a cobrança de encargos pela prestação de serviços bancários à...
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAIacute ndash UNIVALI CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO VII ndash SAtildeO JOSEacute CURSO DE GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO SETOR DE MONOGRAFIA
A COBRANCcedilA DE ENCARGOS PELA PRESTACcedilAtildeO DE SERVICcedilOS BANCAacuteRIOS Agrave LUZ DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
CLEOMIR ASSIS DOS SANTOS
Satildeo Joseacute Junho 2008
i
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAIacute ndash UNIVALI CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO VII ndash SAtildeO JOSEacute CURSO DE GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO SETOR DE MONOGRAFIA
A COBRANCcedilA DE ENCARGOS PELA PRESTACcedilAtildeO DE SERVICcedilOS BANCAacuteRIOS Agrave LUZ DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
CLEOMIR ASSIS DOS SANTOS
Monografia submetida agrave Universidade
do Vale do Itajaiacute ndash UNIVALI como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de
Bacharel em Direito
Orientador Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves
Satildeo Joseacute Junho 2008
ii
AGRADECIMENTO
Em primeiro lugar agradeccedilo a Deus por ter
me dado esta oportunidade de concluir este
curso
Aos meus familiares Augusta Albertina e
Augusto que tiveram paciecircncia em minha
ausecircncia
Agradeccedilo em especial a minha esposa
Eliana por ter sempre me incentivado e me
apoiado
Agradeccedilo ao Elias por ter me ajudado nesta
conquistas
iii
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho a minha esposa Eliana
em que muito me apoiou nos momentos
mais difiacuteceis
iv
TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE
Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do
Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo
Satildeo Joseacute Junho 2008
Cleomir de Assis dos Santos
Graduando
v
PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO
A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale
do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob
o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do
Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca
examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves
presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi
de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)
Satildeo Joseacute Junho 2008
Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves
Orientador e Presidente da Banca
Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira
Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica
vi
ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS
ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade
BACEN OU BC Banco Centro do Brasil
CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002
CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor
CMN Conselho Monetaacuterio Nacional
CONSIF Conselho do Sistema Financeiro
CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
DES Desembargador
DF Distrito Federal
DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo
FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos
IGP Iacutendice Geral de Preccedilos
LRB Lei de Reforma Bancaacuteria
PROCON Procuradoria do Consumidor
REL Relator
RESP Recurso Especial
RT Revista dos Tribunais
STF Superior Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
TCIV Turma Ciacutevel
TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul
TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal
TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute
vii
TERMOS EM LATIM
a posteriori apoacutes um fato
bona fides boa-feacute
conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute
est modus in rebus as coisas tem limite
Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema
hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)
in comento comentando
lato sensu em sentido amplo
mens legis espiacuterito da lei
modus vivendi modos de viver
prima facie primeira vista
stricto sensu em sentido estrito
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO IX
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5
21 CONSUMIDOR 7
22 FORNECEDOR 9
23 DOS PRODUTOS 10
24 DOS SERVICcedilOS 11
25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12
26 DOS PRINCIacutePIOS 14
261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15
262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15
263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16
27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21
31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24
32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25
33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28
34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29
35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31
36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35
41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37
42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39
43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41
44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46
441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46
5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49
6 REFEREcircNCIAS 55
ANEXOS 66
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
8
estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
67
Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
76
art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
78
CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
i
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAIacute ndash UNIVALI CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO VII ndash SAtildeO JOSEacute CURSO DE GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO SETOR DE MONOGRAFIA
A COBRANCcedilA DE ENCARGOS PELA PRESTACcedilAtildeO DE SERVICcedilOS BANCAacuteRIOS Agrave LUZ DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
CLEOMIR ASSIS DOS SANTOS
Monografia submetida agrave Universidade
do Vale do Itajaiacute ndash UNIVALI como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de
Bacharel em Direito
Orientador Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves
Satildeo Joseacute Junho 2008
ii
AGRADECIMENTO
Em primeiro lugar agradeccedilo a Deus por ter
me dado esta oportunidade de concluir este
curso
Aos meus familiares Augusta Albertina e
Augusto que tiveram paciecircncia em minha
ausecircncia
Agradeccedilo em especial a minha esposa
Eliana por ter sempre me incentivado e me
apoiado
Agradeccedilo ao Elias por ter me ajudado nesta
conquistas
iii
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho a minha esposa Eliana
em que muito me apoiou nos momentos
mais difiacuteceis
iv
TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE
Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do
Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo
Satildeo Joseacute Junho 2008
Cleomir de Assis dos Santos
Graduando
v
PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO
A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale
do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob
o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do
Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca
examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves
presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi
de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)
Satildeo Joseacute Junho 2008
Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves
Orientador e Presidente da Banca
Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira
Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica
vi
ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS
ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade
BACEN OU BC Banco Centro do Brasil
CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002
CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor
CMN Conselho Monetaacuterio Nacional
CONSIF Conselho do Sistema Financeiro
CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
DES Desembargador
DF Distrito Federal
DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo
FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos
IGP Iacutendice Geral de Preccedilos
LRB Lei de Reforma Bancaacuteria
PROCON Procuradoria do Consumidor
REL Relator
RESP Recurso Especial
RT Revista dos Tribunais
STF Superior Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
TCIV Turma Ciacutevel
TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul
TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal
TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute
vii
TERMOS EM LATIM
a posteriori apoacutes um fato
bona fides boa-feacute
conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute
est modus in rebus as coisas tem limite
Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema
hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)
in comento comentando
lato sensu em sentido amplo
mens legis espiacuterito da lei
modus vivendi modos de viver
prima facie primeira vista
stricto sensu em sentido estrito
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO IX
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5
21 CONSUMIDOR 7
22 FORNECEDOR 9
23 DOS PRODUTOS 10
24 DOS SERVICcedilOS 11
25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12
26 DOS PRINCIacutePIOS 14
261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15
262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15
263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16
27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21
31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24
32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25
33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28
34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29
35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31
36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35
41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37
42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39
43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41
44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46
441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46
5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49
6 REFEREcircNCIAS 55
ANEXOS 66
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
8
estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
67
Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
68
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
ii
AGRADECIMENTO
Em primeiro lugar agradeccedilo a Deus por ter
me dado esta oportunidade de concluir este
curso
Aos meus familiares Augusta Albertina e
Augusto que tiveram paciecircncia em minha
ausecircncia
Agradeccedilo em especial a minha esposa
Eliana por ter sempre me incentivado e me
apoiado
Agradeccedilo ao Elias por ter me ajudado nesta
conquistas
iii
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho a minha esposa Eliana
em que muito me apoiou nos momentos
mais difiacuteceis
iv
TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE
Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do
Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo
Satildeo Joseacute Junho 2008
Cleomir de Assis dos Santos
Graduando
v
PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO
A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale
do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob
o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do
Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca
examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves
presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi
de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)
Satildeo Joseacute Junho 2008
Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves
Orientador e Presidente da Banca
Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira
Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica
vi
ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS
ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade
BACEN OU BC Banco Centro do Brasil
CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002
CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor
CMN Conselho Monetaacuterio Nacional
CONSIF Conselho do Sistema Financeiro
CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
DES Desembargador
DF Distrito Federal
DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo
FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos
IGP Iacutendice Geral de Preccedilos
LRB Lei de Reforma Bancaacuteria
PROCON Procuradoria do Consumidor
REL Relator
RESP Recurso Especial
RT Revista dos Tribunais
STF Superior Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
TCIV Turma Ciacutevel
TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul
TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal
TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute
vii
TERMOS EM LATIM
a posteriori apoacutes um fato
bona fides boa-feacute
conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute
est modus in rebus as coisas tem limite
Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema
hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)
in comento comentando
lato sensu em sentido amplo
mens legis espiacuterito da lei
modus vivendi modos de viver
prima facie primeira vista
stricto sensu em sentido estrito
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO IX
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5
21 CONSUMIDOR 7
22 FORNECEDOR 9
23 DOS PRODUTOS 10
24 DOS SERVICcedilOS 11
25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12
26 DOS PRINCIacutePIOS 14
261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15
262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15
263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16
27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21
31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24
32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25
33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28
34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29
35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31
36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35
41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37
42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39
43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41
44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46
441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46
5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49
6 REFEREcircNCIAS 55
ANEXOS 66
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
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1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
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de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
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pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
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Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
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2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
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estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
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Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
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estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
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ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
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Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
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Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
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Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
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mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
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serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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56
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
