente essa realidade mudou

com o passar dos anos e as aulas puderam ser mais dinamizadas através das fitas cassetes, na

qual os alunos podiam assistir filmes para melhorar o seu vocabulário, ou ouvir músicas em

inglês, o que contribuía muito com os alunos na melhoria da pronuncia. Tudo isso é

importante, principalmente se compararmos com aulas expositivas, como foi citado

anteriormente com o uso do quadro e do piloto. Se esses únicos meios citados puderam

contribuir com a melhoria na aprendizagem de Língua Inglesa, hoje com a presença de

diversos outros recursos modernos trazidos através da grande evolução tecnológica, há muito

mais facilidade de aproximação entre os alunos e a língua-alvo na qual estão estudando.

Se antes os alunos justificavam a dificuldade em aprender a LI devido a escassez de

recursos que pudessem lhes proporcionar uma maior interação com a língua, hoje essa

justificativa não é valida, pois os alunos conseguem aprender sozinhos a língua inglesa não só

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19

a habilidade de leitura e escrita, como também a sua pronúncia correta através de estudos

realizados em casa com o uso de cd, DVD, vídeos, e principalmente da internet.

Podemos considerar normal a enorme dependência dos alunos com relação ao

professor de LI a algum tempo atrás, em que não existia se quer livros disponíveis para os

alunos. Como esses poderiam desenvolver uma aprendizagem eficaz com a inexistência de

tantos recursos imprescindíveis para o estudo de uma língua estrangeira? Torna-se difícil para

qualquer indivíduo que praticamente nasceu em uma era tecnológica responder a essa

pergunta, porém atualmente se tornou muito fácil afirmar como os alunos de LI podem

aproveitar o tempo em casa para aprofundar os seus estudos, após tanta riqueza proporcionada

pela tecnologia.

A internet, por exemplo é um recurso que se pode considerar completo, já que dispõe

de meios para desenvolver todas as habilidades( listening, speaking, writting e reading).

Através dela os estudantes tanto podem assistir um filme com legenda em inglês, como ouvir

músicas, ler textos autênticos, historinhas em quadrinhos, ou até mesmo conversar com um

falante nativo de Língua Inglesa. Tudo isso contribui bastante para o aluno desenvolver sua

autonomia, já que eles têm o direito de escolher os textos que preferem ler, ou a música que

mais gostam , sendo esses um dos primeiros passos necessários para que ele se torne um

aprendiz autônomo.

Para que a aprendizagem ocorra com sucesso em qualquer instancia, ela precisa está

associada ao prazer, por isso os meios tecnológicos puderam trazer uma imensa contribuição

ao processo de aprendizagem de LI, principalmente a internet, que disponibiliza diversas

maneiras de aprender de forma pratica e divertida.

Através de entrevistas realizadas com alunos de Língua estrangeira podemos constatar

o quanto a presença da internet pôde estimular os alunos ao desenvolvimento da autonomia.

Em uma entrevista realizada por Elisa Lioe sobre a aprendizagem de LI, a música, a

TV a cabo (seriados americanos, noticiários e programas falados em inglês) e a Internet foram

os recursos mais mencionados pelos alunos como meios de aprimorar a língua. Um dos

alunos entrevistados afirma que não gosta muito de ler embora faça isso por obrigação porque

sabe da sua importância, buscando um tema que seja de seu interesse, ele diz que prefere

ouvir e falar, assim como ouvir músicas do que aprender através do livro e gramática. Ele

também procura conversar com falantes nativos. Portanto, não há um recurso melhor que a

internet para trazer tanta diversidade e até mesmo a oportunidade de aproximar pessoas de

Page 21: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

20

diferentes países. Fica difícil imaginarmos, por exemplo, um estudante de escola pública (que

na maioria são de classe baixa) conversando, ou tendo aula com um falante nativo de LI, sem

o uso desse precioso recurso que é a internet.

É importante lembrar que apesar da extrema necessidade do uso da internet para o

desenvolvimento da aprendizagem em LI, não se pode deixar de lado todos os outros recursos

que a tecnologia dispõe, para realizar as diferentes habilidades no processo de aprendizagem

de língua inglesa.

Através de estudos realizados, podemos afirmar que o desenvolvimento da autonomia é o

fator que indicará o desempenho dos alunos nas atividades a serem realizadas

individualmente. E para a realização de uma completa aprendizagem é necessário que os

aprendizes pratiquem atividades que abordem todas as habilidades, e não apenas uma delas.

Por isso, Laura Miccoli desenvolveu um programa chamado self study Project, que engloba as

quatro habilidades lingüísticas: listening, reading, speaking e writing. Ela realizou esse

programa de estudo individual, com o objetivo de fazer com que os alunos integrassem ações

autônomas fora da sala de aula ao seu processo de aprendizagem.

Nas atividades de listening, Miccoli sugere que os aprendizes ouçam músicas que

gostam, descubram quantas palavras já conhecem, e façam uma lista incluindo aquelas que

são desconhecidas para que possam substituir por sinônimos em inglês. A mesma atividade

pode ser feita através de um filme, vídeo, ou através de entrevistas a artistas que tenham a

língua inglesa como sua língua materna. Os alunos devem estar sempre fazendo anotações e

buscando aprender a pronuncia de novas palavras. Ao assistir um filme, eles podem preencher

uma ficha contendo as seguintes descrições: name of movie, main actors, brief description of

movie, part you liked Best, list of words you did undestand.

Para as atividades de reading, a autora do Self Study Project orienta os aprendizes a

procurarem na própria cidade todas as palavras na língua inglesa que forem encontradas nas

vitrines das lojas, supermercados, em frases nas camisas das pessoas, lembrando-se de anotá-

las e observar se estão escritas corretamente. Outra atividade interessante é selecionar revistas

com temas escolhidos por eles, e preencher ( em inglês ) uma ficha com: Name of magazine,

brief description of content, part you liked Best, list of words you learned.

