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A AGROPECUÁRIA NO MUNICÍPIO DE AURORA: CARACTERIZAÇÃO E
CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO DO PIB – 1996 A 2009
José Ernesto de Fáveri1
UNIDAVI
Dinorá Baldo de Faveri2
UDESC
Treicy Anne Stahnke3
UNIDAVI
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo principal caracterizar a atividade agropecuária no município de
Aurora e qual a contribuição para a formação do Produto Interno Bruto municipal, contemplando-se o período
compreendido de 1996 a 2009. Para alcançar as metas foram resgatadas informações sobre a produção agrícola e
pecuária do município de Aurora e do estado de Santa Catarina. Também foram coletados dados sobre a geração
do Produto Interno Bruto do município. A pesquisa revela que no ano de 1970, 78,76% do PIB municipal era
proveniente da atividade agrícola e no ano de 2007, 48,38% do PIB do município decorrer da atividade
agropecuária. Destacando-se entre as principais atividades a cebola, o fumo, o milho e também a produção de
leite. Apesar da forte dependência do município em relação a atividade agrícola, no ano de 2002, 91,63% da
arrecadação do PIB municipal teve como origem as transferências correntes, enquanto que no mesmo ano a
atividade agropecuária representou 1,16% do total arrecadado. No ano de 2007, 88% da arrecadação veio das
transferências correntes, enquanto que 0,53% da arrecadação originou da atividade agrícola. A baixa
contribuição do setor agrícola deve-se ao baixo valor agregado na produção fazendo com que o município fique
dependente de recurso provindos dos governos estadual e federal.
Palavras- chave: Aurora, agropecuária, agricultura familiar, produto interno bruto.
1 Introdução
No início da colonização havia muita extração da madeira no município de Aurora e
região, que era utilizada na construção de casas e também era retirada para dar espaço para o
cultivo das plantações e criação de animais. A madeira excedente era vendida para as fábricas
de óleo de sassafrás. Foi identificada a presença de serrarias, olarias, fecularias, engenho de
açúcar, açougue, agricultura de subsistência, indústria de óleo de sassafrás. Com o fim da
extração do óleo de sassafrás e do ciclo da madeira, os habitantes começaram a intercalar a
atividade agrícola, a pecuária e a atividade extrativista como alternativa de sustento.
1 Professor e pesquisador do Grupo de Pesquisa em Economia Regional da Unidavi.
2 Professora do curso de Ciências Contábeis da Universidade do Estado de Santa Catarina.
3 Acadêmica do curso de Ciências Econômicas e Desenvolvimento Regional e bolsista da pesquisa.
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A necessidade de encontrar novos meios de sobrevivência originou características
econômicas conservadas até o presente. A economia do município desenvolveu-se baseada na
existência de pequenas propriedades rurais com atividade agropecuária familiar. Esse tipo de
atividade caracteriza-se pela utilização da mão-de-obra familiar, que além da atividade
agrícola, tem sua residência, e cuja maior parte da renda adquirida sendo ela de origem
agrícola ou não, são oriundas das atividades desenvolvidas no próprio estabelecimento,
independentemente de sua extensão de terra.
Dentre as atividades agrícolas desenvolvidas no município de Aurora pode-se destacar o
cultivo da cebola, do fumo e do milho e na exploração animal destaca-se a produção de leite.
Apesar do baixo valor de mercado os produtos agropecuários comercializados no município
respondem pela maior parte da geração do Produto Interno Bruto do município.
Sabendo-se da importância das atividades agropecuárias para a economia do município
o estudo compreende a identificação e avaliação das principais culturas agrícolas produzidas
no município e das atividades pecuárias de Aurora entre o período de 1996 a 2009.
A cebola, o milho, o fumo e o leite, fazem parte da economia do município de Aurora e
através da pesquisa pretende-se conhecer a parcela de importância que cada cultura produzida
tem para o local, e que essas informações possam contribuir para os índices de
desenvolvimento do município.
Tem-se como objetivo caracterizar a agropecuária do município de Aurora
determinando sua participação no contexto local e estadual com o intuito de analisar a sua
contribuição na geração de receitas para o município e na produção de riqueza para o local.
Neste contexto, pretende-se com o presente estudo ampliar o conhecimento a respeito
das principais características da agropecuária local e identificar quanto o setor agropecuário
contribui para a geração de receita do município de Aurora.
As informações derivadas da pesquisa estão dispostas em seis partes, onde esta primeira
contempla a introdução em seguida são apresentados os procedimentos metodológicos, na
terceira parte encontra-se a fundamentação teórica, na quarta parte a caracterização e a
agricultura no município de Aurora. Os resultados da pesquisas estão contidos na quinta parte
e na última parte são mostradas as conclusões do estudo.
2 Procedimentos metodológicos
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O presente estudo buscou informações sobre agricultura, desenvolvimento e agricultura
familiar em livros e artigos publicados. Demais dados e informações sobre as principais
culturas agrícolas do município de Aurora e dados econômicos foram extraídos de sites
governamentais como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPEA (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), Prefeitura Municipal de Aurora e na AMAVI (Associação
dos Municípios do Alto Vale do Itajaí).
3 Fundamentação teórica
3.1 Agricultura e desenvolvimento
Na história da agricultura nacional pode-se observar a existência de dois modelos de
diferentes de agricultura, a agricultura de subsistência e a plantation. O primeiro modelo era
administrado por pequenos agricultores, parceiros, meeiros, e arrendatários, que produziam
para sua subsistência, e seus excedentes eram comercializados no mercado interno como
moeda de troca. O segundo modelo caracterizou os ciclos econômicos do país, como o do
pau-brasil, depois da cana-de-açúcar, do algodão, do café e do cacau. A plantation foi
responsável pelo nascimento e o declínio de algumas regiões (ARBAGE, 2006).
Segundo Arbage (2006), de acordo com a necessidade do mercado internacional a
determinado produto de exportação, os trabalhadores escravos eram direcionados para a
produção em larga escala no intuito de atender a demanda, enquanto as necessidades do
mercado interno ficavam em segundo plano o que deixava a economia brasileira dependente
da dinâmica do mercado internacional. Os produtores não conseguiam acompanhar os
movimentos do mercado externo e no país não se conseguia consumir a grande produção. O
declínio dos complexos rurais ocorreu efetivamente com o fim do trabalho escravo, a
consolidação do complexo cafeeiro e a completa monetarização das atividades econômicas.
