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XVI Congresso Brasileiro de Sociologia 10 a 13 de setembro de 2013, Salvador (BA) Grupo de Trabalho Sociologia e Juventude: questões e estudos contemporâneos A CONSTITUIÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE RURAL: RELAÇÕES DE INTERDEPENDÊNCIA ENTRE SOCIEDADE CIVIL E ESTADO Sérgio Botton Barcellos UFRRJ-CPDA

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Artigo a ser apresentado na SBS - Salvador 2013 no GT - 32: Sociologia e Juventude: questões e estudos contemporâneos Se caso usar, citar a referência.

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Page 1: A constituição das políticas públicas para a juventude rural:as relações de interdependências entre estado e sociedade civil

XVI Congresso Brasileiro de Sociologia 10 a 13 de setembro de 2013, Salvador (BA)

Grupo de Trabalho Sociologia e Juventude: questões e estudos contemporâneos

A CONSTITUIÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE RURAL: RELAÇÕES DE INTERDEPENDÊNCIA ENTRE SOCIEDADE CIVIL E ESTADO

Sérgio Botton Barcellos UFRRJ-CPDA

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A CONSTITUIÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE RURAL: RELAÇÕES DE INTERDEPENDÊNCIA ENTRE SOCIEDADE CIVIL E ESTADO

RESUMO

No Brasil (IBGE, 2010), cerca de dois milhões de pessoas deixaram o meio rural nos últimos anos (2000-2010), sendo que um milhão que emigra estão situados em outros grupos etários e cerca de um milhão são pessoas em idade considerada jovem, isto é, metade da emigração do campo para a cidade é do grupo etário jovem. Entretanto, evidenciam-se diversas organizações políticas dos grupos que se identificam como juventude rural ou jovens do campo reivindicando viver no meio rural e ter políticas públicas. Com isso, essa questão passou a ganhar visibilidade nas organizações e movimentos sociais e no âmbito do governo federal, na Secretaria Nacional Juventude (SNJ) e no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que são os orgãos até então designados para desenvolver políticas públicas (PPs) direcionadas para a juventude rural. A partir desse trabalho, propõe-se analisar como estão ocorrendo, nesse campo político, as relações de interdependência entre os atores da sociedade civil e governo que atuam na formulação das políticas públicas direcionadas para a juventude rural no governo federal. Pretende-se realizar essa análise qualitativa com o aporte teórico em Bourdieu e Norbert Elias, dentre outros, e por meio das fontes de pesquisa coletadas em observação participante, entrevistas e análise documental dos debates e formulações realizados no âmbito dos Grupos Temáticos de Juventude Rural do MDA e da SNJ no ano de 2011. Palavras-chave: jovens rurais; espaços políticos; políticas públicas; representação política; agricultura familiar e camponesa.

INTRODUÇÃO

A diversidade das condições de vida e trabalho dos (as) jovens que vivem no

meio rural brasileiro se configura em diferentes inserções sociais, de diferentes

padrões de sociabilidade e acesso a serviços públicos. Muitos (as) jovens

compartilham o desafio que é vivenciar a agricultura familiar e camponesa

atualmente no Brasil e tentar viabilizar sua autonomia social e econômica, bem

como mudar as suas condições de vida. Diante da falta de condições e novas

oportunidades de trabalho e renda que marcam historicamente o espaço rural,

muitos (as) desses jovens migram para as cidades ou se sentem desmotivados para

permanecer no campo.

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Diante desse cenário, a partir desse trabalho, propõe-se analisar como está

ocorrendo o processo de formulação1 de políticas públicas (PPs) para a juventude

rural no governo federal e quais as relações de interdependência entre os

representantes políticos do governo e das organizações e movimentos sociais do

campo nesses espaços políticos. Sob esse enfoque, no decorrer deste trabalho

também será discutido como a categoria juventude rural é referenciada no processo

de constituição das PPs.

Para isso, foi realizada observação participante por meio da participação na 2ª

Conferência Nacional de Juventude (2011) e no 1º Seminário Nacional de Políticas

Públicas e Juventude Rural (2012), onde foram feitas anotações e descrições das

intervenções e falas dos jovens. Essa observação também foi realizada nas reuniões

do Grupo de Trabalho de Juventude Rural da Secretaria Nacional da Juventude

(GTJR-SNJ) e no atual Comitê de Juventude Rural do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Rural e Sustentável (CONDRAF), bem como nos orgãos

governamentais que debatem a temática das PPs para a juventude rural. Foram

acionados, como instrumentos de registro dos dados produzidos a campo,

anotações em diário de campo (BECKER, 1999).

A lente analítica para a pesquisa focou-se nas teias de interdependência que

formam as configurações sociais, as quais oportunizam observar quais as relações

sociais que estão contidas em meio às atividades políticas de acordo e disputa no

processo de elaboração das políticas públicas para os e as jovens rurais. Pretende-

se realizar essa análise qualitativa com o aporte teórico em especial em Bourdieu e

Norbert Elias. No caso deste trabalho que será apresentado, o grupo referido como

juventude rural será o relativo ao que está organizado e se reconhece no âmbito da

agricultura familiar e camponesa e tem relação de diálogo com o governo.

1. CONTEXTO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS: ONDE SE SITUA A

CATEGORIA JUVENTUDE RURAL?

Em relação a ser e estar jovem nas sociedades - embora haja discussão se

esse recorte deva ser etário, geracional, comportamental ou por algum contexto

1 Nesse trabalho, a significação da ação denominada como “formulação” será referente às possíveis

relações de interdependência entre os agentes sociais que compartilham da formação do universo social em questão nesse trabalho, isto é, o campo de constituição das políticas públicas para a juventude rural no Brasil.

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histórico - o ponto de partida, em muitos casos, é uma categoria genérica ou, como

define Bourdieu (1989, p. 28), uma categoria “pré-construída” histórica e socialmente

em diversos contextos. No Brasil, junto aos espaços governamentais e das

organizações e movimentos sociais, evidencia-se que essa característica não é

muito diferente.

A categoria juventude rural no Brasil recentemente passa a ser referenciada

inclusive por considerar o jovem como um agente de atuação política que se

organiza para reivindicar direitos e políticas sociais. Ao referir-se a essa questão,

acredita-se que é necessário contextualizar, mesmo que brevemente, quando o

debate da juventude rural passa a ser observado como um tema de interesse mais

tácito atualmente no âmbito do Estado, das organizações e dos movimentos sociais.

