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A ACÇÃO ESPECIAL DE PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS MINISTÉRIO DA JUSTIÇA CENTRO DE FORMAÇÃO JURÍDICA João Alves Procurador-Formador Abril de 2012

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A ACÇÃO ESPECIAL

DE

PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

CENTRO DE FORMAÇÃO JURÍDICA

João Alves Procurador-Formador

Abril de 2012

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ÍNDICE

Fls

A- Introdução ......................................................................................... ..............1

1- Legislação ................................................................................................ 4

2- A legitimidade do Ministério Público .......................................................... 4

3- Definições ................................................................................................. 5

4- A medida de alimentos .............................................................................. 5

5- Desde quando são devidos ....................................................................... 7

6- Forma de os prestar .................................................................................. 8

7- Menores com direito a alimentos e pessoas obrigadas a prestar .............. 8

8- Legitimidade para o pedido de alimentos .................................................. 9

9- Tribunal competente ............................................................................... 10

10- Processo aplicável ................................................................................ 10

11- Fim da prestação alimentar ................................................................... 12

12- Alteração da prestação alimentar .......................................................... 12

13- Meios de tornar efectiva a prestação de alimentos ............................... 13

B- Peças processuais ........................................................................... .............14

1- Petição inicial. Acção especial de alimentos ........................................... 14

2- Petição inicial. Alteração de alimentos ..................................................... 16

3- Acção executiva de alimentos ................................................................. 18

4- Acusação por violação da obrigação de alimentos ................................. 20

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A- INTRODUÇÃO.

«Porque como os Pais lhes derão o ser, e a vida; dicta a razão natural,

que sejão obrigados a conservarem-lha, contribuindo-lhes primeiro que todos

com os alimentos necessários para este fim».1

Os menores de 17 anos estão sujeitos ao poder paternal (arts. 118º,

1757º e 1758º do C. Civil).

O poder paternal consiste num conjunto de poderes-deveres,

funcionalmente afectados à prossecução do bem-estar moral e material do filho

(arts. 1758º e 1759º do C. Civil).

O poder paternal não é um direito subjectivo, é antes uma situação

jurídica complexa em que avultam poderes funcionais e alguns direitos, mas ao

lado de puros e simples deveres.

Constituindo nítido exemplo de direito pessoal familiar, trata-se de um

poder dever, um poder funcional, nos termos do qual incumbe, a cada um dos

pais, no interesse exclusivo do filho, guardar a sua pessoa, manter com ele

relações pessoais, assegurar a sua educação, sustento, representação legal e

a administração dos seus bens (arts. 1758º, 1759º, 1760º, 1761º, 1782º, nº 1,

1786º e 1871º do C. Civil).

Portanto, o poder paternal não é um conjunto de faculdades de conteúdo

egoísta e de exercício livre, mas de faculdades de carácter altruísta, que

devem ser exercidas primariamente no interesse do menor e não dos pais.

O menor não é, porém, apenas um sujeito protegido pelo direito, é ele

próprio, titular de direitos reconhecidos juridicamente (art. 18º da Constituição).

A criança tem, desde logo, um direito à protecção da sociedade e do

Estado (artº 18º, nº 1 da Constituição). Trata-se, nitidamente, de um direito

social, que impõe, seja ao Estado seja á sociedade, deveres de prestação e de

actividade e que supõe, por definição, um direito negativo da criança a não ser

abandonada, discriminada ou oprimida.

1 Silva, Antonio Delgado da, Collecção da Legislação Portuguesa desde a ultima compilação

das Ordenações - 1763 a 1774, Lisboa, 1829, pág. 593, acedido em: books.google.com

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Esse direito tem por fundamento final o desenvolvimento integral da

criança, noção cuja matriz constitucional deve ser aproximada da noção de

desenvolvimento da personalidade, que assenta em dois pressupostos: a

garantia da dignidade da pessoa humana, elemento estático mas fundamental

que constitui o alicerce do direito ao desenvolvimento; a consideração da

criança como pessoa em formação, elemento dinâmico, cujo desenvolvimento

exige o aproveitamento de todas as suas virtualidades (art. 18º da

Constituição).

A criança apresenta um conjunto de necessidades cuja satisfação é

necessária ao seu bem-estar psicológico e cuja não realização compromete o

seu desenvolvimento posterior e o seu ajustamento social. Entre essas

necessidades avultam, entre outras, os cuidados físicos e de protecção, afecto

e aprovação estimulação e ensino, disciplina e controlo consistente e

desenvolvidamente apropriados, oportunidade e encorajamento da

autonomização gradual.