A crise de 1929 teve grande impacto na economia do mundo todo, deixando maiores
consequências nos países subdesenvolvidos, a restrição a exportação de commodities, a falta
de liquidez internacional deram ao Brasil oportunidade de iniciar o processo de
industrialização através de uma base industrial sólida. Este processo ficou conhecido como o
modelo de substituição de importações tendo como objetivo dar condições ao país de produzir
internamente os produtos que antes eram importados e foi concretizado efetivamente por volta
da década de 1960 (ARBAGE, 2006).
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Souza (1997) explica que no início do processo de desenvolvimento, a maior parte da
população estava localizada distante dos centros urbanos. Com o aumento do
desenvolvimento nacional, a população começou a mudar para onde a concentração de
pessoas era maior e atividades comerciais, bancárias, atendimento médico e atividades de
recreação, entre outras, passaram a ser executadas. No interior, continuou a produção de
alimentos, mas não deixou de ser a atividade mais importante.
A agricultura foi fundamental para o desenvolvimento econômico das principais regiões
do país, ajudando assim outros ramos da atividade local a se desenvolverem também. A
ligação que o setor agropecuário tem com os demais ramos de atividade deve-se a
interdependência dos setores, há maior ligação com a indústria, pois ela que faz a
transformação dos produtos agrícolas e também fornece recursos para melhorar o desempenho
do papel na agricultura.
A modernização da indústria beneficiou diretamente a agricultura com o melhoramento
dos implementos agrícolas, dos fertilizantes e também das pesquisas relacionadas ao setor
agropecuário (KROETZ, 2008). Mas, há quem defendia a ideia de que o setor agrícola era um
elemento passivo e dependia de estímulos vindos da indústria e do setor público. A falta de
ajuda para o setor agrícola e a defesa de maior investimento para o setor industrial causou o
chamado viés urbano, ocorrendo uma intensa migração das pessoas mais pobres da zona rural
para os centros urbanos, onde a concentração de investimentos era maior.
No modelo de impacto urbano-industrial de Souza (1997) se admite que, através do
desenvolvimento de grandes projetos nos centros urbanos é que são criados diversos
empregos diretos e indiretos. A consequência é o aumento da demanda por alimentos e
matérias-primas, fazendo com que os produtores do setor primário tenham mais oferta desses
produtos. Assim, o modelo defende a ideia de que é a agricultura que depende da expansão
dos centros urbanos para sua sobrevivência. Por outro lado, se um crescimento independente
ocorresse na agricultura, a mesma não traria nenhum efeito notável para o crescimento dos
centros urbanos-industriais. Nas décadas seguintes surgiram ideias de que era necessário um
equilíbrio entre os setores da agricultura e da indústria através do mercado, no sentido de
estimular a agricultura no processo de desenvolvimento econômico. A reação aos estímulos
externos feitos a agricultura, dependiam do meio em que estavam inseridos, dependendo
assim do nível tecnológico, das infra-estruturas de transporte, comercialização e comunicação.
Entretanto, Arbage (2006) argumenta que outra corrente de pensamento defendia que a
agricultura brasileira tinha altos custos dos fatores de produção, por isso as dificuldades
encontradas eram mais de caráter econômico do que de caráter estrutural. Para o autor haviam
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dois pontos de vista a cerca da economia rural, o primeiro apontava que a agricultura poderia
ser um impedimento ao processo de desenvolvimento econômico e o segundo é que a solução
para grande parte dos problemas no campo e nas cidades seria a rápida industrialização do
país.
Nota-se a partir das opiniões dos teóricos da economia rural que a agricultura não teve
seu devido valor e os investimentos cedidos ao setor agrícola eram cobrados e esperados em
forma de contribuições para a industrialização do país e não para o desenvolvimento do
mesmo.
Se o setor agrícola crescesse, os demais setores cresceriam de um modo induzido,
desenvolvendo assim, um papel ativo no desenvolvimento, ao contrário do modelo do
impacto urbano-industrial (SOUZA, 1997).
A interdependência dos setores faz com que o desenvolvimento de um provoque
crescimento em outros setores, um dos motivos é a grande participação da agricultura no
produto total e outro motivo é a grande ligação com o setor agrícola. O crescimento dos
demais setores por meio do efeito multiplicador faria com que a participação total da
agricultura caísse ao longo prazo. Com a mudança estrutural, é a agricultura que passa a ser
responsável pelo aumento na diferença entre produtividade agrícola e industrial. A
modernização industrial encontraria suas origens na contribuição da agricultura para o
desenvolvimento econômico e essa contribuição estaria sendo prejudicada devido a crise no
setor energético e também pelo aumento dos preços dos fertilizantes e o declínio de alguns
preços agrícolas (SOUZA, 1997).
Conforme (SOUZA, 1997 apud JOHNSTON e MELLOR, 1961), se o setor agrícola
desempenhar cinco funções básicas elevaria o crescimento do restante da economia: a) a
evasão de mão-de-obra do setor agrícola para a indústria faz com que os salários pagos não
fiquem muito altos para não diminuir a percentual de lucro e a acumulação de capital por
parte das empresas; b) fornecer alimentos e matérias-primas necessárias para o setor industrial
conforme o crescimento e desenvolvimento dos centros urbanos; c) depender das exportações
de produtos agrícolas para conseguir liberação de crédito no exterior e amortizar a dívida
externa; d) utilizar a poupança para investir na indústria e para a implantação da infra-
estrutura; e) construir mercados de bens industriais, complementando os mercados urbanos.
A afirmação de Arbage (2006) é que quando um país demora a ingressar no capitalismo
industrial, a agricultura passa a desempenhar um papel ativo no desenvolvimento dos
interesses industriais. Em decorrência a esta situação o setor agrícola passou a participar de
um processo de modernização que desencadeou vários problemas estruturais para o setor.
