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1 65 Novembro, 2018 LEGISLAÇÃO DIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO Este boletim tem caráter genérico e informativo, não constituindo opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. Para mais informações, entre em contato com nossos advogados ou visite o website www.pinheironeto.com.br. ↑ voltar ao início Novo prazo para a EFD-Reinf A Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais (“EFD-Reinf”) foi criada para que os contribuintes possam apresentar informações relativas a retenções na fonte de tributos federais, cessão de mão de obra, apuração de contribuições sociais devidas por substituição, dentre outras. Com base na IN/RFB nº 1.842/2018, a Receita Federal postergou a data de entrada em vigor da EFD-Reinf para parte das empresas. Para aquelas com faturamento em 2016 abaixo de R$ 78 milhões e fora do Simples Nacional, a entrada em vigor ocorrerá em janeiro/2019. Para as optantes pelo Simples Nacional, será julho/2019. Em paralelo, a legislação relativa à entrada em vigor do eSocial também vem sofrendo modificações. A Resolução do Comitê Diretivo do eSocial nº 5/2018 determina que as empresas do Simples Nacional estarão obrigadas a utilizar o sistema a partir de janeiro/2019. LEGISLAÇÃO (FOTO: LUKAS BLAZEK, UNSPLASH) O boletim eletrônico PrevNotícias é desenvolvido pelos profissionais que integram a área Previdenciária de Pinheiro Neto Advogados. PERIODICIDADE Mensal SÓCIO RESPONSÁVEL Cristiane Ianagui Matsumoto Gago COLABORADORES Diego Filipe Casseb, Lucas Barbosa Oliveira, Guilherme Gregori Torres, Laura Castello Branco, Mariana Carvalho Bayma, Victória Aurora Siqueira Pontes, Jéssica Min Kyong Chung CONTATO [email protected] Novo prazo para a EFD-Reinf Alteração na regra de fiscalização das EFPC Novas regras para contratação de seguros pelas EFPC PREVIC detalha regras sobre investimentos PREVIC disponibiliza nova consulta pública Inaplicabilidade da TR para correção de benefício previdenciário e os efeitos da alteração do índice aplicável

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nº 65Novembro, 2018

LEGISLAÇÃO DIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO

Este boletim tem caráter genérico e informativo, não constituindo opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. Para mais informações, entre em contato com nossos advogados ou visite o website www.pinheironeto.com.br.

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Novo prazo para a EFD-ReinfA Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais (“EFD-Reinf”) foi criada para que os contribuintes possam apresentar informações relativas a retenções na fonte de tributos federais, cessão de mão de obra, apuração de contribuições sociais devidas por substituição, dentre outras.

Com base na IN/RFB nº 1.842/2018, a Receita Federal postergou a data de entrada em vigor da EFD-Reinf para parte das empresas. Para aquelas com faturamento em 2016 abaixo de R$ 78 milhões e fora do Simples Nacional, a entrada em vigor ocorrerá em janeiro/2019. Para as optantes pelo Simples Nacional, será julho/2019.

Em paralelo, a legislação relativa à entrada em vigor do eSocial também vem sofrendo modificações. A Resolução do Comitê Diretivo do eSocial nº 5/2018 determina que as empresas do Simples Nacional estarão obrigadas a utilizar o sistema a partir de janeiro/2019.

LEGISLAÇÃO

(FOTO: LUKAS BLAZEK, UNSPLASH)

O boletim eletrônico PrevNotícias é desenvolvido pelos profissionais que integram a área Previdenciária de Pinheiro Neto Advogados.

PERIODICIDADE

Mensal

SÓCIO RESPONSÁVEL

Cristiane Ianagui Matsumoto Gago

COLABORADORES

Diego Filipe Casseb, Lucas Barbosa Oliveira, Guilherme Gregori Torres, Laura Castello Branco, Mariana Carvalho Bayma, Victória Aurora Siqueira Pontes, Jéssica Min Kyong Chung

CONTATO

[email protected]

▪Novo prazo para a EFD-Reinf ▫Alteração na regra de fiscalização das EFPC ▫Novas regras para contratação de seguros pelas EFPC ▫PREVIC detalha regras sobre investimentos ▫PREVIC disponibiliza nova consulta pública

▫ Inaplicabilidade da TR para correção de benefício previdenciário e os efeitos da alteração do índice aplicável

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Alteração na regra de fiscalização das EFPCDe forma geral, a legislação tributária federal equipara as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (“EFPC”) a “ instituições financeiras” para fins de fiscalização e recolhimento de determinados tributos federais.