O conceito de necessidades e o imperativo da sua satisfação cria as

condições para o reconhecimento do direito que assiste à criança de as ver

realizadas.

A criança conquistou já um incontornável estatuto de cidadania social,

tendo deixado de ser vista como mero sujeito passivo e objecto da decisão de

outrem, o seu representante legal, sem qualquer capacidade para influenciar a

condução da sua vida e passou a ser vista como verdadeiro sujeito de direitos,

ou seja, como sujeito dotado de progressiva autonomia no exercício dos seus

direitos em função da sua idade, maturidade e desenvolvimento das suas

capacidades. Por isso, falar no interesse do menor equivale hoje a falar de

direitos do menor (art. 18º da Constituição e art. 1787º do C. Civil).

Esses direitos, sem prejuízo daqueles que devem reconhecer-se aos

pais, que exercem poderes funcionais para desempenharem deveres no

interesse do filho, reclamam que a função parental, seja qual for a vertente

considerada, se coloque ao serviço do desenvolvimento, são e harmonioso da

personalidade da criança, seu bem-estar moral e material e da regular

evolução do seu processo de socialização.

O desenvolvimento pleno da criança implica, na verdade, o

reconhecimento e a realização de direitos sociais, culturais, económicos e civis.

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O exercício dos direitos que a criança titula reclama responsabilidade

parental, ou seja, que os pais assumam os seus deveres para com o filho.

A Constituição não reconhece direitos apenas à criança, reconhece-os

também aos pais.

Este direito constitui dimensão da garantia constitucional da protecção

da família, que significa desde logo, e em primeiro lugar, a protecção da

unidade da família, ideia cuja manifestação mais relevante é o direito à

convivência ou seja, o direito dos seus membros de viverem juntos ou, pelo

menos, de manterem contactos pessoais entre si, direito que comporta uma

dimensão negativa, como o direito de não serem impedidos de se juntarem ou,

ao menos, de se contactarem, e que exige a realização das condições que

permitam essa convivência (art. 39º, nº 1 e 2 da Constituição).

Por último, os pais gozam, enquanto tais, nas suas relações com os

filhos, também do direito fundamental à protecção, i.e., ao auxílio da sociedade

e do Estado no desempenho da tarefa de educar os filhos (art. 39º, nº 1 da

Constituição). Este direito tem, naturalmente, como pressuposto, o direito de

cuidar dos filhos, considerando-se, logo no plano constitucional, insubstituível a

acção paterna e materna de criação e educação dos filhos.

Todavia, o poder paternal não se projecta apenas no plano pessoal,

releva simultaneamente na esfera patrimonial. No tocante ao poder paternal

patrimonial uma situação jurídica destaca-se, o dever de alimentos.

O «interesse protegido pela lei com a imposição da obrigação de

alimentos é o interesse pela vida de quem deles carece, que é um interesse

individual tutelado por motivos humanitários».2

No conceito de alimentos compreendem-se todas as prestações, seja

qual for a sua periodicidade e o seu montante, que uma pessoa tenha de

efectuar a outra, com vista a proporcionar-lhe os meios que ela necessita para

viver, sem que tais prestações tirem a sua causa duma contraprestação que a

segunda tenha de efectuar à primeira ou de danos que haja sofrido por acção

que a esta seja imputável.

De harmonia com este conceito constituem, sem dúvida, obrigações

alimentares os deveres dos pais de prover ao sustento e educação dos filhos.

2 Moitinho de Almeida, Scientia Jurídica, XVI, 84º-85º, pág. 270 a 297.

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Trata-se, pois, de uma obrigação não autónoma que se constitui na

dependência ou decorrência de outra relação jurídica. Estruturalmente, o dever

de sustentar o filho menor é uma obrigação, assumindo o filho a posição de

credor e os pais a de devedor.

A sua origem e o seu fundamento radicam na situação ou relação

jurídica de filiação. A obrigação de alimentos surge como uma manifestação de

solidariedade que deve existir entre os membros da família, seja qual for a

forma como esta se mostre organizada, com vista a assegurar a segurança

económica, individual e colectiva.

1. Legislação.

- Código Civil (arts. 1757º a 1852º - Poder paternal).

- Código Civil (arts. 1871º a 1887º - Alimentos).