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A falta de alimentos no processo de industrialização e urbanização aumenta o custo de
vida e a taxa de salários, diminuindo o lucro das empresas e a acumulação de capital. O
incentivo ao consumo de alimentos industrializados beneficia o crescimento econômico e
aumenta o bem-estar social, consequências do aumento de emprego e renda. A crescente
busca do setor industrial pela constante manutenção imposta ao setor agrícola traz o
capitalismo para o campo, industrializando a agricultura. Como consequência, o aumento do
uso de fertilizante e equipamentos e máquinas agrícolas mais modernas. Nessas condições, a
entrada do capitalismo no campo, eleva os custos da produção e também diminui os lucros
(SOUZA, 1997).
Conforme Arbage (2006), no processo de industrialização da agricultura os problemas
estruturais não foram sanados em sua totalidade, apenas os produtores de commodities
poderiam ingressar no sistema oficial de crédito rural beneficiando apenas os produtores de
médio e grande porte.
Após os acontecimentos abre-se uma discussão na década de 1970 para identificar qual
o real papel desempenhado pela agricultura no desenvolvimento da economia nacional. A
discussão foi intensificada no início da década de 1990, não se preocupando somente com o
papel desempenhado pela agricultura em si, mas qual a real importância que a agricultura de
característica familiar ou de pequena escala tem representado para o setor primário e para a
própria economia em âmbito geral (ARBAGE, 2006).
3.2 Conceituação e características da agricultura familiar e pecuária
O conceito de agricultura familiar se iniciou por volta da década de 1990 no Brasil.
Elvin (2008) caracteriza a agricultura familiar com sua base alicerçada na composição da
produtividade agrícola baseada na utilização da mão-de-obra familiar, que além da atividade
agrícola, tem sua residência, e cuja maior parte da renda adquirida sendo ela de origem
agrícola ou não, são oriundas das atividades desenvolvidas no próprio estabelecimento,
independentemente de sua extensão de terra.
Ainda para Elvin (2006), a forma da agricultura familiar no Brasil mostra processos
diversificados tanto de cultura animal, como de vegetal, que se forem bem elaboradas, podem
trazem incontáveis benefícios sob o aspecto ambiental. Os agricultores familiares passam a
ser agentes de transição para a economia sustentável, enquanto são produtores de alimentos e
de outros produtos agrícolas, podem exercer a função de guardiões do meio ambiente,
ajudando na preservação das matas e das nascentes em seu estabelecimento agropecuário.
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Dessa forma a agricultura familiar passa a ser uma das melhores alternativas para a ocupação
do espaço rural, defendendo o cumprimento das exigências sociais, assim como a geração de
emprego e renda, e das exigências ambientais, como a conservação e defesa da
biodiversidade. O país atravessa uma triste etapa em que grande parte da população vive com
rendas abaixo da linha da pobreza. Com a agricultura familiar essa situação pode mudar, pois
desempenhará um papel essencial nas metas de segurança alimentar e nutricional.
Já Gonçalves e Souza (2005), citam a definição que consta no Estatuto da Terra de
propriedade familiar. O Estatuto da Terra, estabelecido pela lei n° 4.504 de 30 de novembro
de 1964, a definição de propriedade familiar é encontrada no artigo 4º, inciso II com a
seguinte redação: “propriedade familiar: o imóvel que, direta e pessoalmente explorado pelo
agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e
o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de
exploração, e eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros”.
Os autores Gonçalves e Souza (2005), citam também o enquadramento do PRONAF
(Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar) que é utilizado na obtenção de linha de
crédito rural e seguem com as seguintes condições: os interessados precisam ser proprietários,
posseiros, arrendatários, parceiros ou concessionários da reforma agrária; precisam morar na
propriedade ou em local próximo e deter, sob qualquer forma, no máximo 4 (quatro) módulos
fiscais de terra, definidos conforme legislação em vigor, ou no máximo 6 (seis) módulos
quando trata-se de pecuarista familiar; com 80% da renda bruta anual familiar originária da
exploração agropecuária ou não agropecuária do estabelecimento e mantenham até 2 (dois)
empregados, e sendo admitida a ajuda ocasional de parentes ou pessoas próximas.
Segundo Toscano (2005) a agricultura familiar representa cerca de 60% da produção
dos produtos consumidos pela população e aproximadamente 40% do valor bruto da produção
agropecuária nacional. Na década de 1990 o segmento obteve um crescimento de 3,8% ao ano
e o bom desempenho ocorreu em um período em que o setor passou por adversidades e sofreu
com a queda dos preços recebidos pelos produtos. Esses resultados positivos foram
alcançados mesmo que a agricultura familiar tenha um histórico de baixos incentivos e
liberação de crédito rural.
As medidas adotadas pelo Governo Federal vêm para aumentar a oferta de crédito rural
através do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), e fazer
com que cada vez mais famílias possam ter acesso a um financiamento e promover uma
melhor condição de vida no meio rural. Os incentivos atribuídos a agricultura familiar faz
com que as desigualdades da política de liberação de crédito rural se modifiquem. Ao
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fortalecer e estimular a agricultura familiar diminui-se a carência que existe espalhada por
todo país no meio rural. Com isto, considera-se viável a criação e execução de um projeto
nacional de crescimento sustentável, não apenas pelo grande potencial da agricultura familiar
pela sua capacidade econômica, mas também por sua dimensão sócio-cultural e ambiental. A
atuação da Assistência Técnica e da Extensão Rural deve ser ampliada. A pesquisa agrícola
passa a atender às necessidades dos agricultores e da atividade da agricultura familiar, bem
como se faz necessária a criação de um seguro agrícola que garanta a renda dos agricultores e
por fim o crédito rural do PRONAF deverá considerar de forma mais eficaz as questões do
desenvolvimento regional e territorial (TOSCANO, 2005).
Altafin (2006) explica que as diversidades das situações também se refletem nas
múltiplas funções que a agricultura familiar exerce na dinâmica econômico-social dos
territórios, que antes faziam parte da prática camponesa e que foram inibidas pelo modelo
produtivista. A agricultura familiar hoje exerce uma função que valoriza e garante a segurança
alimentar das demais famílias, uma das funções principais agricultura. Essa função ainda pode
ser entendida por duas dimensões, uma diz respeito a produção agrícola em si, que é a
capacidade de atender a demanda do mercado pelos alimentos, enquanto que a outra é a
capacidade de possibilitar o acesso a esses alimentos.