Contudo, recentemente a Portaria nº 1.768/2018 da Receita Federal alterou parte desse entendimento. As EFPC eram fiscalizadas pela

Delegacia da Receita Federal do Brasil Especial de Instituições Financeiras (“DEINF”). Mas a partir da entrada em vigor desta recente Portaria, apenas as entidades abertas continuarão sob fiscalização da DEINF. As EFPC passam a ser fiscalizadas pelas Delegacias da Receita Federal comuns.

Esse entendimento está em linha com parte da jurisprudência que vem diferenciando a legislação aplicável às entidades fechadas e abertas em razão de sua natureza jurídica.

Novas regras para contratação de seguros pelas EFPCA Instrução Normativa n° 7/2018 da PREVIC trouxe novidades em relação à contratação, pelas EFPC, de seguro para cobertura de riscos decorrentes das seguintes situações: (i) invalidez de participante; (ii) morte de participante ou assistido; (iii) sobrevivência de assistido; e (iv) hipóteses biométricas.

A nova regulamentação busca garantir maior conhecimento ao participante ou assistido sobre as regras gerais de contratação dos seguros, suas formas de acesso e os valores que serão destinados aos pagamentos dos prêmios. Dentre as disposições, a nova norma define as informações que devem constar do contrato, determina a necessidade de elaboração de estudo de viabilidade econômico-financeira e atuarial que sustente a contratação do seguro e dispõe sobre a forma de pagamento do prêmio.

PREVIC detalha regras sobre investimentosA Resolução CMN nº 4.661/18 trouxe importantes novidades sobre as diretrizes para aplicação de recursos relativos aos planos administrados pelas EFPC.

Para operacionalizar essa nova norma, a PREVIC recentemente editou a Instrução nº 6/2018. A nova regulamentação traz, inicialmente, regras referentes ao cadastro e envio de informações

(FOTO: PEXELS)

▫Novo prazo para a EFD-Reinf ▪Alteração na regra de fiscalização das EFPC ▪Novas regras para contratação de seguros pelas EFPC ▪PREVIC detalha regras sobre investimentos ▫PREVIC disponibiliza nova consulta pública

▫ Inaplicabilidade da TR para correção de benefício previdenciário e os efeitos da alteração do índice aplicável

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e demonstrativos de investimentos à PREVIC. Em seguida, apresenta as regras para envio dos extratos mensais de movimentação.

Destaque especialmente para as regras sobre negociação privada de ações. Há necessidade de estudo técnico que suporte a operação, e o processo decisório deve seguir etapas definidas na nova norma. A documentação relativa à negociação também deverá estar bem estruturada e será mantida na EFPC à disposição da PREVIC.

Há disposições também sobre o que deve conter a Política de Investimentos da entidade. O objetivo é assegurar governança mais eficiente no processo decisório de investimentos.

PREVIC disponibiliza nova consulta públicaFoi disponibilizada pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) a Consulta Pública nº 4, relativa aos procedimentos que deverão ser adotados pelas entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) para seleção e monitoramento de administração de carteiras de valores mobiliários e de fundo de investimento. Por meio da publicação da Instrução, a PREVIC pretende regulamentar o inciso V do artigo 4º e o artigo 11 da Resolução CMN nº 4.661/18.

Entre outras providências, a minuta define requisitos mínimos para seleção e monitoramento

de administração de carteiras de valores e de fundos de investimento além de estabelecer novos critérios para a seleção de Fundo de Investimento em Participações, Fundo de Investimento em Direitos Creditórios e Fundo de Investimento Imobiliários. ▪

(FOTO: THOMAS LEFEBVRE, UNSPLASH)

▫Novo prazo para a EFD-Reinf ▫Alteração na regra de fiscalização das EFPC ▫Novas regras para contratação de seguros pelas EFPC ▫PREVIC detalha regras sobre investimentos ▪PREVIC disponibiliza nova consulta pública

▫ Inaplicabilidade da TR para correção de benefício previdenciário e os efeitos da alteração do índice aplicável

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LEGISLAÇÃO DIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO nº 65Novembro, 2018

Inaplicabilidade da TR para correção de benefício previdenciário e os efeitos da alteração do índice aplicávelA Taxa Referencial (“TR”) vem sendo reconhecida pela jurisprudência como índice inadequado para fins de correção monetária. Recentemente, o STJ entendeu que esse índice também não é aplicável para correção de benefício de previdência oferecido por entidade aberta de previdência, na linha do que há havia sido reconhecido para as entidades fechadas. Contudo, a aplicação desse precedente deveria ser realizada com cautela, de forma a evitar excessivas perdas pelas entidades de previdência.

