64º congresso nacional de botânica belo horizonte, … · cumarinas, entre outros, com funções...

1
64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 IDENTIFICAÇÃO DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS PRESENTES NO EXTRATO ETANÓLICO DOS FRUTOS DE Solanum nigrum (SOLANACEAE) Jaqueline R. Souza ¹*, Renato A. Lima² ¹Acadêmica do curso de Ciências Biológicas - Faculdade São Lucas - Porto Velho/RO; ²Doutorando em Biodiversidade e Biotecnologia - Universidade Federal do Amazonas - Manaus/AM *[email protected] Introdução A família Solanaceae se destaca entre as mais ricas em número de espécies, tendo ampla distribuição geográfica e variabilidade genética. Essas espécies possuem em sua composição química metabolismos secundários importantes, tais como: flavonóides, glicosídios, cumarinas, entre outros, com funções de defesa, atração e também de importância comercial, tanto na área agronômica, alimentar, e perfumaria como também farmacêutica [1]. O metabolismo secundário está diretamente envolvido nos mecanismos que permitem a adequação do produto ao meio, como defesa contra herbívoros e microorganismos, proteção contra raios UV. São compostos alelopáticos, de alta capacidade biossintética [2]. A espécie Solanum nigrum é a mais variável das solanáceas. Por ser morfologicamente distinta e variável das outras espécies, tem-se observado que S. nigrum apresenta vários compostos metabólitos, e que de acordo com a literatura, apresentam importância nutricional como também medicinal. Possui grande atividade biológica pelas características específicas e também gerais das solanáceas [3]. O objetivo deste trabalho é apresentar a partir dos extratos etanólicos dos frutos de Solanum nigrum os metabolismos secundários existentes nesta espécie. Metodologia Os frutos de S. nigrum foram coletados no município de Porto Velho/RO, onde foram levados para o Laboratório de Fitoquimíca da Faculdade São Lucas. Os frutos foram pesados frescos. Em seguida, colocou-se em estufa a 50- 100º C por 48 horas para secagem, após isso, os frutos foram colocados em um Erlenmeyer contendo 150 mL de etanol 95% por sete dias, em três repetições. Após esse processo, o extrato foi filtrado e destilado em evaporador rotatório até a obtenção de xarope. Para identificar os principais grupos de compostos vegetais de interesse, foram realizados testes fitoquímicos com o extrato etanólico, baseados em precipitação e coloração dos extratos diluídos em solução e reativos específicos para cada teste conforme [4]. Foram utilizados reagentes de reconhecimentos de alcalóides (Mayer, Wagner e Dragendorff), glicosídeos cardiotônicos (Salkowski, Kedde, Keller-Killiani e Liebermann Burchard), de cumarinas voláteis, flavonóides, taninos (acetato de chumbo e cloreto de ferro III) saponinas, triterpenos (Liebermann-Burchard e Salkowski) e derivados antracênicos livres (Börntraeger). Resultados e Discussão A partir dos testes realizados, obtiveram-se resultados positivos para alcalóides, glicosídeos cardiotônicos, cumarinas voláteis, saponinas, triterpenos, esteroides e derivados antracênicos livres (Figura 1). Porém, obteve- se resultados negativos para taninos e flavonóides, sendo esses dois compostos de ampla distribuição nos vegetais e de grande importância para combater insetos, fungos, vírus e bactérias e de grande relevância em atividades farmacológicas [5]. Os alcalóides encontrados nesta espécie possuem significativo potencial para o uso no meio ambiente e para a sociedade, sendo um grupo extenso para estudos. A maioria das plantas do gênero Solanum apresentam em sua composição química, alcaloides, como: a solanina, solamargina e solasodina, que são utilizadas com grande potencial no controle de insetos [6]. Figura 1. Teste de reconhecimentos para verificar a presença de alcaloides nos frutos de S. nigrum Conclusões A análise fitoquímica realizada a partir do extrato etanólico de frutos de Solanum nigrum obteve um resultado positivo para alcalóides, glicosídeos cardiotônicos, cumarinas voláteis, saponinas, triterpenos, esteroides e derivados antracênicos livres, mostrando-se que esta espécie possui metabólitos secundários de grande importância para a obtenção de produtos naturais com utilizações terapêuticas. Agradecimentos Ao Laboratório de Fitoquímica da Faculdade São Lucas pelo auxílio na produção do extrato etanólico. Referências Bibliográficas [1] Lobo, A.M. Lourenço, A.M. 2007. Biossíntese de produtos naturais. Lisboa: Instituto Superior Técnico. 63p. [2] Rodrigues, V.G.G. 2004. Os princípios ativos e o metabolismo secundário das plantas medicinais. Rondônia: Embrapa. 54p. [3] Mory-Ud-Din, A. 2009. Chemotaxonomic significanc of flavonoids in the Solanum nigrum complex. J. Chil. Soc.,54 n.4, p.34-37. [4] Radi, P.A.; Terrones, M.G.H. 2007. Revista Brasileira de Farmácia, 2:20. [5] Araújo, P.S. 2005. Estudos fitoquímicos e avaliação da atividade antibacteriana in vitro de Solanum crinitum Lam. Solanum rugosum Dunal. 58p. Dissertação (Mestrado de Biologia Experimental), Universidade Federal de Rondônia. [6] Guntner, C.; Gonzales, A.; Reis, R.; Gonzalez, G.; Vazquez, A.; Ferreira, A.; Moyna, P. 1997. Effect of Solanum glycoalkaloids on potato aphid, Macrosiphum euphorbiae. Journal of Chemical Ecology, v.23, n.2, p.1651-1659.