Segundo Teodoro (2004) no período de industrialização devido a grande pobreza que
existia no campo, as famílias saiam do meio rural para buscar de sustento nas cidades. As
indústrias não conseguiram absorver a população devido a dificuldade da falta de emprego.
Nas grandes propriedades rurais no campo, também havia escassez de empregos para absorver
a mão-de-obra rural. Nesse momento, o incentivo a agricultura familiar foi fundamental, e
tornou-se a forma mais eficaz de fortalecer a produção de gêneros alimentícios que fazem
parte da dieta básica da população e também para alavancar o desenvolvimento econômico.
Jean (1994 apud BROSE, 1999) refere-se ao produtor rural como sendo:
Um personagem híbrido, que acumula tríplice identidade composta por: proprietário
fundiário, empresário privado e trabalhador, portanto teria rendimentos tríplices na
economia de mercado: rendas fundiárias ligadas à posse do solo, lucro como
empresário privado e salário como trabalhador agrícola (BROSE, 1999. p. 35).
Se para sobreviver o produtor familiar teve que transferir a renda fundiária e o lucro à
economia e à sociedade, lhe restando apenas um salário para subsistir. Assim não é o
agricultor familiar que acumula três tipos de renda, mas é a sociedade como um todo que
acumula três tipos de ganho nas relações que ela mantém com a família protetora (JEAN,
1994 apud BROSE,1999).
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Segundo Brose, a agricultura familiar é definida pela FAO (Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação) a partir de três idéias centrais: 1) a administração
do estabelecimento agropecuário é realizada por pessoas que mantêm entre si um laço de
parentesco e casamento; 2) grande parte do trabalho é realizado por membros da família; 3) os
meios de produção, apesar de não ser necessariamente a terra, pertencem à família.
A base do desenvolvimento rural é formada fundamentalmente pela agricultura familiar,
embora as atividades produtivas tendam a crescer em termos de dimensão econômica e
territorial, elas continuam apoiando-se basicamente na mão-de-obra familiar.
Segundo estudo da FAO/INCRA 1994 e 1996, citado por Brose (1999, p. 37), explica
que enquanto a agricultura patronal tem a oferta de emprego menor, devido ao uso de maior
quantidade de tecnologias empregadas, a propriedade especializa-se em apenas um tipo de
cultura e padroniza as suas atividades, sendo a mão-de-obra assalariada.
A agricultura familiar tem como características um perfil essencialmente distributivo e
possui maior equidade sociocultural. No modelo familiar o trabalho e a gestão da propriedade
são feitos pelas mesmas pessoas, ou seja, é o proprietário da terra que toma as decisões a
respeito do processo produtivo. Nas propriedades existe a diversificação da produção, as
famílias moram nas propriedades e plantam para a sua alimentação e o excedente para a venda
ou troca por outros produtos. Alguns produtores familiares têm outro tipo de renda, mas serve
para a complementação do valor que ganham com as atividades agrícolas, sendo que a maior
parte de renda vem da agricultura.
As regiões, Nordeste, Norte e Sul detêm o maior número de estabelecimentos familiares
no interior de cada região, juntas somam o total que corresponde a 85% dos estabelecimentos
existentes no país. A região Sul possui o maior número de estabelecimentos familiares,
ocupando 36,5% das terras da região (BROSE, 1999).
A agricultura familiar pode ser dividida em três grupos com níveis de renda distintos: a)
familiar consolidada, integrada ao mercado: essa definição cabe para aquelas famílias que
dispõem de mecanismos de comercialização agrícola regulares, que garantem a reprodução da
força de trabalho; b) familiar de transição: nessa categoria os produtores estão inseridos no
mercado de forma fragilizada, e qualquer desequilíbrio na renda familiar leva ao abandono de
suas atividades. Esse desequilíbrio pode ser causado por diversos fatores, entre eles, uma
produção prejudicada por fatores climáticos ou pragas. Também pode ocorrer uma queda nos
preços praticados pelas empresas que recebem as mercadorias, muito abaixo das reais
necessidades, e não cobre as despesas do produtor familiar; c) familiar de subsistência ou
periférica, maior parte desse segmento é constituído por familiares sem-terra. Caracteriza-se
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pela concentração no autoconsumo e na venda da mão-de-obra de forma sazonal (BROSE,
1999).
Segundo Soares (2010), o conceito de agricultura e desenvolvimento rural sustentável,
no contexto de instituições como a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura
e Alimentação), “pode ser resumido como um desenvolvimento sustentável que conserva o
solo, a água, os recursos genéticos vegetais e animais, não degrada o meio ambiente, e é
tecnicamente apropriado, economicamente viável e sociamente acessível”. O conceito de
multifuncionalidade foi criado para expandir a abordagem dada ao conceito de agricultura e
desenvolvimento rural. E ocorreu da seguinte forma: ampliou-se a abrangência para incluir os
serviços prestados pela agricultura para a sociedade em geral; estabeleceu-se um limite para a
valorização das compensações mútuas e sinergias entre as diferentes funções da agricultura e
correspondente uso da terra; examinou-se as relações dinâmicas entre as zonas urbanas e
rurais em diferentes parâmetros; agrupou-se toda a gama mundial de situações, desde as
sociedades predominantes rurais, onde a produção primária de alimentos e outras mercadorias
é prioridade, até as nações altamente industrializadas, com uma pequena população rural e
importância da produção primária igualmente modesta.
Percebe-se, que o conceito de multifuncionalidade é um instrumento que serve para
analisar a importância dos sistemas agrícolas e suas relações com outros setores da economia.
Tendo em vista o desenvolvimento sustentável, respeitando os recursos animais e vegetais,
em harmonia com os demais fatores.
4 Caracterização e a agricultura no município de Aurora
No início da colonização havia muita extração da madeira, que era utilizada na
construção de casas e também era retirada para ceder espaço ao cultivo das plantações e
criação de animais, sendo que o excedente era vendido para as fábricas de óleo de sassafrás.
Foi identificada a presença de serrarias, olarias, fecularias, engenho de açúcar, açougue,
agricultura de subsistência, indústria de óleo de sassafrás.
Com o fim da extração do óleo de sassafrás, e também com o findar do ciclo da madeira
as pessoas começaram a intercalar as plantações e a atividade extrativista como alternativa de
sustento. Uma presença forte também foi identificada na criação de suínos.
