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A ARTE PORTUGUESA ATÉ AOS ANOS 60

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pintura, escultura,arquitectura

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Page 1: A Arte Portuguesa até aos anos 60

A ARTE PORTUGUESA ATÉ AOS ANOS 60

Page 2: A Arte Portuguesa até aos anos 60

A arte portuguesa na 1ª metade do século XX registou umgrande desfasamento cronológico em relação à Europa.

Causas:

- instabilidade política ( queda da 1ª República em 1926;instauração do Estado Novo a partir de 1932)

- atraso económico, social e cultural.

A contestação a este estado de coisas surgiu através de algunsartistas como Manuel Bentes, Eduardo Viana, Alberto Cardoso,que realizam o 1º SALÃO DOS HUMORISTAS em 1912.

Seguiu-se em 1915 a 1ª EXPOSIÇÃO DOS HUMORISTAS EMODERNISTAS onde foi usada pela 1ª vez a palavraMODERNISMO.

A revista ORFEU fundada por Fernando Pessoa, José Pacheco,Mário de Sá Carneiro, aos quais se juntaram Almada Negreiros,Santa-Rita entre outros, contribuiu igualmente para alterar esteestado de coisas.

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A eclosão da primeira guerra Mundial , contribuiu para o

regresso de um grupo de artistas que tinha convivido com as

vanguardas modernistas.

Entre eles encontravam-se Amadeu Souza-Cardoso, Santa –Rita

Pintor, José Pacheko e Eduardo Viana, que trouxe consigo o casal Robert Delaunay e Sónia Treck, mentores do Orfismo, e

que se refugiam durante um período em Portugal.

Foram estes artistas que introduziram o Modernismo e o Futurismo em Portugal.

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Constituindo um grupo heterogéneo de pintores, escritores,

poetas e músicos, não deixaram de incomodar os meios mais

conservadores da sociedade, através de manifestos,

exposições, publicações e secções públicas vanguardistas de entre as quais se destacam:

-OMANIFESTO ANTI-DANTAS de Almada(1915);

-A exposição “ ABSTRACCIONISMO” de Amadeu;

-A revista PORTUGAL FUTURISTA (1917) de Almada;

-A actuação dos BALLETS RUSSOS de Diaghliev em Lisboa;

-Assim como os BAILADOS PORTUGUESES de Ruy Coelho

em 1918, no Teatro São Carlos.

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Eduardo Viana

Amadeu de Souza - Cardoso

Santa Rita

Almada Negreiros

José Pacheko

Cristiano Cruz

A polémica levantada por estes “ modernistas” agitou os

meios artísticos portugueses, contribuindo para a renovação da pintura.

Influenciados pelas vanguardas, apresentam obras

verdadeiramente inovadoras.

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•AMADEO SOUZA CARDOSO

Caracterizou-se pela

experimentação de várias

correntes, do NATURALISMO

ao EXPRESSIONISMO e ao

CUBO-FUTURISMO;

Em França privou com pintores

como Modigliani e Brancusi;

Participou em exposições em

Paris, Berlim, Nova Iorque;

Contactou com

personalidades como Picasso,

Braque e o casal Delaunay.

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A sua obra reflecte influências das várias tendências artísticas.

Do Cubismo apropriou-se da geometrização das formas,

transformadas em planos facetados, quase sempre intensamente

coloridos, restringindo e distorcendo a perspectiva e interligando as

figuras através de superfícies delineadas ou de riscos oblíquos e da

introdução de letras ou outros materiais.

Aplicou os discos órficos de Robert Delaunay, nas suas paisagens.

Ficou célebre pelas máscaras e pelas naturezas-mortas, assim

como pelas paisagens onde são visíveis as influências do folclore

português.

A mistura harmoniosa do CUBISMO, do FUTURISMO, do

EXPRESSIONISMO e do ABSTRACCIONISMO, torna difícil classificar as

suas obras.

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Foi inovador pelo uso dos materiais ( pasta de óleo e

areias) e pelo recurso à colagem ( fósforos, ganchos de

cabelo, espelhos etc.).

