a afetividade e o companheirismo na convivÊncia … · o processo ascendente de leitura alicerça...

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A AFETIVIDADE E O COMPANHEIRISMO NA CONVIVÊNCIA SOCIAL: UMA REFLEXÃO A PARTIR DA LEITURA Rosângela Lúcia Mantovani Resumo Neste projeto pretende-se promover a leitura de diferentes gêneros textuais, envolvendo a temática das relações interpessoais, discorrer sobre a importância dos valores na escola e suas implicações para a formação dos alunos. Para tanto, apresentar-se-á, em primeiro lugar, e brevemente, os estudos teóricos referentes às concepções de linguagem e suas três formas: expressão do pensamento, a linguagem como instrumento de comunicação e como forma de interação. Em seguida, serão relatadas informações referentes à concepção da leitura em seus modos ascendente e descendente. Na seqüência, são dadas informações sobre a formação do leitor, discorrendo que o bom leitor é aquele que é capaz de se utilizar do texto em benefício próprio, de se apropriar de informações para aumentar o conhecimento do mundo que o cerca. E, finalmente, a leitura como mediadora das relações interpessoais no processo ensino e aprendizagem, que relata a importância da leitura como elo que une professor e aluno no enriquecimento mútuo no processo educativo para vivenciar, identificar e incorporar os valores que permitirão seu bom entrosamento no exercício das ações de solidariedade pessoal e social. Palavras-chave; leitura – formação do leitor - relações interpessoais Abstract This project has for aim to promote the reading of different text types, involving the theme of interpersonal relationships, discuss the importance of values in school and their implications for the development of students. For this report to be first, and briefly, the theoretical concepts concerning language and its three form: expression of thought, language as a communication tool and as a means of interaction. Would then be reported information regarding the conception of reading in their ways up and down. Following are given information about the education of readers; discussing the good reader is one who is able to use the text for oneself, to appropriate information to increase awareness of the world around him. And finally, reading as a mediator of interpersonal relationship in the teaching and learning, which relates the importance of reading as a bond between teacher and student in the fertilization process for educational experience, identify and incorporate the values that will allow their good relationship in the exercise the actions of personal and social solidarity. Keywords; reading; the reader training: interpersonal relationships 1

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A AFETIVIDADE E O COMPANHEIRISMO NA CONVIVÊNCIA SOCIAL: UMA REFLEXÃO A PARTIR DA LEITURA

Rosângela Lúcia Mantovani

Resumo

Neste projeto pretende-se promover a leitura de diferentes gêneros textuais, envolvendo a temática das relações interpessoais, discorrer sobre a importância dos valores na escola e suas implicações para a formação dos alunos. Para tanto, apresentar-se-á, em primeiro lugar, e brevemente, os estudos teóricos referentes às concepções de linguagem e suas três formas: expressão do pensamento, a linguagem como instrumento de comunicação e como forma de interação. Em seguida, serão relatadas informações referentes à concepção da leitura em seus modos ascendente e descendente. Na seqüência, são dadas informações sobre a formação do leitor, discorrendo que o bom leitor é aquele que é capaz de se utilizar do texto em benefício próprio, de se apropriar de informações para aumentar o conhecimento do mundo que o cerca. E, finalmente, a leitura como mediadora das relações interpessoais no processo ensino e aprendizagem, que relata a importância da leitura como elo que une professor e aluno no enriquecimento mútuo no processo educativo para vivenciar, identificar e incorporar os valores que permitirão seu bom entrosamento no exercício das ações de solidariedade pessoal e social.

Palavras-chave; leitura – formação do leitor - relações interpessoais

Abstract

This project has for aim to promote the reading of different text types, involving the theme of interpersonal relationships, discuss the importance of values in school and their implications for the development of students. For this report to be first, and briefly, the theoretical concepts concerning language and its three form: expression of thought, language as a communication tool and as a means of interaction. Would then be reported information regarding the conception of reading in their ways up and down. Following are given information about the education of readers; discussing the good reader is one who is able to use the text for oneself, to appropriate information to increase awareness of the world around him. And finally, reading as a mediator of interpersonal relationship in the teaching and learning, which relates the importance of reading as a bond between teacher and student in the fertilization process for educational experience, identify and incorporate the values that will allow their good relationship in the exercise the actions of personal and social solidarity.

Keywords; reading; the reader training: interpersonal relationships

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Introdução

Problemas sociais – a desestrutura econômica, a falta de empregos, o

desinteresse quase que total por parte da juventude sem expectativa de futuro – têm

refletido e muito na estrutura familiar brasileira. O que era tradicionalmente passado

de geração em geração familiar, em nossa nova realidade, essa tarefa passou a ser

jogada como dever da escola.

E para que o educador possa ser um bom profissional e realizar essa nova

tarefa imposta a ele, necessita estar sempre bem informado e atualizado sobre os

novos estudos oriundos de sua profissão. Um bom professor, para aperfeiçoar a sua

atuação em sala de aula, tem grande necessidade de ler as novas literaturas que o

levem a um melhor desempenho. Com isso, ganha o aluno, por ter um educador

competente e atualizado, e ganha a sociedade, que será formada por cidadãos

críticos e sabedores de seus direitos e deveres.