Na realização de atividades com o uso do speaking a música continua sendo

indispensável, o aluno pode utilizá-la para melhorar a sua pronuncia. Miccoly aconselha os

aprendizes a iniciar com canções lentas, e depois passar para canções mais rápidas. O aluno

Page 22: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

21

também pode fazer entrevistas com os professores, onde ele mesmo deve criar as questões.

Eles podem se reunir uma vez por semana com seus colegas para produzirem um diálogo

sobre um tópico específico, gravando as pronuncias dos colegas em um cd para fazerem as

devidas correções Essas reuniões podem ser chamadas de English Club. Podemos considerar

essa atividade como um ótimo requisito para tirar o medo dos alunos de se pronunciar em

público na língua-alvo. Eles podem inclusive, preparar-se para futuras apresentações em

Inglês na sala de aula, fazendo essas apresentações inicialmente para o seu clube.

As atividades de writing podem ser feitas através da troca de bilhetes entre os colegas,

ou textos pessoais sobre a própria vida, como algum acontecimento marcante, as coisas que

gostaria de realizar, etc.. Essas atividades podem ser corrigidas entre os colegas, e

posteriormente levadas para a sala de aula para serem corrigidas pelo professor. A correção

feita inicialmente pelos alunos é um ótimo exercício para eles avaliarem o próprio nível de

aprendizagem.

Podemos observar que todas essas estratégias de aprendizagem envolvem tarefas que

necessitam do uso da tecnologia para serem melhor elaboradas, principalmente atividades que

contemplam a habilidade de listening e Speaking. Além disso, podemos observar que todas

elas trabalham com o lúdico, e esse é um fator indispensável a ser utilizado pelos alunos na

construção do próprio conhecimento. Pois onde há o lúdico, há também o prazer e

conseqüentemente o aprendizado ocorre de forma natural.

Portanto, para desenvolver uma aprendizagem em uma língua estrangeira, há dois

fatores fundamentais que devem ser estimulados pelos professores de língua estrangeira: o

primeiro é o fator autonomia, pois sem ela os alunos podem ser os “melhores da classe,” mas

não passarão de meros alunos. O segundo, é o fator tecnologia, pois sem essa, seria

praticamente impossível desenvolver uma aprendizagem eficaz, até mesmo para os alunos

autônomos.

Page 23: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

22

3 METODOLOGIA

Este capítulo descreve a parte técnica desse trabalho, como por exemplo, o campo

onde ele foi realizado, os sujeitos participantes da pesquisa, assim como, o instrumento

utilizado para coletar os dados, as características gerais dos sujeitos participantes e o tipo de

pesquisa realizada.

3.1 Tipologia da pesquisa

Esse trabalho foi desenvolvido através da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de

campo. O primeiro tipo de pesquisa foi feito com o objetivo de obter o máximo de

conhecimento possível em torno do tema desenvolvido. Para isso, foram realizados estudos de

diferentes teorias á respeito do tema, e foram feitas diversas comparações entre as abordagens

de cada teórico. Essa pesquisa inicial foi de fundamental importância para enriquecer o

conhecimento com relação ao tema desse trabalho, já que os conhecimentos adquiridos

serviram para uma melhor aplicabilidade da parte técnica do mesmo, pois através dela foi

possível obter o conhecimento necessário para se aplicar as técnicas de pesquisa de forma

adequada, e se chegar a conclusões que puderam ser evidenciadas anteriormente por

estudiosos da área na qual esta pesquisa se designou.

O segundo tipo de pesquisa realizado é denominado pesquisa de campo, que é abaixo

definida segundo Markoni e Lakatos. (2005, p. 188) :

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir

informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se

procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou,

ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

A escolha desse tipo de pesquisa se justifica por ela proporcionar a obtenção de dados

relevantes para a continuidade desse trabalho da melhor forma possível, permitindo uma

proximidade maior com o objeto de estudo e com os sujeitos a serem investigados, tornando

os dados obtidos o mais real possível, e portanto confiáveis.

A principal finalidade desta Pesquisa de Campo foi constatar o nível de conhecimento

dos alunos de LI ( Língua Inglesa ) das escolas públicas com relação a importância da

autonomia para o progresso na aprendizagem de uma língua estrangeira. Assim como,

Page 24: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

23

analisar se suas atitudes são coerentes ou incoerentes como aprendizes que devem ser

independentes. Além disso, buscou-se verificar se há uma preocupação por parte dos

professores em trabalhar o desenvolvimento da autonomia dos seus alunos através de suas

aulas, de forma que esses pudessem se tornar estudantes conscientes da sua responsabilidade

durante o seu processo de aprendizagem de LI.

3.2 Sujeitos e lócus da Pesquisa

Os sujeitos escolhidos para a pesquisa foram 10 alunos do ensino médio das escolas

públicas e 3 professores da rede pública que lecionam nas séries do ensino médio, com no

mínimo dois anos de experiência. A escola escolhida como objeto de investigação foi o

Colégio Estadual Wilson Lins, no município de Valente-BA. A preferência por essa escola,

explica-se devido o contato que eu já possuí com ela por oito anos, durante o período em que

estudava o ensino fundamental e médio. Por isso buscou-se investigar o que mudou com

relação a aprendizagem de LI, de 2006 (no ano que conclui o ensino médio ) até esse ano de

2012.