Morreu precocemente aos 31 anos.

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A sua família era rica e influenciou-o a ingressar no curso de

Direito na Universidade de Coimbra. Depressa desistiu do

curso e mudou-se para o curso de Arquitectura na

Academia de Belas Artes de Lisboa em 1905. O curso não

satisfaz o seu génio criativo, por isso parte para Paris em 1906,

instalando-se em Montparnasse com a intenção de

continuar a estudar. As suas primeiras experiências artísticas

conhecidas foram desenhos e caricaturas. Depois, dedicou-se à pintura. Poder-se-á dizer que foi um pintor impressionista,

expressionista, cubista, futurista, mas sempre recusou

qualquer rótulo. Apesar das múltiplas influências, procurava

a originalidade e a criatividade na sua obra. Em 1908, instala-se no número catorze da Cité de Falguière.

Frequentou ateliers preparatórios para a Academia das

Beaux-Arts e a Academia Viti do pintor catalão Anglada

Camarasa mas, apesar disso, não chegou a ser admitido. Em 1910, esteve alguns meses em Bruxelas e, em 1911, expôs

trabalhos no Salon des Indépendants, em Paris,

aproximando-se progressivamente das vanguardas e de

artistas como Amadeo Modigliani, Constantin Brancusi, Alexander Archipenko, Juan Gris e Robert Delaunay

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. Em 1912, publicou um álbum com vinte desenhos e, em

seguida, copiou o conto de Gustave Flaubert "La Légende de

Saint Julien l'Hospitalier", trabalhos ignorados pelos

apreciadores de arte.

Depois de participar com oito trabalhos numa exposição

realizada em 1913 no Armory Show (Estados Unidos da

América), voltou a Portugal, onde teve a ousadia de fazer

duas exposições, respectivamente no Porto e em Lisboa.

Nesse ano, participou ainda no Herbstsalon da Galeria Der

Sturm, em Berlim. Em 1914, encontra-se em Barcelona com

Antoni Gaudí e parte para Madrid, onde é surpreendido pelo

início da I Guerra Mundial. Regressa então a Portugal, onde

inicia uma meteórica carreira na experimentação de novas

formas de expressão, tendo pintado com grande constância,

ao ponto de, em 1916, expor no Porto, sob o título

"Abstraccionismo", 114 obras, que serão também expostas

em Lisboa, num e noutro caso com novidade e algum

escândalo.

ALGUMAS REFERÊNCIAS À OBRA DE AMADEO

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Inicialmente foi um pintor naturalista de cenas de costumes,

mas cedo enveredou pelo proto cubismo cezanniano.

Após a sua estadia em Paris e de contactar intimamente

com o casal Delaunay, aderiu ao Orfismo.

Foi também influenciado pelo Fauvismo.

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Nasceu em Lisboa em 1881. Após ter frequentado a Escola Nacional de Belas-

Artes, entre 1896 e 1905, e desiludido com o ensino académico em Portugal, partiu

para Paris, cidade onde residiu entre 1905 e 1915. Aqui frequentou as

academias Studio e Julien e foi discípulo de J.P. Laurens. Participou na I

Exposição Livre, em 1911 (Salão Bobone), com seis trabalhos enviados de Paris,

naquela que foi considerada a primeira grande exposição anti-académica em

Portugal.

O seu regresso em plena guerra coincidiu com a estada em Portugal de

Amadeo de Souza-Cardoso e do casal Delaunay, todos eles, e de diferentes

maneiras, num exílio forçado entre Manhufe e Vila do Conde. Esta proximidade

geográfica e um natural sentimento de solidão foram fundamentais para alimentar o

convívio intenso deste pequeno grupo e para a partilha de experiências cubistas e

simultaneístas .

Foi afinal neste contexto português que o artista ensaiou e levou ao limite as

suas possibilidades de ruptura com a representação plástica tradicional. Sinal

dessa consciência de partilha de valores modernistas, espécie de homenagem a

esse convívio alargado ao grupo futurista, Eduardo Viana realiza por volta de

1916, a pintura K4 Quadrado Azul .

