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ACOMUNICAÇÃO NO AMBIENTE VIRTUAL : DOS MODELOS À T EORIA DE T EIXEIRA Marcelo Mendonça Teixeira * Centro Universitário UNISÃOMIGUEL DOI: 10.25768/20.04.01.030 RESUMO: A interação global, baseada no compartilhamento de informações e conhecimen- tos, e os avanços das tecnologias digitais, vêm promovendo transformações no processo co- municativo das pessoas em sociedade há séculos. Nesse sentido, apresentamos, nesse trabalho de pesquisa, as transições sobre os principais modelos de comunicação na história da huma- nidade. A pesquisa qualitativa e empírico descritiva foi desenvolvida de julho a dezembro de 2019. PALAVRAS- CHAVE: teorias da comunicação; modelos de comunicação; tecnologias de infor- mação e comunicação; universo virtual; interatividade. ABSTRACT: KEYWORDS: Índice Introdução ................ 2 1 Modelos de Comunicação ...... 2 1.1 Modelo de Comunicação de Aris- tóteles ............... 2 1.2 Modelo de Comunicação de Ha- rold Lasswel ............ 3 1.3 Modelo de Comunicação de Claude Shannon e Warren Wea- ver ................. 4 1.4 Modelo de Comunicação de Ho- race Newcomb ........... 5 1.5 Modelo de Comunicação de Ge- orge Gerbner ............ 5 1.6 Modelo de Comunicação de Ro- man Jakobson ........... 6 1.7 Modelo de Comunicação de Gerhard Maletzke ......... 7 1.8 Modelo de Comunicação Inter- pessoal de Wilbur Lang Schramm . 8 1.9 Modelo de Comunicação de Lee Osborne Thayer .......... 8 1.10 Modelo de Comunicação para o Ambiente Virtual ......... 9 Conclusão ................ 11 Referências ............... 11 * Pós-Doutorado em Modelagem Computacional pelo Departamento de Estatística e Informática na Universi- dade Federal Rural de Pernambuco, Doutor em Tecnologia pela Universidade do Minho (Portugal), e Pró-Reitor em Educação a Distância no Centro Universitário UNISÃOMI - GUEL. E-mail: [email protected]

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A COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE VIRTUAL: DOS MODELOS ÀTEORIA DE TEIXEIRA

Marcelo Mendonça Teixeira∗

Centro Universitário UNISÃOMIGUEL

DOI: 10.25768/20.04.01.030

RESUMO: A interação global, baseada no compartilhamento de informações e conhecimen-tos, e os avanços das tecnologias digitais, vêm promovendo transformações no processo co-municativo das pessoas em sociedade há séculos. Nesse sentido, apresentamos, nesse trabalhode pesquisa, as transições sobre os principais modelos de comunicação na história da huma-nidade. A pesquisa qualitativa e empírico descritiva foi desenvolvida de julho a dezembro de2019.PALAVRAS-CHAVE: teorias da comunicação; modelos de comunicação; tecnologias de infor-mação e comunicação; universo virtual; interatividade.

ABSTRACT:KEYWORDS:

Índice

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1 Modelos de Comunicação . . . . . . 2

1.1 Modelo de Comunicação de Aris-tóteles . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.2 Modelo de Comunicação de Ha-rold Lasswel . . . . . . . . . . . . 3

1.3 Modelo de Comunicação deClaude Shannon e Warren Wea-ver . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.4 Modelo de Comunicação de Ho-race Newcomb . . . . . . . . . . . 5

1.5 Modelo de Comunicação de Ge-orge Gerbner . . . . . . . . . . . . 5

1.6 Modelo de Comunicação de Ro-man Jakobson . . . . . . . . . . . 6

1.7 Modelo de Comunicação deGerhard Maletzke . . . . . . . . . 7

1.8 Modelo de Comunicação Inter-pessoal de Wilbur Lang Schramm . 8

1.9 Modelo de Comunicação de LeeOsborne Thayer . . . . . . . . . . 8

1.10 Modelo de Comunicação para oAmbiente Virtual . . . . . . . . . 9

Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Referências . . . . . . . . . . . . . . . 11