- Código de Processo Civil (arts. 831º a 837º - Acção especial de

alimentos).

- Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, de

20/11/1989, ratificada para adesão pela Resolução nº 16/2003, de

30/07, do Parlamento Timorense. Mais tarde, em 17/9/2003, pelas suas

resoluções 17 e 18, o Parlamento ratificou os seus dois protocolos

adicionais.

- Convenção de Nova Iorque sobre a Cobrança de Alimentos no

Estrangeiro, de 20/6/1956 (ainda não ratificada por Timor-Leste).

- Convenção de Haia sobre a Cobrança Internacional de Alimentos em

Benefício dos Filhos e outros Membros da Família, de 23/11/2007 (ainda

não ratificada por Timor-Leste).

2. A legitimidade do Ministério Público.

A intervenção em Tribunal do Ministério Público em matéria de alimentos

apenas acontece em acções em representação de menores e incapazes (art.

22º, nº 1 do Código de Processo Civil e arts. 3º, nº 1, al. b) e 5º, nº 1 da Lei

14/2005).

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3. Definições.

- Alimentos: em geral, entende-se por alimentos tudo o que é

indispensável ao sustento, habitação, vestuário do menor e à sua instrução e

educação3 (art. 1871º, nº 1 e 2 do C. Civil).

- Alimentando/alimentado: aquele que recebe os alimentos.

- Alimentante: aquele que entrega os alimentos.

4. A medida de alimentos.

Na determinação das necessidades do menor, deverá atender-se ao seu

padrão de vida, ao ambiente familiar, social, cultural e económica a que está

habituado e que seja justificável pelas possibilidades de quem está obrigado a

prestar os alimentos.

As necessidades do menor estão condicionadas por variados factores,

nomeadamente a sua idade, a sua saúde, as necessidades educacionais, o

nível socioeconómico dos pais. A prestação dos alimentos não se mede pelas

estritas necessidades vitais do menor (alimentação, vestuário, calçado,

habitação), antes visa assegurar-lhe um nível de vida económico-social idêntico

ao dos pais, mesmo que estes já se encontrem divorciados/separados,

devendo, neste caso, atender-se ao nível de vida que os progenitores

3 Estabelece o art. 1760º do C. Civil que, «Se no momento em que atingir a maioridade ou for emancipado o filho não houver completado a sua formação profissional, mantém-se a obrigação a que se refere o número anterior na medida em que seja razoável exigir aos pais o seu cumprimento e pelo tempo normalmente requerido para que aquela formação se complete». A estatuição de que a obrigação de alimentos se manterá após a maioridade, sugere uma ideia de continuidade, apontando no sentido da não cessação da prestação. O simples advento da maioridade não traz qualquer alteração às necessidades do alimentando, ou às possibilidades de o mesmo prover à sua subsistência, é cada vez mais comum o completamento da formação profissional ocorrer depois de se atingir a maioridade. Ou seja, havendo alimentos fixados no período da menoridade, e porque a maioridade não altera as necessidades de alimentos, a obrigação fixada deveria manter-se enquanto a sua alteração, ou cessação, não fosse objecto de apreciação no âmbito de um incidente a processar por apenso. Incidente, onde, designadamente, deveria ser discutida a verificação dos pressupostos do direito a alimentos enunciados no referido art. 1760º do C. Civil, considerando-se a tramitação incidental adequada a suportar essa discussão, que, no caso, apenas estaria limitada à verificação de que o alimentando ainda não completou, sem culpa relevante, a sua formação profissional, uma vez que nada mais foi invocado.

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desfrutavam na sociedade conjugal, na constância do casamento, ou não

unidos pelo matrimónio, e uma vez dissolvida a união de facto, deve o menor

ser mantido o modo de vida de que desfrutava antes da ruptura dos

progenitores, visto que, parece claro dever os pais propiciar aos seus filhos

condições de conforto e um nível de vida idêntico aos seus.4

O nível de vida dos pais é, assim, um importante critério de

determinação das necessidades da criança.

As necessidades do menor devem ser apreciadas de forma actualista,

ou seja, tendo em conta o momento do cumprimento da prestação alimentar.

Deve atender-se, em cada momento, para a fixação do montante da

obrigação alimentar, não apenas ao custo médio normal e geral da

subsistência, mas igualmente às circunstâncias especiais da pessoa a

alimentar, como a idade, estado de saúde, sexo, situação social, etc.

