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7ª Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina Powering the Future with the next Generation of Energy RECAP KPMG Global Energy Institute kpmg.com.br Agosto de 2018 – Rio de Janeiro – KPMG Brasil

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7ª Conferência de Energia e Recursos Naturaisda América LatinaPowering the Future with the next Generation of Energy

RECAP

KPMG Global Energy Institute

kpmg.com.br

Agosto de 2018 – Rio de Janeiro – KPMG Brasil

Mais uma vez, a KPMG no Brasil teve a honra de organizar, no Rio de Janeiro, a 7ª Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina, recebendo empresas e agentes econômicos brasileiros e

latino-americanos do segmento. O evento contou com a participação de mais de 400 profissionais, em sua maioria C-level, tomadores de decisão das principais empresas de energia do Brasil e da América Latina.

Nossa Conferência se firma, a cada edição, como palco estratégico de reflexões e debates, reunindo palestrantes e público de alto nível. Pudemos conhecer as preocupações e expectativas de grandes líderes. As palestras, o intercâmbio de ideias e o networking foram um sucesso. Auxiliamos executivos com informações relevantes sobre os avanços tecnológicos que vêm impactando o setor de energia e recursos naturais e que, sem dúvida, modificarão os negócios. As discussões assumem ainda maior importância neste momento de retomada do crescimento econômico e de fortes transformações no Brasil e no mundo.

Os setores de Oil & Gas, Power & Utilities e Mining precisam assimilar as várias mudanças em curso. A tecnologia pauta os debates. A era da transformação digital é irreversível. O tema é tão relevante que pode ser classificado como uma nova revolução industrial. Diante desse panorama, a KPMG promoveu a discussão dos principais desafios que rondam a cadeia produtiva de todo o setor. E dentre esses desafios, em pleno século XXI, ainda estão a inclusão, a diversidade e o assédio sexual nas empresas, temas abordados em um café da manhã especial com executivas e executivos, promovido pelo KNOW (KPMG Network of Women) no Brasil.

Esperamos que as apresentações e painéis desta 7ª Conferência possam ajudá-lo com insights de negócios, funcionando como ferramenta importante para o desenvolvimento de suas organizações, tornando-as mais preparadas para este cenário de intensas mudanças e crescente complexidade.

Aproveite a leitura!

Manuel Fernandes Sócio-líder de Energia e Recursos Naturaisda KPMG no Brasil e na América Latina

Para onde caminha a nossa indústria?

Editorial

3 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

Índice

4 Café da manhã do KNOW Relevância da inclusão e da diversidade

5 Abertura Agenda de transformação do setor

6 Panorama global

Você está pronto para o futuro?

7 Panorama local Energias renováveis e a transformação do setor 8 Política Uma análise geopolítica da América Latina

9 Painel I: CEOs - Desafios e perspectivas das empresas Uma visão otimista sobre o futuro

10 Painel II: Jornada da Transformação Digital Grandes mudanças marcam nova era no setor

12 Power & Utilities » Tecnologias disruptivas e customer experience » Os riscos cibernéticos de um sistema de energia elétrica digital

14 Oil & Gas

» Desafios tecnológicos e as novas fontes de energia

» O investidor, o produtor e as oportunidades no mercado

» Como a tecnologia está impactando novos modelos de negócios?

18 Inovação

» Transformação no setor de mineração

» P&D no Brasil: aumento de investimentos em inovação

20 Encerramento

» Apresentação: O diferencial humano diante da revolução digital

» Agradecimento

4

Café da manhã do KNOW

Relevância da inclusão e da diversidade

Copacabana Palace, 7h30 da manhã. O famoso hotel na orla carioca recebeu logo cedo 48

executivas e executivos de alto escalão do segmento de Energia e Recursos Naturais para um café da manhã. O Women's in Energy Breakfast, como é intitulado o evento promovido pelo KNOW (KPMG Network of Women), contou com um bate-papo informal sobre diversidade e equidade de gênero. Foi o pontapé inicial da 7ª Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina.

Logo na abertura, Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e América do Sul, deu o tom do encontro: “Para nós, da KPMG, a diversidade não é só uma ação, é um pilar estratégico. Acreditamos que inclusão e diversidade são diferenciais de negócio”, disse, para complementar: “já conseguimos alcançar diversas metas que estipulamos, incluindo o equilíbrio de 50% entre colaboradores homens e mulheres trabalhando conosco. Conseguimos também resolver o problema de remuneração. Todos que exercem uma mesma função recebem a mesma remuneração, independentemente de gênero. Mas ainda temos uma missão árdua, que é aumentar o número de mulheres no topo da pirâmide”. Ao finalizar sua apresentação, Charles Krieck afirmou: “mulher falar de mulher é fácil. Eu quero todos os homens da KPMG falando sobre empoderamento feminino”.

Na sequência, Regina Mayor, sócia-líder Global de Energia e Recursos Naturais da KPMG, contou algumas curiosidades de sua inspiradora história de vida. Uma delas é sua ascendência multicultural. “Sou metade coreana, nascida e criada no Havaí. Nossas fotos de família parecem imagens da Organização das Nações Unidas”, narrou, lembrando que sofreu preconceito por conta da miscigenação. Outro fato curioso é que Regina serviu às Forças Armadas dos Estados Unidos. “É uma lição sobre como vencer as batalhas na adversidade. Então, agarrem as oportunidades e desafios, e mostrem seu valor”, finalizou.

As apresentações foram seguidas por um debate mediado por Patrícia Molino, sócia-líder do Comitê de Inclusão e Diversidade da KPMG no Brasil. Com ela, estiveram no palco Clarissa Lins, sócia fundadora da Catavento Consultoria, e André Clark, CEO da Siemens no Brasil.

“Sem engajamento da alta liderança não se chega a lugar nenhum. A diversidade conecta com a inovação”, disse Patrícia Molino, que estimulou as mulheres da plateia a convidarem

Angela Gildea, sócia-líder Américas de Energia e Recursos Naturais da KPMG, elogiou a qualidade do evento. “Fico muito feliz de ver toda esta movimentação na América Latina, sobre o futuro da mulher. A chave para o sucesso da energia sustentável está em nossa habilidade para desenvolver diferentes talentos.”

suas empresas a assinar os Princípios de Empoderamento da Mulher, criados pela ONU Mulheres, e o Pacto Global*. O Pacto é um conjunto de considerações que ajuda as empresas a incorporar em seus negócios valores e práticas que visem à equidade de gênero e ao empoderamento feminino. “Se vocês tiverem dificuldade de engajar a liderança de sua empresa, se o seu CEO tiver dúvida sobre assinar ou não, o Charles Krieck é voluntário a bater um papo e explicar por que isso é importante”, disse a executiva.

Ao abordar o tema assédio no trabalho, a consultora Clarissa Lins enfatizou a necessidade de se estabelecer uma política de tolerância zero. “O tom da liderança estabelece o rumo, então é fundamental que não seja tolerado qualquer tipo de assédio”, ressaltou.

André Clark, por sua vez, pontuou o quão importante é as lideranças estarem atentas à questão de gênero, uma vez que a violência contra a mulher, a desigualdade e o preconceito são questões emergenciais, principalmente em áreas remotas onde se desenvolvem muitos projetos envolvendo energia e recursos naturais.

* O Pacto Global foi lançado pela ONU em 2000, como um compromisso de incorporar valores humanistas universais à prática empresarial.

5 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

Abertura

Agenda de transformação do setor

O imponente Salão Cristal do Hotel Copacabana Palace foi o palco de abertura da 7ª

Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina, realizada pela KPMG, rede global de firmas independentes que prestam serviços profissionais de Audit, Tax e Advisory. O sócio-líder de Energia e Recursos Naturais da KPMG no Brasil e na America Latina, Manuel Fernandes, fez as honras da casa, inaugurando oficialmente o evento na presença de um grande público, formado pelos principais players dos setores de Oil & Gas, Power & Utilities e Mining do Brasil e do exterior.

Para o executivo, um dos grandes legados desse evento, que em suas últimas seis edições reuniu mais de 1.700 participantes, é o debate e a definição de novas estratégias e diretrizes para a condução dos negócios em um cenário de instabilidade. Ele também destacou alguns temas de grande importância analisados nos encontros, como ética, combate à corrupção, compliance, governança coorporativa e diversidade de gênero.

