838-2349-1-pb.pdf

16
109 PAISAGEM: DIFERENTES OLHARES SOBRE O ESPAÇO GEOGRÁFICO * Hélio HIRAO ** Marquiana de Freitas Vilas Boas GOMES *** Martha Priscila Bezerra PEREIRA **** Resumo: O conceito de paisagem pode ser trabalhado de uma maneira diferenciada a partir da concepção teórico-metodológica a ser seguida. Desta forma, este artigo tem como objetivo apresentar o conceito de paisagem segundo três concepções metodológicas distintas, a saber, a perspectiva sistêmica, fenomenológica e materialista histórica e aplicar estes conceitos no estudo de uma localidade, a bacia hidrográfica do Córrego da Malanda, situada em Presidente Prudente – SP – Brasil. Para isso, iniciamos esta abordagem metodológica com Bertrand (1969, 1998), Suertegaray (1987) e Sauer (1925). Percebemos que, a forma de observar a paisagem apresenta especificidades conforme a visão de mundo de cada autor, isso se reflete na linguagem e nos elementos a serem observados. Palavras-chave: Paisagem; método; Geografia. Resumen: El concepto de paisaje se puede elaborar de una manera diferente a partir de la concepción teorico-metodológica a ser seguida. De esta manera, este artículo tiene como objetivo presentar el concepto de paisaje según tres concepciones metodológicas distintas, a saber, sistémica, fenomenológica y materialista histórica y aplicar estos conceptos al estudio de un lugar, la cuenca hidrográfica del Malanda, situada en Presidente Prudente - SP - Brasil. Para esto, iniciamos este planteo metodológico con Bertrand (1969, 1998), Suertegaray (1987) y Sauer (1925). Percibimos que, la forma de observar el paisaje presenta particularidades de acuerdo con la visión del mundo de cada autor, esto se refleja en la lengua y en los elementos a ser observados. Palabras clave: Paisaje; método; Geografía. 1. Introdução Conforme Suetergaray (2000; 2002) o espaço geográfico pode ser lido através de diferentes conceitos: território, lugar, região, rede, ambiente, paisagem dentre outros. Cada um constitui um filtro que ressalta o que esse conceito indica, ou seja, uma dimensão do espaço, mas, segundo a autora, nenhum prescinde das determinações expressas em uns e em outros. Assim, o pensamento geográfico se expressa por um conjunto de conceitos que possuem níveis de abstração distintos e, por conseqüência, possibilidades operacionais também diferenciadas (SUERTEGARAY, 2000). Estas abordagens também podem apresentar análises diferentes conforme a concepção teórico- metodológica que embasa a interpretação do fenômeno, ou seja, o mesmo conceito possui conotações diferenciadas sob a corrente de pensamento hipotético-dedutiva, fenomenológica ou materialista- histórica, por exemplo. É neste contexto, que buscaremos enfocar o conceito de paisagem nos estudos geográficos, tendo por meta apresentá-lo como uma das possibilidades para a interpretação dos fenômenos geográficos. Corrêa e Rosendahl (1998, p.7) afirmam que “a paisagem tem-se constituído em um conceito- chave da geografia, tendo sido vista como conceito capaz de fornecer unidade e identidade à geografia num contexto de afirmação da disciplina”. Contudo, segundo estes autores, o conceito passou por processos de maior e menor significação ao longo da historia do pensamento geográfico, chegando a assumir, nos momentos em que outros conceitos se tornaram mais enfatizados, uma posição secundária. * Este texto refere-se ao trabalho final da disciplina “Geomorfologia e pedologia: análise integrada da paisagem”, ministrada pelo Prof. Dr. João Osvaldo Rodrigues Nunes, com colaboração da Prof. Dra. Maria Cristina Perusi no Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/ UNESP/ Presidente Prudente, no segundo semestre de 2005. ** Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP. E-mail: [email protected] . *** Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP. E-mail: [email protected] . **** Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP – Bolsista CAPES. E-mail: [email protected] .

Upload: filipe-maciel

Post on 04-Oct-2015

216 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • 109

    PAISAGEM: DIFERENTES OLHARES SOBRE O ESPAO GEOGRFICO*

    Hlio HIRAO** Marquiana de Freitas Vilas Boas GOMES***

    Martha Priscila Bezerra PEREIRA****

    Resumo: O conceito de paisagem pode ser trabalhado de uma maneira diferenciada a partir da concepo terico-metodolgica a ser seguida. Desta forma, este artigo tem como objetivo apresentar o conceito de paisagem segundo trs concepes metodolgicas distintas, a saber, a perspectiva sistmica, fenomenolgica e materialista histrica e aplicar estes conceitos no estudo de uma localidade, a bacia hidrogrfica do Crrego da Malanda, situada em Presidente Prudente SP Brasil. Para isso, iniciamos esta abordagem metodolgica com Bertrand (1969, 1998), Suertegaray (1987) e Sauer (1925). Percebemos que, a forma de observar a paisagem apresenta especificidades conforme a viso de mundo de cada autor, isso se reflete na linguagem e nos elementos a serem observados. Palavras-chave: Paisagem; mtodo; Geografia. Resumen: El concepto de paisaje se puede elaborar de una manera diferente a partir de la concepcin teorico-metodolgica a ser seguida. De esta manera, este artculo tiene como objetivo presentar el concepto de paisaje segn tres concepciones metodolgicas distintas, a saber, sistmica, fenomenolgica y materialista histrica y aplicar estos conceptos al estudio de un lugar, la cuenca hidrogrfica del Malanda, situada en Presidente Prudente - SP - Brasil. Para esto, iniciamos este planteo metodolgico con Bertrand (1969, 1998), Suertegaray (1987) y Sauer (1925). Percibimos que, la forma de observar el paisaje presenta particularidades de acuerdo con la visin del mundo de cada autor, esto se refleja en la lengua y en los elementos a ser observados. Palabras clave: Paisaje; mtodo; Geografa.

    1. Introduo

    Conforme Suetergaray (2000; 2002) o espao geogrfico pode ser lido atravs de diferentes conceitos: territrio, lugar, regio, rede, ambiente, paisagem dentre outros. Cada um constitui um filtro que ressalta o que esse conceito indica, ou seja, uma dimenso do espao, mas, segundo a autora, nenhum prescinde das determinaes expressas em uns e em outros.

    Assim, o pensamento geogrfico se expressa por um conjunto de conceitos que possuem nveis de abstrao distintos e, por conseqncia, possibilidades operacionais tambm diferenciadas (SUERTEGARAY, 2000).

    Estas abordagens tambm podem apresentar anlises diferentes conforme a concepo terico-metodolgica que embasa a interpretao do fenmeno, ou seja, o mesmo conceito possui conotaes diferenciadas sob a corrente de pensamento hipottico-dedutiva, fenomenolgica ou materialista-histrica, por exemplo. neste contexto, que buscaremos enfocar o conceito de paisagem nos estudos geogrficos, tendo por meta apresent-lo como uma das possibilidades para a interpretao dos fenmenos geogrficos.

    Corra e Rosendahl (1998, p.7) afirmam que a paisagem tem-se constitudo em um conceito-chave da geografia, tendo sido vista como conceito capaz de fornecer unidade e identidade geografia num contexto de afirmao da disciplina. Contudo, segundo estes autores, o conceito passou por processos de maior e menor significao ao longo da historia do pensamento geogrfico, chegando a assumir, nos momentos em que outros conceitos se tornaram mais enfatizados, uma posio secundria.

