a cabaÇa do segredo

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A CABAÇA DO SEGREDO Posted on 1 de novembro de 2009 by Gunfaremim O nome cabaça é utilizado para designar pelo menos duas espécies distintas. Existem dois tipos de cabaça, um que nasce em árvores, também chamado cuité (Crescentia cujete), e uma outra com o hábito de trepadeira (Lagenaria vulgaris). Os índios tupis já a utilizavam, denominando a mesma de Ku ‘ ya, nome que foi incorporado por nós como cuia.

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A CABAÇA DO SEGREDOPosted on 1 de novembro de 2009 by Gunfaremim

 

 

O nome cabaça é utilizado para designar pelo menos duas espécies distintas. Existem

dois tipos de cabaça, um que nasce em árvores, também chamado cuité (Crescentia

cujete), e uma outra com o hábito de trepadeira (Lagenaria vulgaris). Os índios tupis já

a utilizavam, denominando a mesma de Ku ‘ ya, nome que foi incorporado por nós

como cuia.

Flor da cabaceira

 

A cabaça redonda (Crescentia cujete) é chamada nas casas de Candomblé por igbá,

nome que faz alusão a sua forma. Durante muito tempo seus frutos foram utilizados

como principal assentamento dos orixás, sendo substituído atualmente por tigelas de

materiais diversos como porcelana e vidro. Entretanto, algumas casas ainda preservam

essa tradição.

 

No culto de Ifá é usada como morada de Odú, esposa de Orunmilá, recebendo o nome

de Igbàdú. É nessa cabaça que céu e terra se unem, constituindo toda a existência e o

equilíbrio entre a representação masculina e feminina, o frio e o quente. Esse fato liga o

seu uso aos cultos de Obatalá, Oduduwá e Orunmilá.

 

Fruto da cabaça

A cabaça representa o Segredo (Awo), fato que é atestado durante uma cerimônia

conhecida por “Ideká”, ou mais popularmente, como “Entrega de Cuia”. O

termo ideká significa “transmissão de segredo”, fazendo parte do fechamento do ciclo

de iniciação. Durante essa cerimônia, que só pode ser realizada após sete (7) anos de

feitura, o iniciado ascende ao grau de Egbomí (irmão mais velho), podendo participar

ativamente de uma série de cerimônias e atividades que antes lhe eram vetados. É nesse

momento também que o mesmo pode receber (ou não) um Oye (cargo), que pode ser

deIya(Babá)lorisá ou outro qualquer (Iya Kekere, Iyábasé, Runsó (Jeje)). É interessante

ressaltar que, passar pelo Ideká é um direito de todo aquele que possua sete (7) anos de

iniciado e esteja com as obrigações em dia. Entretanto, em casas tradicionais, o

recebimento de Oye (cargo) não é para todos, e vai depender do odú individual. Ou seja,

nem todos os iniciados nascem para ocupar cargos, nem tão pouco para abrirem ilês.

É a cabaça também que ocupará lugar de destaque, durante o ritual do Asèsè,

representando a cabeça do falecido.. Local onde todos depositarão moedas.. Durante

o Ìpàdé, ritual de homenagem a Esú e todos os ancestrais masculinos e femininos (Iyá

Mí), novamente lá estará a cabaça recendo diversas oferendas.

Árvore da cabaça

As folhas de Lagenaria vulgaris, extremamente amargas, são utilizadas para apressar o

parto, porém seu uso freqüente e em grande quantidade pode causar hemorragias sérias.

A espécie Crescentia cujetetambém possui capacidade de induzir a contração uterina,

sendo considerada abortiva. Isso faz com que sejam consideradas folhas quentes (ewe

gún). A cabaça é também utilizada na confecção de berimbaus e outros instrumentos

musicais.

Artesanato de cabaça -Espaço de Capoeiragem Mestre Marujo ( Sede CPCAC)

 

A cabaceira é considerada um dos atin (atinsá) do vodun Legba, sendo o mesmo

assentado aos seus pés. A principal ferramenta de Esú é o ógó, que representa o

próprio pênis de Senhor dos Caminhos Que Se Encontram. Nesse caso o ógó é

enfeitado com duas cabaças, que representam os seus testículos, reiterando a sua

função de procriador do mundo.

O seu fruto também está intimamente ligado a Esú e Ossayin. É no seu interior que

esses orixás carregam seus ofós, preparados mágicos. Nesse caso costuma receber o

nome de adò. São esses orixás os responsáveis pelo transporte do erù iyawo (carrego

do iyawo), momento que cantamos ao final da Sassayin:

 

Órùn a f’Èsù

Òdàrà kó ba l’ayo

Órùn a f’Èsù

Ase lè be kó ba l’O

 

 

O que entregamos a Esù Odara

Que ele leve com alegria

O que entregamos a Esù

Força poderosa, suplicamos que ele leve

 

 

E também após o orukó iyawo (cerimônia do nome):

 

Erù pin (Orò pin)

Erù dà

Dá nise

Bó re adá

O carrego (rito final)

Você carrega silenciosamente

Sozinha e cansada

Libertando-se dele 

Ewe o! Laroye!

Por Jonatas Gunfaremí

 

 

 

Categories: Árvores sagradas, Axexê, Cantigas, Ewe Orixá, Vodun | Tags: Crescentia cujete, erù iyawo, exu, Ideká, igba ori, Igbàdú, Ìpàdé, Lagenaria vulgaris, Legba | 2 Comments

EWÉ BOYÍ – Bétis cheirosoPosted on 22 de outubro de 2009 by Gunfaremim

 

O ewé boyí é conhecido pelo nome popular de bétis cheiroso ou pimenta de macaco

Piper sp.- É uma folha de força, que acalma, apazigua…

Opeére Osayin s”ibu

Kúrú ìde akàkà

Opeére Osayin s”ibu Bàbá

Kúrú ìde akàkà

Opéeré de osoiyn voa profundo

O pequenino não muda a natureza

Opeeré de Osoiyn voa profundo , Pai

O pequenino não muda a natureza

Obs: Opeére é uma ave africana que está ligado ao culto de Ossayin. Assim como Eyé,

voa e informa ao seu Senhor tudo que acontece na Floresta Sagrada.Categories: Orixá | 1 Comment

Ewe Itá/ Ewe ÉtipónláPosted on 22 de outubro de 2009 by Gunfaremim

 

 

Aí vai o korin ewe para a folha do ewe itá (pitanga – Eugenia pitanga). Na verdade essa

cantiga também serve para a folha de étipónlá, conhecida como erva-tostão ou agarra-

pinto (Boerhaavia difussa).

Ifá owó Ifá omo

Ewé étipónlá ‘bà Ifá orò

Itá owo Itá omo

Ewé étipónlá ‘bà Ifá orò

Orunmilá é quem traz boa sorte e dinheiro

A folha de erva-tostão é abençoada por Orunmilá

Folha de pitanga é quem traz boa sorte e dinheiro

A folha de erva-tostão é abençoada por Orunmilá

outra versão:

A fí pa burúrú,a fí pa burúrú

Etiponlá wa fi pá burúrú

Ita owó, ita omo

Etiponlá wa fi pá burúrú

Nós utilizamos para acabar com as complicações

Etiponlá que nós usamos para acabar com as complicações

A folha de Ita atrai dinheiro, Ita atrai filhos

Etiponlá que nós usamos para acabar com as complicações

Quando cantamos essa cantiga é costume se arrastar as folhas desses ewe no chão da

entrada do barracão até a ení do iyawo, para trazer prosperidade e proteção para todos

da casa. Também é comum espalhar suas folhas pelo chão do barracão durante o sirè,

demonstrando assim a sua importância.

O ewe ítá é uma folha de muita força, utilizada para atrair felicidade e sorte (asé odara),

pertencendo aOssayin e Osun. É uma folha quente, devendo ser usada com cuidado,

principalmente pelos filhos doorisá dos Caminhos (Ogun)…

As folhas de étipónlá, assim como o pèrègún (Dracaena fragans) são um ótimo

remédio contra feitiços mandados e aproximação de égun. É facilmente encontrada,

crescendo espontaneamente em calçadas e vias públicas. Deve ser utilizada em pouca

quantidade, pois pode causar ardencia e irritação na pele (coceira). Costuma ser

atribuída a dois orixás quentes: Sango e Oyá, sendo em alguns casos também ligada

a Ifá.

Não confundir com a cantiga abaixo, que é do ataare (pimenta da costa- Aframomum

melegueta):

ÈTA OWÓ ÈTA OMO

ÁTÁARÈ IKÚ GBOGBO GB’ÉRÙ RE O

TRÊS É DINHEIRO, TRÊS É FILHO

ÁTÁARÉ, LEVE TODOS OS CARREGOS DA MORTE

IFÁ OWO, IFÁ OMO

ÁTÁRÉ KUN GBOGBO BE LÚLÈ

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Conhecimento UniversalPosted on 22 de outubro de 2009 by Gunfaremim

O intuito desse blog não é provar quem é detentor de mais ou menos conhecimento.

Estamos aqui para trocar informações, ensinar, aprender… Falar, ouvir… O

conhecimento absoluto só é permitido a Olodumare, Senhor dos Nossos Destinos.

Quanto a nós, podemos absorver apenas alguns fragmentos dessa Sabedoria

Universal.