Importa considerar a 2ª parte do art. 1872º do C. Civil e o seu nº 2,

segundo o qual os alimentos serão «proporcionados aos meios daquele que

houver de prestá-los e à necessidade daquele que houver de recebê-los».

A medida dos alimentos obedece, assim, aos seguintes critérios:

a) necessidade do alimentando.

b) possibilidades do alimentante.

c) possibilidade de o alimentando prover à sua subsistência.

Isto é, a medida da prestação alimentar determina-se pela análise das

possibilidades do devedor (receitas, despesas, o facto de ter outros filhos, a

sua saúde, idade) e necessidades do credor, devendo aquelas possibilidades e

estas necessidades serem actuais.

Consequentemente, há que ponderar quais os meios de quem tem de os

prestar, e a necessidade de quem deles carece, alcançando um justo equilíbrio,

não se podendo privar o devedor dos meios necessários à sua subsistência.5

Em Portugal, não têm sido uniformes as decisões proferidas pelos

Tribunais quanto à questão de saber se, devido ao legal dever parental de

4 J. P. Remédio Marques, Algumas Notas Sobre Alimentos, Coimbra Editora, pág. 183 e 184. 5 Vaz Serra, Revista de Legislação e Jurisprudência, 102-262.

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contribuir com alimentos para o sustento dos filhos menores, deve sempre ser

fixado pelo Tribunal a pensão de alimentos, mesmo nas situações em que nada

se haja apurado acerca da vida social, económica e profissional do progenitor

vinculado à prestação de alimentos:

a) Por um lado, há os que defendem que a fixação da pensão de

alimentos não é obrigatória nas decisões que regulam o poder

paternal, sempre que o obrigado não tiver quaisquer meios para

cumprir esse dever de prestar alimentos. Entendendo, que não é

possível a fixação da prestação de alimentos, com o argumento de que,

cabendo ao autor o ónus de provar os elementos constitutivos do seu

direito e não se provando o modo de vida do réu, o tribunal encontra-se

impossibilitado de apreciar, por forma a dar cumprimento ao critério da

proporcionalidade consagrado no nº 1, do artº 2004 (art. 1872º, nº 1

do C. Civil de Timor), devendo abster-se de fixar qualquer pensão de

alimentos.

b) Outra corrente jurisprudencial, tem afirmado a primazia dos princípios

constitucionais que impõem o dever dos pais de sustentar os filhos e o

direito das crianças ao seu desenvolvimento, do que resulta que o dever

dos progenitores de prestar alimentos aos filhos menores, só é afastado

pela total impossibilidade física de providenciarem tal sustento.

O Tribunal pode fixar uma prestação alimentar automaticamente

actualizável.

5. Desde quando são devidos.

Os alimentos são devidos desde a proposição da acção ou, estando já

fixados pelo tribunal ou por acordo, desde o momento em que o devedor se

constituiu em mora, sem prejuízo no disposto no artigo 2136º (art. 1874 do C.

Civil).

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As prestações pedidas e não pagas em vida do devedor entram como

débito na sua sucessão.

O direito a alimentos é um direito indisponível (art. 1876º, nº 1 do C.

Civil), logo, não prescreve (art. 289º, nº 1 do C. Civil), embora as prestações

vencidas estejam sujeitas a prescrição de 5 anos (art. 301º, al. f) do C. Civil),

contados a partir da exigibilidade da obrigação (art. 297º, nº 1 do C. Civil).

No caso de acção de investigação de maternidade e paternidade, «O

filho menor, interdito ou inabilitado tem direito a alimentos provisórios desde a

proposição da acção, contanto que o tribunal considere provável o

reconhecimento da maternidade» (art. 1701º e 1753º do C. Civil).

O pai não unido pelo matrimónio à mãe do filho é obrigado, desde a data

do estabelecimento de paternidade, a prestar-lhe alimentos relativos ao período

da gravidez e ao primeiro ano de vida do filho, sem prejuízo das indemnizações

a que por lei ela tenha direito (art. 1764º, nº 1 do C. Civil).

6. Forma de os prestar.

Em regra, devem ser fixados em prestações pecuniárias mensais (art.

1873º, nº 1 e 2 do C. Civil), excepto se:

a) Houver acordo ou disposição legal em contrário,

b) Se ocorrerem motivos que justifiquem medidas de excepção,

c) Aquele que for obrigado aos alimentos mostrar que os não

pode prestar como pensão, mas tão somente em sua casa e

companhia.

