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    A Estruturao daPoltica Externa dos

    Estados Unidos

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    A Estruturao daPoltica Externa dos

    Estados Unidos

    A G E N D A D A

    POLTICA EXTERNA DOS EUAA G E N D A D E

    POLTICA EXTERNA DOS EUAOLUME 5 PUBLICAO ELETRNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS ESTADOS UNIDOS NMERO

    Maro de 2000

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    Os textos aqui apresentados refletem a transformao da polticaexterna dos Estados Unidos nos ltimos anos um processo acelerado

    pelos mesmos avanos tecnolgicos que permitem que esta "publicaoeletrnica" seja compreendida como inovao e no como oxmoro.

    O propsito fundamental da poltica externa dos Estados Unidosmanteve-se inalterado por mais de dois sculos. o de proteger nossoscidados, nosso territrio, nosso bem-estar e nossos amigos.

    Mas a estruturao da poltica externa dos Estados Unidos mudou, porque o mundomudou. Com a Guerra Fria ficando para trs e a globalizao nos envolvendo, no hlinha divisria definida entre os assuntos domsticos e os internacionais. E, em muitosassuntos, a questo sobre onde termina a nossa responsabilidade para iniciar a do prximo cada vez mais obscura.

    imperativo, por exemplo, o estabelecimento de leis domsticas e internacionais quecombatam o terrorismo, o que exige vigorosa diplomacia, bons trabalhos de inteligncia,preparaes para respostas de emergncia e a possibilidade de aes militares. A luta contrao HIV e a AIDS um desafio mdico, prioridade educacional e desenvolvimentista enecessidade da poltica externa. A proteo do meio ambiente global exige cinciaapropriada, sofisticada percia econmica e acirradas negociaes internacionais.

    Na maior parte dos casos, nossos diplomatas necessitam compreender e trabalhar noapenas com parceiros estrangeiros, mas tambm com legisladores, organizaes no-

    governamentais, especialistas estrangeiros e representantes do setor privado, tanto para

    negcios como para trabalho. O velho tabuleiro de xadrez geopoltico no maisbidimensional.

    Os jogadores de hoje no so apenas naes, mas sim um exrcito de atores fora dogoverno. Os assuntos freqentemente no podem ser separados, mas so, isso sim,interconectados. As regras mudam a cada descoberta cientfica. E, embora os Estados

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    AGENDA DE

    POLTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS

    A Estruturao da Poltica Externa dos Estados UnidosPU BLI C A O ELETR N I C A D O D EPARTAM EN TO D E ESTAD O D O S ESTAD O S U N I D O S VO LU M E 5 N U M ERO 1 M AR O D E 2000

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    Unidos possuam inimigos, o saldo no equilibrado: a longo prazo, ns todos faremosmelhor, ou nenhum de ns vencer.

    Os artigos aqui includos formam uma coleo que desperta para a reflexo, feita porum renomado grupo de funcionrios do governo, membros atuais e antigos do Congresso eoutras autoridades. Eu os recomendo. Porque eles descrevem como a nao lder do planeta

    est abraando os problemas mais srios do mundo. E, quanto mais amplamente forcompreendido o processo, melhor ele funcionar e mais apoio ir receber.

    Secretria de Estado Madeleine Albright

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    OS PERITOS: COMO AJUDAR A FORMAR A POLTICA EXTERNA E DE SEGURANA

    DOS ESTADOS UNIDOS 39

    Robert E. HunterConselheiro Snior, RAND Corporation

    OS MEIOS DE COMUNICAO: SUA INFLUNCIA SOBRE A POLTICA EXTERNANA ERA DA INFORMAO 43

    Warren P. StrobelEditor Snior, U. S. News & World Report

    A INTERNET E A DIFUSO DA DIPLOMACIA 47Ensaio do Dr. Richard H. SolomonPresidente, Instituto Norte-Americano da Paz

    "LOBBY" SOBRE O CONGRESSO: CHAVE DA INFLUNCIA DO CIDADO NORTE-AMERICANO

    SOBRE A POLTICA EXTERNA 52Audrae EricksonDiretor de Relaes Governamentais para a Poltica de Comrcio Internacional

    Federao Norte-Americana das Empresas Agrcolas

    DILOGO PBLICO-PRIVADO: SISTEMA ABERTO DE POLTICA EXTERNA

    DOS ESTADOS UNIDOS 55Robert D. SchulzingerProfessor de Histria, Universidade do Colorado em Boulder

    _ GUIA DE LEITURAS COMPLEMENTARES

    A ESTRUTURAO DA POLTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS ARTIGO DE ALERTA 58

    Resumos de artigos recentes

    A ESTRUTURAO DA POLTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS BIBLIOGRAFIA 60

    Destacando opinies diferentes

    A ESTRUTURAO DA POLTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS PRINCIPAIS "SITES" NA

    INTERNET 62

    "Links" na Internet para fontes de informao sobre assuntos relacionados

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    O Escritrio de Programas Internacionais de Informao do Departamento deEstado dos EUA fornece produtos e servios que explicam as polticas, os valores e asociedade dos Estados Unidos ao pblico estrangeiro. O Escritrio publica cincorevistas eletrnicas que tratam das principais questes enfrentadas pelos EstadosUnidos e pela comunidade internacional. As revistas Perspectivas Econmicas,Questes Globais, Questes de Democracia, Agenda de Poltica Externa dosEUA, e Sociedade e Valores dos EUA apresentam anlises, comentrios einformaes de carter geral sobre suas reas temticas. Todas as edies das revistasaparecem em ingls, francs e portugus, e algumas edies selecionadas tambm so

    publicadas em rabe, russo e espanhol. Uma nova edio em ingls publicada a cadatrs a seis semanas. As verses traduzidas geralmente so publicadas duas a quatrosemanas aps a publicao do original em ingls. A ordem na qual as edies temticasaparecem irregular, pois algumas revistas tm um nmero maior de edies do que asoutras.

    As opinies expressas nas revistas no refletem, necessariamente, as opinies ou aspolticas do governo dos Estados Unidos. O Departamento de Estado dos EUA no

    assume nenhuma responsabilidade pelo contedo nem pela continuidade do acesso aossites da Internet para os quais h links nesta publicao; tal responsabilidade nica eexclusivamente das entidades que publicam esses sites. Os artigos podem serreproduzidos e traduzidos fora dos Estados Unidos a no ser que contenham restriesquanto aos direitos autorais.

    Nmeros atuais ou atrasados das revistas podem ser encontrados na Home Pagedo Escritrio de Programas Internacionais de Informao na World Wide Web, noseguinte endereo:

    http://www.usinfo.state.gov/journals/journals.htm.As publicaes esto disponveis em vrios formatos eletrnicos para facilitar a

    visualizao on-line, a transferncia, o download e a impresso. Comentrios sobem-vindos na Embaixada dos Estados Unidos no seu pas (aos cuidados da Seo deDiplomacia Pblica) ou na redao:

    Editor, U.S. Foreign Policy AgendaPolitical Security -- IIP/T/PSU.S. Department of State

    301 4th Street, S.W..Washington, D.C. 20547United States of America

    Voc pode enviar o seu E-mail para este endereo:[email protected]

    Favor observar que esta edio de Agenda de Poltica Externa dos EUA pode serencontrada na Home Page Internacional do Escritrio de Programas Internacionaisde Informao na World Wide Web, no seguinte endereo:

    http://usinfo.state.gov/journals/itps/0300/ijpe/ijpe0300.htm

    Editora . . . . . . . . . . . . . . . . . Judith S. Siegel

    Editora Executiva. . . . . . . . . Margaret A. McKay

    Editor Associado . . . . . . . . .Wayne Hall

    Editores Colaboradores. . . Ralph Dannheisser

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Susan Ellis

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Kristina Goodwin

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Dian McDonald

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Jody Rose Platt

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Jacqui S. Porth

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mary Scholl. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Terence Scott

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Scott Whitney

    Pesquisadores . . . . . . . . . . . Sam Anderson

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Rebecca Ford Mitchell

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Vivian Stahl

    Diretora de Arte . . . . . . . . . Barbara Long

    Programadora Visual . . . . . Sylvia Scott

    Assistente de Programao Yvonne Shanks

    Conselho Editorial . . . . . . . Howard Cincotta

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Judith S. Siegel

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Leonardo Williams

    AGENDA DE

    POLTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS

    PUBLICAO ELETRNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS ESTADOS UNIDOS VOLUME 5 NMERO 1 MARO DE 2000

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    PERGUNTA: Quem so as pessoas mais influentes

    para o desenvolvimento da poltica externa dos EstadosUnidos?

    PICKERING: So o presidente e o secretrio de Estado,o conselheiro Nacional de Segurana doPresidente, osecretrio da Defesa, o presidente das Foras Armadas e,naturalmente, o diretor central de Inteligncia, quefornece aos outros membros-chave da equipe de polticaexterna as ltimas informaes sobre os acontecimentosmundiais.

    Essas pessoas constituem o centro do Conselho deSegurana Nacional, que o nvel mais alto deestruturao da poltica externa do pas. E a secretria deEstado assume de forma muito sria o seu papelfundamental de ser o principal conselheiro do presidentesobre os assuntos de poltica externa.

    P: De que forma seus papis se sobrepem e secomplementam para atingir os objetivos da polticaexterna dos Estados Unidos?

    PICKERING: O presidente e a secretria de Estadonecessitam considerar da forma mais abrangente osassuntos de poltica externa devido s suasresponsabilidades sem paralelo no pice do sistema deestruturao da poltica externa norte-americana. Osecretrio da Defesa traz freqentemente uma dimensomais ampla discusso das questes de segurananacional e o conselheiro de Segurana Nacional doPresidente coordena e integra as atividades e funes detodos os membros da equipe de poltica externa. Ele

    naturalmente conhece com detalhes as prioridades de

    poltica externa do presidente e freqentemente iniciadebates criteriosos sobre a agenda durante as reuniesdos membros da poltica externa, qual o presidenteno comparece.

    Esta equipe do Conselho de Segurana Nacional,segundo minha prpria experincia, agradvel ecooperativa. Mas ela no tende, de nenhuma forma, areduzir a importncia das questes ou a seriedade dodebate. Eles no permitem que sentimentos pessoaisinterfiram nos interesses nacionais, como aconteceu

    algumas vezes no passado. E eles tambm vmtrabalhando muito para manter o elemento deconfidencialidade medida que lidam com assuntospor um longo perodo de tempo.

    P: Qual o seu trabalho com o Congresso na rea depoltica externa?

    PICKERING: O completo estabelecimento da polticaexterna leva muito a srio o papel do Congresso emqualquer assunto de poltica externa que surja para serconsiderado. Sempre existe considerao de como e deque forma necessitamos convocar o Congresso, obteropinies dos Congressistas e analisar as propostas doCongresso.