Ao se interar sobre as novas leituras, o professor compreenderá que a leitura é

um processo interativo entre o texto e o leitor. Este leitor é perpassado por várias

ideologias incutidas no texto e que se juntam com suas próprias crenças e

conhecimentos. Esses conhecimentos se fundem com os saberes já existentes na

vida profissional do mestre, construindo, assim, um educador eficiente.

A eficiência individual do professor está centrada em estar sempre atualizado

sobre as novas literaturas e informações recentes sobre os mais variados temas e

também sobre o conteúdo específico de sua disciplina. Essa atualização pode ser

concebida através de fontes tecnológicas: via internet, televisão, rádio etc, ou pela

leitura: livros, jornais, revistas etc. Ao entrar em contato com essas novas

informações, o professor reterá para si o que há de melhor sobre o conhecimento do

mundo atual e passará a interagir neste mundo como ser pensante, atuante e

também como agente transformador.

Para agir como agente transformador e tentar mudar o que está falho no

ambiente no qual está inserido, o educador deve estar revestido de capacidades

intelectuais e também ter conduta embasada nos valores que poderão orientar o seu

aluno a uma possível mudança de comportamento.

É na escola que o indivíduo passa a ter contato com o outro e passa a

construir hábitos e valores que já deviam estar intrinsecamente retidos em sua

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personalidade. Não é culpa do educando essa falta de conhecimento e atitudes

louváveis e sim da desestrutura familiar que impera no meio social. Devido à

necessidade de sobrevivência, da incessável procura para ocupar um espaço na

sociedade dita civilizada, perdeu-se e muito os hábitos e valores simples de nossos

antepassados.

Os educandos, em sua maioria, vêm demonstrando falta de

companheirismo, respeito e uma grande tendência individualista, chegando a gostar

de ver um colega de classe em situações vexatórias. Uma das principais soluções

para este comportamento serão a aquisição e o desenvolvimento do hábito da leitura,

por meio da qual, cada aluno deverá assumir um novo modo de pensar e de agir

perante as pessoas que o rodeiam.

Partindo dessa premissa, este trabalho tem por meta despertar no educando o

valor de ser companheiro, demonstrar afetividade para com o colega e abrir seus

horizontes com a leitura prazerosa que resulta do tema proposto. Promovendo a

leitura de diferentes gêneros textuais, envolvendo a temática das relações

interpessoais, ele incutirá valores que mudarão seu comportamento e atitudes tanto

em sala como fora dela.

Ao despertar no aluno o gosto pela leitura, esse educando passará a refletir

sobre os conceitos apreendidos, colocará em prática o conhecimento adquirido

através de seus textos em outras áreas e relatos orais. Tomando a leitura como ponto

de referência, o aluno poderá se tornar um ser humano atencioso e respeitoso quanto

às qualidades e defeitos dos seres que o cerca.

1- Concepções de linguagem

Estudiosos do ensino da Língua Portuguesa, tais como, Perfeito (2005),

Travaglia (1976) apresentam três concepções de linguagem: a linguagem como

expressão do pensamento, como instrumento de comunicação e como forma de

interação.

A linguagem como expressão do pensamento remete à antiguidade, quando os

gregos criaram sua tradicional gramática. Segundo Perfeito (2005) “essa concepção

preconiza que a expressão é produzida no interior da mente dos indivíduos”

(PERFEITO, 2005, p.28). Ou seja, o ser humano é capaz de expor suas ideias

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através de linguagem articulada e organizada, que traduz o pensamento. No ensino

da Língua Portuguesa, ela se constitui no estudo das regras linguísticas tradicionais,

a chamada gramática normativa.

Assim sendo, o texto usado com a intenção de comunicação não depende

para quem fala, em que situação se fala, para que se fala (Travaglia,1976, p.22). Ele

é usado somente para realizações de exercícios estruturais da língua normativa. A

leitura, de acordo com Perfeito (2005): “continuava, basicamente, ensinada-aprendida

como um ato mecânico (a memorização e a combinação de letras e som)”

(PERFEITO, 2005, p.33). Não havia interação entre autor/leitor/texto, somente a

decodificação dos signos.

A segunda concepção aborda a linguagem como instrumento de comunicação.

De acordo com Perfeito (2005), “a língua é vista a-historicamente, como um código,

capaz de transmitir uma mensagem de um emissor a um receptor, isolada de sua

utilização” (PERFEITO, 2005, p.33). Este código, a língua, deve ser dominado pelos

falantes para que aconteça a comunicação. O uso do código é uma atividade social,

que envolve ao menos duas pessoas e é importante que seja utilizado de maneira

preestabelecida para efetivar a comunicação.

Ao se considerar a língua como forma de desempenho dissociada do seu

contexto sócio-histórico, a linguagem acaba afastando o homem do seu contexto

social, limitando-se somente ao funcionamento interno da língua (Travaglia, 1976,

p.22). Esse funcionamento ocorre da seguinte maneira: o falante tem uma

informação, para enviá-la ao outro usa um código através de um canal. O outro

recebe os sinais decodificados transformando-os em mensagem: é a decodificação.

