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Índice
Apresentação 06
Prefácio 07
Introdução 08
Primeira Janela: O Erro 11
Segunda Janela: Perseverança 34
Terceira Janela: O Cuidado 60
Quarta Janela: O Anonimato 83
Quinta Janela: Missão Cumprida 106
Fim 126
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Apresentação
Fui providencialmente apresentado à ama de
Mefibosete quando era um líder de jovens, pelo
Reverendo Jeremias Pereira da Oitava Igreja
Presbiteriana de Belo Horizonte.
Em sua série: Mensagens de Esperança, ele
trata da culpa, a imobilidade funcional que ela nos
causa e sua superação, uma perspectiva que mudou
radicalmente minha visão sobre como vencer o jogo
da culpa e avançar na caminhada cristã.
Anos mais tarde, já como pastor fui
convidado a ser o mensageiro na consagração ao
ministério pastoral de minha querida amiga Marilene
Maximiano. Foi quando Deus trouxe ao meu
coração a reflexão que aqui apresento.
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Prefácio
Nessa mensagem apresento como metáfora da ação
pastoral a Espiritualidade do Cuidado refletida
através da história de Mefibosete e sua ama.
Trata-se de um exercício de inferências
criativas, limitado aos contornos históricos da
narrativa bíblica do resgate da dignidade de
Mefibosete.
Portanto, proponho como modelo de
Espiritualidade do Cuidado, o exemplo de dedicação
desta mulher.
Para tal vamos visitar esta dramática história
de superação e restituição, que aponta para a
realidade da restauração da própria humanidade em
Cristo Jesus.
Convido você a abrir cinco janelas na alma
dessa mulher para contemplarmos, em seu exemplo,
um pouco da natureza da Espiritualidade do Cuidado
e enriquecer nossa percepção sobre a soberania de
Deus e nosso lugar como pastores, discipuladores e
líderes.
Minha oração é para que Deus nos dê uma
compreensão mais ampliada da realidade quanto ao
discipulado e re-signifique a ação pastoral dos
milhares de anônimos que cuidam de pessoas.
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Introdução
A Bíblia oferece uma série de metáforas que
correspondem à missão e à natureza do trabalho
pastoral.
O Apóstolo Paulo relata uma seqüencia em II
Timóteo 2:3-6 que se inicia com a figura do soldado
como aquele que não se envolve com negócios da
vida civil.
Ele está empenhado em um combate que
demandará toda sua força e dedicação na defesa de
sua fé.
Um soldado que possui a armadura de Deus
que o capacita a enfrentar a luta contra principados e
potestades e assim combater o bom combate.
Em seguida Paulo apresenta a figura do atleta
que só alcança status de vencedor se observar as
regras do jogo.
Aquele que corre a maratona da vida que está
proposta na esperança de chegar ao céu.
E, finalmente a figura do lavrador que
trabalha arduamente e que não pode ser privado dos
primeiros frutos da colheita.
Aquele que semeia a boa semente do
Evangelho mesmo em meio ao sofrimento e que
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voltará trazendo consigo os resultados de seu
trabalho.
A primeira figura, a do soldado, está
relacionada à disciplina e à obediência.
A imagem do atleta está relacionada a
disposição, a saúde e vigor espiritual.
E esta última figura, a do agricultor, aponta
para a perseverança na sazonalidade e o êxito no
trabalho árduo.
Todas elas apresentam de maneira singela os
diferentes aspectos da diversidade na abordagem da
ação pastoral.
Há, contudo uma citação de Paulo aos
Tessalonicenses que empresta maior sensibilidade ao
tema.
A parte final de I Tessalonicenses 2:7 diz: “...
qual ama que acaricia seus próprios filhos.”
Figura que demonstra não só a pregação do
Evangelho entre os Tessalonicenses, mas isso feito
com afeição intensa do apóstolo, comparada a
afeição maternal.
No Antigo Testamento1 temos a história de
Mefibosete e sua ama, uma personagem discreta,
mas extraordinária, como tantas outras mulheres na
1 Cf. II Samuel 4:4.
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Bíblia. Que cumpriu sua missão com dignidade e
excelência.
Conseqüentemente, anos mais tarde,
podemos ver cumprir-se na vida de Mefibosete, o
resultado dos esforços daquela mulher.
