7260153 herz analise cognitiva e politica externa

Upload: carolineburity

Post on 16-Jul-2015

321 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

AAnlise Cognitiva e PolticaExterna"Mnica Herz1 -Introduocrtica homogeneizao dos atoresinternacionais feita pela litera-tura realista resultou emumconjuntode propostas desenvolvidas apartir dofinal dadcadade 50, as quaisbuscam analisaros elernen-tossubjetivos que influenciamo comportamentodesses atores edemonstrar que os mesmos no podemser tratados como atores unitrios ehomogneos.Autores quetrabalham comatemticadepolticaexterna desenvolveraminmerosconceitosemodelosparaoestudo dasuadimenso subjetiva,fornecendo aos pesquisadores doassunto umconjunto de instrumentos ana-Iticoscomo ambientepsicolqico, groupthink, percepesefaisaspercepes,lies da histria, imagens, sistemasde crenas etc. Farei, inicialmente, umabreve apresentaodosconceitos e modelos desenvolvidos apartir dadcadade 60; a seguir, sugiroque, na medidaemque os trabalhos nessasubreaseinclinama focalizar o processamento de informaes, o tratamento da dimen-so cultural tende a ser marginalizado. Na verdade, tal processamento, sobreo qual a maior parte dostrabalhos temse debruado, no podeser compreen-dido semreferncia realidade cultural dos atores, umavezqueestainfluenciao processo de seleodaspartesrelevantesdainformao, suacategorizao,aavaliaodo comportamento de atores e at a conceituao do que vem a 'Im nnrt::lmpntnavnnnhn11m", nr"nr"\nC'+", n"."", ".__ ."t"-- "_-11_' .",_ 1""'''''''''''''_ 1"""1 ti 1\.,4111 .v.. "V, "'''t''VI li IVUIIIQ,..,. "'tJV.,;JILQtJala Qanlise do contedo e das origensde imagens, enquantopartes constitutivasdaculturainternacional deumanaooucoletividade, nocontexto dasrelaesinternacionais... Esteartigo umaversoadaptadadeumadiscussodesenvolvidanatesededoutorado ''The Soviet Imate of Latin America: Sources and Images", defendida pelaautora na London School of Economics and Political Science, em 1993.CONTEXTO INTERNACIONAL, Rio de Janeiro, vol. 16, n!! 1,94, pp. 75-89.75Ostextos precursores queabordam oselementos cognitivos nocontextointernacional foram escritos depois da Segunda GuerraMundial e buscavamencontrarafontedosconflitos internacionais namentehumana, seconcentran-dono estudode personalidadespatolgicas. Osexemplosbvios so osestudosacerca da influncia das personalidadesde Hitler e Stalinsobre apolticainternaclonal.tAemergncia de uma literaturavoltada para a anlisede elementoscognitivos no mbitodas relaes internacionais, no final da dcadade 50, resultado damaiornfasedadasdimenses psicolgicaecultural nocontextodas cincias sociais, ao movimento behaviorista que colocou emdiscusso arelao dos estudos internacionais eoutrasreasdascincias sociais, crticaao realismo e ao aparecimento de algunstrabalhos que marcaram a subreade anlise de polticaexterna.Acrticaao realismo feitapor Richard Snydar, H. W. BruckeBurton Sapinabriu caminho para a criao da subrea de anlise de poltica externa. Namedidaemque as percepes dostomadores dedecises eram consideradasumelementoexplicativofundamental, esse trabalho tambminaugurouoexame de variveis cognitivas formadoras da poltica externa. Na verdade, ahistria dos estudos de polticaexterna mistura-se com a histriadas inves-tigaessobre elementos subjetivos e relaes internacionais.Emcontraposioperspectiva realista, Snyder,BruckeSapin argumen-tavamque o estudioso de poltica externadeveriase concentrar na anlisedecomoos tomadores de decises "definiam a situao":"A situao definida pelo ator (ou atores) de acordo com a forma que o ator (ouatoresise relaciona com outros atores, com possveis objetivos e com possveismeios e de acordo com a forma em que meios e finsconformam estratgias de- r 1" 3aao L Otrabalho de Harold e Margaret Sprout tambmteve papel fundamentalna configurao de uma literatura voltada para a anlise cognitiva e polticaexterna," Eles estabeleceram a distino entre o "ambiente operacional" e o"ambiente psicolgico",um legado que foi incorporado por diversos autoresposteriormente, particularmente aquelesque adotam aperspectiva doproces-sodecisrio. Ambos propuseram que fatores ambientais somente influenciamasatitudes easdecisesquecompem apolticaexternadoEstado, namedidaemquesopercebidoseconsideradosnoprocesso deformaodessapoltica. O examedo "ambiente psicolgico", ou seja, imagens e idias sobreo "ambiente operacional",tornou-seobjeto legtimo dos estudosde polticaexterna.Desde ento, grande parteda bibliografiaque lida com variveissubjeti-vas na anisede poitica externa tem focaiizado oprocessodecisrio. Os76estudiososdeste tmcomo suaunidadebsica deanlise otomador dedecisesindividuai, conseqentemente, osvalores, atitudesepercepes queguiamsuasaes soconsderaoos.