De acordo com a Segunda Seção do STJ (EAResp 280.389/RS), não existe direito adquirido a índice de correção monetária. Caso o índice não reflita a inflação do respectivo período, pode ser substituído por outro. A decisão foi tomada por unanimidade em embargos de divergência apresentado por beneficiário de plano de previdência privada.

Nesse mesmo sentido, a 3ª Turma do STJ já havia definido, no julgamento do REsp 1.463.803 e com relação a plano de benefícios oferecido por EFPC, que há possibilidade de aplicação de índice diverso de correção monetária (sem que haja direito adquirido a determinado índice), sendo possível a substituição de um indexador por outro, desde que idôneo para medir a desvalorização da moeda.

No referido julgamento da 3º Turma, contudo, não foi permitida a substituição de índice de correção monetária pleiteada pelo assistido do plano de benefícios, sob o entendimento de que o originalmente previsto em contrato já possuía metodologia confiável de apuração de preços de mercado, de forma que não poderia o particular pleitear a alteração a qualquer momento, apenas porque em determinado período um índice variou mais que outro.

Assim, ao passo em que foi reconhecida a inexistência de direito adquirido a índice de correção monetária, foi também reconhecida

DIREITO COMENTADO

(FOTO: RAWPIXEL, UNSPLASH)

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▪ Inaplicabilidade da TR para correção de benefício previdenciário e os efeitos da alteração do índice aplicável

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LEGISLAÇÃO DIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO nº 65Novembro, 2018

a impossibilidade de se alterar o referido índice apenas porque haveria outro mais benéfico em determinado período.

Trata-se de balizador necessário para evitar excessos na aplicação do índice de correção monetária, de forma que a entidade de previdência não seja indevidamente onerada. Esse é um aspecto importante que deve ser observado ao se adotar a decisão pela substituição do indexador: o do equilíbrio do plano e necessidade de haver fonte de custeio.

No julgamento do EAResp 280.389/RS, a Segunda Seção do STJ entendeu que a eventual ausência de fonte de custeio para suportar o pagamento da diferença de correção monetária decorrente da troca de índice de inflação não afasta o direito do assistido, pois a entidade de previdência teria responsabilidade de constituir corretamente provisão para fazer face a suas obrigações.

Todavia, a TR é um índice trazido em lei, a de nº 8.177/1991. À época de sua criação, não era possível prever que a tendência dos Tribunais seria de julgá-la inadequada para corrigir a inflação. Não se podia esperar que a entidade de previdência afastasse esse índice com base em entendimento futuro e inesperado da jurisprudência.

Entendimento semelhante vem sendo defendido pelos Estados no que tange à correção das obrigações devidas pela Fazenda Pública. O STF analisou a constitucionalidade da aplicação da TR no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI) nºs 4.357 e 4.425 e decidiu pela impossibilidade de aplicação do referido índice por não refletir a inflação. Contudo, o STF modulou os efeitos de sua decisão ao definir que produzirá efeitos prospectivos, a partir de 25.3.2015 (data da conclusão do julgamento), para que sejam mantidos válidos os precatórios expedidos ou pagos até esta data.

Ou seja, o STF restringiu os efeitos de sua decisão pela aplicação de outro índice de correção monetária de precatórios para o futuro, evitando assim prejuízo excessivo aos Estados. Entendimento semelhante poderia ser aplicado para as entidades de previdência: apesar de a TR efetivamente

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não recompor a inflação, para se evitar excessivo dispêndio de recursos sem a necessária fonte de custeio, ao menos os efeitos da decisão que obriga a recomposição de valores poderia ter efeito limitado ao futuro.

Em conclusão, a jurisprudência caminha para consolidar o entendimento de que a TR efetivamente não é um índice que traduz a inflação ocorrida no respectivo período de apuração. Contudo, a substituição desse índice por outro deveria ser balizada pela necessidade de se assegurar equilíbrio do plano de benefícios previdenciário, evitando, assim, eventuais perdas excessivas a serem sofridas pelas entidades de previdência. ▪

Cristiane Ianagui Matsumoto GagoDiego Filipe Casseb Victoria Aurora Siqueira PontesSócia e associados da área previdenciária de Pinheiro Neto Advogados

▫Novo prazo para a EFD-Reinf ▫Alteração na regra de fiscalização das EFPC ▫Novas regras para contratação de seguros pelas EFPC ▫PREVIC detalha regras sobre investimentos ▫PREVIC disponibiliza nova consulta pública

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