Em relação ao contexto social, demograficamente está ocorrendo uma

inegável diminuição da porcentagem de jovens e de adultos que vivem nas áreas

rurais nas últimas décadas. No que tange a questões como o êxodo e a sucessão

rural no Brasil, no ano 2000 a população rural era de 31.835.143 habitantes dos

quais cerca de nove milhões eram jovens. Em 2010, havia 29.830.007 habitantes,

com 8.060.454 jovens (IBGE, 2010). No Brasil, para o Estado passou a se

convencionar que jovens são pessoas em faixa etária entre 15 a 29 anos.

Se observarmos os dados sobre as jovens do campo em relação às jovens

urbanas, observa-se que há uma concentração maior de jovens do campo na faixa

etária de 15 a 17 (24,1% do campo contra 19,3% do meio urbano) e o inverso entre

as jovens de 25 a 29 anos de idade (29,9% do campo e 34,3% do urbano). No rural

também há maior concentração de jovens negras - 63,3% - enquanto na zona

urbana é de 51,0%, entre as jovens mulheres. Há também um pouco mais de jovens

mulheres casadas no campo do que na cidade (19,6% e 18%, respectivamente),

contudo, a proporção de jovens com filhos no campo é bastante superior às jovens

da cidade (45,5% e 35,9%, respectivamente).

Assim, observa-se que cerca de dois milhões de pessoas deixaram o meio

rural, sendo que um milhão da população que emigrou estão situados em outros

grupos etários (crianças, adultos e idosos) e cerca de um milhão são os jovens

rurais (18-29 anos), isto é, metade da emigração para a cidade é de jovens.

Contudo, cabe uma discussão mais aprofundada sobre isso, pois segundo os dados

do PNAD (2011), recentemente divulgados, estima-se que no ano de 2011 apenas

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cerca de sete milhões de pessoas entre 15 a 29 anos estavam residindo no espaço

rural, sendo a maioria composta por homens.

Ainda, segundo o IBGE (2010), a taxa de êxodo rural no país caiu da

tendência de 1,31% por ano, da década anterior, para 0,65%. Mantendo-se esta

tendência, estima-se, para essa década, que aproximadamente 81 mil jovens

emigrarão para as cidades anualmente2. Esse conjunto de dados e estimativas

demográficas sobre as pessoas em faixa etária jovem situadas no espaço rural se

soma ao que se chama bônus demográfico no Brasil, no qual o país passa pelo

período histórico com a maior População Economicamente Ativa (PEA) e a mais

jovem da nossa história (IBGE, 2010).

No que tange à questão da migração da juventude do campo para a cidade,

consideram-se as motivações e as circunstâncias sociais que levam um ou uma

jovem a emigrar e as que o (a) levam a ir para outra localidade, bem como o

conjunto de fatores que motiva os (as) jovens a permanecerem no espaço

compreendido como rural. Considera-se que o emigrante (jovem) não deixa seu

lugar de origem senão por uma expectativa de que fora dele existam elementos (ou

circunstâncias) que aparentemente não estão presentes em seu universo. O

significado para esse (a) jovem em seu deslocamento (ausência/presença) deve ser

considerado ao observar esse processo (SAYAD, 1998; 2000).

Considera-se que nem todos esses jovens se dedicam apenas ao trabalho

agrícola. Muitos transitam intensamente entre o rural e o urbano, seja para trabalhar,

estudar ou encontrar alternativas de vivência, por meio da cultura, esporte e lazer.

As trajetórias podem ser diversas e dependem do tipo de território em que vive esse

grupo: da renda da família, dos níveis de escolaridade alcançados, do sexo, das

características etnoculturais e socioambientais.

Assim, trata-se não apenas de refletir sobre o processo de deslocamento, que

pode ser considerada uma primeira etapa do que pode ser a migração, como

também do processo de identidade e identificação, pois é o meio pelo qual

diferenciações em um dado plano são determinadas e podem ser capazes de se

materializar em normas, valores e comportamentos de atores e grupos, como a

2 A região Sudeste foi onde mais ocorreu êxodo da população rural, caindo de 6,9 milhões para 5,7

milhões (-17,4%). As regiões Sul e Nordeste também tiveram êxodo de população rural. Contudo, fluxos migratórios a serem mais estudados são o das regiões Norte (4,2 milhões) e Centro-Oeste (1,6 milhão), onde ocorreu o aumento da população rural. A região Norte concentra os quatro Estados que tiveram a maior taxa de crescimento da população rural no período: Roraima, Amapá, Pará e Acre.

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construção política da categoria Juventude Rural. Além da questão da migração, a

regulação simbólica cultural, as relações de parentesco, as crenças religiosas e a

influência do Estado também compõem o conjunto de aspectos históricos e culturais

que constituem a luta em torno de valores constantemente disputados na formação

dessa categoria.

Em relação ao foco desse trabalho, que é o da influência governamental na

construção dessa categoria e de políticas públicas para ela, considera-se uma

expressão disso, durante um Seminário em 2012 realizado pelo governo federal, a

declaração do jovem R.A:

Esse é o recado que nós jovens camponeses estamos aqui articulado como as principais forças do Brasil, para que, Ministros, companheiro Pepe e Gilberto, possamos avançar de fato em um novo modelo tecnológico, um novo modelo de desenvolvimento para o campo baseado em novas relações, que deixem de ser um espaço, apenas de unidade de produção, como é visto pelo agronegócio, para ser um espaço, sim, de vida, um espaço que a gente se sinta bem, um espaço onde tenha uma boa educação, que a gente possa fazer arte, um espaço seja alegre, que de fato, a gente ressignifique o significado que vem colocando a juventude como sinônimo de êxodo.

Sob essa perspectiva, em pesquisas recentes, como as de Ferreira e Alves

(2009) e da OIT (2010), há também a indicação de que os (as) jovens que vivem no

meio rural consideram as oportunidades de trabalho e construção de uma autonomia

para a vida como questões difíceis ou pouco viáveis. Diante disso, sobre o aspecto

da desigualdade social, a população considerada jovem no meio rural e urbano

também enfrenta outras restrições significativas para que se desenvolvam como

força de trabalho no Brasil e na América Latina (OIT, 2010).

