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ORALIDADE DA LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS PÚBLICAS-
2ª FASE DO ENSINO FUNDAMENTAL
Ana Paula Alves de Jesus
RESUMO: O presente artigo tem como finalidade compreender como é possível os professores
fazerem a abordagem oral da língua inglesa considerando restrições que as escolas públicas apresentam.
O artigo visa também analisar estudos que mostram os possíveis meios para que o trabalho se efetive e
quais são os possíveis fatores que podem contribuir para que esse objetivo não seja atingido
significativamente. Introduzir a oralidade nas salas de aulas exige estrutura física nas escolas e acima de
tudo competência linguística do professor de modo que o caminho para alcançar a oralidade se concretize.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com as contribuições de diversos autores, tais como Schmitz
(2008), Leffa (2008), Menezes (2009) e Paiva (2006).
Palavras-chaves: Língua estrangeira; Oralidade; Inglês; Escolas Públicas.
ABSTRACT: This article aims mainly to understand how teachers can approach oral English language
within the restrictions found in public schools. The article also seeks to examine studies showing possible
ways to accomplish the work effectively and what are the possible factors that can prevent this goal from
being significantly reached. Introducing orality in classrooms requires physical infrastructure in schools
and linguistic competence from the teacher. This is a bibliographical study with contributions from many
authors such as Schmitz (2008), Leffa (2008), Menezes (2009) and Paiva (2006).
Keywords: Foreign language; Orality; English; Public Schools.
INTRODUÇÃO
A atual pesquisa parte da realidade sobre a prática do ensino de língua inglesa na
rede pública – que é caracterizada pela sociedade em geral como insatisfatória,
principalmente no que tange a habilidade oral, porque se julga que com o inglês da
escola não se aprende nada e muito menos desenvolve a oralidade. Sob os
direcionamentos dos PCNs1 é necessário ter uma transformação nas políticas escolares
para atingir um ensino eficiente da língua inglesa. Dentre essas transformações, os
requisitos necessários incluem uma melhora na estrutura física das escolas e um
investimento na formação dos profissionais de educação dessa área, pois estes
encontram muitas barreiras para trabalhar sua disciplina em um ambiente deficiente de
recursos.
Este trabalho analisa como é possível trabalhar a oralidade da língua inglesa
dentro das limitações das escolas públicas e fazer com que os alunos desempenhem o
1 PCNs- Parâmetros Curriculares Nacionais
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uso da língua. Tendo como objetivo compreender se isso pode acontecer e quais são os
meios para alcançar tal aprendizado e visa ainda analisar quais são os desafios que
devem ser vencidos para concretização deste ensino.
Para tanto, o presente artigo apresenta no primeiro tópico um relato sobre a
importância dessa Língua Estrangeira (de agora em diante, LE) para os nossos alunos do
Ensino Fundamental, conforme os Parâmetros Curriculares e dentro da visão de autores
que discutem sobre o propósito deste ensino. No segundo tópico são apresentados os
possíveis fatores que impede o ensino verdadeiro da oralidade do inglês. No terceiro
tópico é abordado a autonomia do aluno e os métodos para que o professor consiga
alcançar esse comportamento do aluno assumindo responsabilidades de seu
aprendizado. No quarto e último tópico consta informações levantadas empiricamente
de estudos com professores e alunos do Ensino Fundamental trabalhando as
possibilidades de desenvolver a oralidade do inglês dentro da sala.
A metodologia utilizada neste trabalho é a pesquisa bibliográfica, tendo em vista
conceder ao leitor uma compreensão sobre o assunto em pauta mediante a concordância
de autores pesquisadores desta área. Dentro os autores citados, destacam-se: Schmitz
(2008), Leffa (2008), Menezes (2009) e Paiva (2006).
1. A importância da oralidade da língua inglesa em sala de aula.
O ensino da língua inglesa tem por objetivo fazer com que os seus aprendizes
compreendam a sua importância e o valor desta língua franca, sendo o idioma
instrumento para dar acesso ao mundo globalizado. Além disso, a língua inglesa tornou-
se disciplina nas grades das escolas públicas brasileiras, no qual neste trabalho, será
visado em especial a 2ª fase do Ensino Fundamental.
Os alunos da 2ª fase do Ensino Fundamental (6ª a 9ª série) estão entrando em
contato com uma segunda língua, e o educador deve-se preocupar em oferecer um
ensino mais rico que consiga atingir o desenvolvimento de um aprendizado
significativo.
Ao sair do 5º ano para entrar no 6º ano do Ensino Fundamental, o aluno se sente
entusiasmado pela aprendizagem da língua inglesa, por ser uma matéria nova para a
grande maioria e, um idioma que está em todos os lugares, seja nas letras das músicas
de seus ídolos ou nos seus filmes prediletos.
O questionamento levantado é saber como essa prática de LE pode atingir
nossos alunos em relação à oralidade do idioma ensinado, aproveitando essa fase
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escolar em que estão motivados por esse ensino e, quais são os métodos para tornar isso
possível proporcionando uma aprendizagem verdadeira, fazendo com que o aprendiz
consiga desempenhar o uso da língua inglesa dentro das limitações do ensino público, e
como o professor pode promover uma interação entre os alunos nas condições das
nossas escolas.
Há uma realidade de que a oralidade da língua inglesa é pouca trabalhada com
os alunos de escola pública. Muitas vezes, os professores dizem enfrentar dificuldades
como salas cheias de alunos, faltam de verba na compra de materiais pedagógicos para
preparar melhor suas aulas e carga horária pequena, não conseguindo assim abordar a
parte oral do inglês.