Ele destacou ainda o que definiu como “os 4Ds do sucesso rumo a uma transformação sustentável no longo prazo”: Digitalização, Descentralização, Descarbonização e Democratização.

Ao comentar as transformações do setor, desde 2016, no Brasil, o sócio da KPMG citou os dois leilões realizados pelo Governo Federal no modelo de concessão e as três rodadas de leilões no modelo de partilha, que geraram uma arrecadação total de R$ 23 bilhões em bônus de assinatura e

em Programa Exploratório Mínimo (PEM). Lembrou também que o Brasil produz hoje 3,3 milhões de barris/dia de petróleo e que, embora muitos campos estejam com a produção em queda, o pré-sal tem feito a diferença, garantindo o aumento do volume de produção. “O pré-sal, hoje, responde por 53% da produção no país. Em 2016, ele representava 41% da produção”, informou.

Fernandes observou que a Petrobras ainda é o operador mais relevante do setor de petróleo e gás no Brasil. “A Petrobras, sozinha, detinha, em 2016, 80% da produção. Hoje, detém 75% da produção, seguida por Shell, com 12%, e Petrogal, de Portugal, com 3%”, informou. Segundo ele, a entrada em operação de oito novas plataformas até o fim de 2019 vai possibilitar um aumento de produção diária de cerca de 1,2 milhão de barris de óleo. “Com isso, o Brasil terá a capacidade, a partir de 2020, de entrar no seleto grupo de países produtores de mais de quatro milhões de barris/dia”, enfatizou Fernandes.

Já na área de energia elétrica, o sócio da KPMG espera grandes mudanças para os próximos anos. “A Eletrobras anunciou a disposição de vender projetos de geração eólica, o que atraiu o interesse da Shell. E a empresa, por sua vez, já anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhão em energia eólica nos próximos anos, no Brasil”, revelou. Ele também citou o caso da NeoEnergia, que prevê a instalação de um complexo eólico na Paraíba, capaz de gerar 565 megawatts de energia e com perspectiva de fornecimento para todo aquele estado até 2023.

No campo da mineração, o executivo abordou os desafios oriundos da criação da Agência Nacional de Mineração, que deverá impor ao mercado novas regras de operação, fiscalização e normatização de funcionamento.

Sucesso rumo a uma transformação sustentável

no longo prazo: Digitalização, Descentralização, Descarbonização e

Democratização

Manuel Fernandes, sócio-líder de Energia e Recursos Naturais da KPMG

no Brasil e na América Latina

6

Asócia-líder Global de Energia e Recursos Naturais da KPMG, Regina Mayor,

exibiu um panorama com as macrotendências que podem ter impacto no futuro sobre a indústria. Ela abriu sua apresentação exibindo um vídeo que aborda a evolução tecnológica que mudará o nosso comportamento. O vídeo trouxe a seguinte afirmação: "A questão não é: a mudança está chegando? A questão é: Quando a mudança chegará?" Ao final, deixou para reflexão do público: “Você está pronto para o futuro? Pois o futuro já está aqui.”

Regina apresentou a pesquisa 2018 Global CEO Outlook, feita anualmente pela KPMG com centenas de CEOs em todo mundo, apontando que 90% deles acreditam no crescimento de suas indústrias. Entre os CEOs da América Latina, 96% estão otimistas com esse crescimento. A pesquisa revelou ainda que 88% de CEOs de Óleo e Gás, e 89% de CEOs de energia e utilidades estão confiantes quanto ao crescimento.

Panorama global

Você está pronto para o futuro?“No geral, é um prognóstico considerável para crescimento, talvez com um pouco de medo de ventanias econômicas, mas, em todo o mundo, há otimismo”, disse a executiva da KPMG. Regina Mayor também apresentou o índice de difusão PMI (Project Management Institute)*, que aponta crescimento econômico. Em 2016, 72% dos países que reportaram seus dados ao Instituto revelaram crescimento. Em 2017, esse número saltou para 84% e, em 2018, são 88%. E o Brasil está incluído neste percentual.

“Em todas as partes do mundo há movimentos positivos acontecendo, que estão trazendo crescimento econômico, mas também existem muitas incertezas”, ponderou.

A sócia da KPMG apresentou ainda três grandes macrotendências que deverão alterar a maneira como os negócios são conduzidos: a mudança demográfica; as transformações ligadas à Tecnologia da Informação – que estão proporcionando novas formas de tomada de decisão –; e a busca por maior eficiência, por exemplo: células de combustíveis, baterias, técnicas de aprimoramento da rede de transmissão e distribuição, perfuração direcional e fratura hidráulica.

Sobre a mudança demográfica, Regina destacou a geração dos millenials, o envelhecimento populacional e a urbanização. “Os millenials não estão tirando carteiras de motorista, a população envelhecida está se mudando para centros urbanos e vendo diminuir seu espaço, o que traz mudanças relevantes para a mobilidade urbana, por exemplo, veículos autônomos”. Com isso, Regina aponta que a demanda por gasolina pode diminuir, considerando o aumento da frota de veículos elétricos ou a hidrogênio. Neste cenario, a demanda por combustivel fóssil para abastecer os veículos do futuro será reduzida devido à demanda por energia elétrica ou hidrogênio.

A sócia da KPMG encerrou a palestra dizendo que “nenhum de nós sabe como será o futuro, mas sabemos que queremos que os indivíduos vivam em um ambiente com menos carbono, onde todos tenham acesso à eletricidade, resolvendo o desafio da deficiência energética e criando energia de maneira sustentável, econômica, financeiramente viável e confiável para todos”.

A questão não é:A mudança está chegando?

A questão é: Quando a mudança chegará?

Assista ao vídeo no Youtube

*O Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project Management Institute - PMI) é uma das maiores associações internacionais para profissionais de gerenciamento de projetos. Auxilia mais de 700.000 membros, profissionais certificados e voluntários, em praticamente todos os países do mundo, a aumentar o sucesso de suas empresas e evoluir em suas carreiras.

Confira a pesquisana íntegra

7 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

Panorama local

Energias renováveis e a transformação do setor

Dando sequência a esse panorama do setor, Amilcar Guerreiro, diretor de Estudos

de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), representando o Ministério de Minas e Energia, apresentou uma visão local sobre a questão da energia no Brasil.

“Tudo isso que vimos no vídeo apresentado pela Regina leva a uma eletrificação da sociedade. No futuro, você vai consumir mais energia elétrica – em qualquer das sociedades essa fonte tem crescido muito mais do que outras. Mas é preciso levar em conta uma questão: a energia elétrica não é uma fonte primária de energia. Então, a gente precisa tratar das fontes primárias para poder então produzir a energia que ligará todos esses recursos”, pontuou Guerreiro.

O diretor da EPE apresentou algumas diretrizes do Plano Decenal da Expansão de Energia, como a minimização das emissões de CO2, o aproveitamento do potencial de recursos existentes e a manutenção da participação de renováveis na matriz elétrica, decorrente de uma demanda crescente.

“O plano prevê que chegaremos a 2027 com um grande crescimento de renováveis. Em uma visão geral dessa expansão, teremos nesta data futura mais de 80% da matriz energética composta por renováveis”, afirmou Guerreiro.

Para o representante do Ministério, além da variação no preço da energia haverá grandes efeitos decorrentes do aumento da participação de renováveis na matriz, como a expansão de termoelétricas e a necessidade de uma potência complementar. “Renováveis são excelentes fontes de energia, mas não são fontes de potência”, disse o palestrante, que exibiu gráficos sobre o funcionamento da energia eólica e solar no Nordeste, os efeitos da expansão

Momento de transiçãoMike Hayers, sócio-líder Global de Energias Renováveis da KPMG, compartilhou seu ponto de vista sobre o tema apresentado por Amilcar Guerreiro. Segundo ele, “a América do Norte está começando a fazer uma grande diferença na transição entre novas energias e recursos de baixo carbono. É preciso rapidamente aumentar a inovação e investir em novas tecnologias para aprovar o uso da energia solar; além de continuarmos desenvolvendo grandes turbinas eólicas, pois o vento dos oceanos, por exemplo, nos permite reduzir custos significativamente”.

desse tipo de fonte e os desafios na implantação.