>De acordocomJosephFrankel, oprocesso decisrio, em contraposio a aes, realiza-se na mentehumana,da a relevncia do estudo do filtro de informaes e do conjunto de valoresque influenciam esse processo. As palavras do autor soelucidativas:"Compreendemos por processo decisrio o estabelecimento de umcurso de aodentrodenossas mentes depoisdeuma deliberada consideraode todasasaiternativas. Compreendemospor decisoo resultadodesseprocesso. Enten-demos por ao uma coisa feita, ou o processo de fazer ou agir".6otrabalho de Michael Brecher et alli o principal estudonessarea queadota a perspectiva do processo decisrlo."Os autores utilizamo conceitocriadopelos Sprouts de "ambiente psicolgico"parase referir s variveissubjetivasque contribuem paraa compreenso desseprocesso. Propem queopoder de fiitragemdas imagens fundamentai. Oambiente operacional,compostode elementos externos, queincluemossistemasglobal, subordinadoe bilateral, e internos, abrangendo a capacidade militar e econmica, estruturapoltica, grupos deinteresseeelitescompetitivas, afetaoresultadodasdecisesdiretamente; porm, s influencia as mesmasdepoisdefiltradopetasimagens e atitudes dos tomadoresde decises.NoestudodeV/. Car!snaessobreideologiaepolticaexternaumadistino equivalente entre realidade e percepes estabelecida. Eledefine,por umlado, a "dimensosituacional", ou seja, condies objetivas e contextoorganizacional, e, por outro, as "dimenses de disposioe inteno", referin-do-se,.respectivamente, a valores, percepes e escolhas e motivaes.8Aanlise cognitivatambmfocaliza o papel da crena comomecanismode organizao darealidade quepermiteaabsoroda informao. OtrabalhopioneirodeK. Boulding sobreimagens, oqual inspiroudiversosestudosposteriores, um exemplo. Ele abordaa relao entre informao receptadae imagensou "estruturas deconhecimento subietivas"?Nocampodasrelaesinternacionais, O. Hoisti foi inovador na discusso sobre o papei de imagensnacionais que organizariam as percepesna forma de guias de comporta-mento, e permitiriam o estabelecimento de objetivos e a ordenao de prefe-rnclas."Outravertentedaanlisecognitivaseconcentraexclusivamentenacompreenso de mecanismos psicolgicos que influenciamo processo deci-sro." Omaisproeminenteexemplo a pesquisa deRobertJervis sobrepercepese falsas percepes." Oautor busca detectar a influncia daspercepes sobre as preferncias por determinadas escolhas polticas. Comesse objetivo em mente ele analisaos mecanismos que filtram a informaoincorporada pelos agentes decisrios. Sugere, ento, que, emconseqnciadanecessidade dealcanar consistnciacognitiva,13informaesso as-nslrnlladas deacordo com expectativas, crenas eteorias j presentes noquadrocognitivo dos atores. A preocupao de Jervis recaisobre os perigos de um"fechamento coanitivo orernaturo". auando o decisor no oercebe a influncia _ I ' ti Bdo mecanismo defiltragem:"Se um decisor pensa que um evento indicainferncias evidentes e semambi- " '='on,....a"""II \1"""..rI..-:.,"""in.fn."..A.n,...i",C' C';;'nrnC"'III+,..",...,an, no. C'11':l r"\a... '-tUClIIUV lia.YV'IUQUtJ Oi>VQv\:)ClV l'VvUllGlUV\.Av t-'vlvtJ"'''"'UVa.prvi a, ele se tornar confiante em excesso e excluir alternativas prematuramen-te,acreditando que o evento contm suporte independente de suas crenas".14Expl icaes paradistores dapercepo soencontradas tambm nostrabalhossobre motivaes emocionais que limitam a capacidade do decisorde incorporar informaes. Oenvolvimento doegoemcompromissos prvios,a apreenso dos custose riscose as expectativasem relaoa possveisbenefcios geram emoes conflituosas queprecisam ser conciliadas. Em seuestudo sobre groupthink, Irving Janismostra como constrangimentos emocio-nais no contexto de pequenosgrupos de "decisores"inibemuma avaliaocorreta da reandade."Assim sendo, ainvestigaoda dimensosubjetivada formaodepolticas externas juntamente com o estudo de polticas burocrticas podemcontestaro modeio estmuioresposta ao abrir a "caixa-preta" e abandonar oator unitrio. A relao quequalquer ator estabelece comdiferentes estmulos afetada pelas suas crenas. Particularmente em determinados contextos,como as situaes no-rotineiras,as decises tomadasnos escales supe-rioresdamquinaestatal, os eventosno antecipadose as situaesquegeram tenso e presses sobre os decisores, a relevncia da investigao dopapel das variveis subjetivas hojeamplamente aceita.3 - A Marginalizao da Dimenso CulturalQuando a viso realista do Estado como ator unitrio, universalmentedefinido como maximizador de poder, foi contestada nofinal dadcada de 50,muitos autoresvoltaram-se paraaanlisedosmecanismos internos aoproces-".... ri ",,,i" " ..il"\ I\... .. n"",.. 1"\n!::ll 6ra!::llnai3VIIU. r\ClUvl lUI Cl UCl VClIACl-tJ. vLU , ,""u'VIIIUI vu. V IU.A,",VIIIIV' nu""'\.A\.A' """""" '-AVanlisedepolticaexternana dcadade 60, inaugurouo caminhopara oquestionamento do modelo estmulo-resposta. Os mecanismos de mediaointernos s mquinas estatais passam a merecer, a partir de ento, a atenodos especialistas. Nesse contexto,o status do ator racional foi questionadopelosestudosdepoltica burocrtica epor aqueles de mecanismos cognitivos.A capacidade de os atores fazerem escolhas conscientes a respeito dovalor relativodeseusobjetivos eabsorveremtodaa informao disponvel temsido contestada por diversos analistas da dimensopsicolgica da polticaexterna.16No entanto, a posio paradigmtica ocupada pelo modelo do ator...""""""':"' ....,...1 lI"'llo ...:"..... ",.J" A._....