ALGUNS DADOS BIOGRÁFICOS SOBRE EDUARDO VIANA

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O tema corresponde à apropriação literal do título de uma novela de José

de Almada Negreiros e da própria capa do livro, também da sua

responsabilidade gráfica, que surge integrada e plasticamente articulada

com a representação de uma natureza-morta. Neste trabalho surge de

forma muito evidente o tipo de compromisso que Eduardo Viana

estabeleceu com as linguagens de vanguarda, utilizadas por vezes

enquanto citações de um código formal que não é o seu.

Em trabalhos como A Revolta das Bonecas (n.d. [1916]) há uma influência

nítida do casal Delaunay; uma figuração muito diluída de bonecos de

reminiscência folclórica é integrada em movimentos circulares,

desconstruções espaciais e densas sobreposições de fragmentos

coloridos que tornam a composição um exemplo de pura dinâmica, raro na

sua obra. Pinturas como O Homem das Louças (1919) inscrevem os

círculos órficos e a geometrização do vestuário e do espaço envolvente

própria do primeiro Cubismo num conjunto de concessões à representação

mais convencional, principalmente do rosto

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. Nas suas paisagens e naturezas-mortas, esse tipo de compromisso

também é gerido com grandes variações. Viana aproximou-se de facto

das revoluções modernistas, mas negou-as em muitos aspectos, e, apesar

do fascínio pela simplificação, não pôde prescindir do peso e da presença

anatómica, da fisicalidade exuberante dos modelos.

Depois destas breves experiências, Eduardo Viana regressou à prática de

uma figuração reordenada a partir das influências fauves e cezannianas,

que lhe são determinantes, e concentrada nos seus verdadeiros temas – a

paisagem, o nu e as naturezas-mortas – infinitamente explorados enquanto

estudos de composição e de cor.

As paisagens (do Minho ao Algarve), de expressão cromática intensa e

exuberante, são claramente influenciadas por Cézanne. As naturezas-

mortas recordam, pela iconografia representada e pelo tratamento formal,

a influência inicial do cubismo de Braque e Picasso. Na obra Nu (Mulher

Deitada), de 1925, pertencente à colecção do CAMJAP, a expressividade

e explosão cromáticas, de reconhecida influência fauvista, dão origem a

corpos de presença opulenta e sensual. Até 1940, fará largas temporadas

em Paris e na Bélgica e várias viagens pela Europa.

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Realizou a sua primeira exposição individual no Porto (1920), que

apresentou no ano seguinte em Lisboa. Em Janeiro de 1925, foi o

impulsionador do I Salão de Outono, a mais considerável manifestação

pública dos pintores modernistas portugueses nos anos 20, onde expôs oito

trabalhos, entre os quais as telas para o café A Brasileira.

Entre 1930 e 1940, viveu sobretudo em Bruxelas, onde realizou uma obra

escassa. Mas a partir de 1935 estará presente nos salões de Arte Moderna

do SNI (Secretariado Nacional de Informação). Regressou definitivamente a

Portugal, onde aperfeiçoou tecnicamente a sua pintura, utilizando a cor

com grande sabedoria, e disso são excelentes exemplos as naturezas-

mortas dos anos 50 e 60. Participou na 25.ª Bienal de Veneza (1950), na 3.ª

Bienal de São Paulo (1955) e na exposição colectiva Vinte Pintores

Portugueses, na Galeria de Março em Lisboa (1952).

Em 1957, atingiu o seu período de consagração, obtendo o “Grande Prémio

de Pintura” na I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste

Gulbenkian e, em 1965, o “Prémio Nacional de Arte do SNI”.

Perfeccionista, corrigia e repintava vezes sem conta um mesmo quadro,

pelo que a sua obra é quantitativamente limitada. Um “clássico do

modernismo”, como lhe chamou António Ferro, morreu em Lisboa em 1967,

deixando várias obras inacabadas.