O município de Aurora possui uma área territorial de 206.754 Km² e, segundo a
AMAVI (Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí), no ano de 2010 possuía uma
população de 5.552 habitantes. Destes, 1.931 habitantes vivem na zona urbana e 3.621
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habitantes na zona rural. O município está localizado na mesorregião do Vale do Itajaí,
microrregião de Rio do Sul, e pertencente à SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional)
de Ituporanga. Aurora limita-se ao norte com os municípios de Lontras e Rio do Sul; ao sul,
com Ituporanga; ao leste, com Presidente Nereu; e a oeste com Agronômica. A principal via
de escoamento da produção é a Rodovia SC-302, que corta o município de norte a sul, e liga
às BRs 470 e 282.
A fundação do município de Aurora esteve diretamente associada à exploração das
atividades agropecuárias. Estas atividades foram fundamentais para o crescimento do
município. Com o decorrer do tempo a cebola, o fumo e o milho foram as atividades agrícolas
que mais movimentaram e movimentam ainda hoje a economia local.
Além disso, a presença da pecuária foi muito importante para o sustento e sobrevivência
das famílias e consequentemente para o crescimento do município. Com o passar do tempo a
criação de animais passou de uma atividade de subsistência para uma atividade voltada para o
aumento da receita familiar.
5 Resultados da Pesquisa
A quantidade produzida, o valor da produção e a área colhida de cebola estão
demonstrados na Tabela 1. Foram usados dados sobre o estado para servir de comparativo
para a evolução do cultivo da cebola no município e dados do Censo Agropecuário de 1995 e
2006.
Tabela 1 – Quantidade produzida, valor da produção e área colhida de cebola
CEBOLA
Região Quantidade
produzida (Toneladas)
Valor da produção (Mil
Reais)
Área colhida
(Hectares)
1995 2006 1995 2006 1995 2006
Santa
Catarina 225.482,00 266.372,00 35.823,88 100.771,00 23.990,40 5.642.208,00
Aurora 18.759,00 28.503,00 3.051,41 9.587,00 1.842,47 493.244,00
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 1995 e 2006
Em 1995, a produção de cebola do município, obteve uma média de preço por
quilograma de R$ 0,16, para a produção de 18.759 toneladas, e rendimento total de R$
3.051.410,00 enquanto que no estado de Santa Catarina a quantidade produzida foi de
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225.482 toneladas, e o preço médio também foi de aproximadamente R$ 0,16 obtendo um
rendimento de R$ 35.823.880,00.
No ano de 2006, a quantidade produzida passou para 28.503 toneladas, um aumento de
51,94%. O preço médio por quilograma passou para aproximadamente R$ 0,34 com
rendimento de R$ 3.051.410,00. No estado o preço médio no mesmo período foi de R$ 0,38.
A área colhida do município também aumentou consideravelmente, de 1.842,47 hectares
colhidos em 1995, passou para 493.244 hectares colhidos em 2006.
A produção de fumo em folha está dentre as atividades agrícolas que mais se
desenvolveram no município. Na Tabela 2, é possível verificar a quantidade produzida, o
valor da produção e a área colhida no estado de Santa Catarina e na cidade de Aurora.
Tabela 2 - Quantidade produzida, valor da produção e área colhida de fumo
FUMO EM FOLHA SECA
Região Quantidade
produzida (Toneladas)
Valor da produção
(Mil Reais) Área colhida (Hectares)
1995 2006 1995 2006 1995 2006
Santa Catarina 63.310 288.613 312.969,87 828.998,00 101.519,86 14.296.931,00
Aurora 1.200 2.679 2.410,04 8.059,00 792,46 130.699,00
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 1995 e 2006
O fumo em folha seca obteve uma produção de 1.200 toneladas em uma área colhida de
792,46 hectares, no ano de 1995, e um rendimento de R$ 2.410.040,00. Em 2006 a produção
passou para 2.679 toneladas, um aumento de 123,25%, em uma área colhida de 130.699
hectares com um rendimento de R$ 8.059.000,00.
A quantidade produzida de fumo em folha no estado de Santa Catarina, para o ano de
1995 foi de 63.310 toneladas, em uma área colhida de 101.519,86 hectares, com um
rendimento anual de R$ 312.969.870,00. No ano de 2006 a produção estadual atingiu 288.613
toneladas que foram colhidas de uma área de 14.296.931 hectares, um aumento de 355,87%
na produção atingindo uma renda de R$ 828.998.000,00. Com esta análise podemos perceber
que o aumento proporcional da produção de fumo em outras regiões de Santa Catarina foi
maior que o aumento no município de Aurora.
Na Tabela 3, pode-se observar que a quantidade produzida de milho em grãos não teve
um desempenho muito elevado no município de Aurora, mesmo assim se atribui elevada
importância para o desenvolvimento local. A Tabela 3 também apresenta os dados a respeito
do valor da produção e da área colhida.
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Tabela 3 - Quantidade produzida, valor da produção e área colhida de milho
MILHO EM GRÃO
Região Quantidade
produzida (Toneladas) Valor da produção (Mil Reais) Área colhida (Hectares)
1995 2006 1995 2006 1995 2006
Santa
Catarina 2.305.140 3.344.236 312.052,38 838.804,00 754.966,31 67.305.008,00
Aurora 6.952 7.204 915,90 1.895,00 2.437,87 139.200,00
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995 e 2006
A quantidade produzida de milho em grão no ano de 1995 em Aurora foi de 6.952
toneladas em uma área colhida de 2.437,87 hectares com o valor da produção de R$
915.900,00. No ano de 2006 a quantidade produzida foi de 7.204 toneladas, um acréscimo de
3,62% na produção em uma área colhida de 139.200 hectares. A arrecadação no ano de 2006
foi de R$ 1.895.000, ou seja, um acréscimo de 106,90% em relação ao ano de 1995. Para o
estado de Santa Catarina obteve-se a quantidade produzida em 1995 de 2.305.140 toneladas
de milho em grão, em uma área colhida de 754.966,31 hectares e um valor arrecadado de R$
312.052.380,00. No ano de 2006 a quantidade produzida passou para 3.344.236 toneladas, um
aumento de 45,08% na quantidade produzida, em 67.305.008 hectares e com o valor da
produção de R$ 838.804.000,00. Com esta análise pode-se perceber que a produção de milho
em outras regiões de Santa Catarina foi proporcionalmente maior neste período em
comparação com o município de Aurora.