Ao finalizar, Guerreiro afirmou que “estamos diante da revolução do setor de energia elétrica e, pelo lado da demanda, haverá uma mudança importante no papel do consumidor, pois, com a evolução das baterias domésticas, ele vai poder produzir e gerir sua energia, conforme a sua necessidade”.

É preciso levar em conta que a energia elétrica não é uma fonte primária de energia... A gente precisa tratar das fontes primárias

8

Uma análise geopolítica da América Latina

Christopher Garman, diretor superintendente para as Américas do Eurasia Group,

apresentou um panorama dos aspectos geopolíticos que afetam os países, especialmente os da América Latina. De acordo com Garman, que é cientista político e pesquisador, o cenário atual em todo o mundo mostra que estamos diante de uma dualidade: se por um lado há um ambiente econômico favorável nos EUA e na Europa, por outro lado tem aumentado a percepção de risco político. E muitos desses riscos foram, segundo ele, exacerbados pelas eleições de 2016. “Tivemos eleições nos EUA, na Europa, e qual foi o grande equívoco analítico? Foi subestimar o tamanho da raiva da classe média baixa dos países desenvolvidos, fruto da desigualdade de renda e de uma onda migratória histórica”, disse ele, que complementou: “Essa raiva gerou Trump, Brexit, Macron e o enfraquecimento de Angela Merkel”.

Garman acredita que há uma onda de desencanto em todo o mundo, que afeta também os países da América Latina. Em nossa região, ao analisar esse fenômeno e os reflexos no quadro eleitoral, ele explica que “fica realçado que os índices de aprovação dos governos da América Latina são estruturalmente baixos”. Ele ressaltou que mesmo em países

Política

como México, Colômbia e Peru, que estão crescendo a taxas de 1% a 3% do PIB, a aprovação da população aos governos é baixa.

Dados de pesquisas mostradas por Garman à plateia durante a palestra mostram que os eleitores brasileiros e dos demais países não confiam nos políticos e nos partidos tradicionais. Além disso, acreditam que seus países precisam de líderes fortes para tomar o poder dos ricos e poderosos. “A confiança na imprensa e nos partidos políticos está em patamares historicamente baixos”, revelou.

O executivo também disse que no Brasil, depois da Lava Jato, a corrupção é o segundo desafio a ser enfrentado pelo governo, na cabeça do eleitor. “Estamos vendo isso também em outros países, entre eles México, Colômbia e

Chile”, destacou, acrescentando: “Pela primeira vez no Brasil a corrupção virou um tema prioritário para o eleitor. No passado era sempre violência, desemprego e qualidade dos serviços públicos.”

E qual a explicação para esse fenômeno no Brasil e demais países, especialmente os latino-americanos? De acordo com Garman, se nos EUA e na Europa a história desse desencanto provém da classe média baixa, na América Latina é diferente; é consequência do surgimento de uma nova classe média, que teve uma brutal ascensão, com aumento da classe C de 30% para 50% da população.

“Quando a classe média vira uma coalizão eleitoral majoritária, as demandas mudam para melhor educação, saúde, segurança e serviços públicos. As famílias que saem da pobreza se importam mais com a educação dos filhos, por exemplo. O que estamos vendo hoje na América Latina é que, pela primeira vez, os eleitores estão associando a má entrega dos serviços públicos à corrupção”, afirmou o cientista político.

A confiança na imprensae nos partidos políticos

está em patamares historicamente baixos

9 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

Uma visão otimista sobre o futuro

Opainel “Desafios e perspectivas das empresas” contou com a participação do cientista

político Christopher Garman, diretor superintendente para as Américas do Grupo Eurásia, como moderador; André Clark, presidente e CEO da Siemens no Brasil; José Firmo, presidente do IBP; e Ruben Fernandes, CEO da Anglo American. Eles analisaram os riscos políticos para as empresas e as perspectivas diante do novo governo brasileiro.

Ao abrir o debate, o CEO da Siemens no Brasil afirmou que, para o setor de recursos naturais e energia, a visão de longo prazo é bastante promissora. “Apesar das incertezas, o que me deixa otimista é que o Brasil, nos últimos cinco anos, construiu um conjunto de políticas públicas que conduzem à governança. A infraestrutura do setor energético foi construída, em grande parte, por pessoas que estão nesta sala hoje. Então, é nossa responsabilidade estarmos atentos para não perder espaço diante de tudo o que foi constituído.”

José Firmo compartilhou do otimismo de Clark ao lembrar que o avanço regulatório, principalmente no ambiente de óleo e gás, foi extraordinário. “O que fizemos em dois anos e meio é mais do que fizemos provavelmente em uma década”, disse o presidente do IBP, afirmando ainda que isso

países, entre eles Botsuana, África do Sul, Rússia, México, Chile e Peru. E deu a receita para desenvolver o setor e melhorar a competitividade: "Há um problema estrutural. Por um lado, a mineração precisa resgatar a credibilidade. É preciso também investir em inovação. A gente parou no tempo se comparado a outras indústrias. Temos primeiro que fazer o dever de casa", afirmou.

Para o executivo, o governo também precisa fazer a sua parte. "Além da questão da Agência Nacional de Mineração, que precisa ser estruturada, e do marco regulatório em algumas frentes, o governo tem que fomentar o setor. O governo investiu, fomentou o agribusiness e hoje o negócio é importante para o país, com alto nível de tecnologia e produtividade. A mineração também pode chegar lá", reiterou.

Para isso, segundo o executivo, é necessário adotar políticas públicas adequadas. "Precisamos de infraestrutura, de construção de ferrovias e rodovias. Tem também a questão da carga tributária, que é pesada; enfim, todo um conjunto de medidas que facilite o investimento em mineração, gerando riqueza não só para o acionista, mas para toda a sociedade."

Para o CEO da Anglo American, "o setor precisa se unir e mostrar à sociedade o valor da mineração, que gera valor e emprego. São mais de 200 mil empregos diretos e mais de dois milhões indiretos. Temos 9.500 minas, sendo 94% delas de médio e pequeno portes", concluiu.

Da esquerda para a direita: Ruben Fernandes, CEO da Anglo American, José Firmo, presidente do IBP, André Clark, presidente e CEO da Siemens no Brasil e Christopher Garman, diretor superintendente para as Américas do Grupo Eurásia

trouxe como consequência maior atratividade aos negócios brasileiros.

Clark enfatizou a necessidade de construir novas parcerias público-privadas. “Quando olhamos para a energia elétrica, petróleo e gás no Brasil, vemos uma agência reguladora forte e bem estruturada. Por outro lado, temos think tanks de todos os tipos, o que é natural, visto que, nos últimos três anos, passamos por períodos bastante conturbados, do ponto de vista político. Os investimentos bateram recorde em alguns períodos. O caso do marco de transmissão energética, por exemplo, teve presença zero de financiamento estatal. Nos próximos dez anos não podemos pensar em grandes financiamentos públicos, porque não há espaço fiscal para isso; não existe solução fiscal aparente no curto prazo. Uma das saídas para o Brasil é a parceria público-privada.”

Na área de mineração, Ruben Fernandes enfatizou que ainda há muita coisa a ser feita em termos de regulação, dando como exemplo a questão da faixa de fronteira. São 150 quilômetros ao longo da fronteira do país, onde há mais de mil ocorrências minerais. "Isso pode trazer desenvolvimento para essa região carente", lembrou. Fernandes também mencionou que, na escala global de competitividade em mineração, o Brasil está atrás de inúmeros

Painel I: CEOs - Desafios e perspectivas das empresas

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Grandes mudanças marcam nova era no setor

Um dos painéis mais esperados do evento: “Jornada da Transformação Digital -

agilidade, a única variável controlável”, contou com a participação de Oliver Cunningham, sócio-líder de Innovation & Transformation da KPMG no Brasil, como moderador, conduzindo o debate entre Augusto Borella Hougaz, gestor do Projeto de Transformação Digital da Petrobras; Carlos Alexandre Prado, gerente executivo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); e Ricardo Kahn, gerente de Inovação da ISA CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista).