7. Menores com direito a alimentos e pessoas com obrigação de os

prestar (art. 1877º do C. Civil).

Estão vinculados à prestação de alimentos, pela ordem indicada:

a) O cônjuge ou o ex-cônjuge.

b) Os descendentes.

c) Os ascendentes.

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d) Os irmãos.

e) Os tios, durante a menoridade do alimentando.

f) O padrasto e a madrasta, relativamente a enteados menores que

estejam, ou estivessem no momento da morte do cônjuge, a cargo

deste.

g) O investigante de maternidade ou paternidade (art. 1701º e 1753º do

C. Civil).

Se algum dos vinculados não puder prestar os alimentos ou não puder

pagar integralmente a sua responsabilidade, o encargo recai sobre os

onerados subsequentes (art. 1877º, nº 3 do C. Civil). Em regra, há que

respeitar a ordem estabelecida no art. 1877º, desde que os obrigados possam

prestar integralmente os alimentos, se o obrigado mais próximo não puder

prestá-los, deve prestá-los obrigado seguinte, se aquele só pode prestar parte,

deve o seguinte prestar o resto.

A inibição do exercício do poder paternal em nenhum caso isenta os pais

do dever de alimentarem o filho (art. 1799º C. Civil).

8. Legitimidade para o pedido de alimentos.

a) O menor.

b) O seu representante legal.

c) O director do estabelecimento de educação ou assistência a quem o

menor tenha sido confiado (arts. 1846º e 1789º do C. Civil).

d) A pessoa à guarda da qual o menor se encontre.

e) O Ministério Público (em representação do menor ou incapaz).

O facto constitutivo essencial do direito a obter alimentos do pai é

integrado pela relação de filiação e pela situação de menoridade, cabendo ao

autor o ónus de provar o estado de necessidade e também a relação que

vincula o réu a tal prestação. Por outro lado, cabe ao réu o de provar que os

meios de que dispõe não permitem realizá-la integral ou mesmo parcialmente.

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9. Tribunal competente.

- Regra geral do Código de Processo Civil (art. 53º, nº 1), tribunal

do domicílio do Réu.

- Tribunal do domicilio do autor, se o Réu não tiver residência

habitual ou for incerto ou ausente (art. 53º, nº 2).

- Se o Réu tiver o domicílio e a residência em país estrangeiro,

será demandado no tribunal do lugar em que se encontrar; não se

encontrando em território timorense será demandado no do

domicílio do autor, e, quando este domicílio for em país

estrangeiro, será competente para a causa o tribunal distrital de

Díli (art. 53º, nº 3).

No que respeita à competência internacional, importa atentar nos

factores atributivos de competência internacional directa constantes do art. 48º

do Código de Processo Civil, preceito que consagra os princípios da

coincidência, da causalidade e da necessidade.

Tais princípios são autónomos, pelo que cada um deles funciona em

completa independência relativamente aos outros, sendo de per si bastante

para suscitar a competência dos tribunais.

10. Processo aplicável.

Processo especial urgente (art. 347º, nº 1 e 2 e arts. 831º a 837º

do Código de Processo Civil).

Existe isenção subjectiva de custas (art. 2º, al. c) ou g) do Código

das Custas Judiciais).

Valor da acção: 5 vezes o valor da anuidade correspondente ao

pedido (art. 259º, nº 2 do Código de Processo Civil).

Patrocínio judiciário: não sendo a acção intentada pelo Ministério

Público, dependendo do valor, o requerente tem que estar

representados por Advogado ou Defensor Público (art. 36º, nº 1 e

2 do Código de Processo Civil).

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- Tramitação usual:

► Petição inicial, com os fundamentos da acção

devidamente alegados, acompanhada de certidões

comprovativas do casamento, do grau de parentesco ou

afinidade existente entre requerente e o requerido e das

provas, nomeadamente, o rol de testemunhas (art. 831º, nº

1 e 2 do Código de Processo Civil).

► Eventual indeferimento liminar (art. 355º do Código de

Processo Civil) ou aperfeiçoamento da petição inicial (art.

358º do Código de Processo Civil).

► Despacho do Juiz designando dia para a conferência,

ordenando a citação do requerido e a notificação do

requerente (art. 832º, nº 1 e 2 do Código de Processo

Civil).

