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economia ambiental

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  • Universidade do Sul de Santa Catarina

    Disciplina na modalidade a distncia

    PalhoaUnisulVirtual

    2013

    Economia Ambiental

    economia_ambiental_7316.indb 1 08/02/13 14:13

  • Crditos

    ReitorAilton Nazareno SoaresVice-ReitorSebastio Salsio HerdtChefe de Gabinete da ReitoriaWillian Mximo

    Pr-Reitor de Ensino e Pr-Reitor de Pesquisa, Ps-Graduao e InovaoMauri Luiz HeerdtPr-Reitor de Desenvolvimento e Inovao InstitucionalValter Alves Schmitz Neto

    Diretora do Campus Universitrio de TubaroMilene Pacheco KindermannDiretor do Campus Universitrio Grande FlorianpolisHrcules Nunes de ArajoDiretor do Campus Universitrio UnisulVirtualMoacir Heerdt

    Universidade do Sul de Santa Catarina Unisul

    Gerente de Administrao AcadmicaAngelita Maral FloresSecretria de Ensino a DistnciaSamara Josten FloresGerente Administrativo e FinanceiroRenato Andr LuzGerente de Ensino, Pesquisa e ExtensoRoberto IunskovskiCoordenadora da BibliotecaSalete Ceclia de SouzaGerente de Desenho e Desenvolvimento de Materiais DidticosMrcia LochCoordenadora do Desenho EducacionalCristina Klipp de Oliveira

    Campus Universitrio UnisulVirtual

    Coordenadora da AcessibilidadeVanessa de Andrade ManoelGerente de LogsticaJeferson Cassiano Almeida da CostaGerente de MarketingEliza Bianchini DallanholCoordenadora do Portal e Comunicao Ctia Melissa Silveira RodriguesGerente de ProduoArthur Emmanuel F. SilveiraCoordenador do Design GrficoPedro Paulo TeixeiraCoordenador do Laboratrio MultimdiaSrgio GironCoordenador de Produo IndustrialMarcelo Bitencourt

    Coordenadora de WebconfernciaCarla Feltrin RaimundoGerncia Servio de Ateno Integral ao AcadmicoMaria Isabel AragonAssessor de Assuntos InternacionaisMurilo Matos MendonaAssessora para DAD - Disciplinas a DistnciaPatrcia da Silva MeneghelAssessora de Inovao e Qualidade da EaDDnia Falco de BittencourtAssessoria de relao com Poder Pblico e Foras ArmadasAdenir Siqueira VianaWalter Flix Cardoso JuniorAssessor de TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Jnior

    Educao, Humanidades e ArtesMarciel Evangelista CataneoArticulador

    Graduao

    Jorge Alexandre Nogared CardosoPedagogiaMarciel Evangelista CataneoFilosofiaMaria Cristina Schweitzer VeitDocncia em Educao Infantil, Docncia em Filosofia, Docncia em Qumica, Docncia em SociologiaRose Clr Estivalete BecheFormao Pedaggica para Formadores de Educao Profissional

    Ps-graduao

    Daniela Ernani Monteiro WillMetodologia da Educao a DistnciaDocncia em EADKarla Leonora Dahse NunesHistria Militar

    Cincias Sociais, Direito, Negcios e ServiosRoberto Iunskovski Articulador

    Graduao

    Alosio Jos RodriguesServios PenaisAna Paula Reusing PachecoAdministrao

    Bernardino Jos da SilvaGesto FinanceiraDilsa MondardoDireitoItamar Pedro BevilaquaSegurana PblicaJanana Baeta NevesMarketingJos Onildo Truppel FilhoSegurana no TrnsitoJoseane Borges de MirandaCincias EconmicasLuiz Guilherme Buchmann FigueiredoTurismoMaria da Graa PoyerComrcio ExteriorMoacir FogaaLogsticaProcessos GerenciaisNlio HerzmannCincias ContbeisOnei Tadeu DutraGesto PblicaRoberto IunskovskiGesto de Cooperativas

    Ps-graduao

    Alosio Jos RodriguesGesto de Segurana PblicaDanielle Maria Espezim da SilvaDireitos Difusos e ColetivosGiovani de PaulaSeguranaLetcia Cristina B. BarbosaGesto de Cooperativas de Crdito

    Sidenir Niehuns MeurerPrograma de Ps-Graduao em Gesto PblicaThiago Coelho SoaresPrograma de Ps-Graduao em Gesto Empresarial

    Produo, Construo e AgroindstriaDiva Marlia FlemmingArticulador

    Graduao

    Ana Lusa MlbertGesto da tecnologia da InformaoCharles Odair Cesconetto da SilvaProduo MultimdiaDiva Marlia FlemmingMatemticaIvete de Ftima RossatoGesto da Produo IndustrialJairo Afonso HenkesGesto AmbientalJos Carlos da Silva JniorCincias AeronuticasJos Gabriel da SilvaAgronegciosMauro Faccioni FilhoSistemas para Internet

    Ps-graduao

    Luiz Otvio Botelho LentoGesto da Segurana da Informao.Vera Rejane Niedersberg SchuhmacherPrograma em Gesto de Tecnologia da Informao

    Unidades de Articulao Acadmica (UnA)

    economia_ambiental_7316.indb 2 08/02/13 14:13

  • Livro didtico

    PalhoaUnisulVirtual

    2013

    Design instrucional

    Carmelita Schulze

    1 edio

    Economia Ambiental

    Denize Demarche Minatti Ferreira

    economia_ambiental_7316.indb 3 08/02/13 14:13

  • Edio Livro Didtico

    Professor ConteudistaDenize Demarche Minatti Ferreira

    Design InstrucionalCarmelita Schulze

    Projeto Grfico e CapaEquipe UnisulVirtual

    DiagramaoMarina Broering Righetto

    RevisoSmirna Cavalheiro

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

    Copyright UnisulVirtual 2013

    Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.

    333.72 F44 Ferreira, Denize Demarche Minatti

    Economia ambiental : livro didtico / Denize Demarche Minatti Ferreira; design instrucional Carmelita Schulze. Palhoa : UnisulVirtual, 2013.

    157 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografia.

    1. Economia ambiental. 2. Gesto ambiental. 3. Desenvolvimento sustentvel. I. Schulze, Carmelita. II. Ttulo.

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  • Sumrio

    Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7Palavras da professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    UNIDADE 1 - Empresas e meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17UNIDADE 2 - Custos ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49UNIDADE 3 - Investimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71UNIDADE 4 - Valorao ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95UNIDADE 5 - Desenvolvimento sustentvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

    Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145Sobre a professora conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151Respostas e comentrios das atividades de autoavaliao . . . . . . . . . . . . . 153Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157

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  • 7Apresentao

    Este livro didtico corresponde disciplina Economia Ambiental.

    O material foi elaborado com vista a uma aprendizagem autnoma e aborda contedos especialmente selecionados e relacionados sua rea de formao. Ao adotar uma linguagem didtica e dialgica, objetivamos facilitar seu estudo a distncia, proporcionando condies favorveis s mltiplas interaes e a um aprendizado contextualizado e eficaz.

    Lembre que sua caminhada, nesta disciplina, ser acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Nesse sentido, a distncia fica caracterizada somente como a modalidade de ensino por que voc optou para sua formao. que, na relao de aprendizagem, professores e instituio estaro sempre conectados com voc.

    Ento, sempre que sentir necessidade, entre em contato. Voc tem disposio diversas ferramentas e canais de acesso, tais como: telefone, e-mail e o Espao Unisul Virtual de Aprendizagem, que o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe tcnica e pedaggica ter o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem o nosso principal objetivo.

    Bom estudo e sucesso!

    Equipe UnisulVirtual

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  • Palavras da professora

    Caro(a) aluno(a):

    Seja bem-vindo(a) disciplina de Economia Ambiental.

    Os recursos naturais tm sido considerados como fontes inesgotveis de matrias-primas para o ciclo produtivo. A civilizao desenvolveu-se baseada num modo de produo e de consumo desenfreados que se reflete em explorao excessiva do meio ambiente. A obrigatoriedade de proteo ao meio natural trouxe uma crescente preocupao com necessidade de consolidar um processo de uso racional dos recursos naturais.

    Desde a dcada de 1960, os impactos ambientais e a exausto dos recursos naturais provocaram a discusso nas diversas reas do conhecimento, resultando em mudana de paradigma, onde as relaes de produo so pressionadas pelas relaes de consumo para um novo conceito de produzir e distribuir riquezas. Abordaremos as caractersticas desse novo conceito de produo.

    Os profissionais no exerccio de suas atividades devem levar em conta no s os aspectos financeiros, mas tambm os legais e ambientais. A disciplina de Economia Ambiental visa a fornecer elementos bsicos de economia e meio ambiente, preparando o economista para enfrentar os novos problemas decorrentes do desenvolvimento.

    O estudo das relaes entre a economia e o meio ambiente explicitar o papel das empresas nessas relaes. Voc aprender aqui como as ferramentas de gesto ambiental e a avaliao do ciclo de vida de produtos podem auxiliar a minimizar os efeitos das atividades industriais sobre o meio ambiente.

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  • 10

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Ao aprender a importncia da gesto de custos ambientais e a sua relao com os sistemas de gesto ambiental voc reconhecer os benefcios que podem advir dos mesmos no que diz respeito aos custos ambientais. Verificar que necessrio se ter um sistema de controle em relao rea financeira, para monitorar os desembolsos que so realizados e os compromissos assumidos.

    Com o conhecimento dos principais conceitos e mtodos relacionados valorao ambiental voc ser capaz de compreender as principais formas de valorao econmica ambiental. Estudaremos tambm detalhadamente esse item.

    A leitura deste livro permitir tambm a voc discutir a evoluo do conceito de desenvolvimento sustentvel. Com o entendimento dos preceitos da eficincia econmica aliada justia social e harmonia ambiental voc entender a necessidade de se respeitar aos limites da natureza e de se ter conscincia de que o processo produtivo no deve exced-los.

    Caro(a) aluno(a), espero que tenha um bom proveito do contedo selecionado.

    Bem-vindo(a) e bons estudos.

    Professora Denize Demarche Minatti Ferreira.