Pois bem, diversas comunidades iniciáticas, que buscam o conhecimento como forma

de entender o que se esconde por detrás do que não está visível, costumam chegar a

algumas conclusões em comum. Podemos exemplificar as Grandes Lojas Maçonicas,

a maioria dos Covens (ou Conciliábulos), onde a Deusa é cultuada, e a Sociedade de

Ifá. Orunmilá nos ensina que um dos maiores conhecimentos que um homem pode

alcançar é a noção de respeito pelo irmão. Na verdade a partir desse pilar que vai ser

construída toda a base de outros conhecimentos. Quando respeitamos o irmão,

adquirimos o seu respeito. Orunmilá EXIGE de seus escolhidos uma rigidez com

relação a conduta e as palavras. A palavra proferida muitas vezes tem tanta força

quanto um sacrifício animal, seja cuidadoso. Respeite seus irmãos, seja polêmico, sim,

discorde. Mas nunca deixe de lado o respeito, a cordialidade. Faça o seu caminho,

mas não interfira de forma negativa no caminho do outro. A Lei Universal é severa.

Como dizem os Sacerdotes de Orunmilá: A boru A boye A bosise! Tudo de bom pra

você, tenha boa saúde e prosperidade!

Por Jonatas GunfaremimCategories: Orixá | Leave a comment

O CONCEITO YORUBÁ DE ORIPosted on 10 de outubro de 2009 by Gunfaremim

 

Entre os orisas cultuados, há um em especial que é reconhecidamente dos mais importantes no panteão yorubá: é Ori (cabeça). Neste caso, não se trata pura e simplesmente da cabeça física visível, mas sim do Ori-inú (a cabeça interior), a nossa cabeça espiritual. O ori é tido pelos yorubás como o Deus pessoal, aquele que lhe está mais Próximo, ligado e interessado nos assuntos do seu devoto, mais do que qualquer outro orisá. Há um ditado que diz”Nada que não tenha sido sancionado pelo Ori de alguém, nenhum orisá será capaz de realizar”. Isto é, tudo tem que ser sancionado primeiramente pelo Ori de cada pessoa para que aquilo possa ser alcançado por ela.

Existe a crença pelos yorubá de que antes do nosso nascimento físico (no aiyé-terra) nós escolhemos os nossos Ori no orun-céu, o que implica um conceito de predestinação acreditado pelos yorubá tradicionais que atribuem os sucessos ou falhas, vida ou morte prematura, riqueza ou pobreza, etc.,como alguns dos aspectos já predestinados pela escolha do Ori antes da sua vinda para o aiyé.

Quando uma pessoa vai a um Babalawo e ele coloca que essa pessoa necessita fazer oferendas a

seu Ori (ebori), ele quer dizer que a cabeça daquela pessoa necessita de um pequeno reparo ou retoque, de acordo com o que disse anteriormente ou, simplesmente- caso essa pessoa não tenha problemas mais sérios, estando o seu Ori totalmente recuperado- que ela deva simplesmente propiciar (agradar) o seu Ori com uma oferenda, como se fosse um agradecimento pela proteção e bênçãos recebidas, pelas boas coisas alcançadas, etc..

Para se fazer uma oferenda, há que levar-se em consideração a trilogia Odù, Ori e Orisá.

O odù é o caminho é o caminho escolhido pelo Ori quando de sua viagem para o aiyé; este caminho já fora percorrido, pois, no momento em que a criança nasce, é o momento da chegada, e o caminho não pode mais ser modificado, na medida em que seu trajeto já é passado. E, durante esta viagem, algumas coisas ficarão marcadas naquele Ori, algumas leves, outras profundas.

Aquelas marcas leves são coisas que o Odú diz no jogo, mas que podem ser sanadas ou modificadas. As profundas são aquelas que, embora possam ser remediadas, deixam seqüelas, ou que, tão profundos danos causaram que não há como consertá-las. Seria mais ou menos como um programa de computador, onde algumas coisas você pode acrescentar ou deletar em novos dados, porém há partes que não podem ser modificadas ou deletados, a menos que se apague as informações do disco rígido, onde se encontra a memória do computador que executa a memória do computador que executa a memória do computador que executa todos os programas, isto é, só mesmo a morte.

Dizem alguns que se pode mudar o Odù, não é bem assim; pode-se modificar essas gravações do Odù mas, jamais, “despachar”o Odù e “assentar” outro em seu lugar. Se isso pudesse ser feito,

nossas vidas seriam uma maravilha.Muitas pessoas dizem serem capazes de despachar o seu Odù e assentar outro “melhor”, para quase totalidade das pessoas é o Odú Obará.

É quase que uma fixação coletiva, pois Obará é um Odú que tem um caminho de riqueza, digamos, mais largo, mais ou menos “facilitado”(desde que se faça por onde, ou ate mesmo, que se possua uma pitadinha de sorte). Mas, também, não é bem assim. Primeiro: Não se despacha o Odú, segundo: não adianta “assentar” Obará para quem não pertence a este Odú, terceiro: todos os Odú são meji, isto é, têm dois pólos, um positivo e outro negativo. Portanto, quando há problemas de Odú com uma pessoa, uma vez identificado qual o seu Odú, fazem-se trabalhos para propiciá-lo, despachando as negatividades e tornando-o positivo ou, pelo menos equilibrado. Isto, é o que limpa os caminhos da pessoa e abre passagem então para cuidar-se do Ori e do Orisá.ADAPTADO DE TRÊS TEXTOS DE ALTAIR T’OGUN.Categories: Orixá | Leave a comment

EkodidéPosted on 10 de outubro de 2009 by Gunfaremim

 

Ekodidé a pena da iniciaçãoCategories: Orixá | Leave a comment

Yemonjá Ogunté, a mãe guerreiraPosted on 10 de outubro de 2009 by Gunfaremim

 

Yemonjá foi casada com Osògìnyón, orisá fúnfun muito guerreiro e grande apreciador

de inhame pilado. Essa união teve como fruto uma criança ao qual deram o

nome OgunJá, pois ao nascer já era sabido pelos pais através de Ifá que o mesmo era

regido por um odu com características violentas e guerreiras. Devido ao seu odu de

nascimento OgunJá deveria sempre se vestir com roupas brancas, e jamais fazer uso

do epo pupa (óleo de dendê), embora o mesmo se senti-se extremamente atraído a

fazê-lo. O filho de Yemonjá cresceu, se tornando a exemplo de seu pai excelente

guerreiro. Era um grande conquistador, porém não costumava fazer prisioneiros,

matava a todos. Suas comidas prediletas eram o inhame e o ajá (cachorro), motivo

pelo qual muitos cantavam quando o viam: Àwa dé èyin, aworò rí Ògún je ajá!!

OgúnJá havia conquistado várias cidades pertencentes a cada um dos orisás.

Revoltados os orisás se reuniram e formaram vários exércitos para dete-

lo, OgúnJá venceu todos os exércitos. Vendo todos os seus exércitos vencidos os

orisás decidiram eles mesmos guerrearem com OgúnJá. Temendo pelo seu filho que

fatalmente seria vencido Yemonjá pegou a espada de seu marido vestiu-se com uma

armadura e foi ao encontro de OgúnJá, antes que os outros Orisás o

encontrassem. Yemonjá lutou com OgúnJá e o venceu. Vendo-se

vencido OgúnJá pediu para que aquele que o tinha vencido em uma batalha mostra-se

o seu rosto. Foi então que Yemonjá retirou a armadura que lhe cobria o rosto. Ao

chegarem a praia os demais orisás vendo OgúnJá ajoelhado na areia, aos pés

de Yemonjá, gritaram:

-Yemonjá venceu Ogún!! Yemonjá deve ser respeitada!! Salve Yemonjá Ogunté!! Odo

Iyá!!Categories: Orixá | Leave a comment

Ewe Ábèbè Òsún- Erva capitão (Hydrocotyle bonariensis)Posted on 30 de setembro de 2009 by Gunfaremim

Foto tirada em Janeiro de 2011 na Praia da Barra da Tijuca (RJ)

 

 

Folha muito apreciada pela Senhora das Águas, Òsún. Erva de muito asé e que traz muita prosperidade. Sua aparência lembra o abebe de Òsún (e também Iyemonjá) sempre traz consigo, e que utiliza tanto para se admirar, como para se proteger dos seus inimigos. Outros nomes que recebe são erva-tostão e folha-de-dez-réis, sugerindo que suas folhas lembram moedas, dinheiro. É interessante observarmos que essa denominação vai de encontro a sua utilização nas casas de candomblé, que a utilizam para atrair a prosperidade dessa iyagbá, que ama o ouro. Ainda chamamos o abebê de acariçoba, lodagem, erva-capitão e em Portugal é conhecida como chupa-chupas (pirulitos). (leque ritual) que

O nome grego Hydrocotyle refere-se à afinidade de muitas destas plantas pela água (Hydro significa água) e ao formato das folhas (kotyle= significa pequena xícara). Existem diversas espécies pertencentes a gênero Hydrocotyle, entretanto podemos destacar duas: a H. vulgaris, que gosta de lugares alagados e possui folhas na posição horizontal (viradas para cima) e a H. bonariensis, que vive em solo arenoso perto da praia com folhas que ficam na vertical (em pé). Segundo os antigos, o abebê utilizado para Òsún seria aquele que nasce na beira d’água, enquanto aquele que nasce em locais secos seria atribuído ao orixá Sango, sendo inclusive uma de suas maiores folhas de fundamento.A Hydrocotyle bonariensis é uma espécie pioneira, típica de restingas litorâneas, formada por um caule comprido, rastejante, que se subdivide várias vezes e que, a

intervalos irregulares, vai lançando hastes verticais, ora com folhas ora com flores. Como o caule está soterrado na areia, só as folhas e inflorescências ficam visíveis. Na praia da Barra da Tijuca essa espécie é vista em abundância vegetando próxima dos quiosques.Na fitoterapia costuma-se fazer uma espécie de creme com as folhas para aplicar na pele, com o intuito de acabar com manchas e sardas. A ingestão das folhas é contra-indicado, devido às mesmas serem consideradas tóxicas, entretanto suas raízes costumam ser utilizadas em decoctos, tida como diurética e desobstruente do fígado, porém é emética (provoca vômito) em doses fortes. Sua função diurética também faz com que seja utilizada no tratamento de hipertensão arterial. Seu uso durante a gestação deve ser evitado. Pessoa de Barros e Eduardo Napoleão em sua obra Ewé Òrìsà (1999) citam que suas folhas teriam ação calmante e tonificante cerebral, quando ingeridas com leite.Por isso cantamos para essa folha, que dá poder para quem canta: 