► Conferência. Se, não se puder realizar ou se não se

chegar a acordo, é logo ordenada a notificação do

requerido para contestar (art. 833º, nº 1 do Código de

Processo Civil).

► Contestação. Não havendo contestação, ou decorrido o

prazo para a sua apresentação, proceder-se-á à

efectivação das diligências necessárias e a inquérito social

às necessidades do menor e às possibilidades do

requerido, e segue-se a sentença (art. 833º, nº 2 do Código

de Processo Civil).

► Audiência de discussão e julgamento.

Só quando tiver havido contestação (art. 833º, nº 3 do

Código de Processo Civil).

► Sentença (art. 406º e seguintes do Código de

Processo Civil).

► Eventual recurso (art. 426º e seguintes do Código de

Processo Civil).

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11. Fim da prestação alimentar.

A obrigação de prestar alimentos termina:

- Pela morte do obrigado ou alimentado.

- Quando aquele que os presta não possa continuar a prestá-los

ou aquele que os recebe deixe de precisar deles.

- Quando o credor viole gravemente os seus deveres para com o

obrigado.6

Nos termos do art. 1881º, nº 3 C. Civil, podem outras pessoas vir a ser

obrigadas a prestar alimentos, quer em consequência da cessação (em certos

casos), quer como resultado de um pedido de alteração.

Constitui o cumprimento de uma obrigação natural a atitude do pai que,

perante o fim dos estudos7 do filho, não pede o fim da prestação de alimentos.

O facto do menor atingir a maioridade no decurso da acção de alimentos

configura uma causa extintiva da instância, pelo que, o Tribunal só aprecia o

objecto da acção desde o pedido até à data da maioridade.

12. Alteração da prestação alimentar.

Se, depois de fixados os alimentos pelo tribunal ou por acordo dos

interessados, as circunstâncias determinantes da sua fixação se modificarem,

podem os alimentos fixados ser reduzidos ou aumentados, conforme os casos,

ou podem outras pessoas serem obrigadas a prestá-los (art. 1880º do C. Civil).

6 Pais e filhos devem-se mutuamente respeito (art. 1757º, nº 1, do C. Civil), dever que não

deve ser confundido com o dever de obediência dos filhos menores aos pais. Como exemplos de grave violação, temos os casos constantes do art. 2030º do C. Civil (condenação por algum crime doloso cometido contra a pessoa, bens ou honra do autor da sucessão, ou do seu cônjuge, ou algum descendente, ascendente, adoptante ou adoptado, desde que ao crime corresponda pena superior a seis meses de prisão, condenação por denúncia caluniosa ou falso testemunho e ter, sem justa causa, recusado ao autor da sucessão ou ao seu cônjuge os devidos alimentos. No entanto, tal efeito não é automático, a gravidade da violação dos deveres deve ser apreciada em concreto e ponderando todos os circunstancialismos do caso.

7 Quanto à continuação dos estudos para além da maioridade, cfr., o art. 1760º do C. Civil.

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Desde que a necessidade do alimentando aumente ou diminua ou desde

que aumente ou diminua a possibilidade do obrigado, pode um ou outro

requerer a alteração da prestação alimentar.

É por via da alteração do regime de alimentos oportunamente fixado que

o devedor pode obter o reconhecimento da sua impossibilidade de continuar a

cumprir (no todo ou em parte) a obrigação a que está vinculado.

A tramitação do pedido de alteração de alimentos é idêntica à do pedido

de fixação de alimentos (cfr, exemplo de petição).

Nos casos em que a mãe do menor contacta o Ministério Público para

pedir o aumento da prestação de alimentos, deve o Ministério Público tentar

junto do pai do menor um acordo. Só no caso de não ser possível ou alcançado

o acordo, deve instaurar o pedido de alteração dos alimentos no Tribunal.

13. Meios de tornar efectiva a prestação de alimentos.

a) Instauração de acção executiva (art. 666º e seguintes do Código de

Processo Civil).

b) Queixa ao Ministério Público, para instauração de procedimento

criminal por crime de não cumprimento de obrigação alimentar (art. 225º

do Código Penal).

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B- PEÇAS PROCESSUAIS

1. Acção especial de alimentos.

Exmº Sr. Juiz de Direito junto do Tribunal

.........................................

O Ministério Público vem, nos termos dos arts. 3º, nº 1, al. b) e 5º, nº 1

da Lei 14/2005, 22º, nº 1 e 831º e seg., do Código de processo Civil e art.