∗Pós-Doutorado em Modelagem Computacional peloDepartamento de Estatística e Informática na Universi-dade Federal Rural de Pernambuco, Doutor em Tecnologiapela Universidade do Minho (Portugal), e Pró-Reitor em

Educação a Distância no Centro Universitário UNISÃOMI-GUEL. E-mail: [email protected]

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Marcelo Mendonça Teixeira

Introdução

SE faz notório na literatura pós-modernaque a era atual é, segundo Castells

(2020), fruto da convervência comunicativafísica para a virtual mediada pelas tecnolo-gias de informação e comunicação, proporci-onando uma nova dimensão as formas de pen-sar, agir e interagir das pessoas, dispersas ounão geograficamente. Sobre o assunto, Mac-quail (2017) adianta que os meios evoluíram,de fato, pois estando presentes em uma pla-taforma digital em rede ocorre numa potenci-alização dos recursos de comunicação ofere-cidos, antes limitados a presencialidade cor-pórea. Ou seja, o resultado da convergênciatecnológica permitiu a digitalização, o arma-zenamento, a hipertextualidade, a compreen-são do sinal e a automatização dos processosde produção e emissão das informações.

Por outro lado, em justaposição as ideiasde Morin (2003) “Na comunicação pelo meio(teoria complexa da comunicação)”, constata-mos que no transcorrer dos anos, face a emer-gência de novas formas de comunicação in-terativa (muitos para muitos) e a miríade deconteúdos informativos na no universo virtual,o processo comunicativo tornou-se dinâmicoe multidirecional através de diferentes recur-sos tecnológicos. É nesse caminhar que urgeo estudos sobre o processo de comunicaçãohumano, dos registros em pedra ao ciberes-paço, juntamente com as teorias da comuni-cação, amparados por aspectos sociais, histó-ricos, econômicos e tecnológicos.

Em tela, Paz e Teixeira (2020), acompa-nhando a retórica de Macquail e Mark (2020),destacam que os estudos comunicacionais daera contemporânea se fundamentam essenci-

almente em perceber o processo de produçãoda informações midiáticas, valorizando o con-teúdo e as formas de veiculação das mensa-gens síncronas e assíncronas, como se cons-tata na “Teoria da comunicação para o uni-verso virtual”. Consequentemente, uma rela-ção direta no processo comunicativo entre oemissor e o receptor da mensagem, e os efeitoscausados pelas trocas que advém desse pro-cesso. É como previram Tapscott e William(2010) em que a interação global, baseada napartilha de informações e conhecimentos, e osavanços das tecnologias de informação, muda-rão o conceito de economia e sociedade parasempre.

Face ao exposto, o presente trabalho depesquisa reflete uma análise do processo decomunicação humana e as principais teoriasque surgiram em diferentes períodos históri-cos, apud o momento vivenciado, na tenta-tiva de estabelecer uma lógica que justifiquea inerente necessidade de comunicação entreas pessoas.

1 Modelos de Comunicação

1.1 Modelo de Comunicação deAristóteles

Um dos primeiros modelos registrados sobreo processo de comunicação humana foi apre-sentado pelo filósofo Aristóteles em sua obra“Arte Retórica” durante o século IV a.C. Se-gundo o filósofo, para se estudar, compreen-der e cultivar a retórica se faz necessário con-siderar três elementos essenciais no processode comunicação: 1) A pessoa que fala (locu-tor); 2) O discurso que faz; 3) A pessoa queouve. Tal abordagem traduz a essência de ou-tros modelos que surgiram na história, base-ado na tríade: Emissor – Mensagem – Recep-tor (Poe, 2010).

c© 2020, Marcelo Mendonça Teixeira.c© 2020, Universidade da Beira Interior.

O conteúdo deste artigo está protegido por Lei. Qualquerforma de reprodução, distribuição, comunicação públicaou transformação da totalidade ou de parte desta obra ca-

rece de expressa autorização do editor e do(s) seu(s) au-tor(es). O artigo, bem como a autorização de publicaçãodas imagens, são da exclusiva responsabilidade do(s) au-tor(es).