No ensino da Língua Portuguesa, a concepção da linguagem como expressão

do pensamento, norteou-se pelo estruturalismo da língua, com atividade para

internalizar a norma culta, usando as atividades com modelos para serem seguidos

pelos alunos. A leitura, de acordo com Perfeito (2005):

[...] é vista como extração de sentidos do texto, mas sob diferente perspectiva: a do estruturalismo. O texto é considerado o portador de sentidos. E o indivíduo deve partir do específico para o geral, ao proceder a leitura (PERFEITO, 2005, p.39).

De acordo com esta visão não era necessário interagir com o sentido do texto,

fazer inferências sobre o conhecimento que se possuía sobre o assunto em questão

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nem fazer a integração leitor/autor, mas somente responder questões cujas respostas

estavam explícitas.

A concepção de linguagem como forma de interação recebe esta denominação

devido ao trabalho conjunto realizado entre os indivíduos, pois eles não só traduzem

e exprimem seus pensamentos, mas praticam ações, agem e atuam sobre o

interlocutor, promovendo assim, a integração humana numa interação comunicativa,

plena de sentidos no contexto sócio-histórico e ideológico.

Na concepção da linguagem como interação, a leitura atua como co-produtora

de sentidos. O leitor tem o mesmo valor do autor e do texto. Conforme Perfeito (2005)

“o texto é uma potencialidade significativa, mas necessita da mobilização do universo

de conhecimento do outro – o leitor – para ser atualizado” (PERFEITO, 2005, p.55).

O leitor, ao fazer a leitura de um texto, preenche a grande amplitude de significados

deste texto com informações de sua vivência, sua história social e afetividade.

O ensino da leitura, na concepção interativa, está centrado no aluno-leitor, é

ele que vai dialogar com o texto, vai preencher as lacunas ocorridas durante a leitura

e fará as possíveis interpretações usando seu conhecimento de mundo já existente.

2- Concepções de leitura

O processo da leitura, em suas origens, era individualista e reflexivo. Hoje,

com o aceleramento da tecnologia, a leitura passou a ser consumida rapidamente

devido ao grande número de textos que surgem e se tornam ultrapassados com uma

velocidade espantosa.

Tradicionalmente, a leitura era concebida de modo ascendente. De acordo

com Colomer e Camps (2002), nesse método o leitor decodifica as palavras ou sinais

gráficos, verbaliza-os murmurando, escuta a pronúncia, percebe o significado de

cada unidade e faz a união para somar a outros até chegar a um significado total.

Nesse processo, somente ocorria a decodificação do texto, acreditava-se que o texto

possuía significado completo, não precisando do leitor.

O processo ascendente de leitura alicerça os métodos de alfabetização que

começam por letras, sílabas para se chegar às palavras; também está presente em

atividades de consultas em dicionários de palavras desconhecidas do texto, como

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também em leitura em voz alta para observar a entonação e fluência adequada da

leitura.

Uma outra visão no processo de leitura é o modo descendente, que, segundo

Colomer e Camps (2002), parte do raciocínio do leitor ao texto. Consente ao leitor

solucionar os múltiplos sentidos e escolher entre as diversas interpretações das

informações lidas. As informações não estão claras, é necessário que o leitor recorra

a seu conhecimento e visão de mundo para interagir com o conteúdo sócio-histórico

presente na leitura, e assim, construir sua interpretação individual do assunto lido.

No ensino de leitura pelo processo descendente, a ação está centrada no

leitor, em sua forma de interpretar o conteúdo proposto pela leitura. É o educando

que fará suas descobertas através do texto, cabe ao professor aceitar suas

interpretações, pois elas são reflexos de como o aluno entendeu a informação. Para

Menegassi (2005) “a maneira mais adequada de trabalho com os alunos é o

ecletismo teórico” (MENEGASSI, 2005, p.39), professor e aluno aproveitarão o que

se tem de melhor nos métodos de leitura e farão a interação entre leitura e texto.

Para que o leitor possa interagir com o texto, deve dialogar com o mesmo,

perceber que dentro desse texto estão inseridas diversas vozes sociais que

expressam seus conhecimentos, fazendo com que consiga compreender todas as

informações propostas pelo texto.

De acordo com Freire (1989):

A memorização mecânica da descrição do elo não se constitui em conhecimento do objeto. Por isso, isso é que a leitura de um texto, tomado como pura descrição de um objeto é feita no sentido de memorizá-lo, nem é real leitura, nem dela portanto resulta o conhecimento do objeto que o texto fala” (FREIRE, 1989, p.12).

Ao tomar um texto para a leitura, não se deve ter por objetivo sua

memorização e sim lê-lo com intenção de percebê-lo como um todo, esmiuçar seus

sentidos e integrá-lo com todo o conhecimento já incorporado anteriormente. A

verdadeira leitura abrange todo o universo de conhecimentos, expande ideias, une

convicções. Por isso a leitura de um texto não deve ser tratada com um único motivo

de decodificar suas palavras e frases, e sim explorá-lo até a sua última significação.

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3- Formação de leitor

O leitor é um indivíduo que faz uso de diversos tipos de literaturas. De acordo

com Lima (2003), “um bom leitor não é aquele que lê muitas vezes o mesmo tipo de

texto, mas aquele que lê diversos tipos de textos com certa profundidade” (LIMA,

2003, p.111). Ele é capaz de utilizar textos para seu próprio benefício, de se apropriar

de informações para aumentar o conhecimento do mundo que o cerca.

