a cobrança de encargos pela prestação de serviços bancários à...

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO VII SÃO JOSÉ CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO SETOR DE MONOGRAFIA A COBRANÇA DE ENCARGOS PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS BANCÁRIOS À LUZ DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR CLEOMIR ASSIS DOS SANTOS São José, Junho 2008

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Page 1: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAIacute ndash UNIVALI CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO VII ndash SAtildeO JOSEacute CURSO DE GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO SETOR DE MONOGRAFIA

A COBRANCcedilA DE ENCARGOS PELA PRESTACcedilAtildeO DE SERVICcedilOS BANCAacuteRIOS Agrave LUZ DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

CLEOMIR ASSIS DOS SANTOS

Satildeo Joseacute Junho 2008

i

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAIacute ndash UNIVALI CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO VII ndash SAtildeO JOSEacute CURSO DE GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO SETOR DE MONOGRAFIA

A COBRANCcedilA DE ENCARGOS PELA PRESTACcedilAtildeO DE SERVICcedilOS BANCAacuteRIOS Agrave LUZ DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

CLEOMIR ASSIS DOS SANTOS

Monografia submetida agrave Universidade

do Vale do Itajaiacute ndash UNIVALI como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de

Bacharel em Direito

Orientador Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves

Satildeo Joseacute Junho 2008

ii

AGRADECIMENTO

Em primeiro lugar agradeccedilo a Deus por ter

me dado esta oportunidade de concluir este

curso

Aos meus familiares Augusta Albertina e

Augusto que tiveram paciecircncia em minha

ausecircncia

Agradeccedilo em especial a minha esposa

Eliana por ter sempre me incentivado e me

apoiado

Agradeccedilo ao Elias por ter me ajudado nesta

conquistas

iii

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho a minha esposa Eliana

em que muito me apoiou nos momentos

mais difiacuteceis

iv

TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE

Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do

Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo

Satildeo Joseacute Junho 2008

Cleomir de Assis dos Santos

Graduando

v

PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO

A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob

o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do

Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca

examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves

presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi

de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)

Satildeo Joseacute Junho 2008

Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves

Orientador e Presidente da Banca

Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira

Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica

vi

ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS

ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade

BACEN OU BC Banco Centro do Brasil

CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002

CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor

CMN Conselho Monetaacuterio Nacional

CONSIF Conselho do Sistema Financeiro

CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

DES Desembargador

DF Distrito Federal

DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo

FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos

IGP Iacutendice Geral de Preccedilos

LRB Lei de Reforma Bancaacuteria

PROCON Procuradoria do Consumidor

REL Relator

RESP Recurso Especial

RT Revista dos Tribunais

STF Superior Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

TCIV Turma Ciacutevel

TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul

TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal

TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute

vii

TERMOS EM LATIM

a posteriori apoacutes um fato

bona fides boa-feacute

conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute

est modus in rebus as coisas tem limite

Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema

hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)

in comento comentando

lato sensu em sentido amplo

mens legis espiacuterito da lei

modus vivendi modos de viver

prima facie primeira vista

stricto sensu em sentido estrito

viii

SUMAacuteRIO

RESUMO IX

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5

21 CONSUMIDOR 7

22 FORNECEDOR 9

23 DOS PRODUTOS 10

24 DOS SERVICcedilOS 11

25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12

26 DOS PRINCIacutePIOS 14

261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15

262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15

263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16

27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21

31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24

32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25

33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28

34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29

35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31

36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35

41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37

42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39

43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41

44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46

441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46

5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49

6 REFEREcircNCIAS 55

ANEXOS 66

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

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66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

67

Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

68

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

69

conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

70

Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

74

Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

76

art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

77

de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

78

CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 2: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

i

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAIacute ndash UNIVALI CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO VII ndash SAtildeO JOSEacute CURSO DE GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO SETOR DE MONOGRAFIA

A COBRANCcedilA DE ENCARGOS PELA PRESTACcedilAtildeO DE SERVICcedilOS BANCAacuteRIOS Agrave LUZ DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

CLEOMIR ASSIS DOS SANTOS

Monografia submetida agrave Universidade

do Vale do Itajaiacute ndash UNIVALI como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de

Bacharel em Direito

Orientador Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves

Satildeo Joseacute Junho 2008

ii

AGRADECIMENTO

Em primeiro lugar agradeccedilo a Deus por ter

me dado esta oportunidade de concluir este

curso

Aos meus familiares Augusta Albertina e

Augusto que tiveram paciecircncia em minha

ausecircncia

Agradeccedilo em especial a minha esposa

Eliana por ter sempre me incentivado e me

apoiado

Agradeccedilo ao Elias por ter me ajudado nesta

conquistas

iii

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho a minha esposa Eliana

em que muito me apoiou nos momentos

mais difiacuteceis

iv

TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE

Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do

Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo

Satildeo Joseacute Junho 2008

Cleomir de Assis dos Santos

Graduando

v

PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO

A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob

o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do

Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca

examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves

presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi

de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)

Satildeo Joseacute Junho 2008

Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves

Orientador e Presidente da Banca

Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira

Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica

vi

ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS

ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade

BACEN OU BC Banco Centro do Brasil

CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002

CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor

CMN Conselho Monetaacuterio Nacional

CONSIF Conselho do Sistema Financeiro

CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

DES Desembargador

DF Distrito Federal

DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo

FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos

IGP Iacutendice Geral de Preccedilos

LRB Lei de Reforma Bancaacuteria

PROCON Procuradoria do Consumidor

REL Relator

RESP Recurso Especial

RT Revista dos Tribunais

STF Superior Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

TCIV Turma Ciacutevel

TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul

TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal

TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute

vii

TERMOS EM LATIM

a posteriori apoacutes um fato

bona fides boa-feacute

conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute

est modus in rebus as coisas tem limite

Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema

hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)

in comento comentando

lato sensu em sentido amplo

mens legis espiacuterito da lei

modus vivendi modos de viver

prima facie primeira vista

stricto sensu em sentido estrito

viii

SUMAacuteRIO

RESUMO IX

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5

21 CONSUMIDOR 7

22 FORNECEDOR 9

23 DOS PRODUTOS 10

24 DOS SERVICcedilOS 11

25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12

26 DOS PRINCIacutePIOS 14

261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15

262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15

263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16

27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21

31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24

32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25

33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28

34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29

35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31

36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35

41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37

42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39

43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41

44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46

441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46

5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49

6 REFEREcircNCIAS 55

ANEXOS 66

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

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66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

67

Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

76

art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

77

de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 3: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

ii

AGRADECIMENTO

Em primeiro lugar agradeccedilo a Deus por ter

me dado esta oportunidade de concluir este

curso

Aos meus familiares Augusta Albertina e

Augusto que tiveram paciecircncia em minha

ausecircncia

Agradeccedilo em especial a minha esposa

Eliana por ter sempre me incentivado e me

apoiado

Agradeccedilo ao Elias por ter me ajudado nesta

conquistas

iii

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho a minha esposa Eliana

em que muito me apoiou nos momentos

mais difiacuteceis

iv

TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE

Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do

Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo

Satildeo Joseacute Junho 2008

Cleomir de Assis dos Santos

Graduando

v

PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO

A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob

o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do

Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca

examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves

presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi

de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)

Satildeo Joseacute Junho 2008

Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves

Orientador e Presidente da Banca

Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira

Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica

vi

ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS

ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade

BACEN OU BC Banco Centro do Brasil

CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002

CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor

CMN Conselho Monetaacuterio Nacional

CONSIF Conselho do Sistema Financeiro

CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

DES Desembargador

DF Distrito Federal

DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo

FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos

IGP Iacutendice Geral de Preccedilos

LRB Lei de Reforma Bancaacuteria

PROCON Procuradoria do Consumidor

REL Relator

RESP Recurso Especial

RT Revista dos Tribunais

STF Superior Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

TCIV Turma Ciacutevel

TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul

TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal

TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute

vii

TERMOS EM LATIM

a posteriori apoacutes um fato

bona fides boa-feacute

conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute

est modus in rebus as coisas tem limite

Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema

hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)

in comento comentando

lato sensu em sentido amplo

mens legis espiacuterito da lei

modus vivendi modos de viver

prima facie primeira vista

stricto sensu em sentido estrito

viii

SUMAacuteRIO

RESUMO IX

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5

21 CONSUMIDOR 7

22 FORNECEDOR 9

23 DOS PRODUTOS 10

24 DOS SERVICcedilOS 11

25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12

26 DOS PRINCIacutePIOS 14

261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15

262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15

263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16

27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21

31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24

32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25

33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28

34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29

35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31

36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35

41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37

42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39

43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41

44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46

441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46

5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49

6 REFEREcircNCIAS 55

ANEXOS 66

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

6 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Joatildeo Batista Manual de Direito do Consumidor Satildeo Paulo Saraiva

2003

APPEL Renata Consumidores devem ficar atentos agraves tarifas 28042006 -

Correio da Bahia diponivel em httpwwwconsumidor-

rscombrindexphpp=cont_intampp1=boletimamptxt_codigo=8314 acesso 07 mai

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ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

67

Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

68

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

69

conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

76

art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

77

de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

78

CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 4: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

iii

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho a minha esposa Eliana

em que muito me apoiou nos momentos

mais difiacuteceis

iv

TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE

Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do

Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo

Satildeo Joseacute Junho 2008

Cleomir de Assis dos Santos

Graduando

v

PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO

A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob

o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do

Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca

examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves

presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi

de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)

Satildeo Joseacute Junho 2008

Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves

Orientador e Presidente da Banca

Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira

Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica

vi

ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS

ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade

BACEN OU BC Banco Centro do Brasil

CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002

CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor

CMN Conselho Monetaacuterio Nacional

CONSIF Conselho do Sistema Financeiro

CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

DES Desembargador

DF Distrito Federal

DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo

FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos

IGP Iacutendice Geral de Preccedilos

LRB Lei de Reforma Bancaacuteria

PROCON Procuradoria do Consumidor

REL Relator

RESP Recurso Especial

RT Revista dos Tribunais

STF Superior Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

TCIV Turma Ciacutevel

TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul

TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal

TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute

vii

TERMOS EM LATIM

a posteriori apoacutes um fato

bona fides boa-feacute

conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute

est modus in rebus as coisas tem limite

Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema

hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)

in comento comentando

lato sensu em sentido amplo

mens legis espiacuterito da lei

modus vivendi modos de viver

prima facie primeira vista

stricto sensu em sentido estrito

viii

SUMAacuteRIO

RESUMO IX

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5

21 CONSUMIDOR 7

22 FORNECEDOR 9

23 DOS PRODUTOS 10

24 DOS SERVICcedilOS 11

25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12

26 DOS PRINCIacutePIOS 14

261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15

262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15

263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16

27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21

31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24

32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25

33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28

34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29

35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31

36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35

41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37

42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39

43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41

44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46

441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46

5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49

6 REFEREcircNCIAS 55

ANEXOS 66

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

6 REFEREcircNCIAS

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2003

APPEL Renata Consumidores devem ficar atentos agraves tarifas 28042006 -

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rscombrindexphpp=cont_intampp1=boletimamptxt_codigo=8314 acesso 07 mai

2008

FERREIRA Aurelio Buarque de Hollanda Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 11

ed Rio de Janeiro Editora Civilizaccedilatildeo Brasileira SA 1987

BARROS Adolfo O Papel do Banco Central do Brasil na Defesa do

Consumidor 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwsinalorgbrdownloadmonografiasprimeirodocgt Acesso 20 dez

2007

BOBBIO Norberto Teoria do Ordenamento Juriacutedico Rio de Janeiro Campus

2000

BONATTO Claudio Moraes Paulo Valeacuterio Dal Pai Questotildees controvertidas no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor Porto Alegre Livraria do advogado 1998

BRASIL ADI 2591DF Rel Min Nelson Jobin Disponiacutevel em

httpwwwstfgovbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasp Acesso 12 jan

2008

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Disponiacutevel em lthttpwwwbcbgovbrprebc_atendeportservicos5asp3gt

Acesso 27 mar 2007

56

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httplinkmoneyinfoquais-sao-os-valores-pagos-para-excluir-meu-nome-do-ccf

acesso 19 jun 2008

BRASIL BANCO CENTRAL Serviccedilos Bancaacuterios e Tarifas Bancaacuterias

Disponiacutevel em

lthttpwwwbcbgovbrprebc_atendeportservicos5aspidpai=faqcidadao1gt

Acesso 27 mar 2007

BRASIL FEBRABAN Manual de Serviccedilos Bancaacuterios 01 ed 2002 Disponiacutevel

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BRASIL FEBRABAN Manual de Serviccedilos Bancaacuterios 02 ed 2004 Disponiacutevel

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BRASIL FEBRABAN Cartilha Febraban 03 ed 2005 Disponiacutevel em

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BRASIL FEBRABAN Reduzir juros e ampliar creacutedito depende

de uma legislaccedilatildeo segura e estaacutevel Disponiacutevel em

httpwwwfebrabanorgbrArquivoServicosDicasclientesdicas12asp Acesso

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2008

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httpwww5bcbgovbrpg1FrameaspidPai=NORMABUSCAampurlPg=ixpresscorr

57

eiocorreioDETALHAMENTOCORREIODMLN=101142195ampC=2878ampASS=RE

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66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

67

Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

68

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

69

conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

70

Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

71

seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

72

RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

78

CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 5: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

iv

TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE

Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideoloacutegico conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do

Vale do Itajaiacute a coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo

Satildeo Joseacute Junho 2008

Cleomir de Assis dos Santos

Graduando

v

PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO

A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob

o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do

Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca

examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves

presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi

de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)

Satildeo Joseacute Junho 2008

Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves

Orientador e Presidente da Banca

Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira

Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica

vi

ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS

ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade

BACEN OU BC Banco Centro do Brasil

CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002

CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor

CMN Conselho Monetaacuterio Nacional

CONSIF Conselho do Sistema Financeiro

CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

DES Desembargador

DF Distrito Federal

DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo

FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos

IGP Iacutendice Geral de Preccedilos

LRB Lei de Reforma Bancaacuteria

PROCON Procuradoria do Consumidor

REL Relator

RESP Recurso Especial

RT Revista dos Tribunais

STF Superior Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

TCIV Turma Ciacutevel

TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul

TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal

TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute

vii

TERMOS EM LATIM

a posteriori apoacutes um fato

bona fides boa-feacute

conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute

est modus in rebus as coisas tem limite

Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema

hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)

in comento comentando

lato sensu em sentido amplo

mens legis espiacuterito da lei

modus vivendi modos de viver

prima facie primeira vista

stricto sensu em sentido estrito

viii

SUMAacuteRIO

RESUMO IX

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5

21 CONSUMIDOR 7

22 FORNECEDOR 9

23 DOS PRODUTOS 10

24 DOS SERVICcedilOS 11

25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12

26 DOS PRINCIacutePIOS 14

261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15

262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15

263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16

27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21

31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24

32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25

33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28

34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29

35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31

36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35

41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37

42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39

43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41

44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46

441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46

5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49

6 REFEREcircNCIAS 55

ANEXOS 66

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

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66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

67

Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

68

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

69

conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

70

Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

71

seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

72

RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

73

d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

74

Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

75

XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

76

art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

77

de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

78

CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 6: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

v

PAacuteGINA DE APROVACcedilAtildeO

A presente monografia de conclusatildeo do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaiacute ndash UNIVALI elaborada pelo graduando Cleomir de Assis dos santos sob

o tiacutetulo Cobranccedila de Encargos Pela Prestaccedilatildeo de Serviccedilos Bancaacuterios agrave Luz do

Coacutedigo de Defesa do Consumidor foi submetida em 16062008 agrave banca

examinadora composta pelos seguintes professores Carlos Alberto Gonccedilalves

presidente da banca Rosacircngela Barretos Laus membro da banca e Renato Heusi

de Almeida membro da banca e aprovada com a nota 74 (sete quatro)

Satildeo Joseacute Junho 2008

Professor Esp Carlos Alberto Gonccedilalves

Orientador e Presidente da Banca

Professor MSc Elisabete Wayne Nogueira

Responsaacutevel pelo Nuacutecleo de Praacutetica Juriacutedica

vi

ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS

ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade

BACEN OU BC Banco Centro do Brasil

CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002

CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor

CMN Conselho Monetaacuterio Nacional

CONSIF Conselho do Sistema Financeiro

CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

DES Desembargador

DF Distrito Federal

DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo

FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos

IGP Iacutendice Geral de Preccedilos

LRB Lei de Reforma Bancaacuteria

PROCON Procuradoria do Consumidor

REL Relator

RESP Recurso Especial

RT Revista dos Tribunais

STF Superior Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

TCIV Turma Ciacutevel

TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul

TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal

TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute

vii

TERMOS EM LATIM

a posteriori apoacutes um fato

bona fides boa-feacute

conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute

est modus in rebus as coisas tem limite

Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema

hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)

in comento comentando

lato sensu em sentido amplo

mens legis espiacuterito da lei

modus vivendi modos de viver

prima facie primeira vista

stricto sensu em sentido estrito

viii

SUMAacuteRIO

RESUMO IX

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5

21 CONSUMIDOR 7

22 FORNECEDOR 9

23 DOS PRODUTOS 10

24 DOS SERVICcedilOS 11

25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12

26 DOS PRINCIacutePIOS 14

261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15

262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15

263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16

27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21

31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24

32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25

33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28

34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29

35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31

36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35

41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37

42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39

43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41

44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46

441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46

5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49

6 REFEREcircNCIAS 55

ANEXOS 66

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

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66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

67

Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

68

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

69

conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

70

Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

71

seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

72

RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

73

d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

74

Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

75

XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

76

art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

77

de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

78

CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 7: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

vi

ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS

ADI Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade

BACEN OU BC Banco Centro do Brasil

CC2002 ou NCC Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002

CDC Coacutedigo de Defesa do Consumidor

CMN Conselho Monetaacuterio Nacional

CONSIF Conselho do Sistema Financeiro

CRFB Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

DES Desembargador

DF Distrito Federal

DJU Diaacuterio de Justiccedila da Uniatildeo

FEBRABAN Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos

IGP Iacutendice Geral de Preccedilos

LRB Lei de Reforma Bancaacuteria

PROCON Procuradoria do Consumidor

REL Relator

RESP Recurso Especial

RT Revista dos Tribunais

STF Superior Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

TCIV Turma Ciacutevel

TARS Extinto Tribunal de Alccedilada do Rio Grande do Sul

TJDF Tribunal de Justiccedila do Distrito Federal

TJPR Tribunal de Justiccedila do Paranaacute

vii

TERMOS EM LATIM

a posteriori apoacutes um fato

bona fides boa-feacute

conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute

est modus in rebus as coisas tem limite

Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema

hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)

in comento comentando

lato sensu em sentido amplo

mens legis espiacuterito da lei

modus vivendi modos de viver

prima facie primeira vista

stricto sensu em sentido estrito

viii

SUMAacuteRIO

RESUMO IX

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5

21 CONSUMIDOR 7

22 FORNECEDOR 9

23 DOS PRODUTOS 10

24 DOS SERVICcedilOS 11

25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12

26 DOS PRINCIacutePIOS 14

261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15

262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15

263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16

27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21

31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24

32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25

33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28

34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29

35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31

36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35

41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37

42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39

43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41

44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46

441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46

5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49

6 REFEREcircNCIAS 55

ANEXOS 66

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

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SOBRINHO Corauci Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms

1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004

4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

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Rio de Janeiro 2001

66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

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Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

72

RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

73

d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

75

XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

76

art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

77

de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

78

CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 8: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

vii

TERMOS EM LATIM

a posteriori apoacutes um fato

bona fides boa-feacute

conditio sine qua non condiccedilatildeo se a qual na haacute

est modus in rebus as coisas tem limite

Excelsior Pretoacuterio Corte Suprema

hominis juacuteris tantum presunccedilatildeo relativa em relaccedilatildeo ao ser (homem)

in comento comentando

lato sensu em sentido amplo

mens legis espiacuterito da lei

modus vivendi modos de viver

prima facie primeira vista

stricto sensu em sentido estrito

viii

SUMAacuteRIO

RESUMO IX

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5

21 CONSUMIDOR 7

22 FORNECEDOR 9

23 DOS PRODUTOS 10

24 DOS SERVICcedilOS 11

25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12

26 DOS PRINCIacutePIOS 14

261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15

262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15

263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16

27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21

31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24

32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25

33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28

34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29

35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31

36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35

41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37

42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39

43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41

44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46

441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46

5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49

6 REFEREcircNCIAS 55

ANEXOS 66

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

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VEIGA Luiz Humberto Cavalcante Tarifas bancaacuterias Estudos Legislativos

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civis e comerciais 15 ed Satildeo Paulo Malheiros 2001

ZENUN Augusto Comentaacuterios ao Coacutedigo do Consumidor 1 ed elet Forense

Rio de Janeiro 2001

66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

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Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