Ábèbè ni gbo waÁbèbè ni n’bó

Ewe ábèbèÁbèbè ni gbo wa

Ábèbè ni n’bóEwe ábèbè

 

Tradução livre

É a folha de Abebe que iremos ouvir

Folha que cultuamos sobre a ení

Folha do Abebe

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Candomblé e Meio AmbientePosted on 29 de setembro de 2009 by Gunfaremim

 Com o crescimento da nossa religião e o surgimento de novas casas de candomblé e umbanda a utilização das áreas verdes remanescente se reflete muitas vezes em um problema ambiental, o dilema está em como continuar utilizando esses espaços sem aumentar ainda mais a sua degradação. Nessa hora devemos recorrer ao conhecimento deixado por nossos mais velhos, e também ao bom censo. Antes de sair de sua casa se pergunte: Será que essa oferenda não pode ser depositada junto ao igbá do orixá que se quer agradar, no próprio Ilé Asé? Alguns filhos ou clientes podem não possuir um assentamento individual, nesse momento deve-se relembrar o conceito que os nossos ancestrais africanos tinham de EGBÉ, ou seja comunidade. Para eles a energia era entendida de forma coletiva, ou seja “um por todos e todos por um”. Exemplificando, quando o Ogun da casa (do Egbé) era cultuado o axé desse orixá seria dividido para todos os membros da comunidade. Esse conceito é bem interessante, uma vez que diminui os custos financeiros e ambientais, e consequentemente a quantidade de resíduos produzidos é bem menor. Por outro lado o asé, quando compartilhado, tende a ser bem maior pois a união nos torna muito mais fortes.Caso Ifá determine que a oferenda PRECISA ser levada para fora do Ilé Asédevemos tomar os cuidados necessários para que ao final da obrigação o meio ambiente esteja o mínimo degrado possível. Assim evite deixar garrafas, copos e vasilhas. Esú adora um otin, entretanto a garrafa não precisa permanecer no local. Osun adora espelhos e pentes, mas será que ela iria ficar feliz em ver o seu rio todo poluído, com os seus peixes morrendo contaminados? PENSE e REFLITA! Os elementos utilizados nos ebós sempre (ou quase sempre) poderão ser substituídos por outros menos impactantes ao meio ambiente.

Podemos fazer muito para contribuir com a preservação do Meio Ambiente, mesmo em atitudes muito simples, como cultivo de algumas plantas em nossa casa. Tradicionalmente algumas ervas só podem ser retiradas para o culto, quando as mesmas crescem expontaneamente. Entretanto nada impede que você tenha um pé de odundun (folha da costa), um peregún(pau-dágua) ou um igi opé (dendezeiro). Dentro desse aspecto é importantíssimo que preservemos as nossas árvores sagradas dentro de nossas casas de culto. São elas que servirão de morada para diversos espíritos (iwin e abikú), assim como orixás (Apaoká e Iroko) e Voduns (Atin sá). Quando uma planta cresce ela retira gás carbônico da atmosfera, isso reduz o aquecimento do planeta. Vamos plantar mais árvores, principalmente as nativas da nossa região. Toda folha tem uma aplicação, todas elas têm um(a) dono(a), é só descobrir. ERÚ EJÉ! ASSA!Categories: Orixá | Leave a comment

Blog do Tio NapoleãoPosted on 29 de setembro de 2009 by Gunfaremim

Esse blog me inspirou a criar o meu. Esse cara é uma das minhas principais

referencias no quesito Ewe Orisá. O seu livro Ewe é para mim uma espécie de Bíblia,

que estou sempre consultando. Os meus respeitos Tio Napoleão

Eduardo Abiodun Ayóòla

http://ewif.blogspot.com/

Prestigiem, porque o trabalho dele é único, e indispensável para quem deseja

informações corretas e sérias.Categories: Orixá | Leave a comment

Ikú e a criação do homemPosted on 29 de setembro de 2009 by Gunfaremim

Conta uma lenda que Olorun, logo após ter criado o mundo incumbiu Obatalá de criar os primeiros seres humanos. Após muito meditar Obatalá decidiu quer o melhor material para moldar os seres humanos seria amòn, a lama, composta por terra e água. Pediu então que Esú Ajelú, seu mensageiro, trouxe-se bastante amòn. Rapidamente o Senhor das Encruzilhadas se retirou a fim de cumprir a sua missão, que dessa vez considerava bem fácil. Ao

chegar ao local se abaixou e bateupawó três vezes, a fim de pedir licença a Ayé, a terra. Quando começou a retirar amòn ouviu um grito de dor:-Por que fazes isso comigo, o que lhe fiz de mal para querer tirar um pedaço de mim? Gritou Ayé.-Perdão Ayé, não queria te machucar! Disse Ajelú, retornando em seguida ao seu senhor, sem ter cumprido sua missão.Ajalá pediu então que Ogun Já fosse trazer amòn. Ele era conhecido por ser um forte guerreiro e não teria pena quandoAyé reclamasse, assim foi feito. Ao se aproximar do local, assim como Ajelú, bateu pawó três vezes e pediu ago. Quando tirou a primeira mão de amòn e se preparava para guardá-la em seulabá (bolsa tipo capanga) Ayé mais uma vez começou a se lamentar:-Por que fazes isso comigo, o que lhe fiz de mal para querer tirar um pedaço de mim?Ogun Já era famoso por seus acessos de fúria repentina, que só acabavam com o sangue derramado de todos os seus inimigos. Entretanto sentiu pena de Ayé, que nada lhe havia feito. ComoAjelú, retornou sem cumprir a sua missão.Um a um, todos os orixás foram convocados para essa missão. Nenhum conseguiu obter êxito, até mesmo a Senhora dos Pântanos, Nana Burukú falhou.Foi então que Obatalá chamou Ikú, dando a ele o àpò (bolsa).Ikú era um jovem que possuía uma beleza que deixava todos enfeitiçados. Chegando ao local pediu licença e começou a retiraramòn. Na mesma hora Ayé começou as lamentações. Embora Ikúfosse famoso por sua beleza, também era conhecido por sua frieza, diziam até que nunca havia amado ninguém. Não deu ouvidos ao choro de Ayé e retirou bastante amòn.Obatalá pôde então moldar os seres humanos, sendo auxiliado por Babá Ajalá. Para cada ser moldado Osalá criou uma árvore, que eram habitadas por espíritos denominados iwin. A função dessas árvores seria auxiliar na respiração dos novos seres, que receberam o sopro vital (èémí) dado por Olorun.

Como foi o único que conseguiu trazer a lama primordial Ikúrecebeu de Osalá a missão de devolver o corpo, feito de amon, para o seu lugar de origem, toda vez que o sopro vital retorna-se ao Orun. Nesse momento, todo aquele que visse Ikú ficaria enfeitiçado com a sua beleza e o acompanharia até o seu reino oIgbó Ikú, a Floresta dos Mortos, de onde ninguém pode retornar.Conto africano adaptado por GunfaremimCategories: Orixá | 1 Comment

Folhas no CandombléPosted on 23 de setembro de 2009 by Gunfaremim

Dois vídeos bem interessantes que falam sobre a Sassayin, ritual de sacralização das

folhas sagradas.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=tfxsy4WR5dk&feature=related]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=kh5LuyxvO-Y]

Categories: Orixá | Leave a comment

Ewe Oriká/ Akinkán- Cajazeiro (Spondias lutea)Posted on 23 de setembro de 2009 by Gunfaremim

Folha de Ogum, Atinsá de fundamento no culto aos voduns. Atrai sorte e a proteção

do Senhor da Faca (Olobé). Gosto muito desse korin ewe, pois relembra um

importante itan orisá. Aféfé espalhou as folhas, cada orisá pegou a sua, porém quem

detona o asé é Ossayin. Ewe o!!!Ewé kíkán kikán Oya gbálè óEwé kíkán kikán Oya gbálè

Ewé mi l’Osayin Ewé mi kò sílèEwé kíká kikán Oya gbálè

 

Oyá espalhou as folhas do cajazeiro  Minhas folhas, são de Ossanhe

Oya não jogue minhas folhas no chãoOyá espalhou as folhas do cajazeiro

Categories: Candomblé, Cantigas, Ewe Orixá, Lendas, Orin ewé, Orixá | Tags: afefe, atinsá, caja mirim,cajazeira, okinkan, olobe, orika, spondias lutea | Leave a comment

Dicas úteis na utilização de ervasPosted on 23 de setembro de 2009 by Gunfaremim

Me passaram essas dicas, não recordo a procedência, e acho interessante

compartilhar com todos:

1ª nem tudo que é bom para A é bom para B!

