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_________________________________________________________ Direito Constitucional I _______________________________________________________________________ 1 Prof. Eduardo Casassanta TEMA 8: CONTORNOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos” (Art. 37, §1º, da CRFB/88) EMENTÁRIO DE TEMAS: Contornos Constitucionais da Administração Pública. Publicidade dos atos dos órgãos públicos; improbidade administrativa; ação civil pública por ato de improbidade; responsabilidade civil da Administração Pública; servidor público e mandato eletivo; sistema remuneratório do servidor público; __________________________________________________________________ LEITURA OBRIGATÓRIA MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo. Atlas. ____________________________________________________________________ LEITURA COMPLEMENTAR: CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional. Belo Horizonte. Del Rey. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo. Malheiros. __________________________________________________________________ ROTEIRO DE AULA

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Page 1: TEMA 8: CONTORNOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO … · único, III e IV, da atual Constituição, além do art. 167, II, da EC 1/1969. Além disso, a relatora reputou Além disso,

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_______________________________________________________________________ 1 Prof. Eduardo Casassanta

TEMA 8: CONTORNOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos” (Art. 37, §1º, da

CRFB/88)

EMENTÁRIO DE TEMAS:

Contornos Constitucionais da Administração Pública. Publicidade dos atos dos

órgãos públicos; improbidade administrativa; ação civil pública por ato de improbidade; responsabilidade civil da Administração Pública; servidor público e mandato eletivo; sistema remuneratório do servidor público;

__________________________________________________________________

LEITURA OBRIGATÓRIA

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo. Atlas.

____________________________________________________________________

LEITURA COMPLEMENTAR:

CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional. Belo Horizonte. Del Rey.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo.

Malheiros.

__________________________________________________________________

ROTEIRO DE AULA

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ESTUDO DE CASO:

“(...) a Primeira Turma proveu, por maioria, recurso extraordinário para determinar a devolução, aos recorrentes, de contribuições pagas a fundo de reserva, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais. Tratava-se de recurso em que se discutia o direito, ou não, à restituição de contribuições recolhidas de servidores para fundo de pensão facultativo (montepio), extinto unilateralmente pela administração antes do óbito de parte dos filiados. (...) Consignou-se que, na presente situação, estaria evidenciado o caráter mescladamente tributário e securitário da relação jurídica, haja vista que, embora gerido pelo Estado, o plano de pensão complementar era facultativo. Nada obstante, asseverou-se que, indepen-dentemente da natureza jurídica do instituto, seria incontroversa a existência de uma relação jurídico-obrigacional. Ao salientar que lei posterior fizera retroagir sua eficácia temporal para impedir a produção dos efeitos futuros de ato jurídico anteriormente consolidado, entendeu-se violada a garantia constitucional do inciso XXXVI do art. 5º da CF — a qual não admite a possibilidade de nova lei suprimir todos os efeitos válidos e todas as relações jurídicas legitimamente estabelecidas sob o regime de lei anterior —, caracterizada uma das mais eminentes expressões do protoprincípio da segurança jurídica. Ademais, tendo em conta que a existência do plano de pensão por prolongado lapso de tempo conferira tônus de estabilidade à relação entre os recorrentes e o Estado, reputou-se que o dano suportado pelos servidores e derivado do rompimento unilateral pela administração do plano de pensão consubstanciaria direito à indenização, na forma do art. 37, § 6º, da CF, sob pena de se chancelar o enriquecimento estatal sem causa.” (RE 486.825, Rel. Min Ayres Britto, julgamento em 6-9-2011, Primeira Turma, Informativo 639.)

••“Nos termos da jurisprudência do STF, é cabível a indenização por danos materiais nos casos de demora na nomeação de candidatos aprovados em concursos públicos, quando o óbice imposto pela administração pública é declarado inconstitucional pelo Poder Judiciário.” (RE

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339.852-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 26-4-2011, Segunda Turma, DJE de 18-8-2011.)

••“Responsabilidade contratual. Subsidiária. Contrato com a administração pública. Inadimplência negocial do outro contraente. Transferência consequente e automática dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução do contrato, à adminis-tração. Impossibilidade jurídica. Consequência proibida pelo art. 71, § 1º, da Lei federal 8.666/1993. Constitucionalidade reconhecida dessa norma. (...). É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal 8.666, de 26-6-1993, com a redação dada pela Lei 9.032, de 1995.” (ADC 16, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 9-9-2011.) No mesmo sentido: Rcl 9.894-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 17-2-2011. Vide: Rcl 7.517-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 14-4-2011; Rcl 8.150-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 3-3-2011.