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Figura 1. Modelo de Comunicação AristotélicoFonte: O Autor.

A esse respeito, Cardoso (2013) asseguraque a maior parte dos contemporâneos mode-los de comunicação são similares ao de Aris-tóteles, embora mais complexos e que adé-quam a cada período histórico, adiciona Tei-xeira (2012) na obra “Da Comunicação hu-mana a comunicação em rede: uma plurali-dade de convergências”. O modelo aristoté-lico serviu como base para a elaboração dasprimeiras teorias de comunicação dos sécu-los XX e XXI. Inclusive, a autora enfatizaque os estudos posteriores realizados no âm-bito da Filosofia, da Sociologia, da Psicologiae das demais ciências humanas sobre a Comu-nicação tiveram como base o modelo aristoté-lico, considerando, ainda, que muitos dessesestudos buscavam principalmente a compre-ensão dos fenômenos sociais, ou seja, os efei-tos políticos, culturais, psicológicos, econô-micos e tecnológicos das práticas comunica-cionais (ibidem). Nesse caminhar, no decor-rer dos anos, a partir de Aristóteles, a intera-ção global, assente na partilha de informaçõese conhecimentos em larga escala, e os avan-ços das tecnologias de informação e comuni-cação, mudaram o conceito de sociedade, in-duzidos por um processo contínuo de comuni-cação massiva, como se destaca nos modelosa seguir.

1.2 Modelo de Comunicação deHarold Lasswel

Elaborado nos anos 30, exatamente na épocada Teoria Hipodérmica ou Teoria da AgulhaHipodérmica (propõe que uma mensagem mi-diática enviada as massas afeta da mesma ma-neira a todos os indivíduos), como aplicaçãode um paradigma para a análise sociopolí-

tica (quem obtém o quê? quando? de queforma?), o Modelo Lasswelliano, proposto em1948 a partir da Teoria Funcionalista (que pro-cura explicar aspectos da sociedade em termosde funções), afirma que uma forma adequadapara se descrever um ato de comunicação éresponder as seguintes perguntas: Quem? Dizo quê? Através de que meio? Com que efeito?explica Mauro Wolf (2003) nas “Teorias daComunicação”.

O estudo científico do processo comuni-cativo tende a concentrar-se em uma ou outradestas interrogações. Para Poe (2010), é ummodelo cuja aparição pode situar-se na fase detransição entre as primeiras teorias (não cien-tíficas) sobre a comunicação social, em con-creto a teoria das balas mágicas ou da agulhahipodérmica, e os primeiros estudos científi-cos sobre os efeitos da comunicação, como oModelo Psicodinâmico de Cantril (1940) ouas teorias funcionalistas do fluxo de comuni-cação em duas etapas (two step) ou em etapasmúltiplas (multistep). Na figura seguinte, ex-pomos a proposta hipodérmica de Lasswel:

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Figura 2. Representação do Modelo de Comunicação de LasswelFonte: O Autor.

O Modelo de Comunicação de Lasswell,fortemente norteado pela literatura dos fi-lósofos e educadores norte-americanos JohnDewey e George Herbert Mead, influenciouClaude Shannon e Warren Weaver, que porsua vez propôs uma complexa e mais coerenteteoria sobre o ato comunicativo. Assim, nasceo “Modelo Matemático da Comunicação”, ob-jetivando mensurar cientificamente a informa-ção a partir da relação entre o emissor e o re-ceptor.

1.3 Modelo de Comunicação deClaude Shannon e WarrenWeaver

Além do Modelo de Comunicação de Las-swell, o presente modelo também foi ins-pirado na Teoria da Informação e tornou-semundialmente conhecido na literatura atravésdo artigo “A Mathematical Theory of Com-munication”, escrito pelos norte-americanosClaude Shannon e Warren Weaver, em 1948.

