9.16 a doutrina do batismo na história

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7/31/2019 9.16 A Doutrina do Batismo na História

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9.16 A Doutrina do Batismo na História 

1. Antes da Reforma. 

Os chamados "pais primitivos" consideravam o batismo como o rito de iniciação na igreja,

e normalmente o consideravam como estritamente ligado ao perdão de pecados e àcomunicação da nova vida. Algumas das suas expressões parecem indicar que eles criamna regeneração batismal. Ao mesmo tempo, deve-se notar que, no caso dos adultos, elesnão consideravam o batismo como eficaz independentemente da correta da alma, e nãoviam o batismo como absolutamente essencial para a iniciação da nova vida, mas, antes,consideravam-no como o elemento de consumação do processo de renovação. O batismode criança já era corrente nos dias de Orígenes e Tertuliano, embora este último odesestimulasse, com base em questões de conveniências.

A opinião geralmente era que o batismo nunca devia ser repetido, mas não haviaunanimidade quando à validade do batismo ministrado por hereges. No transcorrer do

tempo, porém, veio a ser um principio estabelecido não rebatizar os que foram batizadosem nome do Deus triúno. O modo do batismo não estava em discussão. Do segundoséculo em diante, aos poucos ganhou terreno a idéia de que o batismo age mais ou menosmagicamente. Até mesmo Agostinho parece ter considerado o batismo como eficiente exopere operato, no caso das crianças. Ele considerava absolutamente necessário o batismoe afirmava que as crianças não batizadas estão perdidas. Segundo ele, o batismo eliminaa culpa original, mas não remove totalmente a corrupção da natureza. Os escolásticos aprincípios partilhavam o conceito de Agostinho, que, no caso do batismo de adultos,pressupõe fé, mas gradualmente outra idéia ganhou predominância, a saber, que obatismo é sempre eficaz ex opere operato. A importância das condições subjetivas foimenosprezada. Assim, a característica concepção católica romana do sacramento, deacordo com a qual o batismo é o sacramento da regeneração e da iniciação na igreja, aospoucos ganhou proeminência. Ele contém a graça que simboliza e a confere a todosquantos não ponham obstáculo no caminho. Esta graça era considerada muito importante,visto que (a) marca indelevelmente o participante como membro da igreja; (b) livra daculpa do pecado original e de todos os pecados atuais cometidos até à hora do batismo,remove a corrupção do pecado, embora permaneça a concupiscência, e liberta o homemda punição eterna e de todas as punições temporais positivas; (c) produz renovaçãoespiritual pela infusão da graça santificante e das virtudes sobrenaturais da fé, daesperança e do amor, e (d) incorpora o participante na comunhão dos santo e na igrejavisível.

2. Desde a Reforma. 

A Reforma Luterana não se desfez inteiramente da concepção romana dos sacramentos.Para Lutero, a água do batismo não é água comum, mas uma água que, mediante aPalavra com seu poder divino inerente, veio a ser uma água da vida, cheia de graça, umlavamento de regeneração. Por esta eficácia divina da Palavra, o sacramento efetua aregeneração. No caso doas adultos, Lutero colocava o efeito do batismo na dependênciada fé presente no participante. Percebendo que não podia pensar desse modo no caso decrianças, que não podem exercer fé, ele, certa vez, afirmou que Deus, por Sua graçaproveniente, produz fé na criança ainda sem discernimento, mas posteriormente confessou

ignorância sobre este ponto. Teólogos luteranos mais recentes houve que retiveram a idéiade uma fé infantil como pré-condição para o batismo, ao passo que outros entendiam que

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o batismo produz essa fé imediatamente. Nalguns casos, isto levou à idéia de que osacramento age ex opere operato.

Os anabatistas cortaram o nó górdio de Lutero negando a legitimidade do batismo decriaça. Eles insistiam em batizar todos os candidatos à admissão no seu círculo que tinham

recebido o sacramento na infância, e não consideravam isto um rebatismo, mas, sim, oprimeiro batismo verdadeiro. Para eles, as crianças não têm lugar nenhum na igreja.

Calvino e a teologia reformada partiam da pressuposição de que o batismo foi instituídopara os crentes, e não produz, mas fortalece a nova vida. Naturalmente, eles sedefrontaram com a questão sobre como as crianças poderiam ser consideradas crentes, esobre como poderiam ser fortalecidas espiritualmente, visto não poderem exercer fé.Alguns simplesmente assinalavam que as crianças nascidas de pais crentes são filhos daaliança e, como tais, herdeiros das promessas de Deus, incluindo-se também a promessade regeneração; e que a eficácia espiritual do batismo não se limita à hora da suaministração, mas continua durante a vida toda. A Confissão Belga também expressa essa

idéia com as seguintes palavras:"Tampouco este batismo nos é útil somente na ocasiãoem que a água é derramada sobre nós e recebida por nós, mas também no transcurso detoda a nossa vida"(art. XXXIV). Outros foram além dessa posição e afirmavam que osfilhos de aliança devem ser considerados presumivelmente regenerados. Isto não equivalea dizer que todos eles são regenerados quando são apresentados para o batismo, masque se presume que são regenerados, enquanto não se deduza das suas vidas ocontrário. Havia ainda alguns que consideravam o batismo como nada mais que o sinal deuma aliança externa. Sob a influência dos socianos, dos arminianos, dos anabatistas e dosracionalistas, tornou-se costume em muitos círculos negar que o batimo seja um selo dagraça divina, e considerá-lo como um simples ato de profissão da parte do homem. Emnossos dias, muitos cristãos professos perderam completamente a consciência dasignificação espiritual do batismo. Tornou-se mera formalidade.

Autor: Louis BerkhofFonte: Teologia Sistemática do autor, p. 631 -633, Ed Cultura Cristã (CEP).

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