A preferência pelos alunos do ensino público se deu por se ter observado através de

estudos sobre o ensino e a aprendizagem de língua Inglesa, o preconceito que há desses

alunos com relação ao ensino de LI, pelo fato deles serem na maioria de baixa renda e não

terem oportunidade de viajar para países de língua estrangeira e se sentirem afastados dessa

língua devido a situação financeira na qual possuem. Por isso, buscou-se analisar se ainda há

esse preconceito entre os alunos, ou se eles tiveram autonomia para se dedicar aos estudos de

LI, aproveitando as oportunidades oferecidas pelo mundo globalizado no qual estamos.

A opção em utilizar estudantes do nível médio explica-se pelo fato desses já estarem

próximo de concluir, e por isso podem ter uma visão melhor do que os que ainda estão no

ensino fundamental. Além disso, esses alunos tem uma maturidade maior para participarem

da pesquisa, e para demonstrarem se possuem ou não interesse em prosseguir nos estudos de

língua inglesa.

Os questionários dos alunos foram respondidos imediatamente no momento em que

lhes foi entregue. Isso possibilitou que eles fossem o mais sincero possível nas suas respostas,

o que contribuiu significativamente com o objetivo desse trabalho. Quanto ao questionário

dos professores, apenas um dos três que participaram da pesquisa respondeu no mesmo

Page 25: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

24

momento em que lhes foi entregue. Os demais solicitaram um dia para entregar, e assim lhes

foi permitido.

Todos os professores participantes da pesquisa tinham no mínimo 6 anos de

experiência no ensino de Língua Inglesa. Essa característica foi fundamental, já que um dos

critérios para escolha dos sujeitos seriam aqueles com no mínimo dois anos na sala de aula de

LI .

3.3 Instrumentos de coleta de dados

A técnica utilizada para coletar os dados foi a aplicação de questionário. A escolha

desse instrumento foi feita, por ele ser ideal para alcançar o objetivo proposto nesse trabalho,

além de proporcionar uma maior liberdade e sinceridade nas respostas, já que os sujeitos

participantes não precisam se identificar, tornando a pesquisa mais confiável.

O questionário é fundamental para esclarecer o problema da pesquisa como explica

Gil (apud BRENNER, 1999, p. 25):

Construir um questionário consiste basicamente em traduzir os objetivos em

questões específicas. As respostas a essas questões é que irão proporcionar

os dados requeridos para testar as hipóteses ou esclarecer o problema da

pesquisa.

No questionário dos alunos haviam 5 questões, sendo elas 4 subjetivas e apenas uma

objetiva, quanto ao dos professores, haviam 4 questões, sendo 3 subjetivas e uma objetiva, o

que torna essa pesquisa de caráter qualitativo, ou seja, diferente da pesquisa quantitativa, os

dados não são analisados estatisticamente, mas através de uma visão um pouco mais

minuciosa, observando cada característica de forma mais detalhada.

Visando melhores resultados desse trabalho, cada questão aplicada foi analisada

individualmente, e em casos necessários foram usados exemplos das respostas dos alunos,

assim como dos professores.

Page 26: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

25

4 ANÁLISE DE DADOS

O resultado dessa pesquisa de campo foi consideravelmente relevante para confirmar

as ideias contidas na pesquisa bibliográfica a respeito da falta de autonomia dos alunos de

língua inglesa das escolas públicas, que traz como principal consequência a dificuldade na

aprendizagem de LI.

Existem diversas estratégias que podem facilitar o processo de aprendizagem de uma

língua estrangeira para que ele ocorra de forma rápida e eficaz, mas para utilizar essas

estratégias é necessário ser um estudante autônomo, ou seja, o aluno deve sentir- se

independente do contexto escolar, e disposto a praticar habilidades que faça-o progredir no

processo de aprendizagem de LI.

Com base nesses conhecimentos que foram adquiridos durante a pesquisa

bibliográfica, e com o objetivo de comprovar a realidade dos alunos do ensino médio das

escolas públicas com relação á autonomia desses, foram desenvolvidas 5 questões. A primeira

questão tinha como intenção principal perceber, se os alunos tinham consciência da

importância da autonomia para o seu progresso na aprendizagem de uma língua estrangeira, e

quais atitudes deles poderiam ser possíveis indicadores de que eles a obtivessem . Por isso, no

questionário realizado com os alunos, a primeira questão se referia a opinião deles com

relação ao que poderia facilitar a aprendizagem de LI para que ela acontecesse de forma

rápida e eficaz.

Para essa questão grande parte dos alunos deram respostas relacionadas ao contexto

escolar. Alguns responderam que o professor deveria cobrar mais dos alunos, outros

afirmavam que seria necessário haver aulas mais dinâmicas em que houvesse interação entre

educador e educando, outros ainda asseguraram que aprenderiam melhor se o professor

levasse música para a sala de aula. As demais respostas eram semelhantes a essas, e sempre

tinham o professor como aquele que atua no processo de aprendizagem, enquanto os alunos

mantinham posturas passivas. Em todas essas respostas pode-se facilmente observar que os

alunos não citam o que eles deveriam fazer para melhorar o seu aprendizado, e sim o que o

professor deveria fazer, ou seja, eles excluem o próprio papel no processo de aprendizagem e

atribuem ao professor a responsabilidade total pela sua aprendizagem.

Isso traz a concepção de que os educadores precisam esclarecer o papel do aluno no processo

de aprendizagem de uma língua estrangeira, assim como mostrá-los que eles podem aprender

Page 27: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

26

muito mais quando tornarem-se independentes, pois é através do incentivo inicial do educador

que os alunos poderão desenvolver a consciência com relação a sua função como estudante de

uma língua estrangeira.