Upload: phamnhan

Post on 28-Sep-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, … · cumarinas, entre outros, com funções de defesa, atração ... Resultados e Discussão A partir dos testes realizados,

64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013

IDENTIFICAÇÃO DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS PRESENTES NO EXTRATO ETANÓLICO DOS FRUTOS DE Solanum nigrum

(SOLANACEAE)

Jaqueline R. Souza ¹*, Renato A. Lima² ¹Acadêmica do curso de Ciências Biológicas - Faculdade São Lucas - Porto Velho/RO; ²Doutorando em Biodiversidade

e Biotecnologia - Universidade Federal do Amazonas - Manaus/AM *[email protected]

Introdução

A família Solanaceae se destaca entre as mais ricas em número de espécies, tendo ampla distribuição geográfica e variabilidade genética. Essas espécies possuem em sua composição química metabolismos secundários importantes, tais como: flavonóides, glicosídios, cumarinas, entre outros, com funções de defesa, atração e também de importância comercial, tanto na área agronômica, alimentar, e perfumaria como também farmacêutica [1]. O metabolismo secundário está diretamente envolvido nos mecanismos que permitem a adequação do produto ao meio, como defesa contra herbívoros e microorganismos, proteção contra raios UV. São compostos alelopáticos, de alta capacidade biossintética [2]. A espécie Solanum nigrum é a mais variável das solanáceas. Por ser morfologicamente distinta e variável das outras espécies, tem-se observado que S. nigrum apresenta vários compostos metabólitos, e que de acordo com a literatura, apresentam importância nutricional como também medicinal. Possui grande atividade biológica pelas características específicas e também gerais das solanáceas [3]. O objetivo deste trabalho é apresentar a partir dos extratos etanólicos dos frutos de Solanum nigrum os metabolismos secundários existentes nesta espécie.

Metodologia

Os frutos de S. nigrum foram coletados no município de Porto Velho/RO, onde foram levados para o Laboratório de Fitoquimíca da Faculdade São Lucas. Os frutos foram pesados frescos. Em seguida, colocou-se em estufa a 50-100º C por 48 horas para secagem, após isso, os frutos foram colocados em um Erlenmeyer contendo 150 mL de etanol 95% por sete dias, em três repetições. Após esse processo, o extrato foi filtrado e destilado em evaporador rotatório até a obtenção de xarope. Para identificar os principais grupos de compostos vegetais de interesse, foram realizados testes fitoquímicos com o extrato etanólico, baseados em precipitação e coloração dos extratos diluídos em solução e reativos específicos para cada teste conforme [4]. Foram utilizados reagentes de reconhecimentos de alcalóides (Mayer, Wagner e Dragendorff), glicosídeos cardiotônicos (Salkowski, Kedde, Keller-Killiani e Liebermann Burchard), de cumarinas voláteis, flavonóides, taninos (acetato de chumbo e cloreto de ferro III) saponinas, triterpenos (Liebermann-Burchard e Salkowski) e derivados antracênicos livres (Börntraeger).

Resultados e Discussão

A partir dos testes realizados, obtiveram-se resultados positivos para alcalóides, glicosídeos cardiotônicos, cumarinas voláteis, saponinas, triterpenos, esteroides e derivados antracênicos livres (Figura 1). Porém, obteve-se resultados negativos para taninos e flavonóides, sendo esses dois compostos de ampla distribuição nos vegetais e de grande importância para combater insetos, fungos, vírus e bactérias e de grande relevância em atividades

farmacológicas [5]. Os alcalóides encontrados nesta espécie possuem significativo potencial para o uso no meio ambiente e para a sociedade, sendo um grupo extenso para estudos. A maioria das plantas do gênero Solanum apresentam em sua composição química, alcaloides, como: a solanina, solamargina e solasodina, que são utilizadas com grande potencial no controle de insetos [6].

Figura 1. Teste de reconhecimentos para verificar a presença de alcaloides nos frutos de S. nigrum

Conclusões

A análise fitoquímica realizada a partir do extrato etanólico de frutos de Solanum nigrum obteve um resultado positivo para alcalóides, glicosídeos cardiotônicos, cumarinas voláteis, saponinas, triterpenos, esteroides e derivados antracênicos livres, mostrando-se que esta espécie possui metabólitos secundários de grande importância para a obtenção de produtos naturais com utilizações terapêuticas.

Agradecimentos

Ao Laboratório de Fitoquímica da Faculdade São Lucas pelo auxílio na produção do extrato etanólico.

Referências Bibliográficas

[1] Lobo, A.M. Lourenço, A.M. 2007. Biossíntese de produtos naturais. Lisboa: Instituto Superior Técnico. 63p. [2] Rodrigues, V.G.G. 2004. Os princípios ativos e o metabolismo secundário das plantas medicinais. Rondônia: Embrapa. 54p. [3] Mory-Ud-Din, A. 2009. Chemotaxonomic significanc of flavonoids in the Solanum nigrum complex. J. Chil. Soc.,54 n.4, p.34-37. [4] Radi, P.A.; Terrones, M.G.H. 2007. Revista Brasileira de Farmácia, 2:20. [5] Araújo, P.S. 2005. Estudos fitoquímicos e avaliação da atividade antibacteriana in vitro de Solanum crinitum Lam. Solanum rugosum Dunal. 58p. Dissertação (Mestrado de Biologia Experimental), Universidade Federal de Rondônia. [6] Guntner, C.; Gonzales, A.; Reis, R.; Gonzalez, G.; Vazquez, A.; Ferreira, A.; Moyna, P. 1997. Effect of Solanum glycoalkaloids on potato aphid, Macrosiphum euphorbiae. Journal of Chemical Ecology, v.23, n.2, p.1651-1659.