Segundo Azevedo (2001), “a leitura exige esforço, e o que é chamado prazer

da leitura é uma construção que pressupõe treino, capacitação e acumulação”

(AZEVEDO, 2001, p.38). Para ser um bom leitor, tem que se dedicar à leitura, criar

hábitos que o levem a querer entrar em contato com o livro sempre que possível. O

professor que quer formar seus educandos como leitores, precisa gostar de ler,

precisa ler muito e envolver-se com o que lê.

De acordo com Azevedo:

Leitores são pessoas que sabem usufruir os diferentes tipos de livros, as diferentes “literaturas” – científicas, artísticas, didático-informativas, religiosas, técnicas, entre outras – existentes por aí. Conseguem, portanto, diferenciar uma obra literária e artística de um texto científico; ou uma obra filosófica de uma informativa. (AZEVEDO, 2001, p.38)

O bom leitor é aquele que interage com todos os tipos de literaturas que o

universo das letras oferece. Ele é capaz de discernir as diferenças de estéticas e de

temas de cada texto lido. Além disso, consegue trazer para seu benefício próprio o

que de melhor a literatura lhe oferece.

O ato da leitura acontece em dois momentos: com a informação visual

(informação proveniente do texto) e a informação não-visual (conjunto de

conhecimentos do leitor). Segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa

para a Educação Básica (2007), quando o indivíduo entra em contato com o texto ele,

automaticamente, segue as seguintes etapas de leitura:

MEMÓRIA: ao praticar o ato da leitura, o leitor é convocado a buscar em sua

memória todos os conhecimentos que já sabe sobre o assunto.

INTERSUBJETIVIDADE: o leitor interage não apenas com o texto, mas com as

vozes presentes no texto.

INTERPRETAÇÃO: é o resultado do ato da leitura, é a certeza de que o leitor

interagiu com as informações advindas do texto.

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FRUIÇÃO: é o prazer que permanece no leitor mesmo ao findar a leitura.

INTERTEXTUALIDADE: na ação de ler há o resgate do todas as referências

que o leitor tem em sua memória: palavras, sons, cores, imagens, vozes etc.

RETENÇÃO: é guardar na memória todas as informações relevantes para o

leitor.

Para Goodman (1987), “o que o leitor é capaz de compreender depende

daquilo que conhece e acredita a priori, ou seja, antes da leitura” (GOODMAN, 1987,

p.11-12). O mesmo texto pode ser lido por várias pessoas, mas cada uma vai ter

variações em sua compreensão, pois esta depende do conhecimento prévio que cada

um já traz consigo.

Segundo Azevedo (2001):

É importante deixar claro: para formar um leitor é imprescindível que entre a pessoa que lê e o texto se estabeleça uma espécie de comunhão baseada no prazer, na identificação, no interesse e na liberdade de interpretação. (AZEVEDO, 2001, p.39).

Ao acontecer a leitura, e para que ela se integre na vida do leitor, é preciso que

haja integração entre o leitor e o texto. Somente assim haverá a internalização da

informação, e possíveis interpretações que serão resgatadas para o entendimento de

futuras leituras.

Segundo Lajolo (1994), “a formação de um leitor exige familiaridade com

grande número de textos” (LAJOLO, 1994, p.108). Para que o indivíduo seja

caracterizado como leitor é necessário que ele tenha acesso a diversos tipos de

literaturas, que haja um ecletismo em seu repertório, para assim formar suas

opiniões, interagir com as diversas vozes sociais existentes e que vão se integrar aos

conhecimentos adquiridos através das diferentes leituras.

De acordo com Lima (2003), o leitor não só constrói significados por meio da

leitura, mas é construído por esses significados. Ao se apropriar das informações

contidas nas leituras, o leitor não só as compreende, mas também muda seu

comportamento através desta compreensão.

A leitura é importantíssima no currículo da escola: o aluno, para aprender a ser

capaz de exercer a cidadania, precisa ter em seu poder a linguagem literária, letrar-se

nela e tornar-se um usuário competente. A escola ao oportunizar a leitura para o

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educando formará um indivíduo capaz de atuar com competência e sabedoria na

sociedade em que vive.

De acordo com Lajolo (1994):

Numa sociedade como a nossa, em que a divisão de bens, de rendas e de lucros é tão desigual, não se estranha que desigualdade similar presidia também à distribuição de bens culturais, já que a participação em boa parte destes últimos é medida pela leitura, habilidade que não está ao alcance de todos, nem mesmo de todos aqueles que foram à escola. Mas ler é, no entanto essencial. (LAJOLO, 1994, p.106)

A diferença social em nosso meio é muito melhor observada dentro da sala de

aula. O desnível no âmbito da leitura é marcante entre os alunos. Os que têm uma

estrutura familiar melhor e uma renda relativamente boa, têm contato com o mundo

da literatura desde pequeno, seu aproveitamento e gosto pela leitura são superiores

àqueles cujos familiares não têm condições nem de comprar gibis. Quando os alunos

pobres entram em contato com a leitura, sua deficiência leva-o a ter receio da leitura

oral e passa a não querer ler, às vezes, nem para si mesmo.

