a constituição de 1969

A CONSTITUIÇÃO DE 1969Emuma solenidade realizada no Salão Nobre do Palácio das Laranjeiras, o Brasil recebia a sua sétima constituição, outorgada pelos ministros militares em exercício temporário da Presidência da República. A cerimônia foi presidida pelo almirante Augusto Rademaker e contou com a presença dos Ministros de Estado, do presidente da Câmara, do deputado José Bonifácio de Andrade e do senador Dinarte Mariz, representando o presidente do Senado. Ao final da solenidade, foi comunicado que a nova constituição passaria a vigorar no dia 30 de outubro, quando o general Garrastazu Médici tomaria posse da presidência do país

Durante seu discurso, Augusto Rademaker afirmou que a nova Constituição deveria ter sido assinada em 2 de setembro de 1968, pelo próprio Marechal Costa e Silva, que não pôde fazê-lo pro se encontrar enfermo.

Contexto Histórico: A Ditadura Militar

O Golpe Militar de 1964

• Crise política desde a renúncia de Jânio Quadros(1961)

• Governo João Goulart (1961-1964) marcado por abertura a organizações sociais

• Grande temor das classes conservadoras e EUA de golpe comunista

• Em 13/03/64, em grande comício na Central do Brasil defende reformas de base e promete mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país

• Em 31/03/64 as tropas de MG e SP saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango refugia-se no Uruguai.

• Em 19/03/64 houve a Marcha da Família com Deus pela Liberdade que reuniu milhares de pessoas em SP contra as idéias de João Goulart.

• Os militares tomam o poder e, em 09/04/64, decretam o AI-1 cassando mandatos políticos de opositores e tirando a estabilidade de funcionários públicos.


O Governo Castello Branco (1964-1967)

• Eleito pelo Congresso Nacional Presidente em 15/04/1964

• Em seu pronunciamento promete defender a democracia, porém assume posição autoritária em todo seu governo

Principais medidas:

• Eleições indiretas para Presidente

• Dissolveu os partidos políticos

• Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados

• Cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados

• Sindicatos receberam intervenção do governo militar

• Instituiu o bipartidarismo (ARENA e MDB)

• Outorga a Constituição de 1967, confirmando e institucionalizando o regime militar


O Governo Costa e Silva (1967-1969)

• Eleito pelo Congresso Nacional Presidente em 03/10/1966

• Seu governo é marcado por protestos. A UNE organiza no RJ a Passeata dos Cem Mil

• Greves de operários em Contagem (MG) e Osasco (SP)

• Guerrilha urbana começa a se organizar – assalto a bancos e sequestros (Embaixadores)

• Em 13/12/1968 decreta o AI-5

Principais medidas do AI-5:

• Aposentou juízes

• Cassou mandatos

• Acabou com o habeas-corpus

• Aumentou repressão policial e militar


O Governo da Junta Militar (31/08/1969-30/10/1969)

• Doente, Costa e Silva foi substituído por uma Junta Militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Souza e Melo (Aeronáutica)

• MR-8 e ALN sequestram o embaixador dos EUA e exigem a libertação de 15 presos políticos – conseguida com sucesso

• Em 18/09/69 o governo decreta a Lei de Segurança Nacional, a qual previa exílio e pena de morte em casos de “guerra psicológica adversa, revolucionária ou subversiva”.

• No final de 1969 o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repressão em SP


O Governo Médici (1969-1974)

• Em 1969 a Junta Militar escolhe Médici como Presidente

• Governo mais duro e repressivo do período – anos de chumbo

• Severa política de censura é colocada em execução

• Muitas pessoas foram investigadas, presas, torturadas e exiladas

• O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações ao Centro de Operações da Defesa Interna) – centro de investigação e repressão do governo militar

• Ganha força a guerrilha do Araguaia

• Intensifica-se a luta armada contra o regime miliar com o COLINA (Comando de Libertação Nacional) e o VAR Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares)


O Governo Geisel (1974-1979)

• Geisel começa um lento processo de retorno à democracia, anunciando abertura política lenta, gradual e segura

• Governo coincide com o fim do Milagre Econômico e grande insatisfação popular

• Os militares linha dura, insatisfeitos, promovem ataques clandestinos aos membros da esquerda

• Vladmir Herzog é assassinado no DOI-Codi em 1975

• Em 1976 Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante

• Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil


O Governo Figueiredo (1979-1985)

• A vitória do MDB nas eleições de 1978 acelera o processo de redemocratização

• Figueiredo decreta a Lei de Anistia, concedendo direito de retorno ao Brasil dos exilados por crimes políticos

• Militares linha-dura continuam com repressão clandestina

• Cartas bomba são enviadas para órgão da imprensa e OAB

• Abril de 1981, explosão no Rio-Centro – nada ficou provado

• Em Abril de 1979 o pluripartidarismo é restabelecido. Surgem o PT e o PDT, entre outros


A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já

• Nos últimos anos da ditadura o Brasil apresentava grande recessão e inflação

• Oposição ganha terreno com surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos

• Em 1984 milhões de brasileiros participaram do movimento Diretas Já – Emenda Dante de Oliveira: Eleições diretas para presidente em 1984

• A Emenda Dante de Oliveira não foi aprovada pela Câmara dos Deputados

• Em 1985 Tancredo Neves foi eleito no Colégio Eleitoral. Concorria com Paulo Maluf

• Morre Tancredo antes de tomar posse e assume José Sarney, que convoca uma nova Assembléia Nacional Constituinte que iria promulgar a Constituição de 1988

• Termina, então, o regime militar

A Constituição de 1969

A Emenda Constitucional N° 1 de 1969

• Foi efetivamente promulgada pelos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, no uso das atribuições conferidas pelo art. 3º do Ato Institucional nº 16, de 14 de outubro de 1969, combinado com o § 1º do art. 2º, do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968

• Um dado interessante a registrar, sobre a promulgação, é que o art. 1° da Emenda determina as alterações na Constituição de 1967, iniciadas pela expressão “O Congresso Nacional, invocando a proteção de Deus, decreta e promulga a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.”