    * Este texto refere-se ao trabalho final da disciplina Geomorfologia e pedologia: anlise integrada da paisagem, ministrada pelo Prof. Dr. Joo Osvaldo Rodrigues Nunes, com colaborao da Prof. Dra. Maria Cristina Perusi no Programa de Ps-Graduao em Geografia da FCT/ UNESP/ Presidente Prudente, no segundo semestre de 2005. ** Doutorando no Programa de Ps-Graduao em Geografia da FCT/UNESP. E-mail: [email protected]. *** Doutoranda no Programa de Ps-Graduao em Geografia da FCT/UNESP. E-mail: [email protected]. **** Doutoranda no Programa de Ps-Graduao em Geografia da FCT/UNESP Bolsista CAPES. E-mail: [email protected].

  • Revista Formao, n13, p. 251 - 270

    110

    Isso ocorreu, sobretudo, durante o processo de renovao da geografia, aps a metade do sculo XX, quando outras bases filosficas comearam a subsidiar os trabalhos geogrficos contrapondo-se ao positivismo, anteriormente predominante.

    Este perodo de contestao na geografia foi salutar e necessrio, sobretudo, para trazer preocupao dos gegrafos, as questes sociais, que antes, salvo excees, era relegada a descrio sem reflexo crtica.

    Atualmente, continua-se o debate epistemolgico na Geografia, contudo, busca-se nesta cincia, resgatar os conceitos geogrficos clssicos a partir de novas acepes, e neste sentido, que o presente texto busca contribuir.

    Para tanto, o texto est divido em trs partes. Na primeira, apresentamos a proposta metodolgica de abordagem da temtica. Na segunda, busca-se elucidar a discusso do conceito de paisagem nas obras selecionadas. Na terceira, elaborada uma contextualizao da rea escolhida pelo grupo para anlise emprica, e nesse momento sero apontados alguns elementos de articulao entre os conceitos de paisagem e a localidade.

    2. Metodologia

    So vrios os trabalhos que tratam do conceito de paisagem, sobretudo, na utilizao deste conceito nas pesquisas geogrficas. Desta forma, a pretenso de enfocar esta discusso num artigo dessa natureza, impe a necessidade de escolhas, sem, contudo, comprometer a abordagem.

    Com isso, a fim de elucidar algumas leituras possveis sobre a paisagem nos estudos geogrficos, neste texto, iremos apresentar como este conceito visto pelos seguintes autores: Bertrand (1969 e 1998) na perspectiva sistmica, Sauer (1925) apud Corra e Rosendahl, 1998) com influncia fenomenolgica e Suertegaray (1987), que trabalha com a viso materialista- histrica.

    Compreendemos que existem outros autores e inclusive que a obra escolhida de cada autor no resume sua tendncia de pensamento, mas busca um dado contexto e momento especfico de sua trajetria intelectual. Mas, o desafio est justamente no fato de que cada autor escolhido observa a paisagem a partir de uma viso epistemolgica, ou seja, sob abordagens distintas, o que pode resultar no destaque diferenciado dos elementos da paisagem, e mesmo quando observados em conjunto, a maneira de entend-los ou de mensur-los em termos de importncia tambm pode ser divergente.

    Sendo assim, optamos por buscar estabelecer uma linha de raciocnio que pudesse demonstrar a importncia deste conceito para os estudos geogrficos, mediante a apresentao da discusso apresentada por alguns gegrafos e, a partir de cada proposta, para efeito didtico, buscar relacion-la para a leitura de uma rea de estudo A bacia hidrogrfica do Crrego da Malanda.

    3. Olhares sobre o espao geogrfico 3.1 A anlise da paisagem sobre a tica sistmica Bertrand

    Objetivando tratar como o conceito de paisagem abordado sob a perspectiva sistmica na Geografia, optamos por apresentar as proposies de Bertrand (1969; 1998).

    A abordagem sistmica aparece, nos estudos da natureza, j no sculo XIX, contudo, sua disseminao para outras reas, foi mais ampla aps a segunda guerra mundial, com a Teoria Geral de Sistemas proposta por Ludwig Von Bertalanffy1.

    Na Geografia, o paradigma sistmico foi introduzido objetivando fazer uma anlise integrativa da sociedade com a natureza. E nesta perspectiva que surge o conceito de geossistema, como uma unidade geogrfica sistmica, ou seja, um sistema de base territorial.

    O conceito foi empregado primeiramente, por Sotchava (1962), como substituio aos aspectos da dinmica biolgica dos ecossistemas e tinha como fundamento enfocar os aspectos integrados dos

    1 Este buscava uma linguagem cientfica que englobasse todos os campos do conhecimento, a Biologia, a Engenharia, a Fsica, a Matemtica, a Psicologia, as Cincias sociais, as Cincias da Terra entre outras. Para ele, o sistema se constitui como um conjunto de elementos em interao (Vicente; Perez Filho, 2003).

  • A. C. Leal et al. - Alternativas de organizao do trabalho e cooperativismo...

    111

    elementos naturais espacialmente, configurando-se num modelo global de apreenso da paisagem. (VICENTE; PEREZ FILHO, 2003; CHRISTOFOLETTI, 2002).

    Mais tarde, Bertrand (1969) desenvolve uma classificao para o geossistema sob unidades taxonmicas, buscando realizar uma leitura da paisagem mediante uma escala espao-temporal.

    Na reelaborao do conceito, Bertrand, reconhece a paisagem como uma expresso concreta da relao sociedade e natureza sob a perspectiva histrica, tendo como base a abordagem sistmica (VICENTE; PEREZ FILHO, 2003).

    Segundo Bertrand (1969, p. 2),

    a paisagem no a simples adio de elementos geogrficos disparatados. , numa determinada poro do espao, o resultado da combinao dinmica, portanto instvel, de elementos fsicos, biolgicos e antrpicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto nico e indissocivel, em perptua evoluo.

    O autor ainda ressalta que tratar da paisagem implica no s em considerar os seus aspectos

    naturais, mas tambm as implicaes das aes antrpicas. Para isso, um fator fundamental na anlise da paisagem a noo de escala temporal (herana histrica da paisagem) e espacial (interao entre os geossistemas).

    Geralmente, segundo Bertrand (1969), a classificao da paisagem realizada a partir de um sistema de delimitao formado por unidades homogneas e hierarquizadas, conforme as escalas de anlise. Contudo, muitas vezes, estas delimitaes acabam sendo arbitrrias.

    Sendo assim, Bertrand (1969) afirma ser necessrio pensar a paisagem sob uma perspectiva global, na qual, a delimitao deve ser apenas um meio de aproximao com a realidade geogrfica, o resultado disso ser a sntese da paisagem.

    Reforando a questo da escala espao-temporal o autor ressalta que:

    o sistema taxonmico deve permitir classificar as paisagens em funo da escala, isto , situ-las na dupla perspectiva tempo e do espao (....). Existem para cada ordem de fenmenos incios de manifestao e de extino e por eles pode-se legitimar a delimitao sistemtica das paisagens em unidades hierarquizadas.(...) Isso nos leva a dizer que a definio de uma paisagem funo da escala (BERTRAND, 1969, p. 09).

    Nesta perspectiva, Bertrand (1969), estabeleceu um sistema de classificao em seis nveis: zona,

    domnio e regio natural (as unidades superiores); o geossistema, geofcies e o getopo (as unidades inferiores), conforme quadro 01.

