9.13 a transubstanciação

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7/31/2019 9.13 A Transubstanciação http://slidepdf.com/reader/full/913-a-transubstanciacao 1/3 1 9.13 A Transubstanciação A presença de Cristo na Ceia Mc 14.22-25; 1 Co 11.23-26 Não há momento mais sagrado ou mais solene na vida da igreja do que a celebração da Ceia do Senhor. Ela é chamada de Santa Comunhão porque durante esta refeição um encontro especial entre Cristo e seu povo. Naquele momento Jesus está presente conosco de uma maneira única. A pergunta é: Como é que Cristo está presente no momento da Cei do Senhor? Esta pergunta tem sido o tema de intermináveis controvérsias entre os cristãos. Não tem sido apenas um ponto de atrito entre o protestantismo e o catolicismo romano, foi também um área de conflito que os líderes da Reforma: Lutero, Calvino e Zuínglio não puderam resolver entre si. A igreja Católica Romana ensina a doutrina da transubstanciação, a qual significa que durante a missa ocorre um milagre, pelo qual a substância dos elementos originários do pão e do vinho se transforma na substância do corpo e do sangue de Cristo. Aos sentidos humanos, o pão e o vinho não exibem nenhuma mudança perceptível. Entretanto, os católicos romanos crêem que embora os elementos ainda pareçam pão e vinho, tenham sabor de pão e vinho, tenham cheiro de pão e vinho, etc., se tornam o corpo e o sangue reais de Cristo. Para entender essa idéia requer-se que conheçamos um pouco da filosofia de Aristóteles. Ele ensinava, em termos simples, que todo objeto (entidade) é feito de substância e acidentes. A substância é a essência mais profunda, ou "a matéria" de uma coisa. Os acidentes se referem à aparência externa, superficial de um objeto. Refere-se às qualidades de um objeto que podemos ver, sentir, provar ou cheirar. Para Aristóteles, sempre havia uma relação inseparável entre o objeto e seus acidentes. Um carvalho, por exemplo, sempre tem a substância e os acidentes pertinentes a um carvalho. Para que algo tenha a substância de uma coisa, e os acidentes de outra coisa, é necessário que haja um milagre.

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9.13 A Transubstanciação 

A presença de Cristo na Ceia Mc 14.22-25; 1 Co 11.23-26

Não há momento mais sagrado ou mais solene na vida da igreja do que a celebração daCeia do Senhor. Ela é chamada de Santa Comunhão porque durante esta refeição umencontro especial entre Cristo e seu povo. Naquele momento Jesus está presente conoscode uma maneira única.

A pergunta é: Como é que Cristo está presente no momento da Cei do Senhor? Estapergunta tem sido o tema de intermináveis controvérsias entre os cristãos. Não tem sidoapenas um ponto de atrito entre o protestantismo e o catolicismo romano, foi também umárea de conflito que os líderes da Reforma: Lutero, Calvino e Zuínglio não puderamresolver entre si.

A igreja Católica Romana ensina a doutrina da transubstanciação, a qual significa quedurante a missa ocorre um milagre, pelo qual a substância dos elementos originários dopão e do vinho se transforma na substância do corpo e do sangue de Cristo. Aos sentidoshumanos, o pão e o vinho não exibem nenhuma mudança perceptível. Entretanto, oscatólicos romanos crêem que embora os elementos ainda pareçam pão e vinho, tenhamsabor de pão e vinho, tenham cheiro de pão e vinho, etc., se tornam o corpo e o sanguereais de Cristo.

Para entender essa idéia requer-se que conheçamos um pouco da filosofia de Aristóteles.Ele ensinava, em termos simples, que todo objeto (entidade) é feito de substância eacidentes. A substância é a essência mais profunda, ou "a matéria" de uma coisa. Osacidentes se referem à aparência externa, superficial de um objeto. Refere-se àsqualidades de um objeto que podemos ver, sentir, provar ou cheirar.

Para Aristóteles, sempre havia uma relação inseparável entre o objeto e seus acidentes.Um carvalho, por exemplo, sempre tem a substância e os acidentes pertinentes a umcarvalho. Para que algo tenha a substância de uma coisa, e os acidentes de outra coisa, énecessário que haja um milagre.

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Este é o alegado milagre da transubstanciação. Os elementos do pão e do vinho setransformariam na substância do corpo de Cristo. Ao mesmo tempo, os acidentes do pão edo vinho permanecem. Portanto, na Eucaristia teríamos a substância do corpo e do sanguede Cristo sem os acidentes do corpo e do sangue, e temos os acidentes do pão e do vinhosem a substância do pão e do vinho.

Sem um suposto milagre acontecer, temos a substância e os acidentes do pão e do vinho.

Depois do milagre, teríamos a substância do corpo e do sangue de Cristo com acidentesdo pão e do vinho.

Mais importante do que a controvérsia em trono da transubstanciação era a questãoconcernente à natureza humana de Jesus. Corpo e sangue pertecem à humanidade deJesus, não à sua divindade. Visto que a Eucaristia(Ceia do Senhor) é celebrada emdiferentes partes do mundo em diferentes partes do mundo ao mesmo tempo, a perguntaé: como a natureza humana de Jesus(corpo e sangue) pode estar em mais de um lugar aomesmo tempo?

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O poder de ser onipresente, de estar presente em todos os lugares, é um atributo dadivindade e não da humanidade. Para que a natureza humana de Jesus pudesse seespalhar por várias partes do mundo ao mesmo tempo teria de haver a deificação danatureza humana.. Tanto Lutero quanto os católicos romanos ensinavam que a naturezadivina de Cristo (a qual possuía o atributo da onipresença) comunica seu poder à natureza

humana, de maneira que esta, embora normalmente permaneça num lugar, pode estarpresente em mais de um lugar ao mesmo tempo.

Para Calvino e outros, porém, esta idéia da comunicação dos atributos divinos à naturezahumana era vista como uma violação do Concílio de Calcedônia (ano de 451), o qualafirmou que as duas naturezas de Cristo, a humana e a divina, eram unidas de tal maneiraque não tinham mistura, confusão, separação ou divisão, cada natureza mantendo seuspróprios atributos. Assim, para Calvino e a maioria dos reformadores, a transubstanciaçãomanifestava uma forma dessa heresia.

Sumário 

1. Transubstanciação significa que, durante a Eucaristia(Ceia do Senhor), o pão e vinhosão milagrosamente transformados no corpo e no sangue de Cristo, embora continuemparecendo, aos sentidos humanos, pão e vinho.

2. Substância se refere à essência de um objeto, enquanto os acidentes se referem àssuas qualidades exteriores perceptíveis.

3. A transubstanciação requer a capacitação da natureza humana de Cristo com atributosdivinos para que seu corpo e sangue possam estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.

4. Calvino rejeitou a transubstanciação como uma violação do Concílio de Calcedônia.

Autor: R. C. SproulFonte: 3º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã.

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