78

CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 9: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

viii

SUMAacuteRIO

RESUMO IX

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA APLICABILIDADE 5

21 CONSUMIDOR 7

22 FORNECEDOR 9

23 DOS PRODUTOS 10

24 DOS SERVICcedilOS 11

25 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO 12

26 DOS PRINCIacutePIOS 14

261 DO PRINCIPIO DA BOA-FEacute OBJETIVA 15

262 DO PRINCIacutePIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 15

263 DO PRINCIacutePIO DO EQUIDADE CONTRATUAL 16

27 DA APLICABILIDADE DO CDC NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 17

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 21

31 DA ATIVIDADE BANCAacuteRIA 24

32 DO CONTRATO DE ADESAtildeO 25

33 TARIFAS BANCAacuteRIAS 28

34 DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO BANCAacuteRIO 29

35 DO USUAacuteRIO DOS SERVICcedilOS BANCAacuteRIO 31

36 ALTERACcedilOtildeES IMPOSTAS PELA RESOLUCcedilAtildeO 3518 DE DEZEMBRO DE 2007 EDITADA PELO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL 33

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS 35

41 UMA ANAacuteLISE DA ADI 2591 37

42 EVOLUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DAS RESOLUCcedilOtildeES DO BANCO CENTRAL 39

43 TARIFACcedilAtildeO NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS 41

44 DA BUSCA DA TUTELA JURISDICIONAL 46

441 ABUSIVIDADE NA TARIFACcedilAtildeO 46

5 CONCLUSOtildeES FINAIS 49

6 REFEREcircNCIAS 55

ANEXOS 66

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

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66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

67

Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 10: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

ix

RESUMO

Apesar de natildeo orbitar esferas mais elevadas das discussotildees acerca das

problemaacuteticas brasileiras os abusos que as instituiccedilotildees bancaacuterias cometem

atraveacutes da inserccedilatildeo de claacuteusulas abusivas em seus contratos de prestaccedilatildeo de

serviccedilos oneram sobremaneira o lastro financeiro de seus clientes e usuaacuterios

sendo estes uma parcela consideraacutevel da populaccedilatildeo brasileira economicamente

ativa Optou por este tema a fim de realizar uma anaacutelise da aplicabilidade do CDC

agraves relaccedilotildees bancaacuterias inclusive apontando posicionamentos do Colendo Superior

Tribunal de Justiccedila e da Egreacutegia Suprema Corte Brasileira notadamente quanto agrave

interpretaccedilatildeo acerca das claacuteusulas abusivas inseridas nos contratos bancaacuterios

Estas anaacutelises agrave luz do direito paacutetrio focam em especial as claacuteusulas abusivas

nos contratos bancaacuterios de adesatildeo buscando costumes distintos e visotildees

alternadas sobre o assunto Para tal fixam conceitos basilares como os de

relaccedilotildees de consumo consumidor fornecedor e contratos bancaacuterios dividindo

estas em tiacutepicas ou preciacutepuas (de intermediaccedilatildeo de creacutedito) e atiacutepicas ou

acessoacuterias (como o fornecimento de cartotildees descontos deacutebitos pagamentos

etc) Gerando a cobranccedila de encargos na modalidade de taxas e tarifa pelos

serviccedilos prestado Eacute a praacutexis das Instituiccedilotildees Financeiras que operam no Paiacutes e

a respectiva abrangecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor num cenaacuterio em

que os interesses difusos e coletivos satildeo abordados de forma distinta no campo

jurisdicional correlacionando a norma juriacutedica aplicada com a mens legis

construiacuteda pelo legislador original notadamente quanto a normatizaccedilatildeo

contemporacircnea A comprovaccedilatildeo do que foi estabelecido no presente trabalho eacute

resultado de um estudo baseado em obras bibliograacuteficas jurisprudecircncias e artigos

juriacutedicos coletados em siacutetios eletrocircnicos na world wide web

Palavras-chave CDC Tarifas Bancaacuterias Consumidor

Usuaacuterio Cliente serviccedilo bancaacuterio contrato e contrato bancaacuterio

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

6 REFEREcircNCIAS

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FERREIRA Aurelio Buarque de Hollanda Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 11

ed Rio de Janeiro Editora Civilizaccedilatildeo Brasileira SA 1987

BARROS Adolfo O Papel do Banco Central do Brasil na Defesa do

Consumidor 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwsinalorgbrdownloadmonografiasprimeirodocgt Acesso 20 dez

2007

BOBBIO Norberto Teoria do Ordenamento Juriacutedico Rio de Janeiro Campus

2000

BONATTO Claudio Moraes Paulo Valeacuterio Dal Pai Questotildees controvertidas no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor Porto Alegre Livraria do advogado 1998

BRASIL ADI 2591DF Rel Min Nelson Jobin Disponiacutevel em

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2008

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56

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BRASIL BANCO CENTRAL Serviccedilos Bancaacuterios e Tarifas Bancaacuterias

Disponiacutevel em

lthttpwwwbcbgovbrprebc_atendeportservicos5aspidpai=faqcidadao1gt

Acesso 27 mar 2007

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BRASIL FEBRABAN Manual de Serviccedilos Bancaacuterios 02 ed 2004 Disponiacutevel

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BRASIL FEBRABAN Cartilha Febraban 03 ed 2005 Disponiacutevel em

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BRASIL FEBRABAN Reduzir juros e ampliar creacutedito depende

de uma legislaccedilatildeo segura e estaacutevel Disponiacutevel em

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57

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66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

67

Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

68

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

69

conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

70

Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

71

seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

72

RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

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1 INTRODUCcedilAtildeO

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo entre fornecedor e consumidor inclusive

bancaacuterias Esta tutela juriacutedica ocorre por conta da vulnerabilidade do consumidor

na relaccedilatildeo de consumo As questotildees referentes agrave defesa do consumidor prima

facie se passa em trecircs grandes momentos da Carta Magna A primeira vem

expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se refere aos direitos e deveres individuais

e coletivos acolhido no artigo 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo da Republica do Brasil de

1988 ndash CRFB88 em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do

consumidorrdquo A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da Carta Magna de

1988 que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil haja vista

que a defesa do consumidor deve ser observada na constacircncia da atividade

econocircmica Em terceiro observa que o artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo expressas no

artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash CDC (Lei 8078 de 11 setembro

de 1990) promulgada com o intuito de proteger o poacutelo mais vulneraacutevel nas

relaccedilotildees de consumo assegurando o princiacutepio da boa-feacute e o equiliacutebrio entre as

partes No seu bojo o CDC tambeacutem disciplina as relaccedilotildees de consumo nos

diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos seus consumidores

Neste particular descreve a lei para Filomeno (2004) que

consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou

serviccedilo como destinataacuterio final Neste contexto Nery Junior (1995) infere que

fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou privada nacional ou

estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade

de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de

serviccedilos Na definiccedilatildeo de Donato (2004) produto eacute qualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Em relaccedilatildeo a serviccedilo infere que serviccedilo eacute qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as

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de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

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pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

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Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

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2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

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estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

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Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

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do Consumidor Instituto Brasileiro de Poliacutetica e Defesa do Consumidor nordm

502004 Satildeo Paulo RT 2004

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65

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SOBRINHO Corauci Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms

1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004

4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

STOCO Rui Juizado Especial e a defesa do consumidor Repertoacuterio IOB de

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civis e comerciais 15 ed Satildeo Paulo Malheiros 2001

ZENUN Augusto Comentaacuterios ao Coacutedigo do Consumidor 1 ed elet Forense

Rio de Janeiro 2001

66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

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Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

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PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

75

XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

76

art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

77

de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

78

CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

Page 12: A Cobrança de Encargos pela Prestação de Serviços Bancários à …siaibib01.univali.br/pdf/Cleomir Assis dos Santos.pdf · 2008. 12. 10. · Cleomir de Assis dos Santos Graduando

2

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes

das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista

Na discussatildeo doutrinaacuteria existem duas correntes acerca da

aplicabilidade ou natildeo da Lei 807890 nas relaccedilotildees de consumo dos serviccedilos ou

produtos bancaacuterios Para aqueles que entendem que eacute aplicaacutevel o Coacutedigo de

Defesa do Consumidor como Grinover et al (1998) vigora a tese em que o

cliente da instituiccedilatildeo financeira seria o consumidor final do serviccedilo oferecido

enquadrando-o no art 2ordm do CDC combinada com a redaccedilatildeo expressa do sect2ordm do

art 3ordm do mesmo Diploma Legal definindo como serviccedilo agrave atividade de natureza

bancaacuteria financeira e de creacutedito Nesta esteira entendem os seguidores desta

corrente que o contrato bancaacuterio eacute contrato de adesatildeo por excelecircncia protegido

pelo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor notadamente quando houver claacuteusula

que importe em abuso contra o usuaacuterio do serviccedilo

Em oposiccedilatildeo Wald (2001) entre outros entendem pela natildeo

aplicabilidade do Coacutedigo de Defesa do Consumidor nas relaccedilotildees bancaacuterias

entendendo que empreacutestimo bancaacuterio seja qual for a sua modalidade (creacutedito em

conta corrente creacutedito direto ao consumidor muacutetuo creacutedito pessoa juriacutedica etc)

natildeo se enquadra como relaccedilatildeo de consumo Desta forma os clientes da

instituiccedilatildeo financeira que efetuarem empreacutestimos natildeo podem ser caracterizados

como consumidor final jaacute que o dinheiro em si natildeo se extingue ou finaliza pelo

uso servindo apenas como instrumento para aquisiccedilatildeo de outros bens

Mesmo ainda que se admita a aplicabilidade do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor aos contratos bancaacuterios isto somente diria respeito aos

serviccedilos fornecimento de cofre desconto de tiacutetulos recolhimento de tributos etc

mas jamais no que tange a juros conforme entendimento do Egreacutegio Superior

Tribunal de Justiccedila expresso nas Suacutemulas 30 294 e 296

Recentes embates juriacutedicos tecircm sido travados nos Tribunais

Brasileiros A Confederaccedilatildeo Nacional do Sistema Financeiro ndash CONSIF

representante das Instituiccedilotildees Financeiras ingressou com uma Accedilatildeo Direta de

Inconstitucionalidade ndash ADI nordm 2591 perante o Excelsior Pretoacuterio requerendo que

seja desconsiderado o serviccedilo bancaacuterio como relaccedilatildeo de consumo A entidade

3

pedia a inconstitucionalidade do paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor na parte em que incluem no conceito de serviccedilo abrangido pelas

relaccedilotildees de consumo as atividades de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e

securitaacuteria como as cadernetas de poupanccedila os depoacutesitos bancaacuterios os

contratos de muacutetuo os cartotildees de creacutedito os contrato de seguro e de abertura de

creacutedito Natildeo obstante as alegaccedilotildees da Autora a Corte Suprema Brasileira

entendeu que as relaccedilotildees de consumo de natureza bancaacuteria ou financeira devem

ser protegidas pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor Esposado o entendimento

da maioria dos Emitentes Ministros integrantes do Plenaacuterio daquela Colenda

Corte julgou improcedente a Accedilatildeo entendendo os Magistrados ser

imprescindiacutevel a manutenccedilatildeo dos direitos conquistados pelos consumidores

originariamente consagrados na Carta Magna e a posteriori tutelado pela Lei nordm

807890

Lopes apud Filomeno (2004) infere que natildeo haacute duacutevida

quanto a tutela do CDC em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterios posto

que o paraacutegrafo 2ordm do art 3ordm do citado diploma legal regula o assunto Traacutes agrave

baila inclusive que nas relaccedilotildees das instituiccedilotildees bancaacuterias com seus clientes

observa duas categorias de agentes os tomadores de empreacutestimos (mutuaacuterios) e

os investidores (depositantes)

Das liccedilotildees de Nery Juacutenior (2004) ao analisar o problema da

classificaccedilatildeo do banco como empresa e de sua atividade negocial entende que a

instituiccedilatildeo bancaacuteria seja um dos sujeitos da relaccedilatildeo de consumo a teor do caput

do art 3ordm do CDC Ampliando este entendimento colhe que o produto da

atividade bancaacuteria na qualidade de prestadores de serviccedilo eacute num primeiro

momento o creacutedito e num segundo momento o fornecimento de extratos talotildees

de cheque devoluccedilotildees e aceite de documentos entre outros tendo a

contrapartida pela prestaccedilatildeo destes serviccedilos atraveacutes da cobranccedila de taxas e

tarifas Suas atividades envolvem pois os dois objetos das relaccedilotildees de consumo

os produtos e os serviccedilos existindo portanto a presunccedilatildeo hominis juacuteris tantum

de que se trata de relaccedilatildeo de consumo

4

Conforme definiccedilatildeo do Banco Central (2004) ldquoA tarifa eacute a

remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao cliente A taxa

estabelecida pelo Banco Central eacute paga para remunerar um determinado serviccedilo

puacuteblico podendo ser cobrada do clienterdquo

Como objetivo geral busca demonstrar o relacionamento

contratual entre as Instituiccedilotildees FinanceirasBancaacuterias e seus clientes sob a eacutegide

do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no que tange a cobranccedila de taxas e tarifas

pela prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

Enquanto objetivos especiacuteficos primeiramente no intuito de

identificar os pressupostos e formataccedilatildeo do Contrato de Adesatildeo Bancaacuterio Num

segundo momento de relacionar os fatores conflitantes com o protecionismo

insculpido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor E ao final de caracterizar os

aspectos prejudiciais ao consumidor quanto agrave abusividade da cobranccedila das taxas

e tarifas que oneram o cliente pela prestaccedilatildeo do serviccedilo bancaacuterio

Tem inclusive que o presente trabalho foi desenvolvido

atraveacutes da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dedutivo amparado na pesquisa bibliograacutefica

Com esta teacutecnica teve o intuito de discutir a concretizaccedilatildeo dos direitos do

consumidor frente agraves instituiccedilotildees financeiras buscando uma visatildeo sobre a

satisfaccedilatildeo do cliente com a legislaccedilatildeo protetiva dos seus direitos na prestaccedilatildeo

dos produtos e serviccedilos bancaacuterios Considerando neste trabalho como legislaccedilatildeo

aplicaacutevel agraves relaccedilotildees bancaacuterias o Coacutedigo de Defesa do Consumidor o ldquoCoacutedigo de

Defesa dos Bancosrdquo ou seja a Resoluccedilatildeo 28782001

5

2 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA

APLICABILIDADE

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor surgiu com o intuito de

equilibrar as relaccedilotildees de consumo inclusive bancaacuteria entre fornecedor (banco) e

consumidor (clientes e usuaacuterios) por estes serem considerados vulneraacuteveis na

relaccedilatildeo de consumo As questotildees atinentes agrave defesa do consumidor com o

grande desenvolvimento do Paiacutes ocorreu de forma lenta com apenas umas

normas esparsas

No ensinamento de Theodoro Junior (2001 p 86) aduz que

ldquoFoi assim que se editou o Coacutedigo de Defesa do Consumidor (Lei

nordm 8078 de 11091990) que sabidamente se preocupou com o

aspecto eacutetico nas relaccedilotildees negociais de massa onde a parte

prejudicada eacute quase sempre a mais fraca e vulneraacutevel qual seja

o consumidor Daiacute apresentar-se aludido Coacutedigo como um

instrumento definidor e garantidor dos ldquodireitos baacutesicosrdquo dos

consumidores em seu relacionamento juriacutedico com os

fornecedoresrdquo

No mesmo diapasatildeo afirma Theodoro Junior (2001 p 86)

com advento da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as questotildees referentes agrave defesa

do consumidor satildeo tratadas em trecircs grandes momentos conforme se observa

A primeira vem expressa no Capiacutetulo I do Tiacutetulo II que se

refere aos direitos e deveres individuais e coletivos acolhidos no artigo 5ordm XXXII

em que ldquoo Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo assim

fica estabelecido que o Governo Federal tem o dever de defender o consumidor

com a previsatildeo legal

A segunda estaacute mencionada no artigo 170 V da CRFB88

que trata dos princiacutepios gerais da atividade econocircmica no Brasil porque a defesa

do consumidor deve ser observada em todo exerciacutecio de atividade econocircmica

Tambeacutem foi determinado no artigo 192 que o ldquosistema financeiro nacional fosse

6

estruturado de maneira que promova o desenvolvimento do Paiacutes de forma a servir

aos anseios da coletividaderdquo

E por uacuteltimo no artigo 48 do Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias determina que o ldquoCongresso Nacional elabore o

Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo Estas trecircs disposiccedilotildees constitucionais estatildeo

expressas no artigo 1ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

No ensinamento de Coelho (2006 p 94)

ldquoAs relaccedilotildees e contratos anteriores agrave entrada da lei consumerista

era disciplinada pelo Coacutedigo Comercial sempre ligado agrave teoria de

atos do comeacutercio quando havia consumo de produtos e natureza

mercantil Caso contraacuterio aplicava-se agrave relaccedilatildeo existente ao

Coacutedigo civil de 1916rdquo

Para Prux (1998) o CDC natildeo exclui a possibilidade de se

aplicar outros institutos juriacutedicos para maior proteccedilatildeo do consumidor Na sua

concepccedilatildeo entende cabiacutevel a arguumliccedilatildeo em sede de responsabilidade civil haja

vista que o dano causado ao contratante de boa-feacute haacute de ser indenizado

A Lei 807890 foi promulgada com o intuito de proteger o

poacutelo mais vulneraacutevel nas relaccedilotildees de consumo pois este estava agrave mercecirc das

grandes facetas do mercado nacional A premissa maior do CDC foi a de

assegurar pela boa-feacute o equiliacutebrio entre as partes Nesse aspecto o Coacutedigo

disciplina as relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos e produtos

prestados pelas instituiccedilotildees financeiras aos consumidores

Para Gama (2001 p 6) aludindo aos fundamentos do

Direito do Consumidor entende que

ldquoPelas suas origens histoacutericas e pela sua conotaccedilatildeo

eminentemente poliacutetica o direito do consumidor decorre dos

direitos universais do homem em que a liberdade do consumidor

de poder dirigir-se ao mercado e nele contratar as aquisiccedilotildees de

bens e serviccedilos satildeo iguais para todos

7

Num balcatildeo de loja num hospital num banco num serviccedilo

puacuteblico ou particular ou em qualquer estabelecimento de um

fornecedor a igualdade deve ser respeitada ainda que haja

diferenccedilas condiccedilotildees sociais de niacutevel econocircmico sexo ou idade

ou ainda que haja diferentes condiccedilotildees de naturalidade de raccedila

de credo de concepccedilatildeo filosoacutefica de concepccedilatildeo poliacutetica de

opccedilatildeo sexual de opccedilatildeo quanto agrave organizaccedilatildeo familiar de

natureza de trabalho oficio ou profissatildeo de cultura ou de

conhecimento cientificordquo

Nos dizeres de Grinover et al (2005 p 6) sobre a visatildeo

geral do CDC no movimento societaacuterio de consumo natildeo teve ecircxito total de seu

objetivo natildeo trouxe apenas benesses aos consumidores Muito ao contraacuterio em

determinados casos a situaccedilatildeo do consumidor no modelo apresentado piorou

em vez de melhorar Se antes os dois poacutelos encontravam em uma situaccedilatildeo de

relativo equiliacutebrio de poder de barganha (ateacute porque se conheciam) agora eacute o

fornecedor (fabricante produtor importador ou comerciante) que sem sombra de

duacutevidas assume a posiccedilatildeo de forccedila na relaccedilatildeo de consumo por isso mesmo que

dita as regras

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor ao definir produtos e

serviccedilos apontam os elementos caracterizadores das relaccedilotildees de consumo

Entretanto para que se possa entender a relaccedilatildeo de consumo primeiramente haacute

de se definir os dois poacutelos desta relaccedilatildeo ou seja consumidor e fornecedor

21 Consumidor

Diferentemente da legislaccedilatildeo internacional a legislaccedilatildeo

nacional caracteriza de forma clara e precisa sobre o conceito de consumidor

trazendo inclusive sua definiccedilatildeo objetiva na proacutepria legislaccedilatildeo definindo o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor em seu artigo 2ordm o consumidor como sendo aquele

que adquire ou utiliza para seu consumo como destinataacuterio final um determinado

bem

Gama (2001 p 9) infere que

ldquoDo conceito de vulnerabilidade partiu-se entatildeo para um

alargamento do conceito de consumidor desde que toda a

8

estrutura legal do paiacutes aponta para a proteccedilatildeo deste em razatildeo de

ser vulneraacutevel frente aos fornecedores desde quando sujeito agraves

praacuteticas abusivas agraves estipulaccedilotildees contratuais e ateacute mesmo aos

acidentes de consumo

Por tal razatildeo passou-se a considerar consumidor qualquer

pessoa juriacutedica ndash puacuteblica ou privada ndash que adquirisse bens e

serviccedilos no mercado de consumo

Das anaacutelises e das discussotildees do que seja Mercado de Consumo

veio outro entendimento do que seria um consumidor eis que haacute

fatos que ocorrem com terceiras pessoas sujeitas a um fato do

produto ou um fato do serviccedilo sem que estas pessoas

estritamente ldquoconsumidorasrdquo e eis que haacute situaccedilotildees em que

algueacutem possa ter o seu nome arrolado num cadastro possa estar

sujeita agraves propostas de uma publicidade e ateacute mesmo possa esta

sujeita agraves propostas de aderir a um determinado contratordquo

Consumidor em sentido estrito estaacute configurado nas

palavras de Donato (1994 p 56) entendendo que o primeiro conceito de

consumidor estaacute elencado no caput do art 2deg do CDC referindo ao consumidor

ldquopadratildeordquo ou standard como aquele que de alguma forma participa da relaccedilatildeo

de consumo merecendo por essa razatildeo uma tutela especiacutefica do coacutedigo

consumerista

Para Almeida (2003 p 37) consumidor haacute de ser

ldquoa) pessoa fiacutesica ou juriacutedica natildeo importando os aspectos de renda

e capacidade financeira Em princiacutepio toda e qualquer pessoa

fiacutesica ou juriacutedica pode ser havida por consumidora Por

equiparaccedilatildeo eacute incluiacuteda tambeacutem a coletividade grupos de pessoas

p ex famiacutelia (determinaacuteveis) e os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