    Quadro 1: Proposta de classificao da paisagem de Bertrand Unidades Elementares Unida

    des da paisagem

    Escala Temporo-Espacial (A. Calieux J. Tricart)

    Exemplo Tomado numa mesma srie de paisagem

    Relevo (1)

    Clima (2)

    Botni- ca

    Biogeogra- fia

    Unidade trabalhada pelo homem (D)

    Zon

    a

    G: grandeza G. I

    Temperada Zonal Bioma Zona

    Dom

    nio

    G. II Cantbrio

    Dom

    nio

    E

    stru

    tura

    l

    Regional Domnio Regio

    Reg

    io

    Nat

    ural

    G. III-IV Picos da Europa

    Reg

    io

    Est

    rutu

    ral

    Andar Srie

    Quarteiro rural ou urbano

  • Revista Formao, n13, p. 251 - 270

    112

    Geo

    sist

    ema

    G. IV - V Geosistema atlntico montanhs (calcrio sombreado com faia higrfila a Asprula odorataem terra fusca U

    nida

    de e

    stru

    tura

    l

    Local Zona equipoten- cial

    Geo

    fci

    es

    G. VI Prado de ceifa com Moinho-Arrhenatheretea em solo lixiviado hidromrfico formado em um depsito morainico

    Estdio Agrupa-mento

    Explorao ou quarteiro parcelado (pequena ilha em cidade)

    Ge

    topo

    G.VII Lapiesde dissoluo com Aspidium Lonchitis em microsolo mido carbonatado em bolsas.

    Micro- clima

    Bitopo Biocenose

    Parcela (casa em cidade

    As correspondncias entre as unidades so muito aproximativas e dadas somente a titulo de exemplo. 1.Conforme A. Cailleux J. Tricart e G.Viers; 3 Conforme R. Brunet 2. Conforme M. Sorre. Fonte: Bertrand (1969, p. 12).

    Dentre esses nveis, o autor afirma que o geossistema constitui-se no nvel de maior interesse para o gegrafo, uma vez que ele varia de uma unidade dimensional de alguns quilmetros quadrados para algumas centenas de quilmetros quadrados, e, portanto, compatvel com a escala humana.

    Segundo o autor, o geossistema resulta da combinao dinmica dos elementos fsicos, biolgicos e antrpicos (figura 01).

    Fonte: Bertrand (1969) apud RAE GA, Curitiba, 2004, p.146

    Assim, o geossistema dinmico e como tal no apresenta necessariamente uma grande

    homogeneidade fisionmica. Estas paisagens diferentes constituem-se em diversos estgios de evoluo do geossistema. Cada uma delas se une numa famlia geogrfica: o geofcies e o getopo. O primeiro configura-se em uma unidade fisionmica homognea onde se desenvolve uma mesma fase de evoluo geral do geossistema, enquanto que o segundo a menor unidade geogrfica homognea discernvel no terreno (BERTRAND, 1969, p. 15 -17).

    A diferena de anlise quando se considera a paisagem na sua dinamicidade est no fato de superar a anlise do fenmeno em si mesmo. Ao analisar, por exemplo, um sistema de eroso, alm do sistema natural de evoluo ligada a geomorfologia e solos, levar-se-ia em conta outros processos, tais como os antrpicos, que, poderiam ser mais determinantes que os primeiros.

    Assim, o geossistema constitui um sistema onde interagem os elementos humanos, fsicos, qumicos e biolgicos, sendo que os elementos humanos entram no funcionamento do sistema como "inputs", interferindo nos processos de fluxos de matria e energia do sistema natural (MONTEIRO, 2000)

  • A. C. Leal et al. - Alternativas de organizao do trabalho e cooperativismo...

    113

    Segundo Bertrand (1969) a complexidade est no fato da estrutura e a dinmica das unidades mudarem com a escala.

    No tocante ao equilbrio do ambiente, Bertrand (1969), baseando-se na teoria da bioestasia de Erhart, aplica os conceitos de bioestasia (equilbrio) e resistasia (desequilbrio).

    Conforme Vicente; Perez Filho (2003, p.336),

    o biologismo da classificao de Erhart, utilizado por Bertrand, acha contraponto nos estudos de Tricart (1977), que trabalha a noo de equilbrio atravs de uma classificao em trs estgios: meios estveis, meios intergrades e meios instveis. (sic).

    A diferena est nos meios intergrades, dando uma conotao de processo contnuo de

    transformao do meio. Contudo, a dificuldade da aplicao do conceito de geossistema fez Bertrand reapresent-lo

    como um modelo terico da paisagem. Segundo Vicente; Perez Filho (2003) isso ocorre devido a no considerao por este autor da

    idia de sistema, como ela , ou seja, um modelo terico-conceitual que toma forma mediante abstraes peculiares.

    Essa abordagem, enquanto modelo, inviabiliza sua utilizao em determinados ambientes, onde a vegetao ou o solo no se colocam como elementos-chave, e o nvel de antropizao to alto que no h como estabelecer o que seria um ambiente estvel ou bioestsico, subtraindo, portanto, o carter de modelo geogrfico global de apreenso do ambiente, que por vezes, fora atribudo ao mesmo (VICENTE; PEREZ FILHO, 2003, p.337).

    Assim, Bertrand (1998) rev a sua proposta inicial sobre geossistema (1969) sob a perspectiva

    temporal. Segundo o autor, o geossistema possui a dimenso espacial, mas para anlise do territrio necessrio considerar o tempo. Nas palavras do autor:

    Precisamos trabalhar com o tempo na histria do geossistema e analisar as mudanas. (...).A memria do geossistema importante. H certos geossistemas que conservam a memria do estado anterior. Outros, ao contrrio, mudam rapidamente. Ento, de fato, vamos tentar analisar o geossistema, o funcionamento do geossitema no tempo, no chegamos l ainda (BERTRAND, 1998, p.151- 152).

    Nesta nova abordagem, Bertrand (1998, p. 148) faz uma analise geogrfica do meio ambiente, atravs da anlise do territrio, do espao, mediante um sistema tripolar, no qual se pode entrar no territrio por 3 modos. Uma entrada naturalista, que dever compreender o funcionamento integrado dos elementos naturais. Uma segunda entrada, pela gesto do meio ambiente, que , essencialmente, econmica ou scio-econmica; e a terceira, que cultural, o conceito de paisagem, no qual, ver-se- como esses conjuntos fsicos so vistos, percebidos e representados pelos homens.

    Essas trs entradas diferentes podero ser vistas separadamente ou em conjunto, mas hierarquizando-as em funo da questo colocada. Com isso, possvel cobrir o conjunto do meio ambiente.

    Dentro desta nova concepo do sistema, Bertrand v na paisagem um instrumento no s cientfico, mas de dilogo, no qual, busca-se entender a diversidade, como as pessoas se organizam, constroem sua identidade, representam seu espao, entre outros.

    Uma dessas entradas abordadas por Bertrand (1998), o aspecto o cultural, ser melhor trabalhado no prximo tpico, que trata da paisagem vista pela perspectiva fenomenolgica, pelo olhar de Carl Sauer. 3.2 Morfologia da paisagem Carl Sauer

    O enfoque do conceito de paisagem de Sauer baseado no texto Morfologia da paisagem,

    publicado em 1925. Para Corra e Rosendahl (1998) este estudo constitui-se numa oposio viso determinista da

    escola geogrfica norte-americana e numa antecipao da geografia cultural.

  • Revista Formao, n13, p. 251 - 270

    114

    Considerando a cincia como um processo organizado de aquisio do conhecimento, Sauer (1998) avana suas anlises preocupando-se no apenas nos contedos dos fenmenos da natureza, mas nas suas conexes, suas associaes e suas interdependncias.

    A geografia no ficava mais apenas na descrio, considerava tambm, a anlise e a reflexo: um sistema crtico que envolve a fenomenologia da paisagem.

    Portanto, para este autor o conceito de paisagem est vinculado associao geogrfica dos fatos, composta de formas ao mesmo tempo fsicas e culturais relacionados ao lugar e de importncia para o homem.

