9.2 igreja - deus estabelece seu povo em uma nova comunidade

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7/31/2019 9.2 Igreja - Deus Estabelece Seu Povo Em Uma Nova Comunidade http://slidepdf.com/reader/full/92-igreja-deus-estabelece-seu-povo-em-uma-nova-comunidade 1/3 1 9.2 Igreja Deus Estabelece seu povo em uma nova comunidade Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito .” Efésios 2.19-22 A igreja (grego: ecclesia, significando “assembléia”) existe em, por meio de e por causa de Jesus Cristo. Neste sentido, é uma realidade distintiva do Novo Testamento. Todavia é, ao mesmo tempo, uma continuação_ por meio de uma nova fase da história redentiva_ de Israel, a semente de Abraão, povo da aliança com Deus nos tempos do Velho Testamento. As diferenças entre a igreja e Israel estão enraizadas na novidade da aliança, pela qual Deus e seu povo estão ligados em ao outro. A nova aliança sob a qual a igreja vive (1 Co 11.25; Hb 8.7-13) é uma nova forma de relação mediante a qual Deus diz a uma comunidade escolhida: “Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus”(Ex 6.7; Jr 31.33). Tanto a continuidade como a descontinuidade entre Israel e a igreja reflete esta mudança na forma da aliança, que teve lugar na vinda de Cristo. As novas características da nova aliança são as seguintes: Primeiro, os sacerdotes, os sacrifícios e o santuário do Velho Testamento são substituídos pela mediação de Jesus, o Deus-homem crucificado, ressurgido e reinante (Hb 1-10), em quem os crentes encontram agora sua identidade como semente de Abraão e povo de Deus (Gl 3.29; 1 Pe 2.4-10). Segundo, o exclusivismo étnico da velha aliança (Dt 7.6; Sl 147.19,20) é substituído pela inclusão em Cristo, em termos iguais, de todos os crentes de todas as nações (Ef 2-3; Ap 5.9,10). Terceiro, o Espírito é derramado tanto sobre cada cristão como sobre a igreja, de modo que a comunhão com Cristo (1 Jo 1.3), ministério de Cristo (Jo 12.32; 14.18; Ef 2.17), antegozo do céu (2 Co 1.22; Ef 1.14) tornam-se realidades da experiência eclesiástica. A descrença da maioria dos judeus (Rm 9-11) levou a uma situação explanada por Paulo como corte feito por Deus dos ramos naturais de sua oliveira (a comunidade histórica da aliança), substituídos por rebentos de oliveira brava (Rm 11.17-24). O caráter predominantemente gentio da igreja se deve não aos termos da nova aliança, mas à rejeição judaica deles, e Paulo ensinou que um dia isto será mudado (Rm 11.15,23-31). O Novo Testamento define a igreja em termos do cumprimento das esperanças e modelos do Velho Testamento por meio de uma relação com todas as três Pessoas da Divindade, efetuada pelo ministério mediador de Jesus Cristo. A igreja é vista como a família e rebanho de Deus (Ef 2.18; 3.15; 4.6; Jo 10.16; 1 Pe 5.2-4); seu Israel (Gl 6.16); o corpo e noiva de Cristo (Ef 1.22,23; 5.25-28; Ap 19.7; 21.2,9-27); e o templo do Espírito Santo (1 Co 3.16; cf. Ef 2.19-22). Os que estão na igreja são chamados “eleitos” (escolhidos), “santos”(consagrados, separados para Deus), e “irmãos” (filhos adotivos de Deus). Essencialmente, a igreja era, é e sempre será uma comunidade adoradora única, reunida permanentemente no verdadeiro santuário, que é a Jerusalém celestial (Gl 4.26; Hb 12.22-

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7/31/2019 9.2 Igreja - Deus Estabelece Seu Povo Em Uma Nova Comunidade

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9.2 Igreja 

Deus Estabelece seu povo em uma nova comunidade

“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da 

família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados 

para habitação de Deus no Espírito .” Efésios 2.19-22

A igreja (grego: ecclesia, significando “assembléia”) existe em, por meio de e por causa deJesus Cristo. Neste sentido, é uma realidade distintiva do Novo Testamento. Todavia é, aomesmo tempo, uma continuação_ por meio de uma nova fase da história redentiva_ deIsrael, a semente de Abraão, povo da aliança com Deus nos tempos do Velho Testamento.As diferenças entre a igreja e Israel estão enraizadas na novidade da aliança, pela qualDeus e seu povo estão ligados em ao outro. A nova aliança sob a qual a igreja vive (1 Co

11.25; Hb 8.7-13) é uma nova forma de relação mediante a qual Deus diz a umacomunidade escolhida: “Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus”(Ex 6.7; Jr 31.33).Tanto a continuidade como a descontinuidade entre Israel e a igreja reflete esta mudançana forma da aliança, que teve lugar na vinda de Cristo.

As novas características da nova aliança são as seguintes: Primeiro, os sacerdotes, ossacrifícios e o santuário do Velho Testamento são substituídos pela mediação de Jesus, oDeus-homem crucificado, ressurgido e reinante (Hb 1-10), em quem os crentes encontramagora sua identidade como semente de Abraão e povo de Deus (Gl 3.29; 1 Pe 2.4-10).

Segundo, o exclusivismo étnico da velha aliança (Dt 7.6; Sl 147.19,20) é substituído pelainclusão em Cristo, em termos iguais, de todos os crentes de todas as nações (Ef 2-3; Ap5.9,10).

Terceiro, o Espírito é derramado tanto sobre cada cristão como sobre a igreja, de modoque a comunhão com Cristo (1 Jo 1.3), ministério de Cristo (Jo 12.32; 14.18; Ef 2.17),antegozo do céu (2 Co 1.22; Ef 1.14) tornam-se realidades da experiência eclesiástica.

