a atual situação da educação infantil no brasil - lucas gabriel

7/23/2019 A atual situação da Educação Infantil no Brasil - Lucas Gabriel

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A atual situação da Educação Infantil no Brasil

Antonio Lucas Gabriel de Souza Mendonça

As pesquisas realizadas na década de 1980 constatavam que os seis primeiros

anos de vida são primordiais para o desenvolvimento humano no que se refere à

formação da personalidade e da inteligência. No entanto, a legislação brasileira não

observava que, sendo esse um estágio tão importante para a formação do indivíduo, era

importante que a educação escolar começasse nessa idade.

Embora as constituições anteriores garantissem alguns direitos educacionais à

população, como gratuidade em certos níveis escolares e obrigação de investimento

mínimo do governo, foi somente na constituição de 1988 que o direito à educação

escolar para crianças de até 5 anos foi conquistado, sendo ampliada a idade até 6 anos

com a lei 8.069/90. O inciso IV do artigo 208 da Constituição Federal garante

“educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade”. No

artigo 212 fica estabelecido também que a União deverá investir no mínimo 18% da

receita resultante dos impostos, enquanto os estados e os municípios deverão investir

25%.

A Constituição de 1988 também considera o fato de que a educação também é

em certa parte encargo da família e que a sociedade deve colaborar para que os

indivíduos se desenvolvam de forma plena. Porém, se observa que há um número

pequeno de políticas públicas que garantam uma educação de qualidade para todos e

propiciem o desenvolvimento do quadro educacional do país.

Além dos artigos Constitucionais relacionados à educação, temos doisdocumentos que são de grande importância para direcionar a educação no país: o

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDB). O primeiro documento citado trata da responsabilidade pelos direitos da criança

e do adolescente, e segundo o texto essa responsabilidade passa a ser dos municípios

através da criação do Conselho Municipal, do Fundo Municipal e o Conselho Tutelar.

Esse documento torna obrigatório aos pais a matrícula dos filhos na rede regular de

ensino e a quebra dessa regra é passível de punição (quinze dias a um mês de detenção)prevista no artigo 246 do Código Penal Brasileiro.



A Lei de Diretrizes e Bases da Educação logo em seu primeiro artigo fala sobre

a abrangência da educação, enquanto o segundo artigo explicita qual é a sua finalidade.

Um dos avanços conquistados nesse documento é gratuidade da educação para crianças

menores de seis anos já que o inciso IV do artigo 208 prevê somente o atendimento,

silenciando-se com relação à gratuidade:

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado

mediante a garantia de (...) IV - educação infantil, em creche e

pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.

Tendo em vista a realidade da sociedade brasileira, onde cresce cada vez mais o

trabalho feminino e surge a necessidade de colocar seus filhos em espaços que prezem

por cuidar deles durante a jornada de trabalho das mães (como creches ou pré-escolas),

a educação infantil se preocupa com a interação entre ambiente escolar e família

(CARVALHO, 2004).

Antes de frequentar esses ambientes educacionais a criança está acostumada

somente ao convívio no ambiente familiar. O período de adaptação ao convívio com

professores e colegas de classe é importante para alunos e pais, pois é necessário que os

pais conheçam o trabalho que está sendo desenvolvido, as diretrizes que orientam a

instituição, a qualidade da merenda, a interação entre crianças e adultos no ambiente, os

materiais pedagógicos disponíveis e os espaços utilizados pelos professores para

ministrarem suas aulas. Além disso, deve se lembrar que a legislação vigente entende

que a educação também é de responsabilidade da família, assim se torna importante a

interação entre o núcleo de educação institucional e o núcleo de educação familiar.