Nesse modelo, as instâncias dos interlocuto-res são divididas em duas, respectivamente: olocutor é a fonte da mensagem; ele comunicapor meio de um transmissor; o ouvinte é o des-tinatário; ele se serve de um receptor. O lo-cutor produz ondas acústicas, que o transmis-sor transforma em sinais elétricos, que pas-sam em forma de energia elétrica por meio deum fio metálico, chamado canal. Neste ca-nal a qualidade dos sinais pode ser prejudi-cada por interferências, que o modelo repre-senta como ruído. O receptor do destinatá-rio transforma os sinais transmitidos em sinaisacústicos para o ouvinte, outorga Nöth (2011).O esquema proposto por Shannon e Weaver,também conhecido como “Mother of All Mo-dels”, tornou-se o escopo da investigação epis-temológica no campo das Ciência Sociais, ra-tificam Teixeira e Ferreira (2014), e norte paraoutros modelos de comunicação que surgirama seguir. Vejamos como se apresenta modeloem voga:

Figura 3. Representação do Modelo de Comunicação de Shannone WeaverFonte: O autor, baseado em Shannon e Weaven (1949).

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Na prática, a tramitação do sinal é unilate-ral do emissor para o receptor, com ou sempossibilidade de ruído, sem retroinformaçãono processo comunicativo. Aqui, não são re-conhecidos outros elementos que podem vir ainfluenciar no fluxo de comunicação.

1.4 Modelo de Comunicação deHorace Newcomb

O Modelo de Horace Newcomb, de 1953, optapor representar as motivações comunicacio-nais dos indivíduos nas interações e sugere um

modelo de comunicação com uma forma tri-angular (Souza, 2006). Este modelo sustentaque as pessoas precisam de informações parasaber como se socializarem e também para sa-berem como reagir ao meio ambiente. Incenti-vando equilíbrios, a comunicação entre as pes-soas fomenta a probabilidade de os participan-tes (A e B) negociarem orientações similaresem relação aos referentes (X) da comunicaçãoque estabelecem entre eles. No processo co-municativo, se apresenta em forma triangular,seja na sociedade, em um grupo ou em umarelação social, como se evidencia na figura 4:

Figura 4. Representação do Modelo de Comunicação de NewcombFonte: Souza (2006).

Ou seja, nas palavras do pesquisador por-tuguês Jorge Sousa (2006), pode dizer-se queo modelo de Newcomb, mais do que descre-ver como decorre um ato comunicativo, atentanos motivos que explicam as dinâmicas e mo-tivações comunicacionais das pessoas em in-teração, mostrando que as percepções que osinterlocutores fazem uns dos outros e dos refe-rentes externos influenciam o processo comu-nicativo. Incentivando equilíbrios, a comuni-cação interpessoal fomenta a probabilidade deos interlocutores (A e B) negociarem orienta-ções similares em relação aos referentes (X)da comunicação que estabelecem entre eles.“Quando mais divergentes forem as orienta-ções dos interlocutores em relação a referentesexternos, mais os interlocutores precisam decomunicar para atingir patamares de entendi-mento em relação a esses referentes”, explicao pesquisador (2006, p.65).

Em 1957, o Modelo de Comunicação

Westley e MacLean resultou de uma adapta-ção do modelo de Newcomb aos meios decomunicação de massa, com a introdução deum elemento C e, consequentemente, o alar-gamento do modelo anterior.

1.5 Modelo de Comunicação deGeorge Gerbner

Em 1956, George Gerbner elaborou um mo-delo baseado na descrição dos processos decomunicação simples ou complexos, comouma produção (de mensagens) e uma percep-ção (de mensagens e acontecimentos a comu-nicar), segundo explicam os estudiosos da co-municação Dennis Macquail e Sven Windahlcitados em Cruz (2010). A consolidação dadenominada “sociedade de massa no Brasil”trouxe consigo a expansão dos meios de co-municação, tanto no que se refere ao lazerquanto à informação, muito embora seu focode ação ainda fosse local. Nesta compreen-

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são sobre a comunicação, para esse período,há uma correlação entre a produção e a per-cepção, uma visão bem diferente dos mode-los anteriores onde a comunicação se estabe-lece entre um emissor e um destinatário. É

deste modo que o modelo de George Gerbnerdedica-se a reconhecer a comunicação comouma transmissão de mensagens, como se des-taca abaixo:

Figura 5. Representação do Modelo de Comunicação de GerbnerFonte: http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/

para-ir-mais-longe-no-estudo-do-jornalismo/.