    Em quase todos os principais assuntos de polticaexterna, existem dois tipos de consideraes doCongresso. A primeira tem a ver com a poltica nomeadamente, como o Congresso, que parteessencial e muito ressonante do governo norte-

    A DINMICA VARIVEL DA ESTRUTURAO DA POLTICAEXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS

    Entrevista com o vice-secretrio de Estado para Assuntos Polticos, Thomas R. Pickering

    Atualmente, as relaes internacionais tm se tornado cada vez mais complexas e "envolvem umaampla variedade de assuntos que, no sculo XIX, nunca foram vistos como questes importantes depoltica externa", segundo o vice-secretrio de Estado para Assuntos Polticos, Thomas R. Pickering.As naes do mundo esto ficando cada vez mais prximas, segundo ele, e a revoluo dascomunicaes e da informao "est claramente tendo impacto sobre a diplomacia internacional".Ele foi entrevistado pelo Editor Colaborador Dian McDonald.

    _ E M F O C O

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    americano, ir reagir a um assunto de perspectivapoltica. Ouvimos as opinies de membros individuais,bem como as lideranas congressistas e os membros decomits.

    Em segundo lugar, o Congresso possui a tarefa muitoimportante de fornecer fundos para os programasgovernamentais, tanto como parte do processo deoramento anual, como freqentemente em carter deemergncia, atravs de apropriaes suplementares.Assim, muito importante a considerao daspreocupaes do Congresso do ponto de vista definanciamento.

    Alm disso, o Congresso legislou freqentemente nosltimos anos sobre temas de poltica externa. Por estarazo, uma das questes que sempre devemos fazer a

    ns mesmos com relao a iniciativas especficas depoltica externa : Devemos esperar cooperao ouoposio do Congresso? E, em qualquer dos casos, tera forma de legislao? E, em caso positivo, comolidaramos com seus esforos de legislao, ou devemosns propor a nossa prpria legislao? No ltimo caso,naturalmente, as consultas ao Congresso so muitoimportantes.

    O presidente tem papel de liderana na consulta aoCongresso, mas a secretria tambm ocupa parcela

    muito grande do seu tempo em conferncias commembros superiores do Congresso sobre temasespecficos. E outros de ns que trabalhamos de pertocom a Secretria tambm tomamos essaresponsabilidade em alguns casos, com respeito a temasoramentrios ou crises de poltica externa.Eu recentemente estive uma tarde no Capitlio, porexemplo, relatando uma situao especfica de crise auma das comisses. Passei a noite falando aos membrosdo Congresso sobre a Colmbia. Funcionriosimportantes do Governo tambm esto freqentementeenvolvidos em discusses telefnicas com lderescongressistas sobre temas da poltica externa. Estasatividades so parte importante das nossasresponsabilidades no Poder Executivo, j que anecessria coordenao entre os dois poderes que tornaeficaz a poltica externa.

    P: : Como o sr. descreveria as novas influnciasemergentes mais crticas sobre a estruturao da polticaexterna dos Estados Unidos?

    PICKERING: Existem vrias. As relaesinternacionais vm se tornando cada vez maiscomplexas e envolvem uma ampla variedade deassuntos que, no sculo XIX, nunca foram vistos comoquestes importantes de poltica externa. Eles incluem acriminalidade, o terrorismo, o ambiente e a sadeinternacional. Lidar com o problema da AIDS umapreocupao particular do Governo no momento,devido devastao que essa doena est causandosobre vrias economias e em vrios pases em todo omundo.

    Estes so novos assuntos centrais e principais de polticaexterna. Eles complementam os tradicionais temaseconmicos comrcio, reforma macroeconmica edesenvolvimento bem como os temas polticostradicionais solucionar crises, lidar com disputas

    internacionais, com conflitos que tenham surgido eexercer a diplomacia para evitar futuros conflitos.

    Eles so complementados por um crescimento dadiplomacia multilateral, onde vrios desses assuntosagora encontram espao em faces multilaterais,algumas regionais e outras amplamente internacionais.

    Assim, o escopo e a complexidade tcnica dos assuntosvem crescendo, devido ao fato das naes do mundoestarem crescendo juntas. Todos ns fomos

    profundamente afetados pela revoluo dascomunicaes e da informao, que claramente temimpacto sobre a diplomacia internacional.

    P: O sr. poderia descrever sua forma de trabalho com asorganizaes internacionais para alcanar os objetivosda poltica externa norte-americana?

    PICKERING: Todos ns, da comunidade de assuntosinternacionais, estamos cada vez mais conscientes do fatode que organismos multilaterais tanto regionais comoamplamente internacionais desempenham papelextremamente importante. Em alguns casos, seu papel legislativo ou semi-legislativo; eles realmente fazem asregras. Em outros casos, eles estabelecem o consensointernacional sobre o que deve ser feito nos nveis maisaltos.

    Em termos de problemas tradicionais de guerra e paz, oConselho de Segurana das Naes Unidas, do qual

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    somos membros permanentes, exerce um papel muitoimportante. Durante os ltimos cinqenta anos ou mais,as organizaes regionais e internacionais desenvolveramnormas para ajudar a definir e regular as atividades emmuitas esferas desde como conduzir negcios at comoevitar que os avies colidam entre si e a regulamentaoda indstria de telecomunicaes.

    Por todas essas razes, o trabalho com nossoscompanheiros das organizaes internacionais umponto focal primordial para o Departamento de Estado eoutras agncias domsticas que nos auxiliam a conduzir osassuntos externos. Algumas das agncias domsticaspossuem seus prprios vnculos com as organizaesinternacionais no seu campo de atuao. responsabilidade do Departamento de Estado assegurarque elas sigam os objetivos da poltica externa norte-

    americana e prossigam com sua eficcia em buscar osinteresses nacionais.

    P: De que forma as opinies dos lderes e governosestrangeiros influenciam o desenvolvimento da polticaexterna dos Estados Unidos?

    PICKERING: Elas so extremamente importantes e,naturalmente, especialmente crticas quandonecessitamos lidar com questes bilaterais.Recentemente, envolvi-me em trs longas viagens que

    valeram a oportunidade de obter as opinies de lderesnos Blcs, na Amrica Latina e no Extremo Orientesobre questes importantes de poltica externa. Essetipo de consulta a lderes externos essencial pois,embora os Estados Unidos sejam lderes mundiais depoltica externa, no podemos agir sozinhos. Temos quetrazer amigos, aliados e at inimigos em um esforocooperativo de realizao. O mundo no funciona combase em um pas podendo fazer tudo sozinho.

    A considerao das opinies dos lderes estrangeirostambm importante em contexto multilateral, j quevrios outros pases exercem papis de liderana emfruns multilaterais como as Naes Unidas, e a formacom que pases individuais votam sobre questesespecficas muito importante para os Estados Unidos.Realizamos muito "lobby" que chamamos emlinguagem diplomtica de "diligncias" o que de fatosignifica tentar persuadir os demais, atravs da lgica eda discusso, sobre a importncia e a preciso das

    opinies norte-americanas. Tambm tentamoscompreender as opinies de outros pases efreqentemente tentamos incorporar suas opinies nanossa prpria, de forma que todos possamos comear aconstruir o tipo de consenso necessrio para a tomadade aes internacionais sobre temas especficos.

    P: O sr. acredita que os meios de comunicaoinfluenciam a estruturao da poltica externa?

    PICKERING: Em algumas ocasies em que adiplomacia est sendo conduzida de formaconfidencial, e a confidencialidade importante para oseu sucesso, a transparncia muito precoce no processoobviamente no favorvel, do ponto de vista doscondutores da diplomacia. Acho que todos os quelidam com diplomacia reconhecem que estamos em

    uma era cada vez mais livre, com fluxo cada vez maislivre de informaes. E a maioria de ns acredita queisso levar intrnseca e essencialmente ao melhoramentodo processo e da humanidade.

    Assim, estamos nos acostumando a operar em umbalaio de gatos. Quando a confidencialidade dainformao intercambiada com governos estrangeiros quebrada, isso algumas vezes visto como quebra deconfiana e tende a marcar um relacionamento, talvezdesnecessariamente, de forma prejudicial. Mas isso no

    culpa da imprensa, nem da fonte de informao paraa imprensa.

    Algumas vezes acreditamos que os comentrios daimprensa sobre a poltica externa no so imparciais.Acho que os governos sentem isso mais fortemente, emnotcias da imprensa em que eles no tiveram aoportunidade de divulgar suas opinies ao jornalistaantes da histria ser publicada. E, do ponto de vista daimprensa, tambm importante que eles analisem setiveram a oportunidade de conhecer e avaliar porcompleto todos os pontos de vista antes de escrever assuas reportagens.

    responsabilidade da imprensa levar em conta todos ospontos de vista e analis-los. Reportagens de um slado, no verificadas nem amplamente pesquisadas,fornecem uma tica desvantajosa para os assuntosexternos, pois, a longo prazo, a poltica externa temsucesso se tiver o apoio da comunidade nacional, que

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    muito influenciada pelos meios de comunicao.Ningum espera que os meios de comunicao sejamporta-vozes do governo, mas esperamos que eles pelomenos conheam e compreendam as opinies e sejamjustos ao veicul-las.

    P: De que forma os meios de comunicao facilitam aestruturao da poltica externa?

    PICKERING:Acho que os meios de comunicao ofazem de muitas formas. Mas, para que eles veiculemreportagens imparciais e equilibradas, importante queouam o que temos a dizer. No desejamos que os meiosde comunicao deixem de ser totalmente crticos; issoprovavelmente significaria que no esto cumprindocom o seu trabalho. Por outro lado, esperamos que hajaembasamento concreto razovel para a crtica que no

    finja ignorar as consideraes trazidas pelos governospara serem conduzidas no desenvolvimento da poltica.

    No nosso governo, temos a sorte do presidente e dasecretria de Estado, os maiores articuladores da polticaexterna dos Estados Unidos, terem oportunidadesfreqentes de veicular suas opinies para os meios decomunicao. Existe tambm um processo regular dedepoimentos, que envolve os porta-vozes doDepartamento de Estado, da Casa Branca e doDepartamento de Defesa, que nos permite veicular

    nossas opinies sobre temas especficos aos meios decomunicao, de forma que nunca nos sentimos demos atadas. Em muitos casos, os meios decomunicao so um instrumento notadamenteimportante. No que o governo manipule os meios, maseles exercem funo essencial por tratarem como notciao que o governo est dizendo sobre um assuntoespecfico da poltica externa.

    P: Por que o sr. acredita que o bipartidarismo essencial na estruturao da poltica externa dos EstadosUnidos?

    PICKERING: minha convico que, quando temosum interesse nacional vital em jogo algo que possaafetar as vidas dos norte-americanos e a paz ou a guerra,por exemplo a controvrsia deve parar dentro de casa.Isso significa que qualquer Presidente deve estar aberto,ao formular sua poltica externa, a considerar, com base

    no bipartidarismo, as opinies dos demais no pas. Mas,aps isso ser feito, e depois que o Presidente houverfeito seu melhor julgamento sobre quais so osinteresses nacionais sobre um tema de importncia vitalpara a nao, o debate deve prosseguir no mbitodomstico, mas sem ser conduzido para fora.Entendemos que essa linha ultrapassada quando aspessoas viajam para o exterior e utilizam sua posio deviajante como plataforma para modificar as decisespolticas feitas dentro de casa.