A instituição educacional deve estar preparada para o atendimento de alunos

com deficiências especiais como previsto no artigo 208 da Constituição e em algumasratificações apresentadas no ECA e na LDB. A LDB possui um capítulo onde trata a

educação especial como modalidade específica de ensino, mas ressalta que essa

modalidade de educação só será ofertada em classes, instituições ou serviço

especializado quando não houver a possibilidade de integração dos alunos em classes

comuns do ensino regular. Nos casos de integração dos alunos especiais em salas

comuns, um profissional com especialização adequada serão responsáveis pela

integração desses (BRASIL, 1996).



A LDB também fixa a obrigação de estados e municípios no que se refere ao

asseguramento da oferta dos níveis de ensino. O inciso VI do artigo 10 diz que é de

obrigação dos municípios assegurar prioritariamente o ensino fundamental e a educação

infantil: “Os Estados incumbir-se-ão de: autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar

e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os

estabelecimentos do seu sistema de ensino.” Enquanto isso cabe aos estados ajudar na

oferta de ensino fundamental e assegurar a oferta de ensino médio e superior. No

entanto, algo fica obscuro sobre a oferta do ensino infantil: é obrigatória ou não? Os

artigos 29, 30 e 31 da LDB que fala sobre a educação infantil apenas ressalta a sua

finalidade, onde será ofertada e como será organizada.

Com relação à educação infantil, o Plano Nacional de Educação 2011-2020(PNE) tem por meta universalizar o atendimento escolar das crianças de 4 e 5 anos de

idade até 2016, e também ampliar a oferta da educação infantil para crianças com até 3

anos de idade até o ano de 2020. Para isso o PNE traça algumas metas. Entre elas estão

1) reestruturação e aquisição de equipamentos para a rede pública de educação infantil;

2) estimular a oferta de matrículas gratuitas em creches; 3) fomentar a formação de

profissionais do magistério para a educação infantil. Ligada à educação infantil, a meta

5 do PNE visa alfabetizar todas as crianças de até 8 anos de idade (BRASIL, 2012).

Segundo as estatísticas apresentadas pelas Sinopses Estatísticas da Educação

Básica, no ano de 2012 foram realizadas 7.295.512 de matrículas no ensino infantil,

sendo 2.540.791 em creches e 4.754.721 em pré-escolas.

CONCLUSÕES

A Constituição de 1988 traz uma grande conquista para a educação no país: a

educação infantil. Isso representa a abertura do direito à educação para uma parcelamaior da população. No entanto, alguns problemas são claramente perceptíveis na

educação brasileira, desde a legislação até a implantação das leis.

Muitas vezes as leis são repetidas em vários documentos, mas não há

cumprimento daquilo que é proposto, e isso faz com que não haja avanços significativos

no quadro da educação. Às vezes novos documentos são publicados, mas quase nada se

altera no texto com relação a outros mais antigos.



Além disso, a legislação brasileira demora certo tempo para utilizar o

conhecimento científico em favor do desenvolvimento da educação. Uma prova disso é

a demora da implantação da educação infantil que ocorreu somente no final da década

de 1980. E agora, algumas pesquisas mostram o quanto a educação infantil pode mudar

o futuro dos alunos dando mais expectativas de um futuro profissional promissor e

diminuindo os índices de criminalidade. No entanto, o governo ainda se mostra

descompromissado com a educação e vagaroso na busca por melhoras, preferindo

buscar soluções paliativas ao invés de investir no que pode ser o berço do indivíduo

enquanto cidadão. Com tudo isso, as metas traçadas pelo PNE para esta década trazem a

esperança de que a situação da educação infantil e em geral possa melhorar.

REFERENCIAS

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. De 5 de outubro de 1988.

________. Ministério da Educação. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8069,

de 13 de Julho de 1990.

________. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Lei nº 9394, de 20 de Dezembro de 1996.

________. Plano Nacional de Educação. Lei 8.053, de 22 de outubro de 2012.

CARVALHO, M. E. P. Escola como extensão da família ou família como extensão da

escola? O dever de casa e as relações família–escola. Revista Brasileira de Educação,

v.1, n. 25, p. 94-104, 2004.

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