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Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
68
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
69
conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
78
CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
iii
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho a minha esposa Eliana
em que muito me apoiou nos momentos
mais difiacuteceis
iv
TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE
Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do
Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo
Satildeo Joseacute Junho 2008
Cleomir de Assis dos Santos
Graduando
v
PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO
A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale
do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob
o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do
Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca
examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves
presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi
de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)
Satildeo Joseacute Junho 2008
Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves
Orientador e Presidente da Banca
Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira
Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica
vi
ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS
ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade
BACEN OU BC Banco Centro do Brasil
CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002
CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor
CMN Conselho Monetaacuterio Nacional
CONSIF Conselho do Sistema Financeiro
CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
DES Desembargador
DF Distrito Federal
DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo
FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos
IGP Iacutendice Geral de Preccedilos
LRB Lei de Reforma Bancaacuteria
PROCON Procuradoria do Consumidor
REL Relator
RESP Recurso Especial
RT Revista dos Tribunais
STF Superior Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
TCIV Turma Ciacutevel
TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul
TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal
TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute
vii
TERMOS EM LATIM
a posteriori apoacutes um fato
bona fides boa-feacute
conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute
est modus in rebus as coisas tem limite
Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema
hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)
in comento comentando
lato sensu em sentido amplo
mens legis espiacuterito da lei
modus vivendi modos de viver
prima facie primeira vista
stricto sensu em sentido estrito
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO IX
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5
21 CONSUMIDOR 7
22 FORNECEDOR 9
23 DOS PRODUTOS 10
24 DOS SERVICcedilOS 11
25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12
26 DOS PRINCIacutePIOS 14
261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15
262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15
263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16
27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21
31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24
32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25
33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28
34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29
35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31
36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35
41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37
42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39
43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41
44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46
441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46
5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49
6 REFEREcircNCIAS 55
ANEXOS 66
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
8
estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
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Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
68
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
69
conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
70
Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
72
RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
iv
TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE
Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do
Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo
Satildeo Joseacute Junho 2008
Cleomir de Assis dos Santos
Graduando
v
PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO
A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale
do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob
o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do
Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca
examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves
presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi
de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)
Satildeo Joseacute Junho 2008
Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves
Orientador e Presidente da Banca
Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira
Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica
vi
ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS
ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade
BACEN OU BC Banco Centro do Brasil
CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002
CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor
CMN Conselho Monetaacuterio Nacional
CONSIF Conselho do Sistema Financeiro
CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
DES Desembargador
DF Distrito Federal
DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo
FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos
IGP Iacutendice Geral de Preccedilos
LRB Lei de Reforma Bancaacuteria
PROCON Procuradoria do Consumidor
REL Relator
RESP Recurso Especial
RT Revista dos Tribunais
STF Superior Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
TCIV Turma Ciacutevel
TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul
TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal
TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute
vii
TERMOS EM LATIM
a posteriori apoacutes um fato
bona fides boa-feacute
conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute
est modus in rebus as coisas tem limite
Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema
hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)
in comento comentando
lato sensu em sentido amplo
mens legis espiacuterito da lei
modus vivendi modos de viver
prima facie primeira vista
stricto sensu em sentido estrito
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO IX
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5
21 CONSUMIDOR 7
22 FORNECEDOR 9
23 DOS PRODUTOS 10
24 DOS SERVICcedilOS 11
25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12
26 DOS PRINCIacutePIOS 14
261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15
262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15
263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16
27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21
31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24
32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25
33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28
34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29
35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31
36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35
41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37
42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39
43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41
44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46
441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46
5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49
6 REFEREcircNCIAS 55
ANEXOS 66
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
8
estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
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Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
68
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
69
conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
70
Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
72
RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
73
d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
74
Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
75
XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
76
art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
77
de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
78
CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
v
PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO
A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale
do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob
o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do
Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca
examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves
presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi
de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)
Satildeo Joseacute Junho 2008
Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves
Orientador e Presidente da Banca
Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira
Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica
vi
ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS
ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade
BACEN OU BC Banco Centro do Brasil
CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002
CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor
CMN Conselho Monetaacuterio Nacional
CONSIF Conselho do Sistema Financeiro
CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
DES Desembargador
DF Distrito Federal
DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo
FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos
IGP Iacutendice Geral de Preccedilos
LRB Lei de Reforma Bancaacuteria
PROCON Procuradoria do Consumidor
REL Relator
RESP Recurso Especial
RT Revista dos Tribunais
STF Superior Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
TCIV Turma Ciacutevel
TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul
TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal
TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute
vii
TERMOS EM LATIM
a posteriori apoacutes um fato
bona fides boa-feacute
conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute
est modus in rebus as coisas tem limite
Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema
hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)
in comento comentando
lato sensu em sentido amplo
mens legis espiacuterito da lei
modus vivendi modos de viver
prima facie primeira vista
stricto sensu em sentido estrito
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO IX
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5
21 CONSUMIDOR 7
22 FORNECEDOR 9
23 DOS PRODUTOS 10
24 DOS SERVICcedilOS 11
25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12
26 DOS PRINCIacutePIOS 14
261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15
262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15
263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16
27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21
31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24
32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25
33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28
34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29
35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31
36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35
41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37
42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39
43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41
44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46
441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46
5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49
6 REFEREcircNCIAS 55
ANEXOS 66
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
8
estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
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Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
69
conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
70
Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
73
d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
74
Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
75
XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
76
art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
77
de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
78
CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
vi
ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS
ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade
BACEN OU BC Banco Centro do Brasil
CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002
CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor
CMN Conselho Monetaacuterio Nacional
CONSIF Conselho do Sistema Financeiro
CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
DES Desembargador
DF Distrito Federal
DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo
FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos
IGP Iacutendice Geral de Preccedilos
LRB Lei de Reforma Bancaacuteria
PROCON Procuradoria do Consumidor
REL Relator
RESP Recurso Especial
RT Revista dos Tribunais
STF Superior Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
TCIV Turma Ciacutevel
TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul
TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal
TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute
vii
TERMOS EM LATIM
a posteriori apoacutes um fato
bona fides boa-feacute
conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute
est modus in rebus as coisas tem limite
Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema
hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)
in comento comentando
lato sensu em sentido amplo
mens legis espiacuterito da lei
modus vivendi modos de viver
prima facie primeira vista
stricto sensu em sentido estrito
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO IX
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5
21 CONSUMIDOR 7
22 FORNECEDOR 9
23 DOS PRODUTOS 10
24 DOS SERVICcedilOS 11
25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12
26 DOS PRINCIacutePIOS 14
261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15
262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15
263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16
27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21
31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24
32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25
33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28
34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29
35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31
36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35
41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37
42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39
43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41
44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46
441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46
5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49
6 REFEREcircNCIAS 55
ANEXOS 66
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
8
estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004
4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
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Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
75
XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
76
art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
77
de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
78
CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
vii
TERMOS EM LATIM
a posteriori apoacutes um fato
bona fides boa-feacute
conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute
est modus in rebus as coisas tem limite
Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema
hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)
in comento comentando
lato sensu em sentido amplo