••“Acórdão que entendeu ser aplicável ao caso o que dispõe o inciso IV da Súmula TST 331, sem a consequente declaração de inconstitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993 com a observância da cláusula da reserva de Plenário, nos termos do art. 97 da CF. Não houve no julgamento do incidente de uniformização de jurisprudência (...) a declaração formal da inconstitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, mas apenas e tão somente a atribuição de certa interpretação ao mencionado dispositivo legal. (...) As disposições insertas no art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993 e no inciso IV da Súmula TST 331 são diametralmente opostas. O art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993 prevê que a inadimplência do contratado não transfere aos entes públicos a responsabilidade pelo pagamento de encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, enquanto o inciso IV da Súmula TST 331 dispõe que o inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo contratado implica a responsabilidade subsidiária da administração pública, se tomadora dos serviços. O acórdão impugnado, ao aplicar ao presente caso a interpretação consagrada pelo TST no item IV do Enunciado 331, esvaziou a força normativa do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993. Ocorrência de negativa implícita de vigência ao art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, sem que o Plenário do TST tivesse declarado formalmente a sua inconstitucionalidade. Ofensa à autoridade da Súmula Vinculante 10 devidamente configurada.” (Rcl 8.150-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 3-3-2011.) No mesmo sentido: Rcl 7.517-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 14-4-2011. Vide: ADC 16, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 9-9-2011.

••“Responsabilidade objetiva do Estado por atos do Ministério Público (...). A legitimidade passiva é da pessoa jurídica de direito público para arcar com a sucumbência de ação promovida pelo Ministério Público na defesa de interesse do ente estatal. É assegurado o direito de regresso na hipótese de se verificar a incidência de dolo ou culpa do preposto, que atua em nome do Estado.” (AI 552.366-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 6-10-2009, Segunda Turma, DJE de 29-10-2009.) Vide: RE 551.156-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 10-3-2009, Segunda Turma, DJE de 3-4-2009.

••“A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários, e não usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da CF. A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não usuário do serviço público é condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado.” (RE 591.874,

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Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 26-8-2009, Plenário, DJE de 18-12-2009, com repercussão geral.) No mesmo sentido: AI 831.327-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 22-2-2011, Primeira Turma, DJE de 24-3-2011. Em sentido contrário: RE 262.651, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 16-11-2004, Segunda Turma, DJ de 6-5-2005.

•“O Supremo Tribunal já assentou que, salvo os casos expressamente previstos em lei, a responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos de juízes.” (RE 553.637-ED, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 4-8-2009, Segunda Turma, DJE de 25-9-2009.) Vide: RE 228.977, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 5-3-2002, Segunda Turma, DJ de 12-4-2002.

INFO 738 Responsabilidade civil do Estado por ato lícito: intervenção econômica e contrato - 6

A União, na qualidade de contratante, possui responsabilidade civil por prejuízos suportados por companhia aérea em decorrência de planos econômicos existentes no período objeto da ação. Essa a conclusão do Plenário ao finalizar o julgamento de três recursos extraordinários nos quais se discutia eventual direito a indenização de companhia aérea em virtude da suposta diminuição do seu patrimônio decorrente da política de congelamento tarifário vigente, no País, de outubro de 1985 a janeiro de 1992. A empresa, ora recorrida, requerera também o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de serviço de transporte aéreo, com o ressarcimento dos prejuízos suportados, acrescidos de danos emergentes, lucros cessantes, correção monetária e juros, em face de cláusula contratual — v. Informativo 705. O Tribunal, por maioria, negou provimento aos recursos extraordinários do Ministério Público Federal, na parte em que conhecido, e da União. Não conheceu, ainda, do outro recurso extraordinário da União, referente à participação do parquet desde o início da demanda.