Apesar da necessidade de aulas que funcionem como uma motivação extrínseca para o aluno

sentir interesse em estudar a língua inglesa, é necessário que eles tenham conhecimento de

que a sala de aula não é o suficiente para desenvolver uma aprendizagem eficaz, como afirma

Miccoli ( apud PAIVA, 2010, p. 34):

Acreditar que o aluno aprenderá tudo que precisa para expressar-se bem em

uma língua estrangeira em sala de aula é impossível. Assim, tanto professor

quanto alunos devem saber que seus papéis em sala de aula são limitados,- o

professor não pode ensinar tudo, e o aluno não deve esperar que através do

professor se aprenda tudo.

Entre 10 alunos que responderam o questionário, apenas 3 deles deram respostas

autônomas e eficazes sobre o que pode realmente facilitar a aprendizagem de LI permitindo

que ela aconteça em um intervalo de tempo menor. Contrariamente a maioria, esses deram

respostas demonstrando uma certa independência do professor, afirmando que para facilitar a

aprendizagem de LI eles poderiam fazer cursos extras, assistir filmes legendados, ouvir

músicas na língua inglesa, entrar em contato com falantes nativos, etc.. Percebe-se portanto,

que uma pequena minoria se insere como os construtores da própria aprendizagem, pois ao

invés de citar o professor, eles citaram seus próprios mecanismos e suas técnicas para

aprender fora do contexto escolar. Essa seria a melhor forma para atingir um nível ideal de

aprendizagem em língua inglesa, pois é uma maneira de ampliar o curto intervalo de tempo da

carga -horária dessa disciplina. No entanto, pode-se constatar que a maioria dos estudantes

ainda encontram–se dependentes do contexto escolar. Esse é um fato verídico que pode

acontecer por consequência da falta de conhecimento por parte do professores de como

trabalhar a autonomia durante suas aulas. Isso mostra uma necessidade de cursos direcionados

aos professores de LI com foco no desenvolvimento da autonomia dos estudantes.

Diferentemente da primeira questão, a questão subsequente era fechada, contendo

apenas duas alternativas. Nela foi questionado sobre qual pessoa o aluno considera como o

principal responsável pela construção da sua aprendizagem em LI.Uma das alternativas era o

professor e a outra, o aluno. Essa questão foi feita com o objetivo de analisar o nível de

dependência dos alunos para com o professor.

Page 28: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

27

Entre dez dos que responderam o questionário, oito marcaram na alternativa que se

refere ao professor, e apenas dois dos estudantes marcaram na opção aluno. Através das

respostas obtidas nessa questão, fica claro que os alunos de Língua Inglesa das escolas

públicas não assumem sua responsabilidade como aprendiz de uma língua estrangeira. E se

esses acreditam que o principal responsável pela construção do próprio conhecimento é o

professor, isso mostra que há uma imensa necessidade de ser esclarecidos os papeis de cada

um, e esse é o ofício do educador: Mostrar para os seus alunos que eles são os próprios

construtores do conhecimento, e que ele (o professor) é apenas o mediador. Enquanto os

aprendizes estiverem transferindo toda a responsabilidade para o professor, eles irão continuar

sentindo dificuldade com essa disciplina, pois, embora seja necessário que o professor faça

um bom trabalho, é também necessário que os alunos reconheçam o seu papel como

estudantes de uma língua estrangeira e compreendam que é a partir da dedicação deles que

poderão alcançar uma aprendizagem satisfatória. No entanto, o educador precisa orientá-lo a

respeito disso, pois segundo Paiva (apud LIMA, 2009, p.35 ).“o professor não é o responsável

pela aprendizagem do aluno, mas pode ajudá-lo a ser mais autônomo”

É necessário frisar que, mesmo havendo apenas duas opções de resposta, na qual eles

teriam que optar apenas pelo professor ou pelo aluno como responsável pela construção da

aprendizagem, um dos alunos quebrou as regras de resposta e acrescentou outra alternativa,

contendo professor e aluno, marcando nesta opção. A atitude desse aluno mostra o quanto

ele é seguro e conhecedor de que os dois são importantes no processo de aprendizagem, pois

ele não quis decidir entre um ou outro, demonstrando o quanto ele é consciente a respeito da

necessidade de empenho tanto do professor, quanto do aluno. Embora se saiba que quanto

maior a responsabilidade do aluno no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira,

maior as chances dele desenvolver sua própria aprendizagem. Porém, conforme Paiva (2010,

p. 34 ) isso precisa ser trabalhado pelo professor:

O desenvolvimento de alunos autônomos deve ser incentivado pelo professor

para que o aluno possa direcionar sua aprendizagem de forma a que este,

gradativamente, deixe de precisar do professor para resolver tarefas, sejam

elas dentro ou fora da sala de aula.

Com o objetivo de saber quanto tempo de estudos extra escolares os alunos

consideram necessário para aprender a LI, foi feita uma questão na qual pedia que os alunos

Page 29: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

28

fizessem a suposição de que uma aluna só entrava em contato com a LI quando estivesse na

sala de aula, por conta da falta de tempo. Sendo ela uma aluna aplicada que respondia as

atividades, mas não tinha nenhum contato com a língua inglesa além daquele que possuía na

escola, seria possível que ela aprendesse essa língua?

Nessa questão apenas dois dos alunos responderam que não seria possível, os demais

(oito alunos) responderam que seria possível dependendo da força de vontade. Uns afirmaram

que ela poderia aproveitar os finais de semana para ver vídeos-aulas e manter contato virtual

com estrangeiros, outros afirmaram que seria possível, já que a aluna era atenta nas aulas e

respondia as atividades. Outro aluno afirmou que o inglês está em todo lugar então, para ele, é

possível aprender mesmo só entrando em contato quando estiver na escola. Esse aluno dá uma

resposta aparentemente confusa, pois se ele próprio afirma que essa língua está em todo lugar,

é então necessário aproveitar esse conhecimentos extra escolares para desenvolver uma

aprendizagem satisfatória, porém ele afirma o contrário quando diz que é possível aprender

mantendo contato com a LI somente através da escola.

