a arte de ganhar oscar - o artista

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Trabalho do Curso. InDesign.

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Page 1: A Arte de Ganhar Oscar - O Artista
Page 2: A Arte de Ganhar Oscar - O Artista

A única razão que nos impossilita de considerar o Oscar 2012 como uma cerimônia de sotaque francês é o fato de o principal vencedor ser um filme mudo. De resto, a 84ª edição do evento organizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que aconteceu neste domingo (26), colocou em destaque “O artista”: confirmando um favoritismo que foi se desenhando ao longo de praticamente todos principais prêmios do cinema internacional nesta temporada, a produção franco-belga levou as estatuetas de melhor filme, diretor (Michel Haza-navicius) e ator (Jean Dujardin). Com dez indicações, levou ainda as distinções de figurino e trilha sonora original.

A ARTE DEGANHAROSCARS

Embora a conta final em fa-vor de “O artista” não tenha sido propriamente uma surpresa, o princípio desta noite de gala no Hollywood and Highland Center (antigo Kodak Theatre) mostrou-se favorável a outro concorrente de destaque. Nomeado em 11 catego-rias, “A invenção de Hugo Cabret” surgiu muito bem, ao levar os dois primeiros prêmios: fotografia e di-reção de arte. O ritmo, no entanto, não se manteve. No desenrolar da sessão, esta primeira incursão de Martin Scorsese pelo 3D conquis-tou outras três estatuetas - edição de som, mixagem de som e efeitos visuais. Igualou o francês, mas com prêmios usutalmente considerados “técnicos”, de menor apelo.

Com elenco e equipe de ‘O artista’ ao fundo, produtor Thomas Langmann discursa no Oscar após longa vencer o prêmio de melhor filme. (Foto - Reuters)

Sempre criticada pelas injustiças e politicagens na hora de entregar sua tão desejada estatueta dourada, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood foi extre-mamente feliz e correta em 2012. O empate na quantidade de estatuetas entre “O Artista” e “A Invenção de Hugo Ca-bret” na 84ª edição do Oscar representa exatamente o atual momento de crise e mudanças pelas quais passa a indústria cinematográfica, que começa a abandonar de vez a película fotográfica em detrimento da tecnologia digital.

Ao separar os dois vencedores entre categorias “artísticas” (“O Artista”) e “técnicas” (“Hugo”), a premiação de 2012 não escolheu apenas quais foram os melhores filmes do ano. Ela foi além: consagrou uma nova Era.

Mas a transição da película para o cinema digital também tem afetado o público. Enquanto cineastas se preocupam com a estética e os executivos com o bolso, o espectador comum está gastando mais com o valor do ingresso do 3D. Por sua vez, os cinéfilos que frequentam festivais são vítimas das incompatibilidades tec-nológicas: todo ano são relatados diversos problemas técnicos entre os projetores e os formatos dos filmes.

As queixas existem, assim como existiram durante a transição do cinema mudo para o cinema falado – per-deu-se a mobilidade das câmeras com a intrusão dos microfones em todas as cenas. Mas assim como George Valentin encontrou sua voz, o cinema não acabará com a transição para o digital. Apenas irá se adaptar, com novas linguagens e novas estéticas. Georges Meliès pode acordar com o som inconfundível de um projetor no filme de Scorsese, mas o público observa esta observação saudosista em 3D digital. E como deixou claro Woody Allen (e Hollywood indiretamente) em “Meia-Noite Em Paris”, premiado com o Oscar de Melhor Roteiro Original, o negócio é deixar a nostalgia para trás.

Cena do filme ‘O Artista’.

Apresentado por Billy Cristal, que pela nona vez se encarregou da função, o Oscar 2012 deveu seu primeiro momento de maior emoção a Octavia Spencer.

Ela recebeu das mãos de Christian Bale o prêmio de melhor atriz coadjuvante, por seu trabalho em “Histórias cruzadas”. Ao ter seu nome anunciado, Octavia foi aplaudida de pé pelos presentes no auditório. Chorando bastante, ela agradeceu por diversas vezes a seus familiares.