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  • Plano de estudo

    O plano de estudos visa a orient-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudaro a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

    O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construo de competncias se d sobre a articulao de metodologias e por meio das diversas formas de ao/mediao.

    So elementos desse processo:

    o livro didtico;

    o Espao UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

    as atividades de avaliao (a distncia, presenciais e de autoavaliao);

    o Sistema Tutorial.

    Ementa

    Empresas e meio ambiente: gesto ambiental de empresas, anlise do ciclo de vida. Analise de custos ambientais. Anlise de custo-benefcio. Modelos de valorao ambiental. Desenvolvimento sustentvel.

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  • 12

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Objetivos da disciplina

    Geral

    Analisar diferentes abordagens relativas ao homem, a economia e a natureza fornecendo elementos bsicos de economia e meio ambiente para enfrentar os novos problemas decorrentes do desenvolvimento.

    Especficos

    Estudar o meio ambiente, conforme as abordagens do pensamento econmico.

    Discutir as abordagens que relacionam a natureza e a economia: a economia e o meio ambiente e o desenvolvimento sustentvel.

    Compreender a importncia da gesto ambiental.

    Entender os custos ambientais e a valorao ambiental.

    Carga horria

    A carga horria total da disciplina 60 horas-aula.

    Contedo programtico/objetivos

    Veja, a seguir, as unidades que compem o livro didtico desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que voc dever alcanar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que voc dever possuir para o desenvolvimento de habilidades e competncias necessrias sua formao.

    Unidades de estudo: 05

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  • 13

    Economia Ambiental

    Unidade 1 - Empresas e meio ambiente

    Nesta unidade trataremos dos conceitos gerais das relaes entre a economia e o meio ambiente, visando a explicitar qual deve ser o papel das empresas nessas relaes. Para tanto, constam nesta unidade a discusso das principais correntes econmicas, a gesto ambiental de empresas e a avaliao do ciclo de vida de produtos, elementos que so apontados como ferramentas que podem auxiliar a minimizar os efeitos das atividades industriais sobre o meio ambiente.

    Unidade 2 - Custos ambientais

    Esta unidade explicita a importncia da gesto de custos ambientais, para isso apresenta os sistemas de gesto ambiental, reconhecendo os benefcios que podem da advir para a reduo dos custos ambientais.

    Unidade 3 - Investimentos

    Esta unidade visa a explicitar a necessidade de um sistema de controle em relao rea financeira, o qual tem por finalidade principal elucidar e monitorar os desembolsos que so realizados e os compromissos assumidos a fim de possibilitar a sade financeira da organizao. Pois qualquer empresa que pretende realizar uma economia ambiental, assim como qualquer outra, precisa de uma boa gesto de seus recursos para manter-se no mercado, o que inclui um bom processo de tomada de decises.

    Unidade 4 - Valorao ambiental

    Esta unidade apresenta e discute os principais aspectos metodolgicos usados para realizar a valorao ambiental. Sero apresentados os conceitos relacionados valorao ambiental, os principais mtodos de valorao do meio ambiente e seus respectivos vieses estimativos. A partir desta exposio, voc ser capaz de compreender as principais formas de valorao econmica ambiental.

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  • 14

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Unidade 5 - Desenvolvimento sustentvel

    Esta unidade apresenta e discuti a evoluo do conceito de desenvolvimento sustentvel. Baseia-se nos preceitos do desenvolvimento sustentvel, isto : a eficincia econmica aliada justia social e harmonia ambiental para, em seguida, tratar tambm desse desenvolvimento sob uma perspectiva futura, a de respeito aos limites da natureza e da conscincia de que o processo produtivo no deve exced-los.

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  • 15

    Economia Ambiental

    Agenda de atividades/Cronograma

    Verifique com ateno o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorizao do tempo para a leitura, da realizao de anlises e snteses do contedo e da interao com os seus colegas e professor.

    No perca os prazos das atividades. Registre no espao a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA.

    Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina.

    Atividades obrigatrias

    Demais atividades (registro pessoal)

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  • 1Objetivos de aprendizagem

    Entender a relao entre economia e meio ambiente.

    Identificar as principais correntes econmicas.

    Conhecer os conceitos de economia aplicados ecologia.

    Conceituar e entender sob a tica de diversos autores as etapas da gesto ambiental de empresas.

    Conhecer as etapas do ciclo de vida do produto.

    Sees de estudo

    Seo 1 Relao economia x meio ambiente

    Seo 2 Principais correntes econmicas e o meio ambiente

    Seo 3 Conceitos de economia aplicados ecologia

    Seo 4 Gesto ambiental de empresas

    Seo 5 Anlise do ciclo de vida do produto

    UNIDADE 1

    Empresas e meio ambiente

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  • 18

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de estudo

    Nesta unidade trataremos dos conceitos gerais das relaes entre a economia e o meio ambiente, visando a explicitar qual deve ser o papel das empresas nessas relaes. Para tanto, constam nesta unidade a discusso das principais correntes econmicas, a gesto ambiental de empresas e a avaliao do ciclo de vida de produtos, elementos que so apontados como ferramentas que podem auxiliar a minimizar os efeitos das atividades industriais sobre o meio ambiente.

    Seo 1 Relao economia x meio ambiente

    A interao entre as atividades humanas e o seu meio ambiente foi determinante no desenvolvimento da humanidade. No momento em que a atividade humana, pela forma como est organizada, passa a ser denominada empresa, torna-se parte e elo do equilbrio ambiental no espao em que est inserida.

    Deste modo, a atividade econmica no deve se opor natureza, mas sim integrar-se a ela, e, por isso, fundamental entender que tipo de relao devemos buscar entre a economia e o meio ambiente. Para tanto, dirigentes e empresrios devero diagnosticar, planejar e acompanhar a gesto ambiental como parte de suas responsabilidades no meio econmico.

    Conforme definio do Dicionrio Aurlio, economia a cincia que trata dos fenmenos relativos produo, distribuio, acumulao e o consumo dos bens materiais. Em todas as etapas do processo econmico so observadas interaes e impactos sobre o meio ambiente, em maior ou menor grau. Mesmo que uma empresa no atue no setor da indstria, ela consome produtos industriais e, assim, o fator de produo e seus impactos no ambiente so pauta de todas as organizaes.

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  • 19

    Economia Ambiental

    Unidade 1

    Nesse sentido, bom lembrar que:

    A produo utiliza recursos naturais, gera efluentes e resduos, a distribuio utiliza combustveis eventualmente poluentes, ou dutos que, rompendo-se, causam problemas ambientais, o consumo produz restos de produtos e embalagens so descartadas, gerando frequentemente impactos ambientais. (MOURA, 2006, p. 1).

    Entendemos por impacto ambiental toda alterao benfica ou adversa causada pela atividade humana no meio ambiente. A palavra impacto trata de alteraes no meio ambiente fsico ou bitico. Quando falamos em impactos ambientais decorrentes das aes humanas, existe uma tendncia a associ-los a efeitos negativos, o que nem sempre ocorre, pois os impactos podem ter efeitos positivos ou negativos (DONAiRE, 1999).

    A palavra economia tambm significa o controle para evitar desperdcios, em qualquer servio ou atividade. Para Moura (2006), a abordagem atual do tema meio ambiente leva em conta que os recursos naturais so limitados (finitos e frequentemente escassos) e, portanto, o seu uso deve ser feito de maneira sustentvel, ou seja, com economia.

    Durante o sculo XX, o conjunto de ideias econmicas que predominou e que ainda pode ser encontrado nos mais recentes livros, sendo ainda amplamente utilizado no ensino da economia, baseia-se no princpio em que as empresas produzem bens e servios usando vrios insumos como trabalho, terra e capital, tambm denominados fatores de produo, no consideram a questo dos resduos que geram nesse processo.

    Nesse contexto podemos destacar dois tipos de mercado com os quais empresas e sociedade interagem, sendo um o mercado de bens e servios, em que se compra e vende, e o outro o mercado de fatores de produo, em que se vende o que necessrio produo, como um ciclo (CECHiN, 2010).

    Efluentes Resduos (lquidos ou gasosos) provenientes das diversas atividades humanas descartados no meio ambiente.

    Meio ambiente Pode ser definido, tambm, como o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica, biolgica, social, cultural e urbanstica, que permite, abriga e rege a vida em suas formas (Resoluo n 307 do CONAMA, de 05/07/2002).

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  • 20

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Pontua o mesmo autor que at a dcada de 1960 nenhuma das escolas de pensamento econmico considerava a questo da existncia de resduos na produo de bens e servios. O sistema econmico era entendido como um fenmeno mecnico, em que processos poderiam ser revertidos a qualquer momento. At esse perodo, portanto, o sistema produtivo transformava recursos naturais em produtos valorizados pela sociedade e no se preocupava com os resduos dessa atividade.

    Porm, mudanas reais ocorreram na produo dos produtos em decorrncia do fato de que a populao humana foi aumentando e a produo, concomitantemente, acompanhava esse crescimento. Assim, a transformao de recursos ambientais em produtos passou a produzir resduos em quantidade cada vez maior e que at ento no era considerada no sistema produtivo. Logo, se a economia capta recursos de qualidade de uma fonte natural e devolve resduos sem qualidade, no mais possvel tratar a economia como um ciclo isolado dos impactos que causa no meio ambiente, pois um ciclo integrado a esses impactos (CECHiN, 2010).

    Como se trata de um ciclo, o meio ambiente, ao interagir com as atividades humanas, modificado continuamente por essas atividades. E a varivel econmica est sempre presente nessa interao.

    A implantao de novas leis, as demandas e presses de consumidores ou a prpria conscincia dos empresrios so fatores que foram uma nova postura e novas regras de conduta no tocante s atividades industriais, com repercusso sobre os custos de produo (MOURA, 2006).

    Ainda segundo Moura (2006), com o crescimento da importncia da questo ambiental, as empresas tm realizado melhorias ambientais, estimuladas por rgos de controle ambiental e pela mdia, esta que, por vezes, reflete a vontade e interesse da sociedade em geral, buscando-se, assim, melhorar a qualidade de vida.