-.""" .....:" 1........,..., :.,...,..1::,J. ",,1: ..... 1"'\0"\"- rnl"\+nN"IA,.,i"." I dlllUlldll1dU IUIt::llllJdl lIl1Uldl UIIIUIVIUUdllO:>lllU .-;)VU, ti78oqual essemodelose fundamentamanteve seulugar de formador da pers-pectiva dos especialistas. Como resultado, a eficincia do processo de tomadade decisestornou-se o focodamaiorparte daspesquisas voltadas paraaanlise cognitiva de atoresinternacionais, e as variveisculturais foram mar-ginalizadas pelos diversos quadros tericos."A adoo doindividualismo metodolgico, o qual pressupe a reduoda vida social s aes de atoresindividuais, reforou essa tendncia,j queos estudos se voltam para a anlise do comportamento de agentes individuais.Embora a abordagem exclusiva de fatores societais no seja aceitvel, sendoainvestigaodoprocessodeescolhaindividual fundamental paraa com-preenso da formao da poltica externa, a relevncia do estudo da dimensocultural deve ser destacada.A influncia do modelo da escolha racional mais claramente observadanas investigaes sobrea distoro da percepocomoresultadode meca-nismos psicolgicos. A posio paradigmtica do modelo em questo expres-sa-se na preocupao, central nesses trabalhos, com o processamento imper-feito da informao. As propostas para evitar o''fechamento cognitivo precoce",ou para a incorporao de mecanismos de vigilncia que permitam o perfeitoacesso informao, transformam-se no eixo das anlises de autores comoJervls e Janls. Tendo aberto a "caixa-preta" e se objetado a viso do ator comprefernciasplenamente ordenadase com acessoperfeito informao,aspesquisas de ambos concentraram-se nos mecanismos psicolgicos que obs-truema realizao do ideal racional. Em outraspalavras, essesautores tmcomo preocupao centralas patologias do processo decisrio.Olugarocupadopelomodelodeescolharacional tambmpodeserdetectado daperspectivadoprocessodecisrio. Emsuaapresentaodoquadrotericoparaaanlisedepolticasexternas, Brecher et alli estabe-lecem que adistino entre o "ambiente psicolgico" e o "ambiente operacio-nal"umrequisitoessencial paraaconstruodemodelosdeanlisedepoltica externa:"Namedidaemqueos decisorespercebemo ambienteoperacionalcorretamentesuaatuao empolticaexternaserbaseada narealidade etenderoestesatersucesso. Na medidaemque suas imagensso incorretas, escolhasde polticaspblicasnoterosucesso, ouseja, haver umabismoentreosobjetivosdefinidos pelas elites e os resultadosda polticalmplementada"."De modo geral, estudos sobre aspectos cognitivos do processo decisriote ndem a concentrar esforosno desencontro entre imagens e realidade queperturbam o processo de deliberao, impedindo a adequao de estratgiasdeaoaobjetivos. Como observaJohnVogler, decisorespodemestarutilizando o equivalente cartografia medieval em vez de mapas modernos e,conseqentemente, navegandonadireoerrada. Naverdade, apesar dainegvel utilidadede mapas de ltima gerao, pesquisador necessita79investigarocontedo dosmapas efetivamente emuso.Asfantasias dosmapasmedievaiseramguias de comportamento poderosos em uma sociedadedeorientaoreligiosa, eno simplesmenteguiasequivocados. Aarmadilhapositivista est obscurecendoos estudoscognitivosdepolticaexternanaformado status paradigmtico do modelo de escolha racional.Nocasodoestudo deprocessos decisrios, embora, comovimos, opesodasvariveis subjetivas sejaconsiderado, o ponto nevrlgico soas tomadasdedecises. Aanlisecognitiva estsubordinada aesse objetivo fundamental,conseqentemente, a nfase recai sobre os mecanismos de percepo. Osatributosculturaisque precedemomomento em que se inicia o processodedeliberao sominimizados ouaparecem como um adendo aoeixo explicativo.O termo usado por Snyder, Bruck e Sapin - "definio da situao" -fala por si s. Os elementos subjetivos so relevantes para esse quadro deanlise na medida em quesereferem a umasituao especfica ou, emoutraspalavras, s decises que os encarregados pelo Estadoesto tomando. Oelementocultural, tratado como umavarivel interveniente, faz parte do con-texto domstico e no discutido emtermos de crenas e valores relevantesparao contexto internacional.Odesenvolvimentodoestudo deprocessosdecisrioslevouaumasofisticao e complexificao dessaperspectiva inicial. Anlises posterioresdetectaram a presena de valores, crenas e atitudesantes do deslanchardesse processo.Joseph Frankel menciona valores combinados em sistemas de valoresque so intrnsecos aos tomadores de decises, estando portanto presentesantes doincio doprocessodecisrio. O trabalhodeFrankel ,contudo,prejudicadopela consideraounicamentede valores, deixandocrenas eatitudes de lado. Poroutro lado, eleenfatiza o impacto emocional dosmesmos,restringindo assima influncia dos elementos subjetivos.Outro estudioso dadimenso subjetiva daanlise depolticaexternaqueconsiderou essa distino foi W. Carlsnaes.Eleestabelece a diferena entrea "dimensointencional" e a "dimenso dadisposio", referindo-se, respecti-vamente, a escolhas e motivaes e a valores e percepes. Embora a aodepolticaexternacontinuesendo aunidadedeanlise bsica, oautorpreocupa-se em investigar o papel