1871º e seg., do C. Civil, beneficiando de isenção de custas (art. 2º, al. c) do

Código das Custas Judiciais), em representação do menor Miguel ..........,

propor acção especial de alimentos contra:

Carlos........Alves, residente na Rua ...................................

Nos termos e com os seguintes fundamentos:

O menor Miguel ........., nasceu a 29/5/2008, filho de Maria ......., e Carlos

........ (Doc. 1).

É a mãe, Maria ...... quem tem o menor a seu encargo exclusivo, já que

o Réu não tem contribuído para as despesas com a alimentação e sustento do

menor, como é sua obrigação.

O Réu tem possibilidades de contribuir pois, é jovem e saudável, vive na

casa dos pais e ganha um salário de USD 100 como funcionário do Ministério

da Educação.

A mãe do menor é doméstica e ganha apenas cerca de USD 20 por

mês, com a venda de alguns produtos que cultiva junto à sua casa.

É a mãe do menor que vem suportando as despesas com o vestuário,

alimentação e medicamentos para o menor.

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Em face dos poucos encargos do Réu, poderá contribuir sem qualquer

sacrifício, com o montante de USD 45 por mês a título de alimentos para o

menor Miguel ......

Nestes termos e nos demais de direito, requere-se a

V. Exª que, D. e A., se digne mandar citar o Réu para a

conferência a que se refere o art. 832º, nº 2 do Código de

Processo Civil e, após os trâmites legais, se condene o

mesmo a pagar mensalmente a importância de USD 45

como prestação alimentar.

Prova:

a) Documental: ,,,, documentos (certidões).

b) Testemunhal:

- Luis ......, residente na Rua..........

- Manuel ......., residente na Rua........

Valor: USD ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.

Junta: ,,,,, documentos e duplicados legais.

O Procurador da República

.................................

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2. Petição inicial de alteração de alimentos.

Proc. nº ..........

..... Secção

Exmº Sr. Juiz de Direito junto do Tribunal

.........................................

O Ministério Público vem, nos termos dos arts. 3º, nº 1, al. b) e 5º, nº 1

da Lei 14/2005, 22º, nº 1 e 831º e seg., do Código de processo Civil e art.

1880º do C. Civil, beneficiando de isenção de custas (art. 2º, al. c) do Código

das Custas Judiciais), em representação do menor Miguel ........., por apenso

ao processo acima identificado, deduzir o presente pedido de alteração da

prestação de alimentos contra:

Carlos........Alves, residente na Rua ...................................

Nos termos e com os seguintes fundamentos:

Por sentença proferida em ..../..../......, no processo acima identificado, foi

o Réu condenado a contribuir com USD 45 por mês a título de alimentos ao

seu filho Miguel....

Sucede que, decorridos 2 anos sobre a fixação dos alimentos, as

circunstâncias que determinaram tal fixação alteraram-se profundamente, pelo

que, importa alterar o montante de tal prestação mensal.

Na verdade, enquanto a mãe do menor vê aumentarem, dia após dia, as

suas dificuldades para sustentar o menor, o Réu obteve uma melhor situação

económica, superior àquela em que se encontrava à data da sentença.

O Réu foi promovido e ganha agora, por mês, USD 170.

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Por outro lado, para além do notório aumento dos bens essenciais que

vem acontecendo nos últimos tempos, as despesas com o sustento do menor

têm aumentado com a sua entrada para a escola, mas também porque este

tem problemas de saúde, aumentando as despesas com medicamentos.

Assim, há que concluir que a importância de USD 45 mensais é

claramente insuficiente para fazer face ao sustento e sobrevivência do menor,

afigurando-se como justo e adequado, atendendo à situação económica actual

do Réu e da mãe do menor, que o mesmo contribua com a importância mensal

não inferior a USD 65.

Nestes termos e nos demais de direito, requer-se a

V. Exª que, A. por apenso, se digne convocar o Réu para

uma conferência, seguindo-se os demais trâmites legais, e

fixando-se, a final, não existindo acordo em contrário, em USD 65

a prestação mensal de alimentos.

Prova:

a) Documental: ,,,, documentos (certidões).

b) Testemunhal:

- Luis ......, residente na Rua..........

- Manuel ......., residente na Rua........

Valor: USD ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.

Junta: ,,,,, documentos e duplicados legais.

O Procurador da República

.................................