É um quadro que precisa ser revertido, a leitura é muito importante e

necessária ao desenvolvimento pessoal e social do educando. Através do contato

com a leitura, o educando passará a formar opiniões próprias, poderá mudar suas

expectativas de vida tanto no seu meio familiar quanto no meio social em que vive.

A escola é que vai oportunizar ao aluno condições para que ele fique em

igualdade perante àquele que apresenta uma vida melhor estruturada, é ela é que vai

fornecer subsídios necessários para que o desnível literário deixe de existir. É

necessário que o educador oriente seu aluno de maneira que ele passe a gostar e se

interessar pela leitura, vê-la como forma de integração e mudança social.

4- A leitura como mediadora das relações interpessoais no processo ensino e aprendizagem

Todo ser humano, desde seu nascimento, gradativamente, assume

comportamentos perante a vida e estabelece relações sociais segundo os princípios

que regem a sociedade onde está inserido. Ao estabelecer contato com o mundo e

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com o outro, passa a construir sentidos, e estes sentidos tornar-se-ão bastante

amplos quanto mais houver interação com a leitura.

De acordo com Barros (2002),

[...] um dos grandes entraves na vivência dos seres humanos é o relacionamento com os outros e com o meio. Temos sido testemunhas e cúmplices da esmagadora individualidade, do culto do eu e do coroamento do ego (BARROS, 2002, p.4).

Esta individualidade é devido à vida corrida e o “cada um por si” que se vive no

mundo capitalista moderno. O ser humano sente necessidade de sobreviver em meio

a competição existente entre todos, ele se vê impelido a se tornar egoísta e calculista

para manter o que, supostamente, pensa ser o que é o melhor para si.

Partindo desse ponto de vista, cada educador tem uma maneira de se portar

diante de seus educandos, pois gestos, formas de falar e olhar, bons exemplos,

podem contribuir para o enriquecimento do processo de ensino e aprendizagem.

Segundo Costa (2008),

[...] o verdadeiro educador não pode contentar-se em ser apenas um conteudista, um transmissor de conhecimentos. Ele deve exercer uma influência positiva sobre os educandos e ser uma presença rica em significados (COSTA, 2008, p.33).

O professor é mais que um profissional transmissor de conhecimentos, ele é

também modelo para seus alunos através dos conceitos positivos em relação ao todo

que o cerca.

Segundo Bacha Filho (2005) “Se das coisas eu me apodero, com o outro eu

posso estabelecer um diálogo, no sentido mais profundo que essa palavra possa ter:

troca de experiências, enriquecimento mútuo por meio da comunicação” (BACHA

FILHO, 2005, p.37). É no diálogo entre professor/aluno que haverá uma melhor

interação para que possa ocorrer mudança de comportamento, a aquisição de

valores, a partilha do espaço comum de modo acolhedor.

Para criar um ambiente acolhedor, é preciso saber o que é a afetividade e por

que ela é necessária na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de

conviver com os outros e com o mundo. Segundo La Taille (2005), “é tarefa do

professor ser justo e generoso com sua turma” (LA TAILLE, 2005, p.52). O educador

precisa ser seguro e rigoroso no ato de disciplinar seus alunos, mas sem perder o

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carinho para com eles. Se o professor incentiva o educando a expor seus

sentimentos, logo vê alterações significativas no seu comportamento, pois ele verá na

figura do professor alguém em quem ele pode confiar.

A maneira de como o educador vê o aluno é primordial para que a

aprendizagem seja bem sucedida. Para Vinha (2005), “a afetividade é a motivação

para com o conhecimento” (VINHA, 2005, p.55). Se houver uma troca de afetividade

entre educador/educando, o ensino e o aprendizado terão sucesso garantido, pois o

aluno estará estimulado a ter boa assimilação e o professor saberá que atitudes

tomar para chegar a sua meta.

O processo educativo acontece com base no enriquecimento mútuo que surge

entre educando e educador quando existe o mesmo interesse. Esse interesse é o de

construir o mundo e construir o mundo em si mesmo. Esse processo educativo, de

acordo com Costa (2008):

Deve ser estruturado e organizado como uma alternativa válida e capaz de possibilitar ao educando condição para vivenciar, identificar e incorporar, através de ações concretas, os valores que lhe permitirão encontrar-se consigo mesmo e com os outros no exercício das ações de solidariedade pessoal e social (COSTA, 2008, p.33).

A partir do momento em que o aluno começa a conviver com os que estão a

sua volta, passa a fazer parte de um meio social, ele sente a necessidade de pôr em

prática valores recebidos. Com essa integração com os demais passa a transformar

hábitos e atitudes tornando-se um ser humano melhor e mais enriquecido.

Para que haja tal enriquecimento, precisa haver um elo entre os participantes,

e este elo é a leitura. Leitura escolhida, propositalmente, para haver discussões que

estimulem e promovam mudanças de comportamento, resgate de valores esquecidos

e que devem nortear o horizonte do educando, fazendo-o um ser que valoriza o outro,

respeita o diferente, preserva o ambiente em que vive e principalmente ama a si

mesmo.