• A promulgação foi transmitida por cadeia de rádio e televisão, por meio da Agência Nacional. Falou o Ministro Rademaker:

"Os Ministros Militares cumprem o firme propósito de assegurar a continuidade do programa traçado pelo Presidente Costa e Silva, inclusive quanto ao restabelecimento da normalidade democrática. O roteiro por ele estabelecido sofreu, apenas, as modificações que se tornaram imperativas, no tempo e contexto"

• A mais importante das quase 40 alterações foi a constitucionalização dos Atos Institucionais, especialmente o AI 5

• Dado o seu caráter revolucionário, a EC n° 1 de 1969 pode ser considerada uma manifestação de um novo poder constituinte originário


Principais Alterações – na ordem em que aparecem no texto da emenda

• Aumenta mandato presidencial para 5 anos (eleição indireta)

• Restringe-se o papel do Vice-Presidente: substituição do titular, permitindo-lhe apenas o desempenho de funções definidas pelo Presidente

• Perda de inviolabilidade de mandatos legislativos em casos de injúria, difamação e calúnia, bem como aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional

• Nos crimes comuns o Vice-Presidente, Deputados e Senadores ser julgados pelo STF

• Os ministros do STF, nos casos de crime comum seriam julgados pela Justiça Federal e, em caso de responsabilidade, pelo Senado Federal

• Somente o Presidente, depois de ouvir o Conselho de Segurança Nacional poderia conceder anistia para os crimes políticos

• Os juízes federais passam a processar e julgar os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar, bem como os crimes previstos em tratados ou convenções internacionais.

•Ordena o julgamento de civis pela Justiça Militar, nos casos expressos em lei, para repressão de crimes contra a segurança nacional.

•Torna possível a aplicação da legislação militar, mesmo em tempo de paz.



• Acrescenta-se à relação dos cargos privativos de brasileiros natos os de Ministro do Superior Tribunal Eleitoral e de Governador do Distrito Federal

• Bastava uma infração à fidelidade partidária para que o parlamentar perdesse o mandato

• Não seriam toleradas a propaganda de guerra, de subversão da ordem ou de preconceito de religião, raça ou classe e as publicações contrárias à moral e aos bons costumes

• As penas de morte, prisão perpétua, banimento e confisco tornaram-se aplicáveis em caso de guerra externa e casos de guerra “psicológica adversa, revolucionária ou subversiva

• Restringiu a liberdade de associação àquelas com fins lícitos

• Ampliou-se o prazo do estado de sítio para cento e oitenta dias, prorrogável

• Restringiu-se a liberdade das ciências, letras e artes – censura

• Tornaram-se insuscetíveis de apreciação judicial os atos do Governo Federal com base nos Atos Institucionais e complementares editados até a data da promulgação da emenda

• Foram aprovados todos os atos dos Ministros militares e seus efeitos, quando no exercício temporário da Presidência da República, com base no Ato Institucional nº 12, de 31de agosto de 1969

• Reafirmou-se a vigência do Ato Institucional nº 5, de 1968, bem como dos demais Atos Institucionais posteriores, possibilitando-se sua revogação, após audiência do Conselho de Segurança Nacional



• Redução permanente do número de Deputados Federais e Estaduais a partir da legislatura seguinte

• Inelegibilidade para todos os cargos eletivos de cidadãos que tivessem sofrido a suspensão de direitos políticos por decreto do Presidente da República fundado em Ato Institucional

• Assegurou a quem tivesse exercido em caráter permanente o cargo de Presidente da República e não tivesse sofrido suspensão dos direitos políticos um subsídio mensal e vitalício igual ao vencimento do cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal

• Assegurou ao Presidente enfermo, em razão do exercício do cargo, a cobertura das despesas médico-hospitalares pela União


Alterações Políticas no Período 1974-1984

• Logo após a derrota nas eleições legislativas de 1974 o governo baixou a Lei Falcão, reduzindo a propaganda política e, assim, prejudicando a oposição

• O Presidente Geisel baixou o Pacote de Abril de 1977 dissolvendo o Congresso Nacional e editando 14 emendas e 6 decretos. Destacam-se entre elas:

• Redução do quorum para aprovação de emendas constitucionais para maioria absoluta

• Um terço dos senadores passou a ser eleito pelo Colégio Eleitoral estadual – os Senadores Biônicos

• Aumento do mandato presidencial de 5 para 6 anos

• Em seguida veio o Pacote de Junho de 1978, início de um processo de redemocratização que ganhou força com Figueiredo, destacando-se:

• A revogação do AI-5

• Suspensão das medidas que cassaram direitos políticos

• Previsão de impossibilidade de dissolução do Congresso Nacional pelo Presidente

• Lei da Anistia em 1979

• Reforma partidária em 1979: ARENA passa a se chamar PDS e o MDB divide-se em PMDB, PP, PT, PDT e PTB

• EC n° 15 de 1980 – eleições diretas em âmbito estadual

a constituição de 1969

Documents