Uma das muitas demonstrações disso, em relação à desigualdade social no

meio rural, pode ser percebida pelos dados divulgados recentemente sobre a

população considerada em situação de miséria no Brasil (IBGE, 2011). Evidencia-se

que dentre os 16 milhões de habitantes da população que foram considerados em

uma situação de extrema pobreza, estima-se que 7,9 milhões destas, estão no rural,

isto é, um em cada quatro habitantes estão nessa situação3.

Dados do CadUnico, da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (MDS,

2012), também foram encontrados dados que demonstram a condição social

3 Segundo o PNAD - 2011 das cerca de oito milhões de famílias que residem no rural, 6,5 milhões

sobrevivem com até três salários mínimos e apenas 147 mil famílias sobrevivem com uma renda de mais de 10 salários mínimos e até mais de 20 salários.

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considerada de pobreza das pessoas entre 15 a 29 anos no espaço rural. Mais de

58%, ou seja, 4.691.131 de jovens, vivem em situação de pobreza e extrema

pobreza no que tange às possibilidades de obter suas rendas mensais no contexto

rural. Destes, 2.885.041 vivem no nordeste brasileiro, ou seja, 61, 5 %.

Em referência à questão fundiária no Brasil, destaca-se que 46% das terras

estão em posse de 1% dos proprietários rurais, sendo um dos maiores índices de

concentração de terra do mundo. Temos um contexto rural com 1.363 conflitos por

diversos motivos relacionados à luta pela terra, segundo dados da Comissão

Pastoral da Terra (CPT). Entre esses dados, demonstra-se o aumento dos conflitos

protagonizados pelo poder privado – fazendeiros, empresários, madeireiros e outros,

que são responsáveis por 689 dos conflitos por terra. Ainda, segundo dados da CPT

(2012), há cerca de 120 mil famílias reivindicando terra no Brasil4.

Entretanto, mesmo frente a essa realidade e contexto socialmente adverso e

desigual, observa-se a ocorrência de muitos (as) jovens e grupos de juventude que

se mobilizam junto a organizações e movimentos sociais no anseio de permanecer

no rural e reivindicar acesso a terra e diversos direitos sociais. Diante dessa

realidade, os debates e as disputas políticas para a elaboração de ações e políticas

públicas para a juventude rural estão em disputa, tanto nas esferas de governo,

como nas organizações e movimentos sociais no Brasil, de forma relativamente

conjunta, isto é, interdependente.

1.1. Políticas Públicas e a categoria Juventude Rural entrando na agenda

política do Estado

Evidencia-se que no Brasil, os grupos sociais que se situam sócio-

historicamente no âmbito da agricultura familiar e camponesa ainda vivenciam

grandes dificuldades de acesso a terra, de efetivar a produção agropecuária e

acessar as políticas públicas (reforma agrária, assistência técnica, crédito rural e

dentre outras). Essa condição se constituiu historicamente, seja em função da alta

concentração fundiária no Brasil, que contribuiu para gerar em grande medida a

desigualdade social no meio rural, seja pela concentração do poder político e

econômico, em restritos grupos sociais (por exemplo, latifundiários e grandes

4 A área de cultivo agrícola da pequena propriedade e de alimentos atualmente no Brasil está

diminuindo. Esses dados podem ser vistos no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado pelo IBGE (2012).

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corporações do ramo do agronegócio), que agrupam a maior parte dos recursos

públicos aplicados em infraestrutura, crédito, assistência técnica e pesquisa.

Para o Estado brasileiro, a criação de instituições, políticas e programas com

referência específica aos jovens situados no meio urbano e rural, prospectam um

marco institucional diferenciado no âmbito das relações de acordo e disputa política

no âmbito do Estado. Diante disso, acredita-se que é necessário contextualizar,

mesmo que de forma breve, como o debate da juventude atualmente passa a ser

observado como um tema de interesse no Estado, das organizações e dos

movimentos sociais.

Nessa perspectiva, Bango (2003) apontou quatro tendências no

desenvolvimento histórico das políticas de juventude que podem auxiliar na

discussão sobre como o tema da juventude rural passou a integrar o escopo

temático das PPs de Estado no Brasil. Essas tendências seriam: a incorporação dos

jovens nos processos de modernização; o enfoque do controle social; o enfoque do

jovem problema; e o enfoque dos jovens como capital humano e sujeito de direitos.

A primeira tendência situa-se historicamente por volta da década de 1950,

quando ocorreu, na maioria dos países da América Latina, um processo de

incorporação intensa dos (as) jovens ao sistema educativo. Tradicionalmente e

durante muitos anos, a resposta que o Estado ofereceu em termos de PPs que

abrangesse também a juventude foi a educação, inclusive técnica e

profissionalizante. Junto com essa questão emergiu a da apreensão estatal em

relação ao tempo livre dos (as) jovens, em especial os considerados em situação de

pobreza e marginalidade.

Nesse sentido, conforme Kerbauy (2005), na América Latina, a preocupação

com os (as) jovens e com as políticas orientadas para a juventude ganhou

representatividade a partir da década de 1970, estimulada por alguns organismos

latino-americanos e mundiais (tais como a CEPAL e ONU) e governos europeus

(como o da Espanha, que promoveu iniciativas de cooperação regional e ibero-

americana). Nos estados latino-americanos, nesse mesmo período, a ocupação do

tempo livre pelos (as) jovens era incentivada, sob o pressuposto de que a boa

utilização do tempo faria com que os jovens evitassem condutas consideradas

censuráveis. O foco das políticas para a juventude dirigia-se, então, para a

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profissionalização, para a ocupação produtiva do tempo livre e a educação dos (as)

jovens, atendendo à lógica desenvolvimentista5.

Ao longo desse processo, nos anos 1990, evidencia-se que para o Estado no

Brasil a questão em relação à juventude passa a ser incorporar os (as) jovens em

situação considerada de exclusão social ao mercado de trabalho. De acordo com

Bango (2003, p. 45), os (as) jovens são vistos como um capital humano que pode

contribuir potencialmente para os processos de crescimento econômico junto à

expansão do sistema educacional. Assim, a década de 1990 firmou-se na mudança

produtiva do sistema capitalista internacional e, no Brasil, essa tendência teve como

suportes o processo de ajuste estrutural e reestruturação produtiva do sistema

capitalista, além da reforma do Estado, alterando as prioridades nas políticas

sociais, agora enfocadas sob outra perspectiva (SOUSA, 2006)6.