5- Relato da experiência e discussão

Nas primeiras ações do projeto, foram realizadas leituras de textos que

focalizaram temas que levaram os alunos a fazer reflexões para entenderem um

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pouco sobre si mesmos. A leitura do livro “Se ligue” em você 2 foi feita pelo professor

em duas etapas e a cada tópico relevante eram feitos comentários sobre o assunto.

Durante a leitura, houve participação dos alunos e também interesse em interagir

com o professor expressando suas opiniões sobre os tópicos levantados.

A poesia “Pessoas são dons” foi lida pelos educandos silenciosamente e o

professor realizou sua leitura oralmente. No momento em que o professor fez as

questões previamente organizadas, houve por parte dos alunos participação

excelente para a discussão do tema proposto. Percebeu-se que os alunos se

envolveram em relação ao assunto e entenderam a proposta, pois, respondiam às

questões com argumentos contundentes e relacionados com o assunto.

Aproveitando a semana da Páscoa, um grupo de alunos voluntários leu a

poesia à frente dos demais alunos da escola em uma comemoração organizada pela

equipe pedagógica.

A segunda ação realizada foi o trabalho com a parábola “O filho pródigo”, para

trabalhar o tema perdão. Cada aluno recebeu uma cópia da parábola impressa e leu

o texto silenciosamente. Alguns quiseram ler oralmente, sendo assim, cada um leu

um excerto do texto.

Houve participação geral na discussão sobre o tema. Os educandos

expuseram suas opiniões e foram sinceros quanto às atitudes que tomariam em

relação ao filho pródigo. O educador ofereceu subsídios, e trouxe para a sua vivência

fatos reais, explicando que esses fatos podiam acontecer com qualquer ser humano,

até a eles mesmos.

O tema trabalhado na terceira ação foi a humildade. Para ilustrar este tema, foi

escolhida a fábula o “Gato vaidoso”, de Monteiro Lobato. Cada aluno recebeu a

fábula recortada em tiras (essa metodologia de trabalho foi escolhida para que os

alunos se concentrassem na leitura e observassem como seria a seqüência da

história e a montassem de maneira que houvesse sentido, trabalhando assim,

atenção e leitura ao mesmo tempo). Os educandos leram as tiras silenciosamente

para poderem ordenar a sequência do texto, após terem formado o texto em sua

ordem direta foi feita uma leitura coletiva do texto completo.

Depois de feita a leitura, o professor dirigiu à classe questões que levaram o

aluno a pensar sobre a importância de serem humildes com os colegas, levou-os a

discernir que, ser humilde não é ser “bobo”, mas um vencedor.

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Na quarta ação realizada pelo professor, foi trabalhado o tema solidariedade e

reconhecimento com a fábula “O leão e o ratinho”, de Douglas Tufano. O educador

apresentou para os alunos a fábula ilustrada em sequência, formando, assim, uma

espécie de desenho animado de televisão.

Enquanto o educador contava a fábula, ia expondo as ilustrações. Os alunos

mantiveram atenção total no decorrer da história e participaram motivados das

questões propostas pelo professor para explorar os valores que continham o texto

exposto.

Na ação cinco, foi contado o conto de Oscar Wilde “O gigante egoísta”. Para

esta atividade o professor utilizou materiais tecnológicos (CD player, tv multimídia e

slides). Após a exposição do conto houve arguições para discutir a temática sobre a

bondade.

Houve uma organização prévia para a realização da quinta ação proposta. O

professor representou a história através de slides para serem usados através da tv

multimídia, trouxe o CD player para tocar música de relaxamento ao fundo e, assim,

criar um clima de paz e harmonia na classe. Os alunos ficaram em silêncio, prestando

atenção à história e acompanhando o avançar dos slides conforme o professor ia

progredindo na exposição do conto oralmente.

Após o educador contar a história aos alunos, foram dirigidas questões

reflexivas para que eles expusessem suas opiniões sobre o tema escolhido para esta

ação, “o egoísmo”.

Todos os alunos perceberam a importância de se repartir o que se tem com o

outro. Que não é só dar o que é material, mas sim, dar de si mesmo a amizade,

afetividade, carinho e também ajudar o outro quando este tem dificuldade nos

conteúdos que estão estudando.

Na sexta ação, foram trabalhados, através do conto “Bingo”, de Pedro

Bandeira, os valores sobre companheirismo, amizade e respeito. O professor separou

o conto em treze partes e repartiu a classe em treze equipes. Cada equipe leu

silenciosamente o seu texto, depois que eles leram seus textos silenciosamente,

quiseram lê-los oralmente para os colegas, a grande maioria fez questão de ler uma

parte. Conforme a leitura das partes ia acontecendo, o educador ia ressaltando aos

alunos a mudança ocorrida no personagem, sua coragem e persistência em lutar por

seus ideais e a importância de se aceitar o outro como ele é.

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Cada equipe (treze ao todo) recebeu uma cartolina e, em casa, como tarefa,

fez a ilustração da parte do conto que lhe coube para a socialização das atividades

com os demais alunos da escola.

A sétima ação foi o englobamento de todas as temáticas estudas utilizando

para isso, os recursos tecnológicos da sala de aula.