mens legis espiacuterito da lei
modus vivendi modos de viver
prima facie primeira vista
stricto sensu em sentido estrito
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO IX
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5
21 CONSUMIDOR 7
22 FORNECEDOR 9
23 DOS PRODUTOS 10
24 DOS SERVICcedilOS 11
25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12
26 DOS PRINCIacutePIOS 14
261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15
262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15
263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16
27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21
31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24
32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25
33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28
34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29
35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31
36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35
41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37
42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39
43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41
44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46
441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46
5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49
6 REFEREcircNCIAS 55
ANEXOS 66
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
8
estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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VASCONCELOS Antonio Herman Benjamin Coacutedigo de defesa do consumidor
comentado pelos autores do anteprojeto 8 ed Rio de Janeiro Forense
Universitaacuteria 2004
VEIGA Luiz Humberto Cavalcante Tarifas bancaacuterias Estudos Legislativos
Cacircmara dos Deputados Disponiacutevel em
lthttpwww2camaragovbrpublicacoesestnottectema122007_6449pdfviewgt
acesso 30 jun 2007
WALD Arnold Direito das obrigaccedilotildees Teoria geral das obrigaccedilotildees e contratos
civis e comerciais 15 ed Satildeo Paulo Malheiros 2001
ZENUN Augusto Comentaacuterios ao Coacutedigo do Consumidor 1 ed elet Forense
Rio de Janeiro 2001
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
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Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
78
CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO IX
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5
21 CONSUMIDOR 7
22 FORNECEDOR 9
23 DOS PRODUTOS 10
24 DOS SERVICcedilOS 11
25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12
26 DOS PRINCIacutePIOS 14
261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15
262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15
263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16
27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21
31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24
32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25
33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28
34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29
35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31
36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35
41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37
42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39
43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41
44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46
441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46
5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49
6 REFEREcircNCIAS 55
ANEXOS 66
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
8
estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
67
Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
ix
RESUMO
Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das
problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem
atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de
serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios
sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente
ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC
agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior
Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave
interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios
Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas
nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees
alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de
relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo
estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou
acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos
etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos
serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e
a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em
que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo
jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis
construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo
contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute
resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos
juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web
Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor
Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
8
estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
67
Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
68
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
69
conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
70
Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
71
seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
72
RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
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1 INTRODUCcedilAtildeO
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive
bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor
na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima
facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem
expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais
e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de
1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do
consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de
1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista
que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade
econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no
artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro
de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas
relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as
partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos
diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores
Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que
consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou
serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que
fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade
de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de
serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as
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de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
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pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
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Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
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2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
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estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
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Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
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estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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SOBRINHO Corauci Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms
1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004
4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
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Rio de Janeiro 2001
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
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Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
77
de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo
2
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes
das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista
Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da
aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou
produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de
Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o
cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido
enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do
art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza
bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta
corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido
pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula
que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo
Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo
aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias
entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em
conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)
natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da
instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados
como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo
uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens
Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos
serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc
mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior
Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296
Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais
Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF
representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de
Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que
seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade
3
pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas
relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e
securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os
contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de
creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira
entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem
ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento
da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda
Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser
imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores
originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm
807890
Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida
quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto
que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave
baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes
observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e
os investidores (depositantes)
Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da
classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a
instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput
do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da
atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro
momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees
de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a
contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e
tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo
os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum
de que se trata de relaccedilatildeo de consumo
4
Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a
remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa
estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo
puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo
Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento
contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide
do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas
pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de
identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num
segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo
insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os
aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas
e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio
Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido
atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica
Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do
consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a
satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo
dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo
aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de
Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001
5
2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA
APLICABILIDADE
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de
equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e
consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na
relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o
grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas
normas esparsas
No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que
ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei
nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o
aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte
prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja
o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um
instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos
consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os
fornecedoresrdquo
No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)
com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa
do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa
A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se
refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII
em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim
fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor
com a previsatildeo legal
A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88
que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa
do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica
Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse
6
estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir
aos anseios da coletividaderdquo
E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees
Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o
Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo
expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
No ensinamento de Coelho (2006 p 94)
ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista
era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de
atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza
mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao
Coacutedigo civil de 1916rdquo
Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se
aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua
concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja
vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado
A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o
poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das
grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de
assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo
disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos
prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores
Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do
Direito do Consumidor entende que
ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo
eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos
direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor
de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de
bens e serviccedilos satildeo iguais para todos
7
Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo
puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um
fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja
diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade
ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila
de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de
opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de
natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de