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  • 21

    Economia Ambiental

    Unidade 1

    O que se percebe que essas melhorias so conseguidas por fora de leis, regulamentos, fiscalizao pelos rgos ambientais (papel de comando e controle), e, em muitos outros casos, elas decorrem de aes voluntrias, antecipando-se emisso de leis, procurando criar uma imagem favorvel e melhor aceitao da atividade industrial e do prprio produto pelas comunidades e consumidores.

    Ao pblico compete a pesquisa e a valorizao das empresas que tenham compromisso tico com o meio ambiente, onde os limites deste sejam respeitados.

    Na busca da melhoria contnua, vale destacar os dizeres de Moura (2006), ao afirmar que na realizao das atividades gerenciais, desde o projeto at a seleo de sistemas e equipamentos e sua instalao e operao para produo, os investimentos requerem uma anlise econmica de viabilidade, para manter a sade financeira e competitividade da empresa. Assim, considerando a relao que se preza, existente entre natureza e empresas, devemos buscar essa sade e competitividade tendo cincia do que deve ser feito com os resduos de produo, e, at para alm disso, no sentido do que pode ser feito para se ter um meio ambiente melhor para a qualidade de vida.

    da natureza que as empresas iro buscar a maior parte de suas necessidades em termos de matrias-primas e energia e ali tambm que descartaro seus resduos. Assim, diante da necessidade e da emergncia da proteo ambiental, os cientistas devem levar em considerao a esgotabilidade dos recursos no desenvolvimento de produtos.

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  • 22

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Seo 2 Principais correntes econmicas e o meio ambiente

    A cincia econmica s recentemente se interessou pela questo ambiental ligada poluio, pois at ento suas preocupaes diziam respeito somente s relaes entre o meio ambiente considerado sob a tica dos recursos naturais e o processo de desenvolvimento de produtos.

    De acordo com Libanori (1990), foi s a partir da dcada de 1970 que a economia debruou-se de forma significativa sobre as relaes entre desenvolvimento econmico e meio ambiente, o que, segundo o mesmo, foi resultado da publicao, em 1972, do Relatrio do Clube de Roma e da Declarao do Meio Ambiente, aprovada em 1972, na Conferncia de Estocolmo, que cria o Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

    Em 1968, constituiu-se o Clube de Roma, composto por cientistas, industriais e polticos, que tinha como objetivo discutir e analisar os limites do crescimento econmico levando em conta o uso crescente dos recursos naturais. Detectaram que os maiores problemas eram: industrializao acelerada, rpido crescimento demogrfico, escassez de alimentos, esgotamento de recursos no renovveis, deteriorao do meio ambiente. Definiam que o grande problema estava na presso da populao sobre o meio ambiente. (GODOi, 2011, p. 1).

    Em 1987, o Relatrio de Comisso Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, depois chamado Nosso Futuro Comum, dissemina a expresso desenvolvimento ecologicamente sustentado, como aquele que responde necessidade do presente sem comprometer a capacidade das geraes futuras de responder s suas necessidades. O conceito considera de maneira harmnica a relao entre crescimento econmico, maior percepo desse crescimento em resultados sociais e equilbrio na utilizao de recursos naturais.

    Na atualidade, as principais correntes econmicas, relativamente questo do meio ambiente, so: os ecodesenvolvimentistas, os pigouvianos, os neoclssicos e os economistas ecolgicos, descritos detalhadamente por Donaire (1999, p. 40-49) do seguinte modo:

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  • 23

    Economia Ambiental

    Unidade 1

    1 ) Os ecodesenvolvimentistas

    O termo ecodesenvolvimento foi pronunciado pela primeira vez na Conferncia sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1972, e, em sua forma mais elementar, significa transformar o desenvolvimento em uma soma positiva com a Natureza, propondo que tenha por base o trip: justia social, eficincia econmica e prudncia ecolgica.

    A justia social medida pela melhoria do bem-estar das populaes carentes. J a qualidade ecolgica do desenvolvimento medida pela considerao deste com as futuras geraes, possibilitando a estas que tenham suas necessidades bsicas atendidas.

    um estilo de desenvolvimento econmico que exige uma ao sobre todos os atores sociais, um reequilbrio entre poderes e os papis da sociedade civil local, regional e nacional. Assim, a definio e a implementao das estratgias de desenvolvimento redundam no planejamento participativo, em que a participao da populao fundamental para o sucesso da estratgia escolhida para a realizao de um desenvolvimento sustentvel.

    Os partidrios dessa corrente consideram que a poluio uma consequncia do estilo de desenvolvimento econmico que tem sido o paradigma de nossa sociedade, principalmente implementado pelas empresas multinacionais, e que h necessidade de que se estabelea uma relao harmnica e interativa entre desenvolvimento econmico e meio ambiente, sob pena de comprometermos os recursos no renovveis do planeta.

    Portanto, as solues propostas pelos ecodesenvolvimentistas para lidar com a temtica ambiental inserem-se na correo do rumo do desenvolvimento atual. Eles chamam a ateno para a redefinio dos objetivos do desenvolvimento econmico e social em consonncia com os recursos disponveis. Nesse sentido, a reconsiderao prescrita deve considerar os seguintes tpicos:

    Revigorar o crescimento.

    Alterar a qualidade do desenvolvimento.

    Paradigma Significa modelo ou padro. Exemplo a ser seguido em determinada situao ou os princpios que orientam um grupo.

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  • 24

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Encontrar uma adequao para necessidade de trabalho, comida, energia, gua e saneamento.

    Assegurar um nvel de populao sustentvel.

    Conservar e ampliar a base dos recursos.

    Reorientar a tecnologia e a gesto dos riscos, e

    Ponderar o retorno econmico e o meio ambiente na tomada de deciso.

    Essas consideraes significam que deve haver uma mudana na estrutura industrial ainda vigente em geral atualmente; assim, os setores industriais, cujos produtos ou processos tenham consequncias poluidoras, devero restringir suas atividades ou arcar com altos custos pelos danos causados (Princpio do poluidor pagador).

    As indstrias qumicas e petroqumicas so exemplos de setores que fazem investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) visando preservao dos recursos naturais, e assim o fazem utilizando essas pesquisas para desenvolver estaes de tratamento, de purificao das guas, para o reaproveitamento dos resduos, etc. (DONAiRE, 1999).

    O ajustamento ao desenvolvimento sustentvel no pode estar dissociado do desenvolvimento estrutural. Assim, polticas industriais e os diferentes padres exigidos nos diferentes pases para a produo industrial so importantes fatores para a realocao da capacidade produtiva considerando a preservao dos recursos naturais, especialmente para as indstrias altamente poluentes.

    Verificamos, portanto, que as solues propostas pelos ecodesenvolvimentistas, em relao ao meio ambiente, dizem respeito correo do estilo do desenvolvimento empregado no momento em geral, o que requer solues especficas em cada regio, luz dos dados culturais e ecolgicos, bem como as necessidades da sociedade de curto e longo prazos.

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    2) Os pigouvianos

    Pigou e seus seguidores entendem que a questo da poluio ambiental se origina de uma falha do sistema de preos, pois este no reflete de forma correta os danos da produo causados a terceiros e ao meio ambiente quando da implantao da indstria ou do aumento da quantidade de produtos produzida. Esse sistema deveria ter um mecanismo que possibilitasse a internalizao monetria dessa externalidade, isto , do crescimento industrial e, consequentemente, do maior uso de recursos naturais.

    Externalidade: Pindyck e Rubinfeld (2002, p. 597) afirmam que, em economia, uma externalidade ocorre quando alguma atividade de produo ou de consumo possui um efeito direto sobre outras atividades de consumo ou de produo e que no se reflete diretamente nos preos de mercado. Assim, o termo empregado porque os efeitos mencionados, custos ou benefcios, so externos ao mercado.

    Este posicionamento decorre da constatao de que, quando se verifica a utilizao de recursos, pode ocorrer divergncia entre o valor do produto lquido marginal social e o valor do produto lquido marginal privado pela no incorporao das externalidades que se manifestam quando os preos de mercado no incorporam completamente os custos dos agentes econmicos, como o caso da deteriorao ambiental e do esgotamento dos recursos que so considerados bens pblicos.

    Assim, a otimizao econmica convencional implica na maximizao dos lucros privados e, infelizmente, na socializao dos problemas ecolgicos e sociais.

    A divergncia entre os nveis timos de produo privado e social pode ser visualizada nos grficos a seguir:

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Grfico 1.1: Custos sociais no mercado competitivo

    RM = Receita Marginal = preoS = OfertaP = PreoQop = Quant. tima privadaQos = Quant. tima social

    Preos

    Quantidades

    P

    S1S0

    RM

    Qos Qop

    Fonte: Donaire (1999, p. 45).

    Esse grfico mostra duas situaes. Uma de quando os custos de poluio no so levados em conta, onde o custo marginal privado menor que o custo marginal social e, portanto, o ponto de equilbrio se d em nvel de produo (Qop) superior ao do socialmente desejado; situao esta convencional. Na segunda situao, se o produtor incorpora nos custos as externalidades que causa, h um deslocamento da curva de oferta, fazendo com que o equilbrio se d em nvel de produo (Qos) menor que o anterior. Nesse ltimo caso, a quantidade de poluio tambm menor em relao outra situao.

    Se o meio ambiente considerado um bem livre, no se deve esperar que produtores espontaneamente internalizem as externalidades. necessrio que se crie, segundo os pigouvianos, uma taxa que viabilize no preo da produo a interiorizao dos efeitos de poluio decorrentes desta. Portanto, considerando o grfico aqui apresentado, para que haja o deslocamento da curva de oferta para a esquerda.

    Nessa corrente de pensamento, a aplicao de taxas aos poluidores teria a finalidade de reduzir a diferena existente entre o produto marginal social e o privado na produo, induzindo a uma reduo na quantidade produzida do produto e a realocao dos investimentos, reduzindo-os nos setores que poluem e forando os investidores a internalizar em seu custo os danos.

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    Mesmo que a empresa opere numa situao de monoplio ou oligoplio, pode ocorrer reduo na quantidade de produtos por ela produzida, conforme nos mostra o Grfico 1.2, pois a internalizao das externalidades provoca deslocamento para esquerda da oferta, dando-se o equilbrio num nvel de produo inferior ao nvel privado e a um preo mais elevado (P1).