O cuidado e a dedicação de sua ama com o
auxílio de Maquir o tornaram um homem de bem,
alguém que se assentaria e comeria na presença do
rei.
Ao abrir janelas na alma dessa mulher
gostaria de olhar dentro de nossa própria alma e
perceber que nossa tarefa como pastores e líderes
não é diferente.
Somos desafiados a cada dia a perseverar em
nossa missão e a apresentar ao Senhor Jesus aqueles
que nos são confiados ao cuidado.
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primeira janela que gostaria de abrir na
alma da ama de Mefibosete é a janela do
erro.
No ministério pastoral a possibilidade de
errar é real. Aquela mulher, ao ouvir as notícias que
chegavam preocupou-se bastante.
Eram notícias muito ruins. Saul e Jonatas
estavam mortos, além dos tios do menino Abinadabe
e Malquisua.
Em um só dia uma grande tragédia sobreveio
à casa real e uma decisão precisava ser tomada, pois
os Filisteus estavam às portas.
Mefibosete tem agora cinco anos e é uma
criança como qualquer outra de sua idade. Está
alheia aos acontecimentos ou pelo menos à real
dimensão do caos estabelecido em sua casa.
No afã de salvar o menino aquela mulher, já
ouvindo rumores de guerra às portas corre a buscar o
menino pela casa e o encontra em um dos
corredores.
Mas ao pegá-lo ela comete um erro de
cálculo e o menino lhe escapa das mãos cuidadosas.
Em uma fração de segundos a criança cai e
aqueles breves segundos pareciam uma eternidade
até que a criança conseguisse recuperar-se do susto.
A
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Puxando fundo o fôlego grita de dor em um choro
que faz estremecer a alma daquela mulher.
Em seu zelo por fazer o melhor, por proteger,
por dar um melhor destino aquele menino ela
comete um grave erro que o leva a tornar-se aleijado
de ambos os pés por toda sua vida.
___“A culpa foi minha!”
Luta ela em seus pensamentos, mas ainda precisava
prosseguir, precisava fugir daquele lugar para
preservar a vida do menino, o bem mais precioso
que lhe fora confiado.
Ela tinha agora como responsabilidade e
objetivo criá-lo para que, quem sabe, fosse ele um
homem importante algum dia.
___ ”Ele é filho do rei!”
Constata em seus mais íntimos pensamentos.
Aquela mulher errou tentando acertar.
E é bom começarmos essa reflexão pela
janela do erro porque muitos de nós erramos ou
vamos errar em nossa vida ministerial.
Porém nossos objetivos e propósitos dados
por Deus não podem ficar no chão, aleijados,
imobilizados e contorcendo-se de dor.
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Talvez aquela mulher passe o resto de sua
vida culpando-se pelo estado daquele menino.
Ele seria criado em uma sociedade
preconceituosa onde as deformidades físicas muitas
vezes eram interpretadas como sinal de maldição e
pecado.
Ele seria uma criança excluída de boa parte
da vida social. Quando as demais crianças o vissem
na rua zombariam dele,
___“lá vai o aleijado!”.
Carregaria um sinal visível da incompetência
de sua ama que, por sua vez, sofreria com o fardo da
culpa.
A culpa imobiliza e tira de nós a perspectiva
da soberania divina.
Superar o jogo da culpa talvez seja o
primeiro passo para aqueles que têm diante de si a
tarefa do cuidado pastoral.
É necessário, com a ajuda de Cristo, sair do
lugar de autocomiseração e culpa para se tornar apto
a cuidar de outros.
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A criança caiu e a causa pode ter sido a
ansiedade por salvá-lo. Às vezes no ministério
somos tomados por ansiedade e queremos dar
respostas a tudo.
Presumimos a competência de ter a palavra e
o conselho certos para todas as questões existenciais
da alma humana.
Nessa ansiedade por salvar Mefibosete dos
Filisteus ou de possíveis usurpadores do trono real,
nós o deixamos escapar das mãos e a queda pode
imobilizá-lo.
Nossa ansiedade por manter o rebanho limpo,
bem cuidado e protegido nos leva às vezes a cometer
erros tentando fazer a coisa certa.
São erros de cálculo quando tentamos
solucionar de uma só vez, em um só conselho, uma
questão existencial que levou anos para se
complicar.