Desse modo, o Estado teria o seu papel de executor ou de prestador direto de

serviços básicos reduzido, mantendo-se como uma espécie de agente gerenciador,

provedor e fiscalizador de PPs, principalmente focado nos serviços sociais como

educação e saúde. Por meio dessa concepção de um Estado gerencial, a execução

das ações estatais passou a contar com a parceira institucional do que foi

convencionado como o terceiro setor, representado pelas Organizações Não-

Governamentais (ONGs)7, inclusive nas ações e PPs com relação aos temas de

juventude. Assim, como forma de substanciar esse conjunto de reformas e se alinhar

ao cenário econômico internacional-neoliberal, mesmo que parcialmente, naquele

período, o Governo no Brasil em 1995 divulgou o “Plano Diretor da Reforma do

Aparelho do Estado”.

Além dos espaços institucionais de governo, de acordo com Castro (2005), a

partir do final da década de 1990, constatou-se um aumento significativo dos

trabalhos acadêmicos e técnicos (além daqueles desenvolvidos por ONGs, sites da

internet etc.), especialmente sobre os países considerados “em desenvolvimento”

5 No Brasil, ao longo das décadas de 1960 e 1970, os principais acordos firmados para a educação

brasileira, por exemplo, foram constituídos entre o governo brasileiro e a Agência Internacional de Desenvolvimento (AID) do GBM com a UNESCO, por intermédio dos programas MEC-USAID (ROMANELLI, 2001). 6 Em relação à atuação dessas organizações, na década de 1980, os países em desenvolvimento,

como o Brasil, foram impelidos a assumir o Programa de Ajuste Estrutural (PAEs)6, desenvolvido pelo

FMI e pelo Banco Mundial, para que passassem a integrar os preceitos do rearranjo do modelo capitalista no mundo e da mesma forma obter empréstimos (IPEA, 2009). 7 Dentre as funções dessas ONGs, ou dessa forma de poder público não-estatal, seria a de assumir a

execução ou apoiar o Estado na execução das PPs de forma focal e descentralizada (repassando ações para os municípios e estados) junto à sociedade.

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(ou os Países do Sul), que começam a abordar a emergência do tema juventude no

país, como Abramo (2005); Davilla, (2005); Sposito e Carrano, (2003); Freitas e

Papa, (2003). Já a questão do “jovem camponês” ou a “juventude rural” foi discutida,

conforme Castro (2005), em Carneiro (1998); Abramovay (1998); Brkic e Zutinic

(2000); Torrens (2000); Jentsch e Burnett (2000); Majerová (2000); Benevenuto

(2004); Stropasolas (2004).

Contudo, ressalta-se, em relação ao contexto rural no Brasil, a literatura

acadêmica descreveu que, desde a década de 30, a organização e a mobilização

política da juventude também conta com a mediação da Igreja Católica (SILVA,

2006). Um exemplo é o caso da formação da Juventude Agrária Católica (JAC), que

desde a década de 1980 passou a organizar-se como Pastoral da Juventude da

Rural (PJR).

Em consonância a isso, no fim dos anos 1990 – no segundo mandato do

presidente Fernando Henrique Cardoso – alterou-se o quadro de ausência das

políticas com foco específico para os (as) jovens a partir da elaboração de ações

públicas no âmbito do governo federal, desenvolvidas principalmente em formato de

parcerias com governos estaduais, municipais e organizações da sociedade civil. Os

principais programas/ações criados foram, segundo Rodrigues (2006): Assessoria

de Juventude do Ministério da Educação (1997), Serviço civil voluntário (1998),

Brasil Jovem - Agente Jovem, Centros da Juventude (2000) e Paz nas Escolas

(2001). Evidencia-se, de forma inicial, que o tema juventude passou a receber maior

enfoque por parte do Estado no final do século XX e início do XXI, conforme

apontam, por exemplo, os estudos de Spósito (2003) e Castro (2006).

Assim, considera-se que os anos 1990 no Brasil são caracterizados por uma

inflexão nas relações entre o Estado e os setores da sociedade civil pela

possibilidade de uma atuação conjunta com o Estado. A chamada “inserção

institucional” dos movimentos sociais é a evidência dessa inflexão (DAGNINO,

2004). Tais proposições indicam um processo de mudanças nas relações de poder

tanto em abrangência internacional como nacional, entre o Estado e a sociedade

civil, em especial, no caso dos (as) jovens no Brasil.

Assim, essa discussão acerca do conjunto de ações e políticas por parte do

governo federal, em conjunto com a atividade das agências internacionais

direcionadas ao público jovem também no espaço rural, como, por exemplo, foi o

Banco da Terra que deu origem ao atual Programa Nacional de Crédito Fundiário

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que tem a linha Nossa Primeira Terra (PNCF - NPT) direcionada os (as) jovens

rurais. Nesse sentido, nas últimas duas décadas, inclusive a partir de 2003, pode ser

evidenciado que os atores atuantes nas políticas públicas para o meio rural brasileiro

passam a debater e tentar reconhecer a diversidade dos grupos sociais que vivem

no espaço rural.

Em seguida, no ano de 2005, em relação a um debate mais amplo sobre

juventude, ocorreu à formação da Secretaria Nacional da Juventude (SNJ), órgão

que compõe a Secretaria Geral da Presidência da República. A SNJ tem o objetivo

de elaborar, propor e discutir as políticas públicas direcionadas para a população

jovem no Brasil, bem como representar esse grupo social em espaços internacionais

que sejam de interesse nacional (SNJ, 2011).