    Grfico 1.2: Custos sociais no monoplio/oligoplio

    S1

    S0

    Qos Qop

    RMD

    P1

    P2

    Preos

    Quantidade

    D = DemandaS = OfertaP = PreoRM = Receita MarginalQop = Quant. tima privadaQos = Quant. tima social

    Fonte: Donaire (1999, p. 46).

    Desta forma, o Princpio do poluidor pagador entende que a empresa deve pagar taxas pelos danos que causa, pelos recursos ambientais que utiliza da mesma forma que paga pelos demais recursos, como, por exemplo, mo de obra e capital, o que no garante, no entanto, que a poluio ser reduzida.

    3) Os neoclssicos

    Segundo Donaire (1999), os neoclssicos propem a privatizao do meio ambiente, isto , sugerem formas para determinar os direitos de propriedade sobre os recursos ambientais e a negociao desses direitos em mercados privados, de forma que sua utilizao implique em um custo, que, como qualquer outro, deve ser incorporado ao custo de produo. E sugerem para a determinao dessa propriedade:

    A criao de um mercado de compra e venda de direitos de poluir, ou seja, permite que as empresas que controlam a poluio acima do nvel que lhes exigido possam negociar o diferencial de controle no mercado com

    Monoplio e oligoplio No monoplio, uma empresa detm o mercado de certo produto e/ou servio, impondo preos do que comercializa. J no oligoplio, a produo se concentra em pequeno nmero de empresas.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    empresas que precisem adquiri-lo para poder operar, ou que o prprio governo adquira esse direito das empresas, caso deseje tornar mais rgido o controle da poluio.

    A adoo de mecanismos compensatrios pela manuteno de uma qualidade ambiental adequada, ou seja, as empresas que controlam a poluio, pode, de alguma forma, cobrar os benefcios desse controle da populao beneficiada.

    Outra forma descrita por eles seria algum tipo de mecanismo compensatrio queles que sofrem os efeitos da poluio, ou seja, o poluidor reconhece o direito de propriedade destes ltimos sobre o meio ambiente, indenizando-os pelo dano que lhes causa.

    Consideram tambm, alm do j descrito, que aqueles que esto expostos ao efeito da poluio paguem aos poluidores para que estes lhes deixem de causar problemas, reconhecendo-se assim o direito de propriedade dos poludos. Situao que em todos os casos discutidos torna-se complicada, visto que h diferentes poderes de negociao que podem interferir na situao de equilbrio.

    4) Os economistas ecolgicos

    A economia ecolgica surgiu na dcada de 1980, opondo-se utilizao de modelos da economia clssica e da ecologia convencional que comprovam ser insuficientes explicao e resoluo dos problemas ecolgicos globais. Para Constanza e Daly (1991), a economia ecolgica um campo transdisciplinar que estabelece relaes entre os ecossistemas e o sistema econmico. Seu objetivo agregar os estudos de ecologia e de economia, viabilizando extrapolar suas concepes convencionais e procurando tratar a questo ambiental de forma sistmica e harmoniosa, em busca da formulao de novos paradigmas de desenvolvimento.

    Seu foco principal a relao do homem com a natureza para a compatibilidade entre crescimento demogrfico e disponibilidade de recursos, mas carece de uma viso mais abrangente das prioridades sociais ligadas aos problemas ambientais, pois

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    questes relativas ao nvel de emprego, definies de necessidades bsicas e outros aspectos importantes na questo social no esto includas na avaliao dessa corrente terica.

    Seo 3 Conceitos de economia aplicados ecologia

    A economia preocupa-se em estudar como as sociedades administram seus recursos escassos de forma a atender s necessidades humanas. Ou seja, estuda como so definidos quais produtos devem ser produzidos, os insumos requeridos para essa produo (entre os quais quase sempre participam os recursos naturais, alguns no renovveis) e como eles sero produzidos (com uso intensivo de mo de obra ou em instalaes automatizadas, como sero distribudos, etc.) (MOURA, 2006).

    Dentre os recursos necessrio para muitas das produes esto os recursos naturais. Estes so classificados em: renovveis,, como, por exemplo, a energia solar, o ar, a gua, as plantas, entre outros;. ou no renovveis, a areia, a argila, os minerais, o carvo mineral, o petrleo, dentre outros (BARBiERi, 2007).

    No incio do estudo da economia como cincia, constatava-se uma interao com as questes ambientais em que pouco interessava o problema dos resduos e efeitos dos poluentes decorrentes da produo, mas, agora, h sim a preocupao com a questo dos limites do crescimento econmico em funo do esgotamento de recursos naturais.

    Thomas Malthus apresentava uma viso de pessimismo em relao primeira concepo de economia quando considera-se o ambiente a longo prazo, principalmente na questo do uso e produtividade da terra. Com a sua lei dos retornos decrescentes, ele preconizava que, mesmo colocando muito mais trabalho, considerando que a terra agricultvel era finita, haveria uma saturao no crescimento possvel da produo (menos retornos a cada unidade de trabalho adicionado) (MOURA, 2006).

    Insumos Bem e/ou servio (como matria-prima, fora de trabalho, consumo de energia, etc.) necessrios para a produo.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Segundo Malthus, haveria uma defasagem entre o crescimento populacional e o da produo.

    Esse autor nasceu em The Rockery, em 1766, e estudou no Jesus College (Cambridge). Em 1797 ordenado sacerdote da igreja Anglicana. Escreveu ensaios sobre a poltica de preos dos alimentos e a economia poltica a partir dessa poca. Em 1798, exps suas ideias sobre aumento populacional na obra Ensaio sobre o Princpio da Populao. Com base em estatsticas, Malthus concluiu que a misria consequncia da desproporo entre o crescimento da oferta de alimentos e o da populao.

    De acordo com sua teoria, a produo de alimentos cresce em progresso aritmtica, enquanto a populao aumenta em progresso geomtrica. Tal defasagem explicaria as guerras e as epidemias como recursos inevitveis para a reduo da populao. Malthus props o controle da natalidade e a restrio total da assistncia social e mdica populao, para restaurar o equilbrio.

    Em sua viso, mesmo alguns obtendo ganhos temporariamente, a grande massa de pessoas seria reduzida a um nvel de subsistncia quanto aos alimentos necessrios. Essa viso era reforada pela constatao, no sculo XVii, poca em que viveu esse autor, de um crescimento populacional explosivo e pela limitao das terras agrcolas disponveis (nessa poca considerava-se somente a Europa), prevendo-se uma reduo de alimentos per capita e fome generalizada (MOURA, 2006).

    O Grfico 1.3 reflete essa viso:

    Grfico 1.3: Relao Trabalho x Produo agrcola (t)600

    500

    400

    300

    200

    100

    0

    Produo agrcola (ton)

    Trab

    alho

    0 2 4 6Fonte: Moura (2006, p. 21).

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    Moura (2006) afirma que as teorias de Thomas Malthus falharam em parte, por no considerarem os ganhos obtidos com os avanos tecnolgicos na produo, situao demonstrada na Grfico 1.4, em que a curva da relao produo e trabalho se desloca para a direita (representada pela linha pontilhada).

    Grfico 1.4: Relao Trabalho x Produo agrcola (t)

    Produo agrcola (ton)

    Trab

    alho

    Fonte: Moura (2006, p. 21).

    Alm de ter sido possvel aumentar as terras agricultveis, pela incorporao da Amrica e das Austrlia, foi possvel obter maior produo com a mesma quantidade de terra (recurso natural) atravs do uso de fertilizantes (nutrientes adicionados em terras infrteis), irrigao artificial, defensivos (protegendo de pragas e competidores), uso de mecanizao, biotecnologia, melhor seleo gentica e outras medidas, salienta o autor.

    Moura (2006) destaca ainda que o sistema tradicional enfocava o problema econmico com baixa ou nenhuma interao com o meio ambiente, visto preponderantemente como fornecedor de recursos, o que expresso na Figura 1.1:

    Figura 1.1: Transformao e distribuio de bens e servios

    Capital

    Trabalho

    Matrias-primas

    Bens e servios Consumidores

    (Sociedade)

    TRANSFORMAO DISTRIBUIO

    Fonte: Moura (2006, p. 22).

    Conjunto de conhecimentos e tcnicas que envolvem a manipulao de organismos vivos para a obteno de produtos especficos ou modificao de produtos. Muito usada na agricultura, meio ambiente, indstria farmacutica, de alimentos, etc.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Essa viso, apesar de ter o consumidor como objetivo final, na realidade, dedicava pouca prioridade a seus anseios, entre os quais o de um ambiente sadio. Moura (2006) faz aluso a um comentrio de Joelmir Beting, de que as prioridades nessa viso econmica costumavam estar na seguinte ordem:

    a) satisfao dos acionistas e proprietrios (lucro);

    b) satisfao dos distribuidores (margem de lucro);

    c) satisfao dos fornecedores (conseguir bons preos na compra);

    d) satisfao dos empregadores;

    e) satisfao dos consumidores.

    Atualmente, diz o autor, com a competio acirrada (em nveis nacional e internacional) e maior respeito ao consumidor, com interesse em atender s suas necessidades (objetivo principal de qualquer empresa), as prioridades colocam-se na seguinte ordem:

    a) satisfao dos consumidores;

    b) satisfao dos empregados;

    c) satisfao dos fornecedores (tendncia maior a parcerias);

    d) satisfao dos distribuidores;

    e) satisfao dos acionistas.

    Deste modo, a varivel meio ambiente passou a ser levada em conta principalmente com relao aos dois primeiros atores (consumidores e empregados, a estes relacionados aos aspectos de sade).

    Afinal, ao mesmo tempo em que o meio ambiente fornece matrias-primas e outros insumos ao processo produtivos (ar, gua, madeira, combustveis fsseis, minerais, etc.), ele serve como repositrio de todos os tipos de resduos resultantes dos processos, conforme Figura 1.2 (MOURA, 2006).