de elementos cognitivos que precedem oprocessodecisrio, nocaso, valores epercepes. Noencontramos, contudo,em seu trabalho, uma discusso sobre ocontedo desses mesmos valores epercepes, apenas referncias posioqueocupam noesquemaexplicativoquefocalizaas aesde polticaexterna.Richard Cottam,19 por sua vez, investigou a "predisposioda polticaexterna" e, para isso, estabeleceu umataxonomia de motivaes que podemser econmicas, comunais, messinicas ou governamentais:Cottam concluiuque somenteobservandooprocessodecisrioeopapel preenchidopordiferentes grupos nesse processo possvel mostrar como vrios fatores se80combinamparaestabelecer a poltica externade um pas. Emboraanaliseperspectivascoletivas naformade "vises de mundo", ele nosevolta para oestudo deelementos culturais, jque seu objetivoltimooresultadodapolticaexterna, ouseja, tendncias ao status quo ou ao imperialismo.Noquadroterico desenvolvidoporBrecher observamos adistinoentreo "prisma atitudinal" e"imagens do ambiente". Oprimeiro conceito refere-se ideologia - legado histrico - e s caractersticas de personalidade ou spredisposies psicolgicasdaelite decisria. Osegundo, dizrespeitospercepese representa o mais importante input paraa formao da polticaexterna. Em sua pesquisa sobre a poltica externade Israel, o autor avanasignificativamente emtermos da interseo do estudo da cultura e da polticaexterna. Ele esquadrinha a cultura poltica de Israel e estabelece conexesentreas suas principais caractersticas - judasmo, orientao paraa EuropaOriental eideologiasocialista- e astendncias dapolticaexterna do Estado.Entretanto, a investigao daespecificidade dosaspectos culturais orientadospara a insero internacional do pas no levada adiante.Conclu mos, assim, queosestudos deanlise cognitivaepolticaexterna,apesar de avanos significativos no sentido da incorporao da pesquisa dequadros cognitivosrelativamente independentes do processo de deliberao,propendem a focalizar o processo decisrio tendo em mente a realizao doideal racional - adequaodemeios a fins, ordenaode prefernciasecontrolede informaes sobreo ambiente operacional. Ainfluncia do modelodo ator racional contribui assim, significativamente, paraa marginalizao dasinvestigaes sobrevariveis culturais.Aabordagemdas dimensescognitivasdapolticaexternatemdoisaspectos: por umlado, contm ainvestigao deformas deprocessamento dainformao; por outro, abarca o estudodos objetivos e orientaes dos atores- tal estudo nopodeser marginalizado emconseqncia da focalizao doprocesso de deliberao, uma vez que issorepresentaria umasria limitaopara a nossa compreenso da constituio de polticas externas. Ademais, acrtica ao modelo realista no pode fracassar emsubstituir o ator homogenei-zado, maximizador de poder, por uma ator guiado por umconjunto complexodecrenas, objetivos eorientaes. Sevamos criticara definio positivista deinteresse nacional necessrioenfrentarmosa tarefa de explicar o quadrocognitivo deatores internacionais. Nessesentido, apesquisa docontextocultural fundamental.4 - oEstudo de ImagensOsconceitos desenvolvidos pelafenomenologia paraexplicaro compor-tamentocotidianopodero contribuir nadefiniodeumquadro deanlise parao estudode imagensepolticaexterna. Apreocupao dafenomenologia com::lIrlA An "mllnrln f'ntirlbnn" I_ _ .... 1'-.... .. _. """" ,,_ "'_,.'"""'''' __"'_'''"''''' 1_ " ""'" ...... ,1\.4V V'OoJesquemas interpretativosque geram o comportamentodirio. A anlisede81Alfred Shutz deesquemas interpretativos, aplicados por qualquer ator emseusencontros dirios, t i ~ no sentido de estabelecer uma distino entre meca-nismos cognitivosativados apartir doprocesso dedeliberao (sobre os quaisa literatura acimaanalisada se concentra) e umconjunto de idiasque o atorcarregaconsigo.2oDeacordo com Shutz, o ator traz paracadaencontro um"conhecimentoarmazenado"quelhepermitetipiflcaroutrosatores deacordocomumesquemainterpretativo. As fontes desse conhecimento so relaes contemporneas,experienciadas ou no pelo ator emquesto, e tambm passadas, que ocor-reram antesdoseunascimento. "Estruturasdeconhecimento", ouconhecimen-to organizado, estabelecidas por meiode crenas, valores e atitudes, formamo "conhe-cimentoarmazenado". Assim sendo, oator pode reconstruirsuasexperinciasemtermos de representaes absratas."Um segundo passo nadefinio de imagens significativas paraa anlisede poltica externa sera delimitao de elementos cognitivos relevantes parao entendi mentodas relaes internacionais.Os autoresque desenvolveram o conceito de culturapolticadurante osanos 60 buscaram circunscrever as orientaes culturais que tm relevnciadireta para a poltica. Incorporando os achados da antropologia culturale dapsicoiogia, eles enfatizaramaespecificidadedaesfera poitica.22Emboraalguns analistas que utilizaramo conceito adotemuma definio que incluiatitudese comportamentos, SidneyVerba e Lucien Pyesugerem que apenasasatitudesdo. grupo, ou seja, orientaessubjetivasem relaoesferapoltica, so objeto de estudo da culturapoltica.Seguindo o mesmo caminho de delimitao de subculturas, ou