MARIA ALMEIDA LIMA

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Conhecido por Santa-Rita pintor.

Grande adepto dos ideias futuristas de Marinetti, proclamava” Futurista declarado há só um, que sou eu.”

Ficou célebre pelas suas atitudes polémicas e provocatórias.

Colaborou activamente nas revistas “ Orfheu e Portugal Futurista”.

Da obra produzida, se a houve pouco restou. A seu pedido , todos os trabalhos foram destruídos após a sua morte, restando uma CABEÇA CUBO-FUTURISTA, que lhe é atribuída .

O mais marcante da sua personalidade foi a procura da originalidade, da diferença, de uma linguagem que exprimisse a simultaneidade dos estados de alma.

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Caracterizou-se pela personalidade excêntrica e original.

Sobre Amadeo afirmou.” Amadeo é a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX”.

Foi poeta, pintor, cenógrafo, bailarino, caricaturista,

dinamizador das revistas Orpheu e Portugal Futurista.

Ao nível da sua produção pictórica foi influenciado pela Arte

Nova, pela abstracção, pelo futurismo, sem esquecer as

raízes portuguesas.

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Após a 1ª guerra, diz-se descontente com o ambiente em

Portugal e vai para Paris onde se deixa influenciar pelo cubismo.

De volta a Portugal executa com outros pintores como Eduardo Viana, Pacheko, Stuart Carvalhais, várias

decorações na Brasileira do Chiado e no Bristol Club.

Nos anos 30, cada vez mais conservador e nacionalista

trabalhou com Pardal Monteiro, na “ Igreja de Nossa

Senhora de Fátima” em Lisboa, onde realizou vitrais;

no edifício do Diário de Notícias onde pintou alguns

frescos;

e nas gares marítimas de Alcântara e na Rocha Conde de

Óbidos

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onde reproduziu temas do folclore nacional e da história de

Portugal, reflectindo-se em alguns influencias cubistas.

Almada também participou como cenógrafo e pintor na

Exposição do Mundo Português, em 1940.

Fez igualmente um painel de grandes dimensões para a

Gulbenkian, de recorte abstracto.

( LEITURA E ANÁLISE DO CASO PRÁTICO “ Ultimatum

Futurista…” da página 250 do manual ).

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Uma das figuras marcantes da geração modernista de "Orpheu".

Nasceu em São Tomé e Príncipe a 7 de Abril de 1893;

morreu em Lisboa a 15 de Junho de 1970.

Filho do tenente de cavalaria António Lobo de Almada Negreiros,

administrador do concelho de S. Tomé e de Elvira Sobral, foi

educado no Colégio de Campolide, dos Jesuítas, e mais tarde, devido à extinção do Colégio em 1910, e por pouco tempo, no

Liceu de Coimbra.

Em 1911 ingressa na Escola Internacional de Lisboa, que tem um ensino mais moderno, e onde lhe proporcionam um espaço que lhe

vai servir de oficina. e publica o primeiro desenho n'A Sátira.

Em 1912 redige e ilustra integralmente o jornal manuscrito A Paródia,

reproduzido a copiógrafo na Escola, expõe no I Salão dos

Humoristas Portugueses, e colabora com desenhos para várias

publicações.

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Em 1913 realiza a primeira exposição individual, apresentando

cerca de 90 desenhos na Escola Internacional, e conhece Fernando Pessoa, que escrevera uma crítica à exposição n'A

Águia.

Continua a colaborar como ilustrador para várias publicações, e em 1914 torna-se director artístico do semanário monárquico

Papagaio Real.

No ano seguinte, escreve a novela A Engomadeira, publicada em 1917, onde aplica o interseccionismo teorizado por Fernando

Pessoa, abeirando-se do surrealismo.

Colabora no primeiro número da revista Orpheu, depreciado por Júlio Dantas, que afirma que não há justificação para o sucesso

da revista e para a publicidade feita ao seu redor, afirmando que

os autores são pessoas sem juízo.