    Importante jornalista na rea da economia. Foi pioneiro, em nosso pas, na traduo dos difceis termos tcnicos da economia para a vida cotidiana. Para saber mais, consulte

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    Figura 1.2: Meio ambiente e suas relaes com o sistema de produo

    DISTRIBUIOFATORESDE PRODUO

    Capital + trabalho

    Sistema de produo

    Consumidores

    MEIO AMBIENTE(Fonte de recursos naturais e Sorvedouro de resduos e euentes)

    Recursosnaturais

    Recursosnaturais

    Resduo

    Resduo

    Fonte: Moura (2006, p. 22).

    H semelhanas entre o trabalho dos economistas e ecologistas, ambos consideram fluxos entre sistemas interconectados no que diz respeito ao objeto de seus estudos. Moura (2006) pontua que os economistas analisam fluxos de produtos, de recursos e de capital, enquanto os ecologistas analisam os fluxos que ocorrem em sistemas naturais, ou seja, fluxos de nutrientes entre indivduos de um ecossistema, de recursos naturais, de resduos e efluentes. Ambos procuram sempre detectar as possveis situaes de equilbrio e de crescimento nesses fluxos.

    Questo para reflexoCrescer diferente de desenvolver?

    Crescer significa aumentar de tamanho por acrscimo ou assimilao de material. Cresci mento econmico, logo, significa aumento quantitativo na escala das dimenses fsicas da economia. Desenvolver implica uma melhoria qualitativa na es-trutura, design e composio dos estoques fsicos de riqueza e bens, o que resulta de um conhecimento maior tanto da tcnica quanto do seu propsito. Uma economia crescente est se tornando maior; uma economia em desen volvimento est se tornando melhor (DALY, 1991, p. 152-154).

    importante relacionar o que foi discutido at agora com outros conceitos clssicos da economia discutidos por Moura (2006), observando-se semelhanas e diferenas com as aplicaes ambientais. Nesse sentido, analisemos a curva de demanda e oferta.

    Comunidade de espcies diferentes interagindo entre si e com os fatores fsico-qumicos.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A curva de demanda mostra a quantidade de um bem ou servio que os compradores estariam dispostos a comprar a diferentes preos. Essa quantidade definida para certo perodo de tempo. Por exemplo, considerando o grfico a seguir, imagine na abcissa (eixo horizontal do grfico), a quantidade de laranjas por semana que poderia ser comprada por um consumidor (ou conjunto de consumidores) e, na ordenada (eixo vertical do grfico), o preo por laranja:

    Grfico 1.5: Curva de demanda

    Quantidade (laranjas por semana)

    Pre

    o da

    lara

    nja

    Y0

    X0

    Fonte: Moura (2006, p. 24).

    Observamos que, a um preo Yo, os consumidores estaro dispostos a consumir Xo laranjas por semana. Se o preo cair, eles estaro dispostos a consumir mais laranjas por semana.

    A curva de oferta descreve o comportamento do produtor ou vendedor. Ela indica a quantidade do produto ou servio que eles estariam dispostos a vender, naquele perodo de tempo, quele preo correspondente, conforme mostra o Grfico 1.6:

    Grfico 1.6: Curva de oferta

    Quantidade (laranjas por semana)

    Pre

    o da

    lara

    nja Y0

    X0

    Fonte: Moura (2006, p. 25).

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    A curva indica que se o preo subir, os vendedores estaro dispostos a produzir mais para venderem mais, obtendo maiores lucros. Se cair, o contrrio acontece.

    Ou seja, a curva de demanda mostra o comportamento dos compradores, enquanto a curva de oferta mostra o comportamento dos vendedores. Um preo alto desalenta o comprador, fazendo com que ele procure produtos alternativos ou outra forma de gastar seu dinheiro. Ao mesmo tempo, o preo alto estimula o vendedor a produzir mais. Para analisar essas tendncias e identificar o equilbrio entre demanda e oferta, as duas curvas so registradas no mesmo grfico, o de nmero 1.7, no qual Pe o preo de equilbrio e Qe a quantidade do equilbrio.

    Grfico 1.7: Curva de demanda e oferta

    Quantidade (laranjas por semana)

    demanda ofertaexcedente

    Pre

    o (R

    $)

    Pe

    Qe

    escassez

    Fonte: Moura (2006, p. 25).

    Os movimentos de ajustes (de preos e quantidades) ocorrem sempre buscando a posio de equilbrio, conforme mostrado pelas setas no ltimo grfico. Cabe destacar que o ponto de encontro das curvas o ponto de equilbrio, porque em qualquer outro ponto, as duas partes (vendedores e compradores) iriam querer continuar a negociar at chegar ao equilbrio.

    Ao avaliar os insumos para a produo de ao para uma usina siderrgica percebemos que, ao aumentar a demanda de ao, aumenta a necessidade de ferro-ligas (mangans, estanho, zinco, etc.), gerando aumento de preo desses produtos, j que os estoques dos produtores ficam reduzidos. Aumentando a sua produo, pode ocorrer excesso no mercado, forando o preo para baixo, j que os produtores precisam

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    vender para cobrir suas necessidades de fluxo de caixa. Os preos mais baixos estimulam as usinas de ao a produzirem mais para aproveitar o baixo preo dos insumos, gerando-se mais demanda pelo ao e, consequentemente uma nova busca do equilbrio de preo entre demanda e consumidor deste material.

    Seo 4 Gesto ambiental de empresas

    Nas empresas, para que se obtenha sucesso frente s necessidades ambientais, h que se modificar, primeiramente, o modo de pensar das pessoas que as compem. No possvel tentar ser uma empresa sustentvel, se seus colaboradores no esto convictos dessa escolha. Torna-se necessria a mudana da cultura e dos ensinamentos dos seus colaboradores e pr verdadeiramente em prtica as aes de gesto ambiental.

    Atualmente, as empresas esto tentando se empenhar em atitudes que sejam benficas para o planeta. Dessa forma, pretendem fazer com que os impactos ambientais se tornem mais amenos. A questo ambiental passa de entrave aliada e se destacam no mercado algumas empresas pelo fato de serem ecologicamente corretas, o que, por sua vez, se consegue quando aes de gesto ambiental so implementadas.

    Gesto ambiental um conjunto de medidas bem definidas que, se adequadamente aplicadas, permite reduzir e controlar os impactos produzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente. Para que essa seja eficaz, deve cobrir desde a fase da concepo do projeto at a eliminao efetiva dos resduos gerados pelo empreendimento depois de implantado (VALLE, 2002, p. 69).

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    Elkington e Burke (1989) sugerem dez passos necessrios para alcanar a excelncia ambiental:

    1. desenvolver e publicar uma poltica ambiental.

    2. estabelecer metas e continuar a avaliar os ganhos.

    3. definir claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das reas e do pessoal administrativo.

    4. divulgar interna e externamente a poltica, os objetivos, metas e as responsabilidades.

    5. obter recursos adequados.

    6. educar e treinar o pessoal e informar aos consumidores e a comunidade.

    7. acompanhar a situao ambiental da empresa e fazer auditorias e relatrios.

    8. acompanhar a evoluo da discusso sobre a questo ambiental.

    9. contribuir para os programas ambientais da comunidade e investir em pesquisa e desenvolvimento aplicado rea ambiental.

    10. ajudar a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas.

    Assim, as organizaes que desejam atuar de forma a respeitar e ter envolvimento com o meio ambiente precisam incorporar em seu planejamento estratgico um programa de gesto ambiental que compatibilize as questes ambientais com seus objetivos.

    economia_ambiental_7316.indb 37 08/02/13 14:13

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Normalmente, os programas de gesto ambiental estabelecem as suas atividades, a sequncia e os executores de suas etapas. Vrias propostas foram criadas, porm, a partir de 1996, as Normas ISO 14001 e 14004 da ABNT passaram a ser a medida mais adequada de se estabelecer um programa de gesto ambiental, especificando as diretrizes para um Sistema de Gesto Ambiental (SGA) (DONAIRE, 1999).

    Assim, com o intuito de uniformizar as aes que deveriam ser tomadas nessa nova tica de proteo ao meio, a Organizao internacional para a Normalizao (iSO) criou um sistema de normas que convencionou designar por ISO 14000. Essa srie de normas trata, basicamente, da gesto ambiental e no deve ser confundida com um conjunto de normas tcnicas.

    Para Valle (2002, p. 133), a srie iSO 14000 constitui, provavelmente, o conjunto de normas mais amplo que j se criou de forma simultnea. Contm em seu corpo, normas que regulam sua prpria utilizao e que definem as qualificaes daqueles que devero auditar sua aplicao.

    A NBR iSO 14001 especifica, por exemplo, requisitos relativos a um sistema de gesto ambiental que permitem que a organizao elabore uma poltica e objetivos que considerem as obrigaes legais e os impactos ambientais significativos. aplicvel a qualquer organizao que deseje (ABNT, 1996):

    a) implantar, manter e aprimorar um sistema de gesto ambiental;

    b) assegurar sua conformidade com a poltica ambiental definida;

    c) demonstrar sua conformidade a terceiros;

    d) buscar certificao/registro do seu SGA por uma organizao externa;

    e) realizar uma autoavaliao e emitir autodeclarao de conformidade com a norma.

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    Valle (2002, p. 136) ainda comenta que a adeso s normas ISO 14000 voluntria e no prev a imposio de limites prprios para medio da poluio, padronizao de produtos e nveis de desempenho. So concebidas como um sistema orientado para aprimorar o desempenho da organizao por intermdio da melhoria contnua de gesto ambiental sem pretenso de impor ndices e valores mnimos.

    De acordo com esse autor, um dos mritos do sistema de normas iSO 14000 a uniformizao das rotinas e dos procedimentos necessrios para uma organizao certificar-se ambientalmente, cumprindo um mesmo roteiro padro de exigncias vlido internacionalmente. Para alcanar a certificao ambiental, uma organizao deve cumprir trs exigncias bsicas expressas na norma 14001, que a norma certificada na srie 14000, que so as seguintes:

    a) ter implantado um sistema de gesto ambiental;

    b) cumprir a legislao ambiental aplicvel ao local da instalao;

    c) assumir um compromisso com a melhoria contnua de seu desempenho ambiental.

    Deve-se tambm considerar que a srie ISO 14000 no uma coletnea de normas tcnicas, mas um sistema de normas gerenciais que contm um leque de oportunidades, entre as quais se inclui a certificao dos produtos da organizao.