2ª os chás são iguais aos medicamentos, tem princípios ativos que podem causar

danos ao organismo, principalmente se não há indicação para o seu uso.

3ª tem que saber qual parte da planta deve ser usada (raiz, caule, folhas, casca, etc),

e de que maneira deve ser preparada.

4ª a época do ano também influencia na quantidade de princípios ativos da planta.

5ª a conservação dessas plantas também é fundamental, pois tem vendedores de rua

(raizeiros) e mercados que as deixam expostas, e podem estar contaminadas com

bactérias e fungos.

6ª na hora de comprar, devemos saber se é realmente a planta que você necessita, ou

se é uma parecida com ela. Muitos raizeiros são charlatões e enganam seus clientes,

vendendo gato por lebre. Existem espécies parecidas, que enganam a olho nú.Categories: Orixá | Leave a comment

Fitoterapia e GestaçãoPosted on 23 de setembro de 2009 by Gunfaremim

 

 

Quando falamos em receitas para engravidar devemos ser

muito cuidadosos… Primeiro temos que saber a causa pelo

qual não se engravida: É espiritual apenas ou é de origem

orgânica? Nós vivemos noaye (mundo dos vivos), por isso nem

tudo deve ser resolvido só pelo lado espiritual. Às vezes é

bom combinar os dois lados…

Toda planta possui um princípio ativo (a substância química

que vai agir no nosso corpo) que pode agir de formas

variadas, dependendo do seu metabolismo individual,

condição de saúde, idade, etc. Existem diversas ervas

utilizadas para auxiliar na concepção e gestação. O seu uso

deve ser feito com precaução, nunca devemos esquecer que

as plantas são remédio, e o que pode separar o remédio do

veneno pode ser, por exemplo, a dose. Por isso muito cuidado

na sua utilização, principalmente se for ingerir através de

chás.

Por exemplo, existem folhas que quando ingeridas afinam o endométrio (tecido

que reveste a parede interna do útero e onde o embrião vai se fixar e se

desenvolver durante a gestação). Uma mulher que faço uso contínuo desse tipo de

erva vai ter dificuldade para engravidar, pois o embrião não vai conseguir se

implantar. Outras ervas tem efeito citotóxico, ou seja podem intoxicar e afetar

negativamente o feto em desenvolvimento. Ainda existem aquelas que aumentam a

contração da parede do útero, levando ao aborto, a exemplo do

nosso jokonijé(cipó-mil-homens- Aristolochia sp.).

Bom, mas também existem as folhas que nos auxiliam… uma que costuma ser bem

utilizada é oÌyèye (aperta ruão- Piper mollicomum), folha da Senhora da Gestação,

Osun. Seu uso é feito na forma de banhos e sacudimentos em casos de dificuldade

em engravidar, não devendo ser ingerido, é abortivo. Outras folhas utilizadas em

banhos, também de Osún, são o gbági (pata de galinha- Eleusine indica),

o òrúru (tulipa africana- Spathodea campanulata) e a flor de Èsá pupade cor

amarela (mimo de vênus- Hibiscus sinensis).

Obs: Antes de utilizar qualquer folha procure o auxílio de

alguém de sua confiança, um sacerdote (sacerdotiza) que

conheça os ewe (nsabas) e seus segredos, ou até mesmo um

fitoterapeuta sério. Lembre-se que uma erva pode servir para

mim e não ser indicada para você. O poder das folhas é

grande, uma folha bem empregada pode levantar uma vida,

mas também pode causar sérios problemas.

Ossayin na SanteriaPosted on 9 de junho de 2012 by Gunfaremim

A Santeria é o parente cubano do nosso Candomblé.

Lá Ossayin também é reverenciado e adorado com cânticos alegres e de muita força.

É interessante observar algumas similaridades com nossos korin ewé..

 

 

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Ossain e a MPBPosted on 9 de junho de 2012 by Gunfaremim

Belíssima interpretação de Maria Creuza:Bomgbo sé mi Aguê mirô   aê aê

Bomgbo sé mi Aguê mi rô aê Aguê.

Categories: Cantigas, Ewe Orixá, Orin ewé, Ossayin, Vídeo | Leave a comment

FOLHAS SAGRADASPosted on 1 de junho de 2012 by Gunfaremim

Esse vídeo foi produzido há vários anos, sob a direção de meu Pai Flávio de Oguian, e

conta com a voz belíssima de sua esposa, companheira e Iyá Ilé de nossa casa, ekeji

Lucinha de Oxum. Também estavam na produção deste vídeo o Diretor Luiz Fernando

Sarmento e Raul Lody.

 

São cantadas as seguintes korin ewé:

Ìpesán

Ìpesán elewa

Èiyé t’alo ké mo mase so

Lindo Ìpesán

Que ave te impediu de dar frutos?

 

Ataare

Ata kò ro ju ewé o

A lele kò ro ju ígbó-ògùn

Pimenta não é mais forte que folha

Vento não é mais forte que floresta de remédios.

 

Ìrókò

Èró ìrókò

Ìrókò ìso èró

Calma é de Iroko

Iroko não falha.

 

Ewé igbá ája/ Ewé inón

(Igbá) Ája wu’na góróró

(Igbá) Ája wú’na

A wu inón (Ewé inón)

(Igbá) Ája abre caminho estreito

(Igbá) Ája abre caminho

Caminho de fogo

 

Ábèbè

Ábèbè ni gbo waÁbèbè ni n’bó

Ewe ábèbè

Ábèbè ni gbo wa

Ábèbè ni n’bó

Ewe ábèbè

É a folha de Abebê que iremos ouvir

Folha que cultuamos sobre a ení

Folha do Abebe

 

Òdúndún

Òdúndún bàbá t’èrò re

Òdúndún bàbá t’èrò re

Bàbá t’èrò re

Monlè t’èrò

Òdúndún bàbá t’èrò re

 

Odundun, Pai, espalha sua calma

Pai, espalhe a calma sobre a terra

Odundun, Pai, espalhe sua calma.

 

VÍDEO EXCELENTE,VALE A PENA DAR UMA OLHADA!

 

 

Folhas Sagradas – O Verde no Candomblé por LuizFernandoSarmento no Videolog.tv.

FOLHAS SAGRADA

TEXTO ESCRITO POR  JONATAS GUNFAREMIM

Folhas Sagradas – O Verde no Candomblé por LuizFernandoSarmento no Videolog.tv.Categories: Cantigas, Ewe Orixá, Ossayin, Sasányìn, Tradição Africana, Vídeo | 3 Comments

UM ANO SEM PAI FLÁVIO DE OGUIAN..Posted on 1 de junho de 2012 by Gunfaremim

 

Babá mi, má sùn o –Meu pai, não durma, vigie todos os seus filhos!

Quando o orixá Ikú se aproxima, e abraça alguém com seu hálito frio, Ele não torna

essa pessoa melhor nem pior, apenas restitui a terra o que dela saiu. Após a

passagem de Ikú, seremos lembrados pelas ações que tivemos quando vivos, sejam

elas boas ou más.

Por outro lado, aqueles que observam a passagem de Ikú têm a possibilidade de se

modificarem. De aprender que o orgulho, a vaidade e os pequenos ressentimentos de

nada nos servem, pelo contrário só nos atrasam e nos impedem de caminhar, de

sermos felizes..

Aprendi no Candomblé muita coisa boa, uma delas foi o sentimento de comunidade,

de espírito coletivo. Tudo que fazemos, realizamos junto com alguém, por isso

aprendemos a contar sempre com o outro. Ninguém toca um Candomblé sozinho.

Quando nascemos, somos cortejados pelos nossos mais velhos, que nos ajudam a

caminhar e alegremente cantam: Ikodidé, adupé ìyawó. Ofé re jé! Momento único nas

nossas vidas.

Aprendi que, assim como, quando nascemos não estamos sozinhos, quando partimos

também não ficamos solitários. Um iniciado nunca será apenas mais um, um número

frio e sem valor. Ele pertence a uma comunidade, a comunidade o acolheu e ele a

escolheu. Por isso a comunidade estará presente no momento em que o ará retornar

para a terra. Não é uma questão pessoal, mas espiritual.

 

PAI FLÁVIO DE OGUIAN

Aprendi que todo aquele que recebeu o “awo”, deverá ter o direito de retornar as suas

origens, de romper os laços que o ligam a comunidade e assim poder seguir o seu

caminho..

Também aprendi que o elo que nos une é muito maior do que podemos imaginar. O

elo espiritual, forjado pelos orixás, materializado em todos os dias de nossas vidas. É

nessa força que aprendi a acreditar e respeitar.

Aprendi a acreditar na Tradição. Que quando ela não mais ditar as regras, quando

cada qual seguir seus interesses momentâneos, a essência terá se perdido, a

memória será esquecida.

Aprendi que quando enfraquecemos a Tradição, estamos enfraquecendo a memória

de nossos ancestrais, fazendo com que nossas origens sejam esquecidas. O Ásèsé

nos ensina, se não pudermos retornar a nossas origens, como poderemos sustentar

nossa religião?

 

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIMCategories: Axexê, José Flavio, Tradição Africana | Leave a comment

Ewé Dan- Jibóia (Epipremnum pinnatum)Posted on 29 de janeiro de 2012 by Gunfaremim

Epipremnum aureum (Folha jovem)

A Jibóia (Epipremnum pinnatum) é uma planta semi-herbácea e de hábito trepador

(epífita), pertence à família das Aráceas, onde encontramos os antúrios, as costelas

de adão e os filodendros. Suas folhas nascem pequenas, brilhantes e sem recortes,

conforme a planta vai se alastrando e chega próxima a um suporte em que possa se

sustentar, suas folhas crescem e tornam-se recortadas, lembrando muitas vezes a

costela-de adão (Monstera deliciosa).