Ainda houve outro aluno que respondeu que seria possível, se a professora explicasse

todos os assuntos que o aluno apresentasse dúvida.

Percebe-se claramente que há uma falta de noção por parte dos alunos do que seja realmente

aprender uma língua estrangeira e do tempo necessário para isso. Pois essa aluna não poderia

aprender a LI, mantendo contato com ela apenas no ambiente escolar. No entanto, a realidade

das escolas públicas, permite que os alunos sintam que aprenderam o suficiente apenas com o

que eles veem na escola. Isso pode ser ilustrado na fala da aluna que diz: “É possível

aprender, pois eu trabalho e não tenho tempo para nada, mas sou nota 10 em inglês.”

Conforme Miccoli (2010),“demonstrar conhecimentos em uma língua estrangeira não se

limita apenas ao preenchimento de espaços nas provas, mas também à realização de projetos,

onde esses conhecimentos sejam aplicados. Portanto, para demonstrar a aprendizagem em

uma língua estrangeira é necessário que o aprendiz domine todas as habilidades (listening,

speaking, writting e reading), e não apenas uma delas.

Apesar da grande maioria dos estudantes acreditarem que é possível aprender a LI

mantendo contato com essa língua apenas no contexto escolar, há uma pequena parte que

pensa diferente e que é necessário ser frisado. Ou seja, entre os dez alunos que responderam

ao questionário, dois deles afirmaram que não seria possível aprender a LI nas condições

citadas na pergunta. Um deles respondeu que para aprender é necessário tempo, mesmo a

Page 30: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

29

pessoa sendo um bom aluno, e o outro aluno demonstrou através de sua resposta que não seria

possível aprender através do contato unicamente com a escola, porque apenas com as aulas

escolares eles não aprendem o suficiente. A Resposta desse aluno chama a atenção, pois

percebe-se um pequeno desabafo, na qual ele se expressa da seguinte forma : “Não. Porque os

professores não ensinam 100% a falar, eles dão aula e ensinam só algumas palavras, como por

exemplo, love, you e I, que todos sabem o que significa.”

A fala desse aluno, além de complementar a citação de Miccoli, serve também para

comprovar que há uma necessidade de mudança nas aulas de língua inglesa, de forma que os

aprendizes sintam que o que ele aprende será útil, não só para responder provas e obterem

uma nota, mas principalmente para utilizarem no seu cotidiano, no diálogo com estrangeiros,

na compreensão de uma música, ou de uma entrevista que passa na tv. Dessa maneira, os

alunos estarão aplicando o que viu na sala de aula em um contexto real, que é muito mais

significativo. É por observar a decadência no ensino de língua inglesa nas escolas públicas

que esse aluno se expressa dessa forma, mostrando que ele se sente incomodado com a

maneira na qual essa língua é lecionada, por isso é necessário uma mudança nas aulas de LI,

como afirma Paiva ( apud LIMA 2009, p.34-35):

O ensino de LE tem carga-horária reduzida,(.....) logo essas horas na sala de

aula precisam ser usadas de forma a despertar no aprendiz o desejo de

ultrapassar os limites de tempo e espaço na sala de aula em busca de novas

experiências com a língua.

O aluno mostra-se crítico e reflexivo, não acreditando que é possível aprender a língua

inglesa somente através do ambiente escolar. A sua opinião mostra uma postura de alguém

que pode tornar-se um sujeito autônomo, pois independente da postura do seu professor, ele já

mostra ser consciente á respeito da necessidade de se tornar independente para que possa

progredir no seu processo de aprendizagem. Porém, foi possível perceber que são poucos

alunos que tem esse senso crítico, é exatamente por isso que os educadores tem o dever de

orientá-los a saírem da função de simples receptores, para os construtores do próprio

conhecimento.

È sabido que para alcançar uma aprendizagem eficaz em LI, o estudante precisa se

tornar autônomo, e quando o aluno tem a consciência de que o espaço escolar não é suficiente

para promover tal conhecimento, ele tem mais facilidade de desenvolver essa autonomia.

Page 31: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

30

Com base nesses conhecimentos, e com a intenção de saber o que os alunos entendiam com

relação a responsabilizar-se pela aprendizagem em LI, lhes foi indagado se eles se

consideravam responsáveis como estudantes de uma língua estrangeira e quais atitudes deles

poderiam exemplificar essa responsabilidade.

Para essa questão 3 alunos responderam negativamente, afirmando que não se

consideravam muito responsáveis. Entre esses, houve um aluno que justificou essa resposta

explicando que a disciplina é muito difícil. Diferentemente desse, um outro estudante afirmou

que apesar de não ser responsável, ele não apresentava nenhuma dificuldade com a

disciplina, já o outro estudante respondeu que não era totalmente responsável porque algumas

vezes deixava de fazer traduções solicitadas pela professora. Entretanto, a grande maioria

deram respostas positivas com relação ao fato de se considerarem responsáveis. Contudo,

todos justificavam essa responsabilidade pelo simples fato de responderem as atividades da

classe, ou ser atento durante as aulas.

Ao analisar essas respostas, nota-se mais uma vez a falta de autonomia desses alunos,

na qual está evidente que os educadores não lhes mostram o que eles devem fazer para

assumir a responsabilidade como aprendiz de uma língua estrangeira. Se esses alunos

acreditam que responder as atividades e ser atento durante as aulas é o suficiente, fica claro

que não há uma cobrança maior por parte do professor de forma que venha gradativamente

mudar o comportamento dos alunos, permitindo que esses passem a exigir mais de si próprios

no seu processo de aprendizagem .passando a responsabilizar-se não só pelas atividades

escolares, mas pela busca de conhecimentos que venham complementar o pouco tempo de

contato com a LI que eles possuem nas escolas públicas.