regiesdacultura, gostariadesugerirqueadefiniodeumaregio daculturanacionalorientadaparao cenrio internacional representa umaimportante contribuioparaoestudo deelementos cognitivos epolticaexterna. Assimsendo, aculturaintemedoneltde um grupo inclui valores, crenase atitudesreferentesposioda nao nosistema internacional. Ostrabalhos sobreculturas nacio-nais estratgicasso congruentes comessa proposta.e'Em terceiro lugar, proponho que dentrodessa regio cultural possvelexaminar imagens doambiente, quepodemsereferiraumaquestoourelaobilateral. Comonoslembra Kenneth Boulding,25 a importncia da incorporaodeinformaes est noimpactogerado sobre asimagens. Assim sendo,trata-sede dedicarconsidervel esforo ao estudodo contedo das mesmas,o que, em contraposio ao estudodas percepes, representa umtransladodo eixo de anlisedo processo decisrioparao contexto cultural.5 - Analisando o Contedo de ImagensDiversos instrumentos metodolgicos esto nossa disposio para adescrio de quadros cognitivos. Dentre esses, gostariade mencionar o usoda"anlisedecontedo",26"mapeamentocognitivo" e"cdigosoperacionais".2782oprimeiro apenas uminstrumentoparacoletardados; osequndoumprocedimento indutivo, baseado no pressuposto de que os decisores operameGm representaes simpHficadas do mundo, as quais conectam escolhas eresultados. Jos estudos decdigosoperacionais so, baseadosemummtodo dedutivo, segundo o qual umasriede perguntas preestabelecidas soinvestigadas a partir dasfontes. Esses instrumentos, amplamente exploradospor estudiososde poltica externa, podem ser extremamente teis, porm, naausnciade. umapropostatericaparaaanlise dequadroscognitivos,estaremos diante do perigode nos tornarmos refns dos dadoscoletados.Consideremos algumas propostas parao estudodaestruturadequadroscognitivos. Milton Rokeach, por exemplo, sugerequesistemasde idias soformadospor subsistemas decrenas, atitudes evalores. Umacrena"qualquer proposio simples que pode ser precedida pela frase eu acreditoque[...]"e umapredisposiopara aao. Atitudes, soconjuntosdepredisposies para a ao organizados em torno a umobjeto ou situao.Valares so ideais abstratos localizados em uma posio central no sistemade ldas. Uma ideologiaum conjuntodecrenasevalores instituciona-lizados, derivando sua legitimidadede umaautoridade' externa.28 G. BanhameM. Shapiro, por sua vez, categorizam as crenas enquanto afetivas, cogniti-vas e conativas. As primeiras referem-se aosobjetivos e interesses dosatores;assegundasdizemrespeitosidias acerca doqueestocorrendonoambientedoator; enquantoascrenas conativasincluemumconjuntodeescolhas consideradas possveis.29Essascategorizaes de diferentes aspectos do quadro cognitivo so.fundamentais para o estudo da sua influnciasobre ocomportamento. Noentanto, se restringem' classificao de elementos subjetivos, baseada nasua relao com umobjetoou na sua estrutura e forma.. Comoresultadodaposioparadigmticadomodelodeescolharacional,osestudiosos de sistemasde crenas tm se dedicado compreensodadissonnciaentre diferentes elementos dosmesmos. Mencionei anteriormentea grandeinflunclaexercida pelotrabalhodeFestiger - adefinio desistemas de crenas como uma configurao de idias na qual os elementosesto estruturalmente conectados deixou sua marca na literatura.A consis-tncia interna, ou a presena de algumaformade constrangimento na relao. entre idias, considerada um elemento bsico da investigao de quadroscognitivospelamaioria dos autores,podendotal constrangimento ser lgicooupsicolgico.30A dissonncia ou contradio entre diferentes idias consistiriaento emuma possvel explicaopara atomada de decises no-racional.Trs consideraes so fundamentaispara a anlise do contedodequadros cognitivos em poltica externa. Em primeirolugar, a especificidade docenrio internacional devemerecerateno - comovimos acima, a definiOdeuma cultura internacional umelemento central da proposta aqui apresen-tada. Em segundo, o investigadornopodese limitar a reproduzir conceitos e83idiasexpressospelos atores. A classificaodessesmesmosconceitoseidias um passo nesse sentido. A proposta aqui apresentada, contudo,sefn(lI 10lIg'l",A"'VJ'VV r-'U\J'V\JVV\.JV '1'-B"'"vvtruuras de conhecimento queformam acultura internacional deumacoletividade;estas so concomitantemente as origens e os componentes das imagens.Finalmente, a anlise do contedo de imagens no pode ser orientadapela busca de consistncia internadas mesmas. No h dvidade que umaacomodao entrediferentes elementos da imagem deve ser alcanada paraquenohajaparalisia doprocesso decisrio. Contudo, o estudodecomponen-tes e fontes da imagem no podepressupor a presena de constrangimentosentreas estruturas deconhecimento queacompem. Atentao de encontrarchaves mestrasdoquadro cognitivo deum ator internacional deveser evitada.Em verdade, as imagens que formam a cultura internacional de umacoletivi-dade, presentes antes do incio do processo decisrio,no so tecidas compreciso, ea coerncia interna, emvez de constituir uma de suas caracters-ticas,apresenta-se como um problema permanente. importante notar queelementos subjetivos influenciam o processo