    Para Sauer (1998), a paisagem tambm est vinculada a relaes associadas ao tempo e ao espao num processo constante de desenvolvimento ou dissoluo e substituio. A ao do homem sobre a paisagem natural se expressa na paisagem cultural. Esta paisagem estaria sujeita as mudanas pelo desenvolvimento da cultura ou pela substituio destas.

    A Paisagem cultural est relacionada base fsica: qualidades desta forma, e cultura humana: formas de uso. Toda a ao humana sobre uma rea em busca do habitat, alterando ou destruindo constitui-se numa expresso cultural.

    Essas paisagens sofrero mudanas, e a permanncia, a reconstruo ou a destruio sero preocupaes da geografia histrica.

    Para Claval (2002), na Geografia Clssica, a relao cultura e paisagem referem-se ao conjunto das modificaes que o homem realiza no meio ambiente nas suas atividades produtivas. Sauer e os gegrafos alemes preocupavam-se com o impacto que a interveno humana causava na paisagem promovendo devastaes ou modificaes na sua composio natural ou construda.

    Segundo Claval (2002), a renovao da geografia cultural acompanha as transformaes das relaes, no qual os valores de troca passam a predominar sobre o valor de uso. A cultura est relacionada ao acmulo e a produo de conhecimento e suas representaes transmitidas entre geraes ou entre pessoas da mesma idade. Os meios de comunicao assumem grande importncia no mundo contemporneo. O espao e o ambiente intervm por meio destes sistemas de comunicaes. A paisagem registra a marca das culturas, tanto a funcional como a simblica, e a mediadora das transmisses de valores.

    Nestes processos espaciais podemos ter a presena ou ausncia da infra-estrutura de transmisso e comunicao em funo do desenvolvimento tcnico dos transportes e das comunicaes. Nesta evoluo, dominada pela troca, o nmero de pessoas que exploram diretamente os recursos diminui.

    Esta dinmica dos fatos culturais resulta em dois caminhos: o da uniformizao e o da diversidade. O primeiro caracterizado pela padronizao da paisagem e como conseqncia ocorre seu empobrecimento. O segundo caracteriza-se pela riqueza das vrias identidades culturais

    Ao associarmos este texto clssico de Sauer (1998) com um contemporneo, o de Yazigi (2002), por exemplo, permite algumas reflexes importantes.

    Eduardo Yazigi em seu texto, A Importncia da Paisagem, coloca a perspectiva da paisagem dos Arquitetos, que conscientemente ou no so fazedores de paisagem.

    Este autor cita o socilogo Ruskin, ligado ao urbanismo modernista culturalista, que aponta para a estreita ligao entre as paisagens e as edificaes que lhe do alma, qualificando estas formas. E na cidade que encontramos a profuso de formas arquitetnicas reveladoras de histria, tecnologia e virtudes estticas.

    A evoluo da histria caracterizada por permanncias e superaes dentro da cidade. Uma das preocupaes de quem estuda a Paisagem Cultural buscar entender a dinmica da concepo de novos usos a formas antigas inadequadas.

    Na produo das formas ligada aos programas arquitetnicos, esses fazedores de paisagem tero como referncia: razes vernaculares, a relao arquitetura e natureza, criar com ou sem compromisso com a natureza, ou estar vinculado a padres globais produzindo paisagens homogneas.

    Nesse processo, a substituio de uma paisagem histrica por uma paisagem homognea pode estar relacionada a uma suposta ordem de modernidade e a uma afirmao cultural poltica e econmica.

    Observa-se neste item que h grande nfase ao aspecto humano enquanto construtor de paisagem. No prximo tpico, teremos uma abordagem que busca a relao dialtica entre a gnese e o

  • A. C. Leal et al. - Alternativas de organizao do trabalho e cooperativismo...

    115

    desenvolvimento da paisagem a partir da tenso entre o tempo geolgico (natureza) e o tempo histrico (sociedade).

    3.3 A trajetria da paisagem Dirce Suetergaray.

    Para resgatar o conceito de paisagem segundo a concepo materialista histrica ser analisado o conceito de paisagem a partir de uma pesquisa da Profa. Dirce Maria Antunes Suetergaray.

    Em Trajetria da natureza: um estudo geomorfolgico sobre os areais do Quarai RS, esta autora tem como objetivo analisar a degradao ambiental em reas com ocorrncia de manchas de areais no Sudoeste do Rio Grande do Sul, reas tipicamente de pastoreio e predomnio da grande propriedade, procurando identificar a ocorrncia e a gnese desse processo.

    Inicialmente Suetergaray fez um resgate dos estudos que entendem a transformao da natureza como decorrente tanto de uma evoluo natural como de uma formao social, tendo suas bases conceituais relacionadas Geomorfologia Ambiental.

    No dizer da autora:

    Pretende-se, (...) vencendo a concepo sistmica, que visa o conhecimento da natureza com vistas otimizao na explorao dos recursos, atingir a compreenso da origem e/ou expanso dos areais como decorrente da produo da natureza atravs da dialtica relao social: homem x natureza (SUETERGARAY, 1987, p.25).

    Quando esta autora prope estudar essa relao entre a natureza e a sociedade esclarece que est

    se observando duas escalas temporais completamente diferentes: a da natureza, inserida no tempo geolgico, e a da sociedade pertencente a um tempo histrico. Apesar dessa diferena temporal, s possvel compreender a degradao ambiental quando se concebe a unidade contraditria do homem com a natureza, que se transformam pelo trabalho.

    Aps estabelecer as bases em que vai basear seu estudo, Suetergaray (1987) procura compreender um pouco do tema de investigao a partir de notcias de jornais, revistas e livros que falam sobre os temas: areais, desertos do sudoeste do RS, etc.

    Como foi mencionada anteriormente, a autora busca realizar um estudo abrangendo a dimenso da natureza e da sociedade, e entende o conjunto paisagstico da seguinte forma:

    Unidade fisionmica que associa ao observador os aspectos na natureza. Trata-se, portanto de uma descrio aparente ainda que reconhecendo este como resultado de um processo (SUETERGARAY, 1987, p. 61)

    No que diz respeito dimenso da natureza a metodologia utilizada tem por base a proposta de

    AbSaber (1969) nos estudos sobre o quaternrio, no qual busca sublinhar trs nveis de tratamento da paisagem: a compartimentao geogrfica, a estrutura superficial e a fisiologia da paisagem.

    Dessa forma, ela observa na compartimentao geogrfica, a unidade da Regio Sudoeste do Rio Grande do Sul, no qual buscou identificar os grandes compartimentos de relevo e as principais reas de ocorrncia de manchas de areia dessa regio. Por sua vez, na anlise da estrutura superficial, a autora procurou fazer uma anlise da formao geolgico-geomorfolgica do relevo e apreender os processos de formao desses areais. Enquanto que na anlise da fisiologia da paisagem, identificou os processos hdricos e elicos que, atuando sobre as manchas de areia, contribuem para a manuteno ou expanso dessas reas (quadro 2).

    Com relao dimenso social foram consideradas duas questes primordiais: a dinmica e estruturao da natureza local, com o objetivo de fornecer os limites da paisagem enquanto recurso para utilizao humana, e formao territorial desse espao que possibilita o aprofundamento da compreenso da natureza pelo trabalho (quadro 3).