Os educandos assistiram ao filme “O irmão urso”. Enquanto os alunos

assistiam ao DVD, o professor ia fazendo observações sobre as atitudes das

personagens para que eles pudessem acompanhar a mudança de comportamento e

o porquê de determinadas atitudes.

Numa aula posterior, o professor dividiu os alunos em duas turmas para que

houvesse um debate seguindo a temática da ação: companheirismo – solidariedade –

amizade. Este debate teve por base perguntas previamente elaboradas e que foram

lançadas aos alunos para serem defendidas ou contrariadas de acordo com a

proposta sugerida.

Durante a exibição do filme “Lucas”, o professor ia levantando pontos

relacionados aos temas trabalhados em outras ações e mostrando as atitudes

positivas que o personagem tomava e a mudança de comportamento que ocorria com

ela na convivência com os outros personagens, tão diferentes de si mesmo.

Os alunos se identificaram com o protagonista da história, Lucas, e

perceberam que todos nós temos a tendência em descontar nos mais fracos as

injustiças que sofremos, chegaram a conclusão de que devemos lutar pelos nossos

direitos e conquistar nosso lugar na sociedade em que estamos convivendo.

O projeto “A afetividade e o companheirismo na convivência social: uma

reflexão a partir da leitura” foi aplicado na quinta série “C”, no período matutino da

Escola Estadual Agostinho Stefanello – Ensino Fundamental, situada no município de

Alto Paraná, no Noroeste do Paraná.

A série em que foram realizadas as atividades de implementação era uma

turma heterogênea com alunos nas mais variadas faixas etárias, inclusive, alguns

alunos estão fazendo a quinta série novamente. O perfil da turma era muito

apropriado para ser feito as atividades propostas: alguns alunos eram bastante

agitados, outros mais pacatos e uma minoria bastante tímida. Devido a essa grande

diferença individualizada, o trabalho se tornou mais importante, pois uma clientela tão

diferente em atitudes e comportamentos teria que conviver harmoniosamente entre si

para que a aprendizagem fosse realizada. Eles mesmos descobriram a urgência de

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que seria necessário um bom convívio harmônico para que houvesse sucesso no

processo do ensino e aprendizagem.

Sentiu-se a necessidade de resgatar entre eles os valores propostos, trazer de

volta o respeito à individualidade, do companheiro, aceitar o colega como é, ouvir

opiniões e aceitá-las, ter paciência quanto às diferenças intelectuais de cada um,

respeitar o tempo e o espaço do colega de classe.

Os alunos compreenderam todas estas questões levantadas e foram muito

receptivos quanto à participação no decorrer do projeto, gostaram de realizar as

leituras e deram suas opiniões relacionadas quanto aos temas estudados. A

participação coletiva foi muito boa, todos sempre tinham como respostas para as

discussões opiniões positivas. Sempre que havia algum atrito entre eles era só

conversar e relembrar sobre os valores estudados que os ânimos se acalmavam e a

aula prosseguia de maneira harmoniosa.

Por ser uma turma heterogênea e crianças de diferentes idades e formação

individual, nada mais natural que houvesse choques de opiniões e arroubos de

adolescentes. Todas essas atitudes foram contornadas pelo professor e tiveram

pontos muito positivos, pois eles aprenderam que devem respeitar a opinião alheia e

aceitá-la, mesmo que não vá ao encontro com a sua.

Uma cópia deste trabalho foi entregue para a equipe pedagógica no começo

do ano letivo. A orientadora leu e aprovou, pois, ele está em consonância com a

concepção do projeto político pedagógico da escola e vem de encontro com os novos

conceitos de conteúdos, não somente ensinar conteúdos científicos, mas também,

sempre que possível, resgatar junto com eles a importância do respeito, afetividade e

o companheirismo.

Na ocasião do Conselho de Classe, o professor explicou para os demais

colegas presentes o projeto e sua importância para o momento vivido pela escola:

alunos indisciplinados, violência verbal e, às vezes, corporal. Deixando bem claro que

o estudo realizado e suas tarefas preparadas são apenas uma semente plantada, é

um projeto que deve continuar sempre, os assuntos abordados devem ser sempre

lembrados, pois, assim, no futuro, teremos cidadãos sabedores de seus direitos e

respeitosos com os direitos do outro.

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5- Considerações finais

O aluno é um ser social por natureza, e, para que ele tenha vínculo com os

indivíduos que o rodeia, é necessário que ele tenha um comportamento afetivo que

faça com que ele se relacione bem e que se sinta incluído no meio em que vive.

Para que haja comportamento afetivo e companheirismo entre os educandos é

necessária a interação comunicativa entre eles. Essa interação só é conseguida

quando o aluno realiza ações, age e atua juntamente com o interlocutor, promovendo,

assim, a integração humana numa interação comunicativa plena de sentidos no

contexto sócio-histórico e ideológico.

A leitura é de vital importância para que ocorra a interação entre os

educandos. É ela que vai criar o elo entre o conhecimento intrínseco que o aluno já

possui e as informações historicamente produzidas pela humanidade contidas nas

diversas formas de exposições desses saberes: livros, jornais, revistas, internet, CD-

ROM etc.