RE 571969/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.3.2014. (RE-571969)

Responsabilidade civil do Estado por ato lícito: intervenção econômica e contrato - 7 O Colegiado acompanhou o voto proferido pela Ministra Cármen Lúcia, relatora, que,

inicialmente, entendeu prequestionados apenas os artigos 37, XXI e § 6º; 127; 129, IX; 175, parágrafo único, III e IV, da atual Constituição, além do art. 167, II, da EC 1/1969. Além disso, a relatora reputou improcedente o pleito da empresa aérea de incidência dos Enunciados 283 (É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles) e 284 (É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia), ambos da Súmula do STF. Assinalou inexistir prejuízo dos recursos extraordinários, considerado o julgamento ocorrido no STJ, uma vez que aquela Corte somente teria modificado percentual de honorários advocatícios. No que tange à intervenção do órgão ministerial, asseverou descabida a discussão sobre nulidade decorrente do momento de sua intimação para integrar a lide, tendo em conta o trânsito em julgado dos fundamentos infraconstitucionais, autônomos para a manutenção da decisão proferida. Por outro lado, admitiu o recurso extraordinário do Ministério Público Federal na condição de custos legis (CPC, art. 499, § 2º). Quanto à arguição de pretenso equívoco na fórmula utilizada para fixação do valor indenizatório apto a recompor o equilíbrio do contrato, sublinhou que a análise do princípio do equilíbrio econômico-financeiro delineada pelos recorrentes encontraria óbice no Enunciado 279 da Súmula do STF, a vedar o reexame de provas.

RE 571969/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.3.2014. (RE-571969)

Responsabilidade civil do Estado por ato lícito: intervenção econômica e contrato - 8 A Ministra Cármen Lúcia consignou que a questão a respeito da responsabilidade da União fora

suscitada de forma direta e objetiva exclusivamente no recurso do Ministério Público Federal. Mencionou que duas seriam as abordagens sobre o tema constitucional da responsabilidade do Estado: uma fundada

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na responsabilidade objetiva (CF, art. 37, § 6º) e outra no dever de manutenção das condições efetivas da proposta (CF, art. 37, XXI), de viés contratual. Observou que responsabilidade estatal por atos lícitos, incluídos os decorrentes de políticas públicas, não constituiria novidade no direito, inclusive, no brasileiro. Delimitou que a pretensão seria de ver atribuída a responsabilidade ao Estado por prejuízos financeiros suportados pela companhia aérea ante a implantação de planos econômicos. Assinalou haver cláusula contratual que estipularia a correspondência entre as tarifas a serem aplicadas e os fatores de custo da atividade objeto do contrato de concessão. A relatora retratou que se cuidaria de cláusula essencial ou necessária, tendo como fonte mandamento constitucional de manutenção do equilíbrio econômico e financeiro do negócio administrativo, princípio previsto expressamente no art. 167, II, da CF/1967, mantido idêntico dispositivo na EC 1/1969, vigente na data da outorga por concessão do serviço aéreo à recorrida. Acentuou que a Constituição atual conteria igual exigência (art. 37, XXI), regra repetida na Lei 8.987/1995 (Lei das Concessões e Permissões) e, também, no Decreto-Lei 2.300/1986 (art. 55, II). Registrou que, portanto, no período do desequilíbrio apontado, o Brasil estaria dotado de normas de eficácia plena referentes ao princípio do equilíbrio econômico e financeiro do contrato.

RE 571969/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.3.2014. (RE-571969)

Responsabilidade civil do Estado por ato lícito: intervenção econômica e contrato - 9 Na sequência, a relatora asseverou que o princípio constitucional da estabilidade

econômico-financeira seria uma das expressões do princípio da segurança jurídica. Por meio desse princípio, buscar-se-ia conferir maior segurança ao negócio jurídico-administrativo, garantindo à empresa contratada, tanto quanto possível, a permanência das circunstâncias e das expectativas que a animaram a assumir a execução, por sua conta e risco, no interesse público, de atribuições que competiriam a pessoa jurídica de direito público. Explicitou que o caso demonstraria que os reajustes efetivados teriam sido insuficientes para cobrir a variação de custos, consoante afirmado por perito oficial em laudo técnico. A Ministra Cármen Lúcia reportou-se a precedente da Corte segundo o qual os danos patrimoniais gerados pela intervenção estatal em determinado setor imporiam a indenização, tendo-se em vista a adoção, no Brasil, da teoria da responsabilidade objetiva do Estado com base no risco administrativo. Para a aplicação da referida doutrina, suficiente a configuração do dano e a verificação do nexo de causalidade entre aquele e a ação estatal (RE 422.941/DF, DJU de 24.3.2006).

