704-2599-1-sm

Upload: lunaluna123

Post on 08-Jan-2016

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

vvv

TRANSCRIPT

FAVOR LEIA ESTA PGINA ANTES DE PREPARAR O SEU ARTIGO OU POSTER

MICROBIOTA AMBIENTAL DE EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA PRTICA ODONTOLGICA

ENVIRONMENTAL MICROBIOTA AT EQUIPMENTS USED IN DENTAL PRACTICES

Fernanda Villibor Xavier[footnoteRef:1], Alessandra Gonalves Krakhecke[footnoteRef:2] [1: Faculdade Cincias do Tocantins. Mestre em Cincias do Ambiente e Doutora em Cincias pela Universidade de So Paulo. Professora de Microbiologia. Rua D, 25 Qd. 11, Lt. 10 Prximo a Av. Jos de Brito, Setor George Yunes, CEP: 77.818-650 - Araguana TO.] [2: Fundao de Medicina Tropical do Tocantins. Mestre em Microbiologia e Doutora em Medicina Tropical pela Universidade de So Paulo. E-mail: [email protected]]

RESUMO

O controle de infeco de grande importncia na prtica clnica do cirurgio-dentista. O objetivo deste estudo foi realizar uma avaliao microbiolgica de locais e equipamentos utilizados da clnica odontolgica, durante a realizao das aulas prticas do Curso Tcnico em Sade Bucal da Escola Tcnica de Sade do SUS, polo de Araguana. Foram coletadas 22 amostras com auxlio de swabs estreis da maaneta da porta de entrada da clnica (02), da superfcie externa de frascos usados para borrifar lcool 70% (10) e de hastes de refletor de diferentes equipos instalados (10). Aps coleta, as amostras foram colocadas em caldo BHI e, posteriormente, semeadas em meios de cultura Agar Mller-Hinton e Agar Sabouraud Dextrosado. As placas que apresentaram crescimento positivo de colnias foram submetidas a anlises bioqumicas para identificao dos microrganismos e microscopia. Foram isolados microrganismos patognicos em todas as amostras coletadas. Staphylococcus coagulase negativa (SCoN) foram isolados em 54,5% das amostras, Staphylococcus aureus em 45,5%, Escherichia coli em 45,5%, Acinetobacter spp, 9,1%, Bacillus spp, 18,2% e Aspergillus spp em 27,3%. Os resultados sugerem que medidas mais severas de controle de infeco devem ser adotadas nos consultrios odontolgicos a fim de evitar a infeco cruzada.

Palavras-Chave: Microrganismo. Biossegurana. Odontologia.

ABSTRACT

Infection control is essential for the clinical practice of a dental surgeon.Thus. the aim of this study is to conduct a microbiological evaluation of sites and equipments often used in classes of Technical Course in Oral Health at the Career and Professional Education School from Unified Health System, pole Araguana. For carrying out the study, it was collected twenty two (22) samples (with sterile swabs): (02) from the door handle of the practice front door; (10) from the outer surface of vials used to spray 70% alcohol; and (10) from reflector rods of various equipments.Right after collecting these samples, it was placed into broth BHI and subsequently plated on Mller-Hinton agar and Sabouraud (dextrose) agar culture medium.Plates that have shown positive colonies growth were submitted to biochemical analysis in order to identify microorganisms and microscopy types.Finally, it awas isolated pathogens from all samples:Coagulase-negative staphylococci (CoNS) were isolated in 54.5% of samples,Staphylococcus aureus in 45.5%; Escherichia coli in 45.5%;Acinetobacterspp in 9.1%;Bacillusspp in 18.2% andAspergillusspp in 27.3%.Concluding, the results have suggested that a greater infection control should be adopted in dental practices to prevent cross infection.

Keywords:Microrganism. Biosecurity. Dentistry.

1. INTRODUO

A cavidade bucal colonizada por uma vasta quantidade de microrganismos que, durante a atividade odontolgica, pode ser transferida aos equipamentos utilizados nas atividades clnicas rotineiras do cirurgio-dentista (BRAGANA et al., 2010).

Dessa forma, os consultrios odontolgicos podem se transformar em verdadeiros focos de disseminao de microrganismos patognicos, provocando uma reao em cadeia denominada infeco cruzada (GARCIA, BLANK, 2008).

Deter a transmisso de infeces no consultrio odontolgico um grande desafio, tanto para cirurgies-dentistas quanto para pesquisadores e microbiologistas, pois os microrganismos tm, por vezes, vencido as medidas de segurana adotadas, assim, colocando em risco profissionais e pacientes. Contudo ainda h a falta de cuidado com a biossegurana, o que tem influenciado tambm na intensificao do ciclo de infeco cruzada (MIRANZI, 2006).