Uma das iniciativas a partir da institucionalização dessa Secretaria foi a

constituição do Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), composto por 2/3 de

representantes da sociedade civil (diversas entidades, organizações e movimentos

sociais rurais e urbanos) e 1/3 de representação. Também no mesmo ano ocorreu a

criação do PRO-Jovem8 (Programa Nacional de Inclusão de Jovens), que foi

considerada pelo governo federal uma das principais iniciativas para a juventude

constituídas nos últimos anos (SNJ, 2010). Com isso, percebe-se que a partir do ano

2000 as ações e PPs de governo, passam a ter maior enfoque na juventude que vive

no meio urbano e por uma concepção dos(as) jovens enquanto sujeitos de direitos

(BANGO, 2003) .

Outro marco considerado importante nesse processo institucional de

reconhecimento da categoria juventude rural, ou jovens do campo, ou jovens

camponeses, foi a 1ª Conferência Nacional de Juventude (CNJ) realizada no ano de

2008 que foi o espaço onde se iniciou a discussão do Estatuto da Juventude (PL n.º

4.530, 2004), sancionado no dia 05 de agosto de 2013, que faz menção à categoria

“jovens do campo”.

O sentido dado à categoria juventude rural, ou jovens do campo, na qual o

Estado passa a selecionar como público-alvo ou beneficiário para as PPs, tenta

unificar grupos sociais e identitários distintos que têm como “unidade a identidade

cultural com a terra e o direito ao reconhecimento como cidadão” e que vivem do

campo e da floresta, como extrativistas, seringueiros/as, quebradeiras de coco

8 O ProJovem foi instituído em fevereiro de 2005 pela Medida Provisória 238, já convertida na Lei nº

11.129, de 30 de junho de 2005.

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babaçu, pescadores/ras, marisqueiros/as, agricultores/ras familiares,

trabalhadores/as assalariados/as rurais, meeiros, posseiros, arrendeiros, acampados

e assentados da reforma agrária, artesãos/ãs rurais.

A perspectiva de seleção e unificação dessa categoria social por parte do

Estado é considerada como uma questão a ser enfrentada e devidamente

problematizada sociologicamente, para que não ocorra a naturalização dessa

categoria a partir da seleção de público-alvo ou beneficiário realizada pelo Estado e

muitas vezes em conjunto com organizações e movimentos sociais.

Adentrando-se na discussão sobre a categoria juventude rural ou jovem do

campo, inicialmente, para a questão das gerações, a discussão sobre jovem permite

ter um olhar sobre essa categoria, sob um prisma da relação com pelo menos dois

tempos diferentes. Uma deles pode ser o do curso da vida do ator social (jovem) em

seus contextos, e outro que é o da sua experiência histórica enquanto agente-

público, alvo de ações nas organizações e movimentos sociais e PPs por parte do

Estado.

As questões em relação à discussão de juventude podem surgir, por exemplo,

pelo aspecto multifacetado e pela referida polissemia do termo. Outro fator seria pela

intercambialidade dos termos (criança, jovem, velho etc.) que a definem e dos

lugares sociais a que se referem. A geração, em um sentido amplo, representa a

posição e atuação do agente social em seu grupo de idade e de socialização no

tempo inter-relacionada com outros sistemas de relações, expressões das

dimensões de gênero e classe social. Uma das perspectivas que perpassam o

desenvolvimento da sociedade é que a idade – e o sexo/gênero – foram critérios

constitutivos fundamentais de organização e integração social, principalmente de

participação na divisão do trabalho, formas organizativas outras que se desdobraram

em discriminação, marginalização ou exclusão igualmente baseadas na idade ou

gênero. Sob essa ótica, o jogo de poder entre as gerações se desloca e se reinstala

continuamente (MOTTA, 2010). Nesse processo de configuração social, considera-

se que os jogos de distinção social e os graus de controle de impulsos, têm suas

dinâmicas relacionadas ao modo como se avançam as relações de interdependência

com a divisão das atividades, como o trabalho e os papeis na sociedade (ELIAS,

1994).

Sob essa ótica, a questão geracional, do ser e estar jovem, é diretamente

influenciada pela concepção de tempo de cada sociedade, compreendida no

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contexto social onde é produzida e também em interação com outros elementos da

vida social, pois tempo e espaço são símbolos conceituais de certos tipos de

atividades e instituições sociais que possibilitam aos atores orientarem-se diante de

posições ou distâncias entre estas posições (ELIAS, 1994). Isto é, se a proposta é

compreender o tempo no contexto onde esse é produzido, deve-se considerar o

espaço como relevante na configuração das relações sociais, e no que tange à

juventude rural, a questão do território e dos projetos de vida são evidenciadas como

essenciais ao fazer essa discussão, além dos enquadramentos produzidos nos

espaços de debate do Estado com a sociedade civil.

Relacionado a isso, é perceptível a influência do Estado na formação da

categoria juventude rural e do que se espera desses agentes sociais em faixa etária

considerada jovem, seja na discussão sobre sucessão rural, seja na perspectiva de

beneficiário de políticas compensatórias ou de crédito, ou seja ainda como mão de

obra para a produção agropecuária. Tal questão pode apontar para o papel muitas

vezes decisivo desempenhado pelo Estado sobre as formas de pensar e agir da

população, quando propõe uma ação ou política pública (BOURDIEU, 1997).

Uma declaração nesse sentido foi feita pelo militante M.R. durante o

Seminário de 2012:

Não há políticas específicas para jovens que vão conseguir fazer com que a gente dê esse salto de qualidade e faça com que a juventude passe a permanecer no campo. Esse para mim é o primeiro grande desafio. O segundo, aí sim, é tornar o jovem o centro do debate para que nós tenhamos a inclusão produtiva do jovem sim, mas a inclusão no pleno direito, como bem disse o professor, nós precisamos tornar esse debate dentro de um modelo diferenciado de desenvolvimento como é que a gente inclui o jovem como centro [...].

Em meio a essa conjuntura e formação da categoria juventude rural no âmbito

do governo federal – juntamente com os grupos da sociedade civil que participam

dos espaços de participação promovidos pelo governo –, ocorreu a constituição de

diversos espaços de discussão e formulação de ações políticas direcionadas para a

juventude rural, como o Grupo e atualmente Comitê Permanente de Juventude Rural

(CPJR) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF)

e, a seguir, no ano de 2011, o Grupo de Trabalho em Juventude Rural da Secretaria

Nacional de Juventude (SNJ).