    No exterior, os estrangeiros devem observar umaAmrica unida em torno de propostas centrais da nossapoltica externa e as formas crticas em que soconduzidas. Deve haver uma perspectiva nacional,mesmo que permaneam algumas diferenas internas.

    P: Qual o papel das misses diplomticas norte-americanas no exterior no desenvolvimento da polticaexterna dos Estados Unidos?

    PICKERING:As misses diplomticas dos EstadosUnidos no exterior possuem papel srio e importanteno desenvolvimento da poltica externa. Esse papel conduzido de diversas formas. Uma a sua habilidadede perguntar todas as questes que sejam crticas para aestruturao da poltica externa dos Estados Unidos eproporcionar no apenas a melhor informao concreta,

    mas tambm e talvez, de forma mais importante anlises competentes dos fatores que acreditam seremsignificativos para motivar os pases estrangeiros einfluenciar as decises dos seus prprios governos.

    As misses e os embaixadores norte-americanos noexterior tambm possuem a importanteresponsabilidade de aconselhar o secretrio de Estado eo presidente sobre a poltica externa, tanto com relaoao momento de tomada de iniciativas e efetivao demudanas, bem como sobre qual dever ser, do seuponto avanado, qualquer nova poltica externa norte-americana em um pas ou regio especfica dentro dasua jurisdio. Os secretrios adjuntos de Estado emWashington esto sempre preparados para levar emconta suas opinies e necessitam ser o ponto deintegrao onde se encontram o que vem do exterior eo que est sendo desenvolvido em Washington.

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    P: Quais experincias melhor o prepararam para opapel de piv que o sr. desempenha na estruturao dapoltica externa dos Estados Unidos?

    PICKERING: O Servio Exterior essencialmenteuma carreira de aprendizado e descobri que isso omais significativo para mim. Se um funcionrio doServio Exterior no aprende muita coisa nova todos osdias, no acredito que esteja utilizando sua carreira damelhor forma.

    Os trabalhos mais benficos para mim foram osnumerosos cargos que ocupei no exterior e asnomeaes para funes de estruturao de poltica emWashington. Tive uma carreira em que cada trabalho,do meu ponto de vista, contribuiu para tornar-me mais

    eficiente no trabalho seguinte. Assim, acho que acombinao entre formao contnua e conhecerconstantemente a sua responsabilidade de conhecertodos os temas da forma mais profunda possvel para atomada de decises, que melhor me preparou para omeu papel atual.

    Para todos os elaboradores de poltica, a capacidade como sempre diz a secretria de pensar "fora docasulo" essencial. Tentar obter novas dimenses dasoluo de um problema freqentemente um dos

    desafios mais interessantes e importantes. Todos nsaprendemos, em nossa experincia em assuntosexternos, como pesar os diversos fatores e decidir quallevar em conta.

    Ao trabalhar em Washington, uma das coisas que seaprende a estar alerta e conhecer os fatores domsticosque tm papel na estruturao da poltica externa. Asecretria tem a responsabilidade principal por isso, masela espera que seus conselheiros compreendam osfatores domsticos, que so menos facilmente vistos deum local no exterior, e saber como lev-los em conta.

    Esses so os fatores e influncias que foram maisimportantes para mim ao tentar fornecer o melhorapoio possvel Secretria. _

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    AGENDA DE POLTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS VOLUME 5 NMERO 1 MARO DE 2000

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    A capacidade dos Estados Unidos para moldar eventos

    internacionais de formas que favoream os interessesnorte-americanos depender, em grande parte, de comoo Departamento de Estado, junto com o Departamentoda Defesa e outras agncias, pode responder de formacriativa e cooperativa aos desafios conjuntosenfrentados em um ambiente global em transformao.O mundo em que vivemos agora est passando poruma revoluo de tecnologia, comunicao e fluxo deinformaes; de prticas comerciais e estruturasorganizacionais; da forma em que as naes serelacionam entre si e respondem s suas comunidades;

    da capacidade de empresas multinacionais e outrasorganizaes no-governamentais para influenciareventos internacionais; e de como as organizaesregionais e internacionais respondem a desastresnaturais e humanitrios e a conflitos.

    Nossas Foras Armadas reconheceram que esses fatorescontribuem para uma "Revoluo dos AssuntosMilitares", que pode muito bem estar mudando toda anatureza e conduo da guerra. Elas buscam adaptar-ses novas realidades, tanto dentro da estrutura de servioindividual (Exrcito, Marinha, Aeronutica, FuzileirosNavais) como no trabalho "conjunto" a que ascapacidades de cada um dos servios devem ser trazidaspara poder alcanar os objetivos de segurana dosEstados Unidos. O novo ambiente global tornounecessria uma nova forma de ser um soldado,marinheiro, aviador ou fuzileiro naval. Ele agora exigefreqentemente compreenso de poltica internacional,rivalidades tnicas, poltica local de pases estrangeiros ecomo podem ser realizadas eleies justas bem como

    o comando de uma unidade e tomar posse do prximo

    morro ou pedao de terra.

    De forma bastante similar, o Departamento de Estadoest experimentando uma espcie de "Revoluo dosAssuntos Diplomticos", em que o papel do diplomatano sculo XXI e a forma de nos comunicarmos, tomardecises, negociar e conduzir relaes pblicas (quechamamos de democracia pblica) e mesmo a prprianatureza do trabalho que fazemos mudouradicalmente. Atualmente, os diplomatas esto nocampo, trabalhando com a Agncia de Represso a

    Entorpecentes (DEA) em campanhas antidrogas naAmrica Latina, voando em helicpteros militares sobreo norte do Iraque, assistindo refugiados e planejandoevacuaes de civis na frica, implementando esforosde cooperao de segurana regional na Europa Centrale planejando a prxima fase de operaes civis naBsnia, Kosovo e Timor Leste.

    A Revoluo dos Assuntos Militares e a Revoluo dosAssuntos Diplomticos trazem de encontro o trabalhodo soldado e o do diplomata de forma quase diria, emtodo o mundo. O ambiente internacional e os desafiosque enfrentamos so tantos que nossos elaboradores depoltica freqentemente necessitam usar as ForasArmadas e os instrumentos diplomticos em conjunto,ao invs de ferramentas distintas e separadas, paraalcanar nossos objetivos.

    Na Guerra do Golfo, nossas Foras Armadasplanejaram e conduziram a Tempestade no Deserto, emconjunto com uma coalizo de parceiros que exigiu o

    A UNIO DAS FERRAMENTAS DA FORA E DA DIPLOMACIAPARA AUMENTAR A SEGURANA

    Eric D. Newsom

    A capacidade do Departamento de Estado e da Defesa "em operar conjuntamente ter profundoimpacto sobre a liderana dos Estados Unidos no mundo e a eficcia na proteo dos nossos interessese dos nossos amigos e aliados", afirma Eric D. Newsom, secretrio adjunto de Estado para AssuntosPoltico-Militares. "Necessitamos compreender a natureza desse instrumento misto ou conjunto, e oque necessrio dos dois ou mais organismos quando chamados a implementar nossa estratgia desegurana nacional", diz ele. Este artigo foi adaptado de uma recente palestra dada pelo secretrioadjunto.

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    trabalho de diplomatas para reunir e manter. Na Bsniae em Kosovo, e em operaes similares de implantaoe manuteno da paz, a diplomacia necessita serempregada para coordenar com os aliados e parceirossobre uma vastido de assuntos, que variam dogerenciamento do processo eleitoral at o tratamento decriminosos de guerra internacionais. Seguindo-se aoFuraco Mitch, quando as Foras Armadas norte-americanas responderam a chamados urgentes deauxlio de governos sitiados, os diplomatas negociaramcondies de entrada e sada e ajudaram a facilitar otrabalho das Foras Armadas de assistncia ao desastre.Em outras regies do mundo, os diplomatas e soldadossentam-se em conjunto nas salas de reunio da OTAN edo Frum Regional da ASEAN (Associao dos Pasesdo Sudeste Asitico).

    Sem nome-la desta forma, estamos evoluindo emtermos prticos a cada dia para uma nova forma de"juno interagncias", na qual o Estado e a Defesacooperam para atingir os objetivos estabelecidos peloPresidente e nossos lderes polticos. A secretria deEstado Albright e o secretrio da Defesa Cohenexemplificam esta nova tendncia. Em recente editorialno Washington Post, eles disseram: "Como Secretriosda Defesa e do Estado, trabalhamos diariamente paracombinar as ferramentas da fora e da diplomacia, a fimde proteger a segurana e avanar os interesses do povo

    norte-americano". Eles prosseguiram afirmando que"nossas Foras Armadas devem continuar sendo as maisbem dirigidas, treinadas e equipadas do mundo... mastambm necessitamos de diplomacia de primeira classe.Pois em muitas ocasies confiaremos na diplomaciacomo nossa primeira linha de defesa para consolidaralianas, estabelecer coalizes e encontrar formas deproteger nossos interesses sem colocar em risco nossoshomens e mulheres de combate".

    As Foras Armadas dos Estados Unidos receberam norelatrio da Estratgia de Segurana Nacional doPresidente a tarefa de preparar-se para responder a todoo espectro de operaes militares, incluindo: grandesoperaes de guerra, restabelecimento da paz,evacuaes de civis hostis e no-hostis, assistnciahumanitria e em desastres em ambientes hostis e no-hostis, e simplesmente criar relaes favorveis einteroperveis com foras armadas estrangeiras quepossam auxiliar-nos nas tarefas militares por nsempreendidas. claro que, em cada n desse espectro,

    a diplomacia ser elemento integral de sucesso sejapara reduzir ou eliminar o uso da fora, mantercoalizes ou negociar a paz.

    Assim, em qualquer cenrio futuro, nossa capacidade deoperar conjuntamente ter profundo impacto sobre aliderana norte-americana no mundo e a eficcia naproteo dos nossos interesses e dos nossos amigos ealiados. Isso nos exigir cooperao no apenas nosnveis mais altos e em base local, mas regularmente noscorredores das nossas organizaes ao planejar econduzir os negcios da nossa nao.

    O sucesso ir requerer hbitos de cooperao quefortalecero o sucesso quando nossos lderesempregarem um instrumento de poltica que seja, aomesmo tempo, militar e diplomtico. Necessitamos

    entender a natureza desse instrumento misto ouconjunto e o que ser necessrio das duas ou maisorganizaes chamadas para implementar nossaestratgia de segurana nacional.

    Desde que retornei ao Departamento de Estado em1994, venho observando modificaes, tanto no Estadocomo na Defesa, sobre a forma em que pensamos eabordamos o casamento entre a fora e a diplomacia nabusca dos nossos objetivos nacionais. Juntos alcanamosobjetivos estratgicos fundamentais para os Estados

    Unidos no mundo ps-Guerra Fria. Ainda assim, temosum longo caminho a percorrer. As diferenas histricas,culturas institucionais e esteretipos fomentaramatitudes de territorialidade e alguma desconfiana emnossas negociaes entre as organizaes de cada um ou, pelo menos, conceitos muito diferentes de nossosrespectivos papis e misses.