Quando cultivadas dentro de casa, não chegam a atingir 2 metros, porém na natureza

podem ultrapassar os 20 metros de altura. Suas folhas nesse caso podem alcançar

quase 1 metro de largura.

De acordo com o dicionário tupi, a palavra “mbóia” ou “mboy” designa cobra, e “y”

seria água, em uma pronúncia gutural difícil de ser grafada. O nome jibóia tem origem

indígena e significa literalmente “cobra d’água”.

 

Epipremnum aureum (Folha crescendo em tronco de árvore)

Segundo uma lenda indígena, a Jibóia Branca guardava o segredo do conhecimento,

mistério e ciência da floresta encantada. Conta-se que um guerreiro procurando por

caça acabou encontrando um encantado, a Jibóia Branca, que morava no lago grande.

e se transformava em mulher, ia para a terra e depois voltava para o lago. A partir

desse encontro, o guerreiro se apaixonou e pediu ela em casamento. O guerreiro e a

Jibóia tiveram uma vida muito boa, tendo acesso ao conhecimento e aprendizado no

mundo espiritual. Nesse lago grande, na comunidade da Jibóia Branca, viviam muitos

encantados. Todos eles conheciam o segredo das plantas do poder, entre elas o cipó

ayahuasca (nixi pae) e a folha kawa. E foi dessa maneira que a utilização dessas

plantas ficou conhecida entre os povos da mata.

 

A jibóia é considerada uma planta encantada, principalmente entre os povos do Norte

e Nordeste do país. Dizem que ela seria uma excelente planta para proteção, quando

cultivada em casa protegeria os moradores contra energias e pessoas negativas.

Alguns acreditam que, quando uma jibóia é cultivada onde há uma mulher solteira, a

planta é capaz de atrasar ou atrapalhar um futuro casamento, pois afasta possíveis

pretendentes. Outra crença é que ela não deve ser cultivada dentro d’água em casa,

pois atrairia fofoca, ejó, segunda a língua do povo de santo.

 

Segundo o Feng Shui, não se deve deixar que ela se enrole dentro do vaso, e sim que

ela suba pela parede. Nesse caso sua indicação seria para harmonização dos

ambientes e favorecimento do crescimento profissional, utilizada nos ambientes

fechados como escritórios e salas de reuniões.

A jibóia encontra-se na lista divulgada pela NASA das plantas de interior campeãs na

filtragem do ar. Essas plantas agiriam não só reciclando o dióxido de carbono (CO2) e

liberando oxigênio, mas tambémretirando diversos poluentes do ar, como os gases

formaldeídos, utilizados na fabricação de corantes e vidros.

 

Filodendro e Costela-de-adão

Embora possua diversos aspectos positivos, devesse ter atenção redobrada com

relação a essa planta, principalmente em ambientes com crianças e animais

domésticos, pois como outros representantes de sua família (comigo-ninguém-pode e

o filodendro, por exemplo) acumulam cristais de oxalato de cálcio em seus tecidos,

tornando-se tóxicas quando mastigadas ou ingeridas. Esses cristais podem afetar a

orofaringe, causando irritação oral e inchaço das mucosas do trato gastrointestinal.

Talvez esse seja um dos motivos pelo qual a jibóia também é conhecida como era-do-

diabo..

 

Nas casas de Candomblé a jibóia é tida como uma ewé apa òsí, estando ligada tanto

ao elemento água como a terra, embora também transite pelo ar. Em seu nome ioruba

também trás alusão a cobra mítica, ewé dan, folha da serpente. Costuma ser

empregada com certa freqüência em alguma casas de Jeje, nos processos de

iniciação e em baixo das esteiras (enim/zocré) do vodunsi. Essa folha é consagrada ao

orixá Oxumare.

 

Oxumare. By Patrick de Ayrá

Oxumarê é o grande orixá da transformação, do movimento e das mudanças. Nas

casas de tradição Jeje é conhecido pelo nome de Bessem, Dambará ou simplesmente

Dan, o que justifica seus filhos serem chamados dansí. Dan é o vodun senhor de tudo

que é sinuoso e curvo. As trepadeiras estão sob a sua guarda.

 

Oxumare. Arte de Patrick de Ayrá

Recordo-me com saudades de sempre que recebíamos a visita de Pai Waldir de

Oxumare ele puxava essa cantiga durante a Sassaiyn:

 

 

Ewe dandan Dara ma da o

Ewe dandan Dara ma da

Ewe da orun Baba da orun

Ewe dandan Dara ma da ò

 

 

TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIMCategories: Cantigas, Ewe Orixá, Fitoterapia, Lendas, Orin ewé, Orixá, Vodun | Tags: bessem,Dambara, Epipremnum pinnatum, ewe dan, jiboia | Leave a comment

A NAÇÃO JEJE (O POVO DE DAN)Posted on 29 de janeiro de 2012 by Gunfaremim

A Nação Jêje, em especial a Mahi, é considerada fechada e cercada de muitos

mistérios sendo que pouco se costuma publicar a respeito. Essa talvez fosse uma das

razões pela qual se costumava dizer que a mesma estivesse praticamente extinta,

entretanto de alguns anos para cá ela vem ressurgindo e mostrando a todos a força do

“Povo de Dan”. Infelizmente, apesar do crescimento de casas dessa linhagem também

é crescente a descaracterização da mesma, já que devido a falta de conhecimento as

pessoas não estão seguindo os preceitos impostos pela Nação.

 

Ile Asé Osumare (Bahia) /Nago-vodun

Dentro do culto são seguidos várias proibições (trefú= ewó) da Nação como, por

exemplo, nunca pronunciar o nome dos voduns perto do fogo ou lixo, jamais comer ou

utilizar a carne do carneiro, até o seu nome deve ser evitado usando-se o termo

“lanzudo”.

Na Nação Jeje, observamos não só uma ritualística própria, mas também toda uma

terminologia característica, que em alguns casos pode variar de acordo com o Asé ao

qual a casa descende. Dentre os principais rituais praticados podemos citar: o Pole, o

Tó, o Zandró, o Sanjebe, o Kuhan, o Gboitá, o Zô e o Sarapokan (Sapokan). É

costume entre os antigos dizer que alguém só pode ser considerado realmente um

vodunci se tiver recebido o Hungbe, ou seja, tenha passado por todos os rituais

necessários para uma verdadeira iniciação no culto aos voduns. É interessante

observar que muitos desses rituais tiveram que sofrer adaptações, devido à

proximidade com o meio urbano. Outros, como o ritual de Gra (ou Grau) apresentam-

se em quase extinção.

 

Roça do Ventura: Da esquerda para a direita, ogã Boboso (Ambrósio Bispo Conceição), vodunsi

Alda dos Santos Menezes da Silva, ogã Bernardino Pereira dos Santos e a vodunsi Alaide

Augusta da Conceição. Foto: MARCO AURÉLIO MARTINS

Alguns cargos empregados são:

*Doté/ Doné – Respectivamente Babalorisá e Iyalorisá. Quando o termo usado for

Tochê ou Nochê os respectivos significados são “meu pai” ou “minha mãe”. Também é

comum aos filhos responderem ao Doté ou Doné por Dê, que significa senhor, meu

Pai. Esses termos são utilizados por filhos dos voduns Kaviuno. Quando o vodun do

filho pertencer à família de Dan esse deverá chamar o sacerdote por Mejitó, da mesma

forma os filhos de divindades nagô-vodun chamarão seu iniciador por Gayaku.

*Huntó/ Runtó – É o encarregado de chefiar todos os demais tocadores de atabaque.

Na verdade o Huntó é um cargo equivalente ao de Ogan, podendo existir outros, como

Pejigan, Gaimpe e Abajigan.

* Vodunciponcilê – Cargo semelhante ao de Ekéji.

*Hosegan/ Gonzengan – Semelhante à Vodunciponcilê porém sua principal função é

cuidar das quartinhas (gonzen) e eventualmente dos Gra. Em determinadas linhagens

dessa nação são realizados orôs especiais com a finalidade de se invocar os Gra, que

antecedem o processo de feitura. São considerados uma forma de espírito selvagem,

que após ser concluído o processo iniciático não mais retorna.

*Hunso/Runssó – Mulher encarregada da cozinha do barracão.

*Dere- É a mulher encarregada de cuidar da vodunci durante sua iniciação, seria sua

mãe pequena.

*Adagan – Escolhida entre as filhas de santo mais antigas da casa, que por sua

experiência é encarregada de algumas cerimônias e rituais importantes como cuidar

de Legba, é um cargo exclusivo para mulheres exigindo também grande

responsabilidade. Cabe ressaltar a importância deste cargo, uma vez que em muitos

axés cuidar de Exú é tarefa restrita aos homens.

*Sidagan- É também uma filha de santo antiga, sendo a sua função auxiliar a Dagan.

Esses dois cargos são de tamanha importância, pois cabe a Sidagan recitar o ajebé,

cantiga secreta que quando entoada pode salvar uma pessoa da morte ou

restabelecer a saúde de alguém muito doente.

*Adogan – É o filho de santo (homem) encarregado de cuidar da roça, ou seja da área

aonde estão plantadas as árvores sagradas do terreiro.

*Vodunsi – O termo significa esposa do vodun e é equivalente á iyawô.