Em meio a esses espaços institucionais de debate e formulação de PPs,

observou-se que as organizações e movimentos sociais que atuam recentemente

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nos espaços de discussões, debates e decisões em relação à constituição das PPs

direcionadas para a juventude rural no âmbito do governo federal são as seguintes:

CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura; a FETRAF –

Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar; e a

PJR – Pastoral da Juventude Rural. Em relação às organizações, integram o

CONDRAF: a CONAQ – Coordenação Nacional de Quilombos; a COIAB –

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira; o IA – Instituto

Aliança; a Escola de Formação Quilombo dos Palmares – INSTITUTO EQUIP; os

Centros Familiares de Formação por Alternância – REDE CEFA’s; o Serviço de

Tecnologia Alternativa – SERTA; e a União Nacional das Cooperativas de Agricultura

Familiar e Economia Solidária – UNICAFES. Também participam desses espaços

como convidados, ou no papel de assessores técnico-acadêmicos, pesquisadores

de Universidades. A Via Campesina também, por meio do MST, MAB, MPA, MMC e

da PJR, dialoga com o atual governo para negociação de suas pautas políticas e

atualmente participa desses espaços9.

No caso do CPJR-CONDRAF, observou-se que é um espaço que conta em

maior parte com a participação das organizações sociais de terceiro setor e dos

movimentos sociais vinculados ao sindicalismo rural. O GTJR-SNJ é um espaço que

conta com a participação em maioria pelos movimentos sociais vinculados à Via

Campesina e ao sindicalismo rural e apoiadores acadêmicos da Universidade

Federal do ABC Paulista, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,

Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal de Santa Catarina.

Destaca-se que, conforme consta em SNJ (2010), as únicas ações de

governo identificadas e efetivas com o recorte juvenil no espaço rural, entre os anos

de 2003 a 2010, foram realizadas pelo MDA e priorizaram a disponibilização de

crédito para aquisição de terra ou para a realização de projetos técnicos, de

formação e de produção agropecuária, centrados no PNCF-NPT e PRONAF-Jovem.

No ano de 2011, aconteceu na Câmara dos Deputados, o Seminário Nacional

da Juventude Rural, intitulado “A Permanência do Jovem no Campo e a

Continuidade da Agricultura Familiar no Brasil”, onde se abordou temas como

9 Destaca-se também que ambas são organizações sociais que, em maior ou menor grau, têm

mediação por parte de agentes filiados a partidos (PT, PSB, PCdoB e PDT, dentre outros) e grupos políticos que estão situados e atuam em governos e espaços institucionais em esferas municipais, estaduais e federal.

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sucessão nas propriedades familiares, agenda política e os desafios para a

consolidação da Agricultura Familiar e o Desenvolvimento Rural Sustentável.

Ainda nesse mesmo ano, ocorreu a 2ª Conferência Nacional de Juventude, a

qual teve a participação expressiva e destacada dos grupos politicamente

organizados em juventude rural para reivindicar reconhecimento e direitos.

Evidenciou-se naquele espaço o anseio desses grupos pela formulação de políticas

públicas que trouxessem inovações e abrangessem de maneira apropriada as

características do que é ser um/a jovem no contexto rural brasileiro. Como um dos

resultados dessa mobilização, foram elaboradas e aprovadas três propostas como

temas prioritários e constou em uma grande quantidade de propostas à menção ao

reconhecimento da juventude rural ou, como há nas resoluções dessa Conferência,

“Jovens do campo”.

Ainda ressalta-se que no ano de 2011 foi elaborado o Programa Autonomia e

Emancipação da Juventude no Plano Plurianual do Governo Federal (PPA 2012-

2015), contemplando inclusive a juventude rural. O orçamento anual disponibilizado

para a juventude rural foi de R$ 5 milhões.

Após, no primeiro semestre de 2012, realizou-se o 1º Seminário Nacional de

Políticas Públicas para Juventude Rural, promovido pela SNJ em parceria com o

MDA, no qual contou com a participação de cerca de 80 representações de diversas

organizações e movimentos sociais em juventude, pesquisadores e agentes

governamentais que atuam na temática. Os resultados obtidos neste 1º Seminário

foram considerados fruto de uma construção coletiva dos diferentes atores sociais

que representaram as principais forças que articularam a temática da juventude no

rural no Brasil (jovens da agricultura familiar camponesa, trabalhadores

assalariados, povos das florestas e das águas, extrativista, indígenas e quilombolas,

as principais lideranças dos movimentos sindical, dos movimentos sociais e

pastorais). Nesse evento foram elaboradas 143 propostas e demandas da juventude

rural pelas organizações e movimentos sociais junto com o governo federal.

Ainda no ano de 2012, ocorreram uma série de Seminários Estaduais e

Encontros regionais em juventude rural e no âmbito governamental em conjunto de

articulações técnicas e políticas em torno das pautas e demandas apresentadas

pelos/as jovens rurais. Um dos desdobramentos desse processo, foi que em 2013

foram disponibilizados e publicados editais de programas e projetos, com a

participação da SNJ em conjunto com alguns ministérios, nas áreas da cultura,

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inclusão digital, saúde, geração de trabalho e renda, economia solidária com

atenção para as demandas da juventude rural.

Em 2013, algumas iniciativas realizadas pelo MDA e SNJ foram consideradas

pelo governo como uma das principais estratégias em política pública que os grupos

de juventude estão participando, ou estão incluídos ou a submetidos algumas ações

e PPs. No MDA foram realizados ajustes em alguns trâmites burocráticos e no

percentual de juros sobre o PRONAF-Jovem e o PNCF linha Jovem. Na SNJ foram

lançadas até o momento quatro iniciativas que são: O Projeto de Articulação e

Fortalecimento de Redes de Grupos de Economia Solidária (Edital SNAES/SNJ);

Programa de Formação Agroecológica e Cidadã para a Geração de Renda

(SNJ/UNB/UNILAB – Projeto piloto em andamento nos estados do Centro Oeste e

Ceará com 600 jovens); e Estação Juventude Itinerante (cinco estações

conveniadas - programa em expansão); Programa inclusão digital da juventude

Rural (MiniCom/SNJ - 41 projetos em 2012-2013).

2. POLÍTICAS PÚBLICAS E ATORES EM INTERDEPENDÊNCIA NAS QUESTÕES

DA JUVENTUDE RURAL

"[...] compreender sua própria experiência do tempo é, também, compreender a si mesmo" (ELIAS, 1994, p. 217).