Na abertura do painel, Cunningham lançou duas questões: o que é uma organização digital? E por que estão todos correndo para se transformar em uma? Segundo ele, o que se nota até agora é que existem características comuns entre as organizações que vêm obtendo sucesso no espaço digital.

Painel II: Jornada da Transformação Digital

Uma delas é a relação muito mais elástica entre ativos físicos e receita. A segunda característica é que essas organizações são “ricas em dados”. Isto é, estão aptas a reagir ao data analytics e têm agilidade organizacional para fazer as mudanças necessárias. O terceiro ponto em comum é a customer centricity, ou seja, como a organização está mudando – e se está mudando – a relação com o cliente.

Ao apresentar seu ponto de vista, Ricardo Kahn afirmou que a transformação digital no segmento de energia elétrica está impactando vários processos e mudando a própria percepção sobre a cadeia de valor do setor. “Quando começamos a aprender sobre o mercado de energia, há alguns anos, escutávamos que a cadeia de valor era composta por geração, transmissão, distribuição, comercialização e algumas outras funções em torno disso. Hoje, não faz mais sentido

Perguntas Interativas No intervalo das palestras, os participantes responderam a perguntas interativas sobre assuntos relevantes para o setor, escolhendo a melhor resposta entre as opções colocadas, por meio de um dispositivo acoplado às cadeiras.

“Achei interessante o formato de debate, com as pesquisas mostrando a opinião da plateia sobre de que maneira, ou com qual velocidade, a modernização e a digitalização vão chegar. Meu pensamento não difere muito do da maioria dos votantes, que acredita que o Brasil está avançando, mas não na velocidade que poderia; e esse é o desafio que está colocado para todos nós daqui para a frente”, afirmou Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil.

11 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

Da esquerda para a direita: Oliver Cunningham, sócio-líder de Innovation & Transformation da KPMG no Brasil, Ricardo Kahn, gerente de Inovação da ISA CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) e Carlos Alexandre Prado, gerente executivo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)

compartimentar tudo dessa forma porque vemos geração dentro da distribuição, a transmissão muito mais focada em garantia de flexibilidade ao sistema; ao invés de somente entregar a energia de uma usina centralizada até a distribuidora, vemos novas tecnologias desafiando as instalações, como energy storage (armazenamento de energia) e resposta à demanda”, pontuou o gerente da ISA CTEEP.

O representante do ONS concorda que a visão compartimentada da cadeia mudou. E é preciso ter capacidade de resposta a uma velocidade maior. "Somos tradicionais, assim como outros setores de infraestrutura, e agora, em um ambiente digital, a realidade é outra. A transmissão de energia, por exemplo, já não pode mais ser pensada somente a partir das linhas e subestações. Cada vez mais devem-se considerar os efeitos da inteligência artificial, da internet das coisas (IoT), de algoritmos, de resposta da demanda individualizada, de armazenamento de energia e outras tecnologias inovadoras. Este é um dos desafios que temos à nossa frente quando falamos em digitalização: entender rapidamente o que está chegando e o incorporarmos à nossa capacidade de negócio, para prestarmos melhores serviços", afirmou Carlos Alexandre Prado.

Augusto Borella, da Petrobras, aponta que um dos maiores desafios é mostrar – e convencer – que todo esse processo envolve a jornada humana, pois a cada ciclo tecnológico, o ser humano transfere atividade mecânica para a máquina e absorve uma nova atividade, atuando de forma mais criativa, resolvendo paradoxos. “O desafio nas corporações é substituir o medo da transformação na forma de atuar pela conquista de novas habilidades que precisam ser aprendidas. A chave desse processo é como inspirar as pessoas a adotar um modelo mental que permita gerar um valor exponencial a partir das tecnologias digitais”, disse.

LEAP: Ecossistema de startups soluciona problemas complexos

O público pôde conversar, em um estande dedicado à iniciativa, com Gustavo Araujo, executivo da Leap e sócio fundador da Distrito, empresa que, em aliança com a KPMG, criou um ecossistema de startups que soluciona problemas reais e complexos de grandes companhias. Araujo explicou as funcionalidades do programa Leap, que mapeia quase 12 mil startups brasileiras, contemplando mais de 1.000 apenas para o setor de Energia e Recursos Naturais. A Leap aproveitou este evento para lançar no mercado a mandala direcionada ao setor.

Desde maio, quando foi criada, até o final de agosto, a Leap desenvolveu projetos para aproximadamente 20 clientes do universo KPMG, atuando em diferentes segmentos: mercado financeiro, indústria química, infraestrutura, bens de consumo, equipamentos médicos, entre outros.

“Estamos plugados com todos os players envolvidos na produção de inovação e tecnologia no país. Cruzamos as tecnologias emergentes que as startups usam – inteligência artificial, internet das coisas, blockchain – para encontrar maneiras não tradicionais de solucionar uma infinidade de problemas. São problemas que as empresas, muitas vezes, têm há anos e não conseguem resolver com seus próprios recursos”, explica Araujo.

Confira a última publicação da LEAP

Não é um mundo tão distante da realidade a pessoa vender o seu excedente de energia via mobile, assim como já é

realidade vender a energia que sobrou do carro elétrico

Frank Meylan, sócio-líder de Artificial Intelligence, Cognitive &

Customer Experience da KPMG no Brasil

Luis Albinati, Business Development Manager da Microsoft, Marcia Sandra,

diretora de Mercados da ENEL, Ted Surette, sócio-líder Global de Power

Utilities da KPMG e Frank Meylan, sócio-líder de Artificial Intelligence, Cognitive & Customer Experience da KPMG no Brasil

12

Tecnologias disruptivas e customer experience

Na parte da tarde, os participantes se dividiram em três salas do Copacabana

Palace para acompanhar as breakout sessions sobre Power & Utilities, Oil & Gas e Mining & Innovation. No salão Cristal, os executivos acompanharam dois painéis sobre Power & Utilities, com a participação de players do setor. O primeiro, "A tecnologia e o protagonismo do cliente nas distribuidoras" contou com a moderação de Frank Meylan, sócio-líder de Artificial Intelligence, Cognitive & Customer Experience da KPMG no Brasil, que recebeu Luis Albinati, Business Development Manager da Microsoft, Marcia Sandra, diretora de Mercados da ENEL e Ted Surette, sócio-líder Global de Power Utilities da KPMG.

A primeira discussão foi pautada em como a tecnologia está estimulando um novo modelo de negócio. O ponto de interseção entre os participantes foi a ideia de que esse novo modelo de negócios é focado em um novo modelo de cliente, empoderado, que pode escolher de

Power & Utilities

quem quer comprar a energia que consome e, mais ainda, que tipo de serviço vai comprar. “Não é um mundo tão distante da realidade a pessoa vender o seu excedente de energia via mobile, assim como já é realidade vender a energia que sobrou do carro elétrico para carregar um prédio sustentável”, afirmou o mediador da KPMG.

Ted Surette destacou que a pergunta mais frequente das organizações e

pessoas de negócios de todo o mundo é como agregar valor aos negócios a partir das tecnologias disruptivas. O grande foco é oferecer melhores serviços aos clientes. “Para o distribuidor, essa é a oportunidade de estreitar os laços com o consumidor”, disse. A diretora da ENEL foi além: “Hoje, a gente não fala mais só de cliente, falamos sobre a experiência que temos que levar até ele, que realmente o faça se apropriar da tecnologia que estamos oferecendo, de modo a facilitar o seu contato com a nossa organização”, comentou. Frank Meylan questionou os participantes sobre se eles estão preparados para acompanhar a transformação digital na velocidade que o mercado tem imposto. Ted Surette, por exemplo, afirmou que essa questão não é exclusiva do Brasil e que em vários outros países, o órgão regulador tem o desafio de acompanhar a velocidade da mudança.

13 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

Os riscos cibernéticos de um sistema de energia elétrica digital

Sob o título "Riscos cibernéticos no setor elétrico. Estamos prontos

para a era digital?”, o painel reuniu Rodrigo Milo, sócio-diretor da área de Cyber Security da KPMG no Brasil, como moderador; Geraldo Fonseca, Senior Information Security Specialist do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); Leonardo Ovidio, gerente de Cyber Security e Segurança da Informação do Brookfield Renewable Energy Group e Paulo Roberto Antunes, gerente de Engenharia de Aplicação da Siemens, como convidados.