decisrio e o comportamento deatores emdiferentes combinaes, e queosdecisores noselecionam do seuquadro cognitivoaqueles elementos teisparaa definio de polticas, comopressuporia o modelo do ator racional.31Entre as estruturas de conhecimento queformam a culturainternacionaldeumacoletividade, podem ser encontrados trs gruposoutrs componentesde imagens que se originam, por sua vez, de trs fontes distintas: a doutrina,oselementos tradicionaisdaculturanacional eaquelesqueresultamdeinterao.Doutrina um conjunto de crenas sobreatividades no domnio pblico.Este componente da culturainternacional caracterizado pelasistematizaoe hierarquizao dasidias, alm da presena de algumas crenas ouvalorescentrais. Doutrinas polticas soformuladas explicitamente pelogrupos queasadotam e setornam oficiaisnomomento em queestesassumem as rdeas doEstado. Emboraconsistam emumconjunto deidiassistematizadas, doutrinaspolticas podem sofrer modificaes em conseqncia de fatores endgenos,comoodebateintelectual sobreainterpretao deseusprincpios,oudefatoresexgenos, como dificuldades de adaptao realidade e mudanasnascondies queas geraram.32O marxismo-Ieninismo, no perodo soviticoda histria russa, e o islamismo,no caso do Ir ps-revolucionrio, so doisexemplosclssicos.Outras estruturas de conhecimento encontram suafontenas, esopartedas, tradiesdeumanao. Estassoincorporadas por meiodeexperinciashistricasdelonguedure, orientadas paraainsero deumanaonocenriointernacional. Esseselementos do quadro cognitivono so formuladosdeforma sistematizada, emborapossam ter migrado dedoutrinaspolticas pret-ritas. Tradio tudo aquiio que, tendosido criado peia ao humana, 84passado de uma geraopara a seguinte, por intermdiode elos operacona-lizadospela famlia, Igreja, sistemas educacionale legal, Estadoou partidospolticos, e armazenado emobjetos fsicos e nas memrias individual e coleti-Va.33A investigaodesseaspecto da culturainternacional se torna particular-mente relevante emvirtude da conscincia histricaque caracterizao homemmoderna>' As idiassobrea posio internacional de umpas, as quais tendosidotransmitidasdopassado paraopresente se tornamparte daculturainternacional contempornea, constituem a segunda fonte e componente daimagem. Opapel da Inglaterra na manuteno de uma determinada ordeminternacional ou o debate entre posies isolaciornstase universalistas nosEstados Unidos so exemplos elucidativos.Finalmente, a naturezainterativa do sistema internacional deve iluminaroestudo de quadros cognitivosde poltica externa. Umdilogoentre a dimen-so subjetiva da poltica externa e a literatura sobre normas e regras interna-cionais que emerge da perspectivagrotianadas relaes internacionaisfaz-se!:Ino mAr-::lie:- o lon-:.i" nA1.'J'tJ"""''J''''''......... ...., ". _"""""-4 ....... ".,1'''''-4 V ...... """'"'-'I.""-4. \.A. t-"'-"""'-".,y............. '-"V"Vcenriointernacional, apesar da ausncia de umsoberanocomurn.wUma ponte entre o "ambiente operacional" e o "ambientepsicolgico" se n!:l rnonin!:l omnlla!:I intor-::lf'6A nllOrvr-rvrrcxnAnrin"loirA ",ri,,+... li"7"'.-I-:."'"''''-'I.V.... V' I n...... I II\J..... '''-''Il,..( '-'111 '1U1V lL.4 Illlvl u':{LtV'-tu,,", \"IVVI. v I IVt-"IIII\..io11V v '-" I..:J'LCUIL."'VUnaforma de normas nosegundo. Assimsendo, as imagenssotratadas comoresultadodaintersubjetividade, jque asrelaes entre atores nosistemainternacional so trazidas paraointerior do quadro cognitivo. Anormaes-tabelecida entre os EstadosUnidos e a UnioSoviticano decorrer da GuerraFria, de respeito a esferasde influncia, respectivamente na Amrica Latina eEuropa Oriental, exemplificaesse componente da imagem.Asnormas, resultantesdainteraodelonga duraodeatoresnosistema internacional, so, assim, incorporadas culturainternacional de umacoletividade. Normas so avaliaes sobre como umcomportamentodeveriaser, expectativas coletivas sobre como um comportamento ser e reaes aum comportamento." Estas podem ser explcitasou tcitas.6 - ConclusoO esquema de anlise aqui apresentado permite o estudo dos quadroscognitivosdeatores internacionais desvinculados doprocesso decisrioeconstitui uma contribuio para a correo do problema gerado pela margina-lizao do estudo da culturapor analistas de poltica externa.A proposta sugereque a investigao do contedode imagens, parte dacu Itura internacionai de uma nao, deve ser baseada na anlise das fontesdestas. A cultura internacional formada, assim, por trs diferentes partes: adoutrina afieiai, um conjunto sistematizado de crenas formulado e adaptadopelo grupo que detmopoder; os elementostradicionaisdacultura, adquiridos85mediante experincias histricas de longadurao; e normas internacionais,ou expectativas coletivas sobreo comportamento internacional.Esse quadroterico permite uma investigao do contedo de imagensquerespeitea relativa autonomia dadimenso cultural, evitequenostornemosrefns de dados primrios e responda a algumas das questes que a crticaanlisede poltica externa baseada no modelo do ator unitrio e homogneosuscitaram.