O presente estudo teve por objetivo realizar uma avaliao microbiolgica em locais especficos do consultrio odontolgico utilizado para as aulas prticas do Curso Tcnico em Sade Bucal da Escola Tcnica de Sade do SUS, polo de Araguana, no ano de 2010.

2. METODOLOGIA

2.1 Preparo dos Meios de Cultura

Seguindo as recomendaes do fabricante, em balana eletrnica (Bel Mark Engeneering), foram pesadas alquotas de cada um dos meios desidratados e transferidas para balo de fundo chato contendo gua destilada. Para dissolver completamente o meio desidratado, o balo de vidro foi aquecido, em placas aquecedoras com agitao frequente, vedado com algodo hidrofbico revestido com gaze (boneca ou bucha), protegido com papel para esterilizao tipo kraft e esterilizado em autoclave vertical (Bio Eng, modelo A75) a 121 C, por 15 minutos. Aps resfriamento natural at a temperatura mdia de 50C, aproximadamente 20ml do meio foram vertidos em placas de Petri lisas, estreis, descartveis, de poliestireno, 90x15mm (J. Prolab), em ambiente de cmara de fluxo laminar (Trox Technik, Trox do Brasil).

2.2 Controle de segurana da esterilidade dos meios de cultura

Placas controle contendo apenas Agar Meller-Hinton foram incubadas em estufa bacteriolgica (B.O.D.) a 37C, por 48 horas, e placas contendo apenas Agar Sabouraud dextrosado foram incubadas a 28C (B.O.D), durante 7 dias, para verificar a esterilidade dos meios preparados. As demais placas foram lacradas e guardadas invertidas em refrigerador at a data da inoculao, em prazo no superior a 15 dias.

2.3 Coleta das amostras

Os locais de coleta das amostras foram escolhidos por observao, tendo como critrio de incluso os locais do consultrio e equipamentos que no podiam ser submetidos esterilizao fsica e que apresentavam grande contato com a equipe odontolgica. Nenhuma amostra foi coletada de seres humanos, assim, no sendo necessrio o envio do projeto de pesquisa ao comit de tica em pesquisa para seres humanos.

Foram coletadas amostras de diferentes locais do consultrio odontolgico: maaneta interna e externa da porta de entrada da clnica odontolgica (02), superfcie externa de frascos usados para borrifar lcool 70% (10) e de hastes de refletor de diferentes equipos instalados (10), totalizando 22 amostras. As amostras de superfcie foram coletadas com auxlio de swab descartvel e, aps a coleta, foram acondicionadas em tubo contendo 1,5mL de caldo BHI, segundo metodologia descrita por Wolfe et al. (2009).

O processamento das amostras foi realizado no Laboratrio de Bacteriologia da Fundao de Medicina Tr0ical do Tocantins.

Em cmara de fluxo laminar, as amostras foram semeadas em placas contendo meios de cultura gar Meller-Hinton e Sabouraud dextrosado sendo, posteriormente, incubadas em estufa BOD a 35C, por 72h, para avaliao bacteriolgica e em gar a 30C, por 7 dias, para avaliao fngica, respectivamente. Aps o perodo de incubao, as placas que apresentaram crescimento positivo de colnias foram submetidas anlise microbiolgica. A identificao dos microrganismos foi realizada atravs das caractersticas macro e microscpicas, fisiolgicas e bioqumicas, de acordo com a necessidade do agente encontrado, segundo descrito por Oplustil et al. (2010). As bactrias foram observadas, sob microscopia ptica, no aumento de 100x (ou objetiva de imerso) e as leveduras e outros fungos no aumento de 10 e 40x (OPLUSTIL et al., 2000).

3. RESULTADOS E DISCUSSO

Observou-se crescimento microbiano nas 22 amostras avaliadas nesse estudo, conforme apresentado na tabela 1. O Staphylococcus coagulase negativa (SCoN) foi isolado em 54,5% das amostras, o Staphylococcus aureus em 45,5%, Escherichia coli em 45,5%, Acinetobacter spp, 9,1%, Bacillus spp, 18,2% e Aspergillus spp em 27,3%.

Tabela 1 - Microrganismos encontrados nos stios de coleta.

StiosMicro-organismos

Equipos 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8 e 10SCoN, S. aureus, E. coli

Equipos 6, 9SCoN, E. coli

Maanetas interna e externaSCoN, Acinetobacter spp

Frascos 1, 2, 5, 6, 7 e 10Aspergillus spp

Frascos 3, 4, 8 e 9Aspergillus spp e Bacillus spp

Os estafilococos, de maneira geral, so encontrados na microbiota dos seres humanos, representando um importante agente patognico em pacientes hospitalizados e com imunidade reduzida (NISENGARD e NEWMAN, 1997). Em 54,5% das amostras dessa pesquisa, foram isolados estafilococos.