Dentre os produtos pesquisados, a quantidade produzida da cebola no período de 1995 e
2006 recebe maior destaque.
A Tabela 4 demonstra a produção de leite de vaca no ano de 2006, no estado de Santa
Catarina e no município de Aurora. Analisando a quantidade de leite de vaca produzida
(6.765.000 litros) em Aurora, pode-se notar que o município é responsável por 0,39% do total
produzido no estado. Nota-se pela Tabela 5 que no ano de 1995 esse porcentual era pouco
maior, cerca de 0,42%.
Tabela 4 - Quantidade produzida de leite (2006)
Região Quantidade (Mil Litros)
Santa Catarina 1.709.812
Aurora 6.765
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário
Enquanto que no estado o aumento de leite produzido foi de, 109,7%, em Aurora o
aumento foi de 99,44% no período de 1995 e 2006.
14
Tabela 5 - Quantidade produzida de leite (1995)
Região Quantidade (Mil Litros)
Santa Catarina 815.379
Aurora 3.392
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário
O efetivo dos rebanhos por tipo encontra-se na tabela 6, onde aparecem as principais
atividades pecuárias do estado de Santa Catarina e do município de Aurora. São registrados
os dados de 1995 e 2006 e a utilização das informações do estado servem de comparativo para
a evolução da atividade pecuária no município.
A criação de bovinos no município de Aurora sempre esteve presente na atividade
produtiva. Em 1996 o efetivo registrado de bovinos era de 6.320 cabeças, e no ano de 2006
esse número aumenta para 7.000 cabeças. O efetivo de bovinos no estado de Santa Catarina
no ano de 1995 era de 2.992.986 cabeças e no ano de 2006 chegou as 3.360.835 cabeças.
Tabela 6 – Tipos de rebanho
Região Tipo rebanho 1995 2006
Santa Catarina Bovino
2.992.986 3.460.835
Aurora 6.320 7.000
Santa Catarina Equino
152.153 119.599
Aurora 456 800
Santa Catarina Suíno
4.404.480 7.158.596
Aurora 7.944 5.930
Santa Catarina Galos, frangos(as)
e pintos
73.718.164 138.008.720
Aurora 52.000 35.000
Santa Catarina Galinhas
10.428.576 14.131.234
Aurora 20.800 13.000
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário
A suinocultura tem grande importância para o município, desde sua colonização esse
tipo de atividade movimenta a economia local. A criação de suínos está ligada a existência de
frigoríficos instalados no município e em cidades próximas. Na cidade existem quatro
produtores especializados em criação e venda de grande quantidade de suínos, e os demais
produtores criam os animais para consumo próprio e também venda em unidades.
No ano de 1995, o efetivo dos rebanhos era de 7.944 suínos e em 2006 teve um declínio
passando para 5.930, perfazendo uma queda de 25,35%.
No estado de Santa Catarina o efetivo era de 4.404.480 suínos no ano de 1995 e chegou
aos 7.158.596 suínos em 2006, um aumento de 62,53% no efetivo.
15
O número expressivo do efetivo de galos, frangos, pintos e galinhas não apresenta um
número significativo, comparando com a produção estadual, uma vez que em cada
propriedade agrícola existe uma pequena quantidade desse tipo de animal para sustento da
família e também uma parcela destinada a venda. No ano de 1995 a criação de frangos para
abate no município de Aurora era de 52.000 unidades enquanto que no ano de 2006, esse
número diminuiu para 35.000 unidades de frangos, uma queda significativa de 32,69% na
produção. Já a produção de galinhas passou de 20.800 no ano de 1995 para 13.000 no ano de
2006, também apresentando uma queda correspondente a 37,5%.
Com as informações na Tabela 7 pode-se observar o valor adicionado que cada setor
colabora para a formação do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Aurora. O período
utilizado de 1970 a 2008 é para melhor comparação entre a evolução do PIB de cada setor. A
apresentação da informação sobre o PIB do estado de Santa Catarina serve de comparativo.
No ano de 1970 a atividade agrícola era a base da economia local e o setor agropecuário
foi responsável por 78,76% da formação do PIB municipal. A existência de pequenas fábricas
de exploração madeireira na região, fecularias, olarias, açougues e engenhos de açúcar
representavam 7,53% do PIB, por outro lado o setor de serviços no mesmo ano foi
responsável por 13,71% do PIB.
Com o decorrer do tempo a agropecuária vem sofrendo uma diminuição do percentual
de contribuição para o Produto Interno Bruto do município de Aurora. No ano de 2007 o setor
da agroindústria foi responsável por apenas 48,38%, dando lugar ao setor de serviços que
passou a ser responsável no ano de 2007 por 31,01%. No mesmo ano a indústria foi
responsável por apenas 20,61% do PIB municipal, contrastando com o ano de 1996 que
apresentou 1,51% de contribuição para a formação do PIB de Aurora. Com a análise destes
dados pode-se verificar que por mais que os outros setores se desenvolvam o setor
agropecuário ainda continua sendo a base da economia local mesmo que o valor agregado aos
produtos sejam menores.
Tabela 7 – Evolução do PIB estadual total e municipal total e setorial (mil R$)
PIB
Ano Total PIB SC
PIB total
Município
Valor adicionado
agropecuária
Valor adicionado
indústria
Valor
adicionado serviços
R$ R$ R$ % R$ % R$ %
1970 8.294.722,00 9.153,00 7.209,24 78,76 689,39 7,53 1.254,75 13,71
1975 14.952.526,00 12.828,00 9.097,09 70,91 1.823,75 14,22 1.908,01 14,87
1980 25.270.493,00 20.493,00 15.193,89 74,14 1.636,82 7,99 3.662,39 17,87
16
1985 27.652.054,00 22.442,00 15.485,78 69,00 1.621,74 7,23 5.335,06 23,77
1996 37.711.798,00 21.345,00 15.123,40 70,85 321,89 1,51 5.900,01 27,64
2000 43.311.914,00 34.960,00 18.632,11 53,29 4.635,69 13,26 10.884,87 31,13
2005 53.763.622,00 36.134,00 18.067,81 50,00 5.424,79 15,01 11.489,91 31,80
2007 58.667.430,36 40.394,50 19.542,49 48,38 8.325,23 20,61 12.526,78 31,01
2008 63.815.395,60 45.003,70 23.061,25 51,24 8.424,86 18,72 13.517,59 30,04
Fonte – IPEADATA
Valor adicionado: quanto cada atividade contribui para a formação do PIB do país.