*Etemi- Vodunci iniciada para nagô-vodun e que já tenha mais de 7 anos de iniciação.

*Hurete/Arruretê – Pessoa que ainda não passou pelo ritual de iniciação, Abian.

Ainda observamos o termo Humbono, que é dado ao primeiro filho de santo iniciado

pelo zelador, cabendo a ele o direito de substituí-lo após o seu falecimento, até que

seja escolhido o seu sucessor.

 

Oxumare, a cobra arco-íris

Em casas dessa linhagem os voduns costumam ficar em um altar chamado pandôme

que se localiza no interior do sabaji, quarto sagrado aonde estão os assentamentos

dos voduns, sendo que em algumas vezes é reservado apenas para os voduns do

chefe do kwe ou rumpame (casa de culto). Ao contrário do ritual Alaketú não vamos

observar a presença do isé ou poste central, no centro do barracão costuma ficar

apenas um grande porrão contendo muitas moedas. Dentro da tradição jeje a maioria

dos voduns está associado a uma árvore, chamadas Atin, sendo Atinsá seus galhos.

Daí vem o costume de se chamar os voduns assentados fora do interior do barracão

(no tempo) de Atin, mesmo que no espaço do terreiro não haja árvores.

Bessem/ Akóro Bessem é o vodun chefe de toda nação Jeje, senhor da riqueza e da

sabedoria, quem trás harmonia ao mundo. É o próprio arco-íris, a grande idan (cobra)

que desce à Terra para beber água e nos traz a fartura através da chuva que fertiliza o

chão.

 

Piton Africana (Python Regius)

TEXTO ESCRITO POR  JONATAS GUNFAREMIMCategories: Candomblé, Nações Africanas, Vodun | Tags: bessem, dan, jeje, kwe seja unde, o Gboitá,o Kuhan, o Pole, o Sanjebe, o Tó, o Zandró, o Zô e o Sarapokan (Sapokan), oxumare | 3 Comments

Amúnimúyè (Centratherum punctatum)Balainho-de-velho, perpétua-roxa, perpétua-do-matoPosted on 10 de janeiro de 2012 by Gunfaremim

Conta a lenda que “Oxóssi, o grande caçador e rei da nação Ketu, foi avisado do

perigo que corria ao percorrer todos os dias os domínios de Ossain. Este orixá, dono

das “folhas” costumava prender junto a si aqueles que se aventuravam em suas

matas. Certo dia, deu-se o encontro e Oxóssi bebeu da poção que Ossain lhe

ofereceu, permanecendo junto a ele sem consciência de quem era, esquecendo sua

família e seus afazeres. Havia tomado amúnimúyè, a “folha do esquecimento” ou “a

que tira a consciência”” (PESSOA DE BARROS, 1994).

 

 

 

Balainho de velho (amúnimúyè)

A folha que nos referimos é conhecida nas casas de Candomblé como amúnimúyè,

que significa “aquela que se apossa de uma pessoa e de sua inteligência”. Devido a

suas propriedades mágicas é considerada importantíssima nos rituais de iniciação,

onde, associada a outros componentes, irá facilitar o transe e permitir que o orixá se

aproxime de seu filho. Embora esteja ligada ao transe, é considerada uma folha eró e

não gún. Seu principal aspecto é masculino e seu elemento é o ar.

 

No Brasil o amúnimúyè é também conhecido pelos nomes balainho-de-velho,

perpétua-roxa ou perpétua-do-mato. Em terras tupiniquins, a espécie original (Senecio

abyssinicus) foi substituída pelo Centratherum punctatum, ambas pertencentes à

família botânica Compositae, segundo nos informa Eduardo Abiodun.

 

Centratherum punctatum (Jardim Botânico do Rio de Janeiro)

Estudos das folhas de balainho-de-velho, baseados em análises fitoquímicas,

revelaram a presença de, pelo menos 49 componentes, entre flavonóides, taninos e

glicosídeos, dos quais os flavonóides apresentaram comprovada atividade

antibacteriana. Outras substâncias abundantes nesses extratos vegetais foram os

sesquiterpenos, presentes em diversos óleos essenciais. Além da ação

antimicrobiana, o extrato de balainho-de-velho também apresentaria propriedades

antioxidantes.

 

Senecio abyssinicus

Um fato interessante dessa planta é que ela se destaca como uma das principais

flores visitadas pelas abelhas da espécie Apis mellifera, sendo excelente fornecedora

de néctar, ajudando assim no aumento da produção de mel. Segundo é bem

conhecido por todos no Candomblé, o mel é uma das principais kizilas (ewó/interdito)

de Oxóssi.. Dizem que quando ele come mel, fica completamente perdido, sendo

facilmente dominado.. Igual a Barú quando come   ilá   (quiabo).. Lembram da lenda que

contamos? Ossain não era bobo e sempre carregava amúnimúyèem sua grande

cabaça (igbá) do mistério.

 

 

 

SAIBA MAIS LENDO:

PESSOA DE BARROS, J. F. . Aspectos Simbólicos da Possessão Afro-Americana. In:

Maria Teresa Toríbio Brittes Lemos; José Flávio Pessoa de Barros. (Org.). Reflexões

sobre José Marti. Rio de Janeiro: PROEALC / CCS / UERJ, 1994, v. 1, p. 25-38.

Composition of the Leaf Oil of Centratherum punctatum Cass. Growing in

Nigeria. ISIAKA A. OGUNWANDE ET AL.

Journal of Essential Oil Research/497 Vol. 17, September/October 2005.

Leaf extract of Centratherum punctatum exhibits antimicrobial, antioxidant and

anti proliferative properties. NAVEEN KUMAR PAWAR & NEELAKANTAN

ARUMUGAM

Asian Journal Pharm Clin Res, Vol 4, Issue 3, 2011.

TEXTO ESCRITO POR  JONATAS GUNFAREMIMCategories: Ewe Orixá, Fitoterapia, José Flavio, Lendas, Medicina tradicional, Ossayin, Vídeo | Tags:amúnimúyè, antibacteriana, antioxidante, Apis mellifera, balainho de velho, Centratherum punctatum,flavonoides, oleos essenciais, oxossi, Senecio abyssinicus, taninos | Leave a comment

Itan Ossanyin A cor da culturaPosted on 6 de dezembro de 2011 by Gunfaremim

Esse itan faz parte da série de programas ” A cor da Cultura”. Fala como Ossaim se

tornou o Senhor das Folhas e como cada orixá pegou a sua..

 

 

Veja também o post com o itan de Ossayin..Clique aqui

Folhas citadas no vídeo:

Algodão: ewé òwú (Gossypium barbadense)

Espada de Ogún: pèrègún (Dracaena fragans)

Dracaena sp. / Pau d'água

Folha de fogo: ewé inón (Clidemia hirta)

Folha de fogo

Dormideira: ewé ápéjè (Mimosa pudica)

Olho-de-santa-luzia: ojúoró   (Pistia stratiotes)

Cabaceira: Igi Igbá (Crescentia cujete)

Jequiriti: wérénjéjé (Abrus precatorius)Categories: Lendas, Ossayin, Vídeo | Tags: abrus precatorius, clidemia hirta, cor da cultura,Crescentia cujete, Dracaena fragans, gossypium barbadense, itan, mimosa pudica, ossaim, pistia stratiotes, video | 1 Comment

Garra de Exú (Martynia annua)Posted on 28 de novembro de 2011 by Gunfaremim

 

Garra de Exú

Planta que é muito conhecida nas casas de Candomblé pois é fundamental nos

assentamentos do orixá Exú, e também dos chamados “catiços”, recebendo por isso

os nomes de garra de exú, garra do diabo e unha de pomba-gira. Nesse caso, a parte

utilizada é a semente que possui um aspecto bem interessante, realmente lembrando

garras afiadas.  Suas sementes (ou favas) são utilizadas principalmente para dar força

ao assentamento e garantir a proteção desejada. Não podemos esquecer que tudo

que é pontiagudo e cortante pertence a Exú.

Embora a maioria dos adeptos do Candomblé utilize principalmente as sementes, suas

folhas também possuem grande importância dentro do culto. São conhecidas como

ewé àránbolè e podem ser empregadas no tratamento de processos convulsivos

(oògùn gìrì), como a epilepsia.

Ewé àránbolè (Martynia annua)

Seu nome científico é Martynia annua e, segundo alguns estudos científicos, é fonte

de extração de diversas substâncias como o ácido hidróxi-benzóico, ácido palmítico,

ácido linólico e ácido oléico. O seu fruto teria propriedades anti-inflamatória e

analgésica, suas raízes utilizadas no tratamento de picada de cobra e a planta toda

teria ação anticonvulsivante.

 

TEXTO ESCRITO POR  JONATAS GUNFAREMIM

 

 

 

 

Que Exú nos proteja sempre com suas garras, e que elas estejam sempre afiadas

para nos livrar de nossos inimigos..