RE 571969/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.3.2014. (RE-571969)

Responsabilidade civil do Estado por ato lícito: intervenção econômica e contrato - 10 A Ministra Cármen Lúcia ponderou que os atos que comporiam o “Plano Cruzado” — conquanto

não tivessem se afastado do princípio da legalidade, porque plenamente justificados por imperioso interesse do Estado e da sociedade brasileira — teriam provocado diretamente danos à recorrida. Esclareceu que a empresa nada poderia providenciar contra o que lhe fora determinado, pois jungida às regras da concessão de serviço público. Repisou que não se estaria a discutir a legalidade da decisão política. Salientou que, no entanto, os atos administrativos, mesmo os legislativos, submeter-se-iam, em um Estado de Direito, aos ditames constitucionais. Assim, inconteste que o Estado deveria ser responsabilizado pela prática de atos lícitos quando deles decorressem prejuízos específicos, expressos e demonstrados. Na condição de concessionária, não poderia a companhia esquivar-se dos danos, uma vez que não deteria liberdade para atuar conforme sua conveniência. Destacou que a comprovação dos prejuízos ocorrera nas instâncias próprias de exame do acervo fático-probatório. Por fim, considerou irretocável a decisão recorrida, fundada na teoria da responsabilidade do Estado por ato lícito.

RE 571969/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.3.2014. (RE-571969)

Responsabilidade civil do Estado por ato lícito: intervenção econômica e contrato - 11 Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa (Presidente), e Gilmar Mendes, que negavam provimento

ao segundo recurso extraordinário da União e davam provimento à parte conhecida do recurso da União e

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ao do Ministério Público Federal, para julgar improcedente o pedido de indenização formulado pela recorrida. Realçavam que o congelamento de preços não afetara de modo exclusivo a recorrida, haja vista que as consequências do ajuste tiveram impacto em vários setores da economia, bem assim em cidadãos economicamente ativos no País no período. O Presidente rememorava que a responsabilidade do Estado por ato de caráter legislativo seria excepcional. Rejeitava, ainda, o pleiteado reequacionamento do contrato administrativo, porquanto a adoção de medidas para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da avença exigiria anterior alteração unilateral, pela Administração, das condições de prestação do serviço. Aduzia que, na espécie, a suposta quebra decorreria somente de atos legislativos editados pelo governo federal para combater a hiperinflação. Afastava, outrossim, a incidência da teoria da imprevisão, porque a recorrida, quando celebrara o contrato, estaria ciente da situação econômica do País, bem como das tentativas governamentais de controle inflacionário. O Ministro Gilmar Mendes, em acréscimo, consignava a inadequação de se acolher, na situação dos autos, a responsabilidade da União por fato do legislador, em se tratando de medida genérica, sob o risco de transformar o ente federativo em um tipo de seguradora universal.

RE 571969/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.3.2014. (RE-571969)

QUESTÕES RELACIONADAS:

Questão 1- A configuração da improbidade exige os seguintes elementos: o

enriquecimento ilícito, o prejuízo ao erário e o atentado contra os princípios fundamentais

(legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), presente o elemento

subjetivo doloso.

( ) Verdadeiro

( ) Falsa

Questão 2- Dentre as possíveis providências expressamente constantes da Lei no 8.429/92,

que cabem à autoridade administrativa responsável diante de ato de improbidade que

cause lesão ao patrimônio público está

A) A obrigação de promover arrolamento cautelar de bens do indiciado para a

recomposição do dano causado.

B) A faculdade de providenciar diretamente a indisponibilidade dos bens do

indiciado no inquérito, mediante comunicação aos órgãos públicos oficiais.

C) A faculdade de providenciar o sequestro de bens suficientes a garantir o

prejuízo apurado.

D) O dever de representar ao Ministério Púbico para viabilizar a indisponibilidade

dos bens do indiciado.

E) O dever de, em se tratando de indiciado servidor público, colocá-lo em

disponibilidade não remunerada, contingenciandose os vencimentos para

eventual ressarcimento dos danos.