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3. Acção executiva de alimentos.

Proc. .....

.... Secção

Ex.mo Senhor Juiz de Direito junto do Tribunal .................

O Ministério Público vem, nos termos dos arts. 3º, nº 1, al. b) e 5º, nº 1

da Lei 14/2005, 22º, nº 1, 666º, 668º, nº 2, 669º, nº 1, al. a), 679º, nº 3 do

Código de Processo Civil, beneficiando de isenção de custas (art. 2º, al. c) do

Código das Custas Judiciais), em representação do menor Miguel ........., por

apenso ao processo acima identificado, instaurar execução de sentença para

pagamento de quantia certa, sob a forma de processo comum:

Carlos........Alves, residente na Rua ...................................

Nos termos e com os seguintes fundamentos:

Por douta sentença de .../.../... proferida nos autos acima mencionados,

o executado foi condenado a pagar à mãe do menor a quantia de USD 45,

acrescida de juros de mora vincendos sobre USD ...,00 contados à taxa anual

de 6%, devidos desde .../.../... até integral pagamento.

No entanto, não foi satisfeito até ao momento tal quantia ou parte dela,

pelo que,

Assim, tem o exequente a receber do executado, nesta data, as quantias

que se liquidam da seguinte forma:

- Quantia exequenda: USD ....,00

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- Juros sobre o capital (USD ...,00) à taxa de 6% devidos

desde .../.../... até à data da propositura da presente acção

executiva: USD ....,00

- No total de: USD ...,00

Bem como os juros de mora vincendos desde a propositura da

presente execução até efectivo e integral pagamento.

A dívida é certa, líquida e exigível.

A sentença condenatória é título executivo (669º, nº 1, al. a) do

Código de Processo Civil).

Desde já, indica-se à penhora 1/3 do salário que o executado

recebe do Ministério da Educação.

Nestes termos, e nos mais de direito, requer-se a V.Exª. se

digne determinar a citação do executado, seguindo-se os demais

termos até final.

VALOR: USD ........,00.

JUNTA: Duplicados legais.

O Procurador da República

……………………………

NOTA: Lei Indonésia S.1848-22 (em anotação ao art. 1250º do CCI) fixa os juros legais em 6%

ao ano. Aplicável enquanto não for publicado diploma a fixar a taxa nos termos do novo C.

Civil.

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4- Acusação por violação da obrigação de alimentos.

Inquérito nº …….

O Ministério Público acusa, em forma de

processo comum e julgamento perante o Tribunal

colectivo:

Carlos........Alves, residente na Rua ...................................

(melhor identificado a fls …….);

Porquanto,

O menor Miguel ........., nasceu a 29/5/2008, filho de Maria ......., e Carlos

........ (Doc. 1).

Por sentença proferida em ..../..../......, no processo nº……., foi o arguido

condenado a contribuir com USD 45 por mês a título de alimentos ao seu filho

Miguel....

No entanto, o arguido não paga a pensão de alimentos a que se

encontra obrigado desde …./…./….

O arguido tem possibilidades de contribuir pois, é jovem e saudável, vive

na casa dos pais e ganha um salário de USD 100 como funcionário do

Ministério da Educação.

A mãe do menor é doméstica e ganha apenas cerca de USD 20 por

mês, com a venda de alguns produtos que cultiva junto à sua casa.

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O menor está a estudar e este é o único rendimento disponível para o

pagamento das despesas com o vestuário, alimentação e medicamentos para

o menor.

O arguido agiu livre, deliberada e conscientemente, com a intenção de

não cumprir a obrigação de alimentos a que estava legalmente obrigado, pondo

em perigo com a sua conduta a satisfação das necessidades básicas da sua

filha menor, sem auxílio de terceiro, o que representou.

Bem sabia que a sua conduta era proibida e punida por lei.

Cometeu, pelo exposto, em autoria material,

um crime de violação da obrigação de alimentos,

previsto e punido no art,,,,,,,,,,,,,, do C. Penal.

Prova: a dos autos.

Testemunhal:

1- Angelo …………., melhor identificado a fls …...

2- Mateus ………….., melhor identificado a fls …...

*

Medidas de coação:

Atento o tempo decorrido desde a prática dos factos e as exigências de prevenção geral e especial, afigura-se suficiente que o arguido continue sujeito a termo de identidade e residência (fls ……).

Cumpra o disposto no art. 237º nº 1 do CPP.

O Procurador da República