 

 

Folhas Martynia annua

A pade Olonon e

Mo juba Ojisé

A pade Olonon e

Mo juba Ojisé

Awa sé awo,

Awa sé awo, awa sé awo

Mo juba Ojisé

 

E Elegbara

Elegbara Esú Aláyé

E Elegbara

Elegbara Esú Aláyé

 

 

Flor Martynia annua

Elegbara lewá, asé awo

Elegbara lewá, asé awo

Bara Olonon awa fún ago

Bara Olonon awa fún agò

 

Elegbara Esú

Ó Sá kere kere

Akesan Bara Esú ó Sá kere kere

Elegbara Esú

Ó Sá kere kere

Akesan Bara Esú ó Sá kere kere

 

Garra de pomba-gira

 

Vamos encontrar o Senhor dos Caminhos,

Meus respeitos àquele que é o Mensageiro,

Vamos nos encontrar com o Senhor dos Caminhos

E reverenciar o Mensageiro

Agradecemos ao Sacerdote,

Vamos cultuar, vamos cultuar

Reverenciamos o Mensageiro

 

Senhor da Força,

Senhor do Poder, Exu é o Dono do Mundo

Senhor da Força

Cumprimentamos o Chefe

 

O Senhor da Força é bonito, vamos cultuá-lo

O Senhor da Força é bonito, vamos cultuá-lo

Exu do corpo e Senhor dos Caminhos nos dê licença

Exu do corpo e Senhor dos Caminhos nos dê licença

 

Exu, Senhor da Força e do Poder

Faz cortes profundos e pequenos,

Akesan Exu do corpo, faz cortes profundos

Exú, Senhor da Força e do Poder

É baixinho

Akesan Exu do corpo é pequeninoCategories: Candomblé, Cantigas, Ewe Orixá, Fitoterapia, Orixá | Tags: Ewé àránbolè, exu, garra do diabo, Martynia annua, pomba-gira, unha de exu | Leave a comment

Oriká..Posted on 28 de novembro de 2011 by Gunfaremim

Ofó de proteção contra as Ìyàmi

(Fonte: Pierre Fatumbi Verger/ “Ewé”, 1996)

 

Òkikà

Idí l’ó ní kí osó àjé kí won ó dirù kí wòn ó máa lo

Òkikà l’ó ní kí won má yà s’ódò mi mó

Akikà l’ó ní won ó kó gbogbo erù won jáde nílé mi

Àjé òfòlé l’ó ní won kò níí lè fò lé mi

Igikígi ta egbò k’ó kan àsùrìn, yóò máa kú

Òkú igi náà ìgbùràmú lalè

Spondias mombin

 

 

 

 

Idí diz que tanto os bruxos quanto as bruxas devem fazer as malas e ir embora.

Òkikà diz que eles não devem voltar a mim nunca mais.

Akika diz que eles devem tirar toda a sua bagagem da minha casa.

Àjé ófólé diz que eles não conseguirão se empoleirar em mim.

Qualquer árvore que criar raízes para tocar a raiz de àsùrìn morrerá.

A raiz morta da árvore preencheu o espaço com a sua própria espessura.

 

Ewé Idí=  Terminalia glaucescens

Ewé Òkikà=  Spondias mombin

Ewé Akika= Lecaniodiscus cupanioides

Ewé Àjé ófólé= Croton zambesicus

Igi àsùrìn (Igi n’lá)=Entandrophragma candollei

 

 

 

Categories: Candomblé, Conhecimento ancestral, Ewe Orixá, Orixá | Tags: Croton zambesicus,Entandrophragma candollei, iyami, Lecaniodiscus cupanioides, ofó, Òkikà, Spondias mombin,Terminalia glaucescens | Leave a comment

O peso das palavras..Posted on 6 de novembro de 2011 by Gunfaremim

 

A coroa do nosso Rei- Casa Branca do Engenho Velho- Salvador

“Amor é fogo que arde sem se ver;/É ferida que dói e não se sente;/É um

contentamento descontente;/É dor que desatina sem doer”.

“Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E

interpreta a partir de onde os pés pisam.”

Uma coisa fantástica de se conviver em comunidade é que cada um tem a sua forma

de pensar e agir, ninguém precisa concordar o tempo todo com o que outro diz. Essa é

uma das nossas maiores riquezas, conseguimos discordar e mesmo assim nos

respeitar. Concordo totalmente que a escravidão sempre será uma coisa horrorosa e

triste. Também concordo que as traduções são formas de interpretação dos fatos, que

muitas vezes vão favorecer a visão daquele que interpreta..

 

Ayrá òjo mo pè re'se. A mo pè re'se.

Só discordo totalmente quando alguém afirma que é contra o uso, “interpretação” ou

tradução da palavra escravo. Não acho que deixando de utilizar uma palavra iremos

apagar o seu significado. A História nos ensina isso.. Em 14 de Dezembro de 1890

todos os papéis, livros de registros fiscais e de matrículas do período da escravidão no

país foram queimados, por ordem de Rui Barbosa (Ministro da Fazenda). Embora

existam outras explicações menos nobres, se diz que foi para que esse período

tenebroso de nossa História fosse esquecido. Será que conseguimos esquecer? Claro

que não, pelo contrário, a escravidão está mais viva do que nunca.

Por outro lado, essa tentativa de esquecimento gerou um problema muito sério.. Com

a perda desses documentos foram perdidos os registros de procedência desses

homens e mulheres que chegaram aqui na condição de escravos.. Embora

trouxessem em sua alma todas as lembranças, não tinham mais como provar de onde

vieram.. Isso faz com que atualmente seja muito difícil, quase impossível, para algum

afro-descendente tentar provar legalmente que seu avô (ou bisavô) tenha sido

escravo, ou ainda qual era a sua origem: Angola, Zambia, Nigéria, Benin, Savalu..

Gostaria muito de comprovar legalmente minha(s) origem(ns) africanas, adquirir dupla

nacionalidade, mas como? Foi tudo queimado..

 

Placa de tombamento da Casa Branca. Resultado de muita resistência e luta.

No meu axé (Engenho Velho) costumamos realizar, no dia seguinte a festa do nome, a

cerimônia do Panan, onde será feita as quebras das kizilas do iyawo. Uma das etapas

dessa cerimônia é a compra do Iyawo, que é apresentado a todos como um escravo..

É feito uma espécie de leilão e aquele que der o maior lance fica com o iyawo. Para

uma pessoa mais desavisada o ritual pode parecer um ato de violência e sem sentido.

Expor alguém, como escravo, que absurdo.. Mas me recordo bem, meu pai sempre

explicava a todos ao final do ritual: “um filho de santo (iyawo) não se vende e nem se

compra, o valor de cada um é único e não há dinheiro que pague.” Aquele ritual nos

fazia recordar de todo o sofrimento de nossos ancestrais, mas ao mesmo tempo

também nos fazia mais fortes. Sabíamos que a partir daquele momento não

estávamos mais sozinhos, tínhamos um orixá a nos proteger, fazíamos parte de toda

uma comunidade, estávamos novamente ligados aos nossos ancestrais, sabíamos o

nosso valor. Teríamos que continuar resistindo..

Embora saiba que a escravidão não ocorreu exclusivamente com os povos africanos,

escrevo principalmente pensando nesse povo, já que são meus ancestrais mais

próximos. Não gosto da palavra “matar” ou “sacrificar”, entretanto sei que sempre

farão parte do culto, nas Casas de Candomblé, embora já existam pessoas querendo

modificar isso também. Como oferecer determinadas oferendas a Ogún sem cantar;

“èjè s’orò ‘ro Ògún pa o”? Quando uso a palavra eru como escravo, tenho o mesmo

pensamento. Embora possam carregar uma simbologia difícil de ser entendida para

alguns, faz parte da cultura que herdamos (que não é a cultura ocidental). E outra

coisa, sabemos o porquê e quando as utilizamos..

Com relação à frase “O pássaro, é escravo de Ossain, ainda que seja livre”, estava

apenas utilizando uma linguagem poética. Sou filho de Ogún, mas aprendi que não

devemos levar tudo na ponta da faca. Existem várias formas de prisão, que não

necessariamente acontecerão com correntes ou grades..

 

Oxum! Mãe do primeiro iyawo.. Senhora dos nossos corações.. Mãe do Amor..

Como nos diria Luiz Vaz de Camões: É querer estar preso por vontade;/É servir a

quem vence, o vencedor;/É ter com quem nos mata lealdade./ Mas como causar pode

seu favor/Nos corações humanos amizade,/se tão contrário a si é o mesmo Amor?

TEXTO ESCRITO POR  JONATAS GUNFAREMIMCategories: Candomblé, Conhecimento ancestral, Sustentabilidade, Tradição Africana | Tags: Casa Branca do Engenho Velho, eru, escravidão, iyawo, memoria, panan, registro historico, rui barbosa |Leave a comment

Erú, o escravo..Posted on 6 de novembro de 2011 by Gunfaremim

 

O pequeno òpéré voa e sempre retorna ao seu Senhor.. Òsaníyn. Desenho de Patrick de Ayrá

Apesar do ranço histórico que essa palavra carrega o termo “escravo” é amplamente

utilizado na cultura africana. As ewé érú (também chamadas ewé òfá) são conhecidas

como folhas escrava ou substitutas. Nesse caso a conotação não é pejorativa, mas

sim que essa folha está intimamente ligada a principal, são parentes.

Durante a Asà Òsányìn dizemos o tempo todo: Eru aje!

Uma das traduções possíveis é “escravo das feiticeiras”. Estamos falando de Eleyé, as

Senhoras do Pássaro, ao qual Osányìn está ligado. Eyé é a ave que está subordinada

a Òsányin, a ele conta tudo. Eyé também presta serviços as Iya Mí Agbá, dizem que

as mesmas se transformam em um. O opéréé uma ave, relacionada ao mito de

Òsányin, voa alto, mas sempre retorna para o seu senhor, pousando em sua

ferramenta ou se aninhando dentro da cabaça (ado). Logo é seu escravo, mesmo

sendo livre.