A Tabela 8 contempla as informações disponibilizadas pela exatoria da prefeitura
municipal de Aurora, sobre a quantidade e valor da produção de milho, cebola e fumo no
município e o valor correspondente de cada produção. Estes dados não fazem parte da
produção total do município, mas sim do número de pessoas que tiraram nota de produtor
agrícola e passaram as informações para a exatoria da prefeitura, lugar responsável pelo
processamento das informações. Há alguns anos em que as informações não foram
encontradas, por não existir nota do produtor agrícola ou pelo fato dos dados não serem
informados no sistema responsável pelo controle. O período contemplado é de 2002 a 2009.
Transformando a quantidade produzida de milho de saca de 60 quilogramas no ano de
2006 para toneladas chega-se ao valor de 675.301,80 quilos segundo informação da exatoria
do município de Aurora, enquanto que a quantidade produzida informada pelo Censo
Agropecuário também no ano de 2006 foi de 7.204.000 de quilos. O valor da produção
segundo o Censo Agropecuário ficou em R$ 1.895.000,00 e para a exatoria da prefeitura o
valor da produção foi de R$ 311.040,00. Isso acontece por que a quantidade produzida de
milho nem sempre é vendida, podendo ser utilizada para consumo próprio, alimento para
criação e venda sem nota fiscal.
Tabela 8 – Quantidade produzida de milho, cebola e fumo e valor correspondente
ANO
MILHO (saca 60 quilo) CEBOLA (quilo) FUMO (quilo)
Unidade/
Quant. Valor (mil R$)
Unidade/
Quant. Valor (mil R$)
Unidade/
Quant. Valor (mil R$)
2002 11.488,61 236,94 26.835.430,60 8.217,07 804.454,52 2.201,34
2003 24.388,15 445,36 25.272.326,50 8.316,65 1.162.295,30 4.317,24
2004 N.D. N.D. 31.407.653,00 11.444,03 2.429.300,78 9.732,82
2005 38.200,43 763,68 8.254.109,95 11.899,68 2.817.240,12 11.859,24
2006 11.255,03 311,04 17.426.236,60 11.674,58 2.575.417,00 9.553,59
2007 17.763,02 413,14 38.407.777,53 10.215,37 2.987.047,55 11.552,43
2008 29.932,00 829,70 5.285.043,00 9.891,51 2.485.761,23 12.523,74
2009 315.356,84 514,09 22.395.556,60 12.792,79 1.732.620,18 10.842,38
Fonte: Prefeitura de Aurora
*N.D. – Não Disponível
17
A quantidade produzida de cebola para o ano de 2006 segundo o Censo Agropecuário
foi de 28.503.000 quilos, enquanto que a quantidade produzida informada pela exatoria da
prefeitura para o ano de 2006 é de 17.426.236,60 quilos. O valor da produção segundo o
Censo foi de R$ 9.587.000,00 e o valor da produção segundo a exatoria fica em R$
11.674.580,00. A divergência de informações ocorre pelo fato de uma parte da produção
poder ser vendida em menor quantidade e sem nota do produtor, outra razão pode ser a perda
da cebola, por ser um produto perecível seu tempo para consumo é muito curto os produtores
deixam a cebola guardada a espera de melhores preços e acabam perdendo a produção.
Para o cultivo de fumo os valores ficam mais parecidos, segundo o Censo Agropecuário
do ano de 2006 a quantidade produzida de fumo foi de 2.679 toneladas, com um valor de R$
8.059.000,00, enquanto que na exatoria da prefeitura a quantidade produzida foi de 2.575
toneladas e um valor de R$ 9.553.590,00. Pode-se observar a proximidade dos valores, isso se
deve ao controle de compra de mercadoria, a diferença pode ser alguma quebra na produção.
As informações disponibilizadas pela prefeitura municipal de Aurora, sobre a
quantidade produzida de leite no município e o valor da produção estão dispostas na Tabela 9.
Estes dados não fazem parte da produção total do município, mas sim das pessoas que tiraram
nota de produtor agrícola e passaram as informações para a exatoria da prefeitura, que é o
lugar responsável pelo processamento das informações. Há alguns anos em que as
informações não foram encontradas, por não existir nota do produtor agrícola ou pelo fato dos
dados não serem informados no sistema responsável pelo controle. O período contemplado é
de 2002 a 2009.
Tabela 9 – Quantidade produzida de leite
Período Quantidade Leite (litros)
2002 N.D.
2003 N.D.
2004 334,000
2005 261.158,44
2006 3.138.459,55
2007 2.395.746,73
2008 2.203.657,23
2009 1.995.629,86
Fonte: Prefeitura de Aurora
*N.D. – Não Disponível
18
Comparando as informações fornecidas pelo Censo Agropecuário do ano de 2006 com
as informações da exatoria da prefeitura municipal de Aurora também do ano de 2006
podemos observar que a quantidade produzida de leite de vaca é de 6.765.000 litros (Censo) e
de 3.138.459,55 litros (Exatoria). Essa divergência de valores pode ser explicada pelo fato da
produção ser utilizada para consumo próprio e também vendida sem nota do produtor.
Na tabela 10 estão dispostos os principais grupos de receitas que foram arrecadadas pelo
município de Aurora no período de 2002 a 2007. Não tendo dados desagregados para antes do
ano de 2002.
A receita arrecadada no município composta pela receita tributária é o conjunto de
alguns tributos entre eles o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). No ano de 2002 a
receita tributária representou 4,34% e no ano de 2007 passou para 4,75%, ocorrendo, portanto
um aumento do valor repassado para o município em virtude do incremento da arrecadação do
IPTU.