(indeterminaacuteveis) Cumpre observar no particular que haacute quem

entenda que consumidor soacute pode ser a pessoa fiacutesica ou seja

individual (RT v 628 p 72) Mas jaacute haacute jurisprudecircncia afirmando

que pessoa juriacutedica quando destinataacuteria final eacute considerada

consumidora (TARS 9ordf Cacircm Civ AI 196008379 rel Juiz

Tanger Jardim j 2-4-1996 v u RCD v 20 p 171)

b) que adquire (compra diretamente) ou que mesmo natildeo tendo

adquirido utiliza (usa em proveito proacuteprio ou de outrem) produtos

9

ou serviccedilos entendendo-se por produto ldquoqualquer bem moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterialrdquo (CDC art 3ordm sect 1ordm) e por serviccedilo

qualquer atividade fornecida a terceiros mediante remuneraccedilatildeo

desde que natildeo seja de natureza trabalhista (CDC art 3ordm ordm 2ordm)

c) como destinataacuterio final ou seja para uso proacuteprio privado

individual familiar ou domeacutestico e ateacute para terceiros desde que o

repasse natildeo se decirc por revenda Natildeo se incluiacuteram na definiccedilatildeo

legal portanto o intermediaacuterio eacute aquele que compra com o

objetivo de revender apoacutes montagem beneficiamento ou

industrializaccedilatildeo A operaccedilatildeo de consumo deve encerrar-se no

consumidor que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou

serviccedilos adquirido sem revendardquo

Filomeno (1999) entende que consumidor natildeo eacute somente

aquele caracterizado como o usuaacuterio final mas os beneficiaacuterios dos serviccedilos

contratados por aquele

Jaacute ampliando essa concepccedilatildeo Filomeno (2007) trata

consumidor em vaacuterias dimensotildees Sob a oacutetica econocircmica personifica consumidor

como aquele a quem se destina agrave coisa produzida desconsiderando o nexo

quanto agrave sua aquisiccedilatildeo sendo ou natildeo idealizador de outros bens

Quanto ao consumidor bancaacuterio tratarei de sua proteccedilatildeo

pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor no item 35

22 Fornecedor

Para Zenun (2001 p 7) afirma que o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor se preocupou em estabelecer um conceito bastante amplo das

pessoas enumeradas como fornecedoras Portanto figurando no outro poacutelo da

relaccedilatildeo de consumo define o CDC em seu artigo 3ordm a pessoa fiacutesica ou juriacutedica

de direito puacuteblico ou privado nacional ou alieniacutegena formalmente instituiacutedos ou

despersonalizados que forneccedila bens ou serviccedilos graciosamente ou remunerado

Ou seja qualquer um que a tiacutetulo singular mediante desempenho de atividade

mercante ou civil e de forma habitual ofereccedila no mercado produtos ou serviccedilos

Conforme se assevera da leitura do artigo na realidade satildeo todas as pessoas

capazes fiacutesicas ou juriacutedicas aleacutem dos entes desprovidos de personalidade

10

Plaacutecido e Silva (1987) assevera que este fornecimento

ocorre de forma habitual Entretanto para que essa relaccedilatildeo se materialize haacute de

o citado bem ou serviccedilo ser consumido pelo seu destinataacuterio final

Nunes (2004 p 86) corrobora com o tema na esteira de

que qualquer das pessoas puacuteblicas ou privadas dentro do Estado Brasileiro ou

fora dele mesmo natildeo tendo sede e que estejam descrita no art 3ordm do CDC satildeo

fornecedores

No entendimento de Almeida (2003 p 40)

ldquoPodemos pois aceitar com tranquumlilidade a definiccedilatildeo legal de

fornecedor que engloba bdquotoda pessoa fiacutesica ou juriacutedica puacuteblica ou

privada nacional ou estrangeira bem como os entes

despersonalizados que desenvolvam atividades de produccedilatildeo

montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo incorporaccedilatildeo

exportaccedilatildeo distribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou

prestaccedilatildeo de serviccedilos‟ (CDC art 3ordm)rdquo

23 Dos Produtos

Na conceituaccedilatildeo de produto traz o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor a noccedilatildeo de que este eacute um bem destinado ao consumidor pelo

fornecedor Sendo aquele o destinataacuterio final do produto este bem deve ter

finalidade determinada ou destina a um fim relacionado agrave satisfaccedilatildeo de uma

necessidade sua Em suma para o CDC em seu art 3ordm sect 1ordm produto eacute qualquer

bem objeto da relaccedilatildeo de consumo disponibilizado por um fornecedor mercante

ou civil de forma habitual

Dos ensinamentos de Rodrigues (1964 p 119) colhe lato

sensu que bdquobens‟ satildeo bdquocoisas‟ dos quais os seres humanos lanccedilam matildeo na sua

convivecircncia cosmopolitana para seu beneficio proacuteprio ou coletivo No sentido

econocircmico esta bdquocoisa‟ haacute de ser uacutetil escassa e suscetiacutevel de apropriaccedilatildeo Toda

via stricto sensu para configurar a relaccedilatildeo contratual tutelada pelo coacutedigo

consumista este bem haacute de ser disponibilizado por um fornecedor

11

Definir o que seja produtos e serviccedilos significa estabelecer

limites e qualificaccedilotildees a esses elementos o quais estatildeo presentes nas relaccedilotildees

de consumo

Para Filomeno (2007) o CDC no seu paraacutegrafo primeiro do

artigo terceiro ao citar ldquoProdutordquo estaacute se referenciando a ldquobemrdquo seja ele moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial Por conta disto leciona que na oacutetica do Coacutedigo

Consumerista produto eacute um bem objeto da relaccedilatildeo de consumo

Nesse sentido eacute precioso o enunciado de Filomeno (2004

p 47) do que sejam bens inferindo que satildeo coisas que sendo uacuteteis ao homem

provocam sua cupidez e por conseguinte satildeo objetos de apropriaccedilatildeo privada

Jaacute Almeida (2003) ao discorrer sobre o tema entende que o

legislador paacutetrio trouxe a definiccedilatildeo legal de produto abrangendo coisas moacutevel ou

imoacutevel material ou imaterial alertando para a cautela da natildeo interpretaccedilatildeo

errocircnea da mens legis dando destinaccedilatildeo diferente a que trouxe o CDC

Gama (2001 p 12) ao definir produto assevera que

ldquoNas relaccedilotildees de consumo Produto eacute qualquer bem moacutevel

imoacutevel material ou imaterial Portanto tudo o que seja suscetiacutevel

de uma valoraccedilatildeo econocircmica eacute um Produto Esta definiccedilatildeo

espanca qualquer duacutevidardquo

24 Dos Serviccedilos

Agrave luz do CDC notadamente no seu paraacutegrafo segundo do

artigo terceiro tem como serviccedilo a prestaccedilatildeo de uma atividade dirigida ao

mercado de consumo onerosa ou natildeo

Simatildeo (2003) acrescenta que esta atividade eacute fruto da

atividade humana e por conseguinte esgota em si proacutepria ou seja ao termino de

sua prestaccedilatildeo

12

Singelamente Cretella (1992) esclarece que serviccedilo eacute uma

prestaccedilatildeo a algueacutem poreacutem o conceito de servir natildeo se exaure neste aspecto

singular

Saad (1998) conceitua serviccedilo dizendo tratar de uma

prestaccedilatildeo humana com autonomia mas sempre remunerada pois o serviccedilo

gratuito escapa agrave regulamentaccedilatildeo legal

Entretanto Nunes (2000 p 100) ressalta que o serviccedilo que

em tese gratuito na verdade jaacute tem uma remuneraccedilatildeo embutida em outros

produtos Tudo tem na pior das hipoacuteteses um custo e este acaba direta ou

indiretamente sendo repassado ao consumidor E estaraacute amparado pelas normas

protetivas do Coacutedigo consumerista Pois quando a lei fala em bdquoremuneraccedilatildeo‟ natildeo

estaacute necessariamente se referindo ao preccedilo cobrado Natildeo se deve entender o

aspecto bdquoremuneraccedilatildeo‟ apenas no sentido estrito posto que qualquer tipo de

cobranccedila ou repasse direto ou indireto caracteriza a onerosidade do serviccedilo

prestado

Gama (2001 p 12) ao definir serviccedilos infere que

ldquoO CDC define como Serviccedilo a atividade remunerada inclusive as

de natureza bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as

decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhista Importante eacute que

seja atividade exercida com certa repeticcedilatildeo e sempre em caraacuteter

remunerado Algumas atividades gratuitas fornecidas

graciosamente no bojo das demais ofertas de bens e serviccedilos

natildeo perdem o caraacuteter de serviccedilo remunerado eis que haacute sempre

embutido um interesse negocialrdquo

25 Da Relaccedilatildeo de Consumo

Contextualizando a Lei Consumerista Grinover et al (1998)

argumentam que a mens legis do CDC traacutes em seu escopo a proteccedilatildeo lato

sensu das partes integrantes da relaccedilatildeo de consumo em que pese agrave norma

codificada buscar pela guarida dos interesses do consumidor por conta da sua

hipossuficiecircncia em tese Estes juristas entendem que a vulnerabilidade do

consumidor condiciona a diversas causas Por conta das diversas facetas do

13

mercado a parte mais fraca desta relaccedilatildeo eacute o consumidor por natildeo ter o

conhecimento teacutecnico-cientiacutefico e informaccedilotildees necessaacuterias quando adquire ou

faz uso do que eacute colocado agrave sua disposiccedilatildeo pelo fornecedor O ordenamento

juriacutedico objetivando o regramento da convivecircncia em sociedade tem o caraacuteter est

modus in rebus definindo limites agrave sua proteccedilatildeo

Lucca (1995) sustenta a mesma tese acrescentando que o

nexo causal desta relaccedilatildeo consiste na aquisiccedilatildeo de algum produto

disponibilizado pelo fornecedor ou a utilizaccedilatildeo de serviccedilos prestados

Em suma a existecircncia da relaccedilatildeo de consumo quando haacute

em um poacutelo a figura do consumidor adquirindo um produto ou utilizando um

serviccedilo disponibilizado pela figura caracterizada como fornecedor noutro poacutelo

Filomeno (1991) entende que a relaccedilatildeo de consumo tem

sua existecircncia em uma relaccedilatildeo juriacutedica por excelecircncia e indica sempre trecircs

elementos quais sejam que a figura ldquoconsumidorrdquo e ldquofornecedorrdquo estejam

presentes na relaccedilatildeo juriacutedica figurando como objeto desta relaccedilatildeo um ldquobemrdquo ou

ldquoserviccedilordquo o qual se destina ao consumidor consoante dispotildee o CDC

Segundo ensina Nery Junior (1991) entende por relaccedilatildeo de

consumo o pacto negocial na qual apresenta em um dos poacutelos a figura do

consumidor tendo como objeto desta relaccedilatildeo a tomada de um serviccedilo ou

aquisiccedilatildeo de um produto do fornecedor o qual figura noutro poacutelo

Coelho (2003 p 94) dissertando sobre relaccedilatildeo de

consumo acrescenta que

ldquoaplica-se assim o CDC sempre que os sujeitos de direito se

encontram numa relaccedilatildeo de consumo que eacute legalmente

caracterizada A relaccedilatildeo se consumo envolve sempre em um dos

poacutelos algueacutem enquadraacutevel no conceito legal de fornecedor (CDC

art 3ordm) e no outro no de consumidor (CDC art 2ordm)

Fornecedor eacute a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento

de bens ou serviccedilos ao mercado e consumidor aquele que o

adquire ou utiliza como destinataacuterio final Sempre que a relaccedilatildeo

juriacutedica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou

14

serviccedilos ao mercado e o destinataacuterio final destes ela eacute uma

relaccedilatildeo de consumo e sua disciplina seraacute a do regime de tutela do

consumidorrdquo

26 Dos Princiacutepios

Em sua argumentaccedilatildeo sobre princiacutepios Queiros (1998 p

17) afirma que na busca de um ponto de equiliacutebrio entre as garantias do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor os princiacutepios estabelecem que este tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores Assim o seu art 6ordm determina

o respeito agrave sua dignidade sauacutede e seguranccedila a proteccedilatildeo dos seus interesses

econocircmicos a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparecircncia e a

harmonia das relaccedilotildees de consumo assim tutelando os consumidores dos

abusos cometidos pelos fornecedores em suas relaccedilotildees de consumo

No mesmo diapasatildeo Gama (2001 p 6) ao discorrer sobre o

tema afirma que

ldquoNenhum consumidor pode ser discriminado em razatildeo das suas

condiccedilotildees sociais ou familiares A igualdade deve prevalecer

ainda que o consumidor deseje ou soacute tenha condiccedilotildees de adquirir

um diminuto produto A igualdade eacute o principal fundamento do

Direito do Consumidor

A valorizaccedilatildeo do consumidor estaacute nas relevacircncias do respeito aos

seus direitos ainda que o prejuiacutezo que possa lhe ser causado seja

miacutenimo Natildeo interessa o valor econocircmico do prejuiacutezo e nem

interessa saber se o consumidor eacute rico ou pobre porque o que

importa eacute o respeito agrave sua dignidade pessoal que natildeo pode ser

ferida no mercadordquo

Marques (2001) ao tratar sobre princiacutepios elenca trecircs

categorias fundamentais princiacutepio da vulnerabilidade princiacutepio da boa-feacute objetiva

e o princiacutepio do equiliacutebrio ou da equumlidade contratual

De grande valia estes princiacutepios servem de base de

sustentaccedilatildeo do Coacutedigo de Defesa do Consumidor o princiacutepio do equiliacutebrio entre

as partes colocando-os em iguais condiccedilotildees contratuais o princiacutepio da boa-feacute

15

pois ambas as partes devem agir com a boa-feacute e o princiacutepio da equumlidade

fazendo cumprir a obrigaccedilatildeo pactuada Como veremos a seguir

261 Do Principio da Boa-Feacute Objetiva

Principio integrante da teoria contratual a boa-feacute estaacute

fortalecida no coacutedigo consumerista de forma objetiva propiciando uma nova visatildeo

de contrato no direito paacutetrio com o objetivo de tutelar as relaccedilotildees de consumo e a

confianccedila muacutetua entre os contratantes Esta determinaccedilatildeo estaacute amparada pelo

Coacutedigo Civil de 2002 notadamente no seu artigo 422 dispotildee que os contratantes

satildeo obrigados a guardar assim na conclusatildeo do contrato como em sua

execuccedilatildeo os princiacutepios de probidade e boa-feacute Bem com no art 4ordm III do CDC

equiliacutebrio e boa-feacute objetiva observando claramente a proteccedilatildeo aos interesses da

vida cosmopolitana

A bona fides na visatildeo de Marques (2001) explicita a

honradez na assunccedilatildeo de obrigaccedilotildees impliacutecita ou explicitamente inserida no texto

ou ato contratual advinda do direito romano A lealdade no entender da jurista eacute

conditio sine qua non nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos

O senso comum nos remete ao passado quando as

relaccedilotildees entre os sujeitos eram avalizadas pelo ldquofio do bigoderdquo ou seja soacute na

confianccedila muacutetua

262 Do Princiacutepio da Vulnerabilidade do Consumidor

Para Aureacutelio (1987) vulneraacutevel eacute aquele que se vulnera diz

do lado fraco de um assunto ou questatildeo e do ponto por onde algueacutem pode ser

atacado ou feridordquo Esta conceituaccedilatildeo nos remete ao entendimento de que a

vulnerabilidade somente existe na ocorrecircncia de uma ldquopressatildeordquo advinda de

ldquopoderrdquo superior

O CDC quando instituiacutedo veio a amparar o consumidor

considerado-o explicitamente vulneraacutevel nas relaccedilotildees contratuais haja vista natildeo

16

possuir conhecimentos teacutecnicos referente aos produtos e serviccedilos adquiridos

Esta em tese deficiecircncia compotildee o leque de requisitos contextualizado pela

figura juriacutedica da hipossuficiecircncia

Em seu art 4ordm Inc I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

observa a tutela quanto agrave vulnerabilidade do consumidor Bem como no

art 6ordm Inc VIII a sua hipossuficiecircncia

Esclarece Marques (2002 p 313) que o CDC foi

promulgado com o intuito de tutelar os vulneraacuteveis os desiguais os mais fracos

haja vista sua origem constitucional no sentido de propiciar a proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais do individuo

Ensina Do Val (1994 p 78) que

No acircmbito da tutela especial do consumidor efetivamente eacute ele

sem duacutevida a parte mais fraca vulneraacutevel se tiver em conta que

os detentores dos meios de produccedilatildeo eacute que detecircm todo o controle

do mercado ou seja sobre o que produzir como produzir e para

quem produzir sem falar-se na fixaccedilatildeo de suas margens de

lucrordquo

263 Do Princiacutepio do Equidade Contratual

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor apresenta em dois

momentos o princiacutepio da equumlidade Inicialmente no artigo 4ordm III e a posteriori no

artigo 6 inc V

Gama (2001) leciona acerca do comportamento humano e

da primazia da equumlidade no seu inter-relacionamento para uma convivecircncia

harmocircnica na vida cosmopolitana ressaltando a necessidade de um equiliacutebrio

regrado pelo ordenamento juriacutedico

Nery Junior (1999) em relaccedilatildeo agrave isonomia processual

argumenta que A literatura tem apontado como escopo maior do processo civil o

atingimento da igualdade efetiva de fato e natildeo apenas e tatildeo-somente a

igualdade juriacutedicardquo

17

Em seu artigo 47 o CDC normatiza esta fragilidade ao

instituir que ldquoAs claacuteusulas contratuais seratildeo interpretadas de maneira mais

favoraacutevel ao consumidorrdquo

Para a manutenccedilatildeo deste equiliacutebrio o dispositivos que veda

a existecircncia de claacuteusulas abusivas como por exemplo o artigo 51 lV que veda a

criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada

A definiccedilatildeo de vantagem exagerada estaacute inserta no sect 1ordm do artigo supracitado Em

uma claacuteusula de um contrato pode ser detectada a sua abusividade pela anaacutelise

do conteuacutedo contratual agrave luz da boa-feacute sob o ponto de vista objetivo pois a forccedila

obrigatoacuteria do contrato tem seu fundamento na vontade das partes

Conforme Casado (1996 p 33) aduz que o conjunto destes

princiacutepios satildeo os do equiliacutebrio entre as partes (natildeo-igualdade) e o da boa-feacute

respaldados pelo coacutedigo consumerista guinda o consumidor ao patamar de ldquopoacutelo

fraacutegilrdquo da relaccedilatildeo contratual Esta tutela legalista exige postulados juriacutedicos que

protejam esta isonomia Dentro deste prisma que veda a criaccedilatildeo de obrigaccedilotildees

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada posto que este eacute tido

como a parte mais fraca da relaccedilatildeo contratual consumerista Este instituto visa

tornar iguais os desiguais no acircmbito do embate jurisdicional

Configurado estaacute agrave tutela da imposiccedilatildeo do equiliacutebrio nas

relaccedilotildees juriacutedicas consumeristas Esta vulnerabilidade evoca a busca pela

transparecircncia equumlidade e reconhecimento da boa-feacute nas relaccedilotildees de consumo

no intuito de eliminar as claacuteusulas tidas como abusivas

27 Da Aplicabilidade do CDC nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Partindo da definiccedilatildeo proposta por Gama (2001 p 12)

Almeida (2003) e Filomeno (2007) anteriormente citados verifica que a

instituiccedilatildeo financeira entre as quais figura a instituiccedilatildeo bancaacuteria se inclui no

conceito de fornecedor como prestador de serviccedilo e as atividades por ele

desenvolvidas para com o puacuteblico se subsumem aos conceitos de produto e de

serviccedilo

18

Nos ensinamentos de Casado (2000 p 31) o principal

produto na relaccedilatildeo de consumo do banco eacute o creacutedito Agem os bancos em suas

atividades ainda na qualidade de prestadores de serviccedilos quando recebem

tiacutetulos mesmo de natildeo clientes fornecem extratos de contas bancaacuterias por meio de

computador entre outros a seus cientes

No mesmo diapasatildeo afirma Nery Junior (2004 p 529) que

em decorrecircncia ao art 2ordm do CDC o creacutedito seria um bem imaterial colocado agrave

disposiccedilatildeo do consumidor final onde o banco garante com seu patrimocircnio tal

empreacutestimo ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees bancaacuterias