    Para que os nossos lderes integrem a fora e adiplomacia como nova forma de instrumento poltico,os Departamentos da Defesa e de Estado necessitarolibertar-se de velhas barreiras culturais e institucionais auma extenso sem precedentes e encontrar formasnovas e criativas de planejamento e realizao denegcios conjuntos.

    Este um objetivo principal do Escritrio de AssuntosPoltico-Militares e estamos buscando-o vigorosamente.Alguns so cticos sobre essa nova abordagem e nosimpelem intensamente a irmos devagar.

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    Sinceramente, no acredito que os Estados Unidospossam permitir que ns nos movamos maislentamente neste processo. Embora possamos analisartendncias e fazer previses, no sabemos por certoquando e onde ir surgir o prximo conflito a exigir ouso combinado da fora e da diplomacia. Emboratenhamos conseguido na Bsnia e em Kosovo, acooperao especfica deve evoluir para melhores laosinstitucionais e convenes que nos permitamconhecer-nos melhor e responder rapidamente quandoa mescla de fora e diplomacia for requerida em umambiente internacional imprevisvel.

    Por esta razo, estamos desenvolvendo mtodos parapromover a cooperao, coordenao, coeso econsenso sobre como melhor utilizar nossas ferramentasdiplomticas e militares para moldar o ambiente

    internacional.

    Em sua essncia, isso significa o planejamento conjuntode cima abaixo e cooperao posterior naimplementao. Isto envolver sria interao entreDefesa e Estado, a fim de desenvolver os objetivos dapoltica externa do Estado, bem como seus planos deprogramao de embaixadas e escritrios. Tambmdever envolver sria interao na formulao depropsitos e objetivos da poltica de defesa e nosexerccios-chave de planejamento, como a Reviso

    Quadrienal da Defesa e os "planos de campo debatalha" militares regionais.

    Isso no significa que cada agncia deva conduzir otrabalho da outra, nem dar ordens ou intrometer-se nosnegcios da outra. At certo ponto, soldados devem sersoldados e diplomatas devem ser diplomatas. Aocontrrio, o objetivo o de desenvolver e implementarprojetos e polticas que sejam informados emsincronismo conjunto para atender a EstratgiaNacional de Segurana do Presidente. Estamostentando fazer isso agora no Escritrio de AssuntosPoltico-Militares, trabalhando de perto com oEscritrio da Secretaria de Defesa, o Estado-Maior dasForas Armadas e outros setores das organizaesmilitares, a fim de alcanar este objetivo.

    Em segundo lugar, como buscamos moldar o ambienteinternacional e responder aos ltimos acontecimentos,necessitamos coordenar melhor o trabalho de todos osparticipantes entre agncias, no apenas a Defesa e o

    Estado. Estamos progredindo nessa rea. Um dospontos altos do meu mandato como secretrio adjuntopara Assuntos Poltico-Militares foi o trabalhodesenvolvido para avanar na coordenao poltica emilitar em operaes ocasionais complexas (comoKosovo e o nosso papel em Timor Leste). Uminstrumento importante o Decreto Presidencial 56(PDD-56), que fornece mecanismos para a cooperaoentre agncias nessas circunstncias. medida que seseguia o bombardeamento de Kosovo, 30 funcionrioscivis e militares de 18 agncias, escritrios e divisescolaboraram por diversas e intensas semanas de trabalhopara produzir uma "anlise da misso" de 46 pginas.Este documento modelou posteriormente as operaesda Misso das Naes Unidas em Kosovo e a KFOR(Fora para a Manuteno da Paz em Kosovo),ajudando a sincronizar os esforos internacionais aps a

    paralisao do bombardeio. Apesar do ceticismo inicialda parte de alguns, este processo mostrou-sefuncionando melhor que at mesmo os otimistashaviam previsto.

    Agora estamos buscando mecanismos mais claros eeficientes para fazer com que o processo PDD-56trabalhe melhor. Um novo Grupo de TrabalhoInteragncias para o planejamento de contingncias serum grande avano para este esforo.

    Esta nova forma de cooperao um desafio, tanto paramilitares como para civis. Todo funcionrio militarnorte-americano estudou o grande pensador militar daPrssia Karl von Clausewitz e sabe que as operaes eobjetivos militares esto sempre subordinados aobjetivos polticos e diplomticos estratgicos. Mas esseentendimento no leva necessariamente concluso deque os civis devam sentar-se mesa de planejamentomilitar. O ambiente internacional atual continuaclamando por usos limitados, precisos e muitas vezesno-tradicionais do poderio militar em busca deobjetivos polticos especficos mas s vezes em rpidamudana. Isso exigir uma abordagem mais aberta doplanejamento interligado de objetivos polticos emilitares.

    O Departamento de Estado tambm necessitar alterarseus conceitos tradicionais. Estamos apenas comeandoa entender o que significa quando dizemos que o nossotrabalho no termina ao negociar um acordo. Asabstraes desse acordo devem tornar-se operativas.

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    No necessitamos sofrer pelo tipo de detalhes quepodemos normalmente ignorar. Necessitamos estardispostos a lidar com assuntos que anteriormente noforam parte do campo diplomtico: como criar foraspoliciais, como reconstruir sistemas jurdicos extintos,como restabelecer uma moeda em funcionamento,como fazer com que uma nao no cooperativa aceitea autoridade civil e pare de massacrar os oponentes ecomo realizar uma srie de outras tarefas, normalmenteno relacionadas.

    O planejamento conjunto nunca ser fcil, mesmo nomelhor dos mundos possveis. Durante o planejamentodo perodo aps a campanha de bombardeio deKosovo, fortes diferenas vieram tona entre a Defesa eo Estado. Algumas vezes, parte do Departamento daDefesa se ausentava e ficava em silncio sempre que

    apareciam os funcionrios do Estado. Foram necessriosalguns confrontos para se conseguir a compreenso doplanejamento e do raciocnio militar. Os doisdepartamentos tiveram srias discusses sobre temascomo policiamento, suporte militar administraocivil e assim por diante. Para crdito de ambos, nocolocamos no papel nossas desavenas. Houve debatesvigorosos.

    Mas antes que qualquer pessoa se estendesse em apoioao esforo ps-bombardeio, chegamos a concluir um

    acordo de estratgia e planejamento. Assuntosimportantes e litigiosos foram argumentados edecididos antes, e no depois do incio da misso,proporcionando aos que implementaram o planoclareza de propsitos e diviso de trabalho. Eu defendoque todo o processo foi de grande importncia e umprecedente para o futuro, mesmo que os eventosseguintes em Kosovo no tenham ocorrido de acordocom o planejado. Como o ex-presidente generalDwight Eisenhower disse certa vez, "um plano noserve de nada, mas o planejamento tudo".

    Alm do planejamento entre Estado e Defesa, nossoambiente internacional tambm exige coordenao coma Agncia Norte-Americana para o DesenvolvimentoInternacional (USAID), que freqentemente chamadapara organizar a resposta a crises humanitrias em todoo mundo, atravs dos recursos militares norte-americanos. Tais esforos humanitrios tm lugaralgumas vezes no meio de uma operao demanuteno ou estabelecimento da paz, tornando

    absolutamente imperativa a coordenao entre os seusvrios componentes.

    Nem todo evento ou desafio que requer estritacoordenao uma operao ocasional complexa ouum grande esforo humanitrio. O esforo dos EstadosUnidos para moldar o ambiente internacional requerobjetivos que se encontrem em sincronismo e aes quesejam bem coordenadas. Para facilitar esta coordenaodiria em nveis operacionais, poderemos muito bemdesenvolver uma abordagem de "Equipe Pas" emWashington, comparvel que funciona to bem emnossas embaixadas no exterior. At certo ponto,fazemos isso no processo de Grupo de TrabalhoInteragncias. Mas este processo tem freqentementeobjetivos especficos, em vez de contnuos; necessitamosde mais oportunidades para um livre fluxo e

    intercmbio de idias e informaes.

    Como forma de superar as barreiras institucionais eesteretipos, recomendo diversas medidas: necessitamosexpandir o programa existente de intercmbio defuncionrios entre os Departamentos da Defesa e deEstado, tanto em Washington como no campo.Devemos buscar mais oportunidades para que osFuncionrios do Servio Exterior sirvam em posiesmilitares superiores e, ao mesmo tempo, devemosoferecer oportunidades para que funcionrios militares

    superiores ocupem cargos de nvel poltico noDepartamento de Estado. Gostaria de ver funcionriosmilitares trabalhando a nvel de vice-secretrio adjuntoe funcionrios do Departamento de Estado trabalhandono Departamento de Defesa na mesma posiohierrquica, como no passado.

    Alm disso, necessitamos buscar oportunidades detreinamento conjunto. Devemos aumentar o nmerode funcionrios do Departamento de Estado quecomparecem a escolas de servio. E gostaria de vernosso Centro de Treinamento Nacional de AssuntosExteriores abrir suas portas de forma mais ampla aoscolegas militares medida que estudamos polticasregionais, negociaes e outras prticas profissionais doservio diplomtico, bem como assuntos poltico-militares.

    Por fim, existe uma razo impulsionando-nos nacomunidade de segurana do Estado-Defesa paracooperar de cima para baixo e de baixo para cima: nossa

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    responsabilidade junto aos homens e mulheres dasForas Armadas e do Servio Exterior que trabalhamnas linhas de frente de defesa dos Estados Unidos emalguns dos lugares mais difceis do mundo. Aoconduzirmos nossos negcios em Washington nosnveis refinados de planejamento e discusso entreagncias, fcil esquecer que o nosso sucesso oufracasso em agir de forma eficaz pode trazer sriasconseqncias para as pessoas reais convocadas paraimplementar nossas decises e instrues. Di-me acada vez que sei que nossos militares no campo dizemno compreender quais so as nossas polticas e comoesperamos que eles as desenvolvam. Necessitamosassegurar que eles saiam com os propsitos e objetivosmais claros possveis, os planos mais bem desenhados eo equipamento da mais alta qualidade que pudermosobter para eles. No mundo de hoje, isso exige

    cooperao "conjunta" entre civis e militares. Nossocompromisso com esse esforo.

    por isso que o meu objetivo para a Diviso Poltico-Militar no o Departamento de Estado o de aumentaro nvel e a profundidade do entendimento entreDepartamento de Estado e Defesa sobre a misso decada um, e fortalecer nossos esforos cooperativos e deplanejamento. Recentemente, escrevi um memorando secretria Albright oferecendo esta como a principalmisso da Diviso para o ano 2000. Sei que ela

    compartilha esse objetivo e tem o compromisso de faz-lo acontecer. _

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    AGENDA DE POLTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS VOLUME 5 NMERO 1 MARO DE 2000

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    Os Estados Unidos foram lderes nos esforos para acriao das Naes Unidas e desempenharam papelimportante na instituio desde a sua fundao. A

    Constituio das Naes Unidas foi redigida em SoFrancisco, no ano de 1945, e a ONU possui seusescritrios centrais em Nova Iorque h mais de 50 anos,em terreno doado s Naes Unidas pela famliaRockefeller. Credita-se ao presidente norte-americanoFranklin Delano Roosevelt a criao da expresso"Naes Unidas".