Cerca de 0,43% da arrecadação total do município no ano de 2007 foi proveniente da
receita patrimonial, ou seja, receita de aluguel dos imóveis que pertencem ao município,
sendo esta uma receita muito variável. A receita agropecuária, base da economia do
município, contribuiu no ano de 2005 com R$ 76.871,35 (ano em que a arrecadação
representou 1,35% do total arrecadado) e no ano de 2007 a contribuição foi de R$ 39.814,17.
Neste ano a receita gerada foi de 0,53% do total arrecadado, ou seja, a menor do período
apreciado. A variação da contribuição dada pelo setor agropecuário deve-se a quantidade
produzida, preço de mercado e questões climáticas.
Tabela 10 - Receitas arrecadadas pelo município de Aurora
Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Receita Tributária 161.662,13 197.427,67 217.466,84 255.309,17 304.124,55 351.752,39
Receita Patrimonial 27.088,84 12.179,85 7.280,81 14.279,90 24.906,72 31.800,46
Receita Agropecuária 43.130,04 42.429,93 47.667,88 76.871,35 74.808,14 39.814,17
Receita de Serviços 1.815,48 662,67 73,50 901,61 - -
Transferências Correntes 3.415.503,02 3.535.561,72 4.060.093,01 5.161.216,92 5.444.029,53 6.515.602,35
Outras Receitas
Correntes 44.704,28 74.021,62 93.865,16 173.539,65 46.630,82 364.315,77
Operações de Crédito -
Empréstimos Tomados - - - - - 99.000,00
Alienação de Bens 33.543,62 9.502,00 10.000,00 - 40.281,00 -
Transferências de Capital - - - - - 1.848,89
TOTAL DA RECEITA 3.727.447,41 3.871.785,46 4.436.447,20 5.682.118,60 5.934.780,76 7.404.134,03
Fonte: Secretaria de Estado do Planejamento
19
As transferências correntes que são as contribuições recebidas de outras entidades sem
um fim específico, têm maior representatividade no total arrecadado pelo município. No ano
de 2002 cerca de 91,63% do total e no ano de 2007 passou para 88% do total de receitas
arrecadadas no ano. Apesar da economia do município de Aurora ser baseada na exploração
das atividades agropecuárias a maior obtenção de receitas vem dos repasses feitos pelos
governos estadual e federal.
5 Conclusão
Muitas dificuldades foram encontradas pelos colonizadores do município na busca de
melhor qualidade de vida para suas famílias. No período de colonização do município, a
principal atividade econômica era a extração de madeira, matéria-prima abundante na região
que era vendida para as fábricas de óleo de sassafrás. Identificou-se a cultivo de lavouras e
criação de animais para sustento das famílias. Com o fim do ciclo da madeira e também da
extração de óleo de sassafrás os habitantes começaram a intercalar essas atividades com a
atividade agropecuária como fonte de renda.
As lavouras temporárias ocupam no município a maior parte da área plantada com o
cultivo de cebola, fumo e milho. No ano de 1995, a produção de cebola no município de
Aurora obteve a média de preço de R$ 0,16, enquanto que no estado de Santa Catarina o
preço médio também foi de aproximadamente R$ 0,16. Para o ano de 2006 a produção de
cebola no município aumentou 51,94% com o preço médio de aproximadamente R$ 0,34 por
quilo. Conclui-se, portanto, tanto a produção quanto o preço aumentaram em relação ao
período analisado.
A produção de fumo em folha seca no município apresentou aumento na quantidade
produzida durante o período compreendido entre 1995 a 2006. No ano de 1995 foi de 1.200
toneladas produzidas para em 2006 chegar a 2.679 toneladas produzidas, um aumento de
123,25% com rendimento de R$ 8.059.000,00 no ano de 2006. Para os produtores o plantio de
fumo significa mais segurança e melhor rendimento através das empresas integradoras.
A quantidade produzida de milho em grão no ano de 1995, em Aurora foi de 6.952
toneladas, no ano de 2006 a quantidade produzida foi de 7.204 toneladas, um acréscimo de
3,62% na produção. Embora a produção de milho fique abaixo das outras atividades, ele serve
para consumo das famílias, para alimentar a criação e venda para terceiros em pequena
quantidade de sem nota. Entre as atividades agrícolas analisadas pode-se concluir que a
cultura que mais movimenta a economia local é a produção de cebola.
20
A atividade pecuária no município tem a presença muito forte, mas sem grande
importância econômica, pois a criação é utilizada para subsistência das famílias e venda em
pequena quantidade. A produção de leite é utilizada para o consumo e vendida in natura e
também para a produção de derivados.
No ano de 1970, o valor adicionado da agropecuária representava 78,76% da
arrecadação total do PIB municipal, enquanto que o valor de contribuição dos outros setores
somava 21,24%. Para o ano de 1996 o valor adicionado da agricultura caiu para 70,85%
deixando o setor de serviços responsável por 27,64% da arrecadação. No ano de 2007 a
agropecuária cai drasticamente na representatividade da formação do PIB, ficando com
48,38%, o setor de serviços com 31,01% e a indústria com 20,61%. Embora a economia local
tenha como base a atividade agrícola ele vem decaindo na representação do PIB e por carregar
pouco valor agregado na sua produção. Comparando as informações acessadas no IBGE com
as informações fornecidas pela exatoria da Prefeitura Municipal verificou-se a divergência das
informações. A venda sem nota e a perecividade dos produtos acaba prejudicando a
arrecadação do município.
Mesmo que o município de Aurora tenha como base a exploração da atividade
agropecuária e maior representatividade econômica, é a receita vinda das transferências
correntes que geram maior receita arrecadada pelo município. Enquanto que a receita
agropecuária contribuiu no ano de 2005 com 1,35% do total arrecadado pelo município, no
ano de 2007, essa contribuição cai para 0,53% do total. A variação da contribuição dada pelo
setor agropecuário deve-se a quantidade produzida, preço de mercado e questões climáticas.
As transferências correntes representaram no ano de 2002, 91,63% do total arrecadado e no
ano de 2007 passou para 88% do total de receitas arrecadadas no ano. Apesar da economia do
município de Aurora ser baseada na exploração das atividades agropecuárias a maior
obtenção de receitas vem dos repasses feitos pelos governos estadual e federal, ou seja, o
município não tem condições de se sustentar apenas com a sua produção.
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