O encontro começou com o moderador citando algumas empresas que tiveram suas operações paralisadas por conta de ataques cibernéticos. Ele observou que, com a maior integração dos sistemas e o avanço da automação dos processos da indústria aparecem riscos que antes não existiam. Assim, a cyber security deixa de ser uma preocupação apenas da área de TI para se tornar um pilar estratégico das organizações.

Geraldo Fonseca falou sobre a importância que o ONS esta dedicando ao tema, que faz parte dos objetivos estratégicos da organização.“Inovação e transformação digital são pilares que vêm sendo contemplados no ONS e a cyber security vai viabilizar essa transformação”, disse.

Leonardo Ovidio, da Brookfield foi enfático ao afirmar que “risco de segurança cibernético hoje é risco de negócio”. Para ele, se a segurança cibernética não for tratada como tema estratégico, qualquer incidente irá gerar problemas graves. “Programas de conscientização organizacional também são um necessidade, visto que a tecnologia não atua sozinha; ela precisa de alguém por trás, dando-lhe inteligência”, comentou.

Ao falar sobre os principais objetivos que levam hackers a lançar ataques cibernéticos, o gerente da Siemens levantou duas questões: a primeira é que, com o advento das bitcoins, os ataques de cunho financeiro foram facilitados. “A bitcoin habilitou muitos hackers e os motivou a irem, literalmente, para o ataque, já que preservam sua identidade, protegidos pelo blockchain.” Para o executivo, a motivação dos hackers é atingir o máximo de alvos, sejam pessoas físicas ou segmentos de mercado. O segundo ponto são os ataques direcionados, com algum tipo diferente de motivação. Paulo Antunes citou um blecaute acontecido na Ucrânia, em 2017. “Quando alguém ataca uma infraestrutura de energia com o

objetivo de desligá-la e causar um apagão, a motivação é diferente. O hacker queria combinar uma guerra virtual com uma guerra física”, explicou, lembrando que a Ucrânia enfrenta atualmente separatistas pró-Rússia.

“As guerras que acontecerão no nosso planeta daqui para a frente serão, talvez, muito mais virtuais do que físicas, por conta da dependência que temos de tecnologia em nossos processos cotidianos”, declarou.

Geraldo Fonseca, por sua vez, esclareceu que o ONS atua como coordenador da geração e transmissão de energia. E que, uma vez que o ONS não envia comandos SCADA para os centros de controle dos agentes, "um cenário onde um ataque ao ONS seja usado como ponto de partida para comprometimento do resto do Sistema Elétrico é altamente improvável."

Ao fim do encontro, os participantes falaram sobre a complexidade de digitalização dos sistemas SCADA existentes hoje. Por serem muito antigos é preciso então, de acordo com Leonardo Ovidio, da Brookfield, estruturar uma segurança em camadas, implantando tecnologias mais fortes para proteger as mais fracas.

¹Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados, ou abreviadamente SCADA, também chamados de softwares supervisórios ou softwares SCADA, são sistemas que utilizam software para monitorar e supervisionar as variáveis e os dispositivos de sistemas de controle conectados por servidores/drivers de comunicação específicos.

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Desafios tecnológicos e as novas fontes de energia

Planejamento energético, perspectivas para o petróleo, o gás natural, os biocombustíveis

e os carros elétricos foram os temas centrais da palestra de José Mauro Coelho, diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério das Minas e Energia. A apresentação ficou a cargo de Anderson Dutra, sócio-líder de Oil & Gas da KPMG no Brasil.

O diretor da estatal iniciou a palestra apresentando um panorama da realidade do setor de Óleo e Gás, hoje, no Brasil. Citou a transição que vivemos rumo a uma economia de baixo carbono, o que afeta a indústria do petróleo. Também lembrou as incertezas do mercado relacionadas aos preços internacionais do petróleo, que registraram grandes variações nos últimos anos. E falou sobre as novas fontes de energia e também da necessidade da implantação de políticas ambientais devido às mudanças climáticas, enfatizando que, por conta disso, o uso da energia, no Brasil e em todo o mundo, vem sofrendo uma série de modificações.

“As mudanças climáticas são uma realidade e a indústria tem que saber lidar com isso. A grande pergunta é: como nós seremos capazes de atender a uma demanda energética que é cada vez maior – e que vai crescer no mundo, alavancada pelos países da Ásia, principalmente China e Índia, mas também o Brasil –, com as restrições a emissões de gases que geram efeito estufa e também as emissões locais? Este é o grande desafio”, afirmou José Mauro.

Com base nas projeções da EPE, o executivo afirmou que a demanda

Oil & Gas

por petróleo ainda será grande até 2030. “Nessa transição para uma economia de baixo carbono há uma tendência de que a demanda de petróleo diminua ao longo do tempo. A maioria dos especialistas acha que esse pico de demanda se dará em torno de 2030 a 2040”.

José Mauro Coelho apresentou um gráfico mostrando que a produção brasileira de petróleo deve dobrar até 2030, passando dos atuais 2,6 milhões de barris/dia para 5,5 milhões. “Em 2017, exportamos um milhão de barris de petróleo por dia. Podemos chegar a algo em torno de 3,5 milhões de barris. Não só seremos grandes produtores, mas poderemos também estar entre os cinco maiores exportadores de petróleo do mundo. Isso, claro, muda a importância do Brasil dentro da geopolítica energética, em especial a geopolítica do petróleo”, declarou. E enfatizou que “o pré-sal, em 2030, será responsável por algo em torno de 77% da produção de petróleo no Brasil, com um declínio natural da produção dos campos de terra/pós-sal, principalmente na Bacia de Campos”.

Por outro lado, o Brasil não deve crescer na área de refino. “Da produção atual de 2,6 milhões de barris, processamos 1,7 milhões de barris, embora a nossa capacidade de processamento esteja em torno de 2,4 milhões de barris por dia. Estamos vivendo

Como nós seremos capazes de atender

a uma demanda energética que é cada

vez maior, com as restrições a emissões

de gases?

José Mauro Coelho, diretor da Empresa de Pesquisa

Energética (EPE)

um fator de utilização pequeno, abaixo de nosso histórico, que era de cerca de 85% e hoje está na faixa de 73%”, disse o executivo.

15 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

O investidor, o produtor e as oportunidades no mercado

Os investimentos no pré-sal foram o tema central do painel “A visão do investidor:

oportunidades e tendências”, que contou com a participação de Marcelo Magalhães, CEO da PetroRecôncavo; Pedro Medeiros, diretor de Pesquisa em Energia e Petroquímica do Citigroup na América Latina, e Renato Bertani, diretor executivo da Barra Energia. O moderador Paulo Guilherme Coimbra, sócio de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil, deu início ao debate lançando a seguinte questão: “As rodadas de partilha trouxeram maior presença das companhias internacionais e parcerias fortes com a Petrobras. Será que esta é uma tendência que veio para ficar nas novas partilhas?”

O executivo Pedro Medeiros acredita que sim, mas com ressalvas. “De acordo com a visão do Citi, quando se analisam projetos de Óleo e Gás ao redor do mundo, o pré-sal aparece como algo extremamente diferenciado em termos de escala e de competitividade de custos. O apetite por esse tipo de ativo vai continuar, não tenho dúvidas, contanto que haja as condições de governança e todas as exigências de suporte regulatório necessárias", disse Medeiros.

Renato Bertani, da Barra Energia, que registrou o primeiro grande investimento de fundos de private equity no setor, falou sobre o negócio e também sobre o que espera para o futuro.

“Nosso primeiro investimento no Brasil foi comprar uma participação de 10% do bloco BMS8, onde só havia basicamente potencial exploratório. Os investidores aceitaram a iniciativa depois de uma longa discussão. Investimos US$ 175 milhões só para adquirir o direito de furar um poço exploratório. Perfuramos o primeiro poço, que foi subcomercial. Propusemos um segundo poço e tivemos apoio irrestrito dos investidores. Perfuramos o segundo poço, que gerou uma grande descoberta, chamada de Carcará, cuja monetização acabamos de anunciar. Estamos prestes a fechar negócio com a Equinor, antiga Statoil”. Isso demonstra, segundo Bertani, a disposição dos investidores. “Esse tipo de capital (private equity) é incrivelmente abundante, a liquidez é extraordinária e há um enorme interesse em achar novas oportunidades no Brasil. É um tipo de investidor que não tem aversão a riscos geológicos e operacionais.

