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NITRATOS NOS CONCELHOS DE NAZARÉ E DE ALCOBAÇA Carla Maria de Paiva Chaves Lopes Caroça [email protected] Área Temática: Vulnerabilidade e Protecção de Aquíferos (A autora escreve de acordo com a antiga ortografia)

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NITRATOS NOS CONCELHOS DE

NAZARÉ E DE ALCOBAÇA

Carla Maria de Paiva Chaves Lopes Caroça

[email protected]

Área Temática: Vulnerabilidade e Protecção de Aquíferos

(A autora escreve de acordo com a antiga ortografia)

Localização geral

das análises

fornecidas

Diapiro das

Caldas da

Rainha

Enquadra-mento

Geológico

Bacia Lusitâniana

Adaptação da Carta Geológica Folha 26B – Alcobaça, à E=1/50000

d P

J3-4

M

C1-2

J3c

J3c

a

J3b

f E

C3 C2cde

J3b

J1ab

P a d

P M f E

C3

C2cde

C1-2

J3-4

J3c

J3b

J2abc

J1ab

d

d

b

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d

d

Bv

Bv

A

A’ Q BSC

A d

J3-4

J3c

J2abc

f

E C3 C2

cde

C1-2 a

Bacia do Rio Tornada

Bacia do Rio Alcobaça

Bacias RibeirasCosteiras do Oeste

Nazaré

Alcobaça

12Km

Maciço Antigo

Orla Mesocenozóica

Ocidental

Bacia Tejo - Sado

Orla Mesocenozóica Meridional

Enquadramento Hidrogeológico

Massa de água Orla Ocidental Indiferenciada da Bacia das Ribeiras do Oeste

Massa de água Alpedriz

Massa de água Caldas da Rainha - Nazaré

Massa de água Maciço Calcário Estremenho

Nazaré

Alcobaça

12Km

O ião nitrato de fórmula química NO3-

não é um elemento de minerais nem de partículas do

solo,

ocorre somente na água e em solução nos solos por um

tempo relativamente curto,

proveniente do ciclo bioquímico do nitrogénio (N)

ou da

aplicação de fertilizantes ricos em nitrogénio (N).

Ciclo nitrogénio (N)

Antes de os fertilizantes de nitrogénio serem fabricados,

a quantidade de nitrogénio removido da atmosfera por

processos naturais estava equilibrada com os processos

de desnitrificação.

A intervenção industrial no ciclo do nitrogénio,

actualmente, parece fixar mais nitrogénio do que

desnitrificar.

O nitrogénio não usado por organismos vivos pode ser

incorporado nos sedimentos do solo.

Quando a água percola no solo, muitos destes

compostos de nitrogénio são lixiviados para zonas

distantes, podendo, quando concentrados, provocar

eutrofização (o crescimento de microorganismos na

água reduzindo rapidamente o fornecimento de oxigénio

necessário aos peixes e a outros organismos que vivem

na água) e contaminação das águas subterrâneas por

infiltração ou recarga directa.

As principais causas do aumento das concentrações

em ião nitrato (NO3-) no solo e na água subterrânea são

a aplicação intensiva de fertilizantes e de adubos na

agricultura, e a presença de pecuárias.

Perigos do ião nitrato:

- Risco de ignição ou detonação ao expor o produto ao

calor e a materiais incompatíveis;

- muito solúvel em água, podendo contaminar cursos de

água, tornando-os impróprios para uso em qualquer

finalidade;

- Por inalação – problemas respiratórios (tosse, dor de

garganta e dificuldades respiratórias), irritações nos

olhos e na pele, podendo até ocasionar queimaduras

graves;

- Por ingestão - doença chamada metahemoglobinemia,

ou doença do bebé azul

(hemoglobina incapaz de

transportar o oxigénio às

células), podendo ocasionar

a morte.

(http://compromissoconsciente.blogspot.pt/2013/09/bebe-azul-nitrato-de-amonia-e-explosao.html; 01/04/2015)

Em Portugal,…

Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro (transposição da

Directiva n.º 2000/60/CE, do Parlamento Europeu e do

Conselho de 23 de Outubro): máxima concentração de ião

nitrato (NO3-)permitida na água para consumo humano é

de 50 mg/l

Documento sobre o código de boas práticas agrícolas

para a protecção da água contra a poluição com o ião

nitrato de origem agrícola (MADRP, 1997; artigo 6.º do DL

n.º 235/97 de 3 Setembro)

Elabora legislação transposta da Directiva n.º

91/676/CEE do Conselho, de 12 de Dezembro, relativa à protecção das águas contra a poluição causada por ião nitrato de origem agrícola, e da Directiva n.º 2006/118/CE do

Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de Dezembro,

relativa à protecção da água subterrânea contra a poluição e a deterioração

Mapa de Zonas Vulneráveis de Portugal continental

Juncal

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NO

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)