Considera-se que, em meio a esse processo de configuração das políticas

públicas para a juventude rural, a construção da identidade de agricultor familiar, a

diversidade de reivindicações e o reconhecimento de outros grupos sociais, como o

da juventude rural, vieram acompanhados de um conjunto de interlocutores e

relações de interdependência ao longo dessa história. Por exemplo, no caso do

sindicalismo (tanto a FETRAF, como na CONTAG, por exemplo), observou-se um

elevado grau de interlocução com o Estado, dentro de uma lógica propositiva em

torno de PPs que possam beneficiar suas bases, ao mesmo tempo em que são

desenvolvidas lutas e negociações junto a empresas específicas (por exemplo, as

indústrias fumageiras e de laticínios) em torno de melhores preços para a produção.

Frente a isso, outros atores que devem ser considerados são, por exemplo,

as ONGs que atuam junto ao Estado, as quais são reconhecidas como interlocutoras

representativas na medida em que detêm um conhecimento específico que provém

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do seu vínculo (passado ou presente) com determinados setores sociais: jovens,

negros, mulheres, comunidades tradicionais, dentre outros. Assim, acredita-se que é

preciso localizar a diversidade interna dessa juventude rural, que pode identificar-se

ou não na agricultura familiar e como público-alvo de uma política pública.

Essa questão também deve ser observada nas relações societárias junto às

organizações e movimentos sociais que dão bases materiais e simbólicas de

identificação a essa juventude rural, ressaltando-se que a diversidade está presente

tanto devido a questões geracionais quanto pelo lugar social que esta juventude

ocupa, também imbricado à questão do ficar ou sair do meio rural (IANNI, 2004;

CASTRO, 2010).

Assim, por meio dessa discussão é possível evidenciar que as relações de

interdependência entre os agentes que atuam no interior do Estado, das

organizações e movimentos sociais representativos estão, em diferentes graus,

inscritos junto à institucionalidade do Estado. Sob essa perspectiva, é possível

referenciar-se em Sigaud (2009), que problematiza o fato de que as organizações e

movimentos sociais e o Estado estabelecem e formam diretrizes entre si, onde as

acordam e as convencionam. É nesse sentido que Elias define como ponto de

partida para o estudo da configuração estatal na sociedade as redes de interação e

os processos que tornam os homens interdependentes, pois tudo isso indica como

as estruturas de personalidade dos atores mudam em conjunto com as

transformações sociais relacionadas ao processo histórico de formação do Estado

(ELIAS, 1994).

Sob esse prisma de debate, as noções de sociedade civil, participação e

cidadania mantêm entre si uma estreita relação e foram selecionadas como temas

considerados importantes para se discutir os sentidos das disputas políticas travadas

no âmbito do Estado e da sociedade brasileira. Para Dagnino (2005), de um lado,

essa centralidade se relaciona com o papel que elas desempenharam na origem e

na consolidação de uma ideia de projeto participativo. Além disso, para além do

cenário específico onde essas noções se inserem no debate brasileiro, elas também,

de alguma forma, estão contidas no debate sobre o atual estágio de

desenvolvimento do capitalismo no Brasil.

Cabe destacar algumas atividades, na esfera institucional do governo, que

possivelmente influenciaram na reconfiguração política e temática das políticas

públicas para a juventude rural na agenda de Estado, que foram: mudança de status

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do Grupo de Trabalho em Juventude Rural para Comitê de Políticas públicas para a

Juventude Rural no CONDRAF-MDA e o retorno da Assessoria de Juventude no

MDA em 2011; entrada da atual Secretária Nacional de Juventude e a estruturação

da Coordenação de Políticas transversais sob coordenação de uma referência

acadêmica na temática; Formação do Grupo de Trabalho em Juventude Rural da

Secretaria Nacional de Juventude; Realização da 2ª Conferência Nacional de

Juventude e do 1º Seminário Nacional de Juventude Rural; e as constantes

audiências e reuniões das organizações e movimentos sociais com a Secretaria

Geral da Presidência da República.

Observa-se que nos espaços onde ocorrem os debates sobre a questão da

juventude rural alguns temas são comuns, como: a falta de orçamento; a falta de

prioridade no tema no governo; quem são e aonde estão esse jovens rurais?; como

trabalhar com esses jovens na sua diversidade?; como fugir de um esquema

burocrático que promova o acesso a política?; preconceitos com o(a) jovem quando

vai acessar políticas ou participar de espaços de decisão; a falta dos ministérios e

secretarias firmarem compromissos com as políticas públicas para a juventude rural,

dentre outros temas.

Além disso, outras pautas que são temas de debate em relação às políticas

públicas são: políticas de crédito e os seus problemas de acesso; políticas de

fomento produtivo e financeiro; sustentabilidade e práticas associadas à

agroecologia; falta de infraestrutura no campo; educação do e no campo vinculadas

geralmente ao PRONERA e a recente constituição do PRONATEC e

PRONACAMPO. Desses debates, recentemente foi observado que a discussão

sobre fomento ou crédito não-reembolsável foi iniciada como um tipo de alternativa

ao debate de crédito, tanto pela pouca efetividade dessas políticas, quanto por já ter

cumprido um ciclo ao longo do século XX, em especial o PRONAF, ao longo dos

anos 90 e 2000.

Conforme Castro (2010), atualmente, ao identificar o campo das PPs para a

juventude no Brasil, pode ser possível observar o alargamento ou a retração das

possibilidades de atuação política dos e das jovens como agentes políticos que se

constituem para além dos limites propostos nos marcos institucionalizados pelo

Estado, e que se movimentam não necessariamente em uma única direção e de

forma linear. Essas posições seriam referentes, por exemplo, ao que é o projeto de

vida do ator social (jovem) em seus contextos de vivência com configurações e

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nuances singulares e, ao mesmo tempo, que é o da sua experiência histórica

enquanto ator, ou para o Estado uma espécie de público alvo/beneficiário de PPs

que tenciona esse grupo social para relativos graus de enquadramento e

uniformização.