    Valle ainda nos informa que a iSO 14001 baseia-se no ciclo PDCA (planejar, executar, verificar e agir corretivamente), muito conhecido na rea da administrao. Esse ciclo pode ser utilizado tanto para manter um estgio alcanado e impedir o retorno para o patamar inferior, como para promover melhorias, redefinindo metas.

    Da mesma forma, porm com nomenclatura diferente, a NBR iSO 14004 tambm descreve o relacionamento da gesto ambiental com o ciclo PDCA e o comprometimento com a

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    melhoria contnua atravs dos princpios e elementos de um SGA, quais sejam: comprometimento e poltica ambiental da organizao, planejamento, implementao e operao, monitoramento de aes corretivas (medio e avaliao) e revises gerenciais (anlise crtica e melhoria) (NBR 14001:1996).

    O modelo proposto pela norma NBR 14001:1996 para um SGA abrange os requisitos demonstrados na Figura 1.3.

    Figura 1.3: Modelo de SGA

    Reviso geral pela alta

    administrao

    Vericao e aes

    corretivas Implementao e Operao

    Planejamento ambiental

    Polticaambiental

    Melhoria contnua

    Reviso inicial

    Manuteno e medio No-conformidades, aes corretivas e preventivas Registros Auditorias

    Estrutura e responsabilidade Treinamento, conscientizao e competncia Comunicao Documentao Controle Operacional Preparao para uma emergncia

    Aspectos ambientais Registros legais Objetivos e metas Programa de gerenciamento ambiental

    Fonte: Barbieri (2007).

    As normas da srie iSO so constantemente alteradas pelo comit responsvel, elas so uma ao que incentiva as empresas a controlar com maior propriedade os procedimentos necessrios para que sejam evitados danos ao meio ambiente (CAJAZEiRA; SANTANNA, 2005).

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    As empresas comearam a verificar que as despesas realizadas com a proteo ambiental podem se transformar numa vantagem competitiva. Diante deste cenrio, muitas delas passaram gradualmente a incluir na gesto de seus negcios a dimenso ecolgica.

    Seo 5 Anlise do ciclo de vida do produto

    A anlise ou avaliao do ciclo de vida de produtos (ACV) mais uma ferramenta que pode auxiliar na minimizao dos impactos que a fabricao de um produto pode causar ao ambiente. As informaes coletadas na ACV e sua anlise e/ou interpretaes so teis para tomadas de deciso ou para selecionar os indicadores quando se avalia o produto ou processos ou ainda o planejamento estratgico da organizao no que diz respeito ao meio ambiente.

    Ciclo de vida uma sequncia de fases relacionadas com um produto, processo, servio, instalao ou empresa. O ciclo de vida econmico de um produto uma sequncia de atividades na qual se inclui a concepo do produto, seu desenvolvimento, lanamento, fabricao, manuteno, reavaliao e renovao, esta ltima que implica uma nova gerao do produto (FiKSEL, 1997, p. 73 apud BARBiERi; CAJAZEiRA, 2009).

    De modo similar, o ciclo de vida econmico de um processo tambm uma sequncia de atividades que envolvem a concepo do processo, o projeto das instalaes e equipamentos, construo, operaes, manuteno e retirada ao final da sua vida.

    O ciclo fsico de um produto uma sequncia de transformaes de materiais e energia que inclui a extrao de matrias-primas, fabricao, distribuio, utilizao, recuperao de materiais, reciclagem e reuso. O ciclo do processo tambm envolve a transformao de materiais e energia, sendo que um mesmo processo pode implicar na produo de vrios produtos e um mesmo produto pode implicar vrios processos (FiKSEL, 1997, p. 73 apud BARBiERi; CAJAZEiRA, 2009).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A Environmental Protection Agency (EPA), dos Estados Unidos, define a anlise (ou avaliao) do ACV como uma ferramenta para avaliar, de forma holstica, um produto ou uma atividade durante todo seu ciclo de vida. O ciclo, portanto, nada mais que a histria do produto, desde a fase de extrao das matrias-primas, passando pela fase de produo, distribuio, consumo, uso e at sua transformao em lixo ou resduo (RiBEiRO; GiANETTi; ALMEiDA, 2012).

    Exemplo Quando se avalia o impacto ambiental de um carro deve-se considerar no s a poluio causada pelo funcionamento do veculo, mas tambm os possveis danos causados por seu processo de fabricao pela energia que foi utiliza e pela produo de seus diversos componentes nesse processo e seu destino final. A Anlise do Ciclo de Vida leva em conta as etapas do bero cova (Figura 1.4) ou considerando-se o aproveitamento do produto aps o uso para um novo produto, do bero ao bero (RIBEIRO; GIANETTI; ALMEIDA, 2012).

    Figura 1.4: Etapas de ACV

    Fonte: Carboclima (2012).

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  • 43

    Economia Ambiental

    Unidade 1

    A international Organizational for Standardization (iSO) elaborou diversas normas internacionais sobre ACV, constituindo a mais importante fonte de padronizao desse instrumento do ponto de vista processual, com a primeira norma sendo publicada em 1997 (BARBiERi; CAJAZEiRA, 2009).

    Seus autores citam que a ACV um instrumento de gesto ambiental que se aplica a um produto ou servio especficos ou a um conjunto de produtos e servios. usada para identificar aspectos ambientais no nvel do produto para determinar as reas-alvo de melhorias ambientais com vista ao novo produto (por exemplo, reciclabilidade ou reduo de consumo), e no nvel dos componentes para auxiliar a seleo de materiais e fornecedores considerando melhorias para o meio ambiente.

    Conforme Tsoulfas e Pappis (2006; p. 1.595 apud BARBiERi; CAJAZEiRA, 2009), a ACV pode ser vista como um mtodo pelo qual a energia, os materiais consumidos e os diferentes tipos de emisses relacionados a um produto especfico so mensurados, analisados e atribudos ao ciclo de vida completo deste desde um ponto de vista ambiental.

    So duas as abordagens de ACV mais frequentes: uma abordagem baseia-se em modelo do processo detalhado com as emisses e resduos correspondentes; e, a outra, na contabilizao econmica das entradas e sadas usada em modelos que descrevem os fluxos intersetoriais em termos econmicos. A segunda dessas abordagens est descrita na Figura 1.5:

    Figura 1.5: Etapas detalhadas da AVC

    Denio dos objetivos, limites do estudo escolha da unidade funcional

    Identicao de oportunidades de melhoria do desempenho ambiental no ciclo de vida dos produtos

    Avaliao do impacto ambiental associado ao balano de energia e materiais ou avaliao comparativa de produtos ou processos

    Interpretao dos resultados da avaliao de impacto com a naldiade de implantar melhorias no produto ou no processo

    Realizao do inventrio de entradas e sadas de energia e materiais relevantes para o sistema em estudo

    Limites

    Inventrio Impactos

    MitigaoRiscos e oportunidades

    Fonte: Carboclima (2012).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Cabe ressaltar um comentrio sobre a proliferao de conceitos e mtodos adotados por entidades e governos no que diz respeito ACV, proliferao que gera confuso para os que pretendem usar esse instrumento. Esse comentrio o seguinte; avaliaes feitas segundo critrios diferentes chegam a concluses diferentes sobre os impactos ambientais de um mesmo produto, confundindo o pblico e lanando desconfianas quanto a esse instrumento de gesto ambiental.

    Para BARBiERi; CAJAZEiRA (2009), as organizaes que atuam ou pretendem atuar em mais de um mercado podem se deparar com a necessidade de usar mais de um mtodo de avaliao por solicitao dos importadores, o que eleva os custos, podendo at inviabilizar negcios.

    O problema mais grave a possibilidade do uso deliberadamente incorreto da ACV para apregoar vantagens ambientais inexistes nos produtos de uma empresa. Com efeito, uma empresa ou uma associao de empresas de um setor pode encomendar uma ACV, previamente combinada, para valorizar o seu produto em detrimento de outros substitutos prximos, para ganhar mercado aproveitando-se do prestgio que as questes ambientais adquiriram ao longo dessas ltimas dcadas. Da a preocupao da iSO em estabelecer conceitos, diretrizes e requisitos que tornem a ACV um instrumento com credibilidade e que no seja usado como uma barreira disfarada ao comrcio internacional.

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    Sntese

    Nesta unidade, voc estudou as relaes gerais entre a economia e o meio ambiente. Aprofundou seus conhecimentos nos conceitos gerais dessas relaes e, com isso, esperamos que tenha ficado mais explcito o papel que as empresas exercem nessa relao.

    Aprendeu quais foram os economistas que se destacaram quanto questo ambiental e suas diferentes correntes de pensamento. Pode perceber que mais recentemente a cincia econmica passou a se preocupar com as questes ligadas ao meio ambiente, pois at quatro dcadas atrs acreditava-se na perenidade dos recursos naturais, focava-se no processo de desenvolvimento de produtos e esgotabilidade dos recursos no era considerada.

    Tambm nesta unidade foram conhecidos os principais conceitos de economia e como se aplicam ecologia, bem como a importncia de relacion-los. Pode com esse entendimento perceber que a economia e a ecologia so reas muito prximas.

    Entendeu a gesto ambiental como importante ferramenta de gesto. Verificou que para que as organizaes obtenham sucesso frente s necessidades ambientais precisam modificar o modo de pensar das pessoas. Percebeu que necessrio mudana de cultura e dos ensinamentos e valores no que diz respeito relao entre economia e meio ambiente.

    Percebeu ainda que a anlise ou avaliao do ciclo de vida de produtos outra importante ferramenta que pode auxiliar na minimizao dos impactos negativos que a fabricao de um produto pode causar ao ambiente e que as informaes coletadas podem ser teis no planejamento estratgico da organizao.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Atividades de autoavaliao

    Ao final de cada unidade, voc realizar atividades de autoavaliao. O gabarito est disponvel no final do livro didtico. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, voc estar promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.

    1) O Sistema de Gesto Ambiental (SGA) umconjuntode medidas eprocedimentos bem definidoseadequadamenteaplicadosquevisam a reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimentosobreomeioambiente.