Nossos resultados vo ao encontro a outros estudos realizados em ambiente odontolgico. Martins et al. (2013) avaliaram a presena de Staphylococcus aureus em diferentes superfcies em uma Clnica Escola de Odontologia. Os resultados obtidos demonstraram 34% de positividade geral para S. aureus e revelaram que, durante o atendimento odontolgico, as superfcies tornavam-se contaminadas. Os autores ainda ressaltam que o processo de contaminao de superfcies pode ser atribudo tambm produo de biofilme, uma habilidade importante dos isolados de S. aureus. A formao do biofilme um processo complexo, que confere ao microrganismo a capacidade de aderncia s superfcies e sua autoagregao, dessa forma, facilitando sua colonizao e permanncia.Almeida et al. (2010) encontraram Staphylococcus coagulase negativa em 47,2% das amostras coletadas de ambiente odontolgico, Bacillus spp em 12,7% e Aspergillus spp em 3,6% (02) das amostras.

O Bacillus sp uma bactria usualmente encontrada no ambiente, que pode indicar a presena de contaminao devido a falhas no processo de descontaminao. O Aspergillus um fungo filamentoso presente em ambientes midos, geralmente, resistente destruio, sendo responsvel por infeces respiratrias (ALMEIDA et al., 2010).

E. coli uma enterobactria responsvel por diversos tipos de infeco, j o Acinetobacter spp. uma bactria no fermentadora contaminante ambiental e potencialmente patognica (MURRAY et al., 2006).

A presena de E. coli no ambiente odontolgico indica contaminao fecal, denotando falhas quanto lavagem de mos de membros da equipe odontolgica. Segundo Montenegro et al. (2004), prevenir a ocorrncia de infeco cruzada no consultrio odontolgico condio obrigatria durante o atendimento de pacientes.

Xavier, Bertolin e Naval (2006) relataram a ocorrncia de contaminao microbiana associada ao risco de infeco cruzada da gua dos equipos, utilizando como modelo o municpio de Araguana TO. Foram isolados bacilos Gram-positivos (36,59%), cocos Gram-positivos (39,02%) e leveduras (4,88%) em amostras de gua coletadas das seringas trplices, denotando a necessidade de maiores cuidados com os procedimentos de descontaminao de equipamentos no intervalo entre pacientes.

Com base nos resultados da presente pesquisa, pode-se concluir que so necessrios treinamentos constantes sobre normas de biossegurana e controle de infeco cruzada para os profissionais que atuam na rea odontolgica, incluindo a importncia da lavagem de mos, com o intuito de padronizar os procedimentos de biossegurana adotados.

Nesta pesquisa, no foi observado crescimento microbiano nas placas utilizadas como controle negativo dos meios de cultura.

Diante dos resultados obtidos, podemos concluir que, quanto segurana ocupacional, foi observado que existe uma falta de conscientizao do pessoal diretamente envolvido na desinfeco do ambiente, o que nos faz enfatizar a importncia de cursos de atualizao peridica na rea de biossegurana para a equipe de odontologia.

REFERNCIAS

ALMEIDA, J. C. F. et al. Contamination of composite resin at dentistry offices. Rev Odontol Bras Central, v. 19, n. 50, p. 211-215, 2010.

BRAGANA, D. et al. Condutas do cirurgio-dentista frente a acidentes biolgicos. Odonto, Brasil, 18, feb. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 02 ago. 2013.

GARCIA, L. P.; BLANK, V. G. Condutas ps-exposio ocupacional a material biolgico na odontologia. Rev Sade Pblica, v. 42, n. 2, p. 279-86, 2008.

MARTINS, J. R. et al. Presena de Staphylococcus aureus em diferentes superfcies do ambiente clnico odontolgico. Revista Fasem Cincias, v. 3, n. 1, 2013.

MIRANZI S. S. C. Avaliao da infeco cruzada na clnica odontolgica. JBC, v. 10, n. 52, p. 36-50, 2006.

MONTENEGRO G. et al. Contaminao externa dos tubos de resina composta. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent., v. 58, n.4, p. 279-282, 2004.

MURRAY, P. R. et al. Microbiologia Mdica. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.NISENGARD, R. J.; NEWMAN, M. G. Microbiologia oral e imunologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

OPLUSTIL, C. P. et al. Procedimentos bsicos em Microbiologia Clnica. So Paulo: Sarvier, 2000.

WOLFE, D. F. et al. Bacterial Colonization of Respiratory Therapists Pens in the Intensive Care Unit. Respiratory Care, Orlando. v. 54, n. 4, p. 500-503, 2009.

XAVIER, F. V.; BERTOLIN, A. O.; NAVAL, L. P. Avaliao microbiolgica associada ao risco de infeco cruzada atravs das linhas d'gua dos equipos odontolgicos na rede pblica de sade. Rev Cincias Odontolgicas, v. 9, p. 13-19, 2007.