Saci Pererê

Existe um mito (itan) que Òsányìn costuma ser acompanhado por outra entidade muito

pequenina, e que às vezes também é descrita com uma só perna. Essa entidade seria

Aronì. Os mesmos mitos citam Aroní como sendo escravo de Osányìn.. Em iorubá

poderíamos, de repente chama-lo “Òsányìn sí kékeré”.. O pequeno filho de Ossaim..

Existe uma korin ewé que nos remete a essa divindade: O igi igi otá Aronì o/ Igi igi otá

Aronì/ Ewé bo igi igi/ Ni a oró oògun man/Igi igi otá Aronì (A árvore é a pedra de Aronì,

as folhas e a árvore conhecem os segredos da medicina e da mágia, a árvore é onde

Aronì está assentado).

A palavra erú significa escravo, servo ou mensageiro, mas dependendo de como for

escrita (e acentuada) pode ganhar vários significados: carga, peso, medo.. Vamos

imaginar um rei, que não pode estar presente em um evento, manda a quem

representá-lo? Seu mensageiro, que muitas vezes é um escravo.. Quando não

conseguimos determinada folha, utilizamos a sua escrava (mensageira).

 

Xangô foi senhor de vários escravos

Embora a escravidão no Brasil tenha assumido um dos seus piores aspectos, já existia

entre os povos africanos. A diferença crucial é que na África um escravo era

respeitado.. Vários mitos contam como Xangô conquistava reinos e possuía diversos

escravos. Pensar nessa palavra (escravo) sem pensar em seu contexto é o mesmo

que pensar em Exú sem levar em conta o seu caráter ambíguo..

 

TEXTO ESCRITO POR  JONATAS GUNFAREMIMCategories: Candomblé, Conhecimento ancestral, Ossayin, Sustentabilidade, Tradição Africana | Tags:Casa Branca do Engenho

Velho, eru, escravidão, iyawo, memoria, panan, registro historico, rui barbosa | Leave a comment

Igí Okinkan (Oriká)- Caja mirim/Spondias luteaPosted on 1 de novembro de 2011 by Gunfaremim

Spondias mombim- Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Árvore de força, local de morada de Ogún e de diversos voduns, é considerada um

importante àtinsá vodun, chamada pelos Jeje akikon’tin. Aos seus pés são

reverenciados os voduns Gun, Fá e Azanadò (Bessén).  Durante a festa do Gbòitá

essa árvore costuma ser adornada com ojás brancos, recebendo diverssas

homenagens. É interessante lembrar que durante o Kpólè, ritual que faz parte da festa

e ocorre por vários dias, todos os voduns irão saudar as árvores sagradas

Oriká

(àtinsá) do barracão. Na ocasião da procissão do Gbòitá cabe a Gun carregar a

oferenda do Gbòitá, seguido dos demais voduns. É uma cerimônia emocionante.

Outro fato interessante com relação a  cajazeira é que ela também é conhecida como

Igí Eyé (Árvore do Pássaro) ou  Igí Ìyeyè (Árvore da Mãe (ou das Mães)). Segunda

uma lenda, essa foi uma das árvores escolhidas pelas Iyá Mí Eleyé para pousarem e

descansarem. Alí elas decidiram que concederiam felicidade ou infelicidade, conforme

fosse o desejo de cada um. Suas folhas têm o poder de afastar as coisas ruins e atrair

a sorte.

 

TEXTO ESCRITO POR  JONATAS GUNFAREMIM

 

Ewé oriká

 

A ela cultuamos e para elas cantamos:

 

E Ogun mo lo mo

Irè Ogun mo mo

Ewé òkiká kiki

Ogun mo lo mo

Irè Ogun mo

Òkiká kiki

Ogun mo lo mo

 

Caja mirim, cajazeira, cajá-miúdo, cajá amarelo, taperebá

Ogum é o orixá que voce conhece

Ogum, rei de Irê, que voce conhece

A folha de cajazeira nos comprimenta

Ogum a reconhece

Aquela que é reconhecida por Ogun de Irê

Okiká nos cumprimenta

Ogum que você conhece

 

Jardim Botânico do Rio de Janeiro

 

 

Ewé lorogún/ Abre-caminho (Lygodium volubile) Folha do Senhor dos CaminhosCategories: Candomblé, Cantigas, Ewe Orixá, Lendas, Orin ewé, Sasányìn, Vodun | Tags: atinsá,azanado, bessen, gboita, gun, igi eye, kpole, lygodium volubile, ogun, spondias lutea, Vodun | Leave a comment

31 DE OUTUBRO.. DIA DO SACIPosted on 1 de novembro de 2011 by Gunfaremim

 

SACI PERERÊ

Hoje comemoramos em todo o território brasileiro o “Dia do Saci”, figura que povoa o

imaginário popular e faz parte de nossa cultura brasileira. Existem diversas

explicações para a sua origem, uma delas é que teria surgido entre populações

indígenas e depois recebido a influência dos povos africanos, sendo então

representado com uma perna só, com a pele negra, um gorro vermelho e com um

inseparável cachimbo.

Seu arquétipo está associado ao de um menino, muito esperto e alegre, que está

sempre disposto a realizar alguma traquinagem. Ele está a todo tempo pregando

alguma peça em quem caminha pelas matas ou em casas próximas delas. Ele gosta

de assustar os cavalos amarrando suas crinas, além de também esconder objetos

domésticos. É muito famoso por assustar os viajantes à noite, assoviando pela mata,

um assovio que ninguém consegue identificar de onde vem.. Dizem que quanto mais

fraco for o assovio mais perto ele está..

 

Casa Branca do Engenho Velho

Embora suas brincadeiras possam deixar muitos de cabelo em pé, o Saci não é uma

entidade mitológica má. Ele é apenas uma criança muito brincalhona. Um aspecto

importante dessa entidade é que ele está associado ao conhecimento das matas, das

folhas e seus mistérios. Segundo a crença popular ele conhece todo o tipo de remédio

e bebericagem feita de folhas. Como guardião das matas todo aquele que penetra nas

mesmas deve pedir a sua permissão, caso contrário irá ser perseguido com as suas

traquinagens. A ele são oferecidos fumo de rolo e cachimbos..Ele adora! Segundo as

lendas, o Saci nasce nos bambuzais (brotos), onde fica por sete anos. Depois disso

ele vive mais 77 anos até morrer e virar uma orelha de pau (fungo).

 

Bambusa vulgaris (Dankó) Bambú

Conhecer as histórias e lendas desse garoto peralta nos remete instantaneamente a

duas figuras do culto aos orixás: Exú e Ossaiyn. Exú, que também vive para pregar

peças e utiliza um gorro preto e vermelho. Exú é aquele que faz o erro virar acerto e o

acerto virar erro. O sete é um de seus números..Exú se desloca com a velocidade do

vento.. Dizem que o saci caminha em cima de um redemoinho de vento..

São muitas semelhanças, entretanto é na figura de Ossayin que encontramos uma

identificação imediata. Ossaiyn é o guardião do segredo das folhas, um de seus orikis

diz que ele caminha com uma única perna, pois a árvore onde se escondem as folhas

possui apenas um tronco.. A ele se deve fazer oferendas ao entrar nas matas,

oferecendo muito fumo de rolo. Em seus assentamentos encontramos cachimbos, pois

Ossaiyn adora fumar. A similaritude é tão forte que alguns pesquisadores chegam a

afirmar que o nome Saci Pererê nasceu de uma expressão africana, Ossaiynsi Kekerê,

que poderia ser entendida como “Pequenino filho de Ossaim”. Com o tempo ossaiynsi

foi aglutinado e se tornou apenas saci.

 

Local de mistérios..

Outra figura que acaba entrando nessa história é a divindade africana (Tapá)

conhecida como Gunokô, tendo origem correlata à divindade Ndako Gboya, cultuada

particularmente entre os descendentes da Casa Branca. Seu culto é cercado de

mistério, sendo conhecido por poucos. Gunokô surge no meio do bambuzal e é uma

divindade das matas, ligado ao culto de Ogún e das folhas. Coincidência ou não as

duas figuras apresentam inúmeras semelhanças, o que nos faz pensar que o Saci não

seria apenas uma simples figura do nosso folclore..

 

TEXTO ESCRITO POR  JONATAS GUNFAREMIMCategories: Conhecimento ancestral, Lendas, Ossayin, Tradição Africana | Tags: bambusa vulgaris,dankó, folclore, gunoko, lendas, ndako gboya, ossaiyn, saci, tapá | 1 Comment

O valor de todos nós..Posted on 13 de outubro de 2011 by Gunfaremim

 

Os pés que abraçam a Terra são os mesmos.. e Ela os recebe sempre da mesma maneira,

abraçando a todos..

Todos têm o mesmo valor perante o Criador.. Alguns irão se destacar mais ou menos,

mas o valor é o mesmo.. Aos nossos olhos (humanos), alguns podem merecer mais,

outros menos.. Mas somente Ele saberá o que se passa no coração de cada um..

Uma cantiga muito conhecida de Oxalá nos ensina isso: “Elémówo alá si okan babá, É

ma awo é ma awo ala isê” (Senhor que conhece o segredo guardado em nossos

corações, sopro da vida). Quando Ele nos moldou, segundo o mito da Criação, tinha a

intenção de fazer todos iguais, as diferenças acabaram surgindo depois.. A matéria

prima foi a mesma (amon, a lama), depois é que foram acrescentados outros

ingredientes. Esses ingredientes fizeram com que cada um adquirisse uma

individualidade, mas não necessariamente que fizesse um ser mais valoroso que o

outro.http://gunfaremim.com/?paged=2