É muito importante que o professor desperte no aluno o gosto pela leitura, pois

a leitura abrange todo o universo de conhecimentos existentes na humanidade,

expande idéias e une convicções. É imprescindível que o professor dê exemplos aos

seus educandos no tocante a adquirir o hábito de ler. O aluno deve sentir no

educador o quanto é bom e prazeroso ler os diversos tipos de textos existentes, e

construirá a consciência de que um indivíduo leitor é capaz de atuar com

competência e sabedoria na sociedade em que convive.

Com a postura de um leitor assíduo, certamente o professor conseguirá que o

aluno passe a utilizar textos para benefício próprio, seja capaz de se apropriar de

informações para conhecer e interpretar o mundo no qual está inserido e que mude o

seu próprio comportamento e atitudes tanto dentro de sua sala de aula como fora

dela. Ter, também, sempre em mente, que a leitura não deve ser tratada como motivo

único de decodificação de frases e palavras e, sim, que o aluno ao ler um texto possa

explorá-lo até a sua última significação.

O aluno-leitor descobrirá por si mesmo que as informações contidas no texto

não estão claras, expostas facilmente, é necessário que ele tenha sempre em mente

que é necessário que ele recorra ao seu conhecimento de mundo para interagir com

o conteúdo sócio-histórico presente dentro do contexto da leitura, a partir daí, ele vai

construir sua interpretação individual sobre o assunto lido.

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Para que este projeto tivesse resultados positivos quanto a uma possível

mudança de comportamento e resgate de valores que estivessem adormecidos no

interior dos educandos, o educador propiciou um ambiente em que imperasse o

diálogo entre professor/aluno, pois esta estratégia possibilitou à mudança de

comportamento, a aquisição de valores, a partilha do espaço comum de modo

acolhedor.

O aluno passou a se conscientizar de que o professor é mais do que um mero

transmissor de conhecimentos, que ele pode ver o educador como um orientador,

pois, através dos conceitos positivos que este professor demonstra no ambiente que

estão inseridos ele poderá ter parâmetros para construir o seu próprio

comportamento e atitudes em relação a sua vida futura.

Este ambiente acolhedor somente foi possível de acontecer devido ao bom

relacionamento entre educador/alunos formado basicamente com afetividade oriunda

de ambas as partes. O diálogo sempre foi ponto relevante para qualquer decisão

tomada entre todos. Sempre levando em conta o objetivo do projeto: a afetividade e o

companheirismo entre os estudantes tendo como base a reflexão a partir da leitura.

Outro ponto importante para que ocorresse de fato o sucesso do projeto foi o

professor ter em mente que seria o aluno quem faria suas próprias descobertas a

partir de sua leitura sobre o texto e que caberia ao professor aceitar as possíveis

interpretações e reflexões de como o educando entendeu o texto.

Um outro fator bastante relevante foi o despertar no aluno a consciência de

que, quando ele se apropriar das informações contidas na leitura dos vários gêneros

textuais, o leitor não só passa a compreender o sentido existente no texto, mas

também muda de comportamento através da compreensão. Pois o educando passa a

estabelecer contato com o mundo real e o mundo empírico, conseguindo assim

construir sentidos amplos que serão mais abrangentes quanto mais interação houver

com a leitura da diferentes formas de textos existentes.

Os textos escolhidos para serem trabalhados a fim de despertar nos

educandos a retomada de valores como o perdão, a solidariedade, a bondade, o

companheirismo foram aqueles que estavam de acordo com a idade e a série

proposta. Nesta coletânea foram lidas fábulas, parábolas, contos, poesias e um livro

informativo com o intuito de fazer o aluno refletir sobre si mesmo e suas atitudes junto

aos demais.

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As metodologias usadas para realizar as atividades foram as mais prazerosas

– leitura oral, leitura silenciosa, a contação de história, a montagem da história,

exibição de DVDs. Estas metodologias conseguiram despertar o interesse nos

alunos, pois eles participaram, leram seus textos silenciosamente e oralmente,

fizeram leituras coletivas e individuais, participaram de discussões sobre os temas

sugeridos pelo professor após a apresentação do texto estudado. Ouviram as

histórias contadas pelo educador e assistiram e participaram do debate promovido

pelo professor após as exibições dos filmes escolhidos para o projeto.

Os valores escolhidos para serem trabalhados foram os que mais são

necessários para que haja um ambiente agradável e acolhedor no dia a dia em uma

sala de aula. A leitura também foi escolhida propositalmente com o intuito de

promover discussões que estimulassem e promovessem mudanças de

comportamento, que resgatassem valores esquecidos e que norteassem o horizonte

do aluno, fazendo-o um ser que valoriza o outro, respeita o diferente, preserva o

ambiente em que vive e principalmente passe amar a si mesmo.

Esse é um projeto que não deve parar ou ser esquecido, ele deve estar

sempre presente, em andamento na vida diária do aluno. Não há como dar por

encerrado o resgate dos valores no cotidiano escolar, é um aprendizado contínuo e

significativo para toda a vida. É um tema que sempre deve ser lembrado e resgatado

e sempre ser posto em prática.

Esta prática deve acontecer porque a afetividade e o companheirismo são

elementos primordiais para a boa convivência social em qualquer idade ou ambiente,

seja ele escolar ou fora dele.

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