Ainda nesse ano de 1915, Almada realiza o bailado O Sonho da Rosa.

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Em 21 de Outubro do mesmo ano estreia-se a peça de Júlio

Dantas Soror Mariana. Almada irá reagir com a publicação do

Manifesto Anti-Dantas e por Extenso.

"O Manifesto Anti-Dantas tornou-se famoso na obra de Almada

Negreiros por várias razões:

Primeiro porque é dirigido contra um escritor que dominava a

literatura conservadora em Portugal e que mantinha o trono da

dramaturgia de sucesso entre a classe dominante em Portugal.

Júlio Dantas (1876-1962) é um médico, poeta, jornalista,

dramaturgo e académico prestigiado entre a intelectualidade

portuguesa, figura de presença variada em vários géneros literários, e uma figura controvertida.

Em segundo lugar, pela violenta mordacidade e ironia com que

Almada tenta desmontar o prestígio literário de Dantas.

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Em terceiro lugar, porque ao desmontar o prestígio literário de Dantas, Almada Negreiros está a tentar desmontar também

toda a arquitectura da literatura conservadora acoplada a

Dantas e que dominava Portugal na altura em que apareceu a

revista Orpheu.

Em quarto lugar, porque é uma peça onde aparecem ricos

elementos de estudo não só do perfil do modernismo literário

português, mas também da crítica literária em Portugal e

sobretudo preciosos dados válidos para o estudo do género da

ironia literária." (João Ferreira, Usina de Letras)

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O Manifesto causa algum impacto nos meios artísticos. Almada

começa a corresponder-se com Sonia Delaunay, refugiada em Portugal com o marido por motivo da Guerra que assola a Europa.

Publica o Manifesto da exposição de Amadeo de Souza Cardoso,

com o título Primeira Descoberta de Portugal na Europa no Século XX.

Em 1917 realiza, vestido de operário, a conferência Ultimatum

Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX, e publica a novela K4 O Quadrado Azul, que inspirou o quadro homónimo de

Eduardo Viana.

1918, é quase inteiramente dedicado ao bailado integrando o

grupo de Helena de Castelo Melhor.

Em 1919, com o fim da Primeira Guerra Mundial, parte para Paris,

onde exerce actividades de sobrevivência, e escreve Histoire du

Portugal para coeur, publicada em 1922, mas regressa no ano

seguinte.

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Em 1921 começa a colaboração com António Ferro, que oapresenta quando Almada realiza a conferência A Invenção do

Corpo, como "o imaginário na terra dos cegos", e posteriormente o

convida para desenhar para a Ilustração Portuguesa.

Em 1923 Almada desenhará a capa do livro de Ferro, A Arte de

Bem Morrer, continuando a produzir ilustrações para revistas,

cartazes para empresas e publicando peças como Pierrot eArlequim (1924), romances como Nome de Guerra (1925) e ensaios

como A Questão dos Painéis; a história de um acaso de uma

importante descoberta e do seu autor (1926).

De 1927 a 1932 vive em Espanha, e em 1934 casa com a pintora

Sarah Afonso. Começa a ser solicitado regularmente para a

realização de trabalhos de índole oficial, como seja um selo para a

emissão comemorativa da 1.ª Exposição Colonial, um cartaz para o álbum Portugal 1934 editado pelo Secretariado da Propaganda Nacional e ilustrações para o programa das Festas da Cidade de

Lisboa, e sobretudo começa os estudos para os vitrais a colocar na

Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, que concluirá em 1938.

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Esta colaboração com a «Política do Espírito» de António Ferro culmina

em 1941, quando o S.P.N. organiza a exposição Almada - Trinta Anos de

Desenho, e o convida a participar na 6.ª Exposição de Arte Moderna e na

exposição Artistas Portugueses apresentada no Rio de Janeiro, no Brasil e

lhe atribui, em 1942, o Prémio Columbano.