    Quadro 2: Elementos da dimenso natural consierados no estudo dos areais do Quarai-RS

    DIMENSO NATURAL COMPARTIMENTAO

    GEOGRFICA ESTRUTURA SUPERFICIAL FISIOLOGIA DA PAISAGEM

    Delimitao das reas que tem areais no sudoeste do Rio Grande do Sul

    Anlise geomorfolgica do municpio do Quarai que apresenta as manchas de

    Anlise geomorfolgica em escala local, atravs de um controle da dinmica da eroso

  • Revista Formao, n13, p. 251 - 270

    116

    (morfoestrutura) areais (estrutura superficial da paisagem)

    com base em dois estudos sobre processos de eroso em vertentes: a eroso hdrica e elica. (fisiologia da paisagem)

    - Observao de aspectos geolgicos, geomorfolgicos e climticos; - Identificao e apresentao dos principais areais da regio; - Localizao relativa e absoluta desses areais; - Caracterizao da unidade geomorfolgica; -Elaborao de mapas de localizao e da altimetria; - Elaborao de perfil Geolgico-Geomorfolgico; - Levantamento bibliogrfico sobre quem estudou os areais no Sudoeste do Rio Grande do Sul

    - Observao de aspectos geolgicos, geomorfolgicos e climticos locais; - Anlise morfomtrica (declividade e hipsometria) alm do estudo da rede de drenagens atravs de cartas topogrficas; - A partir dos primeiros itens: elaborao de carta geolgica e morfomtrica; - Anlise de fotografias areas, objetivando uma classificao das formas de relevo (topos, superfcies de cimeira, escarpa, colos, etc.); - Controle de campo; - Trabalho de campo para analisar formas antigas e recentes presentes na paisagem; - anlise de documentos de apoio produzidos e dos dados de campo; - elaborao de carta geomorfolgica com dados da morfoestrutura e morfoescultura.

    - Localizao absoluta e relativa da rea; - Geomorfologia; - Extenso; - Limites; - Formao geolgica predominante; - Topografia local; - Vegetao; - Vertentes; Por que os areais concentram-se em alguns locais e no em outros, ao longo de toda a extenso arentica? - Foi realizado aprofundamento do estudo geolgico; Qual a razo da fragilidade das reas onde ocorrem areais no municpio? - Foi respondida com base em 2 escalas: ao nvel sub-regional (sedimentos que sofreram reduzido processo de diagnese) e ao nvel regional (reconstituio paleo-climtica); Por que o escoamento superficial (promovendo ravinas e voorocas) no atingiu a totalidade da rea de ocorrncia da unidade B, formao aqui definida como mais vulnervel, devido ao alto teor de areia nesses depsitos? - Observao da inclinao pois, quanto maior a inclinao, menor a pedognese e menos vegetao. - Comparao entre o clima e a dinmica mofogentica dos areais.

    Fonte: Suetergaray (1987) Organizao: Martha Priscila Bezerra Pereira.

    Quadro 3: Elementos da dimenso social considerados no estudo dos areais do Quarai-RS

    DIMENSO SOCIAL DINMICA E ESTRUTURAO DA

    NATUREZA LOCAL FORMAO TERRITORIAL DO ESPAO

    Delimitao da paisagem enquanto recurso para utilizao humana.

    Aprofundamento da compreenso da produo da natureza pelo trabalho.

    - Histrico da rea (como foi o processo de ocupao? Em que contexto?); - Atividades desenvolvidas (pecuria, agricultura familiar); - Relaes de trabalho; - Estgio de intensificao das atividades (grau de modernizao); -Caracterizao da rea quanto forma de utilizao do espao (como o areal utilizado no dia a dia,?Qual sua funo); - Perspectiva do uso social e econmico da rea.

    - Como se d a apropriao da natureza, do espao (se d de forma diferenciada pelo fazendeiro e pelo chacreiro); - Periodizao da formao scio-espacial regional (natureza enquanto recurso/ natureza explorada/ natureza enquanto valor);

    Fonte: Suetergaray (1987) Organizao: Martha Priscila Bezerra Pereira.

    A maneira como Suetergaray (1987) analisou a paisagem, privilegiando tanto aspectos naturais

    quanto humanos, forneceu subsdios para algumas consideraes: a) os areais tm origem natural; b) so poucas as evidncias de que a apropriao da natureza pelo homem tenha influenciado no aumento da rea dos areais; e c) nos casos em que o homem influenciou no aumento dos areais, este se deve provavelmente ao desenvolvimento de agricultura comercial (arroz e soja), mas necessrio um maior aprofundamento para confirmao deste dado.

    A partir dessas trs perspectivas de paisagem, buscaremos no prximo item apresentar a rea que servir de ilustrao seguida de uma aplicao dos conceitos discutidos neste tpico.

  • A. C. Leal et al. - Alternativas de organizao do trabalho e cooperativismo...

    117

    4. Base emprica para ilustrao de aplicao do conceito de paisagem Bacia Hidrogrfica da Malanda

    Pode-se observar nas discusses apresentadas anteriormente, sendo um conceito clssico na

    geografia, o enfoque sobre a paisagem possui especificidades conforme a linha de discusso, mas uma das caractersticas que se mantm nas abordagens diz respeito sua materialidade. Assim, embora haja diferenas na conduo do olhar, nenhuma anlise exclui uma das dimenses do conceito, qual sejam, elementos observveis na realidade que permitem fazer da paisagem um conceito operacional da geografia.

    Sendo assim, uma primeira observao da realidade, atravs da sua paisagem indica, mesmo que superficialmente, alguns direcionamentos para a pesquisa. Isso porque, conforme Santos (1997, p. 66) uma paisagem uma escrita sobre a outra, um conjunto de objetos que tm idades diferentes, uma herana de muitos diferentes momentos.

    Apoiando-se na concepo de Santos (1997), Gomes; Turra Neto (2004) afirmam ainda que:

    A paisagem resultado tambm das condies econmicas, polticas e culturais, que deixam sua marca impressa, mas so mais difceis de serem visualizadas de imediato, por isso exigem um exame e uma interpretao mais cuidadosa, que remonta a reconstituio deste espao por meio das memrias individuais e coletivas.

    Portanto, a metodologia de investigao da realidade, tendo como porta de entrada a paisagem,

    resultar num grande volume de informaes na medida em que se aprofunda no universo pesquisado. Contudo, isso depender da definio clara do problema, melhor dizendo, dos recortes temtico, espacial e temporal a serem analisados.

    Conforme a abordagem e mtodo adotados implicaro em recortes diferenciados, isto , a encaminhamentos distintos, isto porque a analise sob os enfoques sistmico, fenomenolgico ou do materialismo-histrico, mesmo sendo atravs de um mesmo conceito, no destacaro os mesmos elementos e relaes, dado a especificidade de cada um.

    Diante disso, tendo como definio temtica questo ambiental, a escolha de uma rea que pudesse oferecer, neste texto, elementos empricos para elucidao do conceito da paisagem nestas diferentes abordagens no foi algo fcil nem to pouco aleatrio, sobretudo, no que diz respeito ao recorte espacial.

    Afinal, se consideramos muito didtico discutir problemas ambientais sob a viso sistmica, tendo como objeto uma bacia hidrogrfica, no podemos afirmar que esta delimitao deixar mais claro o entendimento da utilizao do conceito de paisagem na abordagem fenomenolgica ou do materialismo-histrico, uma vez que estes mtodos, necessariamente, no prescindem de um suporte fsico para analise, mas, sobretudo das relaes sociais estabelecidas que, por vezes, extrapolam os limites da bacia hidrogrfica escolhida para ilustrao.

    Assim, importante salientar que ao utilizarmos desta delimitao para discutirmos o entendimento do espao geogrfico a partir da leitura da paisagem, apenas desejamos fazer uma exposio didtica que nos permita exercitar a observao da paisagem sob os trs enfoques supracitados, mas no pretendemos dar conta de todos os processos ambientais nela identificados, pois conduziria a outras discusses que no teramos espao neste texto, por isso, nos limitaremos a apresentar algumas informaes e contextualizaes da bacia que dar ao leitor uma idia geral da rea.