    Como a secretria de Estado Madeleine Albrightobservou recentemente, "o sonho que construiu aONU est to vivo hoje como sempre esteve". Os

    propsitos centrais para o estabelecimento da ONU manter a paz e a segurana internacional; fomentar acooperao para solucionar problemas econmicos,sociais, culturais e humanitrios internacionais;promover o respeito pelos direitos humanos eliberdades fundamentais; desenvolver relaes deamizade entre as naes; e ser um centro deharmonizao das aes nacionais para atingir objetivoscomuns so to importantes hoje como o foram nosdias finais da Segunda Guerra Mundial.

    A interdependncia global agora um fato da vida jestabelecido. As barreiras entre os povos e as naesvm sendo derrubadas: comrcio, tecnologia, povos eidias cruzam fronteiras em todas as regies do mundo.Ainda assim, medida que aumentam tais contatos,somos todos mais vulnerveis aos problemas dosdemais. Cada dia traz ameaas potenciais paz e segurana, incluindo conflitos armados, terrorismo,trfico de drogas, desordem econmica, doenas, armasde destruio em massa, fome, catstrofes humanitrias,

    abusos dos direitos humanos e contaminao doambiente natural. Nenhuma nao, potente ou no,pode solucionar sozinha esses problemas, ou dar-se ao

    luxo de ignor-los.

    A ONU serve de meio eficiente, embora s vezesimperfeito, de desenvolvimento de consenso efomentao de colaborao. Se no houvesse a ONU,seria muito mais difcil resolver conflitos pacificamentee estabelecer apoio internacional para uma amplavariedade de importantes objetivos da poltica externados Estados Unidos. A ONU fornece estruturainstitucional para que os pases troquem suas idias,cooperem em trabalhos complexos e estabeleam

    padres que reflitam valores comuns.

    Aqui temos apenas alguns exemplos da razo dotrabalho da ONU e de outras organizaesinternacionais ser to importante para a poltica externados Estados Unidos:

    Paz e Estabilidade: Os Estados Unidos, quefornecem a maior parte dos fundos de manuteno dapaz e a maior polcia civil, que financia o apoio daOTAN s operaes da ONU, e que so membropermanente do Conselho de Segurana da ONU,desempenham papel de liderana nos esforos da ONUpara manter a paz, promover a democracia e os direitoshumanos em todo o mundo.

    Segurana Internacional: Os Estados Unidostrabalham com outros pases, atravs da ONU, paracuidar de ameaas como o terrorismo, proliferaonuclear, trfico de narcticos e a criminalidade.

    AS NAES UNIDAS: PALCO DALIDERANA INTERNACIONAL

    David Welch

    As Naes Unidas so "uma instituio indispensvel" em que os Estados Unidos "continuaro adesempenhar papel ativo e vital", afirma o secretrio adjunto de Estado para Assuntos de OrganizaesInternacionais, David Welch. "Como fundador, pas-sede e maior financiador da ONU,continuaremos a trabalhar a fim de fortalecer a organizao e estabelecer apoio internacional para asreformas necessrias", afirma.

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    Preocupaes ambientais e com a sade: O trabalhoda Organizao Mundial da Sade, o ProgramaConjunto das Naes Unidas sobre o HIV/AIDS, oPrograma Ambiental das Naes Unidas e outrasorganizaes ajudam a proteger as pessoas das doenas,poluio, mudana climtica global e outras ameaas.

    Assistncia humanitria: O Escritrio do AltoComissariado da ONU para Refugiados, a Organizaopara Alimentao e Agricultura, o Programa Mundialde Alimentao e o Fundo Infantil das Naes Unidas(UNICEF) esto entre as agncias da ONU que seencontram no centro do sistema internacional paraauxlio s pessoas em perigo por conflitos, desastresnaturais, fome e outras ameaas em todo o mundo. Detodos os pases membros, as contribuies dos EstadosUnidos para esses esforos humanitrios so de longe as

    maiores.

    Segurana no Transporte: Os padres de segurana eseguridade para transporte areo e martimo soestabelecidos pela Organizao Internacional daAviao Civil e pela Organizao MartimaInternacional.

    A Assemblia Geral (atualmente com 189 estadosmembros) e o Conselho de Segurana das NaesUnidas so os organismos internacionais mais

    importantes do mundo. Em nenhum outro frum asnaes convergem em tanta quantidade e diversidadepara expressar suas opinies e coordenar seus esforos.

    Os Estados Unidos possuem seu diplomata de mais altapatente em campo nas Naes Unidas, com posiohierrquica e substancial responsabilidade para apoltica externa dos Estados Unidos. Muitosrepresentantes permanentes de estados membrostrabalharam como ministros do exterior ou foramoutros funcionrios de nvel superior nos seus pases.Assim, na ONU, podemos transacionar negciosinternacionais importantes no mbito de tomada dedecises.

    Os Estados Unidos h muito tempo atriburam grandeimportncia sua participao na ONU. Seria muitodifcil encontrar um grupo mais distinto de americanosque os que trabalharam como RepresentantesPermanentes dos Estados Unidos na ONU. Entre elesesto Edward Stettinius, Henry Cabot Lodge, Adlai

    Stevenson, Arthur Goldberg, George Bush, DanielPatrick Moynihan, Andrew Young, Jeane Kirkpatrick,Madeleine Albright, Bill Richardson e o atualrepresentante permanente Richard C. Holbrooke.

    Em Washington D.C., a minha diviso, a Diviso deAssuntos de Organizaes Internacionais doDepartamento de Estado, o ponto focal para odesenvolvimento e implementao da poltica norte-americana nas Naes Unidas, nas agnciasespecializadas da ONU e em vrias outras organizaesinternacionais. A Misso Norte-Americana nas NaesUnidas, localizada no outro lado da rua dos escritrioscentrais da ONU em Nova Iorque, mantm oDepartamento de Estado informado sobre osacontecimentos na ONU e faz recomendaes sobrequal curso de ao os Estados Unidos devem tomar.

    Informaes sobre tpicos sendo considerados na ONUso freqentemente retransmitidas s embaixadas dosEstados Unidos em todo o mundo.

    De acordo com a Constituio Norte-Americana, aresponsabilidade pela conduo dos nossos assuntosexternos est dividida entre os poderes do governofederal. Este conceito de "separao de poderes" fundamental para o nosso sistema democrtico. ODepartamento de Estado parte do Poder Executivo etrabalhamos constantemente com o Poder Legislativo

    o Congresso Norte-Americano sobre as melhoresformas de conduzir a poltica externa dos EstadosUnidos em organizaes internacionais.

    Os benefcios da participao ativa e da liderana dosEstados Unidos na ONU estiveram claramente emevidncia durante a crise do Golfo Prsico. Em 1991, oConselho de Segurana provou ser crucial nodesenvolvimento de uma ampla coalizo de naesgrandes e pequenas que atuaram conjuntamente emoposio agresso imotivada de Saddam Hussein aoKuwait.

    Mais recentemente, quando os Estados Unidos estavama cargo da presidncia rotativa do Conselho deSegurana em janeiro de 2000, o embaixadorHolbrooke declarou-o o "Ms da frica". Eleintroduziu iniciativas de amplo alcance, convocando acomunidade internacional para discutir problemasantigos do continente, incluindo a propagao doHIV/AIDS, violentos conflitos tnicos e polticos,

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    refugiados, fome, pobreza, violaes dos direitoshumanos, falta de oportunidades educacionais emarginalizao econmica. Os maiores lderes polticosnorte-americanos, como o vice-presidente, a secretriade Estado e o presidente e os membros da Comisso deRelaes Exteriores do Senado dos Estados Unidosparticiparam das deliberaes do Conselho deSegurana durante o ms. O interesse de alto nvel dogoverno espelhou-se no setor privado e nos meios decomunicao dos Estados Unidos.

    Os norte-americanos tambm ocupam diversos cargosde liderana na prpria ONU e nas suas agnciasespecializadas. Estes atualmente incluem o vice-secretrio geral de Administrao e os diretoresexecutivos de duas importantes agncias humanitrias,o Programa Mundial de Alimentao e o UNICEF.

    Acreditamos que nosso melhor interesse possuircidados norte-americanos qualificados servindo aONU em todos os nveis e sermos representados emcomits que lidem com assuntos de importnciainternacional.

    Claramente, ento, o governo dos Estados Unidosconsidera a ONU uma instituio indispensvel. E oscidados norte-americanos, que representam amplavariedade de opinies polticas, apiam, de forma geral,nosso papel de liderana nas Naes Unidas. Eles

    reconhecem que a ONU pode ter papel central naresoluo das principais crises internacionais e naconstruo de um mundo mais estvel. Algunsamericanos ocasionalmente expressaram temor de que aONU pudesse tornar-se um "governo mundial" eameaar a soberania dos Estados Unidos. Taisapreenses so infundadas. A ONU uma assembliacooperativa de estados soberanos; ela no exerce, nempode exercer, soberania sobre nenhum estado membro.

    A liderana de uma instituio demonstrada, emparte, pelo comprometimento de seus recursosfinanceiros. Os Estados Unidos so de longe o maiorcontribuinte ao sistema da ONU, com contribuiesanuais muito superiores a US$ 2 bilhes. Isso incluicontribuies estimadas para o oramento regular daONU e as operaes de manuteno de paz, bem comos diversas e importantes agncias especializadas eafiliadas da ONU, tais como a Organizao daAgricultura e Alimentao, Organizao Mundial daSade, Organizao Internacional do Trabalho e a

    Agncia Internacional de Energia Atmica. Os EstadosUnidos tambm fornecem mais de US$ 1 bilhoanualmente em contribuies voluntrias a programasda ONU em reas como assistncia emergencial, apoio democracia, defesa dos direitos humanos e proteoambiental.

    Outra responsabilidade da liderana a de assegurarque uma instituio seja operada de maneira eficiente,aberta e justificvel. Sob o Governo Clinton, os EstadosUnidos conduziram um esforo para melhorar aadministrao e estabilizar as finanas das NaesUnidas e suas agncias. Os Estados Unidos apiam asiniciativas da Secretaria Geral para conduzir umaabordagem mais transparente, compreensiva econsultiva da administrao. Recentes obras realizadasna reforma da ONU incluem:

    Processo oramentrio mais disciplinado, em vez decrescimento contnuo do oramento da ONU.

    Estabelecimento de um escritrio do inspetor geralinterno independente, a fim de encontrar e solucionarfalhas na administrao de programas da ONU.

    Melhoramentos do planejamento e administrao deoperaes para a manuteno da paz.