De 1943 a 1948 a sua actividade incide na realização dos frescos das

Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, sendo-

lhe atribuído o Prémio Domingos Sequeira em 1946.

Regressa à realização de vitrais em 1951, desenhando os da Igreja do

Santo Condestável, Lisboa, e os da Capela de S. Gabriel, em Vendas

Novas, e à pintura em 1954, quando pinta o Retrato de Fernando Pessoa.

A sua actividade, no final dos anos 50, incide na decoração de obras de

arquitectura, como sejam:

- painéis para o Bloco (Edifício) das Águas Livres e frescos para a Escola

Patrício Prazeres (1956);

- decoração das fachadas dos edifícios da Cidade Universitária (1957);

cartões de tapeçaria para a Exposição de Lausanne, o Tribunal de

Contas e o Hotel de Santa Luzia de Viana do Castelo (1958) e o Palácio

da Justiça de Aveiro (1962);

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Realiza as suas últimas obras em 1969 - o painel Começar no

átrio da Fundação Calouste Gulbenkian, começado no ano

anterior, e os frescos Verão na Faculdade de Ciências da

Universidade de Coimbra.

Em 15 de Junho de 1970 morre no Hospital de São Luís dos

Franceses, no mesmo quarto em que tinha morrido Fernando

Pessoa.Retirado “ Do Portal da História”

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A estes pintores do 1º modernismo em Portugal, podem-se juntar ainda os pintores: Carlos Botelho, Dórdio Gomes, Mário Eloy, e escultores como Jorge Barradas, António Duarte, Barata Feyo etc.

Há ainda a acrescentar o papel desempenhado pelas revistas “ Seara Nova” e “Presença”, na mudança de mentalidades.

Porém, o desenvolvimento cultural que se estava a processar, estagnou a partir dos anos 30, quando foi criado o Secretariado da Propaganda Nacional e o Estado novo passou a controlar a produção intelectual, criando uma arte nacionalista que se manteve para além dos anos 60.

Apesar deste efeito coercivo exercido pelo poder, houve sempre uma arte produzida à margem do regime , vivendo paredes-meias com a arte nacionalista.

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A situação de estagnação provocada pelo Estado Novo ao

nível artístico, levou, principalmente a partir de 1940, a várias

reacções por parte dos artistas:

a) uns emigraram ( como Vieira da Silva);

b) outros adquiriram o estatuto de” artista apolítico “ que

lhes permitiu sobreviver;

c)outros lutaram dentro dos limites do possível por conhecer e acompanhar as novidades artísticas internacionais, sendo

autores de importantes exposições, formação de grupos e

introdutores do Expressionismo ( anos 30/40);

do Neo-Realismo, do Surrealismo , do Abstraccionismo e do Neofigurativismo ( anos 50/60), num espírito de oposição à

ditadura.

. Estes artistas destacaram-se pelo vanguardismo das suas

propostas mas nem sempre foram compreendidos pelo público.

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PRINCIPIOS ORIENTADORES DA CONSTRUÇÃO:

- Dever-se-ia ter em conta a integração no meio ambiente e

as exigências funcionais.

- Cobertura arrematada por beiral

- Alpendre

- Vãos guarnecidos de cantaria

- Caiada de branco e emprego de azulejos

- E ainda organização e simplificação de linhas;

distribuição equilibrada dos espaços;

construção modulada onde cada volume correspondia a uma função.

- concepção do projecto como um todo na tradição da Arts

and Crafts

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Imposição de um estilo único com tipologias próprias.

Projectos de equipamento social.

Construção de obras monumentais, simétricas, austeras, de

grande verticalidade, com vocabulário neoclássico (

colunas, escadarias monumentais ), que demonstrassem a

força do regime, a sua capacidade de concretização e o sentido da autoridade e da ordem, concretizadas nos

edifícios públicos tribunais, câmaras etc.

De entre os arquitectos modernistas podemos destacar Pardal Monteiro, Cristino da Silva, Carlos Ramos, Jorge

Segurado

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Vitrais de Almada

Negreiros

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