No dizer de Filomeno (2005 p 42) as atividades

desempenhadas pelas instituiccedilotildees financeiras na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos seus

clientes ou na concessatildeo de muacutetuos ou financiamentos para a aquisiccedilatildeo de bens

inserem-se igualmente no conceito amplo de serviccedilos Como menciona o

paraacutegrafo 2ordm do artigo 3ordm do CDC a abrangecircncia do conceito geral de serviccedilo eacute

amplo enquadrando indubitavelmente atividades de natureza bancaacuteria

financeira de creacutedito e securitaacuteria

Quanto ao ldquoserviccedilo bancaacuteriordquo o CDC estende sua proteccedilatildeo

na abrangecircncia das suas mais variadas conotaccedilotildees leoninamente impostas pelas

instituiccedilotildees bancaacuterias

Seguindo nesta esteira Efing (2000 p 17) leciona que o

modus vivendi moderno tornou indispensaacutevel este relacionamento com as

instituiccedilotildees bancaacuterias exigindo forccedilosamente anaacutelises mais pontuais e

primorosas das praacuteticas contratuais impostas por esta dinacircmica bem como das

relaccedilotildees juriacutedicas existentes entre fornecedores e consumidores dos produtos e

serviccedilos bancaacuterios

Nos dizeres de Martins (2001 p 408) colhe que

ldquoDentre as inuacutemeras operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

serviccedilos que os bancos podem realizar citaremos as operaccedilotildees

de cacircmbio o ldquodel credererdquo bancaacuterio o cacircmbio manual ou simples

troca de moedas as cobranccedilas as transferecircncias de somas de

19

uma praccedila para outra por conta de terceiro as compras e vendas

de valores moacuteveis os depoacutesitos em custoacutedia e os serviccedilos de

cofres individuaisrdquo

O relacionamento contratual entre as Instituiccedilotildees

Financeiras e Bancaacuterias e seus clientes no que tange aos pressupostos do

ordenamento juriacutedico estaacute tutelado pela Lei ndeg 8078 de 11 de setembro de 1990

intitulado de Coacutedigo de Defesa do Consumidor combinada com as Resoluccedilotildees

2878 de 267200 Resoluccedilatildeo 2892 de 2792001 posteriormente alteradas

pela Resoluccedilatildeo Bacen 3518 06122007 editada pelo Banco Central do Brasil

Todo este arcabouccedilo juriacutedico surgiu com o intuito de disciplinar e equilibrar as

relaccedilotildees de consumo existente nos diversos serviccedilos prestados pelas instituiccedilotildees

bancarias no que tange a prestaccedilatildeo dos serviccedilos bancaacuterio

No posicionamento do doutrinador Silveira (2004 p 142)

observa que

ldquoJaacute se alcunhou tal resoluccedilatildeo de Coacutedigo de Defesa do

Consumidor Bancaacuterio ou coisa similar expressatildeo infeliz que

somente revela a presunccedilatildeo do segmento econocircmico em

sobrepor-se agrave legislaccedilatildeo federal na vatilde esperanccedila de convencer o

cidadatildeo com outra legislaccedilatildeo capaz de defender o consumidor

Isto eacute o escopo eacute bem determinado nas relaccedilotildees banco-cliente

natildeo se aplicaria o CDC mas a Resoluccedilatildeo nordm 28782001 ()

Primeiramente gostaria de destacar que uma Resoluccedilatildeo natildeo

poderia sobrepor-se a uma lei ordinaacuteria por mais boa vontade que

tivesse Afastando-se este aspecto puramente formal a relaccedilatildeo de

consumo natildeo desapareceria num toque maacutegico porque o Banco

Central e caterva assim queremrdquo

Em estudo monograacutefico Leoni (2007 p 47) afirma que

ldquoO CDC regula as relaccedilotildees de consumo do balcatildeo de atendimento

para a rua incluindo-se como balcatildeo para todos os efeitos os

caixas eletrocircnicos fora das agecircncias em nada se imiscuindo no

funcionamento dos bancos do balcatildeo para dentro e muito menos

interferindo no sistema financeiro nacional Aliaacutes tivesse o CDC

essa forccedila legal de ingerecircncia que se lhe tenta emprestar

digamos assim ingenuamente haacute muito o spread bancaacuterio

estaria reduzido a niacuteveis financeira e moralmente aceitaacuteveis Ou

20

algueacutem jaacute viu o CDC dispor como deve ser elaborado um DOC

uma guia de depoacutesito em conta corrente ou um termo de

sustaccedilatildeo de chequesrdquo

Apoacutes consideraccedilotildees sobre os conceitos acima elencado no

proacuteximo capiacutetulo trataremos do que seja contratos bancaacuterio e de adesatildeo

atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas bancaacuterias e suas alteraccedilotildees

21

3 DOS CONTRATOS NAS RELACcedilOtildeES BANCAacuteRIAS

A maioria dos contratos eacute em geral celebrada por

particulares regulamentando as suas vontades Tais contratos satildeo regidos por

normas direcionadas como por exemplo as que regulam as relaccedilotildees de

consumo trabalhista locaccedilotildees planos de sauacutede e financeiras pois o Coacutedigo Civil

brasileiro prevecirc a existecircncia deste contratos

Neste sentido afirma Gomes (2001 p 7) em se tratando de

contrato os principais ou seja os mais regulares nas relaccedilotildees contratuais satildeo a

compra e venda a troca a doaccedilatildeo a promessa de venda a locaccedilatildeo a

empreitada o transporte o empreacutestimo o depoacutesito o mandato a comissatildeo a

representaccedilatildeo dramaacutetica a constituiccedilatildeo de renda o seguro a fianccedila a transaccedilatildeo

os contratos bancaacuterios e os de incorporaccedilatildeo imobiliaacuteria entre outros

Pereira (2003 p 14) aduz que quando vivemos em uma

sociedade organizada como eacute as vidas nos dias atuais seraacute frequumlente a

realizaccedilatildeo cotidiana de contratar pois contratamos mesmo quando adquirimos

um simples jornal numa banca de revista ateacute a mais requintada complexidade

dos mesmos

Nos ensinamentos de Diniz (2003 p 24) colhe que todos os

contratos seratildeo feitos conforme o interesse das partes de acordo com suas

vontades amparados pela norma legal objetivando impor modificar ou extinguir

obrigaccedilotildees advindas relaccedilatildeo contratual pactuadas entre as partes

No dizeres de Gomes (2001 p 46) tem que

ldquoO individualismo juriacutedico ergue o contrato agrave altura de instrumento

insubstituiacutevel das relaccedilotildees humanas A vida econocircmica haacute de ser

vivida atraveacutes de contratos a fonte por excelecircncia das obrigaccedilotildees

Eacute pelo consentimento livre e espontacircneo que os homens tecircm de

interrelacionar-se E assim todo fato juriacutedico haacute de ser uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos de direito dos quais um eacute o sujeito

ativo e o outro o sujeito passivordquo

22

Para Capez (2006 p 9) todos os atos juriacutedicos requerem o

contrato bancaacuterio para sua existecircncia vaacutelida haacute que seguir a imposiccedilatildeo prescrita

no art 104 da lei 10406 de 2002 ou seja tem que ser um agente capaz objeto

liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei Em sua essecircncia o contrato

bancaacuterio visa o creacutedito que constitui o seu objeto primordial Exatamente por isso

que se classificam em operaccedilotildees de intermediaccedilatildeo de credito (captaccedilatildeo e

concessatildeo) como principais

No mesmo sentido em relaccedilatildeo aos contratos bancaacuterios

infere Marques (2005 p 504) que esta designa da definiccedilatildeo da funccedilatildeo

econocircmica e que se relaciona com o conceito juriacutedico de atividade bancaacuteria ou

seja o contrato bancaacuterio eacute o meio em que a populaccedilatildeo utiliza para guardar suas

economias ou apenas pagar suas contas Os contratos bancaacuterios mais comuns

satildeo o depoacutesito bancaacuterio o de conta corrente poupanccedila ou a prazo fixo o

contrato de custoacutedia o de guarda de valores de abertura de creacutedito o

empreacutestimo e de financiamento Desta forma caracteriza como contrato de

adesatildeo por excelecircncia

Conforme aduz Covello (2001 p 38)

ldquoA classificaccedilatildeo tradicional e ao mesmo tempo mais acolhida na

praacutetica bancaacuteria eacute aquela que divide as operaccedilotildees de banco de

conformidade com o creacutedito em fundamentais e assessoacuterias

As operaccedilotildees fundamentais ou tiacutepicas satildeo as que implicam a

intermediaccedilatildeo do creacutedito funccedilatildeo preciacutepua dos Bancos que como

vimos recolhem dinheiro de uns para concedecirc-lo a outros

Dividem-se em passivas (as que tecircm por objeto a procura e

provisatildeo de fundos sendo assim denominadas por importarem em

ocircnus e obrigaccedilotildees para o Banco que na relaccedilatildeo juriacutedica se torna

devedor) e ativas (as que visam agrave colocaccedilatildeo e ao emprego

desses fundos por meio dessas operaccedilotildees o Banco se torna

credor do cliente)

Constituem operaccedilotildees passivas os depoacutesitos as contas correntes

os redescontos enquanto as principais operaccedilotildees ativas satildeo os

23

empreacutestimos os financiamentos as aberturas de creacutedito os

descontos os creacuteditos documentaacuterios as antecipaccedilotildees etc

As operaccedilotildees acessoacuterias ou neutras (assim chamadas por natildeo

implicarem nem a concessatildeo nem o recebimento do creacutedito)

possuem significaccedilatildeo menor para os Bancos que soacute as realizam

com o fito de atrair clientela Definem-se como verdadeiras

prestaccedilotildees de serviccedilo custoacutedia de valores caixa de seguranccedila

cobranccedila de tiacutetulos e outrasrdquo

Portanto nos moldes da FEBRABAN (2002 p 10) tal

contrato possui linguagem empregada pela instituiccedilatildeo financeira na comunicaccedilatildeo

com clientes e usuaacuterios devendo ser clara precisa e direta Os clientes e demais

usuaacuterios sem preacutevio conhecimento devem ser informados dos produtos e

serviccedilos colocados a sua disposiccedilatildeo e soacute apoacutes sua aceitaccedilatildeo expressa eacute que

teratildeo aceitado as condiccedilotildees estabelecidas nas transaccedilotildees realizadas Aleacutem disso

o tamanho das letras deve permitir a leitura das claacuteusulas sem nenhuma

dificuldade Essa clareza de linguagem deve estar presente natildeo soacute nas claacuteusulas

de contratos firmados entre o cliente e o banco mas tambeacutem nos informes

publicitaacuterios nas tabelas de tarifas e nos lanccedilamentos registrados nos extratos

Todas as informaccedilotildees necessaacuterias sobre prazos valores negociados taxas de

juros taxas de mora e de administraccedilatildeo tributos e contribuiccedilotildees incidentes

comissatildeo de permanecircncia encargos moratoacuterios multas por inadimplecircncia e

formas de liquidaccedilatildeo etc deveratildeo ser claramente disponibilizadas aos usuaacuterios e

clientes

Ainda com relaccedilatildeo ao contrato bancaacuterio Rizzardo (1997 p

19) aduz ser o viacutenculo obrigacional que une a instituiccedilatildeo financeira agrave pessoa

fiacutesica ou juriacutedica visando a constituiccedilatildeo do creacutedito o qual eacute definido ldquocomo toda

operaccedilatildeo monetaacuteria pela qual se realiza uma prestaccedilatildeo presente contra a

promessa de uma prestaccedilatildeo futurardquo

Diniz (1995 p 239) afirma que os contratos bancaacuterios satildeo

negoacutecios juriacutedicos que envolvam em um poacutelo uma empresa a exercer atividades

proacuteprias de bancos (autorizada pelo Banco Central) e noutro poacutelo o tomador do

serviccediloproduto (consumidor) sendo este o destinataacuterio final

24

Neste sentido ensina Coelho (2000 p 116) que

ldquoO banco eacute sempre fornecedor porque explora atividade de

prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios mas o outro contratante pode ou

natildeo se enquadrar nos contornos do conceito legal de consumidor

Assim se o banco contrata com o destinataacuterio final da operaccedilatildeo

financeira caracteriza-se a relaccedilatildeo de consumo e o contrato

bancaacuterio submete-se ao Coacutedigo de Defesa do Consumidorrdquo

Com sua argumentaccedilatildeo sobre o tema in comento Marques

(1995) discorre acerca da importacircncia dos contratos bancaacuterios e de creacutedito e sua

grande relevacircncia junto aos consumidores de creacutedito que o vivenciam em seu

dia-a-dia A predominacircncia da jurisprudecircncia eacute pela aplicabilidade da regras do

CDC a estes tipos contratos pois os consumidores sendo vulneraacuteveis na relaccedilatildeo

contratual deparando-se com claacuteusulas abusivas estaratildeo amparados pelas

normas do Coacutedigo consumerista

31 Da Atividade Bancaacuteria

Conforme aduz Pereira (2003 p 108) por conta da

dinacircmica da convivecircncia cosmopolitana as instituiccedilotildees financeiras notadamente

as bancaacuterias ocupam inegaacutevel relevacircncia no cenaacuterio atual Torna inimaginaacutevel

em um mundo globalizado a existecircncia de pessoas que independente da classe

social em que orbitam mesmo ocasionalmente natildeo lanccedilaram matildeo de serviccedilos

bancaacuterios para soluccedilatildeo de algum problema ou se apropriassem legitimamente de

benefiacutecios financeiros sociais etc Os bancos exercem funccedilatildeo relevante na vida

da populaccedilatildeo brasileira Por isto as atividades bancaacuterias satildeo tomadas pelo

legislador como objeto de regulamentaccedilatildeo especial e disciplinadas como

operaccedilotildees muitas vezes ligadas agrave ordem puacuteblica e ao interesse coletivo

Em virtude da previsatildeo da Lei nordm 459564 (artigo 17 cc

artigo 18 sect1ordm) satildeo instituiccedilotildees financeiras e autorizadas pelo Banco Central do

Brasil os Estabelecimentos Bancaacuterios Oficiais e Privados (lato sensu Bancos

Comerciais Bancos de Investimento Bancos de Desenvolvimento e Bancos

Muacuteltiplos com Carteira Comercial) as Sociedades de Creacutedito Financiamento e

25

Investimento (bdquoFinanceiras‟) as Caixas Econocircmicas as Cooperativas de Creacutedito e

Cooperativas que possuem Seccedilatildeo de Creacutedito

Tambeacutem as Leis 438064 (artigo 8ordm) e 951497 (artigo 1ordm) e

a Resoluccedilatildeo nordm 198093 (artigos 1ordm e 2ordm) do Conselho Monetaacuterio Nacional

entendem como instituiccedilotildees financeiras os Bancos Muacuteltiplos com Carteira de

Creacutedito Imobiliaacuterio as Sociedades de Creacutedito Imobiliaacuterio as Associaccedilotildees de

Poupanccedila e Empreacutestimo as Companhias de Habitaccedilatildeo as Fundaccedilotildees

Habitacionais os Institutos de Previdecircncia exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo

de Creacutedito Imobiliaacuterio as Companhias Hipotecaacuterias as Carteiras Hipotecaacuterias dos

Clubes Militares os Montepios Estaduais e Municipais exclusivamente com

relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio as Entidades e Fundaccedilotildees de Previdecircncia

Privada exclusivamente com relaccedilatildeo agrave Seccedilatildeo de Creacutedito Imobiliaacuterio

Na definiccedilatildeo de Coelho (2003 p 448) por atividade

bancaacuteria entende a arrecadaccedilatildeo intermediaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeo de seus recursos

financeiros ou de terceiros em dinheiro nacional ou internacional Para que o

contrato seja considerado bancaacuterio eacute indispensaacutevel a participaccedilatildeo de uma

instituiccedilatildeo financeira (banco) Esse conceito que se conclui da definiccedilatildeo legal de

instituiccedilotildees financeiras (LRB art 17) abrange vaacuterias operaccedilotildees econocircmicas

destinadas a concessatildeo e veiculaccedilatildeo do creacutedito

32 Do Contrato de Adesatildeo

No dizer de Pereira (2005 p 45) com relaccedilatildeo ao contrato

de adesatildeo uma das partes da relaccedilatildeo juriacutedica elabora todas as claacuteusulas dentro

de sua comodidade porque exerce monopoacutelio da relaccedilatildeo dos produtos e serviccedilos

essenciais existentes na sociedade e a outra parte contratante no geral mais

fraca e na necessidade de contratar adere mas natildeo tem espaccedilo agrave discussatildeo

preacutevia do que estaacute pactuado

Conforme Sene (2002) por sua vez caracteriza-se de forma

evidente que os contratos de adesatildeo satildeo previamente contratos tipo formulaacuterio e

jaacute impressos contendo claacuteusulas previamente estabelecidas por uma da partes

onde em geral a parte mais fraca e carente natildeo tem poderes ou oportunidade

26

de debater as condiccedilotildees de estabelecer modificaccedilotildees no esquema proposto e

por isso acaba aderindo

No ensinamento de Gomes (2001 p 84) referindo ao

contrato de adesatildeo obriga um dos poacutelos a aceitar todo o conteuacutedo das claacuteusulas

estabelecidas pela outra Por conta disto adere a uma situaccedilatildeo contratual

imposta em que encontra definida em todos os seus termos O consentimento

manifesta como simples adesatildeo a conteuacutedo preestabelecido da relaccedilatildeo juriacutedica

Conforme entendimento de Milhomens e Alves (2001 p 43)

ldquoDefine-se contrato de adesatildeo ou contrato por adesatildeo aquele em

que as claacuteusulas satildeo previamente estipuladas por uma das partes

de modo que a outra em geral mais fraca e carente de contratar

natildeo tem poderes ou oportunidade de debater as condiccedilotildees de

introduzir modificaccedilotildees no esquema proposto por isso mesmo

adere Exemplifica-se com os contratos de forccedila e luz telefone

transporte coletivordquo

Os contratos firmados entre bancos ou financeiras que natildeo

fornecerem uma coacutepia do contrato de adesatildeo ao cliente em conformidade com o

artigo 46 do CDC desobriga este a cumpri-lo

ldquoArt 46 os contratos que regulam as relaccedilotildees de consumo natildeo

obrigaratildeo os consumidores se natildeo lhes for dada a oportunidade

de tomar conhecimento preacutevio de seu conteuacutedo ou se os

respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcancerdquo

Neste entendimento expressa Gama (2001 p 41) que

devido a sua vulnerabilidade descreve o referido diploma legal nos casos em

que natildeo for dado ao cliente conhecer o inteiro teor do avenccedilado no contrato ou

se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a

compreensatildeo de seu sentido e alcance o consumidor natildeo fica obrigado a cumpri-

lo

O artigo 54 do Coacutedigo de Proteccedilatildeo ao Consumidor conceitua

o contrato de adesatildeo e seu sect 4ordm explicita que as claacuteusulas contratuais que

27

onerarem o consumidor deveraacute ser escritas claramente para sua melhor

compreensatildeo dispondo como deve a claacuteusula limitativa estar inserida dentro do

contrato natildeo vedando portanto a utilizaccedilatildeo da mesma e sim disciplinando sua

existecircncia no contexto contratual de relaccedilatildeo de consumo dentre os dois poacutelos da

obrigaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave claacuteusula abusiva esta eacute considerada nula de

pleno direito conforme disposto no artigo 51 do referido Coacutedigo O rol do referido

artigo natildeo eacute taxativo nem exaustivo e sim meramente exemplificativo Qualquer

claacuteusula que restringa direitos ou obrigaccedilotildees fundamentais inerentes agrave lei ou ao

contrato que se mostre excessivamente onerosa para o consumidor que seja

incompatiacutevel com a boa-feacute ou a equumlidade consoante art 51 e sect 1ordm do Coacutedigo do

Consumidor eacute consideradas abusiva

Nos ensinamento do mestre Theodoro Junior (2001 p22)

ldquoAssim nas sociedades atuais dominadas pelo regime das

operaccedilotildees de massa a adoccedilatildeo pelos fornecedores de contratos

uniformes ou submetidos a condiccedilotildees gerais unilateralmente

estipuladas eacute um imperativo da ordem econocircmica vigente

Nenhuma lei proiacutebe semelhante praacutetica negocial O que as leis de

proteccedilatildeo ao consumidor fazem eacute apenas impedir que o contrato

de adesatildeo sirva para a imposiccedilatildeo de claacuteusulas abusivas e iniacutequas