Por outro lado, tem enorme aversão a risco geopolítico, instabilidade jurídica e fiscal”, disse.

Outro tema abordado pelo moderador Paulo Coimbra foi a situação dos campos onshore brasileiros. Ele então dirigiu uma pergunta a Marcelo Magalhães, presidente da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo (ABPIP) e CEO da PetroRecôncavo, empresa que atua em campos maduros. “O que fazer para avançar no onshore; há espaço?”, indagou o representante da KPMG.

Magalhães lembrou que, entre os anos 1950/80, todo o petróleo produzido no Brasil era proveniente da Bahia e do Rio Grande do Norte. Foi só na década de 1980 que a Petrobras se moveu para a Bacia de Campos. “Agora estamos vivendo outro ciclo, com a mobilização em torno do pré-sal. E aquilo que fica para trás no ciclo entra em decadência. A indústria de petróleo onshore do Brasil é raquítica, quando comparada aos nossos vizinhos Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Venezuela e Argentina. Mas existe hoje um enorme apetite de investidores por essas áreas maduras. Lembrando que a Petrobras produz cerca de 100 mil barris de petróleo/dia nas ►

Marcelo Magalhães, Pedro Medeiros, Renato Bertani e Paulo Guilherme Coimbra

16

► suas bacias onshore dos estados do Nordeste”, disse Magalhães. Ele acrescentou que o projeto Topázio, lançado há três anos pela Petrobras para aproveitar melhor a exploração de campos maduros, ainda não decolou. “Na época, a produção desses campos era de 140 mil barris/dia. Hoje, está em menos de 100 mil barris/dia e, nesses três anos, a Petrobras não conseguiu vender nenhum ativo. Então, há um grande desequilíbrio, apesar de existirem muitos investidores interessados. Precisamos que a Petrobras se mova no sentido de acelerar esse processo. Afinal, a extração onshore tem baixo impacto ambiental, aproveita a infraestrutura existente e gera emprego e renda”, afirmou Magalhães.

O painel também tratou dos investimentos em gás natural, já que o pré-sal gera um grande potencial de crescimento dessa atividade. Pedro Medeiros, do Citigroup, analisou o mercado brasileiro de gás, afirmando acreditar que os próximos dez anos serão melhores devido à necessidade do país em produzir mais, seja por conta da demanda, seja pela existência de diversas jazidas com elevado volume de petróleo, o que torna necessário monetizar o gás para que os projetos sigam adiante.

“Não acho que acontecerá com o Brasil algo diferente do que ocorre em todo o mundo. A diferença é que, até agora, não dá para dizer que o país resolveu completamente as questões que foram restritivas ao desenvolvimento desse mercado ao longo dos últimos dez anos. Tudo ainda caminha a passos lentos. Temos programas estruturantes, temos uma discussão fiscal importante, mas existe a presença, digamos, semimonopolista da Petrobras, o que ainda traz insegurança, do ponto de vista da governança, para investir nesse setor de forma mais ampla”, argumentou.

Mesmo com esses problemas, Medeiros se disse otimista. “Quando olhamos à frente, em um horizonte de cinco anos, a expectativa é de que o aumento de produção no pré-sal venha acompanhado de um movimento semelhante, em números absolutos, para o gás. Teremos bastante gás sendo extraído da costa Sudeste, já com uma participação relevante de capital privado. Isso vem atraindo uma diversidade de investidores, seja para participar da área de infraestrutura, seja para gerar energia, distribuir gás ou mesmo investir em dutos offshore, o que é algo totalmente inédito no Brasil. Acho que o futuro vai ser bem mais

Oil & Gas

Comitê Jovem do IBP apresenta novo formato da Rio Oil & Gas 2018

O investidor, o produtor e as oportunidades no mercado

O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) representa toda a cadeia de players do segmento. Com um estande montado no hall do Salão Cristal, o Comitê Jovem do IBP apresentou aos participantes do evento o novo formato multiplataforma da Rio Oil & Gas 2018, o maior encontro do setor na América Latina, agendado para 24 a 27 de setembro, no Rio de Janeiro. O grupo multidisciplinar, formado por oito jovens, pôde ainda trocar experiências com líderes da indústria.

“Eventos como esse reúnem a nata da indústria de óleo e gás do Brasil e do mundo, e é importante estarmos em contato os principais executivos do setor, que são os tomadores de decisão dessas empresas. Com eles, aprendemos sempre. Mesmo em conversas

informais é possível extrair informações relevantes e ter uma percepção de direcionamento do mercado. Assim, nos atualizamos para crescer na profissão”, comentou Victor Alves, da TechnipFMC, membro do Comitê Jovem e especialista em Gestão do Conhecimento.

O Comitê Jovem é formado por 20 jovens líderes, entre homens e mulheres, de até 35 anos, que atuam em diversos segmentos da cadeia, em áreas técnicas ou de gestão. Todos são colaboradores de empresas associadas ao IBP. O objetivo do Comitê é apoiar a renovação de talentos e a sustentabilidade da indústria, com base nas iniciativas do World Petroleum Council (WPC). As ações do grupo incluem a participação em eventos que estimulam debates e networking com executivos do setor, além de parcerias com instituições.

positivo do que vivemos até agora, mas ainda é preciso fazer bastante coisa”, disse.

Renato Bertani foi além. Acredita que, em todos os cenários, o gás natural terá uma participação mais efetiva na matriz energética brasileira. Mas chamou atenção para dois aspectos: a competitividade e a necessidade de grandes investimentos. “O gás brasileiro, principalmente do pré-sal, seguramente vai ser muito competitivo e isso é importante porque, para juntar as duas pontas – o consumidor e o pré-sal –, iremos precisar de investimentos fabulosos. Eu pergunto: de onde virá esse capital? De todas as fontes que estão trabalhando hoje. E há a oportunidade de atrair capital via private equity. Se as condições regulatórias e fiscais forem suficientemente transparentes e estáveis, esse capital virá porque há competitividade no gás brasileiro”, disse o diretor da Barra Energia.

Bertani também falou sobre o programa governamental “Gás para Crescer”. “Temos enorme expectativa quanto ao aperfeiçoamento do modelo regulatório que virá com esse programa, que deverá assegurar maior clareza sobre o papel de cada player." pontuou.

17 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

Como a tecnologia está impactando novos modelos de negócios?

Todos os setores do mercado estão experimentando o que se chama de “disrupção tecnológica”,

a introdução de novas tecnologias capazes de alterar profundamente o negócio. Ao abrir o painel “Disrupção: tecnologias e novos modelos de negócios”, Javier Rodriguez, sócio do Global Strategy Group da KPMG no Brasil, disse que o setor de Óleo e Gás também vive este momento. “Acho que quem não reconhece essa realidade nunca viu uma atividade de exploração. Fazer uma perfuração a 2.500 metros de profundidade é equivalente a viajar à Lua. Temos internet das coisas, veículos autônomos, sistemas inteligentes, um arranjo amplo de tecnologias que vêm sendo introduzidas no segmento”. Após esta análise, Rodriguez conduziu o debate, que teve a participação de Claudio Makarovsky, head de Óleo e Gás da Siemens; Alejandro Duran, country manager no Brasil da Baker Hughes GE; e Victor Chaves, CEO da RIO Analytics.

Claudio Makarovsky concordou com a argumentação de Rodriguez, lembrando que o setor que mais utiliza dados no mundo é a indústria de petróleo, a começar pela área sísmica. “Quem aqui comprou um HD há um ano, hoje compra o mesmo produto e toma um susto: a capacidade de armazenamento aumentou muito. Ficou mais fácil tratar melhor os dados. Hoje, a Petrobras está fazendo uma licitação para processar dados de sísmica em quatro, cinco semanas e não mais em sete meses. A velocidade aumentou, a capacidade aumentou,

ficou barato tratar esses dados”, disse ele, acrescentando que essa evolução é benéfica inclusive para o meio ambiente. “Grande parte da emissão de carbono hoje no mundo se deve a máquinas ineficientes, que não eram tão monitoradas porque custava caro. Hoje, não temos mais desculpa. A manufatura aditiva da indústria 4.0 permite, por exemplo, a fabricação de palhetas de nossas turbinas com mais eficiência e muito menos emissão de carbono”, comentou.