    Reduo significativa de cargos desnecessrios e donmero de conferncias e reunies.

    Uma ONU bem administrada e com bons funcionriospermite que a organizao atinja de forma maiseficiente seus desafios globais. Esses aprimoramentos daadministrao, e outros que esto a caminho,recompensam os esforos de todos os estados membros.

    No final de 1999, o Congresso dos Estados Unidosaprovou, e o presidente Clinton sancionou em lei,legislao que permite aos Estados Unidos fazerpagamentos superiores aos devidos ONU e outrasorganizaes internacionais. O valor total destefinanciamento de US$ 926 milhes, que adicionals nossas contribuies voluntrias anuais estimadas.Para que os US$ 926 milhes sejam totalmente pagos,o Congresso estipulou o atendimento de certascondies de reforma. Isso levantou algumas questes epreocupaes, mas o fato que o Congresso Norte-Americano, os representantes eleitos do povo

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    americano, controla o oramento federal. O Congressoatribui e pode atribuir condies maneira como odinheiro dos contribuintes dos Estados Unidos gastopara programas domsticos e uma srie de atividadesinternacionais, incluindo as da ONU.

    Acreditamos que um dos passos mais importantes quenecessitam ser tomados a reviso da escala deestimativas da ONU; ou seja, as contribuies dosestados membros ao oramento da ONU. Estes sobaseados no Produto Interno Bruto (PIB) de cada pasenquanto parcela do PIB mundial. A reforma da escalade teto de estimativas no vem sendo feita desde 1972 e necessria h muito tempo. Desde o ltimo ajuste, 55novos estados membros ingressaram na ONU. Houvemudanas significativas na capacidade de pagamento decada membro; muitos pases com economias em rpido

    crescimento agora so capazes de aumentar suascontribuies. Necessitamos de uma nova escala quereflita as realidades econmicas e polticas atuais, umaescala em que o custo de financiamento da ONU sejacoberto de forma mais ampla pela comunidadeinternacional.

    Os Estados Unidos continuaro a desempenhar papelativo e vital nas Naes Unidas. Como fundador, pas-sede e maior financiador da ONU, continuaremos atrabalhar para o fortalecimento da organizao e para

    estabelecer apoio internacional para as reformasnecessrias. Nossa ativa participao nas Naes Unidasreflete nosso forte comprometimento com umainstituio que, nas palavras da secretria Albright,"aproxima as naes em torno de princpios bsicos dedemocracia, liberdade e legislao, que elevaro as vidasdas pessoas em toda parte". _

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    O Congresso desempenha papel crucial na formulaoda poltica externa dos Estados Unidos. Enquanto o

    presidente necessariamente assume a liderana,presidente e o Congresso, segundo a nossaConstituio, so divises de governo de igualimportncia, e o apoio do Congresso sobre a polticaexterna freqentemente essencial para assegurar queuma poltica tenha sucesso. Se, ao contrrio, oCongresso no apoiar a poltica de um presidente, oumesmo se for indiferente no seu apoio, ele enfraquece apoltica e limita o seu sucesso.

    A alocao de poderes de poltica externa delineada

    apenas vagamente em nossa Constituio. O Senadotem o poder de aprovar todos os tratados negociadospelo presidente e deve confirmar os embaixadores eoutros altos funcionrios da poltica externa. OCongresso mantm controle sobre o financiamento dapoltica externa, e naturalmente, o poder de convocar eequipar as foras armadas e o poder de declarar guerra.

    Mas esses poderes formais servem principalmente deponto inicial para a participao do Congresso. Devidoao significado das decises de poltica externa, quefreqentemente envolvem o potencial de envio detropas norte-americanas para combate, o Congresso aolongo dos anos construiu um papel mais informal de"superviso", parte das "verificaes e equilbrios" queso o centro do "poder compartilhado" entre os trspoderes em nosso sistema constitucional.

    Alm de ser muito informal, o poder do Congresso napoltica externa nem sempre exercitado com o mesmograu de intensidade. Em poca de paz relativa no

    cenrio mundial, como a atual, o envolvimento doCongresso pode muitas vezes ser modesto. Em outras

    pocas, como durante a Guerra do Golfo Prsico, oudurante os conflitos na Amrica Central nos anos 1980,o Congresso tende a envolver-se mais ativamente,especialmente se houver discordncia significativa como presidente sobre a poltica.

    O papel do Congresso na aprovao ou desaprovaodo envolvimento em conflitos militares externos oassunto mais significativo em jogo ao considerar ospoderes de poltica externa do Congresso. Isso comodeveria ser. A deciso de enviar tropas norte-americanas

    a locais perigosos nunca pode ser tomada somente pelopresidente; as opinies do povo americano devem serexpressas atravs dos seus representantes eleitos noCongresso.

    De fato, acredito que a Constituio o exija. Em minhaopinio, os autores da nossa Constituio tinham ainteno de que o Congresso autorizasse qualquer usode fora pelos Estados Unidos, com certas exceeslimitadas.

    O Congresso, contudo, nem sempre deseja ter aresponsabilidade por tais momentos de deciso e ospresidentes da era moderna argumentaram que o seupoder como "Comandante-Chefe" lhes atribua poderirrestrito de levar o pas guerra. Assim fez o presidenteTruman ao levar o pas guerra na Coria em 1950(embora o Congresso no tenha declarado formalmenteguerra no caso do Vietn, sustenta-se que ele a tenhaautorizado na resoluo do Golfo de Tonkin).

    DO PONTO DE VISTA DEMOCRTICO:O CONGRESSO E A POLTICA EXTERNA

    Senador Joseph R. Biden, Jr.

    Os presidentes entendem a importncia de ter o Congresso como parceiro na conduo da polticaexterna, segundo o senador Joseph R. Biden Jr., democrata de Delaware. "Com o apoio do Congresso,eles sabem que podem ser mais confiantes e eficazes e que o povo norte-americano os estar apoiando",afirma.

    _ C O M E N T R I O S

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    O recente debate sobre o escopo do poder de guerragerou desentendimento perptuo entre os dois poderes.Em 1973, o Congresso tentou esclarecer o seu papelaprovando, com veto do presidente Richard Nixon, aResoluo dos Poderes de Guerra, que estabelecialimites para autorizar o uso da fora, mas previa que,em qualquer hiptese, o uso da fora se encerrasse aps60 dias, a menos que o Congresso afirmativamente oautorizasse. Mas nenhum presidente desde entoreconheceu a validade desta resoluo, argumentandoque uma limitao inconstitucional do poder dopresidente como comandante-chefe. Os esforos paramodificar a resoluo para atender a essa e outraspreocupaes tm sido em vo.

    Como resultado da timidez do Congresso e daagressividade presidencial, nos ltimos anos presidentes

    intervieram no exterior sem autorizao expressa doCongresso. A guerra do Golfo Prsico em 1991 foi umraro exemplo de autorizao congressual de umaoperao militar antes de acontecer, e apenas porque eue outros membros do Congresso intimamosvigorosamente um relutante presidente Bush paracolocar o assunto em votao (a relutncia de Bush foiconfirmada quando a autorizao foi aprovada pormargem de votos de apenas 52 contra 47 no Senado).

    Foram mais tpicas as deliberaes do Congresso sobre

    o envio de tropas norte-americanas para o Haiti, Bsniae Kosovo. Em todos esses casos, uma ou ambas as casasadotaram resolues que davam suporte retrico stropas norte-americanas e sua misso, mas o Congressono autorizou, formalmente no sentido legal, odesdobramento.

    O "poder de errio" do Congresso um meio maisconfivel de dirigir o poder da poltica externa. Cadadlar gasto pelo Poder Executivo deve ser apropriadopelo Congresso e prtica comum utilizar essesprojetos de gastos para moldar a poltica. Algumasvezes, o processo formal e direto: o Congressoestipular que "nenhum fundo ser utilizado" paraconduzir uma poltica ou atividade a que se oponha.No lado positivo, ele ir "assinalar" o dinheiro para umcerto programa, a fim de assegurar que a agncia doPoder Executivo cumpra o seu desejo. Maisfreqentemente, o Congresso expressa a sua opinio demaneira menos formal ou direta. Os membros doCongresso podem, por exemplo, apresentar um projeto

    de lei para suprimir fundos para uma atividade dapoltica externa a Bsnia foi um exemplo mesmosabendo que nunca ser aprovada em lei. O seu objetivo: mostrar ao presidente que h desacordo em relao poltica e talvez convenc-lo a abandonar o curso daao.

    As sanes so um instrumento similar para exprimirdesagrado com uma poltica externa; o Congressoaprovar legislao que restringe o comrcio ou outrasrelaes econmicas com um pas com cujas polticasesteja em desacordo. O Congresso imps, por exemplo,sanes ndia e ao Paquisto devido aos seus testesnucleares e sobre inmeros pases devido ao seuenvolvimento no trfico de drogas. Entretanto, amesma legislao dar freqentemente ao presidenteautoridade para suspender as sanes caso ele acredite

    ser do interesse nacional o que normalmente ele faz.Como qualquer visitante ter notado no Congresso,outro meio visvel utilizado pelo Congresso paraexercitar seu poder de poltica externa atravs deaudincias de superviso em que funcionrios do PoderExecutivo so convocados perante uma comisso doCongresso para explicar uma poltica em rea especfica.Este um instrumento particularmente til quando oCongresso no possui outros meios apropriados deinfluenciar a poltica. Expondo uma poltica aoescrutnio pblico e ao debate, as audincias podem

    revelar fraquezas da poltica, bem como falta de apoiopblico.

    As audincias de poltica externa mais famosas dahistria recente foram as audincias da Comisso deRelaes Exteriores do Senado sobre o Vietn, trsdcadas atrs. Elas foram conduzidas pelo senadorJ. William Fulbright do Arkansas e foram televisionadaspara todo o pas. Expondo a milhes de telespectadoresas contradies e dificuldades dos esforos norte-americanos no Vietn, as audincias de Fullbrightreceberam o crdito de formar a opinio pblica contraa guerra.

    De forma similar, as audincias do Caso Ir-Contras em1987 mostraram ao povo norte-americano ascontradies da poltica de venda secreta de armas aoIr (raramente amigo do governo dos Estados Unidos)do Governo Reagan, a fim de levantar dinheiro para osrebeldes que combatiam o governo comunista daNicargua. luz do dia, a poltica era inaceitvel.

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    Em minha prpria experincia como senador envolvidocom a poltica externa dos Estados Unidos na maiorparte dos meus 28 anos no Senado, o meio mais til deinfluenciar a poltica externa dos Estados Unidos omtodo mais informal atravs de discussesparticulares e diretas com o secretrio de Estado, oconselheiro de Segurana Nacional e at o presidente.O presidente sabe que necessita buscar apoio doCongresso sobre qualquer objetivo da poltica externa,especialmente se for controverso. Os presidentes e seusassistentes diretos nesses casos procuram os principaismembros da Cmara e do Senado para explicar apoltica e solicitar apoio. nessas discusses informaisque o Congresso, atravs dos seus membros individuais,tem provavelmente o maior impacto. Durante ainterveno da OTAN em Kosovo no ano passado, porexemplo, tive consultas particulares quase dirias com

    membros-chave do governo. Isso me permitiu noapenas acompanhar de perto o progresso da guerra, mastambm criticar a poltica e sugerir cursos de aoalternativos.