(Recebido para publicaoemabril de 1994)NOTAS1 Para uma reviso dessa bibliografia, proach to theStudy of Internationalver Roger Cobb, ''The Belief System Politics", in James Rosenau, ed., In-F"'\. _______.L! ____ A_ A_________..I. _Z _ternationai Poiitics and Foreign Po- r-erspecuve: 1'\1\ I'\ssessrnernOI aFramework", Journal of PoJitics, vol. Jicy - AReader inResearchand5, nQ. 1, fevereiro de 1973; SteveTheory, Nova Iorque, The FreeSmith, "Belief Systems and thePress,1969.Study ofInternational Relations",inRichardUttleeSteveSmith, eds., 6 JosephFrankel, The Making of Fo-BeliefSystems & International Rela- reign PoJicy: An Analysis ofDecisiontions,Oxford, Basil Blackwell, 1988, Making, Oxfcrd, Oxford Universitypp. 11-36; O. Holsti, "Foreign Policy Press, 1968, p. 1.Decision-Makers ViewedPsycholo-gically: Cognitive Processes Ap- 7 Michael Brecher et aJli, "AFrame-proaches", inG. MatthewBonham work for Research on Foreign PolicyeMichael Shapiro, Thought and Behaviour", Journal of Conflict Re-ActioninForeign PoJicy, Basel & solution, vol. 13, nQ. 1, maro deStuttg,art, Birkhauser, 1977, pp. 9-74. 1969, pp. 75-94. Omodelodesen-_ 1__- _I _ __ _ _ _ _ _ _---.L!___ L _! __I! __ -1_ __2 Richard Snyder, H. W. Bruck e Bur-VOIVIOOnesse arugoTOI apncaoo aoestudoda polticaexternaisraelen-tonSapin, ForeignPoJicy Decisionse. Michael Brecher, TheForeignMaking: An Approach to the StudyofPolicy System of Israel Setting Ima- I __-L ______ -L! ___, ,,_ '!..I.! __ .. I _ __ _ ________tmerneuoneurouucs, rsovaIorque,ges, Process, New Haven, Yale Uni-FreePress of Glencoe, 1962.versity Press, 1972.3 Idem, p.64.8 Walter Carlsnaes, Ideology and Fo-4 HaroldSprout eMargaret Sprout,reign PoJicy- Problems of Compa-"Envi ronmental Factors in the StudyrativeConceptuaJization, Novalor-of International Politics",Journalofque, Basil Blackwell, 1986.Conflict Resolution, vol. 1,n- 4, de-9 Kenneth Boulding, The Imagezernbro de 1957, pp. 309-28.Knowledge in Ufe and Society, Mi-5 Richard Snyder, H. W. Bruck e Bur- chigan, University of Michiganton Sapin, "The Decision Making Ap- Press, 1961.861() O. Holst, "TheBelief Systemand domodelonaanlisedepolticasNationallmages: A Case Study", in externase propostas deflexibiliza-James Rosenau, ed., Internationa! o domesmo, ver MartinHollisePolitics. .., op. cit. Steve Smith, Explaining andUn-11 Paraalgumas anlisesdo compor-derstanding International Relations,Oxford, ClarendonPress, 1990.tamento internacional baseadas emteorias, modelos e conceitos desen- 18 Michael Brecher et alli, Frame-volvidospelapsicologia social, ver work for...': op. cit., p. 81.H. Kelman,ed., International Beha-19 Richard Cottam, Foreign Policy Mo-viour: ASocial Psychological Analy-sie, Nova Iorque, Holt, Rinehart andtivation a General Theory and a Ca-Winston, s/d.seStudy, Pittsburgh, UniversityofPittsburgh Press,1977.12 Robert Jervis, Perceptions and Mis-20 AlfredShutz, "Common-Sense andperceptions in Intemational Politics,Scientific Interpretation of HumanNewJersey, Princeton UnversityAction", inAlfred Shutz, CollectedPress, 1976.Papers, TheHague, MartinusNuj-13 O trabal ho de Jervisbaseadonohoff, 1967, vol. 1, pp. 3-20. Deve-seconceito de dissonnciacognitivaobservar que Shutz se mantm pri-discutid o por Leon Festinger, Asioneirodoindividualismometodo-Theorf oi Cognitive Dleeonence,Inni,.n i6 nllOrob,.i'oc nllO ,.nnc___, J"'-& '1--'-4"" "1....- ....,""1 __Londres, Tavistock Publications,tituem o conhecimento armazenado1959.no so concebidas em termos so-cioculturais. Apropostaelaborada14 Robert Jervis, Perceptions and...,aqui refere-se a imagens de grupos.op. cit; p. 181.21 Essa definio incorpora aquela de1ti Irving J anis, Groupthink, Boston,estruturas de conhecimento de Yaa-Houghton Company, 1982.covVertzberqer. YaacovVertzber-16 Essa literatura muito influenciadager, The World in their Minds, Stan-pelas chamadas teorias de "raciona-ford, Stanford University Press,Iidade limitada". Estasseconcen-1990, pp. 156-7.tramemanalisar os limites da capa- 22 A primeira apresentao dessacidadedosatorespara processar perspectivafoi feita por Gabrielinformaescriadas, por exemplo, Almond, em1956.Gabriel Almond,peloacesso restritoe pela comple- "Comparative Political Systems",xidade do ambiente. Herbert A.Si- Journal of Politics, vol. 18,3,mon, ''TheoriesofBounded Rationa- agosto de1956, pp. 391-409. A re-lity",in Herbert A. Simon, Models ot ferncia clssica Lucian Pye e Sid-BoundedRationality, Cambridge, ney Verba, OOs., Polftical Culture andMass., M IT Press, 1982, pp. 408-10. Political Development, Princeton,17 O meu objetivo no discutir a utili-Princeton University Press, 1965.dadedo modelodeescolharaclo- 23 O termo na forma utilizada aqui nonal, mas mostrar como a influncia deve ser confundido comaqueledesteconformouas literaturasde usadopor HedleyBuli, referenteaanlise cognitiva e poltica externa. valores comuns sociedade deEs-Paraumadiscussodainfluncia tados. Muito embora, na medida em87quevalores internacionaisso in- 30 Dois autoresque tiveram influnciacorporados pelo quadro cognitivo de sobre os estudos de quadros