Rojo e Lopes (2004) trazem importantes informações a respeito do ensino de
LE, avaliando a necessidade do investimento do Poder Público na educação, na
formação dos professores e infraestrutura das escolas públicas.
A oralidade em sua modalidade de língua inglesa passa precisamente pela
tomada de consciências do meio educacional na busca de uma realidade que permita a
efetiva construção do conhecimento pela prática, ou seja, se o estudante é levado à
exposição do uso da língua, consequentemente, a aprendizagem será de maneira
prazerosa e consistente.
De acordo com Leffa (2008, p.10) o ensino da LE não deve ter só objetivos
instrumentais como compreender, falar, ler e escrever, mas deve ser orientado para
objetivos educativos com a contribuição para a “formação da mentalidade, desenvolver
hábitos de observação e reflexão” e culturais: “conhecimento da civilização estrangeira,
capacidade de compreender tradições e ideais de outros povos".
Trabalhar a oralidade da língua inglesa pode ajudar os nossos alunos a consolidar
a capacidade de transmissão e a assimilação do idioma no mundo em que vive. Sendo
capaz de manifestar uma visão crítica, integrando-se à sociedade de uma forma
significativa.
O fato é que a grande maioria das escolas públicas não está oferecendo ao
estudante o desenvolvimento da competência comunicativa sendo a fala como
modalidade de domínio da língua, uma vez que esbarra na falta de espaços para
interação comunicativa. Ser exposto à língua em sua modalidade oral se torna de
fundamental importância para tal desempenho. A escola deve se voltar para a
construção linguística em LE de forma mais eficaz, ampla e interativa.
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O conhecimento em língua estrangeira, conforme os PCNs mostram a função
oficialmente proposta desse ensino em nosso país. Definindo os objetivos do ensino de
LE leva-se em consideração o aprendiz, o sistema educacional e a função social da
língua estrangeira em questão.
Segundo os PCNs (1998) do Ensino Fundamental, estes objetivos consideram o
desenvolvimento de capacidade em função das necessidades sociais, intelectuais,
profissionais e interesses e desejos dos alunos. Não tendo tais objetivos apenas papéis
formativos, mas principalmente uma reflexão sobre a função social da língua estrangeira
no país e sobre as limitações supostas sobre as condições de aprendizagem.
Os PCNs (1998) do terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental apresentam
a ideia de adquirir uma LE como uma maneira de fazer parte do mundo, de ser um
cidadão global, com direitos e deveres para com essa sociedade plural e mundial.
Estas concepções são explícitas no trecho a seguir retirado do PCNEF (1998, p.
43) de Língua Estrangeira:
vivenciar uma experiência de comunicação humana, pelo uso de uma
língua estrangeira, no que se refere a novas maneiras de se expressar e
de ver o mundo, refletindo sobre os costumes ou maneiras de agir e
interagir e as visões de seu próprio mundo, possibilitando maior
entendimento de um mundo plural e de seu próprio papel como
cidadão de seu país e do mundo.
Através dos PCNs (1998) espera-se que ao longo dos quatro anos do Ensino
Fundamental o aluno seja capaz de desenvolver as seguintes competências com o ensino
da língua inglesa:
1) Identificar no universo que o cerca as línguas estrangeiras (aqui estende-se ao
Inglês) que cooperam nos sistemas de comunicação, percebendo-se como parte
integrante de um mundo plurilíngue.
2) Vivenciar uma experiência de comunicação humana, refletindo no seu dia a dia, nos
costumes e maneira de agir e interagir.
3) Reconhecer que o acesso desta língua ou mais línguas lhe possibilita acesso a bem
culturais da humanidade.
4) Construir conhecimento sistêmico sobre a organização textual e sobre como e
quando utilizar a linguagem, nas situações de comunicação, tendo como base os
conhecimentos da língua materna.
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5) Construir consciência e consciência crítica dos usos que se fazem da língua
estrangeira que está aprendendo.
6) Utilizar outras habilidades comunicativas de modo a poder atuar em situações
diversas.
Lembrando que vivemos uma realidade determinada pela globalização, das
diferenças culturais entre os povos do mundo, a função do ensino e da aprendizagem de
línguas estrangeiras está ligado ao momento cultural vivido pelos nossos estudantes.
A Secretaria de Educação Fundamental (1997, p.15) faz a seguinte declaração
sobre o ensino de língua estrangeira:
A aprendizagem de língua estrangeira é uma possibilidade de
aumentar a autopercepção do aluno como ser humano e cidadão. Por
esse motivo, ela deve centrar-se no engajamento discursivo do
aprendiz, ou seja, em sua capacidade de engajar e engajar outros no
discurso de modo a poder agir no mundo social.
Há uma questão cultural envolvida no ensino de línguas estrangeiras, sendo
relevante considerarmos os debates sobre diferenças culturais, alteridade,
multiculturalismo que a globalização evidencia. O indivíduo construirá sua cidadania
dependendo do grau de consciência que tem acerca de si mesmo.
O estudo da língua inglesa não deve ser mais visto como a língua pertencente a
um determinado país, acarretando isto, transformações do ensino desta LE em sala de
aula. O professor deve viabilizar para o aluno o contato com outra cultura, contribuindo
para o conhecimento de aspectos culturais diferentes daquele que vivencia, sendo ligado
diretamente à constituição social do estudante, fazendo o ensino e aprendizagem da LE
o caminho que abrirá as portas ao aluno de classes populares a ter admissão a esse
conhecimento global.