    Ao contrrio dos sistemas parlamentares, onde oexecutivo possui autoridade quase inquestionvel sobreassuntos externos, o sistema constitucional norte-americano permite um papel significativo do Congressona poltica externa. Esse papel no exercido pornenhum outro meio e o grau de envolvimento do

    Congresso varia de uma poca para outra, dependendodo litgio causado por uma poltica. Apesar dasambigidades e das incertezas sobre o papel doCongresso, mesmo os presidentes entendem aimportncia de terem o Congresso como parceiro naconduta da poltica externa. Eles sabem que, com oapoio do Congresso, eles sero mais confiantes eeficientes, e que o povo norte-americano os estarapoiando. _

    AGENDA DE POLTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS VOLUME 5 NMERO 1 MARO DE 2000

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    Tem se afirmado que a Constituio dos EstadosUnidos "um convite para a luta" entre os trs poderesde governo o executivo, o legislativo e o judicirio.

    Este tem sido certamente o caso da poltica desegurana nacional, em que o presidente e o Congressopossuem papis conflitantes.

    A Constituio declara que o presidente ocomandante-chefe e o diplomata maior da nao. Comessas capacidades, ele o responsvel pela defesa militardos nossos interesses nacionais, incluindo odeslocamento de foras militares norte-americanas, epela diplomacia, incluindo a negociao de tratados.

    Mas a Constituio tambm concede ao Congressopoderes de segurana nacional muito significativos. OSenado responsvel pela ratificao de tratados e pelaconfirmao de pessoas nomeadas pelo presidente paraocupar cargos importantes na sua administrao. OCongresso tambm possui o importante "poder deerrio". Usando sua autoridade sobre o oramentofederal, o Congresso pode verificar e equilibrar asiniciativas presidenciais, e freqentemente o faz.

    Tais poderes conflitantes tornam importante que opresidente respeite as opinies do Congresso ecomprometa-se vigorosamente com as opiniesfreqentemente variadas sobre poltica externaexistentes no Senado e na Cmara de Deputados. Estecompromisso naturalmente um desafio maior quandoo presidente e a maioria em uma ou em ambas as casasdo Congresso so de partidos diferentes mas essassituaes tornam o comprometimento ainda maisfundamental. O sucesso ou fracasso das nossas polticasinternacionais depende da liderana do presidente,

    nomeadamente se ele est ou no preocupado mais coma diplomacia que com a poltica.

    A recente concesso entrada como membros daOrganizao do Tratado do Atlntico Norte da Polnia,Repblica Checa e Hungria talvez o melhor exemplode como um presidente deveria liderar e mantercomprometimento com o Congresso sobre assuntosreferentes a tratados internacionais importantes.

    A ampliao da OTAN foi promovida primeiramentepelo Congresso, liberado pelos republicanos, o quefacilitou o que alguns especialistas chamaram dedilogo e troca de informaes sem precedentes entre as

    duas casas. Esse empenho ocorreu no apenas atravs deaudincias formais dos Comits de Relaes Externas,Foras Armadas, Apropriaes e Oramento, mastambm atravs de incontveis reunies e conversasinformais entre os membros do Congresso eimportantes funcionrios do governo ao longo de doisanos, que levaram votao de abril de 1999.

    Alm disso, tanto o Senado como o presidentetomaram decises institucionais para aprofundar seucomprometimento sobre a ampliao da OTAN. Emabril de 1997, a liderana do Senado estabeleceu oGrupo Observador da OTAN no Senado para ajudar aassegurar que a cmara estivesse totalmente a par eenvolvida em decises importantes perante a alianaOTAN. O principal tema da sua agenda era aampliao da OTAN. Sobre este tema, o GrupoObservador da OTAN reuniu-se cerca de 17 vezes, noapenas com funcionrios do governo, mas tambm como secretrio geral da OTAN e numerosos outrosfuncionrios europeus.

    DO PONTO DE VISTA REPUBLICANO:O CONGRESSO E A POLTICA EXTERNA

    Senador Gordon H. Smith

    "Uma poltica externa eficaz exige o compromisso bilateral contnuo e genuno entre o presidente e oCongresso", afirma o senador Gordon H. Smith, republicano de Oregon. "Sem esse compromisso",prossegue ele, "o contedo da poltica norte-americana ser cada vez mais caracterizado pelaambigidade e pela inconsistncia".

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    O governo estabeleceu seu prprio escritrio oficial, oEscritrio de Ratificao da Ampliao da OTAN,liderado por um conselheiro especial do presidente. Suafuno foi a de promover a causa da ampliao, tantono Congresso como entre o povo norte-americano. Porrecomendao do Escritrio de Ratificao daAmpliao, o presidente incluiu representantes doGrupo Observador da OTAN no Senado em suasdelegaes nas cpulas da OTAN de 1997 e 1999.

    A votao histrica de 30 de abril de 1999 no Senado(80 x 19), que ratificou a primeira rodada da ampliaoda OTAN, foi um exemplo de como o presidente e oCongresso devem trabalhar juntos em assuntos depoltica externa. A diplomacia tem precedncia sobre apoltica e o resultado final foi um sucesso por estemotivo.

    Por outro lado, a rejeio pelo Senado do CTBT(Tratado Abrangente de Testes Nucleares) ressaltou osriscos assumidos pelo presidente ao perder de vista aresponsabilidade e autoridade do Congresso perante aConstituio e dirigir assuntos importantes atravs datica da poltica, ao invs da diplomacia.

    O Governo Clinton no dirigiu o esforo sobre oCTBT da mesma forma que o fez durante o debatesobre a ampliao da OTAN. Ele no criou

    oportunidades para preparar o debate ou obter ocomprometimento do Congresso com o CTBT com amesma energia e compromisso dedicado ampliao daOTAN, deixando que o Congresso preenchesse o vcuocriado pelo colapso da liderana executiva sobre oassunto. Alguns lderes congressistas criticaram oestabelecimento e as normas de verificao do CTBT eseu potencial impacto sobre o nosso arsenal nuclear.Conhecendo essas preocupaes, o presidente deveriater tido maior comprometimento e solucionado aspreocupaes dos senadores republicanos ou, pelomenos, evitado que os senadores democrticosmolestassem e incitassem a liderana republicana.Infelizmente, a emisso de um importante tratado foivtima de polticas desgovernadas, animosidade pessoale idelogos irremovveis no Senado e na Casa Branca.O incidente internacional causado pelo fracassadodescarte do CTBT causa dvidas desnecessrias sobreos Estados Unidos, seu governo e especialmente o seuCongresso, demonstrando que a estruturao dapoltica externa um dos deveres mais importantes do

    Congresso, possuindo algumas das implicaes maisabrangentes.

    A manipulao do Governo Clinton e a resposta doCongresso aos esforos de ratificao do CTBT foi umafrustrao em dois sentidos. Primeiramente, o Tratadoteria ajudado a restringir os riscos impostos pelas armasnucleares e preservado para os Estados Unidos a posiomoral de resistir proliferao desse tipo dearmamento. Em segundo lugar, a abordagem dogoverno s reservas do Senado quanto ao CTBT, comrespeito verificao e ao estabelecimento, desafiaram atradio de bilateralismo com que a maior parte doscongressistas e presidentes vm abordando os temasprincipais da poltica externa.

    A derrota desse Tratado nos recorda no apenas a

    autoridade poderosa do Congresso perante aConstituio com respeito poltica externa, mastambm ressalta um desenvolvimento importante naestruturao da poltica externa dos Estados Unidos: opapel cada vez mais relevante do Congresso.Atualmente, o Congresso vem exercitando de maneiramais vigorosa suas prerrogativas e promovendo suasperspectivas sobre temas de segurana nacional,freqentemente em desafio direto ao presidente. Defato, foi o Congresso que pressionou com sucessocontra a hesitao inicial do presidente sobre a

    ampliao da OTAN e a defesa dos msseis nacionais.Ele forou o presidente, com sucesso, a ajustar suaabordagem junto Conveno de Armas Qumicas. Eledesafiou ferozmente as iniciativas presidenciais, como asmisses da OTAN na Bsnia-Herzegovina e emKosovo.

    No se deve permitir que o bilateralismo demonstradodurante o debate sobre o CTBT possa emergir comotendncia na estruturao da poltica externa dosEstados Unidos. Tal desenvolvimento tornaria maisdifcil trabalhar com aliados e manter nossos inimigos distncia. Seramos menos capazes de ordenar nossasforas nacionais para promover e proteger nossosvalores e interesses. A capacidade dos Estados Unidosem liderar com iniciativa os assuntos mundiais seriaobstruda pelo congestionamento poltico domstico.Seria mais difcil para o presidente e o Congressomanterem suas responsabilidades conjuntas depromoo e proteo dos nossos valores e interessesnacionais.

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    Por essas razes, os estremecimentos partidrios quepermearam a manipulao do CTBT pelo presidentedevem fazer-nos relembrar as responsabilidades e ospoderes fornecidos pela Constituio ao presidente e aoCongresso. Esses poderes tiveram a inteno defomentar um relacionamento do qual devero emergirprocessos e polticas debatidas e discutidas que refletemo bem que h em nosso governo, e no o mal.

    Uma poltica externa eficaz exige um contnuo egenuno comprometimento bilateral entre o presidentee o Congresso. Sem esse comprometimento, ocontedo da poltica norte-americana ser cada vezmais caracterizado pela ambigidade e pelainconsistncia.

    O fomento de um consenso de poltica externa entre o

    Congresso e o presidente , principalmente por razesconstitucionais, responsabilidade da Casa Branca. papel do presidente, na qualidade de comandante-chefee principal diplomata que o torna o lder da nossapoltica externa.

    O fomento do comprometimento entre a Casa Branca eo Congresso em assuntos de poltica externa tambm,entretanto, responsabilidade dos membros do Senado eda Cmara dos Deputados. O Congresso pode e deveconduzir iniciativas para fomentar o dilogo, a troca de

    informaes e o comprometimento com o presidente eseu gabinete sobre assuntos importantes de interessenacional, como vimos com a ampliao da OTAN. Ofracasso do CTBT demonstrou que esse bilateralismono deve ser desprezado. Esses episdios comprovamque o sucesso da poltica externa norte-americanadepende do comprometimento satisfatrio entre opresidente e o Congresso em suas funesconstitucionais. _

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    O principal desafio para os Estados Unidos na polticaeconmica internacional o de utilizar a grandeinfluncia norte-americana para manter uma economia

    global aberta e prspera, aprofundando e expandindoos benefcios da globalizao. tambm inerente a essedesafio a oportunidade de possuir grande impacto sobrea capacidade norte-americana de atingir os objetivospolticos, estratgicos e humanitrios da sua polticaexterna. A evoluo da economia globalizada afetar anossa segurana nacional, a difuso da democracia e dosdireitos humanos, o meio ambiente, o terrorismo, ocomrcio ilegal de drogas, o crime organizado, a sade ea doena, presses populacionais e a maior parte dosoutros desafios internacionais de importncia.