    A Bacia Hidrogrfica do Crrego da Malanda faz parte da Bacia Hidrogrfica do Rio Santo Anastcio, que responsvel por parte do abastecimento de gua de Presidente Prudente (SP) e est localizada no limite urbano da cidade (figura 01).

    As atividades agrcolas e a expanso urbana na rea tm contribudo para um intenso processo de degradao ambiental (ELIAS,1998; SILVA, 1998a; SILVA, 1998b). Dentre eles destacam-se: os intensos assoreamentos dos crregos, a ausncia de matas ciliares, de arborizao, poluio hdrica atravs do lanamento de lixos domsticos e entulhos, a no pavimentao das ruas dos bairros, adensamento populacional, entre outros (GOMES, 2002).

  • Revista Formao, n13, p. 251 - 270

    118

    Figura 01: Localizao do Crrego da Malanda Estes processos vm se agravando na medida em que ocorre a expanso urbana, pois a retirada

    da cobertura vegetal desprotege ainda mais o solo que possui alta suscetibilidade eroso. Alm disso, a prtica de diferentes agentes sociais (empreendedores imobilirios, agricultores, populao, poder pblico) corrobora para o aumento da poluio hdrica e degradao da bacia, ora pelo lanamento de efluentes industriais, esgoto e lixo domstico, entulhos etc., nos cursos dgua, ora pela ocupao e uso do solo em reas de preservao permanente, retirada da cobertura vegetal, implantao de empreendimentos que no so adequados s condies fsicas das reas (GOMES, 2002).

    Um outro problema destacado na bacia diz respeito aos loteamentos Mar Mansa e Jardins Novo Bongiovani implantados na rea, responsveis pelo aumento da eroso e pelo soterramento de nascentes, e, conseqentemente, para a degradao das guas dos crregos (GOMES, 2002).

    Neste contexto, possvel afirmar que entender os processos relacionados degradao ambiental da rea, numa perspectiva geogrfica, demanda uma interpretao envolvendo a dinmica da natureza e sociedade, uma anlise que poder ser iniciada pela leitura da paisagem em diferentes abordagens epistemolgicas, cuja escolha poder destacar alguns elementos em detrimentos de outros, conforme veremos a seguir.

    4.1 Diferentes olhares sobre o Crrego da Malanada

    Neste tpico teremos a possibilidade de observar a Bacia Hidrogrfica do Crrego da Malanda a partir das trs concepes apontadas durante todo o texto.

  • A. C. Leal et al. - Alternativas de organizao do trabalho e cooperativismo...

    119

    A partir da perspectiva sistmica poderamos inicialmente elaborar uma classificao a partir de nveis (adaptando o sistema de classificao de Bertrand, 1969) no qual a Bacia Hidrogrfica do Crrego da Malanda teria as unidades divididas conforme o quadro 4.

    Quadro 4: Classificao da rea adotada como exemplo conforme proposta de Bertrand (1969)

    CLASSIFICAO BERTRAND (1969)

    EXEMPLO EMPRICO

    Zona Intertropical Domnio Planaltos da Bacia do Paran Regio Natural Zona de Transio entre domnios

    morfoclimticos (de araucrias, cerrado e Mares de Morros) Bacia Sedimentar. rea conhecida como Regio do Pontal do Paranapanema

    Geossistema Bacia do Crrego da Malanda afluente da Bacia do Rio Santo Anastcio (Figura 01)

    Geofcies Quarteiro do Bairro Bongiovanni Geotopo Processo de ravinamento na vertente da

    rua do Bairro Adaptao da proposta de Bertrand (1969)

    Organizao: GOMES (2005)

    Considerando a perspectiva sistmica a partir de Bertrand (1998, p.151), alm de nos preocuparmos com a interrelao dos elementos naturais e, suas respostas a ao antrpica, necessrio resgatar a memria da paisagem, no qual dever-se- reconhecer o tempo, como temporalidade, a velocidade da evoluo, a durao, o ritmo, a fenomenologia: (...) preciso ligar os tipos de tempo... h o tempo linear, da evoluo, e depois, o tempo circular das estaes.

    Uma breve observao sobre as transformaes urbanas ocorridas na rea, sobretudo com relao a expanso urbana, nos ltimos 15 anos, j nos remete a esta dinamicidade da paisagem e, o papel preponderante do tempo, nas mudanas espaciais (figura 02).

    Estas mudanas scio espaciais interferem sobremaneira na dinmica hidrolgica da bacia, afetando o funcionamento do ciclo hidrolgico, uma vez que o adensamento das edificaes que provoca a impermeabilizao do solo, juntamente com a reduo da cobertura vegetal, diminuem a capacidade de infiltrao e, conseqentemente aumentam o escoamento superficial que por sua vez aumenta a enxurrada e a eroso na vertente.

    Tambm h conseqncias para a morfologia do canal, no que diz respeito ao alargamento do mesmo. Alm disso, a retirada de gua para consumo urbano diminui o dbito nos canais, mesmo com o retorno de guas utilizadas, as quais via de regra carrega consigo quantidades de materiais slidos e qumicos que alteram a qualidade hdrica. A intensificao desse processo sem medidas externas de recuperao do ambiente poder provocar desequilbrios irreversveis.

    No caso especifico da bacia hidrogrfica do Crrego da Malanda, ainda vale salientar, o problema da implantao dos loteamentos em reas que possuam uma grande quantidade de nascentes. Conduta que se manteve na rea, pelos empreendedores imobiliria, embora questionada por tcnicos e pela promotoria do meio ambiente.

  • Revista Formao, n13, p. 251 - 270

    120

    Tal exemplo nos remete a necessidade do dilogo mais profundo sobre as complexas dimenses envolventes da problemtica ambiental, j que no s se restringe a produo de conhecimentos tcnicos, mas tambm culturais, sociais e polticos.

    Assim, conforme Bertrand (1998) h geossistemas que conservam a memria do estado anterior, outros, mudam rapidamente. Para estud-los necessrio desenvolver vrios trabalhos, ou seja, novas questes devem ser colocadas sob a luz de uma prtica interdisciplinar.

    Enquanto Bertrand (1998) considera o meio natural, a gesto do meio ambiente e o aspecto cultural, Sauer (1925 apud Corra e Rosendalh, 1998) visualiza a paisagem a partir das qualidades das formas da base fsica e as maneiras como elas so usadas.

    Assim sendo, uma anlise preliminar aplicando o estudo de Sauer, associada a algumas idias de Claval e de Yazigi ao Loteamento Mar Mansa (inserido na Bacia Hidrogrfica do Crrego da Malanda, em Presidente Prudente), permite algumas associaes analticas.

    Este loteamento implantado sobre uma paisagem natural, com suas casas homogneas com o mesmo espao, programa e forma arquitetnica, segundo princpios do urbanismo modernista progressista foi imposto ao habitante. Ignora as caractersticas culturais individuais que cada um carrega (foto 1)

    Sua reao de uso motivada pela diferenciao cultural transformou as formas originais. Cada qual reformou sua casa de acordo com suas referncias culturais, seus hbitos, anseios e costumes (foto 2).

    Esta primeira anlise mais ao nvel da percepo visual constata interferncias do usurio em pouco tempo de utilizao, iniciando-se nos gradis do alinhamento do terreno, e na medida em que as condies econmicas permitirem adequar as formas da edificao s suas necessidades programticas e culturais.

    Outro aspecto importante o reflexo da implantao de um loteamento em uma rea de grande risco ambiental, lugar de nascentes e de solo frgil para este uso, perceptvel pela na rea de acesso ao local (foto 3).

  • A. C. Leal et al. - Alternativas de organizao do trabalho e cooperativismo...