Alejandro Duran, da Baker Hughes GE, abordou outros aspectos que vão além do uso da tecnologia. Segundo ele, a próxima etapa da exploração do pré-sal vai demandar duas coisas: tecnologia para otimizar e simplificar, e tecnologia para customizar, atendendo especificamente a cada projeto. “Mas a pergunta relevante, hoje, é: esse modelo operacional de desenvolvimento tecnológico, em que o operador dá desafios para que a indústria de serviços desenvolva uma solução, e que se transforma em um jogo comercial para maximizar depois o retorno do investimento, está quebrado. Então, será que nós, da indústria, teremos a coragem de reconfigurar este relacionamento? O desafio é responder à necessidade de simplificar e de customizar ao mesmo tempo, por meio de um tipo de parceria completamente diferente

entre fornecedor e operador, para assegurar que o Brasil continue sendo competitivo. Porque, com a retomada das atividades, com a retomada do preço do petróleo, é preciso migrar para um modo realmente sustentável. Esse é o nosso desafio, mais profundo do que a inovação tecnológica em si".

O setor de Óleo e Gás começa a contar com novos e diferenciados modelos de negócios. Victor Chaves, da RIO Analytics, uma startup voltada para o segmento, falou sobre a atuação das empresas emergentes neste mercado, que é tradicionalmente ocupado por grandes players. “A mudança de mindset vem em não olhar a tecnologia como um fim, mas como um meio de solucionar problemas. Empresas como a minha, de pequeno porte, oferecem agilidade em soluções de tecnologia. Agilidade técnica, de desenvolvimento e também agilidade na implantação. O mercado não admite um engenheiro graduar-se sem conhecer ferramentas de Big Data e Analytics, e contar com uma forte formação em Matemática. A inteligência artificial nos oferece um cinturão de ferramentas”, disse.

Claudio Makarovsky, Alejandro Duran, Victor

Chaves e Javier Rodriguez

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Transformação no setor de mineração

O primeiro painel na Sala Azul trouxe à luz a discussão em torno do uso de novas

tecnologias na mineração na América Latina. O debate sobre inovação e transformação no setor teve como moderadora Thammy Marcato, especialista em Digital Transformation da KPMG no Brasil e, como convidados, José Antônio Furtado, CIO da Nexa Resources, Ruben Fernandes, CEO da Anglo American Brasil e Sonia Zagury diretora de Novos Negócios da Vale.

A moderadora deu início aos debates, trazendo uma visão dos novos movimentos que estão acontecendo no panorama mundial e que afetam o setor. “O mundo começa a olhar para o Oriente, antes visto como produtor de commodities e, agora, como desenvolvedor de tecnologia. Como isso muda o fluxo de demanda por recursos naturais?”, questionou.

Ruben Fernandes, da Anglo American, acredita que, por conta da geografia e da diversidade de produtos no mundo da mineração, é um grande desafio dar um salto tecnológico. Disse, no entanto, que a empresa tem caminhado a passos largos em direção à inovação, revelando que foi criada uma equipe exclusiva para pensar a Indústria 4.0, que definiu como Future Smart Mining. “Temos que reimaginar a mineração e, para isso, precisamos

InovaçãoPainel 1

da inovação e da plataforma digital da Indústria 4.0. Devemos buscar mais efetividade e minerar de uma forma mais responsável, gerando menos resíduos, gastando menos água e menos energia. Acredito que daqui a dez ou 15 anos, o setor será completamente diferente em termos de eficiência e gestão do processo”. disse o CEO.

Falando sobre a aplicação da Indústria 4.0, a diretora da Vale informou que a empresa está investindo fortemente em inovação e tecnologia, tanto em processos como na produção. E contou que algumas das inovações são o caminhão e a locomotiva autônomos, que estão em fase de teste.

“Eles geram mais produtividade e articulam toda a cadeia produtiva. Com eles, é possível dizer qual a melhor forma de operar, a aceleração mais eficiente, calcular melhor a rota”, revelou, alertando que é preciso estar preparado também para quando a inovação não dá certo.

José Furtado, por sua vez, comentou que a Nexa tem envolvido universidades e startups, e fechado acordos com o Poder Público para desenvolver projetos com o propósito de descobrir as tecnologias mais adequadas à mineração. “Em 2016, desenvolvemos vários projetos em conjunto com esses parceiros. Já trabalhamos, por exemplo,

com novas tecnologias na área de segurança”, afirmou.

Questionado sobre os minérios do futuro, o CEO da Anglo American disse que os metais básicos deverão ter um papel importantíssimo neste mundo digital. “Vemos um campo grande para os metais mais específicos, mas os metais básicos, trabalhados de forma mais eficiente e responsável, ainda devem ser o grande foco da mineração.”

Contextualizando que o momento de transformação do setor de mineração está na fase de eficiência, que chamou de Digital Enterprise, a moderadora da KPMG pediu que a representante da Vale compartilhasse a experiência do projeto S11D, um case referência para toda a indústria. A executiva então explicou que o projeto do complexo minerador é truckless, ou seja, não demanda caminhões. Consiste na mineração por escavadeiras, que despejam o material em correias transportadoras com até 30Km de comprimento, em um ambiente totalmente diferente, sem caminhões andando de um lado para o outro. “No meio da floresta você tem uma correia ligando um ponto a outro. Do ponto de vista da sustentabilidade, é muito mais benéfico ao meio ambiente e muito mais eficiente porque, não usando caminhões, há uma economia de 70% em energia. Além disso, o beneficiamento do minério é a seco, então, existe também uma economia de 92% de água”, informou.

José Antônio Furtado, CIO da Nexa Resources, Thammy Marcato, especialista em Digital Transformation da KPMG no Brasil, Ruben Fernandes, CEO da Anglo American Brasil e Sonia Zagury, diretora de Novos Negócios da Vale

19 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

InovaçãoPainel 2

P&D no Brasil: aumento de investimentos em inovação

O segundo painel realizado no Salão Azul tratou de "Investimentos regulamentados

em inovação no setor de energia" e contou com a presença de Diogo Faria, sócio-diretor de Governo, Regulação e Infraestrutura da KPMG no Brasil, como moderador. Participaram do debate: Alfredo Renault, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis); Luiz Fernando Vianna, presidente do Instituto Lactec, e Silvio Dulinsky, membro do Comitê Executivo do World Economic Forum (WEF).

O mediador da KPMG logo deu o tom do debate: investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) com uma visão geral da América Latina. Hoje, o Brasil investe pouco mais de 1% do PIB em P&D; sem considerar o investimento público, que é de 0,5% do PIB. Para se ter uma ideia, os Estados Unidos investem 2,5% do PIB em P&D e o Japão, 3,5%.

Diante desse contexto, o superintendente da ANP falou sobre o histórico de investimento público em pesquisa e desenvolvimento tecnológico na área do petróleo. Renault explicou que desde a criação da ANP, há 20 anos, os contratos de concessão possuem uma cláusula de obrigatoriedade de investimento em P&D no Brasil equivalente a 1% da renda bruta das empresas. Essa obrigação, no entanto, ficou muito concentrada na Petrobras. Porém, este ano, com a participação de outros players relevantes na estrutura de produção de petróleo do país, a estimativa é de que haja uma descentralização das obrigações.

Ao levar a questão para o setor elétrico, Diogo Faria, da KPMG, passou a palavra ao presidente do Instituto Lactec, um dos maiores centros de ciência e tecnologia do país e maior escultor de P&D para a Agência Nacional de Energia Elétrica, com quase 400 projetos entregues. Vianna informou que, no setor de energia elétrica, também há essa obrigatoriedade contratual de investir 0,2% em P&D e 0,5% em eficiência energética. Ao exemplificar projetos recentes, citou o caminhão de poda de linha de transmissão. A poda dentro das distribuidoras de energia representa um dos maiores custos, além de um risco muito grande para quem opera. No projeto, um robô, controlado pelo operador por meio de um joystick, foi embarcado sobre o chassi do caminhão, podando as árvores nas linhas de transmissão.