Eacute contra elas e natildeo contra o contrato de adesatildeo em si que se

voltam as leis protetivas da parte vulneraacutevel dos negoacutecios

padronizadosrdquo

Portanto como aduz Marques (2005 p 71) tem que o

contrato de adesatildeo seraacute sempre aquele cuja claacuteusula eacute preestabelecida pelo

fornecedor sendo este o poacutelo mais forte da relaccedilatildeo contratual restando ao poacutelo

mais fraco desta relaccedilatildeo apenas assinaacute-lo sem que possa discutir ou modificar o

conteuacutedo transcrito no contrato

Nesse sentido alude Pereira (2005 p 45) que a atividade

negocial dos bancos vem impondo a contrataccedilatildeo por adesatildeo Os bancos por sua

vez ao captarem seus clientes e ao proporem seus produtos fazem de maneira

geneacuterica isto eacute instrumentos legais previamente redigidos e apresentados de

28

maneira impressa padratildeo cabendo aos clientes e usuaacuterios aceitar suas claacuteusulas

e convenccedilotildees sem qualquer discussatildeo

Como leciona Nery Junior (1999) o ponto marcante desta

forma de contratar estaacute centrada na inalterabilidade de suas disposiccedilotildees

cabendo ao cliente ou usuaacuterio o livre arbiacutetrio para assinaacute-lo ou natildeo Esta eacute a

forma impositiva do instrumento formal contratual

Conforme leciona Milhomens e Alves (2001 p 113)

ldquoContratos bancaacuterios satildeo negoacutecios juriacutedicos do gecircnero por

adesatildeo nos quais uma das partes deveraacute ser empresa autorizada

ao exerciacutecio de atividades proacuteprias de bancos sem que tenha

necessariamente a qualidade de banqueirordquo

33 Tarifas e Taxas Bancaacuterias

Conforme a Federaccedilatildeo Brasileira dos Bancos ndash FEBRABAN

(2004 p 42) os serviccedilos bancaacuterios satildeo fornecidos aos seus clientes mediante

remuneraccedilatildeo As instituiccedilotildees bancaacuterias oferecem pacotes com tarifas unificadas

contendo um conjunto de serviccedilos definido pelos bancos e satildeo oferecidos

conforme a necessidade de cada cliente A cobranccedila ocorre sempre que o cliente

utiliza determinados serviccedilos eou produtos bancaacuterios Aleacutem disso o cliente natildeo

estaacute isento do pagamento avulso pela utilizaccedilatildeo de qualquer item extra-pacote

posto que as tarifas debitadas em conta-corrente devem estar claramente

identificadas no extrato mensal fornecido ao cliente

Eacute importante fazer esta diferenciaccedilatildeo entre taxas e tarifas

bancaacuterias Conforme definiccedilatildeo do Banco Central do Brasil tem que

ldquoTarifa eacute a remuneraccedilatildeo do banco por um serviccedilo que prestou ao

cliente natildeo se enquadrando nos requisitos legais Por sua vez a

taxa eacute estabelecida pelo Banco Central cuja cobranccedila serviraacute

para remunerar um determinado serviccedilo puacuteblico pois estaacute definida

em leirdquo

29

Para Filomeno (2005 p 41) ao se referir a tarifas aduz que

ldquoNatildeo se haacute confundir por outro lado referidos tributos com tarifas

esta sim inseridas no contexto dos serviccedilos ou mais

particularmente preccedilo puacuteblico como remuneraccedilatildeo paga pelo

consumidor dos serviccedilos puacuteblicos prestados diretamente pelo

Poder Puacuteblico ou entatildeo mediante regime de concessatildeo ou

permissatildeo pela iniciativa privada por exemplo os serviccedilos de

transportes coletivos de telefonia energia eleacutetrica gaacutes etcrdquo

Appel (2006) afirma que os clientes bancaacuterios por vezes

ficam sem saber quais tarifas satildeo cobradas e de acordo com as Resoluccedilotildees nordm

2303 de 250796 que regula as tarifas nordm 28782001 e por uacuteltimo nordm

35182007 ambas editados pelo Bacen os bancos estatildeo autorizados a cobrar

tarifas por diversos serviccedilos prestados ao cliente desde que essa cobranccedila seja

previamente informada em quadros demonstrativos afixados em locais visiacuteveis

das agecircncias com antecedecircncia As alteraccedilotildees tanto para inclusatildeo de novas

tarifas quanto para reajuste das jaacute cobradas tambeacutem teratildeo que ser comunicadas

com antecedecircncia

34 Da Relaccedilatildeo de Consumo Bancaacuterio

Entende por Direito do Consumidor o agrupamento de

normas juriacutedicas que visam regular as relaccedilotildees estabelecidas entre o consumidor

e o fornecedor Esta relaccedilatildeo eacute denominada relaccedilatildeo juriacutedica de consumo

O capiacutetulo II em seu Art 4ordm da lei consumerista que trata da

Poliacutetica Nacional de Relaccedilotildees de Consumo tem por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores pois eacute considerado o poacutelo vulneraacutevel nesta

relaccedilatildeo mas buscando sempre a harmonia entre consumidor e o fornecedor

Na definiccedilatildeo de Stoco (1996 p 411) as relaccedilotildees de

consumo satildeo relaccedilotildees juriacutedicas que por sua vez produzem consequumlecircncias no

mundo juriacutedico No entanto pressupotildee dois poacutelos de interesses consumidor -

fornecedor e a coisa (produtos e serviccedilos) objeto desses mesmos interesses O

produto como objeto da relaccedilatildeo de consumo eacute o bem juriacutedico agravequele que goza de

tutela juriacutedica tem natureza patrimonial e valor econocircmico Natildeo se confundem

30

poreacutem com bens sem apreciaccedilatildeo econocircmica e cunho subjetivo como o direito ao

nome creacutedito e outros

No entendimento de Nery Junior (1991) e Cretella (1992)

as relaccedilotildees de consumo em se tratando de operaccedilotildees bancaacuterias como nos

contratos de cartatildeo de creacutedito e cheque especial em que um consumidor

destinataacuterio final venha a repassar a terceiro equiparado a consumidor estaratildeo

amparados pelo Coacutedigo de Defesa do Consumidor pois restaratildeo configuradas

novas relaccedilotildees de consumo

Conforme siacutentese elaborada pelo professor Nery Junior

(1999)

ldquoCaracterizam-se os serviccedilos bancaacuterios como relaccedilotildees de

consumo por serem remunerados por serem oferecidos de modo

amplo e geral despersonalizado por serem vulneraacuteveis os

tomadores de tais serviccedilos na nomenclatura proacutepria do CDC pela

habitualidade e profissionalismo na sua prestaccedilatildeo A prestaccedilatildeo de

serviccedilo originaacuteria de uma relaccedilatildeo de trabalho devidamente regida

pela legislaccedilatildeo trabalhista natildeo seraacute caracterizada como relaccedilatildeo

de consumo pois a atividade subordinada com vinculo

empregatiacutecio natildeo eacute serviccedilo para fins de defesa do consumidorrdquo

Segundo Silva (2004 p 68) as relaccedilotildees que se

estabelecem entre instituiccedilotildees financeiras figuram de um lado os clientes e

usuaacuterios como destinataacuterios finais e de outro as instituiccedilotildees bancaacuterias Estas

relaccedilotildees qualificam como tiacutepicas relaccedilotildees de consumo amparadas pela norma do

coacutedigo consumerista Por isto em se tratando de consumidor pessoa fiacutesica natildeo

haveraacute de surgir qualquer duacutevida quando ocorre uma prestaccedilatildeo de serviccedilos

bancaacuterios posto a sua disposiccedilatildeo

Na relaccedilatildeo bancaacuteria e financeira Donato (1994 p 263)

infere que

ldquoEm se tratando de consumidor - pessoa fiacutesica - natildeo haveraacute de

surgir qualquer duacutevida Vale dizer ocorrendo uma prestaccedilatildeo de

serviccedilos bancaacuterios onde figurem de um lado na qualidade de

fornecedor um determinado banco comercial e de outro na

31

qualidade de consumidor uma pessoa fiacutesica qualquer que

contrate objetivando uma destinaccedilatildeo final parece-nos evidente

que essa relaccedilatildeo juriacutedica se caracterizaraacute como uma relaccedilatildeo de

consumo A inclusatildeo da pessoa fiacutesica enquanto consumidor eacute

clara segundo o texto da leirdquo

35 Do Usuaacuterio dos Serviccedilos Bancaacuterio

Conforme FEBRABAN (2004) os bancos devem atender

sem qualquer discriminaccedilatildeo quanto ao horaacuterio e local tanto os seus clientes

quanto os seus usuaacuterios natildeo correntistas

Conforme a Resoluccedilatildeo Bacen 351807 art 1ordm paraacutegrafo

uacutenico o cliente bancaacuterio eacute o correntista ou seja o que tem um viacutenculo contratual

de produtos e serviccedilos e que natildeo se utilize de forma esporaacutedica dos mesmos

com a instituiccedilatildeo bancaacuteria e o usuaacuterio natildeo tem vinculo contratual expresso com

os bancos mas se utiliza o de produtos ou de serviccedilo prestado por estes

Jaacute quanto agrave pessoa juriacutedica Silva (2004 p 69) aduz que

ldquoNo tocante agraves pessoas juriacutedicas merecem uma avaliaccedilatildeo mais

criteriosa para serem consideradas ou natildeo consumidoras nos

moldes do Coacutedigo de Defesa do Consumidor Neste caso

dependeraacute da finalidade atribuiacuteda agrave relaccedilatildeo de consumo isto eacute da

destinaccedilatildeo dessa contrataccedilatildeo bancaacuteria e a partir daiacute da anaacutelise a

ser realizada pelo judiciaacuterio da sua vulnerabilidade que seraacute

analisada caso a casordquo

O quarto conceito de consumidor estaacute definido no CDC em

seu art 29 dispondo que para fins deste capiacutetulo e do seguinte equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praacuteticas

nele previstas

Na concepccedilatildeo de Gama (2001 p 12) para natildeo gerar

duacutevidas o Coacutedigo enquadra qualquer pessoa exposta agraves praacuteticas comerciais ou

contratuais na qualidade de consumidores independentemente da circunstacircncia

que se encontre merecendo portanto agrave proteccedilatildeo contratual (paraacutegrafo uacutenico do

arts 2ordm e 29) Uma outra equiparaccedilatildeo a consumidor eacute a que o Coacutedigo reserva agrave

32

viacutetima do acidente de consumo (art 17) pois o que se exige eacute a simples

exposiccedilatildeo agrave praacutetica mesmo que natildeo se consiga apontar concretamente um

consumidor que esteja nas vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviccedilo

Novais (2001 p 140) esclarece que atraveacutes do conceito

previsto no artigo 29 chegou a mais importante norma extensiva do campo de

aplicaccedilatildeo da nova lei superando os limites impostos agraves relaccedilotildees com um natildeo

destinataacuterio final mas vulneraacutevel Observa que o referido artigo traz um conceito

de consumidor aplicaacutevel ao Capiacutetulo V que trata das praacuteticas comerciais e ao

Capiacutetulo VI que trata da Proteccedilatildeo Contratual

Benjamin (2004 p 241) conceitua praacuteticas comerciais como

os procedimentos mecanismos e teacutecnicas utilizadas pelos fornecedores para

mesmo indiretamente fomentar manter desenvolver e garantir a circulaccedilatildeo de

seus produtos e serviccedilos ateacute o seu destinataacuterio final

Conforme Donato (1994 p 229) praacuteticas comerciais satildeo

teacutecnicas meios de que o fornecedor se utiliza para comercializar vender oferecer

o seu produto ao consumidor potencial atingindo a quem se pretende transformar

em destinataacuterio final o consumidoradquirente

Nos ensinamentos de Bonatto (1998) colhe que

o viacutenculo que se estabelece entre um consumidor destinataacuterio

final e entes a ele equiparados e um fornecedor profissional

decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um

acidente de consumo a qual sofre a incidecircncia de norma juriacutedica

especiacutefica com o objetivo de harmonizar as interaccedilotildees

naturalmente desiguais da sociedade moderna de massa

Nas palavras da Marques (2002 p 452)

ldquoObservamos poreacutem que o sistema do CDC eacute um sistema aberto

que trabalha com a teacutecnica de equiparaccedilatildeo de pessoas agrave situaccedilatildeo

de consumidor quando se constatar o desequiliacutebrio contratual e a

vulnerabilidade (teacutecnica juriacutedica ou faacutetica) da pessoa que contrata

com o fornecedorrdquo

33

36 Alteraccedilotildees Impostas pela Resoluccedilatildeo 3518 de dezembro de 2007

editada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Em que pese ser editada em dezembro de 2007 esta

Resoluccedilatildeo tem sua aplicabilidade a partir de 30 de abril de 2008

Atraveacutes desta normativa o Banco Central do Brasil

determinou que as instituiccedilotildees financeiras instituam siglas e descriccedilotildees

padronizadas de tarifas objetivando facilitar a comparaccedilatildeo entre os valores

cobrados pelos bancos Esta normativa tambeacutem determina que as Instituiccedilotildees

Bancaacuterias afixem cartazes nas agecircncias informando a tabela de tarifas com seu

correspondente valor bem como as publique em seus siacutetios eletrocircnicos na web

Mudanccedilas significativas foram introduzidas entre as quais a

criaccedilatildeo de uma nova categoria de serviccedilos bancaacuterios denominada de ldquoserviccedilos

essenciais gratuitosrdquo Nesta categoria foram incluiacutedos os serviccedilos e produtos

que as instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo poderatildeo cobrar tarifas tais como o fornecimento

de cartatildeo de deacutebito 10 (dez) folhas de cheques por mecircs 04 (quatro) saques no

caixa ou terminal de auto-atendimento 02 (dois) extratos graacutetis por mecircs contendo

a movimentaccedilatildeo mensal e 02 (duas) transferecircncias entre contas do mesmo

banco Conforme tabela em anexo

Por conta desta Resoluccedilatildeo os serviccedilos bancaacuterios foram

divididos em 04 (quatro) classificaccedilotildees na seguinte formataccedilatildeo

Essenciais normatizados no art 2ordm referem aos

serviccedilos mais usuais pela maioria dos clientes do

sistema bancaacuterio teratildeo sua tarifaccedilatildeo proibida dentro

dos limites quantitativos ali especificados

Prioritaacuterios Aqueles relacionados na Tabela I anexa agrave

Circular 3371 do Bacen

Especiais Normatizado no seu art 4ordm refere agravequeles

tratados por leis e normas especiacuteficas tais como creacutedito

rural creacutedito imobiliaacuterio etc

34

Diferenciados Amparado pelo seu art 5ordm poderatildeo ser

cobrados desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio

suas condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento como por

exemplo aluguel de cofres abono de assinaturas etc

No bojo entende que a adesatildeo passa a ser facultativa no

que tange aos ldquoServiccedilos essenciaisrdquo possibilitando ao cliente o uso destes

serviccedilos sem a adesatildeo de qualquer ldquopacoterdquo

Esta nova modelagem determina que o cliente deveraacute

informar no seu Banco de que forma se daraacute esta adesatildeo ou seu posterior

cancelamento posto que cada Instituiccedilatildeo operacionalizaraacute de forma proacutepria A

rigor o ldquoPacote Padronizadordquo estaraacute disponiacutevel para todos os clientes com os

serviccedilos cobrado conforme tabela publicada previamente

Em seu art 10 a Resoluccedilatildeo 35182007 determina que as

majoraccedilotildees deveratildeo ocorrer semestralmente possibilitando sua reduccedilatildeo a

qualquer tempo

Na avaliaccedilatildeo de Valente (2008) referindo as novas medidas

tomados pelo Governo Federal

ldquoAs novas medidas do CMN tambeacutem natildeo obrigam os bancos a

justificar o valor de cada tarifa deixando-os livres da explicaccedilatildeo

da relaccedilatildeo entre o preccedilo cobrado do cliente e o custo do serviccedilo

prestado Tatildeo pouco impotildee um teto maacuteximo agrave lucratividade das

instituiccedilotildees com a cobranccedila de taxas Ou seja ldquo() os bancos

continuam liberados para tarifar a populaccedilatildeo como bem

entenderem Continua valendo a falta de transparecircncia a

regulamentaccedilatildeo natildeo responde agrave ausecircncia de concorrecircncia entre

os bancos e o pouco anunciado teraacute impacto reduzido para os

consumidoresrdquo

Conforme consideraccedilotildees sobre os conceitos do que seja

contratos bancaacuterio e de adesatildeo atividade bancaria relaccedilatildeo de consumo e tarifas

bancaacuterias e suas alteraccedilotildees No proacuteximo capiacutetulo seraacute demonstrado agrave importacircncia

da intervenccedilatildeo do Estado nas tarifas bancaacuterias passando por uma anaacutelise da ADI

259101 e mostrar alguns dos aspectos prejudiciais aos consumidores de creacutedito

35

4 DA INTERVENCcedilAtildeO () DO ESTADO NAS TARIFAS BANCAacuteRIAS

Segundo Silva (1997 p 254) o legislador constituinte ao

escrever a norma da constituiccedilatildeo de 1988 foi tiacutemido ao dispor sobre proteccedilatildeo e

defesa dos consumidores pois descreveu que segundo seu artigo 5 Inc XXXII

o Estado proveraacute na forma da lei a defesa do consumidor Esta por sua vez

dependeraacute entatildeo de lei que foi promulgada em 11081990 intitulando o Coacutedigo

de Defesa do Consumidor Entretanto sua inserccedilatildeo entre os direitos

fundamentais juntamente com o artigo 170 V da CRFB88 eleva a defesa do

consumidor a princiacutepio da ordem econocircmica Todo este sistema de norma tem o

objetivo de dar efetividade e de legitimar todas as medidas de intervenccedilatildeo estatal

necessaacuterias a assegurar a proteccedilatildeo prevista em na Carta Maior

O Ministro Jobim (ADI n 259101-DF) em suas palavras

aduz que as relaccedilotildees entre consumidor e fornecedor natildeo estatildeo no mesmo niacutevel

por isso que eacute necessaacuteria a intervenccedilatildeo do Poder Puacuteblico a fim de que o poacutelo

mais forte natildeo utilize sua liberdade negocial de contratar para opor seu poderio

econocircmico em relaccedilatildeo do poacutelo mais fraco

Dessa forma a CRFB88 possui preocupaccedilatildeo direta com a

proteccedilatildeo do consumidor em seu art art 5ordm XXXII procurando compensar as

desigualdades entre as parte objetivando maiores restriccedilotildees agrave autonomia do

fornecedor pelo fato de que o consumidor natildeo teria como fixaacute-las em uma relaccedilatildeo

concreta

Nos dizeres de Lucca (2000 p 35) com o objetivo de uma

poliacutetica puacuteblica a defesa do consumidor trata de uma norma princiacutepio-programa

pois age no interesse de toda a sociedade como toda a atividade exige accedilotildees

organizadas para sua execuccedilatildeo que lhe eacute imposta pela lei ou pela constituiccedilatildeo

Para Pereira (1995) a funccedilatildeo econocircmico-social foi portanto

consagrada no contrato para maior proteccedilatildeo se nossa sociedade por assim

sustentando que o direito intervenha para que aja um equiliacutebrio e tutelando a

relaccedilatildeo contratual em razatildeo de sua funccedilatildeo econocircmico-social Ou seja o contrato

deve ser socialmente uacutetil de modo que haja interesse puacuteblico na sua tutela

36

No mesmo diapasatildeo Silva (2000 p 782) infere que

ldquo() A Constituiccedilatildeo jaacute natildeo eacute tatildeo clara como as anteriores quanto

aos modos de atuaccedilatildeo do Estado na economia Fala em

exploraccedilatildeo direta da atividade econocircmica pelo Estado e do Estado

como agente normativo e regulador da atividade econocircmica Quer

dizer o Estado pode ser um agente econocircmico e um agente

disciplinador da economia Pode-se manter em face da atual

Constituiccedilatildeo a mesma distinccedilatildeo que surtia das anteriores qual

seja a de que ela reconhece duas formas de ingerecircncia do Estado

na ordem econocircmica a participaccedilatildeo e a intervenccedilatildeo Ambas

constituem instrumentos pelos quais o Poder Puacuteblico ordena

coordena e atua a observacircncia dos princiacutepios da ordem

econocircmica tendo em vista a realizaccedilatildeo de seus fundamentos e de

seu fim ()rdquo

Para Marques Neto (2002 p 14) a regulaccedilatildeo eacute para

assegurar o equiliacutebrio do paiacutes ou tambeacutem atingir os objetivos puacuteblicos como a

proteccedilatildeo da ordem econocircmica objetivando os mais fracos e a consagraccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas o Estado tem que intervir diretamente e indiretamente

restringindo normatizando e o mais importante incentivando as atividades

econocircmicas cujo objetivo eacute preservar a sua existecircncia

No seu voto o Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 154)

afirma que num Estado democraacutetico de direito a poliacutetica econocircmica eacute o Governo

em que fica responsaacutevel por sua atuaccedilatildeo pois eacute de sua competecircncia criar regra

para a estabilizaccedilatildeo econocircmica comprometido com a poliacutetica monetaacuteria nacional