O processo comunicativo representa umarealidade em voga entre o emissor e o recep-tor, partilhando sentimentos, emoções, infor-mações, ou seja, a comunicação influencia deforma direta e indireta o comportamento hu-mano e as ações que advém desse interação,escrevem Teixeira e Ferreira (2014) na obra“The communication model of virtual uni-verse”.

1.6 Modelo de Comunicação deRoman Jakobson

De acordo com Souza (2006), em 1960 Ro-man Jakobson apresentou um modelo direci-onado para o estudo da comunicação sob oprisma da linguística. De alguma maneira, re-presenta um modelo que faz a ponte entre asescolas processuais e a semiótica. De baselinear, coloca em relação um destinador deuma mensagem e o destinatário da mesma.No entanto, o modelo mostra que a mensa-gem tem que possuir um contexto, ou seja,tem de se referir a algo externo à própria men-

sagem. Acrescenta, ainda, o contato, que re-presenta, simultaneamente, o canal físico emque a mensagem circula e as ligações psico-lógicas entre destinador e destinatário. Estessó percebem a mensagem porque dominam omesmo código, observemos:

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Figura 6. Representação do Modelo de Comunicação de JakobsonFonte: Nesteriuk (2018).

1.7 Modelo de Comunicação deGerhard Maletzke

O Modelo de Maletzke, de 1963, distingue-se em suas concepções dos modelos anteriorespor explorar as implicações sociais e psicoló-gicas da comunicação de massas. É tambémo único autor que acrescenta ao seu modelodois novos conceitos: a pressão ou constran-gimento causado pelo meio, e a imagem queo receptor tem desse mesmo meio. No queconcerne o primeiro aspecto, é de notar queo meio causa pressão no receptor, já que estetem de se adaptar as diferentes mídias: a vi-vência do receptor é influenciada pelas carac-terísticas e conteúdos do próprio meio. Porexemplo, um receptor experiência um artigode jornal de forma diferente do que um ar-

tigo colocado num blog interativo; a formacomo ele interage com essa informação, dosdois tipos, é significativamente diferente, nemque seja pelo fato do seu feedback (relativa-mente ao artigo) ser mais rápido e anonima-mente transmitido na Internet versus um jor-nal impresso. Quanto ao outro aspecto levan-tado por Maletzke – a imagem do receptor so-bre o meio – salientamos que esta é especi-almente relevante aquando da seleção de umdeterminado meio em detrimento de outro, ha-vendo alguns que oferecem mais credibilidadee prestígio que outros. O receptor está tambémcondicionado a outros fatores, para além des-tes, na forma como interage com os diferentestipos de meios de comunicação de massa (ibi-dem).

Figura 7. Representação do Modelo de Comunicação MaletzkeFonte: Maletzke (1963).

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1.8 Modelo de ComunicaçãoInterpessoal de Wilbur LangSchramm

Wilbur Schramm, jornalista e acadêmiconorte-americano, em 1958, desenvolveu o seumodelo de comunicação após avaliar a co-municação de massas em diferentes partes domundo, especialmente influenciado por Shan-non e Weaver. Nesse caminhar, o modelode Schramm apresenta à ideia de que o pro-cesso de codificação/descodificação da men-sagem depende das experiências do codifica-dor e do decodificador (Teixeira & Ferreira,

2014). O conhecimento (ou campo de expe-riência) da fonte e do destino se compatibili-zam, permitindo a comunicação. Se a super-fície comum aos dois campos de experiênciaé grande, a comunicação será fácil, mas se asuperfície comum é pequena, será difícil co-municação com a outra pessoa. Seu segundomodelo introduz pela primeira vez o conceitode feedback e torna-se o primeiro modelo cir-cular de comunicação. Em síntese, o modelopropõe que cada emissor pode funcionar comoreceptor em um mesmo ato comunicativo, de-vido ao mecanismo de retroação ou feedback,reparemos:

Figura 8. Representação do Modelo da TubaFonte: Shintaku e Costa (2018).