    Estagestovaidesdeaescolhadasmelhores tcnicasde produo at o cumprimento dalegislao para causar o mnimo de impacto negativo possvel sobre o meio ambiente.

    Sobreesteassunto, oqueINCORRETOafirmar?

    (a) A eficincia energtica de equipamentos, processos e ambientes fsicos deve ser uma das linhas de trabalho a serem desenvolvidas dentro de um SGA. ( )

    (b) A obteno da certificao de SGA pela Norma ISO 14001 obrigatria para as empresas que exeram atividades potencialmente poluidoras do meio ambiente. ( )

    (c) A ISO 14001 baseia-se no ciclo PDCA (planejar, executar, verificar e agir corretivamente). ( )

    (d) Um dos passos mais importantes para se alcanar a excelncia ambiental desenvolver e publicar uma poltica ambiental.

    (e) Um SGA faz parte do sistema de gesto global de uma empresa que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, prticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, programar, atingir, analisar criticamente e manter a poltica ambiental.

    E com base nos contedo dessa disciplina, justifique sua opo.

    2) Considere que diversas empresas se instalaram na regio oeste de uma cidade depois que a parte leste se tornou predominantemente utilizada por residncias familiares.

    Cada uma dessas empresas fabrica o mesmo produto e seus processos produtivos causam emisses de fumaas poluentes que afetam de forma adversa as pessoas que residem na comunidade. Com base nessa situao, responda:

    a) Por que h uma externalidade na fabricao desses produtos criada pelas empresas?

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    Economia Ambiental

    Unidade 1

    b) possvel que negociaes entre as partes possam resolver o problema? Explique.

    3) Pesquise no Estado de Santa Catarina cinco empresas certificadas pela ISO 14001, de qualquer segmento produtivo, e mencione o nome dessas empresas e as cidades em que se localizam.

    4) Caracterize, de forma breve, as principais correntes econmicas no que diz respeito ecologia e que foram apresentadas nessa unidade.

    Saiba mais

    Se voc desejar, aprofunde os contedos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referncias:

    CAMPOS, L. M. S.; MELO, D. A. Indicadores de desempenho dos sistemas de gesto ambiental (SGA): uma pesquisa terica. Disponvel em: . Acesso em: 20 de dez. 2012.

    CORAZZA, R. i. Gesto ambiental e mudanas da estrutura organizacional. Disponvel em: . Acesso em: 15 de dez de 2012.

    LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 3. ed. rev. e amp. Petrpolis: Vozes, 2004. 494 p.

    LOYOLA, R. A economia ambiental e a economia ecolgica: uma discusso terica. Disponvel em: . Acesso em: 02 de dez. 2012.

    SANTOS, R. B. Relaes entre meio ambiente e cincia econmica: reflexes sobre economia ambiental e a sustentabilidade. Disponvel em: . Acesso em: 02 de dez. de 2012.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    THOMAS, J. M.; CALLAN, S. J. Economia ambiental. So Paulo: Cengace Learning, 2009.

    VEiGA, J. E. A emergncia socioambiental. So Paulo: Senac, 2007.

    ViViEN, F. D. Economia e ecologia. So Paulo: Senac, 2011.

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  • 2Objetivos de aprendizagem

    Compreender a importncia da gesto dos custos ambientais.

    Relacionar os sistemas de gesto ambientais aos custos ambientais.

    Reconhecer os benefcios resultantes da gesto de custos ambientais.

    Sees de estudo

    Seo 1 Importncia da gesto de custos ambientais

    Seo 2 Sistemas de gesto ambiental e custos ambientais

    Seo 3 Benefcios da gesto de custos ambientais

    UNIDADE 2

    Custos ambientais

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de estudo

    Esta unidade visa a explicitar a importncia da gesto de custos ambientais, para isso apresenta os sistemas de gesto ambiental, reconhecendo os benefcios que podem da advir para a reduo dos custos ambientais.

    Seo 1 Importncia da gesto de custos ambientais

    Empresrios e investidores acreditavam que a gesto ambiental fosse mais um fator de aumento de custos do processo produtivo. Atualmente, no entanto, se deparam com vantagens competitivas, oportunidades e benefcios econmico-financeiros que podem ser oferecidos por meio dos investimentos em gesto ambiental responsvel.

    As empresas dependem, fundamentalmente, do meio ambiente, como fonte de matrias-primas e tambm como local de despejo de dejetos, tratados ou no. Dependem, ainda, da sociedade em geral, cujas aspiraes precisam ser atendidas (MOURA, 2006).

    Assim, comenta Moura que, percebendo-se o interesse crescente da sociedade por um meio ambiente sadio, as empresas passaram a priorizar investimentos ambientais, os quais antes no eram considerados, ainda que o retorno destes no seja elevado nem de curto prazo. Em alguns desses investimentos o retorno mais lento, como no caso da modificao dos processos produtivos ao se adotar as tecnologias mais limpas.

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    Economia Ambiental

    Unidade 2

    Investimentos: So os gastos realizados com o propsito de obter benefcios futuros. Dentre esses gastos, numa organizao podem estar a aquisio de equipamentos modernos, treinamentos, gastos com realizao de trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e com a implantao de um sistema de gesto ambiental. Enfim, trata-se de investimentos que buscam corroborar para um melhor desempenho e aumento dos benefcios e retorno financeiro da empresa (MOURA, 2006, p. 81).

    A Produo Limpa (PL) pode estar estreitamente relacionada com esses investimentos, j que sua obteno numa organizao pode ser feita a custos de investimentos em vrias reas da mesma.

    A PL um conceito que reconhece que a maioria de nossos problemas ambientais atuais o aquecimento global, a poluio qumica txica e a perda da biodiversidade so causados pelo modo e a velocidade com que produzimos e consumimos recursos naturais (ver Figura 2.1, a seguir). O objetivo da PL satisfazer as necessidades da sociedade por produtos ambientalmente corretos, por meio do uso de sistemas de energia eficientes e renovveis, e materiais que no ofeream risco nem ameacem a biodiversidade do planeta. Questiona a real necessidade de um produto e observa como esta necessidade poderia ser mais bem satisfeita ou reduzida, ou seja, promove a reduo ou economia do uso de materiais, gua e energia e, alm disso, admite a necessidade da participao pblica na tomada de deciso poltica e econmica (GREENPEACE, 2012).

    Figura 2.1: Atuao da metodologia da Produo Limpa

    Projeto Produo Consumo do produto DescarteResduos

    Poluio (emisso, euente e resduo)

    Desperdcio de recursos

    Tratamento Resduos Disposio

    Fonte: Adaptado de Christie et al. apud Lemos, Nascimento (1998).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Segundo o Greenpeace (2012, p. 1-2), os quatro elementos da PL so:

    1. Princpio da precauo

    A obrigao de provar que uma substncia ou atividade no causar nenhum prejuzo ao meio ambiente do potencial poluidor (por exemplo, uma indstria). As comunidades no podem ser responsabilizadas por se demonstrar que algum dano ambiental ou social ser causado pela atividade industrial que nelas reside.

    Esta abordagem rejeita a avaliao quantitativa de risco ambiental na tomada de deciso e reconhece as limitaes do conhecimento cientfico na determinao quanto continuidade do uso de uma substncia qumica ou de uma atividade industrial. Desta forma, o princpio defende que a cincia importante para esclarecer e gerar informaes sobre os impactos ambientais de uma atividade industrial; porm, as decises pblicas sobre essa atividade no devem envolver apenas cientistas, uma vez que essas mesmas atividades tambm representam impactos sociais, econmicos e culturais.

    Esse mesmo princpio, que j est presente na lei internacional e na constituio de diversos pases, pressiona as autoridades responsveis pela tomada de deciso a se manifestarem quanto a danos ambientais antes de se demonstrar evidncias irrefutveis de dano ambiental. Deve-se basear na cautela e no benefcio da dvida para proteger o ambiente natural e a comunidade.

    2. Princpio da preveno

    O princpio da preveno da PL reconhece que mais barato e mais efetivo prevenir o dano ambiental que tentar administr-lo ou remediar a situao. A noo de preveno da poluio substitui o j ultrapassado conceito de controle da poluio, exigindo mudanas nos processos e produtos de forma a evitar a gerao de resduos, especialmente os txicos.

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    Economia Ambiental

    Unidade 2

    Este princpio demanda a prtica do uso eficiente da energia bem como o uso de fontes alternativas menos poluentes (como energia solar e elica) para substituir a excessiva nfase no desenvolvimento e pesquisa de novas fontes de combustvel fssil.

    3. Princpio do controle democrtico

    A PL envolve todos os afetados por atividades industriais incluindo os operrios, as comunidades do entorno e os consumidores finais. Os cidados devem possuir informao sobre as emisses industriais e ter acesso aos registros de poluio, planos de reduo de uso de substncias qumicas txicas, bem como dados das matrias-primas dos produtos.

    O direito e acesso informao e o envolvimento na tomada de deciso garantem o controle democrtico sobre o processo produtivo e a qualidade de vida da populao diretamente afetada por uma atividade industrial e das geraes futuras.

    4. Princpio da abordagem integrada e holstica

    Os perigos e riscos ambientais de um processo produtivo podem ser minimizados pelo rastreamento completo do ciclo de vida do produto resultante desse processo. A sociedade deve adotar uma abordagem integrada para o uso e o consumo de um recurso natural. Esta anlise essencial para garantir que materiais perigosos, como o PVC, sejam extintos, e no substitudos por materiais que representem novas ameaas ambientais.

    A Produo mais Limpa, termo tambm conhecido por P+L, significa a aplicao contnua de uma estratgia econmica, ambiental e tecnolgica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficincia no uso de matrias-primas, gua e energia, atravs da no gerao, minimizao ou reciclagem de resduos gerados em um processo produtivo. Esta abordagem, representada na Figura 2.2 induz inovao nas empresas, dando um passo em direo ao desenvolvimento econmico sustentado e competitivo, no apenas para elas, mas para toda a regio que abrangem (CNTL, 2012).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Figura 2.2: Atuao da metodologia da P+L

    Nvel 1 Nvel 2 Nvel 3

    PRODUO MAIS LIMPA

    Minimizao de resduos e emisses

    Reutilizao de resduos e emisses

    Modicao do processo

    Modicao de tecnologia

    Substituio de matrias-primasHousekeeping

    Estruturas MateriaisModicao do produto

    Reciclagem externa

    Ciclos biognicos

    Reciclagem interna

    Reduo da fonte

    Fonte: Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL,2012).