    121

    A interveno do homem no meio natural sem compromissos com as variveis do local pode ocasionar grandes riscos para uma comunidade. Esses problemas vo se associando a outros podendo gerar um estgio catico para a sobrevivncia humana.

    Se a cincia um processo organizado de aquisio e acumulao de conhecimento, a paisagem cultural deve relacionar formas e qualidades fsicas a usos adequados em busca do habitat.

    At o momento tivemos duas perspectivas no qual a primeira, relacionada viso geossistmica, permite ver a Bacia Hidrogrfica do Crrego da Malanda como um todo, e sua paisagem visualizada a partir de um recorte espacial bem definido, a bacia hidrogrfica, representada num mapa.

    Na segunda a partir da viso fenomenolgica, devido ao entendimento da paisagem a partir de um recorte espacial menor, de acordo com as qualidades das formas da base fsica e como elas so utilizadas, a paisagem a ser visualizada tambm difere, sendo observada a partir da fotografia vertical e que localiza um aspecto da paisagem que foi transformada pelo homem, apesar de considerar que essa transformao ocorre em uma base fsica.

    Nesta terceira perspectiva, a do entendimento da paisagem a partir do materialismo-histrico, a mesma concebida a partir da observao do resultado da transformao da natureza em seu aspecto natural e humano, formando uma nova natureza. Esta paisagem pode ser demonstrada a partir de um recorte espacial no qual se visualiza vrias escalas, sendo a imagem de foto area ou vertical utilizadas para demonstrao dos indcios dessa nova natureza, porm pode-se prescindir da imagem e dar nfase discusso dos processos ocorridos para que se estabelecessem essas novas configuraes territoriais.

    Apesar da prpria autora (SUETERGARAY, 1987) afirmar que no conseguiu formular uma metodologia para um estudo geomorfolgico por ela pretendido, tentamos adaptar essa maneira de visualizar a relao homem natureza para o estudo da Bacia Hidrogrfica do Crrego Malanda.

    Como j apresentada anteriormente, essa rea constitui em uma bacia hidrogrfica, e no um areal como foi o caso do estudo da autora, porm podemos buscar alguns eixos norteadores para tentar realizar essa simulao.

    Foto 1: Incio do loteamento. Foto: Boin, 2000.

    Foto 2: Loteamento de acordo com modificaes humanas. Foto: Hirao, 2005.

    Foto 3: Estrada de acesso ao loteamento Mar Mansa. Paisagem modificada pelo homem gerando riscos ambientais. Foto: Hirao, 2005.

  • Revista Formao, n13, p. 251 - 270

    122

    Tendo como suposto objetivo trabalhar a relao sociedade natureza na Bacia Hidrogrfica do Crrego Malanda, poder-se-ia na dimenso da natureza aproveitar os nveis contemplados por AbSaber (1969) estudando essa rea a partir de trs nveis de tratamento da paisagem: a compartimentao geogrfica, a estrutura superficial e a fisiologia da paisagem. Sendo no nvel da compartimentao geogrficas privilegiadas, informaes relacionadas regio do Pontal do Paranapanema. Com relao estrutura superficial o conjunto de micro-bacias que formam a bacia hidrogrfica do Rio Santo Anastcio. E no que diz respeito fisiologia da paisagem a micro-bacia do Crrego da Malanda propriamente dito (quadro 5).

    Quadro 5: Elementos da dimenso natural considerados no estudo da bacia hidrogrfica do Crrego da Malanda

    Presidente Prudente - SP DIMENSO NATURAL

    COMPARTIMENTAO

    GEOGRFICA ESTRUTURA SUPERFICIAL FISIOLOGIA DA PAISAGEM

    Regio do Pontal do Paranapanema

    Bacia Hidrogrfica do rio Santo Anastcio

    Bacia Hidrogrfica do Crrego da Malanda

    - Delimitao da rede hidrogrfica da regio; - Observao de aspectos geolgicos, geomorfolgicos e climticos; - Identificao e apresentao das principais bacias hidrogrficas da regio; - Localizao (relativa e absoluta); - Unidade Geomorfolgica; - Mapas de localizao e da altimetria; - Perfil geolgico-geomorfolgico; - Levantamento bibliogrfico de quem estudou bacias hidrogrficas na regio.

    - Observao de aspectos geolgicos, geomorfolgicos e climticos locais; - Anlise morfomtrica (declividade e hipsometria); - Estudo da rede de drenagem atravs de cartas topogrficas; - A partir dos primeiros itens: elaborao de cartas geolgica e morfomtrica; - Anlise de fotos areas objetivando uma classificao das bacias hidrogrficas; - Controle de campo; - Trabalho de campo para observar a relao sociedade-natureza; - Anlise dos documentos de apoio produzidos e dos dados de campo; - Elaborao de carta geomorfolgica com dados da morfoestrutura e morfoescultura.

    - Localizao absoluta e relativa da rea; - Geomorfologia; - Padro de drenagem; - Extenso; - Limites; - Formao geolgica e geomorfolgica predominante; - Topografia local; - tipo de vale; - Vegetao; - Vertentes; - Perfil topogrfico do Crrego da Malanda. At que ponto essa paisagem pode ser considerada frgil? - Observar como a dinmica natural da rea; At que ponto a ao antrpica causou algum tipo de degradao? Essa degradao est ocorrendo nas reas consideradas mais frgeis? - Identificao dos problemas ambientais a partir das imagens de fotos areas e de trabalho de campo (utilizao de tcnicas especficas); H possibilidades de recuperao ambiental? Por quais caminhos?

    Adaptao da opo metodolgica de Suetergaray (1987) Organizao: Martha Priscila Bezerra Pereira.

    Na dimenso social, com relao dinmica e estruturao da natureza local observar como se

    deu o processo de ocupao da rea, que tipo de atividades so desenvolvidas alm da moradia, etc. e com relao formao territorial seriam privilegiadas informaes como a forma pela qual houve a apropriao da natureza no local (quadro 6).

    Quadro 6: Elementos da dimenso social considerados no estudo da bacia hidrogrfica do Crrego da Malanda

    Presidente Prudente - SP DIMENSO SOCIAL

    DINMICA E ESTRUTURAO DA

    NATUREZA LOCAL FORMAO TERRITORIAL DO ESPAO

    Delimitao da paisagem enquanto recurso para utilizao humana.

    Aprofundamento da compreenso da produo da natureza pelo trabalho.

    - Histrico da rea; - Atividades desenvolvidas; - Relaes de trabalho; - Estgio de intensificao das atividades; -Caracterizao da rea quanto forma de utilizao do espao; - Perspectiva do uso social e econmico da rea.

    - Como se d a apropriao da natureza, do espao (se d de forma diferenciada pelo morador e pelo criador de animais); - Periodizao da formao scio-espacial regional (natureza enquanto recurso/ natureza explorada/ natureza enquanto valor);

    Adaptao da opo metodolgica de Suetergaray (1987)

  • A. C. Leal et al. - Alternativas de organizao do trabalho e cooperativismo...

    123

    Organizao: Martha Priscila Bezerra Pereira.

    O estudo aprofundado da paisagem a partir do direcionamento fornecido por Suetergaray (1987) poderia: a) ajudar no desvendamento da fisiologia dessa paisagem e at que ponto a mesma pode ser considerada frgil; b) verificar se a ao antrpica causou algum tipo de degradao e se est relacionado s maiores fragilidades da rea; e c) identificar se h possibilidade de recuperao ambiental e por quais caminhos.

    Diante do exposto, tendo contemplado esses trs olhares surgem algumas consideraes e indagaes que podem servir a estudos posteriores e mais aprofundados sobre a temtica. 5. Consideraes finais

    Ao considerar trs autores em determinado momento de sua produo intelectual podemos ter por pressuposto que as perspectivas apresentadas podem sugerir algumas tendncias da poca a partir desses olhares metodolgicos.