coqn-gruposnacionais, estespassema tivos e poltica externa discutem es-fazer parte de sua cultura lnternacio- saquesto: PhilipConverse, 'lhenal. Hedley Buli, TheAnarchical So- Natureof Belief SystemsinMassciety, Londres, MacMillan,1977, pp. Publics", nDavid E. Apter, ed., Ideo-316-7. logyand Dscontent, NovaIorque,24 Por exemplo, KenBooth, StrategyThe Free Press, 1964, pp. 206-61; eMilton Rokeach, Belefs AtttudesandEthnocentrsm, Londres, Croomand..., op. ctt.Helm, 1979; Philip M. Burgess, ElteImagesand Foregn Polcy Outco- 31 Esse aspecto do modelo do ator ra-mes: A Study of Norway, Ohio, The cional analisadopor Barry Hyn-OhioState University Press, 1967. dess,Choce, Ratonalty and Socal25 Kenneth Boulding, The ImageTheory, Londres, Unwin Hyman,1988.Knowledge..., op. cit; e KennethBoulding, "NationallmagesandIn- 32 a conceito de ideologia evitado nat"'r"ntinn1/,.,,,,.,.,,.,/,.,1definiodesse componente de L"'IIIIlo.A.U'VII ...... , UVUI"Cl.' VIConflict Resoluton, vol. 3, 1959. Di- imagens devido ao usovalorativo doversos autores foraminfluenciados mesmo e das suasimplicaes, se-pelo trabalho de Boulding, como Mi- ja no mbito do debate cincialideo-_ L __IBrecher eJoseph Frankei, iogia, seja no contexto da poiaridade cnaeimas se afastaram de um estudo em ideologia/interesses. Adefinioque oconceitodeimagens fosse o empregadanessaproposta con-foco da anlise. gruente comaquela de Edward26 R.Holsti, "Content Analysis", n G.Shills. EdwardShills, 'lhe Conceptand Functions of Ideology", Intema-Lindzeye Elliot Aronson, The Hand-tione! Encyclopeda of theSocalbook of Socal Psychology, NovaScences, vol. 7, 1988, p. 66.Iorque, RandomHouse, 1985.33 Edward Shills, Tradton, Londres,27 R. Ax elrod, 'lhe Cognitive MappingFaber & Faber,1981.Approach to Decision Making", in R.Axelrod, ed., Structure of Decison:34 Hans-Georg Gadamer, 'lhe Pro-The Cogntve Maps of Poltcal EI-blemof Historical Consciousness",tes, Princeton, PrincetonUniversityin Paul Rabinow e William M. Sulli-Press, 1976; A. George, 'lhe Ope-van, eds.,Interpretve Social Scen-rational Code", nL. S. Falkowski,ce: ASecond Look, Berkeley, Uni-ed., Psychologcal ModelsnInter-versity of California Press, 1987, pp.natonal Poltcs, Boulder, Westvi ew82-140.Press, 1979.35 A escola inglesa ea teoria deregi-28 Milton Rokeach, Belefs, Attitudesmescontmpropostaspara oes-and Values: ATheory of Organza-tudo de princpios, valores, regras etion andChange, So Francisco,instituies comuns aos atoresJossey Bass, 1972, pp. 113, 124.internacionais. Enquantoaescolainglesa procura compreender a29 G. Matthew Bonham e Michael Sha- existncia de ordemnosistema in-piro, 7hought endAction..., op. cito ternacionai, a teoria de regimes con-88centra-se ementender as causas dacooperao internacional. A utiliza-odateoriadosjogoseapers-pectiva antiestatista de John 8urtontambmcontribuemparaa discus-so do papel das normas no sistemainternacional. Por exemplo, Griede-richV. Kratochwil, InternationalOr-der and Foreign Policy: A Theoreti-cal Sketch of Post-War InternationalPolitics, Soulder, WestviewPress,1978; e JohnBurton, WorldSociety,Cambridge, Cambridge UniversityPress, 1972.36 JackGibbs, "NormstheProblemofDefinition and Classification", TheAmerican Journal of Sociology,vol. 7, n-- 5, maro de 1965; eJackGibbs, "Norms", Interna tio-nal Encyclopedia ot Social Scien-ce, vol. 11, 1988,pp.204-212.ResumoAnlise Cognitiva e Poltica ExternaEsteartigotempor objetivoanalisar a+.... -::aio+A...ri" rln,.. nrl ....,.,, :...:LI UJvlVllCl UVvvlUUVU'V\.iuaul v\:) vos e polticaexterna a partir do final dadcadade50. Eleenfatiza ainflunciadomodelodoator racional sobreessaiiteraturaeaconseqentemarginaiiza-o da investigao da dimenso cultu-ral, Finalmente, prope um quadro tericoque incorporaao estudoda polticaexternaa anlise de doutrinas, normas internacio-nais e tradies nacionais enquanto parteda cultura internacional de uma nao.AbstractForeign Poljcy and Cognitive SettingsThe objective ofthis article is to analysethe development of thestudy of cogni-tivesettings and foreign policy sincethe end of the 1950s. It emphasizes theinfluenceoftherational choicemodelmarqinalizationof theinvestigationofthecultural dimensionof foreignpolicy.Finnaly, it proposes a theoretical frame-work that incorporates the study of doe-trines, international normsandnationaltraditions, part of the internationalcultura of anation, to the study offoreignpolicy.RsumPolitique Extrne et Analyse CognitiveLebut de I'auteur de cet article estd'analyser la trajectoire suivie par l'etudedes planscognitifs et delapolitiqueex-trne partir de la findes annees 50. "met en viden ce I'influencedu modele deI'acteur ration nel sur cette littrature et lamarginalisation de la dimension culturel-lequi s'enest suivie. Dansla dernirepartie de I'article, I'auteur propose unmodelethoriquecapabled'incorporerI'analyse de doctrines, de normes inter-nationaleset detraditionsnationalesl'tude dela politiqueextrne. Eneftet,selon lui, ces lrnentsfondamentauxsont parti e prenante de la culture interna-tionale d'une nation.89