A descrença da maioria dos judeus (Rm 9-11) levou a uma situação explanada por Paulocomo corte feito por Deus dos ramos naturais de sua oliveira (a comunidade histórica daaliança), substituídos por rebentos de oliveira brava (Rm 11.17-24). O caráter

predominantemente gentio da igreja se deve não aos termos da nova aliança, mas àrejeição judaica deles, e Paulo ensinou que um dia isto será mudado (Rm 11.15,23-31).

O Novo Testamento define a igreja em termos do cumprimento das esperanças e modelosdo Velho Testamento por meio de uma relação com todas as três Pessoas da Divindade,efetuada pelo ministério mediador de Jesus Cristo. A igreja é vista como a família erebanho de Deus (Ef 2.18; 3.15; 4.6; Jo 10.16; 1 Pe 5.2-4); seu Israel (Gl 6.16); o corpo enoiva de Cristo (Ef 1.22,23; 5.25-28; Ap 19.7; 21.2,9-27); e o templo do Espírito Santo (1Co 3.16; cf. Ef 2.19-22). Os que estão na igreja são chamados “eleitos” (escolhidos),“santos”(consagrados, separados para Deus), e “irmãos” (filhos adotivos de Deus).

Essencialmente, a igreja era, é e sempre será uma comunidade adoradora única, reunidapermanentemente no verdadeiro santuário, que é a Jerusalém celestial (Gl 4.26; Hb 12.22-

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24), o lugar da presença de Deus. Aqui, todos os que estão vivos em Cristo, os vivosfisicamente e os mortos fisicamente (isto é, a igreja militante com a igreja triunfante),adoram continuamente. No mundo, porém, esta igreja aparece na forma de congregaçõeslocais, cada qual chamada a exercer o papel de um microcosmo ( uma amostrarepresentativa em pequena escala) da igreja como um todo. Isto explica como, para Paulo,

a única igreja universal é o corpo de Cristo (1 Co 12.12-26); Ef 1.22,23; 3.6; 4.4)), e assimtambém a congregação local (1 Co 12.27).

É comum caracterizar a igreja na terra como “uma”(porque assim ela é em Cristo, comomostra Ef 4.3-6, a despeito do grande número de igrejas locais e agremiaçõesdenominacionais), “santa”(porque é consagrada a Deus corporativamente, como o é cadacristão individualmente, Ef 2.21), “católica”(porque é universal em extensão e procura detera plenitude da fé), e “apostólica”(porque foi fundada sobre o ensino dos apóstolos, Ef 2.20).Todas as quatro qualidades estão ilustradas em Efésios 2.19-22.

Há uma distinção que deve ser estabelecida entre a igreja como nós, humanos, a vemos e

como somente Deus a vê. É a distinção histórica entre a “igreja visível”e a “igreja invisível”.Invisível significa não que não possamos ver o sinal de sua presença, mas que nãopodemos saber (como Deus, que lê os corações, sabe, 2 Tm 2.19) quais dos que sãobatizados, membros professos da igreja como instituição organizada, são interiormenteregenerados e, assim, pertencem à igreja como comunidade espiritual de pecadores queamam seu Salvador. Jesus ensinou que na igreja organizada haveria sempre pessoas quepensariam ser cristãos e passariam por cristãos, alguns certamente tornando-se ministros,mas que não foram renovados no coração e, portanto, seriam expostos e rejeitados noJuízo (mt 7.15-27; 13.24-30,36-43,47-50; 25.1-46). A distinção “visível-invisíve” é traçadapara que se tenha isto em consideração. Não porque haja duas igrejas, mas porque acomunidade visível comumente contém falsos cristãos, que Deus sabe não serem reais (eque podem saber isso por si mesmos, se o quiserem, 2 Co 13.5).

O Novo Testamento admite que todos os cristãos desejam ter comunhão na vida de umaigreja local, reunindo-se para adorar (Hb 10.25), aceitando sua orientação e correção (Mt18.15-20); Gl 6.1), e participando de seu trabalho de testemunhador. Os cristãosdesobedecem a Deus e se empobrecem ao se recusarem a unir-se a outros crentes,quando há uma congregação local à qual podem pertencer.

Deus não prescreve para os cristãos a adoração segundo a forma minuciosa dos temposdo Velho Testamento, mas o Novo Testamento mostra claramente quais são os

ingredientes da adoração cristã comunitária, a saber, louvor (“salmos, hinos e cânticosespirituais”, Ef 5.19), oração e pregação, com administração regular da Ceia do Senhor (At20.7-11). Cantar louvores a Deus era evidentemente uma grande coisa na igrejaapostólica, como tem sido em todos os movimentos de êxtase espiritual desde então:Paulo e Silas, ao lado de sua oração (em voz alta), cantaram hinos na prisão de Filipos (At16.25), e o Novo Testamento contém um bom número do que parece ser fragmentos dehinos (Ef 5.14; Fp 2.6-11; 1 Tm 3.16; e outros), enquanto “novos cânticos”do Apocalipsesão tanto numerosos como exuberantes, na verdade extáticos (Ap 4.8,11; 5.9,10,12,13;7.10,12; 11.15,17,18; 12.10-12; 15.3,4; 19.1-8; 21.3,4). Qualquer igreja local que stejaespiritualmente viva tomará, sem dúvida, muito seriamente seus cânticos, orações epregações, e será zelosa destas três partes do culto.

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Autor: J. I. PackerFonte: Teologia Concisa, Ed. Cultura Crista. Compre este livro em http://www.cep.org.br 

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