Esse ensino que se apresenta descentralizado da autonomia, gera diversas

consequências, e uma dessas é o comodismo dos alunos. Pois para ser independente,

autônomo, ou responsável, é necessário mudar a postura de simples “alunos”, para a postura

de “estudante”, e para isso os professores de LI precisam orientar seus alunos a buscar novas

fontes de conhecimento, de forma que eles não se prendam somente as atividades

desenvolvidas no ambiente escolar.

A última questão para os alunos foi construída com o intuito de entender quais seriam

os possíveis indicadores da autonomia, ou da ausência dessa, entre os estudantes de LI. Para

isso, a pergunta para esses alunos se referia ao que lhes estimula o desejo de aprender, e o que

desmotiva-os de forma que percam o interesse para estudar essa língua.

Page 32: A construção da autonomia no processo de aprendizagem de Língua Inglesa na escolas públicas

31

As respostas para essa questão foram as mais semelhantes entre todas que foram feitas.

O estímulo dos alunos estava sempre relacionado com a motivação intrínseca, que se baseava

no desejo de viajar e poder se comunicar com falantes estrangeiros, e a necessidade de

ingressar logo no mercado de trabalho. Quanto a desmotivação desses, estava relacionada

principalmente a dificuldade com a pronuncia. O que mostra a necessidade de aulas que

trabalhe com a habilidade comunicativa, para despertar o interesse dos alunos, que desejam se

comunicar em uma língua estrangeira, e eliminar a dificuldade que eles apresentam com

relação a pronúncia.

Um dos alunos explicou que o que lhes desmotiva é o fato da língua não ser tão

popular. Essa resposta traz a conclusão de que esse aluno raramente mantém contato com a

LI, o que torna para ele uma língua pouco popular, e portanto difícil para aprender. Além

disso, demonstra também a necessidade que há do professor trabalhar em sala de aula com as

consequências da globalização, e a importância do inglês neste cenário, para que os alunos

então percebam que a língua inglesa tornou-se, não apenas uma língua popular, mas

principalmente uma língua conhecida como universal”, o que demonstra a sua grande

influência na atual sociedade.

Um dos alunos demonstra que sua motivação é intrínseca, ou seja está relacionada a

seus desejos pessoais. Essa resposta é ilustrada da seguinte forma:

“Me motiva por ser uma língua muito interessante e eu acho bonito e tenho vontade de

viajar , aí iria facilitar né, porque é muito difícil decorar palavra, falar corretamente, escrever

e saber o significado.”

Através do comentário desse aluno, percebe-se que o que lhe estimula é o interesse

pessoal em aprender a língua inglesa, porém apesar do desejo desse aluno, ele demonstra a

dificuldade em desenvolver várias habilidades ao mesmo tempo. Isso confirma o que está

inserido na parte teórica desse trabalho, de que grande parte dos alunos perdem o interesse por

essa disciplina devido a metodologia tradicional adotada pelos professores, com foco

exclusivo na gramática, e que raramente trabalha com as demais habilidades, gerando uma

imensa dificuldade dos alunos e trazendo como consequência o desinteresse que impede-os

cada vez mais de tornem-se aprendizes autônomos. Confirmando portanto a fala de Paiva

(2009) quando ela diz que “ninguém vai se sentir motivado se ano após ano ficar

memorizando regras gramaticais e fazendo exercícios cansativos e sem sentido”.

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Devido aos conhecimentos obtidos através da pesquisa bibliográfica, feita durante esse

trabalho, foi possível perceber o quanto o incentivo do professor é necessário para que o

aprendiz desperte o interesse pela disciplina de LI, e torne-se aos poucos um sujeito

autônomo. Por isso, a primeira questão feita aos docentes perguntava-lhes a respeito das suas

crenças com relação a possibilidade de incentivar a autonomia dos estudantes de LI por meio

das aulas desta disciplina.

Dois professores participantes da pesquisa responderam que seria possível incentivar a

autonomia por meio das aulas, e com relação a maneira como isso poderia acontecer, eles

responderam que estimulariam os alunos a acessar vídeos, áudios, filmes e a praticarem a

conversação. Esses professores deram respostas unânimes, e que são realmente importantes

para desenvolver a aprendizagem de LI, porém, sabe-se que antes de pesquisarem sozinhos os

alunos precisam quebrar todas as barreiras e as dificuldades encontradas, e acima de tudo

precisam compreender as vantagens que o ensino de língua inglesa pode lhes proporcionar.

Através das aulas, os professores poderiam buscar quebrar essas barreiras e o preconceito com

a LI, porém, eles não fizeram nenhum comentário á respeito disso. Subentende-se, portanto

que a maioria dos professores não apresentam muita preocupação em incentivar a autonomia

desses alunos, pois suas repostas diziam o que os alunos poderiam fazer, e não com o que eles

professores poderiam fazer em suas aulas para despertar o interesse dos alunos, de forma que

esses viessem sentir o desejo de aprender, e consequentemente se tornassem aprendizes

autônomos.

É importante salientar que, a despeito de ser uma minoria, também há professores

pesquisadores que conhecem teorias relacionadas ao desenvolvimento da autonomia, isso

pôde ser constatado através da resposta da professora que diz: “Sim. Criar alunos autônomos

do seu próprio processo de aprendizagem é algo possível, porém é necessário muito incentivo

e atividades diversificadas. Sem esse incentivo é difícil o aluno aprender de fato a LI, pois não

é uma tarefa muito fácil. É preciso um trabalho voltado para a realidade em que vivemos, não

se limitando apenas ao ensino de gramática e vocabulário.” Diferentemente dos demais, esse

professor demonstrou que através da sua aula ele poderia incentivar o aluno, ao invés de

apenas orientá-los sobre o que eles poderiam pesquisar.