O WEF atua como um dos protagonistas globais do diálogo entre público e privado em torno de investimentos. Silvio Dulinsky foi então convidado por Faria para falar sobre o documento desenvolvido pelo Fórum, em parceria com a KPMG, sobre investimentos em P&D para o setor de energia.

Segundo o representante do WEF, em 2017, CEOs do setor de energia solicitaram à organização sugestões

de como desenvolver mecanismos, recomendações e estruturas para acelerar os investimentos em inovação na área de energia sustentável. “No ano passado, do mix total de energia consumida no mundo, 81% se referiam a energia de origem fóssil, exatamente a mesma proporção de 30 anos atrás”, disse. “Por que é tão difícil avançar no setor de energia? Em parte, é pelo grande prazo de implementação e pela complexidade sistêmica do setor. Isso conduz a uma situação na qual não há soluções fáceis de uma única tecnologia”. De acordo com Dulinsky, outra dificuldade é a falta de políticas públicas e mecanismos que permitam um investimento no setor de maneira consistente, ao longo do tempo. “Isso não é um problema somente no Brasil ou na América Latina, é um problema global.”

Diogo Faria, sócio-diretor de Governo, Regulação e

Infraestrutura da KPMG no Brasil, Alfredo Renault, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento

Tecnológico da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural

e Biocombustíveis), Luiz Fernando Vianna, presidente do Instituto

Lactec, e Silvio Dulinsky, membro do Comitê Executivo do World

Economic Forum

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Apresentação: O diferencial humano diante da revolução digital

O encerramento da 7ª Conferência de ENR ficou por conta da brilhante palestra de Martha Gabriel, autora de dois best sellers,

finalista do Prêmio Jabuti e considerada uma das principais pensadoras digitais no Brasil, referência em inovação, transformação digital e educação digital.

Martha Gabriel apresentou ao público presente no Salão Cristal diversos painéis com exemplos de como a tecnologia vem transformando o modo de pensar e criando uma mentalidade digital – absolutamente necessária nos heads e no corpo das empresas que querem chegar ao futuro. Mas ela alertou, também, que o aumento do uso da tecnologia traz maior complexidade ao nosso cotidiano, de forma que passamos a precisar de mais e mais recursos. “Quanto maior a complexidade de um ambiente, mais sofisticados devem ser os seus agentes", disse a especialista, garantindo que, para lidar com a robotização, precisamos trabalhar juntos com as máquinas e não contra elas, somando habilidades e inteligências (humanas + computacionais) de modo a obter o melhor de cada um para a tomada de decisões e a solução de problemas.

“Produtos e serviços serão coadjuvantes no futuro. O diferencial será a experiência”, explicou a palestrante, mencionando as principais habilidades do profissional do século XXI: pensamento crítico, criatividade/empirismo e conexão.

Os executivos da KPMG no Brasil: Anderson Dutra, sócio-líder de Oil & Gas, e Francieli Jodas, sócia-líder de Power & Utilities, mestres de cerimônia da

7ª Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina, encerraram o encontro no início da noite, agradecendo a participação ativa dos presentes, o networking intenso durante os intervalos e o almoço. Em seguida, convidaram todos a participarem do próximo evento global da KPMG: a Global Energy Conference 2019, que será realizada em Houston, no Texas (EUA), nos dias 5 e 6 de junho de 2019.

A dupla de mestres de cerimônia, que conduziu a abertura dos principais encontros da Conferência, foi escolhida em função do carisma, da comunicação e por conta do perfil de profundos conhecedores do atual cenário do setor. Ao público presente, composto por altos executivos tomadores de decisões, os dois falaram sobre as transformações que estão acontecendo no segmento.

“Temos clareza de que amanhã ou depois os negócios já não serão os mesmos de hoje, inclusive no setor de Energia e Recursos Naturais. Com a inserção global das fontes de energia renovável e de novas tecnologias disruptivas, podemos assegurar que o amanhã será completamente diferente. Com isso, temos que encontrar formas cada vez mais inovadoras de gestão de nossos negócios”, disse Fran, como é carinhosamente conhecida.

Anderson Dutra, por sua vez, avaliou que a Conferência foi importante pela oportunidade de “discutirmos os desafios que surgem com a inserção da tecnologia e as mudanças regulatórias, além da implementação de gestões mais sustentáveis, com soluções assertivas, levando mais eficiência e maior rentabilidade para as indústrias do setor”.

Encerramento

O carisma e a expertise dos mestres de cerimônia

Franceli Jodas e Anderson Dutra

Inscreva-seaqui

21 Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina 2018

Inovação: Almoço potencializa networking de acordo com tema de interesse

Após uma manhã de muitas palestras e intercâmbio de ideias

sobre as perspectivas e soluções para os desafios que impactam o ambiente de negócios do setor na América Latina e no mundo os executivos presentes ao evento fizeram uma pausa para o almoço. Mas não foi um almoço comum: eles aproveitaram o momento para estreitar laços. Com um formato diferente, que estimulava o networking à mesa, o ambiente permitia que os participantes escolhessem seus lugares em uma das 30

mesas temáticas, identificadas por países ou por assunto: México, Peru, Argentina, Venezuela, China, Japão, Digital Transformation, Cyber Security, Data & Analytics, Cognitive & Artificial Intelligence, Fusões e Aquisições, Sustentabilidade, entre outros.

Vene

zuel

a

Digital TransformationCyber SecurityData & Analytics

Cognitive & Artificial IntelligenceFusões e Aquisições

SustentabilidadeArg

entin

a

México

Peru

China

Jap

ão

Colombia

Assim, foi possível não só aproveitar o networking entre os executivos, mas trazer à discussão os temas que estão na pauta dos profissionais, incluindo transformação digital, Indústria 4.0 e política.

22

Radar KPMG

A Guide to Brazilian Oil & Gas Taxation - 2018 edition

A Brazilian Unconventional Revolution (Oil & Gas Industry)

The Road to Descarbonisation New Drivers of the renewable energy transition – Article series

The Future of HR 2019: Oil & Gas The Future of HR 2019: Power & Utilities

2018 KPMG CEO Outlook: Oil & Gas 2018 KPMG CEO Outlook: Power & Utilities

LinkedIn KPMG Global Energy Institute – KPMG ENR Showcase page Latin America

Fale com o nosso time Manuel FernandesSócio-líder de Energia e Recursos Naturaisda KPMG no Brasil e na América Latina Tel.: +55 (21) [email protected]

Anderson DutraSócio-líder de Oil & Gas da KPMGno BrasilTel.: +55 (21) [email protected]

Franceli JodasSócia-líder de Power & Utilities da KPMGno BrasilTel.: +55 (11) [email protected]

Paulo Guilherme CoimbraSócio-líder de Renewables da KPMGno BrasilTel.: +55 (21)[email protected]

Ricardo MarquesSócio-líder de Metals & Mining da KPMGno BrasilTel.: +55 (31) [email protected]

Diego CalvettiSócio-líder de Energia e Recursos Naturaisda KPMG na ArgentinaTel.: [email protected]

Claudia CañasSócia-líder de Energia e Recursos Naturaisda KPMG na ColômbiaTel.: +57 [email protected]

Patricio GuevaraSócio-líder de Energia e Recursos Naturaisda KPMG no ChileTel.: [email protected]

Ruben CruzSócio-líder de Energia e Recursos Naturaisda KPMG no MéxicoTel.: +52 [email protected]

Juan José CórdovaSócio-líder de Energia e Recursos Naturaisda KPMG no PeruTel.: +51 [email protected]

Eduardo DenisSócio-líder de Energia e Recursos Naturaisda KPMG no UruguaiTel.: [email protected]

Mauro VelazquezSócio-líder de Energia e Recursos Naturaisda KPMG na VenezuelaTel.: +58 (212) [email protected]

Felipe DominguesGerente do Instituto de Energia daKPMG para América LatinaTel.: +55 (21) [email protected]

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