    Dos autores escolhidos, Bertrand (1969, 1998) e Suetergaray (1987) elaboram estudos mais relacionados Geografia Fsica, enquanto Sauer (1925 apud Correa; Rosendahl, 1998) estava mais preocupado com as questes da Geografia Cultural. Esse contexto nos ajuda a entender um pouco sobre a proximidade entre os conceitos de paisagem de Bertrand (1969,1998) e Suetergaray (1987) no sentido de buscar relacionar de forma mais intrnseca a natureza e a sociedade, enquanto Sauer (1925) trata dos elementos fsicos muito mais como o tipo de forma no qual o ser humano tem possibilidade de usar.

    Quando buscamos comparar os trs conceitos de paisagem apresentados percebemos que na viso geossistmica a Bacia Hidrogrfica do Crrego da Malanda vista como um todo, em seus aspectos mais gerais.

    Na perspectiva fenomenolgica possvel visualizar apenas os aspectos da paisagem que foram transformados pelo homem, apesar de considerar que a mesma ocorre numa base fsica.

    Enquanto na viso materialista-histrica h uma tentativa de visualizar uma paisagem que sofreu modificaes pela sua prpria natureza (num tempo geolgico) e pelo homem (num tempo histrico), no qual dada nfase discusso dos processos ocorridos para que se estabeleam as novas configuraes territoriais.

    Apesar das distncias no que diz respeito concepo metodolgica, quando comparamos a concepo de paisagem de Bertrand (1969; 1998) e Suetergaray (1987) h possibilidade de perceber uma evoluo no que diz respeito a forma de visualizar a paisagem na geografia fsica, no qual num primeiro momento se considera prioritariamente a natureza e num segundo momento busca-se elaborar essa relao, mas ela ainda truncada. J em um terceiro momento ela se estabelece sem tantos rudos, formando uma nova concepo de paisagem, ainda que sob olhares metodolgicos diferenciados, mas que esto muito mais prximos do que no momento anterior. Contudo, essa afirmao merece um estudo mais apurado.

    Temos cincia que necessrio um estudo aprofundado das vises metodolgicas, dos autores (que poderiam at mesmo perder importncia quando considerados em uma outra escala), e quanto rea escolhida como ilustrao, no entanto, esperamos ter contribudo para a elaborao de algumas provocaes, de novas possibilidades de estudo e de comparaes entre esses universos considerados.

    6. Referncias bibliogrficas ABSABER, A. N. Um conceito de Geomorfologia a servio das pesquisas sobre o Quaternrio. Geomorfologia. n. 18. So Paulo: Instituto de Geografia. Universidade de So Paulo.1969. BERTRAND, G. Paisagem e geografia fsica global: Esboo Metodolgico. Caderno Cincias da Terra, n. 13. So Paulo 1969, p. 01 27. ________. Entrevista com o professor Georges Bertrand. Revista Geosul. Florianpolis, v. 13, n. 26, p. 144-160, jul/dez. 1998. CLAVAL, Paul. Campo e perspectivas da geografia cultural. In: CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (Org.) Geografia Cultural, Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002. p. 133-196.

  • Revista Formao, n13, p. 251 - 270

    124

    CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de sistemas ambientais. 2 ed. So Paulo: Edgard Blcher, 2002. CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. Apresentando Leituras sobre Paisagem, Tempo e Cultura. In: CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (Org.) Paisagem, Tempo e Cultura, Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998. p. 7-11. ELIAS, Ado Robson. Prottipo de Sistema de Informao Geogrfica para a Bacia hidrogrfica do Alto Limoeiro. Monografia de Bacharelado. UNESP/FCT Presidente Prudente, 1998. FROLON, I. Interpretacin Marxista Leninista del problema ecolgico. La sociedad y el mdio natural. Mosc: Editorial Progresso Impreso en la URSS. 1983 (traduccin abreviada al espaol). GOMES, Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes. Abordagem metodolgica de elaborao e uso de SIG em Bacias Hidrogrficas: contribuio educao ambiental. Presidente Prudente SP: 2002. (Dissertao de Mestrado) UNESP/FCT/ Presidente Prudente/ PPGG. GOMES, M.F.V.B; TURRA NETO, N. A leitura da paisagem como proposta metodolgica para o ensino de geografia. Texto produzido para curso aos professores da rede pblica. No publicado. Guarapuava PR, 2005. GONALVES, C. W. P. Notas para uma interpretao no-ecologista de problema ecolgico. In: Geografia: teoria e crtica. O saber posto em questo. Petrpolis - RJ: Editora Vozes. 1982. P. 221 230. MONTEIRO, C. A. F. Geossistemas: a histria de uma proposta. 2. ed. So Paulo: Contexto, 2000. MOREIRA, P. Geografia, ecologia e Ideologia: a totalidade homem-meio hoje (Espao e processo de trabalho). In: Geografia: teoria e crtica. O saber posto em questo. Petrpolis - RJ: Editora Vozes. 1982. P. 197 214. PAIXO, R. A. Geografia e Meio Ambiente. In: Geografia: teoria e crtica. O saber posto em questo. Petrpolis - RJ: Editora Vozes. 1982. QUAINI, M. Marxismo e Geografia. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1979 (Traduo de Liliana Lagana Fernandes). ROSSINI, R. E. Natureza e sociedade. Simpsio Teoria e Ensino da Geografia, textos para discusso, vol. 2. Belo Horizonte: Secretaria de Educao Superior (SESU) e Universidade Federal de Minas Gerais. 1983. 22/25 maro. SANTOS, Milton. A natureza do espao: tcnica e tempo, razo e emoo. 2.ed. So Paulo: Hucitec. 1997. SAUER, Carl O. A Morfologia da Paisagem. In: CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (Org.) Paisagem, tempo e cultura, Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998. SILVA, J. A. el al. Sistema de Informao Geogrfica de uma Bacia hidrogrfica no Pontal do Paranapanema, 1998 (a). SILVA, Odair V. Mendes, J.G. Urbanizao e Meio ambiente: Panorama da degradao das guas na microbacia do Crrego do Botafogo (SP). Monografia de Bacharelado. UNESP/FCT Presidente Prudente, 1998 (b). SUETERGARAY, Dirce Maria Antunes. Geografia Fsica? Geografia ambiental? ou Geografia do ambiente? In: MENDONA, F.; KOSEL, S. Elementos da Epistemologia da Geografia Contempornea. Curitiba: UFPR, 2002. ___________. O espao geogrfico uno e mltiplo. In: SUERTEGARAY, D.M.A.; BASSO, L.A.; VERDUM, R. (Org.). Ambiente e lugar no urbano: a grande Porto Alegre: Editora UFRGS, 2000. ___________. Trajetria da natureza: um estudo geomorfolgico sobre os Areais de Quarai RS. So Paulo: 1987 (Tese de Doutorado/ USP/ FFLCH Depto de Geografia). 207p. SOTCHAVA, V. B. O estudo de geossistemas. So Paulo: IGEOG/USP, 1977. 49 p. TRICART, J. Ecodinmica. Rio de Janeiro: IBGE, 1977, 91 p. VICENTE, L.E.; PEREZ FILHO, A. Abordagem Sistmica e Geografia. Rio Claro: Revista Geografia, v. 28, n.3, p. 323-344, set/dez.2003. YAZIGI, Eduardo. A importncia da Paisagem. In: YZIGI, Eduardo (Org.). Paisagem e turismo. So Paulo: Contexto, 2002.

    Recebido para publicao em 20 de outubro de 2006.

    Aceito para publicao em 20 de dezembro de 2006.