Com o objetivo de compreender de que forma os professores percebiam a autonomia

dos seus alunos, ou a ausência dessa, foi criada uma pergunta, na qual questionava os

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educadores sobre as atitudes dos estudantes que os fazia perceber se ele era ou não um

aprendiz autônomo.

Para essa questão os professores deram respostas bem diversificadas. O professor A,

respondeu que percebia a característica autônoma do seu aluno, quando este demonstrava

habilidades para compreender o inglês que o rodeia, nas letras das música, na tv, nos produtos

que compram , ou na internet, etc.. já o professor B respondeu que os alunos demonstravam

obtê-la quando realizavam as atividades sem solicitar muita ajuda do professor, e também ao

fazerem sugestões para se trabalhar determinado texto, ou música para dinamizar a aula.

Entretanto, o professor C respondeu que o aprendiz é autônomo quando compreende que a

aquisição de um outro idioma traz a possibilidade de se comunicar com pessoas de outros

países.

Percebe-se que os professores tem conhecimento com relação aos seus alunos que

possuem autonomia, no entanto, através das respostas dos alunos, foi possível entender que

são poucos, entre eles, que possuem esse comportamento de independência com relação ao

professor. E isso pode acontecer justamente pelo conformismo por parte dos docentes, que

não buscam por em prática estratégias de incentivo á autonomia dos seus alunos.

Além da falta de incentivo por parte do professor com relação ao desenvolvimento da

autonomia do aluno, outro motivo que impede-os de se tornarem autônomos é a dificuldade

que eles tem em desenvolver todas as habilidades, pois geralmente os professores trabalham

apenas com foco exclusivo na gramática. Entretanto, “nos dias de hoje entender o ensino de

língua como restrito a aprendizagem de gramática e vocabulário pouco ajuda o aluno a lidar

com a realidade em que nos encontramos, onde o inglês cada vez mais nos cerca” Miccoli

(apud PAIVA,2010, p.32). Por isso o ensino de LI não pode ser baseado em uma única

metodologia. Portanto é necessário que os professores trabalhem também com atividades

comunicativas para que os alunos possam desenvolver o listening e speaking e

consequentemente se sintam capazes de se comunicar em uma língua estrangeira.

Em função desses conhecimentos foi feita uma questão fechada na qual foi perguntado

o seguinte: Qual das atividades abaixo são constantes em suas aulas? Ela continha três

alternativas: Leitura e interpretação de texto/, comunicação através de diálogos/ ou

vocabulário e gramática. Dois professores marcaram na opção leitura e interpretação de texto,

sendo que um desses marcou em duas opções, escolhendo também gramática e vocabulário e

o outro marcou na opção comunicação através de diálogos.

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Constatou-se portanto, que a habilidade mais importante de ser trabalhada, que é a

comunicação está sendo a que os professores mais deixam de lado. Contribuindo dessa forma

para aumentar a desmotivação dos alunos que acabam sentido muita dificuldade com a

pronuncia, como pôde ser comprovado através do questionário. Essa realidade das escolas

públicas mostra mais um dos principais motivos da falta de autonomia dos estudantes, pois

esses se sentem frustrados quando tentam falar em inglês e não conseguem em função da falta

de prática de falar em uma outra língua na frente dos colegas.

Devido ao fato da realidade do ensino de LI apresentar muitas defasagens, começando

pelo próprio sistema que deixa uma pequena carga-horária para o ensino dessa disciplina,

compreende-se que é necessário que os aprendizes estejam sempre buscando novas fontes de

aprendizagem e, sabe-se que não há ninguém melhor que o professor, para ser o instigador no

processo de aprendizagem de seus discentes, pois eles conhecem as principais metas para

orientá-los. Por isso, a última questão perguntava aos docentes se eles pediam aos seus alunos

para pesquisarem, e se a resposta fosse positiva que eles citassem quais materiais eram

solicitados por eles.

Todos os professores responderam que estimulavam os estudantes a pesquisarem, e os

materiais solicitados foram comuns entre ambos. Um dos professores citou que pedia letras de

música para enriquecer o vocabulário, sites, blogs, aspectos gramaticais que estão sendo

estudados na sala. O outro também citou atividades que enriquecem o vocabulário e sites com

orientações sobre o ensino de LI. Já o terceiro deu uma resposta que não foi citada pelos

demais, afirmando que pedia aos seus alunos para levarem textos de seus interesses para

serem trabalhados na sala de aula.

Apesar de todas as respostas serem relevantes, a única que chama a atenção para uma

maior possibilidade de desenvolver a autonomia dos alunos é a terceira, pois uma das

melhores formas de estimular os alunos, é trabalhando em cima daquilo que eles gostam para

que eles possam realizar a atividade por prazer, ao invés de fazê-la por obrigação. E essa

última resposta dada pelo professor permite que o aluno escolha o material que ele prefere

estudar, contribuindo com a motivação intrínseca do aprendiz, e além disso, permite que ele

exerça o seu papel como aprendiz autônomo, já que para escolher uma atividade de seu

interesse o aprendiz também precisa ser independente. O educador que faz isso, está seguindo

as orientações de Paiva ( apud LIMA, 2009 ), quando ela diz que o professor pode contribuir

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para atitudes mais autônomas dos seus alunos, quando envolve-os nas suas decisões e dar a

eles opções de escolha de material e de atividades, transformando-os em seus colaboradores.