Amostras

Juncal

Juncal

2004 - água subterrânea furo com 74,1 mg/l

2006 - água subterrânea furo com 64 mg/l

2007 - água subterrânea furo com 93,5 mg/l

2008 - água subterrânea furo com 800 mg/l

2008 - água subterrânea furo com 159 mg/l

2009 - água subterrânea furo com 56,5 mg/l

Fervença

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NO

3-(m

g/l

)

Amostras

Fervença

Fervença

2012 - água subterrânea poço com 334,59 mg/l

2012 – água subterrânea poço com 256,87 mg/l

0

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3

NO

3-(m

g/l

)

Amostras

Valado dos Frades

Valado dos Frades

Valado dos Frades

2011 - poço (8) com 336,12 mg/l

2011 - poço com 95,80 mg/l

2012 - poço (8b) com 303,71 mg/l

2012 - nascente com 134,78 mg/l

0

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NO

3-(m

g/l

)

Amostras

Nazaré

Nazaré

Nazaré

2012 - poço 33b com 179,77 mg/l (em Março)

2012 - poço 33c com 78,80 mg/l (em Julho)

Quinta de São Gião

2011 - poço (44) com 131,89 mg/l (em Julho)

2011 - furo com 142,65 mg/l

2012 - poço (44b) com 70,81 mg/l (em Julho)

2012 - furo com 64,48 mg/l

0

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NO

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g/l

)

Amostras

Quinta de São Gião

Quinta de São Gião

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NO

3-(m

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)

Amostras

Paúl da Cela

Paúl da Cela

Paúl da Cela

2012 - poço com 94,11 mg/l

Maiorga

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NO

3-(m

g/l

)

Amostras

Maiorga

Maiorga

2012 - furo com 72,32 mg/l

Montes

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NO

3-(m

g/l

)

Amostras

Montes

Montes

2012 - poço com 105,63 mg/l

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NO

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)

Amostras

Cós

Cós

Cós

2008 - furo com 67,4 mg/l

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1

201

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NO

3-(m

g/l

)

Amostras

Monte dos Ramos

Monte dos Ramos

Monte dos Ramos

2008 - poço com 74,5 mg/l

2011 - furo com 69 mg/l

0

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NO

3-(m

g/l

)

Amostras

Alcobaça

Alcobaça

Alcobaça

2007 - charca com 58,7 mg/l

2011 - furo 27 com 101,60 mg/l

Considerações finais

As águas com maior concentração de nitrato se localizam

em zonas onde predominam as actividades agro-pecuárias

intensivas (Juncal, Valado dos Frades, Nazaré, Quinta de

São Gião, Alcobaça).

São águas subterrâneas de poços e de furos.

As águas analisadas duas vezes apresentaram diferenças

na concentração de ião nitrato (NO3-), coincidindo a maior

concentração com a época de amanho das terras.

Os dados fornecidos não apresentavam data completa, a

hora, a localização precisa nem o tipo de captação. Eram

de anos diferentes, mas de locais diferentes, pois os

agricultores eram obrigados a analisar a(s) sua(s) águas

de rega de quatro em quatro anos, antes de se iniciar a

época de rega, (excepto nos casos em que a amostra

apresentasse valores de alguns parâmetros que

excedessem os limites recomendados), segundo o

Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e

das Pescas (Junho 2009)

Considerações finais

Portaria n.º 259/2012 de 28 de agosto,

no artigo 8.º, na alínea b),

Considerações finais

respectiva

Considerações finais

É necessário e urgente:

- Análises às águas de rega anualmente e em intervalos

regulares (época húmida e época seca) com data e hora

descriminada da colheita e da análise;

- Conhecer a localização exacta, o tipo de captação e o

relatório geotécnico completo;

- Adoptar práticas diferentes nas actividades agrícolas,

pecuárias, industriais e urbanas;

- Estudos sobre a hidrogeologia da região/local

- Estudos sobre outros poluentes, que são mobilizados

na propagação da poluição de frentes agrícolas [por

exemplo: ião sulfato (SO42-), elementos menores ou traço

tais como: níquel (Ni), ferro (Fe), cobalto (Co), arsénio

(As), fósforo (P), potássio (K), nitrogénio (N)].

Só assim, se conseguirá perceber o que se passa

com o ião nitrato (e outros poluentes) na área de

estudo, de forma a evitar e/ou minimizar a

contaminação/poluição das águas subterrâneas

e/ou superficiais.

Considerações finais

Agradecimentos

Fundação Ciência e Tecnologia

Associação do Aproveitamento Hidroagrícola de Cela

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Frubaça C.R.L. | Copa

Narc Frutas – Cooperativa de Fruticultores e

Horticultores da Região de Alcobaça, C.R.L.

Cooperfrutas – Cooperativa de Produtores de Fruta e

Produtos Hortícolas, C.R.L.

Termas da Piedade (actual Hotel & SPA Alcobaça)