Na perspectiva de Neves (2003 p 222) regulaccedilatildeo eacute a

produccedilatildeo de um sistema que vise agrave criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionado a

um setor especifico da economia dando maior efetividade seja sobre uma

atividade econocircmica seja sobre um serviccedilo puacuteblico o foco principal eacute o equiliacutebrio

dos interesses existentes no mercado de consumo observando sempre o respeito

agrave dignidade humana

Na visatildeo de Cruz (2004 p 39)

ldquoA intervenccedilatildeo do Estado eacute resultado portanto de uma doutrina

que representou a reaccedilatildeo contra o liberalismo ortodoxo e que

37

passou a admitir a participaccedilatildeo direta e efetiva dos oacutergatildeos estatais

para a efetivaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais destinadas a

garantir iguais oportunidades a todos os cidadatildeos tendo sofrido

muitas variaccedilotildees durante os trecircs uacuteltimos quartos do seacuteculo XXrdquo

Conforme Salomatildeo Neto (2005 p 91)

o BACEN ou BC eacute uma autarquia criada pelo Estado para atuar

como oacutergatildeo executivo central do sistema financeiro cabendo-lhe

a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposiccedilotildees que

regulam o funcionamento do sistema financeiro e as normas

expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional (CMN) ambos

amparados pela lei 459564 lei da reforma bancaacuteria Como

autarquia federal tambeacutem deveria se fazer presente na defesa do

consumidor de creacutedito e sua accedilatildeo deveraacute ser em trecircs principais

aacutereas como editor de normas como agente fiscalizador e

regulador do mercado e como porta voz da sociedade atraveacutes

das Centrais de Atendimento ao Puacuteblico A accedilatildeo normativa se daacute

principalmente por resoluccedilotildees que dispotildee sobre procedimentos a

serem observados pelas instituiccedilotildees financeiras e na prestaccedilatildeo de

serviccedilos aos clientes e ao puacuteblico em geral

Nos ensinamentos de Oliveira (2005)

ldquoEntendemos que o Governo Federal natildeo deve cometer os erros

do passado como ocorreu com o tabelamento dos juros mas

deveria encontrar mecanismos de ordem juriacutedica poliacutetica e

econocircmica visando uma diminuiccedilatildeo gradativa dos juros

Entretanto se o Poder Executivo e o proacuteprio Legislativo apenas

fazem criacuteticas agrave poliacutetica econocircmica do Paiacutes que governam e se

declaram impotentes na questatildeo dos juros estamos diante de um

quarto poder o Poder Financeiro e Bancaacuterio imune a qualquer

tipo de intervenccedilatildeo do Estadordquo

41 Uma Anaacutelise da ADI 2591

Os bancos resolveram impetrar atraveacutes da Confederaccedilatildeo

Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) accedilatildeo direta de Inconstitucionalidade

ADI n 2591 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) O objetivo alegado era

resguardar interesses dos clientes e investidores evitando conflitos judiciais por

38

falta de definiccedilatildeo do Judiciaacuterio sobre a legislaccedilatildeo que se aplicava aos produtos e

serviccedilos bancaacuterios descrito no art 2ordm paraacutegrafo 3ordm do CDC

Marques (2004 p 441) aduz consideraccedilotildees sobre o tema

no sentido de que

O grande perigo ndash ou efeito bola-de-neve ndash da argumentaccedilatildeo

errocircnea e generalizante da ADI eacute poder considerar como tambeacutem

inconstitucionais normas de conduta presentes no tatildeo esperado (e

recentemente aprovado) novo Coacutedigo Civil Brasileiro A analogia

se impotildee pois esta Lei ordinaacuteria 10406 de 10012002 (novo

Coacutedigo Civil Brasileiro) tambeacutem eacute posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988

e possui um amplo campo de aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei

geral rationae materia (civil e comercial) e rationae personae O

Coacutedigo de Defesa do Consumidor em especial o seu art 3ordm sect 2ordm

onde as expressotildees impugnadas se encontram tambeacutem eacute

posterior agrave Constituiccedilatildeo de 1988 e possui um amplo campo de

aplicaccedilatildeo civil e comercial sendo lei geral rationae mateacuteria (civil e

comercial ndash se relaccedilotildees de consumo ndash contratos e atos iliacutecitos)

mas eacute lei especial rationae personae (soacute se aplicando a

consumidores e fornecedores e suas relaccedilotildees)rdquo

No voto do Ministro Jobin (ADI n 259101-DF p 71) em

que destacou como o caso mais abrangente o julgamento do Recurso Especial

106888-PR em que o Ministro Ceacutesar Asfor Rocha decidiu que tem que

estabelecer quais produtos e serviccedilos estariam amparados pela norma do CDC

aos contratos firmados entre as partes ou seja os depoacutesitos em caderneta de

poupanccedila de que aqui se trata ou se apenas na parte relativa agrave expediccedilatildeo de

talonaacuterios fornecimento de extratos cobranccedila de contas guarda de bens e outros

serviccedilos afins

O Superior Tribunal de Justiccedila jaacute consolidou a sua

jurisprudecircncia no sentido da aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor para

todos os tipos de contratos bancaacuterios Assim os julgados do Ministro Ruy Rosado

de Aguiar (REsp nordm 163616-RS inferindo que as instituiccedilotildees financeiras estatildeo

sujeitas agrave disciplina do CDC notadamente

Quanto ao tema da incidecircncia do CDC tenho que nessa parte o

recurso natildeo pode ser conhecido porque a instituiccedilatildeo financeira

39

estaacute sujeita aos princiacutepios e regras do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor conforme estaacute na lei e tem sido admitido nesta

Turma Coacutedigo de Defesa do Consumidor Bancos Claacuteusula

penal Limitaccedilatildeo em 10 Os bancos como prestadores de

serviccedilos especialmente contemplados no artigo 3ordm paraacutegrafo

segundo estatildeo submetidos agraves disposiccedilotildees do Coacutedigo de Defesa

do Consumidorrdquo(grifo nosso)

No mesmo diapasatildeo conforme Min Jobin (ADI n 259101-

DF p 71) o STJ atraveacutes de cinco julgamento1 deu seu entendimento onde

editou a Sumula nordm 297 afirmando que ldquoO Coacutedigo consumerista eacute aplicaacutevel nas

relaccedilotildees em que envolvam agraves instituiccedilotildees financeirasrdquo

Neste sentido ensina Rego (2002) que

ldquoNatildeo haacute que se cogitar o afastamento das instituiccedilotildees financeiras

agrave incidecircncia do Coacutedigo de Defesa do Consumidor ndash o que

romperia entre outros com o princiacutepio da igualdade estabelecido

na Constituiccedilatildeo ndash mas ao reveacutes de se buscar e perseguir a

concretizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas que cumprindo com as

finalidades do Direito Econocircmico e do Direito Constitucional

Econocircmico estejam adequadas ao instituto consumerista para

que se alcance uma sociedade mais justa e economicamente

mais igualitaacuteriardquo

Jaacute encontra superada a discussatildeo da aplicaccedilatildeo do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor aos produtos e serviccedilo bancaacuterios em geral em virtude

da decisatildeo da ADI n 2591 julgada improcedente em junho de 2006 na qual ficou

determinada que nas relaccedilotildees juriacutedicas firmadas entre consumidor e instituiccedilatildeo

financeira eacute aplicaacutevel a Lei n 807890

42 Evoluccedilatildeo Histoacuterica das Resoluccedilotildees do Banco Central

1 RESP 57974 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 2951995 RESP 106888 rel Min Ceacutesar Asfor Rocha DJ 582002

RESP 175795 rel Min Waldemar Zveiter DJ 1051999 RESP 298369 rel Min Carlos Alberto Menezes Direito DJ

2582003 e RESP 387805 rel Minordf Nancy Andrighi DJ 992002 RESP 160861 rel Min Costa Leite DJ 381998

RESP 163616 rel Min Ruy Rosado de Aguiar DJ 381998 RESP 47146 rel Min Ruy Rosado DJ 621995 etc)

40

Conforme FEBRABAN (2007 p 30) quanto agrave legislaccedilatildeo o

marco regulatoacuterio vigente eacute dado por sete resoluccedilotildees e uma Carta-Circular do

Banco Central Satildeo os seguintes os normativos que regulamentam a cobranccedila

das Tarifas Bancaacuterias

Resoluccedilatildeo 1631 (24081989)

Baixar o Regulamento anexo para a abertura e movimentaccedilatildeo de contas de

depoacutesitos agrave vista

Resoluccedilatildeo 2303 (25071996)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Resoluccedilatildeo 2343 (19121996)

Disciplina a remessa de informaccedilotildees de que trata a Resoluccedilatildeo n 2303 de

250796

Carta-Circular 2715 (15011997)

Dispotildee sobre a cobranccedila de tarifas pela utilizaccedilatildeo de documento de creacutedito -DOC

ldquoDrdquo e cheque especiacutefico previstos na Circular n 2733 de 020197

Resoluccedilatildeo 2747 (28062000)

Altera normas relativas a abertura e ao encerramento de contas de depoacutesitos a

tarifas de serviccedilos e ao cheque

Resoluccedilatildeo 3211 (30062004)

Altera e consolida as normas que dispotildeem sobre a abertura manutenccedilatildeo e

movimentaccedilatildeo de contas especiais de depoacutesitos agrave vista e de depoacutesitos de

poupanccedila

41

RESOLUCAO Bacen 2878 (06122001)

Que dispotildee sobre procedimentos a serem observados pelas instituiccedilotildees

financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil na contrataccedilatildeo de operaccedilotildees e na prestaccedilatildeo de serviccedilos aos clientes e ao

puacuteblico em geral

RESOLUCAO Bacen 3518 (06122007)

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das

instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil

Em contra partida conforme CORAUCI SOBRINHO (2005)

no seu Projeto De Lei Nordm 728 De 1999 (apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999

3425 de 2000 978 de 2003 2113de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005

4808 de 2005 e 6441 de 2005) (em anexo)

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 determina que as instituiccedilotildees

financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos

de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma

individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos

debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

Como pode denotar satildeo vaacuterios os projetos lei que ficam parados no legislativo

enquanto facilmente se aprovam as Resoluccedilotildees do Banco central do Brasil

43 Tarifaccedilatildeo Nas Relaccedilotildees Bancaacuterias

Nos dizeres de Cysne amp Costa (1997 p 325) ateacute 1994 a

economia brasileira possuiacutea algumas caracteriacutesticas especiacuteficas tais como o

acentuado processo inflacionaacuterio e uma generalizada indexaccedilatildeo da economia

Esse quadro foi extremamente favoraacutevel aos bancos que se adaptaram a esse

ambiente e conseguiram acumular grandes lucros especulando no sistema

financeiro ou seja atraveacutes do spread nas operaccedilotildees de creacutedito e outras

aplicaccedilotildees financeiras Essa conjuntura que em outras eacutepocas foi responsaacutevel

42

pela desmonetarizaccedilatildeo e colapso do sistema financeiro contribuiu para aumentar

a participaccedilatildeo do setor financeiro na renda nacional

No voto do Ministro Jobin (ADI 259101-DF p 149) busca-

se que

ldquoO SPREAD BANCAacuteRIO constitui-se na diferenccedila entre as taxas

de empreacutestimos praticadas pelos BANCOS ou agentes financeiros

junto aos tomadores de creacutedito (MUTUAacuteRIOS por exemplo) e a

taxa de captaccedilatildeo que eacute a taxa agrave qual os BANCOS tomam

recursos O SPREAD BANCAacuteRIO visa natildeo soacute cobrir os custos das

operaccedilotildees financeiras e portanto as despesas relativas agrave

atividade de intermediaccedilatildeo financeira mas tambeacutem proporcionar

uma margem liacutequida para o intermediaacuterio financeirordquo

Conforme estudos efetuados por Veiga (2007 p 15) apoacutes o

plano real em 1994 houve um forte crescimento da oferta de creacutedito os bancos

com o objetivo de sanar perdas deste tiveram a oportunidade de cobrar tarifas

aumentando seus preccedilos em mais de 920 em menos de cinco anos Como

pode observar no anexo abaixo referente a taxas de abertura de credito

Conforme passagem extraiacuteda do site da FEBRABAN (2007)

ldquoEacute essencial para o desenvolvimento do Paiacutes aumentar o volume

de creacutedito hoje de apenas 28 do PIB no Brasil contra mais de

80 na maioria dos paiacuteses e reduzir as taxas de juros para os

tomadores que estatildeo entre as mais altas do mundo Para atingir

esses objetivos eacute fundamental que os contratos bancaacuterios

livremente negociados entre as partes de acordo com as normas

legais e regulamentares tenham seguranccedila juriacutedica e natildeo estejam

sujeitos a questionamentos com base nos denominados direitos

difusos objetos de accedilotildees civis puacuteblicas ou coletivas previstas na

Lei 807890 que colocariam em risco a proacutepria poupanccedila

popular ou seja os recursos depositados nos bancos pela

sociedaderdquo

De acordo com o Banco Central do Brasil (2007) o total das

receitas advindos da cobranccedila de tarifas em 1993 cobria apenas 607 das

despesas administrativas passando esse percentual em 1998 para 27 As

receitas das tarifas que em 1993 representavam apenas 046 das receitas

43

operacionais passaram a corresponder a 626 em 1998 Esses dados

evidenciam uma certa importacircncia das tarifas bancaacuterias que substituem parte da

transferecircncia de renda que ocorria da sociedade para o mercado financeiro em

periacuteodos inflacionaacuterios

Nos dizeres de Oliveira (2005)

ldquoAssim na base do sistema que permite aos bancos obterem

grandes lucros crescentes a cada ano estaacute uma conjuntura

econocircmica favoraacutevel resume o Secretaacuterio de Acompanhamento

Econocircmico do Ministeacuterio da Fazenda ELCIO TAKESHI O ilustre

Professor de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade de Brasiacutelia

ROBERTO PISCITELLI indagou recentemente que ldquono caso de

algumas grandes instituiccedilotildees a receita com tarifas bancaacuterias eacute

superior agrave proacutepria folha de pagamento dos salaacuteriosrdquo Uma

pesquisa da ABM Consulting realizada com seis grandes bancos

brasileiros revela que as receitas com serviccedilos bancaacuterios

incluindo tarifas cresceram de R$ 48 bilhotildees em 1995 para R$

192 bilhotildees ateacute setembro de 2004 e jaacute correspondem a 1134

do valor gasto com a folha de pagamento dos bancos

Para Veiga (2007 p 22)

ldquoNa evoluccedilatildeo percentual da receita mensal com tarifas bancaacuterias

(receita de serviccedilos menos agrave receita com administraccedilatildeo de fundos

de investimentos) do sistema financeiro A comparaccedilatildeo eacute feita

deflacionando o valor mensal pelo Iacutendice Geral de Preccedilos -

Mercado (IGP-M) apurado pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas e

dividindo toda a seacuterie pelo valor mensal contabilizado em janeiro

de 1996 (jan2006 = 100)

Podemos observar que houve um crescimento real de mais de

130 (cento e trinta por cento) se comparado ao valor de marccedilo

de 2006 ou de 113 (cento e treze por cento) se comparado a

janeiro daquele ano

A receita mensal com tarifas em valores nominais (natildeo

corrigidos) saiu de R$ 431 milhotildees em janeiro de 1996 para

mais de R$ 266 bilhotildees em marccedilo de 2006rdquo

44

Conforme aduz Oliveira (2002 p 188) com a estabilizaccedilatildeo

da economia brasileira o Banco Central editou a resoluccedilatildeo 23031996 dando

iniacutecio das cobranccedilas de tarifas e a partir daiacute ficou faacutecil para as instituiccedilotildees

bancaacuterias criarem novas tarifas e por sua vez majorarem as existentes pois

descreve o art 2ordm paraacutegrafos 2ordm e 3ordm da resoluccedilatildeo que ldquoa cobranccedila de nova tarifa

e o aumento do valor da tarifa existente deveratildeo ser informado ao puacuteblico com 30

dias de antecedecircnciardquo

Conforme afirmaccedilatildeo da FEBRABAN (2005) ao referir sobre a Resoluccedilatildeo

287801

ldquoOs serviccedilos de natureza bancaacuteria satildeo fornecidos mediante

remuneraccedilatildeo Toda agecircncia deve afixar em local visiacutevel ao puacuteblico

uma tabela com os preccedilos que o banco cobra por cada tipo de

serviccedilo bem como a periodicidade da cobranccedila As tarifas

debitadas em conta-corrente devem estar claramente identificadas

no extrato mensal fornecido ao cliente Como opccedilatildeo os bancos

podem oferecer pacotes com tarifas unificadas englobando um

conjunto de serviccedilosrdquo

Estudo elaborado pelo Dieese (2006 p 8) com a

estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de 1994 os bancos diante da

queda dos lucros diversificaram os produtos e serviccedilos ofertados e criaram um

eficiente sistema que lhes permitiu manter os lucros outrora atingidos Se de um

lado a cobranccedila de serviccedilos contribui para aumentar o lucro dos bancos de

outro reduz a renda liacutequida do cliente O valor que um cliente com perfil hipoteacutetico

gasta em meacutedia anualmente ndash R$ 26976 para pacote de serviccedilo e R$ 33672 em

forma de tarifas avulsas ndash eacute quase duas vezes o maior preccedilo para a cesta baacutesica

no municiacutepio de Satildeo Paulo que em fevereiro de 2006 que correspondia a R$

17554

Pelo CDC para que se possa cobrar tarifas seratildeo

necessaacuterio o observacircncia dos requisitos elencados

Art 6ordm Satildeo direitos baacutesicos do Consumidor

[]

45

III - a informaccedilatildeo adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviccedilos com especificaccedilatildeo correta de quantidade

caracteriacutesticas composiccedilatildeo qualidade e preccedilo bem como sobre

os riscos que apresentem

Leia-se ainda o que dispotildee o artigo 52 do mesmo Coacutedigo

em seu inciso I

Art 52 No fornecimento de produtos ou serviccedilos que envolva

outorga de creacutedito ou concessatildeo de financiamento ao consumidor

o fornecedor deveraacute entre outros requisitos informaacute-lo preacutevia e

adequadamente sobre

I - preccedilo do produto ou serviccedilo em moeda corrente nacional

De Lucca (2000 p 90) aduz que

ldquoInfelizmente a grande verdade eacute que natildeo obstante o texto

cristalino desse art 52 o comeacutercio em geral continua se utilizando

de toda sorte de estratagemas para que o consumidor seja

ilaqueado em sua boa-feacute Natildeo eacute agrave toa que o trabalho dos Procons

de todo o Brasil esta crescendo assustadoramenterdquo

Para que fosse possiacutevel a cobranccedila de tais tarifas elas

deveriam estar previamente informadas e especificadas de maneira clara

adequada e expressa no instrumento contratual Neste sentido a jurisprudecircncia

paacutetria prescreve

()Satildeo hiacutegidos os lanccedilamentos de deacutebitos sob a rubrica de

tarifas bancaacuterias que correspondem aos serviccedilos cobrados pelas

instituiccedilotildees que compotildeem o Sistema Financeiro Nacional desde

que autorizadas pelo Banco Central do Brasil por meio da Lei nordm

459564 (TJPR ndash AC 0305300-1 ndash Maringaacute ndash 13ordf CCiacutev ndash Rel

Des Airvaldo Stela Alves ndash J 01112006)

()As taxas e tarifas debitadas na conta corrente do correntista

satildeo devidas desde que expressamente pactuadas pelas partes

durante a vigecircncia da relaccedilatildeo negocial (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2002005840-3 rel Des Seacutergio Roberto Baasch Luz j em 24-6-

2004)

46

()Conforme entendimento dos tribunais sobre a mateacuteria eacute

possiacutevel o lanccedilamento em conta corrente de tarifas referentes

aos serviccedilos prestados pelo banco decircsde que existente preacutevio

acordo entre as partes (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n 2003025615-6 rel

Des Marco Aureacutelio Gastaldi Buzzi j em 20-10-2005)

() Natildeo satildeo passiacuteveis de cobranccedila as tarifas ou taxas natildeo

pactuadas entre as partesrdquo (grifo nosso) (Apelaccedilatildeo Ciacutevel n

2003012062-9 rel Des Fernando Carioni j em 15-9-2005)

ldquoA cobranccedila de tarifas pelas instituiccedilotildees financeiras era

disciplinada pela Resoluccedilatildeo 23031996 - BACEN a qual

preceituava que as instituiccedilotildees financeiras natildeo estavam impedidas

de exigir o pagamento de tarifas pelos serviccedilos prestados desde

que respeitados os termos da citada norma A Resoluccedilatildeo

28782001 - BACEN - Que atualmente disciplina o

relacionamento das instituiccedilotildees financeiras com seus clientes e o

puacuteblico em geral determina a preacutevia informaccedilatildeo das claacuteusulas

contratuais bem como das situaccedilotildees em que possa implicar na

recusa de documentos ou realizaccedilatildeo de pagamentos e a exemplo

do regulamento anterior natildeo veda a tarifaccedilatildeo dos serviccedilos

prestados pela instituiccedilatildeo financeirardquo (TJDF ndash APC

19980110157903 ndash 5ordf TCiacutev ndash Rel Des Joatildeo Egmont ndash DJU

09112006 ndash p 152)