No caso das PPs direcionadas para a juventude rural, considera-se que as

organizações e movimentos sociais atuam em variados graus de interdependência

ora em oposição, ora em acordo em relação ao Estado, seja em meio ao conjunto de

opções políticas feitas, ou pela implantação considerada tardia de programas no

âmbito da agricultura familiar, ou na precariedade para a formulação e acesso das

políticas.

Diante desse contexto, como alude Castro (2008), esse grupo social que se

reconhece como juventude rural se apresenta como um agente social que reafirma

sua identidade atuando por meio das organizações e movimentos sociais pelos

quais se sente representado, na luta por terra e por uma gama de direitos sociais.

Assim, a temática da juventude rural atualmente passa a ser referenciada, inclusive

por considerar o (a) jovem como um ator social que se organiza para reivindicar e

disputar direitos e políticas sociais.

Percebe-se que o redirecionamento de algumas pautas passou a ocorrer

devido às reivindicações dos (as) jovens por políticas de geração de renda no

campo mais efetivas e vinculadas as suas vocações regionais, culturais e étnicas,

pois a ausência ou a falta de políticas apropriadas passam a ser um dos principais

motivos que não tornam viáveis as condições de viabilizar projetos de vida para os

(as) jovens em seus territórios. Esse redirecionamento e essa influência são vistos

no discurso dos atores de governo, como das organizações e movimentos sociais

pelas pautas defendidas na 2ª Conferência Nacional de Juventude, no 1º Seminário

de Juventude Rural e Políticas Públicas e nas articulações recentes realizadas pelo

MDA e SNJ com fundos sociais e empresas estatais.

Em meio a esse campo político, o jogo estabelecido pode ser interpretado

como um jogo sequencial em que cada agente tem certo poder de veto e decisão.

Estes jogos políticos ou tramas sociais estabelecidas em meio ao processo das PPs

mostram que os atores sociais nesses espaços falam uns com os outros e também

com outros não diretamente participantes, inclusive no próprio grupo do qual são

representantes políticos (DELGADO, BONNAL & LEITE, 2007) com diferentes graus

de interdependência em relação ao Estado.

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20

Percebe-se que nessa relação de tempo e espaço social para a formulação

de políticas públicas para a juventude rural - isto é, das organizações e movimentos

sociais entre eles e com o Estado, e entre o próprio Estado nos territórios e nos

espaços governamentais - vai se configurando o reconhecimento e a formação da

identidade e categoria política: juventude rural, jovens do campo, ou juventude da

agricultura familiar e camponesa e a partir dessa identidade definida que os atores

reivindicam políticas públicas.

CONSIDERAÇÕES E QUESTÕES FINAIS

Considera-se que há poucos estudos que abordam a relação entre as PPs e

a juventude rural, pois geralmente o fazem de modo tangencial. Desse modo, este

trabalho pretende ser uma ferramenta na construção de uma perspectiva teórico-

metodológica que proporcione uma investigação acerca do processo de constituição

das PPs com a temática da juventude rural, em interação com as temáticas da

reprodução social dos demais grupos que buscam reconhecimento social, seja no

âmbito da agricultura familiar, como na da camponesa e dentre outras categorias

sociais e políticas.

Compreende-se que esses espaços sociais podem ser um universo de

pesquisa que possibilitaram evidenciar as relações de interdependência em meio as

relações - de disputa, conflito, acordo de poderes - entre os principais agentes

sociais que atuam no governo federal, na constituição dessas ações e PPs relativas

à juventude rural. Busca-se também demonstrar que o conjunto de ações políticas

debatidas e formuladas nesses espaços, são relevantes para observar como as

relações sociais tem aspectos que se tornam mais visíveis - do que os conflitos

políticos, ideológicos ou sociais - no processo de elaboração das PPs para a

juventude rural.

Em conformidade à Flexor e Leite (2006), ressalta-se que, no caso das PPs,

analisar é uma função que consiste em apreciar os efeitos atribuídos as atividades

do governo, pois individualmente ou em grupo, os avaliadores agem em função de

quadros de referências, de seus valores e normas, de suas percepções. Além disso,

os interesses podem mudar no decorrer do percurso, outros problemas podem

surgir, os objetivos poderão ser ambíguos e causas externas podem ser

evidenciadas para explicar alguns desdobramentos não planejados para a política

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21

pública. Assim, se observadas em termos de atividade/processo, as estruturas de

personalidade dos atores e as estruturas sociais de Estado nas PPs não são

consideradas fixas, mas sim mutáveis, como aspectos interdependentes em um

desenvolvimento de longo prazo.

Por mais que no processo de configuração social de uma política pública,

juventude rural, por exemplo, alguns atores ou próprio Estado tentem estabelecer

controle ou cercear a atividade social desses atores, inclusive na formação de sua

identidade, isto não se torna possível, pois as ambivalências dos atores não

permitem realizar um controle ou cerceamento absoluto das suas trocas e das

relações no acesso e relação com essas políticas.

As gerações participam e vivenciam experiências sob um determinado recorte

do processo histórico no qual estão situados, partilham das mesmas formas de

manifestação, o que tende a criar uma situação comum, inclusive sua organização e

mobilização política acerca das questões relativas ao seu tempo. Sob essa

perspectiva, os relatos da juventude rural presentes nesse estudo expressam que

além de estarem inseridos em padrões culturais - que muitas vezes demandam a

lógica da atividade agrícola articulada - há relação disso com outras questões, como

o tamanho da terra e a persistência da tutela aos padrões familiares e comunitários.

Para as/os jovens rurais há ainda a dimensão relativa às incompreensões desse

período de vida e as questões postas por ele, de ser visto como alguém “que poderá

vir a ser”, inacabados, como se ainda não fossem considerados sujeitos.

Uma questão para reflexões posteriores, é que mesmo no Brasil, em um

quadro de inovação institucional apresentado desde 2003 pelo governo Lula; com

reconhecimento das diversidades étnicas e raciais, com o debate de gênero e da

juventude passando a ser tratado pelo Estado como um tema a ser reconhecido e

trabalhado - essas demandas não são vistas como prioridade. Nota-se que além da

dificuldade de compreensão dos quadros políticos e técnicos que compõem o

Estado, os fortes traços de um Estado que promoveu ao longo da história uma

política de modernização do campo, urbanista e eugenista, há notórios zelos,

sanções e tentativa de uniformizar esse público.

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