conhecimento cientificordquo
Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo
geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu
objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em
determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou
em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de
relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o
fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de
duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que
dita as regras
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e
serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo
Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute
de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor
21 Consumidor
Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo
nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor
trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele
que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado
bem
Gama (2001 p 9) infere que
ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um
alargamento do conceito de consumidor desde que toda a
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estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de
ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves
praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos
acidentes de consumo
Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer
pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e
serviccedilos no mercado de consumo
Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo
veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute
fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do
produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas
estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que
algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar
sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta
sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo
Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas
palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de
consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor
ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo
de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo
consumerista
Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser
ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda
e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa
fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por
equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas
p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem
entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja
individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando
que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada
consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz
Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)
b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo
adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos
9
ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo
qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo
desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)
c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado
individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o
repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo
legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o
objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou
industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no
consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou
serviccedilos adquirido sem revendardquo
Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente
aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos
contratados por aquele
Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata
consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor
como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo
quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens
Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo
pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35
22 Fornecedor
Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das
pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da
relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica
de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou
despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado
Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade
mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos
Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas
capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade
10
Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento
ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de
o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final
Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de
que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou
fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo
fornecedores
No entendimento de Almeida (2003 p 40)
ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de
fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou
privada nacional ou estrangeira bem como os entes
despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo
montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo
exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou
prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo
23 Dos Produtos
Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo
fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter
finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma
necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer
bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante
ou civil de forma habitual
Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato
sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua
convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido
econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda
via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo
consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor
11
Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer
limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees
de consumo
Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do
artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo
Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo
Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004
p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem
provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada
Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o
legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou
imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo
errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC
Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que
ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel
imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel
de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo
espanca qualquer duacutevidardquo
24 Dos Serviccedilos
Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do
artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao
mercado de consumo onerosa ou natildeo
Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da
atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de
sua prestaccedilatildeo
12
Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma
prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto
singular
Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma
prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo
gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal
Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que
em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros
produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou
indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas
protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo
estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o
aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de
cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo
prestado
Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que
ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as
de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as
decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que
seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter
remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas
graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos
natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre
embutido um interesse negocialrdquo
25 Da Relaccedilatildeo de Consumo
Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)
argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato
sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma
codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua
hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do
consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do
13
mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o
conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou
faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento
juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est
modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo
Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o
nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto
disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados
Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute
em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um
serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo
Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem
sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs
elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam
presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou
ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC
Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de
consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do
consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou
aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo
Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de
consumo acrescenta que
ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se
encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente
caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos
poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC
art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)
Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento
de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o
adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo
juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou
14
serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma
relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do
consumidorrdquo
26 Dos Princiacutepios
Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p
17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina
o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses
econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a
harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos
abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo
No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o
tema afirma que
ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas
condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer
ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir
um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do
Direito do Consumidor
A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos
seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja
miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem
interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que
importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser
ferida no mercadordquo
Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs
categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva
e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual
De grande valia estes princiacutepios servem de base de
sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre
as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute
15
pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade
fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir
261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva
Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute
fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo
de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a
confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo
Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes
satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua
execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC
equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da
vida cosmopolitana
A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a
honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto
ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute
conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos
O senso comum nos remete ao passado quando as
relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na
confianccedila muacutetua
262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor
Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz
do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser
atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a
vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de
ldquopoderrdquo superior
O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor
considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo
16
possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos
Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela
figura juriacutedica da hipossuficiecircncia
Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no
art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia
Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi
promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos
haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais do individuo
Ensina Do Val (1994 p 78) que
No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele
sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que
os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle
do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para
quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de
lucrordquo
263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois
momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no
artigo 6 inc V
Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e
da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia
harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio
regrado pelo ordenamento juriacutedico
Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual
argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o
atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a
igualdade juriacutedicardquo
17
Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao
instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais
favoraacutevel ao consumidorrdquo
Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda
a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a
criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada
A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em
uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise
do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila
obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes
Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes
princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute
respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo
fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que
protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido
como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa
tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional
Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas
relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela
transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo
no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas
27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)
Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a
instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no
conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele
desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de
serviccedilo
18
Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal
produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas
atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem
tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de
computador entre outros a seus cientes
No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que
em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave
disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal
empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias
No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades
desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus
clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens
inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o
paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute
amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria
financeira de creacutedito e securitaacuteria
Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo
na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas
instituiccedilotildees bancaacuterias
Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o
modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as
instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e
primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das
relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e
serviccedilos bancaacuterios
Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que
ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees
de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples
troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de
19
uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas
de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de
cofres individuaisrdquo
O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees
Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do
ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990
intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees
2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas
pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil
Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as
relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees
bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio
No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)
observa que
ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do
Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que
somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em
sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o
cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor
Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente
natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()
Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo
poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que
tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de
consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco
Central e caterva assim queremrdquo
Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que
ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento
para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os
caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no
funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos
interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC
essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar
digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio
estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou
20
algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC
uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de
sustaccedilatildeo de chequesrdquo
Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no
proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo
atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees
21
3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS
A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por
particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por
normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de
consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil
brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos
Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de
contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a
compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a
empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a
representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo
os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros
Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma
sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a
realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos
um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade
dos mesmos
Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os
contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas
vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir
obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes
No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que
ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento
insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser
vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees
Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de
interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito
ativo e o outro o sujeito passivordquo
22
Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o
contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita
no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto
liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato
bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso
que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e
concessatildeo) como principais
No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios
infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo
econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou
seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas
economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns
satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o
contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o
empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de
adesatildeo por excelecircncia
Conforme aduz Covello (2001 p 38)
ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na
praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de
conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias
As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a
intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como
vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros
Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e
provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em
ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna
devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego
desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna
credor do cliente)
Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes
os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os
23
empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os
descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc
As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo
implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)
possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam
com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras
prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila
cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo
Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal
contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo
com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais
usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e
serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que
teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso
o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma
dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas
de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes
publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos
Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de
juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes
comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e
formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e
clientes
Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p
19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa
fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda
operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a
promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo
Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo
negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades
proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do
serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final
24
Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que
ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de
prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou
natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor
Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo
financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato
bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo
Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques
(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua
grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu
dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do
CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo
contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas
normas do Coacutedigo consumerista
31 Da Atividade Bancaacuteria
Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da
dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente
as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel
em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe
social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos
bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de
benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida
da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo
legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como
operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo
Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc
artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do
Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos
Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos
Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e
25
Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e
Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito
Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e
a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional
entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de
Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de
Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees
Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo
de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos
Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com
relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia
Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio
Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade
bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos
financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o
contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma
instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de
instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas
destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito
32 Do Contrato de Adesatildeo
No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato
de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro
de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos
essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais
fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo
preacutevia do que estaacute pactuado
Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma
evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e
jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes
onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade
26
de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e
por isso acaba aderindo
No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao
contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas
estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual
imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento
manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica
Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)
ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em
que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes
de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar
natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de
introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo
adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone
transporte coletivordquo
Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo
fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o
artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo
ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo
obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade
de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo
Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que
devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em
que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou
se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-
lo
O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua
o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que
27
onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor
compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do
contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua
existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da
obrigaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de
pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido
artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer
claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao
contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja
incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do
Consumidor eacute consideradas abusiva
Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)
ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das
operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos
uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente
estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente
Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de
proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato
de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas
Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se
voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios
padronizadosrdquo
Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o
contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo
fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo
mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o
conteuacutedo transcrito no contrato
Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade
negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua
vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira
geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de
28
maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas
e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo
Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta
forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees
cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a
forma impositiva do instrumento formal contratual
Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)
ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por
adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada
ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha
necessariamente a qualidade de banqueirordquo
33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias
Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN
(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante
remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas
contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos
conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente
utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo
estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote
posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente
identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente
Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas
bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que
ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao
cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a
taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute
para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida
em leirdquo
29
Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que
ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas
esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais
particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo
consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo
Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou
permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de
transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo
Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes
ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm
2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm
35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar
tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja
previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis
das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas
tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas
com antecedecircncia
34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio
Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de
normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor
e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo
O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da
Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta
relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor
Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de
consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no
mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -
fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O
produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de
tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem
30
poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao
nome creacutedito e outros
No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)
as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos
contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor
destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo
amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas
novas relaccedilotildees de consumo
Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior
(1999)
ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de
consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo
amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os
tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela
habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de
serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida
pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo
de consumo pois a atividade subordinada com vinculo
empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo
Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se
estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e
usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas
relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do
coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo
haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos
bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo
Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)
infere que
ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de
surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de
serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de
fornecedor um determinado banco comercial e de outro na
31
qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que
contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente
que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de
consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute
clara segundo o texto da leirdquo
35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio
Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender
sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes
quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas
Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo
uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual
de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos
com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com
os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes
Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que
ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais
criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos
moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso
dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da
destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a
ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute
analisada caso a casordquo
O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em
seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas
nele previstas
Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar
duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou
contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia
que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do
arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave
32
viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples
exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um
consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo
Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito
previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de
aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo
destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito
de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao
Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual
Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como
os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para
mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de
seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final
Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo
teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer
o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar
em destinataacuterio final o consumidoradquirente
Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que
o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio
final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional
decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um
acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica
especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees
naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa
Nas palavras da Marques (2002 p 452)
ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto
que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo
de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a
vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata
com o fornecedorrdquo
33
36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007
editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta
Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008
Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil
determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees
padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores
cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees
Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu
correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web
Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a
criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos
essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos
que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento
de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no
caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo
a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo
banco Conforme tabela em anexo
Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram
divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo
Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos
serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do
sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro
dos limites quantitativos ali especificados
Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave
Circular 3371 do Bacen
Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles
tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito
rural creacutedito imobiliaacuterio etc
34
Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser
cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio
suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por
exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc
No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no
que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes
serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo
Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute
informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior
cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A
rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os
serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente
Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as
majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a
qualquer tempo
Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas
tomados pelo Governo Federal
ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a
justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo
da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo
prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das
instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos
continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem
entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a
regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre
os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os
consumidoresrdquo
Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja
contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas
bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia
da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI
259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito
35
4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS
Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao
escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e
defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII
o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez
dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo
de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos
fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do
consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o
objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal
necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior
O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras
aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel
por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo
mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio
econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco
Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a
proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as
desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do
fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo
concreta
Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma
poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa
pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees
organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo
Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto
consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim
sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a
relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato
deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela
36
No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que
ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto
aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em
exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado
como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer
dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente
disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual
Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual
seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado
na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas
constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena
coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem
econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de
seu fim ()rdquo
Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para
assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a
proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente
restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades
econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia
No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)
afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo
em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra
para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional
Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a
produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a
um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma
atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio
dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito
agrave dignidade humana
Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)
ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina
que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que
37
passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais
para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a
garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido
muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo
Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)
o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar
como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe
a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que
regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas
expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos
amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como
autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do
consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais
aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e
regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes
das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute
principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a
serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de
serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral
Nos ensinamentos de Oliveira (2005)
ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros
do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas
deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e
econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros
Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas
fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se
declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um
quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer
tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo
41 Uma Anaacutelise da ADI 2591
Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade
ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era
resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por
38
falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e
serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC
Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema
no sentido de que
O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo
errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem
inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e
recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia
se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo
Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988
e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei
geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O
Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm
onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute
posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de
aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e
comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)
mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a
consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo
No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em
que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial
106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que
estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC
aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de
poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de
talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros
serviccedilos afins
O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua
jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para
todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado
de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo
sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente
Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o
recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira
39
estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta
Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula
penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de
serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo
segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa
do Consumidorrdquo(grifo nosso)
No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-
DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde
editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas
relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo
Neste sentido ensina Rego (2002) que
ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras
agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que
romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido
na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a
concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as
finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional
Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para
que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente
mais igualitaacuteriardquo
Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude
da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou
determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo
financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890
42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central
1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002
RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ
2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998
RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)
40
Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o
marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do
Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila
das Tarifas Bancaacuterias
Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)
Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de
depoacutesitos agrave vista
Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)
Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de
250796
Carta-Circular 2715 (15011997)
Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC
ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197
Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)
Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a
tarifas de serviccedilos e ao cheque
Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)
Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e
movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de
poupanccedila
41
RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)
Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees
financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao
puacuteblico em geral
RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das
instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil
Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)
no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999
3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005
4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees
financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos
de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma
individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos
debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo
enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil
43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias
Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a
economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o
acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia
Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse
ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema
financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras
aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel
42
pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar
a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional
No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-
se que
ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas
de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros
junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a
taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam
recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das
operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave
atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar
uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo
Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o
plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos
com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas
aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como
pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito
Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)
ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume
de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de
80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os
tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir
esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios
livremente negociados entre as partes de acordo com as normas
legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam
sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos
difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na
Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila
popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela
sociedaderdquo
De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das
receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das
despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As
receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas
43
operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados
evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da
transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em
periacuteodos inflacionaacuterios
Nos dizeres de Oliveira (2005)
ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem
grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura
econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento
Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre
Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia
ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de
algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute
superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma
pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos
brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios
incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$
192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134
do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos
Para Veiga (2007 p 22)
ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias
(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos
de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita
deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -
Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e
dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro
de 1996 (jan2006 = 100)
Podemos observar que houve um crescimento real de mais de
130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo
de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a
janeiro daquele ano
A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo
corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para
mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo
44
Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo
da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando
iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees
bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois
descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa
e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30
dias de antecedecircnciardquo
Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo
287801
ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante
remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico
uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de
serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas
debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas
no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos
podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um
conjunto de serviccedilosrdquo
Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a
estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da
queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um
eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um
lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de
outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico
gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em
forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica
no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$
17554
Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo
necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados
Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor
[]
45
III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade
caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre
os riscos que apresentem
Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo
em seu inciso I
Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva
outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor
o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e
adequadamente sobre
I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional
De Lucca (2000 p 90) aduz que
ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto
cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando
de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja
ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons
de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo
Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas
deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara
adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia
paacutetria prescreve
()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de
tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas
instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde
que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm
459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel
Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)
()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista
satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes
durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-
2004)
46
()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute
possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes
aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio
acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel
Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)
() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo
pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n
2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)
ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era
disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual
preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas
de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde
que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo
28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o
relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o
puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas
contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na
recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo
do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos
prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC
19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU
09112006 ndash p 152)
44 Da busca da Tutela Jurisdicional
441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo
A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca
das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a
buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos
Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo
sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas
dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do
Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para
impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas
47
Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo
antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao
patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila
da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que
justifique a cobranccedilardquo
Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo
atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais
determina que
ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada
essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo
de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que
possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de
amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao
prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da
vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)
A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a
proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma
Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo
antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros
Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a
ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que
Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos
de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece
criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses
contratos
ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente
proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir
da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e
com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade
desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o
direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar
antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples
Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
48
pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de
Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor
sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou
revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)