44 Da busca da Tutela Jurisdicional

441 Abusividade na Tarifaccedilatildeo

A omissatildeo do Estado na regulamentaccedilatildeo mais eficaz acerca

das Tarifas cobradas pelas Instituiccedilotildees Bancaacuterias tem forccedilado o consumidor a

buscar a Tutela Jurisdicional objetivando proteger seus direitos

Segundo a OABRJ (2007) a falta de uma regulamentaccedilatildeo

sobre tarifas bancaacuterias tem instado o Ministeacuterio Puacuteblico e entidades protecionistas

dos direitos do consumidor entre as quais encontra o Instituto de Defesa do

Consumidor ndash IDEC a socorrerem da prestaccedilatildeo da Tutela Jurisdicional para

impedir cobranccedila de tarifas consideradas abusivas

47

Questotildees como a cobranccedila de taxas acerca da quitaccedilatildeo

antecipada de financiamentos e empreacutestimos tem causado certo dano ao

patrimocircnio do tomador posto que para Santos (apud OABRJ 2007) a cobranccedila

da tarifa eacute abusiva pois natildeo existe uma contraprestaccedilatildeo de serviccedilo do banco que

justifique a cobranccedilardquo

Em que pese o Banco Central ter regulado tal situaccedilatildeo

atraveacutes da Resoluccedilatildeo 3401 de 6 de setembro de 2006 onde em linhas gerais

determina que

ldquo() no caso de o banco cobrar tarifa por liquidaccedilatildeo antecipada

essa condiccedilatildeo deve ser estabelecida no contrato com a fixaccedilatildeo

de seu valor maacuteximo O contrato deve conter informaccedilotildees que

possibilitem o caacutelculo do valor a ser cobrado ao longo do prazo de

amortizaccedilatildeo A cobranccedila deve ser decrescente e proporcional ao

prazo do financiamento reduzindo o custo da tarifa ao longo da

vigecircncia do contrato ()rdquo (OABRJ 2007)

A par disto o CDC em seu Inc IV do artigo 51 tutela a

proteccedilatildeo contra clausulas abusivas sendo que o artigo 52 do mesmo Diploma

Legal notadamente em seu paraacutegrafo segundo estabelece o direito agrave liquidaccedilatildeo

antecipada do contrato com desconto de juros e encargos futuros

Conforme Sampaio (2008) no seu comento sobre a

ilegalidade do Resoluccedilatildeo 3516 de 6 de dezembro de 2007 do Bacen aduz que

Veda a cobranccedila de tarifa em decorrecircncia de liquidaccedilatildeo antecipada de contratos

de concessatildeo de creacutedito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece

criteacuterios para caacutelculo do valor presente para amortizaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo desses

contratos

ldquoA primeira ilegalidade estaacute logo no artigo primeiro que somente

proiacutebe a cobranccedila das tais tarifas nos contratos firmados a partir

da data da entrada em vigor da resoluccedilatildeo com pessoas fiacutesicas e

com microempresas e empresas de pequeno porte Haacute ilegalidade

desde 11 de setembro de 1990 o CDC assegura ao consumidor o

direito de reduccedilatildeo dos juros e encargos ao liquidar

antecipadamente suas prestaccedilotildees Natildeo pode uma simples

Resoluccedilatildeo ainda que ditada pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

48

pretender modificar aquilo que estaacute escrito na lei (Coacutedigo de

Defesa do Consumidor) E o Coacutedigo de Defesa do Consumidor

sendo uma lei ele teraacute vigor ateacute que outra lei a modifique ou

revogue Resoluccedilatildeo natildeo eacute lei (grifo nosso)

A segunda ilegalidade estaacute no artigo terceiro paraacutegrafo uacutenico da

Resoluccedilatildeo que diz natildeo se aplicar agraves operaccedilotildees contratadas com

recursos direcionados ou com taxas administradas a exemplo do

creacutedito rural Sistema Financeiro da Habitaccedilatildeo (SFH) e programas

especiais do BNDES a adoccedilatildeo da mesma taxa de juros

contratada para o principal nas situaccedilotildees em que as despesas

associadas agrave contrataccedilatildeo de operaccedilatildeo de creacutedito ou de

arrendamento mercantil financeiro sejam financiadas pela

instituiccedilatildeo O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute claro natildeo

discrimina situaccedilotildees em que poderaacute haver a adoccedilatildeo deste ou

daquele iacutendice para reduccedilatildeo dos juros e encargos quando da

liquidaccedilatildeo antecipada Aliaacutes tal paraacutegrafo contraria

flagrantemente o princiacutepio constitucional da isonomia (art 5ordm

caput da Constituiccedilatildeo Federal) pois trata com discriminaccedilatildeo e

franca distinccedilatildeo aos contratantes de tais modalidades

A regulaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo atraveacutes de oacutergatildeos reguladores eacute uma

paacutegina da histoacuteria da administraccedilatildeo puacuteblica brasileira que ainda

caminha no sentido de sua evoluccedilatildeo Mas no momento em que a

regulaccedilatildeo comeccedila contrariar leis e princiacutepios constitucionais eacute

momento de reflexatildeo Vale a pena esse tipo de regulaccedilatildeo ou vale

a pena a Constituiccedilatildeo Federal e leis como o Coacutedigo de Defesa do

Consumidorrdquo

Outra questatildeo que tem causado prejuiacutezos ao

consumidorusuaacuterio dos serviccedilos bancaacuterios mesmo que indiretamente estaacute

relacionada com a cobranccedila (abusiva) da tarifa de emissatildeo do boleto bancaacuterio

porque estes custos satildeo inerentes agrave proacutepria atividade do fornecedor e a

responsabilidade pelo seu pagamento eacute estabelecida em contrato celebrado entre

o fornecedor e a instituiccedilatildeo financeira natildeo podendo ser repassado como

obrigaccedilatildeo ao consumidor mesmo que haja previsatildeo contratual Essa praacutetica eou

a claacuteusula contratual correspondente satildeo abusivas e ilegais de acordo com os

artigo 39 Inc V e o artigo 51 Inc IV do Coacutedigo consumerista

49

5 CONCLUSOtildeES FINAIS

As relaccedilotildees contratuais nos dias atuais especialmente as

relaccedilotildees de consumo satildeo fortemente influenciadas pela economia de mercado

reflexo do processo de globalizaccedilatildeo enfrentado por toda a sociedade

contemporacircnea Sabidamente na visatildeo de Peixoto (2000) o Direito natildeo existe de

per si isolado como em uma cuacutepula de vidro Natildeo existe uma ldquoautopieserdquo

absoluta no sistema juriacutedico isto eacute o Direito natildeo consegue se portar de maneira

independente frente aos demais subsistemas normativos eacuteticos Desta forma a

economia comporta como uma grande influenciadora no desenvolvimento juriacutedico

Deteacutem portanto intriacutenseca relaccedilatildeo com os contratos de consumo do qual

depende o desenrolar da economia de mercado tendo em vista que os contratos

satildeo instrumentos de circulaccedilatildeo de riquezas

Para tanto o Contrato eacute uma espeacutecie de negoacutecio juriacutedico

que se distingue na formaccedilatildeo por exigir a presenccedila de pelo menos duas partes

que a ordem juriacutedica oferece aos sujeitos para que regulem seus interesses Eacute

portanto um negoacutecio juriacutedico bilateral formado pelo concurso de vontades

Restrito mas existente

Desde meados da deacutecada de 70 que existe em no Paiacutes um

corpo de normas de proteccedilatildeo ao consumidor resultado do fraacutegil regime

anteriormente vigente de ineficientes intervenccedilotildees estatais nas relaccedilotildees de

consumo

Vaacutelido eacute de se ressaltar a consagraccedilatildeo constitucional em

1988 dos direitos dos consumidores e posteriormente o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor elaborado por uma comissatildeo de juristas capitaneados pela

competente Ada Pellegrini Grinover no qual surgiu a Lei nordm 8078 de 11 de

setembro de 1990

Analisando o seu contexto normativo constata a adoccedilatildeo

para o consumidor de um sistema protetivo adequado prevendo dentre outros

um regime de informaccedilotildees claras e precisas ao consumidor vedando

expressamente as praacuteticas comerciais consideradas abusivas definindo e

50

regulando toda a relaccedilatildeo ComercialContratual invertendo o ocircnus da prova em

prol do consumidor elencando um complexo de normas para o plano das

relaccedilotildees privadas em que os protagonistas centrais satildeo no poacutelo disponente o

produtor o fabricante e o fornecedor de serviccedilos e no poacutelo adquirente as

pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que se servem dos bens ou serviccedilos

As relaccedilotildees que se submetem ao sistema do Coacutedigo satildeo as

chamadas Relaccedilotildees de Consumo Mas tambeacutem natildeo se limita agraves situaccedilotildees

descritas no seu contexto pois o legislador fez consignar norma geral que acolhe

como protegidos direitos outros reconhecidos aos consumidores em tratados

convenccedilotildees e em leis especiais e derivadas de princiacutepios gerais do direito

analogia costumes equidade

Verifica uma niacutetida proteccedilatildeo ao consumidor em vista das

distorccedilotildees detectadas da posiccedilatildeo de desvantagem em que se encontra em face

dos complexos empresariais

O ldquoCoacutedigo Consumistardquo tem por fim estabelecer o equiliacutebrio

contratual invocando o princiacutepio da boa-feacute e da equidade ou seja da funccedilatildeo

social do contrato Prevecirc e busca um regime protetivo objetivando equilibrar as

relaccedilotildees de consumo Eacute portanto na visatildeo de Diniz (1997) ldquo() defensivo de

interesses predefine claacuteusulas e ingressa como proposta para negociaccedilatildeo a que

o acolhimento dos interesses imprime verdadeiramente o feitio de contratordquo

Jaacute no tocante agrave teoria da imprevisatildeo que vem ateacute prevista

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor em seu artigo 6ordm inciso V que diz ser um

direito do consumidor a modificaccedilatildeo das claacuteusulas contratuais que estabeleccedilam

prestaccedilotildees desproporcionais ou sua revisatildeo em razatildeo de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas Para Rodrigues (1995) esse fato

superveniente deve tambeacutem ser imprevisiacutevel Portanto apoiado nesse direito do

consumidor eacute abusiva a claacuteusula que veda qualquer alteraccedilatildeo contratual

independente de fato superveniente e imprevisiacutevel

Outro ponto merecedor de esclarecimento inicial diz com a

identificaccedilatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do novo Coacutedigo Civil em relaccedilatildeo ao Coacutedigo

51

de Defesa do Consumidor Agrave partida esclareccedila que em nenhuma mateacuteria o novo

Coacutedigo altera ou extingue as normas proacuteprias de direito do consumidor pois estas

satildeo especiais em face daquele entendido como norma geral Um dos criteacuterios

claacutessicos de superaccedilatildeo das antinomias juriacutedicas como lembra Bobbio (2000) eacute a

da especialidade mediante a qual a norma especial natildeo eacute revogada pela norma

geral ficando esta como supletiva assegurando agravequela a precedecircncia A relaccedilatildeo

contratual de consumo natildeo se confunde com a relaccedilatildeo contratual comum a que

se destina o Coacutedigo Civil Portanto o Coacutedigo de Defesa do Consumidor natildeo foi

modificado pelo novo Coacutedigo Civil permanecendo aquele a regular os contratos

de consumo e este os contratos comuns civis e mercantis

Esse breve pano de fundo contribui para esclarecer a forccedila

crescente dos princiacutepios contratuais tiacutepicos do Estado social os quais de um

modo ou de outro comparecem nos coacutedigos brasileiros referidos Satildeo eles

a) princiacutepio da funccedilatildeo social do contrato

b) princiacutepio da boa-feacute objetiva

c) princiacutepio da equivalecircncia material do contrato

Os princiacutepios sociais do contrato natildeo eliminam os princiacutepios

liberais (ou que predominaram no Estado liberal) a saber

O princiacutepio da autonomia privada (ou da liberdade contratual

em seu triacuteplice aspecto como liberdade de escolher o tipo contratual de escolher

o outro contratante e de escolher o conteuacutedo do contrato)

O princiacutepio de pacta sunt servanda (ou da obrigatoriedade

gerada por manifestaccedilotildees de vontades livres reconhecida e atribuiacuteda pelo

direito) e

O princiacutepio da eficaacutecia relativa apenas agraves partes do contrato

(ou da relatividade subjetiva) mas limitaram profundamente seu alcance e seu

conteuacutedo

52

No Coacutedigo de Defesa do Consumidor os princiacutepios estatildeo

referidos no art 4ordm As expressotildees empregadas no referido artigo podem ser

agrupadas segundo a classificaccedilatildeo dos princiacutepios

a) compatibilizaccedilatildeo da proteccedilatildeo do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econocircmico e tecnoloacutegico de modo a viabilizar

os princiacutepios nos quais se funda a ordem econocircmica esse trecho do inciso III do

art 4ordm implicitamente conduz ao princiacutepio da funccedilatildeo social

b) transparecircncia boa-feacute informaccedilatildeo princiacutepio da boa-

feacute

c) vulnerabilidade harmonizaccedilatildeo dos interesses

equiliacutebrio nas relaccedilotildees princiacutepio da equivalecircncia material

Ora se todos estes princiacutepios satildeo exigiacuteveis nos contatos

como ficam os contratos bancaacuterios para prestaccedilatildeo de serviccedilos Como ficam as

tarifas cobradas para prestar tais serviccedilos bancaacuterios

Durante muitos anos os usuaacuterios dos serviccedilos bancaacuterios

quer fossem correntistas ou natildeo nada pagavam por diversos serviccedilos inerentes

ao contrato de conta corrente firmado entre as partes tais como emissatildeo de

extratos talonaacuterios manutenccedilatildeo de contas correntes etc

Com o advento do Plano de Estabilizaccedilatildeo Econocircmica mais

conhecido como Plano Real implementado pelo Governo Federal o setor

bancaacuterio passou a cobrar de seus correntistas e demais usuaacuterios de seus

serviccedilos tarifas diversas sobre os mais diferentes motivos para que pudessem

continuar a prestar os serviccedilos dantes gratuitos Estudo elaborado pelo Dieese

(2006) concluem que com a estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real em abril de

1994 os bancos diante da queda dos lucros diversificaram os produtos e

serviccedilos ofertados criando um eficiente sistema que lhes permitiu manter os

lucros outrora atingidos

O argumento para que cobrassem as tarifas impostas ao

consumidor era que a gratuidade dos serviccedilos vigente ateacute entatildeo amparava-se

53

na espiral inflacionaacuteria que corroia a moeda da noite para o dia e de cujo efeito

maleacutefico os bancos sabiam bem se proteger No mesmo estudo aventam que tal

vantagem deixou de existir com a estabilizaccedilatildeo da moeda passando entatildeo as

instituiccedilotildees bancaacuterias a cobrar tudo de todos Em reaccedilatildeo tiacutemida o Banco Central

do Brasil editou a Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 25 de julho de 1996 hoje atualizada

pela Resoluccedilatildeo nordm 35182007 e Circular nordm 3371 que disciplina a cobranccedila de

tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais

instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pela autoridade monetaacuteria acima referida

Natildeo obstante a ediccedilatildeo das resoluccedilotildees supracitadas esse

quadro foi extremamente favoraacutevel fortalecendo o setor bancaacuterio nacional Os

diversos tipos de serviccedilos colocados a disposiccedilatildeo dos clientesusuaacuterios satildeo

basicamente assemelhados especialmente no que toca agrave taxa e tarifas

Conforme visto a publicaccedilatildeo de extensas tabelas de tarifas agraves quais todos tecircm

que se submeter representa o pagamento de produtos e serviccedilos que os bancos

disponibilizam tais como o recebimento de tiacutetulos cobranccedila de tarifas para

depoacutesitos inter-agecircncias taxas sobre manutenccedilatildeo de contas ativas ou inativas

tarifas de extrato de contas e assim por diante

No que tange as instituiccedilotildees financeiras inexistem traccedilos

marcantes que os diferenciem substancialmente como se aceitaacutevel fosse a

praacutetica de taxas e tarifas atraveacutes de resoluccedilotildees do BACEN por representarem

pura e simplesmente transferecircncia (quase) forccedilada de renda do setor produtivo da

economia nacional para o setor financeiro de um modo geral Eacute uma atitude

burocraacutetica e espoliativa

O chamado direito bancaacuterio eacute um campo em pleno

desenvolvimento no Brasil e dadas as limitaccedilotildees encontradas (escassa

bibliografia falta de experiecircncia em oacutergatildeos tais como Procon a inexistecircncia de

um enfoque legaliacutestico os problemas que poderiam ser tratados na esfera

administrativa jurisprudecircncia bastante limitada e de difiacutecil acesso etc) a

sociedade ficaraacute a adstrita agrave imposiccedilatildeo das instituiccedilotildees financeiras

54

Por conta da inovaccedilatildeo imposta pela ediccedilatildeo da Resoluccedilatildeo

35182007 do CMN sugere a continuidade deste estudo abrangendo a

aplicabilidade desta normativa e seus resultados praacuteticos

55

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66

ANEXOS

Conforme a Resoluccedilatildeo 287801 do Bacen que alguns dos serviccedilos bancaacuterios estatildeo isentos

de tarifas

Fornecimento de cartatildeo magneacutetico ou alternativamente de um talatildeo de cheques por mecircs com 10 (dez) folhas no miacutenimo

Substituiccedilatildeo de cartatildeo magneacutetico (para aqueles que optaram pelo cartatildeo gratuito) salva nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo

ou outros motivos natildeo causados pelo banco

Devoluccedilatildeo de cheques exceto quando o motivo for insuficiecircncia de fundos caso em que a tarifa seraacute cobrada somente do

emitente do cheque

Fornecimento de extrato mensal de movimentaccedilatildeo da conta corrente

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila exceto aquelas com saldo inferior a R$ 2000 e inativa por mais de seis meses Neste

caso os bancos podem cobrar mensalmente 30 do saldo existente ateacute o seu esgotamento

Manutenccedilatildeo de cadernetas de poupanccedila abertas por ordem do Poder Judiciaacuterio e contas para depoacutesitos de consignaccedilatildeo de

pagamentos

Expediccedilatildeo de documentos destinados agrave liberaccedilatildeo de garantias de qualquer natureza inclusive por parte de administradores de

consoacutercio

Planilha 1 - Resoluccedilatildeo 287801Bacen

Conforme Resoluccedilatildeo 351507 do Bacen a Serviccedilos Essenciais Pessoa Fiacutesica

Conta de depoacutesitos de Conta-corrente

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo de deacutebito

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo de deacutebito exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis ao

Banco

- Fornecimento de 10 folhas de cheques por mecircs

- Compensaccedilatildeo de cheque

- Realizaccedilatildeo de 4 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs - terminais de auto-atendimento

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs - caixa internet ou terminais de auto-

atendimento

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Conta de depoacutesitos de poupanccedila

- Fornecimento de 1ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo

- Fornecimento de 2ordf via de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo exceto nos casos de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos

natildeo imputaacuteveis ao Banco

- Realizaccedilatildeo de 2 saques por mecircs - caixa ou terminais de auto-atendimento

- Fornecimento de 2 extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs

- Realizaccedilatildeo de 2 transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade

- Realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da Internet

- Fornecimento do extrato anual de tarifas (disponiacutevel a partir de fev2009)

Planilha 2 - Resoluccedilatildeo 3 51507Bacen

67

Tarifas maacuteximas20

de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos privados

do Paiacutes em ativos

Instituiccedilatildeo 300920021 27062004

2 I 23052006

3 08052007

4

Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro Abertura Cadastro

Bradesco 15000 1500 18000 1500 50000 1500 50000 1500

Itau 1500 x 1500 1500 6 1500

Unibanco x 70000 80000 Santander 15000 1500 11000 1500 110000 950 110000 950

Banespa

ABN- 25000 000 50000 000 I 80000 000 80000 000

ANRO HSBC 7500 000 50000 000 60000 000 80000 000

Safra 3000 000 3000 000 80000 000 80000 000

Citibank 3500 000 5000 000 6000 000 x

Votorantim 5000 2500 4500 1700 3 2500

Tabela 1 - Tarifas maacuteximas20 de Abertura de Creacutedito e Confecccedilatildeo de Cadastro dos 9 maiores bancos

privados do Paiacutes em ativos Fonte Paacutegina do Banco Central do Brasil na Internet - Valores em reais quando natildeo explicitado em

contraacuterio 123 c 4 Data em que foi consultada - Valores maacuteximos de tarifa cobrados

Natildeo havia informaccedilatildeo sobre esta tarifa para este banco

Este banco natildeo constava da relaccedilatildeo dos 9 maiores naquela data que teve como paracircmetro os ativos totais

e da mesma forma estava disporuvel na paacutegina do BC em 30092002 ref Jun2002

Com base nas cinco instituiccedilotildees que se pocircde calcular Bradesco Santander Banespa ABN-ANRO HSBC e

Safra

20 Entendemos que a tarifa aqui registrada eacute a maacutexima mas estamos realizando a comparaccedilatildeo entre as tarifas

maacuteximas de cada instituiccedilatildeo e como elas evoluiacuteram com o tempo Se eles natildeo cobram R$ 80000 para a abertu ra

de creacutedito fica o exemplo de como a informaccedilatildeo prestada de modo impreciso pode levar a diversas conclusotildees