    Os interesses estratgicos norte-americanos esto agorafirmemente interligados com os interesses econmicosdos Estados Unidos. Temas econmicos afetamgrandemente nossos relacionamentos com as outrasgrandes potncias: Europa, Japo, China e Rssia. Elesproliferam na Agenda de poltica externa dos EstadosUnidos, a partir do NAFTA (Tratado de LivreComrcio da Amrica do Norte) e rapidamente at acrise financeira asitica e a entrada da China na OMC(Organizao Mundial do Comrcio). As saneseconmicas dos Estados Unidos contra Cuba, Ir eLbia tm sido importante alvo de disputas com algunsdos nossos aliados mais prximos. Existem nohorizonte poucas ameaas poltica externa com amagnitude de um desastre financeiro mundial.

    A globalizao o fenmeno econmico internacionalproeminente do nosso tempo. A prosperidade norte-americana est inextricavelmente ligada prosperidademundial. O volume e o compasso do comrcio einvestimento internacional esto aumentando

    tremendamente. As comunicaes e as tecnologias deinformao esto transformando a forma com que omundo faz negcios e conectando pessoas e empresas

    como nunca ocorreu. A integrao entre a produo e acomercializao de mercadorias e servios atravs defronteiras internacionais est modificando a estruturado setor privado. Novas fuses, redes e alianasinternacionais vm emergindo diariamente.

    A globalizao traz com ela tanto custos como benefcios,oportunidades e desafios. O impacto econmico geral daglobalizao tem sido positivo, gerando ganhos deprodutividade, eficincia e crescimento. A globalizaodesempenhou papel importante na notvel expanso

    econmica sentida pelo nosso pas ao longo dos ltimosnove anos, tendo contribudo para o rpido crescimentoeconmico em partes da sia, Europa e Amrica Latina.Ela mantm a promessa de trazer grandes benefcios aospovos em todo o mundo.

    Ainda assim, a globalizao tambm ocasiona muitosproblemas. A crescente competio gerada pelaglobalizao significa que algumas pessoas, e algunspases, ficaro para trs. A globalizao pode levar reduo da proteo aos trabalhadores e ao meioambiente quando companhias mudarem suas operaespara locais com padres ambientais e trabalhistas maisfracos. Os mercados de capital globalizado podem serperigosamente volteis. A autoridade poltica e asinstituies internacionais s vezes lutam paraacompanhar as rpidas tendncias econmicas. Asnaes em desenvolvimento frustram-se por noparticiparem de forma mais completa da tomada dedecises econmicas internacionais e da prosperidadedesfrutada por outras regies do mundo.

    TEMAS ECONMICOS INTERNACIONAIS EA POLTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS

    Excelentssimo Lee H. Hamilton

    "Os Estados Unidos necessitam de um sistema de estruturao de poltica coerente e unificado, a fimde promover a poltica econmica externa de mltiplas facetas exigida pela complexa comunidadeinternacional atual", afirma Lee Hamilton, diretor do Centro Internacional de Estudantes WoodrowWilson e ex-membro da Cmara dos Deputados dos Estados Unidos. "Necessitamos assegurar quenossos interesses nacionais globais sejam considerados em primeiro lugar e de forma mais importantepara o desenvolvimento da nossa diplomacia", afirma.

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    Apesar desses problemas criados pela globalizao, nopodemos, nem devemos, tentar revert-la. A tendnciacom destino crescente integrao entre as economiasdo mundo ir provavelmente continuar.

    Os Estados Unidos possuem a oportunidade histricade liderar o encargo de atender aos desafios daglobalizao e assim ajudar a criar um mundo maisprspero, pacfico e democrtico. De que formadevemos utilizar nosso poderio poltico e econmicopara difundir os benefcios da economia globalizada eavanar em muitos dos nossos objetivos da polticaexterna?

    Primeiramente, devemos continuar a ser um exemplode prosperidade, mantendo uma forte economiadomstica. O sucesso da nossa economia encoraja

    outros pases a buscar a liberalizao, o livre comrcio eoutras polticas que conduzem ao crescimento. Ossetores pblico e privado norte-americanos podemestimular inovaes tecnolgicas, promover exportaese auxiliar a manter nossa posio de liderana na cinciae tecnologia da informao, investindo pesadamente napesquisa e desenvolvimento. Nossa liderana nessasindstrias do futuro representa um dos nossos maiorespatrimnios na poltica externa.

    Em segundo lugar, devemos promover vigorosamente

    mercados livres e o livre comrcio, desenvolvendoinstituies econmicas internacionais eficazes. Asredues das barreiras comerciais promovem ocrescimento, avanam a integrao das economiasnacionais e fomentam a cooperao polticainternacional. Ainda assim, o livre comrcio tambmcria problemas, que instituies internacionais eficazespodem ajudar a resolver. Devemos fortalecer aOrganizao Mundial do Comrcio, tornando-a maisresponsvel, transparente e abrangendo ampla faixa depreocupaes econmicas. Devemos tambm construiruma arquitetura financeira internacional mais forte,que seja capaz de evitar crises e responder a elas.

    Em terceiro lugar, devemos investir emdesenvolvimento sustentvel, educao e promoo doEstado de direito em pases mais pobres e em pases emtransio para mercados livres e democracias. importante que a globalizao no seja vista por muitoscomo fenmeno imposto pelas elites econmicas sobrea populao do resto do mundo sem oferecer-lhes

    nenhuma proteo ou assistncia. Para ajudar a difundiros benefcios da globalizao, devemos proporcionarassistncia econmica e perdo de dvidas aos pasescomprometidos com polticas econmicas responsveis,apoiar programas de intercmbio que tragam estudantesestrangeiros e futuros lderes aos Estados Unidos eenviar norte-americanos a outros pases, e ajudar atreinar juzes, advogados e lderes da sociedade civil, deforma a fortalecer o Estado de direito e governosresponsveis. Todas essas atividades promovem nossosobjetivos de poltica externa, de avano daprosperidade, democracia e cooperao poltica eeconmica internacional.Uma regio do mundo em que a poltica econmicanorte-americana pode ter impacto potencialmente maisamplo de poltica externa a frica. A pobreza e osubdesenvolvimento certamente no so os nicos

    problemas enfrentados por aquele continente. Mas ocrescimento econmico essencial para impulsionar ospadres de vida africanos e enfrentar com sucesso osdesafios polticos, de segurana e de sade da frica alongo prazo.

    Atualmente, grande parte da frica no possui amoderna infra-estrutura e os recursos necessrios paraaproveitar-se da globalizao. Os Estados Unidospodem ajudar a solucionar essas deficincias,fornecendo ajuda externa bem direcionada, perdo de

    dvidas, assistncia tcnica, emprstimos e um mercadomais aberto para mercadorias africanas. As companhiasamericanas poderiam colher lucros substanciais deinvestimentos no desenvolvimento de comunicaesmodernas e sistemas de transporte na frica, se o climapoltico e respaldo correto fossem disponveis. Asparcerias entre o setor pblico e privado oferecem amelhor esperana de melhoria dos padres de vida dosafricanos, fazendo avanar os interesses polticos,econmicos e de segurana dos Estados Unidos nafrica.

    O ambiente poltico-econmico internacional mudoudurante as ltimas dcadas e a evoluo do processo deestruturao da poltica externa dos Estados Unidosvem sendo influenciado por essa transio.Quando ingressei no Congresso h 35 anos, a polticaexterna dos Estados Unidos era dominada pelo nicopropsito de derrotar a ameaa comunista. Adiplomacia era feita por um pequeno crculo de pessoas,que inclua o presidente, os secretrios de Estado e da

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    Defesa, o conselheiro de Segurana Nacional e algunsoutros. Os temas econmicos internacionais eramconsiderados de forma apenas perifrica, ou comoelemento subordinado de preocupaes geopolticasmais amplas.

    Atualmente, a poltica externa dos Estados Unidos lidacom grande variedade de temas, do terrorismo e drogasilegais at o meio ambiente e o desenvolvimentosustentvel. O Congresso est muito mais envolvido noprocesso poltico. E a economia tornou-se tema maiscentral do que nunca para a nossa poltica externa.

    O processo de fazer poltica econmica externa maisdifuso atualmente. O nmero de participantes doprocesso poltico cresceu tremendamente e agora incluimuitas agncias do poder executivo e comits do

    Congresso, bem como grupos de comrcio, organizaessem fins lucrativos, organizaes internacionais euniversidades. No poder executivo, o centro dasatividades governamentais sobre poltica econmicaexterna pode variar entre os Departamentos de Estado,Tesouro, Comrcio, Energia e Agricultura e orepresentante Comercial dos Estados Unidos, para citarapenas algumas das agncias envolvidas. Sobre ofinanciamento do FMI (Fundo Monetrio Internacional)e a crise financeira asitica, por exemplo, o Departamentodo Tesouro desempenhou papel de liderana.

    No Congresso, dezenas de comits e convenesespecficas agora influenciam o desenvolvimento dapoltica econmica externa. O presidente no podemais consultar-se apenas com a liderana do Congressoe ter a certeza do seu apoio para uma iniciativapresidencial. Sobre o tema de sanes econmicascontra a ndia e o Paquisto, por exemplo, a Comissoda ndia e os membros do Congresso com fortesinteresses agrcolas em seus distritos eleitorais exerceramgrande influncia.

    Muitos grupos de interesse especial, principalmenteorganizaes comerciais e trabalhistas, tm impactosubstancial sobre a poltica norte-americana.Rapidamente, em temas como as relaes comerciaisnormais e permanentes com a China e muitos outros,grupos de defesa tiveram atuao central. Eles tmgrande impacto atualmente, j que mais americanos

    reconhecem que so afetados pela poltica econmicaexterna. As exportaes desde aviao at tecnologiada informao e entretenimento so um setor emcrescimento da economia. A sobrevivncia das empresase trabalhadores norte-americanos moldada em grandeparte pelos acordos comerciais e pelo desenvolvimentoeconmico ao redor do mundo.

    Os Estados Unidos necessitam de um sistema coerentee unificado de estruturao de poltica para promover apoltica econmica externa de mltiplas facetas exigidapela comunidade internacional atual. Muitas agncias ecomisses do Congresso esto apropriadamenteenvolvidas na poltica econmica externa, em temas queafetam claramente os seus interesses. Mas devemosassegurar que nossos interesses nacionais globais sejamconsiderados em primeiro lugar e de forma mais

    importante no desenvolvimento da nossa diplomacia.O Departamento de Estado e as principais comisses depoltica externa do Congresso devero manter papelcentral nessas reas de estruturao de poltica.

    A crescente importncia dos temas econmicos napoltica externa oferece novas oportunidades para oDepartamento de Estado. Embora