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Questão 3- Considere que determinado servidor público, dentro de suas atribuições,

tenha se afastado do interesse público e atuado abusivamente. Nessa situação hipotética,

esta conduta estará sujeita à revisão judicial ou administrativa, podendo, inclusive, o

servidor responder por ilícito penal:

( ) Verdadeiro

( ) Falsa

Questão 4- Constituem improbidade administrativa não apenas os atos que geram

enriquecimento ilícito, mas também os que atentam contra os princípios da administração

pública:

( ) Verdadeiro

( ) Falsa

Questão 5- É possível que o agente administrativo avoque para a sua esfera decisória a

prática de ato de competência natural de outro agente de mesma hierarquia, para evitar a

ocorrência de decisões eventualmente contraditórias:

( ) Verdadeiro

( ) Falsa

Questão 6- Nos termos da Lei Federal nº 8.429/92:

A) reputa-se agente público, para os efeitos daquela lei, todo aquele que exerce,

necessariamente de modo permanente e remunerado, por eleição, nomeação,

designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,

mandato, cargo, emprego ou função nas entidades da Administração direta ou

indireta.

B) suas disposições são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo

agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele

se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.]

C) os agentes públicos são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que

lhe são afetos, exceto se ocupantes de cargo ou emprego que não exija formação

superior.

D) ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, desde que dolosa, do

agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.

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E) no caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro

beneficiário o quíntuplo dos bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.

Questão 7- Felipe, servidor público ocupante de cargo em comissão no âmbito do

Ministério da Fazenda, revelou a empresários com os quais mantinha relações

profissionais anteriormente ao ingresso no serviço público, teor de medida econômica

prestes a ser divulgada pelo Ministério, tendo em vista que a mesma impactaria

diretamente os preços das mercadorias comercializadas pelos referidos empresários. A

conduta de Felipe:

A) Somente é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa se

comprovado que recebeu vantagem econômica direta ou indireta em decorrência

da revelação.

B) Não é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa, tendo

em vista o agente não ser ocupante de cargo efetivo.

C) É passível de caracterização como ato de improbidade administrativa que atenta

contra os princípios da Administração, independentemente de eventual

enriquecimento ilícito.

D) É passível de caracterização como ato de improbidade administrativa, desde que

comprovado efetivo prejuízo ao erário.

E) Não é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa,

podendo, contudo, ensejar a responsabilização administrativa do servidor por

violação do dever de sigilo funcional.

Questão 8- Paulo, servidor público federal, deixou de praticar, deliberadamente, ato de

ofício que era de sua competência. A referida conduta:

A) Poderá caracterizar ato de improbidade administrativa, desde que comprovado

que o servidor auferiu vantagem indevida para a sua prática.

B) Configura ato de improbidade administrativa que atenta contra os Princípios da

Administração pública, passível da aplicação da pena de perda da função pública.

C) Não configura ato de improbidade administrativa, sendo passível, contudo,

punição disciplinar.

D) Não configura ato de improbidade administrativa, salvo se comprovado,

cumulativamente, enriquecimento ilícito e dano ao erário.

E) Configura ato de improbidade administrativa, passível de aplicação de pena de

multa, exclusivamente.

Questão 9- Determinado administrador público adquiriu, sem licitação, dois veículos para

uso da repartição pública que chefia. Em decorrência dessa aquisição, obteve desconto

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considerável na aquisição de outro veículo, com recursos próprios, para sua utilização. Em

razão dessa conduta

A) Pode restar configurado ato de improbidade, desde que reste comprovado

prejuízo pecuniário.

B) Não poderá ser configurado ato de improbidade, salvo no que concerne à

aquisição do veículo com recursos próprios, pois se valeu de vantagem obtida em

razão do cargo.

C) Pode restar configurado ato de improbidade, independentemente da ocorrência

de prejuízo pecuniário.

D) Não pode configurar ato de improbidade, mas pode configurar ilícito penal,

independentemente da ocorrência de prejuízo pecuniário.

E) Fica configurado ato de improbidade, devendo ser responsabilizado o agente

estatal independentemente de dolo ou culpa, mas devendo ser comprovado

prejuízo pecuniário.

Questão 10- Segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o

reconhecimento de ato de improbidade administrativa, nos moldes previstos pela Lei de

Improbidade Administrativa (Lei n.º 8.429/1992), requer o exercício de função específica

(administrativa), não se admitindo sua extensão à atividade judicante

( ) Verdadeiro

( ) Falsa