A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da
Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com
recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do
creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas
especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros
contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas
associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de
arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela
instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo
discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou
daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da
liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria
flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm
caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e
franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades
A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma
paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda
caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a
regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute
momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale
a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do
Consumidorrdquo
Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao
consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute
relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio
porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a
responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre
o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como
obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou
a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os
artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista
49
5 CONCLUSOtildeES FINAIS
As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as
relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado
reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade
contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de
per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo
absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira
independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a
economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico
Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual
depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos
satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas
Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico
que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes
que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute
portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades
Restrito mas existente
Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um
corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime
anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de
consumo
Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em
1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela
competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de
setembro de 1990
Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo
para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros
um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando
expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e
50
regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em
prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das
relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o
produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as
pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos
As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as
chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees
descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe
como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados
convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito
analogia costumes equidade
Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das
distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face
dos complexos empresariais
O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio
contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo
social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as
relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de
interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que
o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo
Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um
direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam
prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes
que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato
superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do
consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual
independente de fato superveniente e imprevisiacutevel
Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a
identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo
51
de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo
Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas
satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios
claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a
da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma
geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo
contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que
se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi
modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos
de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis
Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila
crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um
modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles
a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato
b) princiacutepio da boa-feacute objetiva
c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato
Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios
liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber
O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual
em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher
o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)
O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade
gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo
direito) e
O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato
(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu
conteuacutedo
52
No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo
referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser
agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios
a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar
os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do
art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social
b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-
feacute
c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses
equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material
Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos
como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as
tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios
Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios
quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes
ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de
extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc
Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais
conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor
bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus
serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem
continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese
(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de
1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e
serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os
lucros outrora atingidos
O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao
consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se
53
na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito
maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal
vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as
instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central
do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada
pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de
tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais
instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida
Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse
quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os
diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo
basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas
Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm
que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos
disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para
depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas
tarifas de extrato de contas e assim por diante
No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos
marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a
praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem
pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da
economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude
burocraacutetica e espoliativa
O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno
desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa
bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de
um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera
administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a
sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras
54
Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo
35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a
aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos
55
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ANEXOS
Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos
de tarifas
Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo
Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo
ou outros motivos natildeo causados pelo banco
Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do
emitente do cheque
Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste
caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento
Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de
pagamentos
Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de
consoacutercio
Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen
Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica
Conta de depoacutesitos de Conta-corrente
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao
Banco
- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs
- Compensaccedilatildeo de cheque
- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-
atendimento
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Conta de depoacutesitos de poupanccedila
- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo
- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos
natildeo imputaacuteveis ao Banco
- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento
- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs
- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade
- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet
- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)
Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen
67
Tarifas maacuteximas20
de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados
do Paiacutes em ativos
Instituiccedilatildeo 300920021 27062004
2 I 23052006
3 08052007
4
Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro
Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500
Itau 1500 x 1500 1500 6 1500
Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950
Banespa
ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000
ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000
Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000
Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x
Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500
Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos
privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em
contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados
Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco
Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais
e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002
Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e
Safra
20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas
maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra
de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees
68
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)
Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias
Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO
Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT
I ndash RELATOacuteRIO
O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo
O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei
Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas
Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra
O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti
Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam
- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs
- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por
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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos
Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado
O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir
Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo
O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado
O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF
Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005
apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)
Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos
II - VOTO DO RELATOR
O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade
Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos
Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional
Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor
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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias
Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares
Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de
Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado LUIZ BITTENCOURT
Relator
COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999
(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113
de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
O Congresso Nacional decreta
Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute
I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas
III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura
IV ndash forma e prazo de pagamento
sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos
bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a
autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular
Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de
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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias
Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III
Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo
Sala da Comissatildeo em de de 2007
Deputado Luiz Bittencourt
Relator
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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518
DE 06122007
DOU 10122007
Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente
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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses
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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas
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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do
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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir
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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco
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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 10122007
Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado
na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo