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UNINASSAU DISCIPLINA – DIREITOS REAIS 5° PERÍODO PROFª YANI HERCULANO POSSE REGULAMENTAÇÃO JURÍDICA: Arts. 1196 a 1224 do CC. CONCEITO Doutrina tradicional: Relação de fato entre a pessoa e a coisa. Doutrina moderna: Trata-se de um estado de aparência juridicamente relevante, ou seja, estado de fato protegido pelo direito. Não há unanimidade no conceito. Esse estado de aparência que inicialmente pode nascer sem substrato jurídico, pode servir para aquisição da propriedade. (Usucapião) DETENÇÃO (FAMULO DA POSSE) Art. 1.198 do CC “ Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com o outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens suas”. Parágrafo único – Aquele que começou a comportar-se de modo como prescreve o artigo, em relação ao bem ou a outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. Este dispositivo traz as situações daqueles servidores da posse, os quais possuem relação com a coisa em nome do dono ou do verdadeiro possuidor. (vínculo de subordinação ou dependência econômica) Não usufrui do sentido econômico da posse, que pertence a outrem. (administradores de imóveis, empregados em relação às ferramentas e equipamentos de trabalho e segurança fornecidos pelo empregador, o bibliotecário, etc.) TENÇA Art. 1208 – “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou clandestinidade...” É o mero contato físico com o bem, desprovido de proteção jurídica, mera situação de fato, que não proporciona ao que nela se encontra o amparo legal. Ex. o ocupante de bem público sem legitimação (autorização, concessão ou permissão de uso), nem qualquer tipo de relação de dependência para com o Poder Público a legitimar seu ato; o guardador informal de veículos (flanelinha) que desempenha suas funções independentemente de prévia autorização do respectivo proprietário ou possuidor;

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UNINASSAUDISCIPLINA – DIREITOS REAIS5° PERÍODOPROFª YANI HERCULANO

POSSEREGULAMENTAÇÃO JURÍDICA: Arts. 1196 a 1224 do CC.

CONCEITODoutrina tradicional: Relação de fato entre a pessoa e a coisa.Doutrina moderna: Trata-se de um estado de aparência juridicamente relevante, ou seja, estado de fato protegido pelo direito. Não há unanimidade no conceito.

Esse estado de aparência que inicialmente pode nascer sem substrato jurídico, pode servir para aquisição da propriedade. (Usucapião)

DETENÇÃO (FAMULO DA POSSE)Art. 1.198 do CC “ Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com o outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens suas”.

Parágrafo único – Aquele que começou a comportar-se de modo como prescreve o artigo, em relação ao bem ou a outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

Este dispositivo traz as situações daqueles servidores da posse, os quais possuem relação com a coisa em nome do dono ou do verdadeiro possuidor. (vínculo de subordinação ou dependência econômica)

Não usufrui do sentido econômico da posse, que pertence a outrem. (administradores de imóveis, empregados em relação às ferramentas e equipamentos de trabalho e segurança fornecidos pelo empregador, o bibliotecário, etc.)

TENÇAArt. 1208 – “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou clandestinidade...”

É o mero contato físico com o bem, desprovido de proteção jurídica, mera situação de fato, que não proporciona ao que nela se encontra o amparo legal. Ex. o ocupante de bem público sem legitimação (autorização, concessão ou permissão de uso), nem qualquer tipo de relação de dependência para com o Poder Público a legitimar seu ato; o guardador informal de veículos (flanelinha) que desempenha suas funções independentemente de prévia autorização do respectivo proprietário ou possuidor;

Direitos processual civil e reais. Recurso especial. Posse de bem público ocupado sem permissão. Inviabilidade. Liminar em ação de reintegração de posse, tendo por objeto área ocupada há mais de ano e dia. Possibilidade. 1. O art. 1208 do CC dispõe: não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância....2. A jurisprudência tanto do STJ quanto do STF, é firme em não ser possível a posse de bem público, constituindo a sua ocupação mera detenção de natureza precária. 3. Portanto, no caso vertente, descabe invocação de ‘posse velha’ (art. 924 do CPC), para impossibilitar a reintegração liminar em bem imóvel pertencente a órgão público. 4. Recurso Especial não provido” (STJ, REsp 932.971/SP, 4ª T,. j

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10.05.2011, rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 26.05.2011)

TEORIAS DA POSSESAVIGNY – TEORIA SUBJETIVA. A posse supõe a existência de dois elementos essenciais: corpus e animus.Corpus é o elemento físico, sem o qual não existe posse. (contato direto e físico com a coisa) Animus é o elemento subjetivo, a intenção de possuir como se dono fosse.Para este, o animus é que distingue o possuidor do mero detentor. Apenas o corpus não possibilitaria essa distinção, pois aos olhos de terceiros, todos que exteriorizassem o contato físico seriam possuidores. CRÍTICA: Posses anômalas como o credor pignoratício, depositário da coisa litigiosa, que não têm a intenção de dono, apenas de garantia do crédito.

IHERING – TEORIA OBJETIVA – Para este o conceito de animus não é nem a apreensão física nem a possibilidade material de apreensão. O importante é fixar o destino econômico da coisa. O possuidor se comporta com se proprietário fosse, exteriorizando seu domínio, o animus estaria integrado ao corpus.

Teorias Sociais deram novo rumo à posse, dentre elas destacamos:

Silvio Perozzi na Itália; Raymond Saleilles na França e Antonio Hernandez Gil na Espanha.

Deram novo rumo à posse, fazendo-a adquirir autonomia em face da propriedade. Teorias que dão ênfase ao caráter econômico da posse e função social da posse.

Destaque: Teoria da Apropriação Econômica de Saleilles.

Traços da concepção social da posse no ordenamento jurídico brasileiro:Art. 5° XXIII da CF, arts.183 e 191 CF.Art. 1228, § 4° do CC

NATUREZA JURÍDICA DA POSSETem natureza dupla.Se considerada em si mesma é fato, se pelos efeitos que gera, por exemplo, possibilidade de ajuizamento de ações possessórias e usucapião, é direito.Savigny – misto de fato e direitoIhering – direito.Surge aí a discussão se seria direito pessoal, real ou especial.Maria Helena diz que é direito real.

Para Clóvis Beviláqua se trata de um direito especial. (entendimento dominante)

OBJETO DA POSSEBens materiais e imateriais.Predomina o entendimento de que pode ser objeto de proteção possessória tudo aquilo que puder ser apropriado e exteriormente demonstrado. (excluídas as coisas fora do comércio)Ex. direito real de uso de linha telefônica(possibilidade de usucapião). A proteção possessória nunca poderá ser contra a concessionária e sim contra quem estiver turbando a posse.Súmula 193 do STJPosse é meio de defesa protetiva do poder físico e da utilização econômica da coisa.Os direitos reais de fruição e os de garantia, salvo a hipoteca.

MODALIDADES DE POSSE (CLASIFICAÇÃO)REGULAMENTAÇÃO JURÍDICA: Arts. 1196 a 1224 do CC.

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POSSE INDIRETA E DIRETAArt. 1197 do CCPOSSE INDIRETA – ocorre quando o seu titular, voluntariamente, transfere a outrem a utilização da coisa.POSSE DIRETA -é a de quem recebe o bem para utilizar. (derivada e temporária)EX – comodatário, usufrutuário, locatário, depositário.Surgem de um vínculo existente entre os possuidores direto e indireto. A defesa da posse é possível e concedida ao possuidor direto mesmo em relação ao possuidor indireto.

POSSE JUSTA E INJUSTAArt. 1200 do CC – Justa é a posse que não é violenta, clandestina ou precária.Violenta - adquirida mediante força, como ocorre nas invasões de terra. (derrubada de cercas, destruição de implementos agrícolas, etc.).Clandestina – adquirida às escondidas, às ocultas, sem publicidade.Precária – surge do abuso de confiança por parte de quem possuía legitimamente coisa alheia.(comodato). Inicialmente justa, transmuda-se e passa a ser injusta.

Para alguns a posse precária nunca convalesce.

POSSE DE BOA-FÉE DE MÁ-FÉ Art. 1201 do CC – É de boa-fé a posse, quando o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa ou do direito possuído.Funda-se em um estado psicológico, representado pela ausência de vontade ou consciência de que prejudica direito alheio. Logicamente se não há essa ignorância, a posse é considerada de má-fé.A boa-fé ou a má-fé repercutirá nas questões relativas aos frutosCoversão – art. 1202 do CC (citação na ação reintegratória)

POSSE NOVA E POSSE VELHARelevante para o exame da concessão de liminar nas ações possessórias. (art. 927 e 928 CPC)POSSE NOVA - datada de menos de um ano e dia, será considerada nova, admitindo a concessão liminar.POSSE VELHA – datada de mais de ano e dia, sem direito a liminar.Marco inicial para contagem é a data da turbação ou do esbulho.O efeito da liminar é o de possibilitar ao autor da ação recuperar incontinenti sua posse.

POSSE AD INTERDICTA E POSSE AD USUCAPIONEMClassificação quanto ao seu nascimento e seus efeitos.Ad interdicta é a concedida àqueles que são possuidores por decorrência de uma obrigação ou direito. É defensável por meio das ações possessórias, mas não gera usucapião. (locatário)

Ad usucapionem aquela que vai gerar usucapião.Quando não há qualquer relação obrigacional ou de direito entre o possuidor e o proprietário.

Atentar para a questão da Transmudação da posse.

COMPOSSE PRO DIVISO E PRO INDIVISOArt. 1199 do CC -Quando duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, podendo cada uma delas exercer atos possessórios, desde que respeitem os dos outros compossuidores.COMPOSSE = POSSE COMUM

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Na composse há um estado de indivisão da coisa e simultaneidade de exercício da posse, em função da pluralidade de pessoas.A indivisão é um estado da coisa não dividida, não partilhada e, no caso, possuída por várias pessoas.Pro-diviso quando os possuidores localizam-se em área certa e determinada, caso contrário, se não houver separação ou repartição da posse de uma mesma área, a composse será pro-indiviso.

AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE (Arts. 1204 a 1209; 1223 e 1224.)

AQUISIÇÃOApreensão: Apropriação unilateral da coisa que pode ser sem dono (res nullius) ou abandonada (res derelicta) ou ainda quando retirada de outrem sem sua permissão.

Exercício do direito: servidão. Passagem de aqueduto diante da inércia do proprietário, dono do prédio serviente.

Tradição: qualquer ato jurídico que envolva acordo de vontades; a título gratuito (doação) ou oneroso (compra e venda)

Essa tradição pode ser: REAL – entrega efetiva e material da coisa; SIMBÓLICA – representação por ato que traduz a alienação (entrega das chaves); FICTA – no caso do constituto possessório (cláusula constituti). Tal clausula não se presume.Constituto possessório Traditio brevi manuTraditio longa manuOBS: Quanto à origem (modo de aquisição) a posse pode ser: originária e derivada: Originária não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior, a posse vem livre, escoimada de qualquer vício que antigamente a maculava. Derivada quando há a anuência do anterior possuidor (tradição), essa posse conserva o mesmo caráter de antes. (Art. 1206)

CC art. 1207 – Traz exceção à regra de que a posse mantém o mesmo caráter com que foi adquirida, faculta ao sucessor singular unir sua posse à de seu antecessor.

QUEM PODE ADQUIRIRA própria pessoa desde que capaz.Se não tiver capacidade legal, poderá adquiri-la pela representação ou assistência (CC art.1205 I)Terceiro sem mandato, adquirida em nome de outrem dependendo de ratificação (gestor de negócios) (CC art.1205 II)Ex. administrador que cultiva não só a área determinada como a vizinha também, então para que se adquira a área vizinha também necessária é a ratificação.

CC art.1209 -A posse dos móveis é presumida.

PERDA DA POSSESe posse é a exteriorização do domínio, se é possuidor aquele que se comporta como dono, desde o momento em que não se comporte mais dessa maneira, ou seja, desde que impedido de exercer os poderes inerentes à propriedade, perdida estará a posse. (CC art. 1223)

A doutrina traz exemplos como: abandono; tradição (que só acarreta perda quando há intenção definitiva de transferi-la a outrem); destruição da coisa; sua colocação fora do mercado; pela posse de outrem.

Para o ausente a perda é provisória, nada impede de recorrer às ações possessórias.(CC art. 1224)

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EFEITOS DA POSSE

QUANTO AOS FRUTOS A condição fundamental para que o possuidor ganhe frutos é a sua boa-fé, o pensamento de que é proprietário. Todos os atos translativos, mesmo que nulos ou putativos, dão direito aos frutos.

Frutos: São bens acessórios, pois dependem do principal, utilidades que a coisa periodicamente produz.Produtos: São utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhes a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente.

Quanto à origem podem ser: Naturais; Industriais e Civis

Quanto ao estado: pendentespercebidos ou colhidosestantes percipiendos consumidos

Os produtos devem ser indenizados.

REGRAS DE RESTITUIÇÃO DOS FRUTOSa) O possuidor de boa fé tem direito, enquanto durar, aos frutos percebidos.

Os frutos pendentes bem como os colhidos por antecipação devem ser restituídos, deduzidas as despesas com a produção e o custeio (CC, 1214)

Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. (CC art. 1215).b) O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como

pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas de produção e custeio. (CC art. 1216)

RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA

a) O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa, ou seja, se não agir com dolo ou culpa (CC art. 1217).

b) O possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante (CC art. 1218)

INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS

Benfeitorias são melhoramentos realizados na coisa.Podem ser: Necessárias têm o objetivo de conservar o bem; Úteis quando aumentam ou facilitam o uso do bem; Voluptuárias de mero deleite ou recreio.Distinguem-se das acessões industriais, que constituem coisas novas. Ex. A edificação de uma casa.

Regras de indenização pelas benfeitorias: a) O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis,

bem como, quanto às voluptuárias, se não lhes forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessária e úteis. (CC art. 1219)

b) Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas apenas as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. (CC art. 1220)

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As benfeitorias compensam-se com os danos e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. (CC art. 1221)

O reivindicante obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. (CC art. 1222)

DIREITO DE RETENÇÃOConsiste num meio de defesa outorgado ao credor, a quem é reconhecida a faculdade de continuar a deter a coisa alheia, mantendo-a em seu poder até ser indenizado pelo crédito que se origina, via de regra, das benfeitorias ou de acessões por ele feitas.Ex. em favor do empreiteiro-construtor; em favor do locatário contra o senhorio; em favor do artífice, fabricante e daquele que faz consertos na coisa.

É meio coercitivo de pagamento.

O possuidor de boa-fé pode invocar o direito de retenção até em face da reivindicatória do legítimo dono. (CC art. 1219)

Natureza jurídicaO direito de retenção é reconhecido pela jurisprudência como o poder jurídico, direito e imediato de uma pessoa sobre uma coisa, com todas as características de um direito real.

Modo de exercícioEm regra é alegado em sede de contestação para ser reconhecida na sentença. Podem ser interpostos na execução para entrega de coisa certa constante de título executivo extrajudicial (Art. 621CPC)

DEFESA DA POSSEProteção possessóriaa) Legítima defesa (autotutela) – atos de defesa ou de desforço que não podem ir além do

indispensável à manutenção ou restituição da posse (CC art. 1210, § 1°)b) Ações possessórias(heterotutelas) – manutenção de posse; reintegração de posse e

interdito proibitório.

Legitimação ativa: possuidor. O detentor não tem essa faculdade, o nascituro também não, a quem se atribui mera expectativa de direito.

OBS: Os possuidores diretos e indiretos têm ação possessória contra terceiros e também um contra o outro.

Legitimação passiva: a) autor da ameaça, turbação ou esbulho (CPC art. 927, II e 932); b) do curador, pai ou tutor, se a turbação e o esbulho forem causados por amental ou menor de idade; c) da pessoa que ordenou a prática do ato molestador; d) do herdeiro a título universal ou mortis causa, porque continua de direito a posse de seu antecessor; e)a pessoa jurídica de direito privado autora do ato molestador, bem como a pessoa jurídica de direito público, contra a qual pode até ser deferida medida liminar, desde que sejam previamente ouvidos, os seus representantes legais. (CPC art. 928, § único)

OBS: Atentar para o Esbulho cometido por Pessoa Jurídica de Direito Público e a questão da Desapropriação indireta.

Se ocorrer o perecimento ou a deterioração considerável da coisa, só resta ao possuidor o caminho da indenização.

AÇÕES PESSESSÓRIAS E OS REQUISITOS DO CPC

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A fungibilidade dos interditos – A propositura de uma ação em vez de outra não impedirá que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados (CPC art. 920). Ex. se cabível for a manutenção de posse e o autor ingressar com a ação de reintegração, ou vice-versa, o juiz determinará a expedição do mandado adequado aos requisitos provados.

Cumulação de pedidos – O art. 921 do CPC permite que o autor, na inicial, cumule o pedido possessório com a condenação em perdas e danos, cominação de pena para o caso de nova turbação ou esbulho e desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.

Caráter dúplice das possessórias – As possessórias têm natureza dúplice. Não se faz necessário pedido reconvencional. É licito ao réu na contestação alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização devida pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometidos pelo autor. (CPC art. 922)

Juízo petitório e possessório – No juízo possessório não adianta alegar domínio, sendo secundária a questão daquele. O CC/2002 não admite a possibilidade de se arguir a exceptio proprietatis. (CC art. 1210, § 2°).OBS: Atentar para as exceções.Súmula 487 STF

Somente haverá o rito especial, constituído de duas fases, com a concessão da liminar, se a ação for ajuizada no prazo de ano e dia da turbação e do esbulho, caso em que a possessória será tida como ação de força nova. Passado esse prazo, o rito será ordinário e a ação de força velha, seguindo-se, então, o prazo para a contestação, a instrução e o julgamento.

Exigência da prestação de caução (CPC art. 925) – Se o réu provar que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação, responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de cinco dias para requerer caução sob pena de ser depositada a coisa litigiosa.

DA MANUTENÇÃO E DA REINTEGRAÇÃO DA POSSEEmbora apresentem características semelhantes, a ação de manutenção de posse é cabível na hipótese em que o possuidor sofre a turbação em seu exercício, mas continua na posse dos bens. Em caso de esbulho, em que o possuidor vem a ser privado da posse, adequada é a reintegração de posse (CPC, art. 926)

Requisitos: (CPC art.927) a) posse;

Quem nunca teve a posse não pode se valer dos interditos; b) turbação ou esbulho praticados pelo réu;

Só pode ser de fato e não de direito, pois em face desses há recursos específicos, embargos e outros meios de defesa.

c) data da turbação ou do esbulho; A turbação pode ser ainda direta, indireta, positiva ou negativa.

d) continuação ou perda da posse:

A petição inicial deve atender os requisitos contidos nos arts. 927 e 282 do CPC.O objeto deve ser perfeitamente individualizado; as partes devem ser identificadas com precisão(Exceção – invasão realizada por grupo); valor da causa.

Liminar: será concedida se a inicial estiver devidamente instruída com a prova dos fatos mencionados no art. 927 do CPC. (posse, turbação ou esbulho ocorridos há menos de ano e dia).Se a inicial não estiver devidamente instruída deve ser realizada uma justificação prévia.

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Contra pessoa jurídica de direito público semente pode ser concedida a liminar após ouvida do representante legal (CPC art. 927).

Da decisão que concede a liminar cabe agravo de instrumento por se tratar de uma decisão interlocutória. (CPC art. 522)

A execução da decisão liminar positiva se faz de plano, mediante mandado a ser cumprido pelo oficial de justiça, sem necessidade de citação para entregar a coisa em determinado prazo.

CONTESTAÇÃO OU RITO ORDINÁRIO - Concedida ou não a liminar, deverá o autor promover em 05 dias a citação do réu para que ofereça contestação (CPC art. 930). Se for realizada a justificação prévia, com citação do réu, o prazo para contestar contar-se-á da intimação de despacho que deferir ou não a liminar.

EXECUÇÃO DA SENTENÇAA execução se faz mediante a expedição, de plano, de mandado. O juiz emite uma ordem para que o oficial de justiça reintegre na posse o esbulhado, pois a possessória tem força executiva.

EMBARGOS DO EXECUTADO NÃO CABEM EM POSSESSÓRIASPorque a sentença tem força executiva e a lei 11.232/2005 limita a oposição de embargos à execução por título extrajudicial.

EMBARGOS DE RETENÇÃO POR BENFEITORIAS Atualmente não cabem em possessórias.Só em execução por título extrajudicial. DEVE SER ARGUIDO EM CONTESTAÇÃO para ser julgado na sentença.

EMBARGOS DE TERCEIROO STF já admitiu a oposição de embargos de terceiro em ações possessórias, mesmo depois do trânsito em julgado da sentença no processo de conhecimento. O quinquidio para oposição conta-se do ato que exaure a execução.

INTERDITO PROIBITÓRIOÉ a terceira ação tipicamente possessória. Tem caráter preventivo, visa a impedir que se concretize uma ameaça à posse.

Requisitos: posse atual do autor; ameaça de turbação ou esbulho por parte do réu; justo receio de ser efetivada a ameaça. (CPC, art. 932)

Cominação de pena pecuniária – O interdito assemelha-se à ação cominatória, pois prevê, como forma de evitar a concretização da ameaça, a cominação ao réu de pena pecuniária, caso transgrida o preceito. Se a ameaça vier a concretizar-se no curso do processo, o interdito proibitório será transformado em ação de manutenção ou reintegração de posse, concedendo-se a liminar apropriada e prosseguindo-se no rito ordinário.

AÇÕES AFINS ÀS POSSESSÓRIAS

AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSEEra tratada no CC de 1916, o CC atual não tratou da imissão da posse, mas, nem por isso, ela deixou de existir. Poderá ser ajuizada sempre que houver uma pretensão à imissão na posse de algum bem.

Natureza jurídica – tem por fundamento o domínio. É ação dominial, de natureza petitória, pois o autor invoca o jus possidendi .Pede uma posse ainda não entregue.

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Imissão na posse e reivindicatória - São ações distintas. A reivindicatória cuida de domínio e posse que se perderam por ato injusto de outrem. Na imissão a situação é diversa, o proprietário quer a posse que nunca teve. Não perdeu o domínio nem a posse. Tem o domínio e quer ter a posse também, na qual nunca entrou.

AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA (CPC art. 934 I)Reveste-se de caráter possessório pelo fato de poder ser utilizada também pelo possuidor. Seu objetivo é impedir a continuação de obra que prejudique prédio vizinho ou esteja em desacordo com os regulamentos administrativos

Pressupostos:a)que a obra seja nova, não se encontre na fase final; b) que os prédios sejam vizinhos, contíguos. A contiguidade não deve ter caráter absoluto, podendo abranger não só os prédios confinantes, como os mais afastados, desde que sujeitos às consequências do uso nocivo das propriedades que os rodeiam.

Legitimidade ativa: a) ao proprietário ou possuidor; b) ao condômino; c)ao Município(CPC art. 934, I a III)

Procedimento: Na inicial o autor requererá o embargo “para que se suspenda a obra”, bem como a “cominação de pena para o caso de inobservância do preceito” e a “condenação em perdas e danos” (CPC art. 936)

O juiz pode conceder o embargo liminarmente ou após justificação prévia. O oficial de justiça intimará o construtor e os operários a que não continuem os trabalhos, sob pena de desobediência, citando o proprietário para contestar a ação em cinco dias.

Embargo Extrajudicial – É licito ao prejudicado “se o caso for urgente”,fazer o embargo extrajudicial, notificando, verbalmente, perante duas testemunhas, o proprietário ou, em sua falta, o construtor, para não continuar a “obra” (CPC art. 935). Em três dias, requererá o nunciante a ratificação em juízo, sob pena de cessar o efeito do embargo.

EMBARGOS DE TERCEIRO (CPC art. 1046 a 1054)Podem ser utilizados para a defesa da posse. Diferem das possessórias porque nestas a apreensão do bem é feita por um particular e no embargo de terceiro a apreensão é feita por oficial de justiça que apesar de estar cumprindo ordem judicial, mesmo sendo ato lícito, prejudica a posse do terceiro que não é parte no processo, legitimando-o à propositura dos embargos. (CPC art. 1046)

Pressupostos: a)ato de apreensão judicial; b)condição de proprietário ou possuidor do bem; c)qualidade de terceiro; d)observância do prazo do art. 1048 do CPC.

Equiparação ao terceiro: Equipara-se à terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título de aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela apreensão judicial.Ex. cônjuge quando defende bens dotais próprios, reservados ou não de sua meação. (CPC art. 1046, §§2° e 3°)

Legitimidade ativa - quem pretende ter direito sobre o bem que sofreu a constrição.

Legitimidade passiva – exequente ou do promovente do processo em que ocorreu o ato de apreensão judicial..

Cabimento: a)para defesa da posse, quando nas ações de divisão ou de demarcação, for o imóvel sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou fixação de

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rumos” e o embargante não for parte na ação; b) para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese (CPC, art. 1047, I e III)