Apesar das respostas dadas pelos professores serem importantes instrumentos de

aprendizagem, é necessário enfatizar que, por mais que os docentes peçam a seus alunos para

pesquisarem, dificilmente isso será feito por eles, se inicialmente não for desenvolvido um

trabalho com foco na autonomia, começando por exemplo por mostrar a importância em

aprender a LI e as demonstrações de que é possível aprender sem precisar sair do pais, além

da necessidade de aulas dinâmicas que contenha uma abordagem que contemple todas as

habilidades. No entanto, foi constatado através da primeira questão feita aos professores, que

eles incentivam seus alunos apenas pedindo para eles estudarem em casa. Porém, apenas um

desses professores afirmou que os-incentivava por meio das suas aulas.

Foi possível perceber que as repostas dos professores e a dos alunos eram compatíveis,

principalmente no que se refere a necessidade de trabalhar mais a comunicação em sala de

aula, pois a maioria dos professores responderam que trabalham mais com gramática e

vocabulário. Isso explica o fato dos alunos terem respondido que sentiam muita dificuldade

com a pronúncia, sendo esses um dos principais motivos da falta de estímulo desses para

aprender, já que o inglês que eles aprendem na escola serve apenas para responder as

atividades solicitadas pelo professor.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho foi significativamente relevante para compreender os principais

motivos da falta de interesse dos alunos com relação á disciplina de LI, e as possíveis causas

da ausência de autonomia entre esses.

A começar pela pesquisa bibliográfica que possibilitou um profundo conhecimento da

realidade das escolas públicas em geral com relação a disciplina de LI, na qual houve a

possibilidade de entender o verdadeiro conceito de um aprendiz autônomo no seu processo de

aprendizagem , e quais as principais estratégias para alcançar uma aprendizagem eficaz em

uma língua estrangeira. Além disso, através da pesquisa bibliográfica, percebeu-se que os

aprendizes não podem se tornar autônomos, sem o estimulo inicial feito pelo professor,

através de suas aulas, começando pelas desmistificação das crenças, que causam diversos

preconceitos com essa disciplina, e posteriormente com aulas lúdicas e prazerosas que possam

despertar o interesse do aluno, através de atividades que contemple não apenas uma

habilidade, mas todas elas, e principalmente a comunicativa, que os estudiosos alegam ser a

principal, por trabalhar com a maior necessidade do aluno de LI, que é aprender a língua

para poder utilizá-la na sociedade, e não apenas no ambiente de aprendizagem.

O questionário aplicado aos estudantes de LI foi indispensável para comprovar a

hipótese da falta de autonomia dos alunos de língua Inglesa das escolas públicas, e também

para compreender os principais motivos que impede-os de tornarem–se sujeitos autônomos.

Foi possível concluir que um dos principais motivos está relacionado com as crenças que

esses alunos ainda possuem, devido ao pouco contato que eles mantem com a LI, somente

quando estão no contexto escolar. A outra razão para a falta da autonomia está relacionada

com a falta de conscientização por parte dos professores com relação a necessidade dos

aprendizes se tornarem independentes do contexto escolar para praticarem melhor as

estratégias de aprendizagem que não são trabalhadas na escola.

Os questionários também serviram como instrumentos essenciais para perceber que a

maioria dos alunos não possuem o conhecimento que para aprender uma língua estrangeira é

necessário dominar as quatro habilidades linguísticas, pois a escola dispõe de muito pouco, e

por isso não cobra muito dos alunos, o que gera entre eles uma certa “tranquilidade”, como se

essa disciplina fosse totalmente inferior as demais, e por isso alguns alunos chegam a afirmar

que, mesmo não sendo responsáveis como aprendizes de LI, tiravam boas notas, e eram

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considerados bons alunos. Isso explica o fato de grande parte dos estudantes não terem o

menor interesse em desenvolver o próprio conhecimento e preferirem o comodismo, já que

eles podem da mesma forma passar de ano e até serem considerados “bons alunos”.

Nesse trabalho foi explícito claramente, que a maior resistência á autonomia vem dos

próprios alunos que estão acostumados com esse ritmo ainda tradicional, na qual são passivos,

e esperam alcançar a aprendizagem através do professor, possuindo dessa forma uma visão do

docente como o transmissor de conhecimentos. Por isso, pode-se afirmar que, uma possível

solução para a resistência dos alunos ao desenvolvimento da autonomia está nas mãos dos

educadores, que podem instigar os seus alunos a deixarem de ser meros receptores de

conhecimento e passarem a ser os construtores desse. Além disso, cabe ao professore o papel

de orientá-los em torno das melhores estratégias de aprendizagem.

Tanto na pesquisa de Campo, quanto na bibliográfica, constatou-se que as aulas de

língua inglesa são voltadas exclusivamente para gramatica e vocabulário, por isso, é dever dos

professores mudarem essa realidade, para que o aprendiz passe a valorizar essa disciplina

assim como as demais, e então reconheça a necessidade de ampliar o seu tempo de estudo

para atingir um nível ideal de aprendizagem. Isso deve ser feito através de uma maior

cobrança aos alunos, mostrando-lhes que a disciplina de língua estrangeira tem a mesma

importância que as demais. Além disso, por meio dessa monografia foi possível perceber que,

é necessário preparar os alunos para o mercado de trabalho, e para a vida em si, e um dos

caminhos pra isso é tornar o ensino de LI, o mais próximo possível da realidade dos

aprendizes, para que eles possam se sentir inseridos nesse “novo mundo” globalizado, e a

partir de então possam sentir interesse, e ao mesmo tempo, possam observar a necessidade de

estar aprimorando cada vez mais o seu inglês, ao invés de se conformarem com o inglês

básico que está inserido na grade curricular, pois é esse conformismo que impede-os de

tornarem-se verdadeiros aprendizes que usam a autonomia para construir a própria

aprendizagem.

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