2. Fatores que contribuem para o não desenvolvimento da oralidade LE.
O professor de LE tem papel fundamental no ensino e aprendizagem, que não é
apenas o de transmitir conhecimento, mas criar possibilidades para auto-produção ou
construção do conhecimento (FREIRE, 1994). Entretanto, pode-se fazer uma atribuição
a realidade das escolas públicas pela possível não aprendizagem dos alunos e suas
deficiências na LE, que é o despreparo dos professores. Oliveira (2008) aponta esse
elemento como o que dificulta o aprendizado de língua inglesa em escolas públicas.
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O autor considera que a maioria dos professores de escola pública fala pouco
ou não fala nada da língua que ensinam. Sendo esse um dos motivos mais preocupantes
para o ensino, pois o professor que não fala o idioma não poderá ajudar os alunos a
desenvolverem a fala, mesmo tendo os recursos necessários para atingir os objetivos da
língua.
Outra razão de ordem educacional é a qualidade da formação dos professores
de língua estrangeira, pois os cursos superiores não estão cumprindo seu papel
adequadamente. Para Oliveira (2009), um instituto superior que emite diplomas de
licenciatura para as pessoas que não tem domínio da língua, contribui para que o ensino
de LE nas redes públicas não tenha uma perspectiva positiva, não existindo ainda uma
atitude por parte dessas entidades para reverter essa situação.
A formação oferecida ao professor, deficiente e não privilegiando a pronúncia
e o sotaque, deixa o acadêmico inseguro ao lecionar. Com o despreparo profissional dos
professores e o nível de proficiência linguística insuficiente, acabam não conseguindo
lidar com as atribulações de uma sala de aula.
Existindo também a desvalorização da profissão do professor até a falta de
incentivo governamental para o aprendizado a LE. Segundo Ducatti (2009, p. 25) “o
poder público precisa investir em formação continuada para professores de inglês.
Assim, eles aprenderão a introduzir, gradativamente, o uso do idioma em sala.”
Segundo Gimenez (2009) necessita-se de programas de formação de
professores, abrangendo essas questões que são necessárias para esses profissionais da
educação. Porém, deve-se destacar que além da parcela de responsabilidade dos
professores, nossas redes públicas em suas condições precárias contribuem para essa
lastimável situação.
O professor de línguas encontra problemas para trabalhar a oralidade nas escolas
públicas, Nicholls (2001, p.74 apud SANTOS; NEGRÃO, 2009) esclarece:
A realidade do ensino de inglês nas escolas impede que o aluno
adquira a competência satisfatória desejada. As amostras de inglês a
que os alunos estão expostos no desenvolvimento de suas habilidades
orais resumem-se geralmente à fala do professor na sala de aula, ao
eventual material auditivo, com a fita cassete, o vídeo, o filme e a
música e embora inadequada, devido à condição dos aprendizes, à fala
de seus pares. Por isso, a questão do domínio das habilidades orais
como resultado da aprendizagem na escola é bastante controvertida.
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É fundamental mencionar também que as interferências, percepções e
expectativas do professor são levadas para as experiências do aluno, que sofre
influência dos seus formadores, tornando-se uma preocupação também na formação
daquele aprendiz de língua inglesa.
Considerando o professor uma figura importante do processo/aprendizagem,
destaca-se a motivação como um dos fatores determinantes para o indivíduo atingir um
bom desempenho.
A motivação não é um traço estável da personalidade, sendo um processo
psicológico adquirido com a interação do ser com o ambiente em que está inserido. O
aluno desinteressado pelas atividades que são propostas em sala apresenta desempenho
abaixo de suas reais potencialidades, pois se distrai facilmente, não gosta de participar
das aulas, estuda pouco ou nada, atrapalhando bastante o processo.
Um aluno interessado, diferentemente, se envolverá no aprendizado com
esforço, persistência e entusiasmo na realização das atividades, desenvolvendo
habilidades e superando desafios (GUIMARÃES; BORUCHOVITCH, 2004).
Oxford e Shearin (1994) consideram que a aquisição de uma língua estrangeira
é vista como um processo difícil e perante esse obstáculo a motivação é um fator
determinante para aprender outra língua.
Segundo Gardner (2001), a motivação é um importante elemento para o
sucesso na aprendizagem da LE em salas de aula, pois o aluno motivado buscará usar a
LE fora da sala de aula.
Além da motivação, fatores como autoconfiança e ansiedade afetam a
aprendizagem, causando o aumento ou diminuição da internalização que é recebida.
Conforme Krashen (2002), o professor faz a diferença nesse processo do aluno através
do ensino afetivo, controlando e aperfeiçoando as atitudes, mantendo assim o filtro
afetivo baixo.
A cultura da correção do “erro” pode ser também mais um elemento em que o
aprendiz, ao perceber um espaço que seus “erros” são apontados na forma de correção,
acabará desenvolvendo bloqueios que o impedirão de buscar a necessária segurança
para o uso da língua em sua modalidade oral.
O professor deve providenciar o suporte afetivo e ajudar o aprendiz na
assimilação do que é estudado. Considerando que em nossas salas de aula, alguns
alunos possuem uma baixa autoestima e recusam-se muitas vezes a participar das
atividades por timidez ou por medo de falar e sofrerem o sarcasmo dos colegas.
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O professor precisa trabalhar com atividades que levam em consideração o
afetivo do aluno. Muitas vezes, uma boa conversa ou um conselho pode fazer que a
timidez ou embaraçamento sejam reduzidas, mantendo um clima agradável no decorrer
das aulas, tentando assim manter o filtro afetivo baixo.
Já em relação ao processo de aquisição de uma LE, precisa-se ressaltar a
influência da língua materna nesse processo de aprendizagem. Para o aluno, o processo
de conceber uma segunda língua está carregado de estruturas orais trazidas da língua
materna e que podem dificultar a aprendizagem quando não ocorre um espaço real de
exposição à língua. Fazendo com que as aquisições linguísticas da língua materna
venham atuar como referência, sendo que tal ação pode gerar problemas e equívocos no
desenvolvimento da oralidade.