O modelo de Schramm remete a uma aná-lise sequencial sobre o processo comunicativodos meios de comunicação de massa. Os mo-delos de comunicação descrevem o processocomunicativo de forma metafórica e em sím-bolos. Em seguida, nasce o Modelo de Co-municação Circular do inglês Jean Cloutiercom a proposta do EMEREC, ou seja, a co-municação áudio-scripto-visual na hora dosself-media, o indivíduo como emissor e recep-tor das informações, escreve Freixo (2006).Deste modo, eles formam perspectivas geraisda comunicação em suas diferentes formas,dimensões, sentidos e expressões. Em sín-tese, Souza (2006) acrescenta que o Modelode Schramm propõe que cada emissor pode

também funcionar como receptor num mesmoato comunicativo (devido ao mecanismo de re-troação ou feedback). Deste modo, cada emis-sor/receptor tem a habilidade de descodificar einterpretar as mensagens recebidas e de codi-ficar mensagens a emitir, modelo este consi-derado linear por Freixo (2006), bem como omodelo de Horace Newcomb.

1.9 Modelo de Comunicação de LeeOsborne Thayer

Na visão de Hesketh e Almeida (1980), amaior contribuição do trabalho de Thayer, de1973, é indubitavelmente a sua teoria sobrea comunicação organizacional. Para os auto-res, de acordo com Lee Thayer, a compreen-

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são do fenômeno da comunicação organizaci-onal requer antes de tudo o exame de alguns“pressupostos orientadores”. Primeiramente,ele afirma que a comunicação ocorre semprenum contexto organizado ou, em outras pala-vras, a condição suficiente para a ocorrênciada comunicação é algum modelo ou plano ar-ticulado no sistema psicológico do indivíduo(nível intrapessoal), das relações entre algumaspecto dos objetos, pessoas ou ideias do seumundo, com o qual está disposto a tratar (nívelinterpessoal).

O segundo pressuposto define que a comu-nicação é a função organistica, interpessoal eorganizacional essencial e predominante, istoé, a entrada, processamento e saída programá-ticos da informação. Este pressuposto é re-sultante da confluência de quatro importanteslinhas de pensamento: a) a cibernética; b) a

teoria matemática de Shannon e Weaver e ateoria da informação, – de origens comuns; c)a concepção da organização como uma redede comunicação; d) os sistemas e a teoria dossistemas abertos (Ibidem). O terceiro pressu-posto apresentado por Thayer propõe que ossistemas de comportamento – quer sejam in-trapessoais ou interpessoais – têm uma ten-dência característica para estabilizar-se numestado de proporção mínima de mudança. Istosignifica que as organizações tendem a limi-tar sua abertura e seu funcionamento, tão logoatingem um estágio de desenvolvimento que,hipoteticamente, não pede senão uma percen-tagem mínima de mudança. Há, então, umaimposição de limites aos sistemas de compor-tamento envolvidos, e isso transforma a comu-nicação.

Figura 9. Representação do Modelo de Comunicação de ThayerFonte: http://bizcommunicationcoach.com.

1.10 Modelo de Comunicação para oAmbiente Virtual

O Modelo de Comunicação para o AmbienteVirtual, do acadêmico luso-brasileiro MarceloMendonça Teixeira, surge em 2014 na obra“The Communication Model of Virtual Uni-verse” escrito em parceria com o também aca-dêmico Tiago Alessandro Espínola Ferreira,ambos investigadores do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Uni-versidade Federal Rural de Pernambuco (Bra-sil). Outorgado pela Wikipedia e licenciadopela Creative Commons, em Dezembro de

2015, tal modelo foi inspirado no arcabouçoteórico de Shannon e Weaver (1949), RomanJakobson (1960), e pelas ideias de “Vida Lí-quida” de Zygmunt Bauman (2007), visandorepresentar o processo de comunicação noambiente virtual mediado por tecnologias deinformação e comunicação. De acordo comos autores, vivemos em um novo cenário co-municacional em que o processo comunicaci-onal é influenciado direto e indiretamente pelaforma como as pessoas interagem e intercam-biam informações e saberes através de recur-

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sos tecnológicos, em um mundo onde agimoslocalmente e pensamos globalmente.