68

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441 de 2005)

Dispotildee sobre a obrigatoriedade de as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias demonstrarem nos extratos de movimentaccedilatildeo de seus clientes todos os encargos despesas e taxas e daacute outras providecircncias

Autor Deputado CORAUCI SOBRINHO

Relator Deputado LUIZ BITTENCOURT

I ndash RELATOacuteRIO

O Projeto de Lei nordm 728 de 1999 apresentado pelo nobre Deputado Corauci Sobrinho determina que as instituiccedilotildees financeiras bancaacuterias ficam obrigadas a demonstrar nos extratos de movimentaccedilatildeo das contas de seus clientes de forma individualizada e especiacutefica todas as despesas taxas e encargos debitados na conta do correntista ldquoem face de sua administraccedilatildeordquo

O projeto considera administraccedilatildeo bancaacuteria toda despesa debitada na conta do correntista exceto os deacutebitos de saques em dinheiro ou de pagamento de cheques emitidos pelo titular da conta Tambeacutem estabelece que os correntistas sejam isentos de qualquer ocircnus financeiro na implantaccedilatildeo do disposto nesta lei

Na justificaccedilatildeo apresentada o ilustre Autor invoca o artigo 4ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor para concluir que os clientes das instituiccedilotildees bancaacuterias natildeo podem ser privados do acesso a informaccedilotildees baacutesicas sobre suas despesas

Foram apensados ao projeto em apreciaccedilatildeo os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 3425 de 2000 ambos de autoria do nobre Deputado Marcos Cintra

O PL nordm 978 de 2003 do Deputado Feu Rosa o PL nordm 2113 de 2003 do Deputado Neucimar Fraga os PL‟s nordms 3824 de 2004 e 4755 de 2005 ambos do Deputado Almir Moura o PL nordm 4808 de 2005 apresentado pelo Deputado Jorge Alberto e o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005 do Deputado Milton Monti

Os Projetos de Lei nordm 1412 de 1999 e nordm 978 de 2003 apresentam textos idecircnticos ao projeto principal dispensando-nos de comentaacuterios adicionais Por sua vez o Projeto de Lei nordm 3425 de 2000 apresenta duas diferenccedilas em relaccedilatildeo aos demais quais sejam

- a obrigaccedilatildeo contida no art 1deg de demonstraccedilatildeo das despesas encargos e taxas deixa de ser individualizada e especiacutefica para ser feita pelo total a cada mecircs

- a definiccedilatildeo de administraccedilatildeo bancaacuteria passa a incluir toda despesa debitada por

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conta de prestaccedilatildeo de serviccedilos

Por sua vez o PL nordm 2113 de 2003 inova ao instituir a fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o 5ordm dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo apurado

O Projeto de Lei nordm 3824 de 2004 do Deputado Almir

Moura determina que a comunicaccedilatildeo obrigatoacuteria dos valores da tarifas e seus reajustes seja feita atraveacutes de correspondecircncia Estabelece tambeacutem as penalidades a serem aplicadas aos infratores da norma em apreciaccedilatildeo

O Projeto de Lei nordm 4755 de 2005 do Deputado Almir Moura tambeacutem institui a fatura de serviccedilos bancaacuterios agrave semelhanccedila do PL nordm 2113 acima mencionado

O Projeto de Lei nordm 48080 de 2005 de autoria do Deputado Jorge Alberto institui o extrato mensal com as deduccedilotildees efetuadas para a CPMF

Finalmente o Projeto de Lei nordm 6441 de 2005

apresentado pelo Deputado Milton Monti estabelece que todo deacutebito efetuado em conta corrente deve ser acompanhado de informaccedilatildeo sobre o respectivo fundamento legal (Lei Resoluccedilatildeo)

Nos termos regimentais (art 24 II) compete-nos manifestar sobre o meacuterito da proposiccedilatildeo e seus apensos

II - VOTO DO RELATOR

O setor financeiro sobretudo as instituiccedilotildees bancaacuterias tem atravessado bem as diversas crises econocircmicas pelas quais passou nosso Paiacutes nos uacuteltimos tempos sempre aumentando sua lucratividade

Em eacutepocas de inflaccedilatildeo alta os bancos apropriavam-se de parcela do denominado ldquoimposto inflacionaacuteriordquo Atualmente sua alta rentabilidade origina-se das operaccedilotildees com a rolagem da diacutevida puacuteblica interna e externa das operaccedilotildees cambiais e da cobranccedila de elevadas tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos baacutesicos

Esta elevada cobranccedila provoca aleacutem de seu impacto no orccedilamento transtornos outros ao consumidor devido agrave falta de informaccedilotildees para conferecircncia das despesas debitadas em desrespeito ao Coacutedigo de Defesa do Consumidor e agraves normas infralegais expedidas pelo Conselho Monetaacuterio Nacional

Ademais aquelas informaccedilotildees baacutesicas quando solicitadas pelos clientes satildeo fornecidas muitas vezes de forma ininteligiacutevel dificultando ou mesmo impedindo a sua checagem por parte do correntista Desta forma manifestamos nosso apoio aos projetos de lei em apreciaccedilatildeo Os procedimentos propostos com pequenas variaccedilotildees satildeo de faacutecil implantaccedilatildeo considerando-se os modernos recursos de informaacutetica de que dispotildeem as instituiccedilotildees financeiras e muito facilitaratildeo a vida do correntistaconsumidor

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Este saberaacute o quanto estaacute pagando de forma individualizada pelos serviccedilos que lhe satildeo prestados podendo desta forma optar por utilizar ou natildeo determinado serviccedilo ou mesmo escolher outro banco que lhe seja mais favoraacutevel na cobranccedila de taxas e tarifas bancaacuterias

Desta forma para acolher as diversas contribuiccedilotildees das proposiccedilotildees em exame elaboramos um Substitutivo que submete agrave apreciaccedilatildeo dos nobres Pares

Diante do exposto votamos pela aprovaccedilatildeo do Projeto de

Lei nordm 728 de 1999 e de todos seus apensos na forma do Substitutivo anexo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado LUIZ BITTENCOURT

Relator

COMISSAtildeO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROJETO DE LEI Nordm 728 DE 1999

(apensos os PL‟s nordms 1412 de 1999 3425 de 2000 978 de 2003 2113

de 2003 3824 de 2004 4755 de 2005 4808 de 2005 e 6441de 2005)

SUBSTITUTIVO DO RELATOR

O Congresso Nacional decreta

Art 1ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a emitir fatura de serviccedilos bancaacuterios ateacute o quinto dia uacutetil do mecircs subsequumlente ao periacuteodo de apuraccedilatildeo

sect1ordm ndash A fatura de serviccedilos bancaacuterios conteraacute

I ndash relaccedilatildeo dos serviccedilos prestados e respectivas tarifas

III ndash periacuteodo de apuraccedilatildeo e data de vencimento da fatura

IV ndash forma e prazo de pagamento

sect 2ordm - Eacute facultada a cobranccedila da fatura de serviccedilos

bancaacuterios atraveacutes de deacutebito automaacutetico em conta corrente mediante a

autorizaccedilatildeo preacutevia do respectivo titular

Art 2ordm As instituiccedilotildees bancaacuterias ficam obrigadas a comunicar aos seus clientes atraveacutes de correspondecircncia os valores das tarifas cobradas pela prestaccedilatildeo de

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seus serviccedilos Paraacutegrafo uacutenico - Qualquer alteraccedilatildeo nos valores dispostos pela presente lei deveraacute ser comunicada na forma prevista pelo caput com a antecedecircncia miacutenima de trinta dias

Art 3ordm O descumprimento do disposto na presente lei sujeita seus infratores agraves penalidades estabelecidas pela Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 artigo 44 incisos I II e III

Art 4ordm Esta lei entra em vigor no prazo de noventa dias de sua publicaccedilatildeo

Sala da Comissatildeo em de de 2007

Deputado Luiz Bittencourt

Relator

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RESOLUCcedilAtildeO CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL - CMN (BACEN) Nordm 3518

DE 06122007

DOU 10122007

Disciplina a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil

O BANCO CENTRAL DO BRASIL na forma do art 9ordm da Lei nordm 4595 de 31 de dezembro de 1964 torna puacuteblico que o CONSELHO MONETAacuteRIO NACIONAL em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base no art 4ordm inciso IX da referida lei resolveu Art 1ordm A cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos por parte das instituiccedilotildees financeiras e demais instituiccedilotildees autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve estar prevista no contrato firmado entre a instituiccedilatildeo e o cliente ou ter sido o respectivo serviccedilo previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuaacuterio Paraacutegrafo uacutenico Para efeito desta resoluccedilatildeo I - considera-se cliente a pessoa que possui viacutenculo negocial natildeo esporaacutedico com a instituiccedilatildeo decorrente de contrato de depoacutesitos de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil de prestaccedilatildeo de serviccedilos ou de aplicaccedilatildeo financeira II - os serviccedilos prestados a pessoas fiacutesicas satildeo classificados como essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados III - natildeo se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestaccedilatildeo de serviccedilos por terceiros podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operaccedilatildeo de creacutedito ou de arrendamento mercantil Art 2ordm Eacute vedada agraves instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm a cobranccedila de tarifas pela prestaccedilatildeo de serviccedilos bancaacuterios essenciais a pessoas fiacutesicas assim considerados aqueles relativos a I - conta corrente de depoacutesitos agrave vista a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo deacutebito b) fornecimento de dez folhas de cheques por mecircs desde que o correntista reuacutena os requisitos necessaacuterios agrave utilizaccedilatildeo de cheques de acordo com a regulamentaccedilatildeo em vigor e as condiccedilotildees pactuadas c) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente

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d) realizaccedilatildeo de ateacute quatro saques por mecircs em guichecirc de caixa inclusive por meio de cheque ou de cheque avulso ou em terminal de auto-atendimento e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs por meio de terminal de auto-atendimento f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) realizaccedilatildeo de duas transferecircncias de recursos entre contas na proacutepria instituiccedilatildeo por mecircs em guichecirc de caixa em terminal de auto-atendimento eou pela internet h) compensaccedilatildeo de cheques i) fornecimento do extrato de que trata o art 12 II - conta de depoacutesitos de poupanccedila a) fornecimento de cartatildeo com funccedilatildeo movimentaccedilatildeo b) fornecimento de segunda via do cartatildeo referido na aliacutenea a exceto nos casos de pedidos de reposiccedilatildeo formulados pelo correntista decorrentes de perda roubo danificaccedilatildeo e outros motivos natildeo imputaacuteveis agrave instituiccedilatildeo emitente c) realizaccedilatildeo de ateacute dois saques por mecircs em guichecirc de caixa ou em terminal de auto-atendimento d) realizaccedilatildeo de ateacute duas transferecircncias para conta de depoacutesitos de mesma titularidade e) fornecimento de ateacute dois extratos contendo a movimentaccedilatildeo do mecircs f) realizaccedilatildeo de consultas mediante utilizaccedilatildeo da internet g) fornecimento do extrato de que trata o art 12 sect 1ordm Eacute vedada a cobranccedila de tarifas em contas agrave ordem do poder judiciaacuterio e para a manutenccedilatildeo de depoacutesitos em consignaccedilatildeo de pagamento de que trata a Lei nordm 8951 de 13 de dezembro de 1994 sect 2ordm Com relaccedilatildeo ao disposto no caput inciso I aliacutenea b eacute facultado agrave instituiccedilatildeo financeira suspender o fornecimento de novos cheques quando I - vinte ou mais folhas de cheque jaacute fornecidas ao correntista ainda natildeo tiverem sido liquidadas ou II - natildeo tiverem sido liquidadas 50 (cinquumlenta por cento) no miacutenimo das folhas de cheque fornecidas ao correntista nos trecircs uacuteltimos meses

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Paraacutegrafo uacutenico A cobranccedila de tarifas de pessoas fiacutesicas pela prestaccedilatildeo no Paiacutes de serviccedilos prioritaacuterios fica limitada agraves hipoacuteteses previstas no caput Art 4ordm O disposto nos arts 2ordm 3ordm e 6ordm natildeo se aplica agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos especiais assim considerados aqueles referentes ao creacutedito rural ao mercado de cacircmbio ao repasse de recursos ao sistema financeiro da habitaccedilatildeo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo (FGTS) ao Fundo PISPASEP ao penhor civil previsto no Decreto nordm 6132 de 22 de junho de 2007 agraves contas especiais de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3211 de 30 de junho de 2004 agraves contas de registro e controle disciplinadas pela Resoluccedilatildeo nordm 3402 de 6 de setembro de 2006 alterada pela Resoluccedilatildeo nordm 3424 de 21 de dezembro de 2006 bem como agraves operaccedilotildees de microcreacutedito de que trata a Resoluccedilatildeo nordm 3422 de 30 de novembro de 2006 entre outros devendo ser observadas as disposiccedilotildees especiacuteficas contidas nas respectivas legislaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo Art 5ordm Admite-se a cobranccedila de remuneraccedilatildeo pela prestaccedilatildeo de serviccedilos diferenciados a pessoas fiacutesicas desde que explicitadas ao cliente ou usuaacuterio as condiccedilotildees de utilizaccedilatildeo e de pagamento assim considerados aqueles relativos a I - abono de assinatura II - aditamento de contratos III - administraccedilatildeo de fundos de investimento IV - aluguel de cofre V - avaliaccedilatildeo reavaliaccedilatildeo e substituiccedilatildeo de bens recebidos em garantia VI - cartatildeo de creacutedito VII - certificado digital VIII - coleta e entrega em domiciacutelio ou outro local IX - coacutepia ou segunda via de comprovantes e documentos X - corretagem XI - custoacutedia XII - extrato diferenciado mensal contendo informaccedilotildees adicionais agravequelas relativas a contas-correntes de depoacutesitos agrave vista e a contas de depoacutesitos de poupanccedila XIII - fornecimento de atestados certificados e declaraccedilotildees XIV - leilotildees agriacutecolas

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XV - aviso automaacutetico de movimentaccedilatildeo de conta Art 6ordm Eacute obrigatoacuteria a oferta a pessoas fiacutesicas de pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios cujos itens componentes e quantidade de eventos seratildeo determinados pelo Banco Central do Brasil sect 1ordm O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviccedilos mencionado no caput natildeo pode exceder o somatoacuterio do valor das tarifas individuais que o compotildeem considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor sect 2ordm Para efeito do caacutelculo de que trata o sect 1ordm I - deve ser computado o valor proporcional mensal da tarifa relativa a serviccedilo cuja cobranccedila natildeo seja mensal II - devem ser desconsiderados os valores das tarifas cuja cobranccedila seja realizada uma uacutenica vez sect 3ordm Eacute facultado o oferecimento de pacote de serviccedilos distintos contendo outros serviccedilos inclusive serviccedilos essenciais prioritaacuterios especiais e diferenciados observada a padronizaccedilatildeo dos serviccedilos prioritaacuterios bem como a exigecircncia prevista no sect 1ordm Art 7ordm Observadas as vedaccedilotildees estabelecidas no art 2ordm eacute prerrogativa do cliente I - a utilizaccedilatildeo e o pagamento por serviccedilos individualizados eou II - a utilizaccedilatildeo e o pagamento de forma natildeo individualizada de serviccedilos incluiacutedos em pacote Art 8ordm As tarifas debitadas em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila devem ser identificadas no extrato de forma clara com utilizaccedilatildeo no caso dos serviccedilos prioritaacuterios da padronizaccedilatildeo de que trata o art 3ordm sect 1ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta de depoacutesitos de poupanccedila somente poderaacute ocorrer apoacutes o lanccedilamento dos rendimentos de cada periacuteodo sect 2ordm O valor do lanccedilamento a deacutebito referente agrave cobranccedila de tarifa em conta corrente de depoacutesitos agrave vista ou em conta de depoacutesitos de poupanccedila natildeo pode ser superior ao saldo disponiacutevel Art 9ordm Eacute obrigatoacuteria a divulgaccedilatildeo em local e formato visiacutevel ao puacuteblico no recinto das suas dependecircncias e nas dependecircncias dos correspondentes no Paiacutes bem como nos respectivos siacutetios eletrocircnicos das seguintes informaccedilotildees relativas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos a pessoas fiacutesicas e pessoas juriacutedicas e respectivas tarifas I - tabela contendo os serviccedilos cuja cobranccedila de tarifas eacute vedada nos termos do

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art 2ordm II - tabela na forma do art 3ordm incluindo lista de serviccedilos canais de entrega sigla no extrato fato gerador da cobranccedila e valor da tarifa III - tabela contendo informaccedilotildees a respeito do pacote padronizado na forma do art 6ordm IV - demais tabelas de serviccedilos prestados pela instituiccedilatildeo V - esclarecimento de que os valores das tarifas foram estabelecidos pela proacutepria instituiccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico O iniacutecio da divulgaccedilatildeo das tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo deve ocorrer ateacute 31 de marccedilo de 2008 Art 10 A majoraccedilatildeo do valor de tarifa existente ou a instituiccedilatildeo de nova tarifa deve ser divulgada com no miacutenimo trinta dias de antecedecircncia sendo permitida a cobranccedila somente para o serviccedilo utilizado apoacutes esse prazo sect 1ordm Os preccedilos dos serviccedilos referidos nos arts 3ordm e 6ordm somente podem ser majorados apoacutes decorridos 180 dias de sua uacuteltima alteraccedilatildeo admitindo-se a sua reduccedilatildeo a qualquer tempo sect 2ordm O prazo de que trata o sect 1ordm deve ser contado a partir da primeira alteraccedilatildeo que ocorrer apoacutes a divulgaccedilatildeo dos serviccedilos e respectivas tarifas na forma prevista nesta resoluccedilatildeo Art 11 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem remeter ao Banco Central do Brasil na forma a ser estabelecida por aquela autarquia a relaccedilatildeo dos serviccedilos tarifados e os respectivos valores I - ateacute 31 de marccedilo de 2008 II - sempre que ocorrer alteraccedilatildeo observado o disposto no art 10 caput no caso de majoraccedilatildeo Art 12 As instituiccedilotildees de que trata o art 1ordm devem fornecer aos clientes pessoas fiacutesicas ateacute 28 de fevereiro de cada ano a partir de 2009 extrato consolidado discriminando mecircs a mecircs as tarifas cobradas no ano anterior em conta corrente de depoacutesitos agrave vista eou em conta de depoacutesitos de poupanccedila Art 13 Os contratos firmados a partir da vigecircncia desta resoluccedilatildeo devem prever a aplicaccedilatildeo das regras estabelecidas pela Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 ateacute 29 de abril de 2008 Art 14 Em relaccedilatildeo aos contratos firmados ateacute a data de vigecircncia desta resoluccedilatildeo as instituiccedilotildees referidas no art 1ordm devem utilizar ateacute 29 de abril de 2008 as tarifas divulgadas conforme as disposiccedilotildees da Resoluccedilatildeo nordm 2303 de 1996 e a partir

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de 30 de abril de 2008 as tarifas estabelecidas na forma desta resoluccedilatildeo Art 15 Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas julgadas necessaacuterias agrave implementaccedilatildeo do disposto nesta resoluccedilatildeo Art 16 Esta resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos a partir de 30 de abril de 2008 quando ficaratildeo revogadas as Resoluccedilotildees nordms 2303 de 25 de julho de 1996 e 2343 de 19 de dezembro de 1996 o art 2ordm da Resoluccedilatildeo nordm 2747 de 28 de junho de 2000 e o inciso III do art 18 da Resoluccedilatildeo nordm 2878 de 26 de julho de 2001 HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES Presidente do Banco

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CIRCULAR BACEN Nordm 3371 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2007

DOU 10122007

Institui tabela padronizada de serviccedilos prioritaacuterios e pacote baacutesico padronizado

na forma prevista na Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil em sessatildeo extraordinaacuteria realizada em 6 de dezembro de 2007 com base nos arts 3ordm 6ordm e 15 da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 decidiu Art 1ordm Ficam definidos I - na forma da Tabela I anexa a esta circular os serviccedilos prioritaacuterios relacionados a contas de depoacutesitos transferecircncias de recursos operaccedilotildees de creacutedito e cadastro previstos no art 3ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 6 de dezembro de 2007 II - na forma da Tabela II anexa a esta circular o pacote padronizado de serviccedilos prioritaacuterios previsto no art 6ordm da Resoluccedilatildeo nordm 3518 de 2007 sect 1ordm A cobranccedila de tarifa por serviccedilo prioritaacuterio natildeo previsto nas Tabelas I e II depende de autorizaccedilatildeo do Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 60 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 2ordm As propostas de criaccedilatildeo de novos canais de entrega para os serviccedilos constantes da Tabela I devem ser submetidas ao Banco Central do Brasil que se pronunciaraacute no prazo de 30 dias contados da data da protocolizaccedilatildeo do pedido sect 3ordm A autorizaccedilatildeo de novos canais de entrega na forma do sect 2ordm dar-se-aacute por ato do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) Art 2ordm Esta circular entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo

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