Outro fator que dificulta no desenvolvimento da oralidade do estudante provém
do pouco acesso que o professor tem a material didático-pedagógico ainda no ensino
básico. Na rede pública, quando há o material nem sempre se priorizam os fatores que
colaborem para o trabalho da audição e por consequência, da oralidade do estudante.
A realidade existente nas redes públicas é a não disposição de material didático
em língua inglesa para uso dos aprendizes, material este, que oferece ao estudante um
contato mais efetivo e direto com a língua através desses recursos. Nota-se um grande
atraso em relação à aprendizagem de LE. Se os PCNs afirmam a necessidade da
aprendizagem de línguas estrangeiras como forma de interação verdadeira do estudante
no universo globalizado, em contramão, o investimento na disposição para atingir tal
objetivo não é proporcionado pelos órgãos competentes de educação.
De acordo com Schmitz (2009) para ter um ambiente propício ao ensino de
língua inglesa nas salas de aulas, os educadores precisam usar o inglês para que os
aprendizes se acostumem a ouvir, e até mesmo aventurar-se a falar a língua estrangeira.
Schimitz (2009, p.17) afirma:
Se o profissional de língua estrangeira não fizer uso do idioma na sala
de aula, ele estará abrindo mão da qualificação que mais o caracteriza
e distingue de professores de outras matérias: a sua condição de ser
bilíngüe, de poder transitar entre duas culturas, a materna e
estrangeira.
Schimitz (2009) traz também, informações relevantes sobre as orientações
curriculares para o ensino médio: linguagens, códigos e suas tecnologias. As
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considerações referentes são a respeito do reconhecimento sobre as dificuldades que os
professores e alunos do ensino médio enfrentam, sendo que estes chegam a concluir
seus estudos com o aprendizado fragmentado na língua inglesa.
O fato é que para o ensino de LE ter a sua realização plena, as quatro
habilidades lingüísticas – ouvir, falar, ler e escrever em língua inglesa deve ser
desenvolvido, ou seja, para o ensino de LE ter sua função, conforme os PCNs sobre a
autopercepção do aluno como ser humano, é preciso dar condições para que ele possa
construir um discurso com indivíduos falantes-ouvintes da outra língua.
O trabalho com a LE requer ousadia por parte do professor na forma de
trabalhar nas habilidades de ouvir e falar. E também, disposição para pôr em prática os
objetivos dos PCNs que exigem do professor uma plena formação acadêmica e, não
somente o domínio da língua, mas a consciência do significado de ensinar uma LE.
Menezes (2009) parte do pressuposto de que a língua deve ser ensinada em
toda a sua complexidade comunicativa, não ficando restrito a leitura e as formas
gramaticais. A autora em uma coleta de corpus realizada com pessoas que aprenderam
ou aprendem línguas, notou que os alunos se cansam do mesmo tipo de aula que ficam
presas ao ensino gramatical.
Lopes (1996) aponta que educadores de língua estrangeira e até mesmo os
professores de língua materna, tendem a definir sua forma de mediação do
conhecimento apontando os “erros”. Conforme esse autor, devido ao interesse geral em
educação por correção, os métodos tradicionais no ensino de língua estrangeira que
enfatizam a eliminação do erro como modo de aprendizagem ainda prevalece nas salas
de aula, onde o professor demonstra mais interesse à questão do erro do que às posturas
de aprendizagem do estudante.
Os problemas mencionados acarretam as dificuldades para desenvolver a parte
oral do inglês, existindo ainda um foco muito grande pelo professor em trabalhar a
gramática, e por muitas vezes, o próprio professor se sente perdido na elaboração de
atividades diferenciadas, pois como as salas de aulas estão sempre lotadas, o método
quadro-giz é o único que asseguraria o controle da turma e que a manteria em “ordem” a
sala para o professor conseguir ter o seu domínio.
A carga pequena dedicada ao ensino de língua inglesa nas escolas, também
contribui para que os alunos fiquem retidos somente no que é trabalhado em sala de aula
e não desenvolvem o que aprendem, costumando-se a não tomar iniciativas para
aumentar seus conhecimentos e não existindo interação com a língua alvo.
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Considerando esses fatores prejudiciais para a aquisição da oralidade, e que este
ensino não deve se restringir às salas de aula, o professor ciente das restrições das
escolas públicas precisa se libertar do ensino-tradicional e usar esse tempo para
despertar no aprendiz o interesse de ultrapassar aquele espaço e ter novas práticas com o
inglês.
3. Autonomia do aluno
Segundo Cruz (2005) a discussão a respeito da autonomia do aluno no meio da
educação, surgiu com Henry Holec, na década de 80 com o livro: Autonomy in Foreign
Language Learning, que traz a seguinte concepção: “autonomy is the ability to take
charge of one’s learning”2, associando a autonomia com a independência e
individualidade do aluno, sendo ele responsável pelas decisões referentes aos objetivos,
métodos e meios de ensino a serem usados para seu próprio aprendizado.
Conforme Cruz (2005), na década de 90, Little (1991) retornou ao conceito de
autonomia apresentada por Holec (1981), trazendo uma ideia pedagógica, afirmando
que autonomia não dispensa a presença do professor, mas permite ao aluno refletir sobre
seu próprio processo de aprendizagem.
Little (1991) enfatiza que o indivíduo não é o total responsável pelo seu
desenvolvimento de autonomia ao escolher estudar sem auxílio do professor, e
apresenta o professor como uma figura indispensável para dar os meios para atingir o
nível de autonomia.
Segundo Freire (1996, p. 107), em Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa, a conduta do professor perante a autonomia do aprendiz
necessita de uma prática coerente com o saber, porque:
Ninguém é autônomo primeiro para depois decidir. A autonomia vai
se constituindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que vão
sendo tomadas. Por que, por exemplo, não desafiar o filho, ainda
criança no sentido de participar da escolha da melhor hora de fazer
seus deveres escolares? Por que o melhor tempo para esta tarefa é
sempre dos pais? Por que prender a oportunidade de ir sublinhando
aos filhos o dever e o direito que eles têm, como gente, de ir forjando
sua própria autonomia? Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém.
Por outro lado, ninguém amadurece de repente, aos 25 anos. A gente
2 Autonomia é a habilidade de assumir o controle de seu aprendizado (Tradução da autora deste estudo).
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amadurece todo dia, ou não. A autonomia, enquanto, amadurecimento
do ser para si, é processo, é vir a ser. Não ocorre em data marcada. É
neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada
em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale
dizer, em experiências respeitosas da liberdade.
Freire (1996) não direciona essa afirmação ao ensino e aprendizagem de LE,
porém pode-se inserir esse argumento na construção da autonomia através da prática
diária.
Benson (1997) explica a autonomia no âmbito teórico apresentando três tipos
de aprendizagem autônomas de línguas: (1) técnica – o conhecimento da língua fora do
campo educacional, propiciando ao indivíduo maneiras para usar a língua e
adequadamente; (2) psicologia – a internalização, ou a conscientização em ser
responsável pelo seu próprio conhecimento; (3) a política – ser ciente e ter total controle
de sua própria aquisição de aprendizagem.
Dickison (1987, p.27) define autonomia como “responsabilidade total pela
tomada e implementação de todas as decisões a respeito da própria aprendizagem.”
Pennycook (1997, p.35) conceitua a autonomia como “tornar-se autor do próprio
mundo, transformar-se um aprendiz e usuário autônomo de língua não é somente uma
questão de aprender a aprender, mas também de aprender como lutar por alternativas
culturais.”
Concernente a isso Wisniweska (1998, p.13) define “que a autonomia do aprendiz
pode ser descrita como a capacidade de conduzir a própria aprendizagem a fim de
maximizar todo o seu potencial.”
Porém, existem dificuldades para que os alunos das escolas públicas tenham a
conscientização de que pode optar pelos seus próprios objetivos, conteúdos e métodos,
pois o âmbito escolar não dá condições para esse exercício de autonomia, por isso o
professor tem total importância para que o aluno desempenhe suas ações.
Nesse conceito de autonomia, Paiva (2006, 5) traz a seguinte concepção:
Definir autonomia não é uma tarefa fácil, principalmente, porque há
poucos contextos onde os aprendizes podem, realmente, ser
autônomos. Os alunos, raramente, estão totalmente livres de
interferência de fatores externos que funcionam como obstáculos para
a desejada autonomia. Estudar sozinho, por exemplo, não é
necessariamente sinônimo de autonomia.
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Na definição de Paiva (2006, 88-89) autonomia é:
Um sistema sociocognitivo complexo, sujeito a restrições internas e
externas. Ela se manifesta de diferentes graus de independência e
controle sobre o próprio processo de aprendizagem, envolvendo
capacidades, habilidades, atitudes, desejos, tomadas de decisão,
escolhas e avaliação tanto como aprendiz de língua ou como seu
usuário, dentro ou fora da sala de aula.
A autonomia é adquirida com uma prática diária do indivíduo. Faz-se
necessário a orientação do professor para que essa formação seja mais bem-sucedida,
compreendendo que a autonomia não é uma habilidade inata.
Segundo Cruz (2009, 67), o educador deve facilitar a aprendizagem no aluno, e
observar os aspectos lingüísticos a serem melhorados, ajudando assim na sua autonomia
como: 1) ajudá-lo identificando suas necessidades; 2) incentivá-lo a desenvolver na
língua-alvo, utilizando uma biblioteca específica; 3) assistir filmes, ouvir música,
cantar, ler textos que desperta seu interesse, etc. 4) orientá-los em atividades para que
consiga ver que seus objetivos foram alcançados na língua.
O processo/aprendizagem de línguas precisa promover a autonomia do
educando. O aluno deve ser instigado a assumir responsabilidades do seu aprendizado e,
uma das maneiras de assumir esse comportamento é estipulando objetivos e/ou
propósitos para a aprendizagem, incentivo a tomada de decisões, oferecendo ao
aprendiz oportunidades de repensar sobre o seu progresso de compreender a atividade
desenvolvida.
O fato é que os alunos do Ensino Fundamental das nossas escolas públicas, por
estarem entrando em contato a primeira vez com uma LE, a maioria, não têm essa
interpretação acerca da aquisição do seu próprio conhecimento, sendo essencial o
trabalho do professor para essa conscientização do aprendiz.
Isso pode ser feito pelo professor mostrando os benefícios de tal atitude,
desenvolvendo atividades com temas de seus interesses, criando situações em sala para
que eles busquem fora da sala à conversação com frases curtas e estendendo no decorrer
do ano com diálogos mais bem elaborados, encorajando-os sempre a desenvolver as
suas habilidades e autonomia.
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4. Abordar a oralidade de forma significativa e desempenhar uso real
O ensino de língua inglesa proporciona ao professor o desenvolvimento de
atividades criativas que ajuda o aluno a enxergar essa LE de uma forma diferente,
através das formas de agir e expressar.
Behrens (2003) pressupõe que o educador de língua inglesa tem uma formação
em uma tradição cultural que se limita a transmissão de conhecimento, usando
atividades de memorização, deixando de lado a inovação na oralidade. O professor
precisa criar situações de aprendizagem e introduzi-las em suas aulas para inovar e
estimular o aprendizado.
A necessidade do trabalho da oralidade desempenha um papel importante na
formação do aluno, mas nem sempre é desenvolvida durante as aulas, assim como:
ouvir, ler e escrever.
Para Miccoli (2007, p. 56):
A dificuldade de se trabalhar com as quatro habilidades é uma
experiência comum aos professores, que não conseguem
principalmente implementar atividades para o desenvolvimento das
habilidades de escuta e fala adequadas ao número de alunos em sala
de aula.
Conforme Santos e Negrão (2008), pesquisas realizadas com intervenção
pedagógica com professores e alunos de escolas públicas, mostraram que é possível
despertar o interesse pela língua apresentando que os usos de metodologia com
atividades que demonstra o uso significativo da oralidade da língua inglesa, e
despertando a motivação para exercícios orais como a conversação, favorecendo o
interesse dos alunos pela língua.
Segundo Menezes (2009), o aluno motivado com a língua inglesa, se
interessará em buscar o inglês fora da sala de aula, como: ouvir músicas, ouvir
programas de rádio e TV, assistirem falas em filmes, ou o professor levar textos de
jornais e revistas que tragam notícias que sejam do interesse do aluno, de acordo com o
nível e conhecimento lingüístico dos aprendizes. Ainda nesse propósito, os alunos
devem interagir em atividades orais entre seus colegas e professores.
O professor para trabalhar o speaking com os alunos pode usar expressões que
são essenciais da língua: Excuse-me; Thank you very much; You’re welcome; Come
here; Wait a minute; Let’s read together; Hi; Good Morning.
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Partindo da premissa sobre a autonomia do aluno, em que o professor auxilia o
aprendiz a refletir, criar seus objetivos e métodos de aprendizagem, a autora sugere a
participação do aluno nas decisões de escolher o material a ser trabalhado, as músicas e
os filmes. O professor deve dar condições para que eles desenvolvam essa autonomia,
por exemplo, que eles elaborem frases representando conversas em salas e fiquem
expostas nas paredes, como: Can you repeat, please? How do I say... in English? What
does... mean? I did not understand. How do you spell…? Have a nice weekend. Dentre
outras frases que os próprios alunos podem elaborar.
Instigá-los a sempre fazer o uso da língua, pois os alunos precisam ser
despertados para as razões de se aprender esse idioma, conscientizando-os de que
trabalhar a oralidade é importante assim como a leitura, produção e compreensão de
texto, tornando sempre o idioma próximo com a realidade dos alunos.
Conforme Menezes (2009), colocar o aluno em situações de comunicação real,
como levar outro professor de língua inglesa, um nativo ou uma pessoa que tenha
morado fora do Brasil e propor para que os alunos os entrevistem, auxiliando-os na
elaboração das perguntas e definindo o assunto, isso faz como que eles se sintam mais
seguros e preparados para usarem com proficiência o inglês.
O uso da internet pode ser também uma importante ferramenta para auxiliar nos
estudos da língua inglesa, pois mesmo se tratando de crianças e adolescentes que
estudam na rede pública, é muito comum eles utilizarem esse recurso. O professor pode
aproveitar a internet como uma grande aliada na elaboração das suas aulas solicitando
para que os próprios alunos sejam colaboradores, por exemplo, eles podem levar textos
com assuntos de suas curiosidades e trabalhar speech, vídeos que contenham um trecho
de um filme e que a partir de uma cena desenvolvam um diálogo, músicas para que eles
cantem, jogos virtuais em inglês, ou seja, relacionar a internet que está tão presente na
vida deles com o ensino desta LE.
O professor pode ensinar seus alunos levando-os para o supermercado ou
lanchonete e mostrar os produtos falando em inglês e extraindo vocabulários,
aproveitando para ensiná-los números, construções de frases e de como se comportar
em tal ambiente. Sendo o principal motivador deste conhecimento, o educador deve
trabalhar em conjunto com os alunos e encorajando-os, assim o conhecimento do inglês
assumirá uma forma mais prazerosa.
Quando é feito o trabalho da produção oral, o vocabulário é importante, desde
que este não seja apresentado de uma forma isolada, mas dentro de um contexto. As
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palavras devem ser ensinadas de uma maneira que estabeleça associações diretas entre o
significado e a palavra da língua alvo, em que o professor pode usar recursos como
ilustrações, demonstrações, gravuras, desenhos e objetos.
Conforme observou Souza Lima (2001 p. 8)
o desenvolvimento da oralidade acompanhado pelo enriquecimento
vocabular fará da criança um ser em comunicação ampliada, ou seja, a
outros sistemas de comunicação, a linguagem traz sem dúvida, uma
participação maior no mundo, uma vez que, se cria um campo comum
entre a criança e o adulto.
Gardner (2001, p. 129) afirma que
aprendizagem de línguas acontece em diferentes contextos e, como
existem muitas diferenças culturais ao redor do mundo, é importante
levar em consideração a natureza do contexto de aprendizagem a fim
de entender as dificuldades pelas quais os alunos vão passar.
Conforme Bohner e Wanke (2002) “pessoas se aproximam e gostam das pessoas
cujas atitudes são semelhantes às suas próprias,” subtendendo que os alunos têm um
aprendizado melhor quando gostam ou têm interesse pelos nativos da língua inglesa ou
por sua cultura. O comportamento dos alunos em relação à língua, comunidade e cultura
dos falantes nativos pode ter algum reflexo na disposição de aprender a LE.
O indivíduo quando aprende uma língua como forma de expressão, passa através
desta, a compreender a cultura do povo que a fala. Farah Silva (2001, p.6) afirma que
“tudo na língua é inseparável, seja a família, a formação, os valores sociais, morais,
etc.”
Segundo Gardner (2001, p. 51) entre todas as disciplinas, o curso de línguas reúne
a importância de que o aluno incorpore elementos de outra cultura, definindo que as
“atitudes em relação à situação de aprendizagem”, como as atitudes interligadas ao
comportamento do educando a qualquer aspecto da situação na qual a língua é ensinada.
Alguns alunos podem expressar atitudes mais positivas que outros e, sob essas
diferenças que Gardner avalia as variações na aprendizagem.
Costa Freitas (2007) fez coleta de dados com alunos das 6˚ série do Ensino
Fundamental de escolas públicas, com questionários estruturados em atividades em que
os alunos participaram da produção oral. Essas atividades tiveram como base as
hipóteses de Krashen, do input e do filtro afetivo, com o uso de atividades lúdicas como
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proposta mediadora da língua inglesa para o incentivo a comunicação e a produção oral
dos alunos.
Os recursos com materiais lúdicos que foram usados para essa proposta de
intervenção como um “instrumento didático” transformaram-se em uma ferramenta com
resultados bastante positivo, pois o ensino criativo, segundo Neves-Pereira (2004), faz o
educando a descobrir o gosto pela LE e cria oportunidades de vivenciar uma língua
diferente de forma significativa e emotiva.
As atividades divertidas e motivadoras, deste estudo, permitiram os alunos a
participar com prazer e interagir com o colega. Os exercícios em grupo tiveram bastante
proveito, mostrando as potencialidades dos participantes, verificando uma melhora na
emoção e socialização, colocando em prova as aptidões do aluno.
Conforme a pesquisa, para trabalhar o speaking o projeto usou atividades para o
desenvolvimento comunicativo da língua inglesa articulada em torno de temas,
direcionando ao público alvo, sendo fundamental que o professor ganhe a confiança do
aluno para que ele participe das aulas sem se sentir forçado.
Esse projeto desenvolvido mostra que foram o suficiente para motivar os
interesses dos alunos em quererem aprender a língua alvo, pois conforme Gardner
(2001), muitas das variáveis da aprendizagem depende da motivação para ter um bom
resultado.
Rivers (1987, p. 4) também apresenta uma proposta de ensino interativo
considerando que quando o aluno está em uma ambiente em que há o uso da mensagem
autêntica por um assunto que desperta o seu interesse, o trabalho fica mais fácil e
proveitoso tanto para o educador quanto para o aprendiz. A autora traz sugestões para o
trabalho em sala em que podem ser consideradas se a escola dispuser de materiais
multimídias ou não, por exemplo:
1) Atividades de compreensão auditiva autêntica (de partes de diálogos, diálogos
inteiros, trechos de filmes, textos e músicas), com o auxílio de recursos multimídicos. O
professor também deve procurar usar a língua alvo tanto quanto possível durante as
aulas;
2) Atividades que os alunos possam escutar e falar/responder em relação a figuras e
objetos, participar de pequenas dramatizações, simulando diferentes situações do
cotidiano, festas ou entrevistas de trabalho, compartilhando opiniões pessoais sobre
determinados assuntos, e outras;
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3) Uso de filmes e vídeos (trechos de novelas e seriados de TV) em que os falantes
interagem, observando-se o comportamento não-verbal e os tipos de exclamações e
expressões usadas, a maneira como as pessoas iniciam e mantêm uma conversa, como
eles negociam significados e como eles finalizam um episódio de interação. A partir
destes recursos, pode-se propor aos alunos a encenação dessa interação, ou, ainda,
propor que criem e encenem seus próprios episódios;
4) Prática da pronúncia por meio de atividades diversas: cantando, recitando e criando
poemas, preparando diálogos e peças, lendo e relendo várias vezes para que se
familiarize com os sons da língua-alvo;
5) Aprendizado indutivo da gramática, levando o aluno a descobrir as regras a partir
do material em uso. Por exemplo, para aprender o imperativo, a atividade “Simon
says” é indicada. (RIVERS, 1987).
É preciso que o aprendiz tenha a oportunidade de vivenciar experiências de
comunicação, substituindo exercícios repetitivos e memorizados e enfatizando a
oralidade.
Segundo Silva (2008), a abordagem comunicativa privilegia a competência
comunicativa, proporcionando ao aprendiz se expressar, melhorar e motivar a fluência
ao falar em língua inglesa.
É comprovado que o ensino de uma disciplina de forma isolada, fragmentada,
não trazem bons resultados para aquisição do conhecimento como um todo. Valendo
para o ensino de língua inglesa, nada melhor do que uma abordagem interdisciplinar,
pois o aluno irá perceber que a língua estrangeira pode estar presente no seu dia-a-dia,
ao invés de achar que estudar inglês não tem nada a ver com a realidade.
A abordagem interdisciplinar é vista como um método que permite a junção de
conteúdos, trabalhando de uma maneira diferenciada a transmissão do conhecimento
para o aluno, que é levado a interagir com as práticas vivenciadas na sociedade. Isto
permite que o aluno se veja como um participante ativo, compreendendo melhor a
realidade e desenvolvendo um pensamento crítico.
O professor de língua estrangeira precisa sempre buscar novas metodologias
nesse processo de ensino-aprendizagem, através de uma reflexão crítica sobre seu
posicionamento diante do papel de formador de cidadãos que sejam capazes de refletir
sobre suas ações em sociedade. A abordagem interdisciplinar contribui para essa
perspectiva como uma maneira de internalizar o conteúdo aproximando com a rotina do
aluno.
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Alvarenga (2009) realizou uma pesquisa com o intuito de criar um material
didático diversificado da língua inglesa em sala de aula, baseado nos Temas
Transversais sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (1996) como Ética,
Orientação Sexual, Meio-Ambiente, Trabalho e Consumo, Saúde e Pluralidade Cultural
como o ensino/aprendizagem de língua inglesa.
Esse material didático teve como propósito ajudar professores a relacionar esses
temas com o ensino/aprendizagem de língua inglesa. A autora identificou a importância
de estabelecer a relação teórica com o que é trabalhado em sala de aula, para ter uma
contribuição significativa no momento do ensino.
Relacionando esse método de ensino com o trabalho de oralidade da língua
inglesa, nota-se como é considerável a discussão de interesses sociais para trabalhar na
sala de aula e colaborar para que o aprendiz aja no mundo social e “ainda da variação
lingüística (como comunidades de falantes de regiões diferentes de um mesmo país
variam no uso da língua, por exemplo)” PCNs (1996, p. 43).
Concernente a isso, os PCNs (1998, p.48) apresentam a seguinte declaração:
É útil apresentar para o aluno, por exemplo, como a variedade do
inglês falado pelos negros americanos é discriminada na sociedade e,
portanto, como, estes equivocadamente, são posicionados no discurso
como inferiores. A comparação com variedades não hegemônicas do
português brasileiro pode ser esclarecedora, já que seus falantes
também sofrem discriminação social.
O trabalho com temas atuais pode colaborar para tornar as aulas mais
interessantes, com análise de assuntos do cotidiano, porém o professor deve sempre se
preocupar em programar o tema que seja do conhecimento dele próprio para que possa
discutir com bastante relevância, visto que o objetivo é ensinar inglês através de temas,
precisa ser analisado o assunto de acordo com a fase em que o aluno se encontra. O
momento educacional permite desenvolver abordagens em vista da proposta de um
ensino coerente com a realidade do aluno, envolvendo a busca do professor em sua
função de educador em romper com a prática educativa conservadora.
Considerações Finais
Perante o estudo realizado, apresentam-se as seguintes reflexões acerca da
oralidade da língua inglesa no Ensino Fundamental das escolas públicas, a fim de
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colaborar na melhoria do ensino do inglês para a formação da autora deste estudo, e de
outros professores a trabalhar a prática oral do inglês.
O professor de língua inglesa tem que lidar com muitas restrições para trabalhar
a sua disciplina nas escolas públicas, envolvendo a falta de materiais didático-
pedagógicos, espaço físico limitado, salas com 40 a 50 alunos por turma, pouca carga-
horária para trabalhar o conteúdo e um descaso do governo que mostra pouco
investimento para reverter essa situação, tendo ao dispor do professor somente o
quadro-giz para ministrar suas aulas. Esses fatores comprometem bastante o ensino de
inglês, ocorrendo um aprendizado fragmentado por essas crianças que se estende em
suas vidas escolares.
Reverter essa situação envolve uma avaliação nas políticas de investimentos da
escola. Analisando o que é proposto pelos Parâmetros Curriculares, deve haver uma
mudança física na escola como salas amplas, equipamentos de multimídia, disposição
de revistas, jornais, filmes e materiais lúdicos para o professor preparar melhor sua aula,
ou seja, uma estrutura que torne possível realizar o que os PCNs direcionam.
Há também o fato que muitos professores atuam no ensino de língua inglesa sem
ter a competência lingüística necessária para desenvolver a oralidade, então acabam
ficando presos ao ensino da gramática e tradução, criando uma frustração muito grande
no aluno que passa a ver essa disciplina como inútil comparando com a sua realidade.
Por isso, chama a atenção os estudos que foram feitos nessa fase escolar (Ensino
Fundamental), porque é considerável de extrema importância realizar um trabalho
consistente com essas crianças, para que ao chegarem ao Ensino Médio não se sintam
desmotivados com o inglês.
Uma boa formação docente representa um importante passo para superar essas
deficiências do ensino da língua inglesa, pois o professor crítico e reflexivo sabe a
importância de aprimorar sempre seus conhecimentos e a sua função de formador de
cidadãos, contribuindo assim para o aprendizado e conscientizando seus alunos da
importância da língua inglesa, ajudando para que eles desenvolvam sua autopercepção
daquilo que os cercam.
Os levantamentos dos estudos que foram feitos com alunos do Ensino
Fundamental, a grande parte do 6º ano, mostram que foram utilizados recursos simples
para tentar alcançar a oralidade na sala como: imagens retiradas de revistas, fragmentos
de textos ou músicas, construção de cartazes com frases de comando que são essenciais
da língua inglesa e outros recursos já citados neste mesmo trabalho.
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Mas o que se percebe é que as aulas diferenciadas foi o fator primordial para
despertar a atenção dos alunos fazendo com que achassem mais interessante o idioma,
considerando também necessário que o professor transforme a sala em um ambiente
seguro para que o aluno não tenha medo de “errar” ao pronunciar e que todos se sintam
a vontade para falar vocábulos ou frases simples em inglês.
Diante do estudo acerca da oralidade, se expressa o quanto é complexo o
professor conseguir ter o uso real da língua perante os problemas que a educação
enfrenta. Se o professor conseguir vencer as atribulações apresentadas, talvez consiga
fazer um trabalho de conscientização com os alunos para que eles busquem fora das
aulas outros meios de adquirir o desempenho verdadeiro da oralidade, mas considero o
tempo de trabalho do professor com aluno muito escasso para ter um desenvolvimento
amplo da língua inglesa.
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