Nessa ótica, existe uma adequação aosmodelos mencionados em epígrafe à realidadevivenciada pela comunicação multimídia nasociedade contemporânea (reflexo da vida lí-quida). Aqui, o emissor (sender) envia a men-sagem ao receptor (receiver) através de inter-faces multimídia (multimedia interfaces) naworld wide web por meio de um ou mais ca-nais de comunicação (virtual communicationchannel). Essa comunicação se estabelece demaneira “espiral” por depender de inúmerosfatores que incluenciam em sua trajetória co-municacional (como a velocidade da Internet,por exemplo), de um ponto a outro ou a multi-pontos, daí o risco eminente de ruído/barreira

na comunicação (communication noise) no ci-berespaço, onde se faz possível existir umagrande quantidade de emissores (senders) ede receptores (receivers) da mesma mensa-gem (podendo reproduzi-la para outros recei-vers), de forma síncrona e assíncrona em meioa um variado leque de interfaces tecnológicas(twitter, whatssap, skype, blog, fórum, redessociais, entre outros), promovendo um inter-câmbio de informações e conhecimentos (ex-change of informations and knowledges) emum cenário de “glocalização” (glocalization),e tudo passa por um processo cíclico de comu-nicação (feedback) que se completa ou não na-quele momento. Abaixo, observamos tal mo-delo:

Figura 10. Representação do Modelo de Comunicação para o Ambiente VirtualFonte: Teixeira e Ferreira (2014).

Para Teixeira e Ferreira (2014), é notórioque temos novas formas de comunicação e queo contexto tecnológico media direta e indire-tamente o proceso comunicacional humano.Daí, observamos uma lacura conceitual até en-tão existente na literatura sobre o tema desde

a década de 70. O que se pode constatar sãoensaios, pensamentos, propostas, ideias, maisnada solidificado, ancorado em um estudo pré-vio subjacente. A partir dessa perspectiva, asdiscussões se ampliam e progridem no sentido

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de entender a evolução no ato das pessoas secomunicarem.

Conclusão

Novos modos de vida são permeados por umacultura global que potencializa novas formasde sociabilidade no mundo contemporâneoatravés de tecnologias digitais. Em outras pa-lavras, trata-se de uma virtualização culturalda realidade humana, fruto da migração doespaço físico para o virtual (mediado pelasTICs), regido por códigos, signos e relaçõessociais próprias. Avante, surgem formas ins-tantâneas de comunicação, interação e possi-bilidade de rápido acesso às informações, noqual não somos meros emissores, mas produ-tores, reprodutores, colaboradores e distribui-dores daquelas. As novas tecnologias tambémtêm servido para “conectar” pessoas de dife-rentes culturas fora do espaço virtual, o quehá pelo menos cinquenta anos era impensável.

Nessa gigantesca teia de relacionamentos,absorvemos, reciprocamente, crenças, costu-mes, valores, leis, hábitos, uns dos outros, he-ranças culturais eternizadas por uma dinâmicafísico-virtual em permanente metamorfose. Édeste modo que Sharma (2018), defende naobra “Introduction of mass communication”que as teorias e os modelos da comunica-ção precisam, como qualquer disciplina aca-dêmica, de uma legitimação para ser conside-radas no âmbito do campo cientifico. Comoexemplo, vimos que no século XX o sistemados meios de comunicação de massas cons-tituía já um fenômeno social que foi ampla-mente estudado, debatido e consolidado na li-teratura. Por isso a importância do modelo deShannon e Weaver, que através da teoria mate-mática da comunicação, ajudou a consolidar ateoria da comunicação numa perspectiva glo-bal, não apenas na área das Ciências Sociais.Na sequência, novos modelos foram desenvol-vidos, garantindo a máxima da mediamorpho-sis de Roger Fidler (1997) até a migração dosmass media para o universo virtual. Inevita-velmente, vieram os primeiros ensaios e con-

cepções até o adequado “Modelo de Comuni-cação para o Universo Virtual”.

Referências

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Marcelo Mendonça Teixeira

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