    A prioridade do uso de tecnologias limpas est no topo do fluxograma representado pela figura. Essa prioridade visa a evitar: a gerao de resduos e emisses (nvel 1); que os resduos que no podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de produo da empresa (nvel 2); e, na impossibilidade dessa reintegrao, que medidas de reciclagem fora da empresa sejam utilizadas (nvel 3).

    H uma diferena significativa entre os conceitos de produo limpa e produo mais limpa. O que a princpio parece apenas uma sutil diferena semntica, na verdade traz uma grande diferena em termos de resultados para a sustentabilidade empresarial. Muitas empresas tm implantado programas de produo mais limpa com o intuito de reduzir seu impacto sobre o ambiente. Apesar de ainda incipiente, a adoo da P+L tem trazido resultados importantes em muitas empresas (PORTO, 2009).

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    Economia Ambiental

    Unidade 2

    Todavia, a definio de sustentabilidade que recente e por vezes pouco compreendida, leva as empresas a no percebem a diferenciao e a limitao dos conceitos de produo limpa e produo mais limpa.

    A produo limpa e a produo mais limpa implicam em reduzir o impacto ambiental do processo produtivo que est sendo realizado, independentemente se tal processo sustentvel ou no. Portanto, h ligao obrigatria entre sustentabilidade, os conceitos e a eficincia ecolgica do processo, o que se busca implantar um processo realmente limpo, ou seja, sustentvel (PORTO, 2009).

    As empresas, quando bem geridas, no decorrer de seus processos administrativos no realizam investimentos e gastos sem controle. Dessa forma, mesmo que a alta administrao esteja motivada para que se invista em melhorias de desempenho ambiental e que o responsvel pela rea de gesto ambiental exponha os benefcios da aquisio e implantao de um sistema de gesto ambiental, essas aes no so aprovadas pela diretoria de uma empresa sem que haja uma clara identificao dos custos envolvidos e a quantificao do retorno dos investimentos (MOURA, 2006).

    Com a inteno de tornar mais fcil a tomada de deciso dos gerentes das empresas, surgea proposta dos custos ambientais. Eles so tratados de uma forma semelhante ao modelo daqualidade total dos produtos, que procura identificar as falhas existentes e os custos para apreveno de problemas provenientes dessas falhas (CAMPOS, 1996).

    Custos Saiba que o termo que definido por vrios autores. Para S (1995), custos podem ser definidos como tudo o que se investe para conseguir um produto, um servio ou uma utilidade. Leone (1997) determina que custos dizem respeito ao valor dos fatores de produo consumidos por uma firma para produzir ou distribuir produtos ou servios ou ambos, e Martins (2000) considera custos como gastos relativos a bens ou servios utilizados na produo de

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    outros bens e servios, ou seja, o valor dos insumos usados na fabricao dos produtos da empresa. Martins ainda afirma que o custo tambm um gasto, s que reconhecido como tal, isto , como custo, no momento da utilizao dos fatores de produo (bens e servios) para fabricao de um produto ou execuo de um servio.

    Ao se relacionar empresa e as questes ambientais surgem dificuldades para se calcular custos ambientais, pois o processo de produo no to claro quanto se possa imaginar.

    Os custos ambientais so valores relevantes necessrios e, portanto, se faz tambm necessria a criao de controles e acompanhamentos especficos dos mesmos de forma a se terem elementos para avaliar o retorno proporcionando pelas aplicaes de recursos nesta rea (ROCHA; RiBEiRO, 1999, p. 1).

    Campos et al. (1999, p. 17) referem que, mediante a identificao das atividades ambientais e alocao dos custos a estas atividades, haveria a possibilidade de identificar e, posteriormente, reduzir os custos da qualidade ambiental indesejveis.

    A informao sobre os custos adquire no processo de tomada de deciso uma importncia inquestionvel. A permanente evoluo tecnolgica acompanhada da consequente modernizao e alterao das estruturas organizacionais, assim como o ambiente de competitividade entre todos os setores produtivos, implica que os gestores procurem formas mais confiveis, rpidas e de melhor qualidade, quando se trata de apurar custos de produtos ou servios (EUGNiO, 2012).

    Os custos ambientais podem ser catalogados segundo diferentes perspectivas, a que correspondem classificaes apresentadas por diferentes autores. E aponta quatro tipos de classificaes descritas por Soler (1997, apud EUGNiO, 2012), os quais so os seguintes:

    Diretos: transporte, tratamento e eliminao dos resduos;

    Ocultos: notificaes, anlises, declaraes, medidas de segurana, etiquetas, seguros de acidentes.

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    Economia Ambiental

    Unidade 2

    Intangveis: qualidade do produto, impacto ambiental, imagem da empresa, higiene.

    Futuros: responsabilidade de saneamento do solo, substituio de recursos, causas civis e criminais, danos sanitrios.

    J sob a viso de Carvalho et al. (2000, p. 15),

    os custos ambientais compreendem todos aqueles gastos relacionados direta ou indiretamente com a proteo do meio ambiente: Amortizao, exausto e depreciao; Aquisio de insumos para controle, reduo ou

    eliminao de poluentes; Tratamento de resduos de produtos; Disposio dos resduos poluentes; Tratamento de recuperao e restaurao de reas

    contaminadas; Mo de obra utilizada nas atividades de controle,

    preservao e recuperao do meio ambiente.

    Assim, devemos perceber que a gesto de custos ambientais tornou-se um importante instrumento gerencial para a capacitao e criao de condies para as organizaes, qualquer que seja o seu segmento econmico (OTViO et al., 2000, p. 3).

    Para Moura (2006), a gesto de custos ambientais somente pode ser realizada com sucesso, quando na empresa: se consegue uma boa compreenso das variveis envolvidas nesse processo; h motivao para realizar um bom trabalho; e, h apoio da alta direo nessa empreitada.

    Na execuo de um projeto de gesto de custos ambientais h gestores ambientais, que so responsveis pela rea financeira e contbil. Um investimento em melhoria ambiental precisa ser visto da mesma forma que qualquer outro tipo de investimento, devendo ser realizada uma anlise de viabilidade tcnico-econmica do empreendimento. Pontua o autor que muito difcil a defesa desses investimentos sem uma anlise que mostre alternativas de retornos dos mesmos, com simulaes e projees futuras.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A maioria das empresas ainda no conhece seus custos ambientais. Eles existem e muitas vezes esto difusos, mascarados por outros custos de gerenciamento da empresa.

    H que se identificar os custos da qualidade ambiental, definindo uma metodologia que permita chegar sua identificao e mensurao, separando os gastos por categorias, de modo a percebermos onde atuar a fim de obter maior eficincia e, ao mesmo tempo, gerar subsdios ao planejamento estratgico da organizao (MOURA, 2006).

    Moura (2006) ainda nos informa, cabe destacar, que, ao se escolher determinados sistemas que proporcionaro melhor qualidade ambiental, como uma estao de tratamento de efluentes, haver necessidade de desenvolver projetos, adquirir equipamentos, realizar construes (como tubulaes), montar equipamentos e realizar testes de desempenho, por exemplo. Essas e outras atividades geram custos, mais ou menos visveis, que precisam ser avaliados, pois esto ligados ao custo total de uma determinada atividade, ou seja, ao custo ao longo do ciclo de vida do produto dessa atividade. Um trabalho mais aprofundado e que resulta em benefcios para a organizao conduz determinao das causas responsveis por certos custos e a razo da existncia dos mesmos.

    Moura (2006) segue nos dizendo que a qualidade ambiental, integrada ao sistema global da organizao pode e deve ser mensurada em termos de custos, embora existam, no incio de processo, muitas dificuldades em se quantificar o que significa qualidade ambiental e no seja fcil enquadrar os custos da qualidade ambiental nos sistemas contbeis normais da empresa.

    As melhorias ambientais previstas devem ser evidenciadas como uma mistura de atributos qualitativos (por exemplo: satisfao dos clientes) com medidas de desempenho quantificveis, ao longo do processo de tomada de deciso sobre o melhor investimento a realizar.

    O mesmo autor (2006, p. 70-71) cita alguns indicadores de desempenho usados nos processos produtivos e gerenciais, os quais so:

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    Economia Ambiental

    Unidade 2

    Quantidade de emisses de gases nas chamins (CO2, SO2, etc.);

    Quantidade de resduos (toneladas) slidos estocados;

    Quantidade de resduos produzidos por quilo de produto acabado;

    Percentual (em relao ao peso total) de resduos recuperados ou reciclados;

    Percentual de material reciclvel utilizado nos produtos (e embalagens);

    Custo de energia eltrica utilizada por unidade (ou kg) de produto;

    Quantidade (ou custo) da gua utilizada por unidade de produto;

    Quantidade de matrias-primas naturais (kg), utilizadas por unidade de produto;

    Percentual de colaboradores treinados em questes ambientais;

    Percentual de investimentos em melhorias ambientais em relao ao oramento;

    Nmero de queixas da comunidade, por ano, relativas a problemas ambientais;

    Nmero de acidentes ambientais por ano;

    Custo para a empresa resultante de incidentes ambientais por ano;

    Valor das multas recebidas no ano, como resultado de problemas ambientais;

    Nmero de aes judiciais por ano, como consequncia de problemas ambientais;

    Custo da disposio de resduos por unidade produzida.

    CO2 Dixido de carbono. SO2 Dixido de enxofre.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Os custos altos ou indicadores de desempenho fora dos padres normais podem significar problemas organizacionais, comprometendo a prpria sobrevivncia da empresa, ou, ainda, afetando as margens de lucro esperadas.

    Como custos e indicadores de desempenho, avaliados em conjunto, servem para alertar para a existncia de problemas na empresa? Os relatrios contbeis de uma empresa podem mostrar o que est ocorrendo em uma determinada rea. Custos altos podem indicar um ponto de partida para uma anlise detalhada do problema e, consequentemente, apontar para solues institudas em um Plano de Ao.

    natural que os resultados das melhorias d